Notas de Aula: Revisão de funções e geometria analítica REVISÃO DE FUNÇÕES Função como regra ou correspondência Definição 1: Uma função f é uma regra ou uma correspondência que faz associar um e somente um valor da variável y para cada valor de variável x. Deve ser bem compreendido que a variável x é denominada variável independente, podendo tomar qualquer valor num certo conjunto de números denominado domínio de f. Para cada valor de x no domínio de f, o valor correspondente de y é denotado por f(x) tal que y = f(x). A variável y é denominada variável dependente, visto que seu valor depende do valor de x. O conjunto de valores assumidos por y à medida que x varia no domínio é denominada imagem de f. Usualmente, mas não sempre, utiliza-se x para a variável independente e y para a variável dependente. Uma equação que fornece y em termo de x determina uma função f, e diz-se que a função f é definida pela equação (ou dada pela equação). Se a função f é definida por uma equação, então (a não ser que recomendações explícitas sejam feitas) compreende-se que o domínio de f consiste naqueles valores de x para os quais a equação faz corresponder um e somente um y (diz-se que f é definida no ponto). Portanto, a imagem de f é automaticamente determinada, visto que esta consiste naqueles valores de y que correspondem, pela equação de definição aos valores de x no domínio. Gráfico de uma função Definição 2: o gráfico de uma função f é o conjunto de todos os pontos (x,y) no plano xy tal que x pertence ao domínio de f e y a imagem de f, e y = f(x). Fig. 1 Gráfico da função f definida pela equação y = 2 x 2 com a restrição x > 0. Na definição 1, a necessidade de que uma função f associe um e somente um valor de y para cada valor de x em seu domínio corresponde à condição geométrica de que dois pontos distintos de um gráfico não podem possuir a mesma abscissa. Portanto, a curva na Fig. 2 não pode corresponder ao gráfico de uma função, porque os dois pontos P e Q têm a mesma abscissa. O gráfico de uma função não pode passar acima ou abaixo de si mesma. Fig. 2 O gráfico acima não representa uma função, pois uma função não pode possuir valores distintos para a mesma abscissa. O domínio e a imagem de uma função podem ser facilmente determinados no gráfico da função. Assim, o domínio de uma função é o conjunto de todas as abscissas dos pontos sobre o gráfico (Fig. 3a), enquanto sua imagem é o conjunto de todas as ordenadas dos pontos de seu gráfico (Fig. 3b). Fig. 3 (a) Domínio e (b) Imagem de uma função Ex. 1: Seja f uma função definida pela equação y = x − 1 com a restrição x ≤ 2 . Esboce o gráfico de f e determine seu domínio e imagem, indicando-os nos eixos x e y respectivamente. Tipos de Funções Descreveremos a seguir certos tipos ou classes de funções que são importantes ao cálculo. Entre estas estão as funções pares, as ímpares, as polinomiais, as racionais, as algébricas e as transcendentais. 1) Funções pares e ímpares Definição 3: (a) uma função f é par se, para todo x no domínio de f, -x pertence também ao domínio de f e f(-x) = f(x). (b) uma função f é ímpar se, para todo x no domínio de f, -x pertence também ao domínio de f e f(-x) = -f(x). Fig. 4 (a) função par e (b) função ímpar 2) Funções polinomiais Uma função definida por uma equação da forma f ( x) = a0 + a1 x + a 2 x 2 + ... + a n − 1 x n − 1 + a n x n onde n é um inteiro não-negativo e os coeficientes a0, a1, a2, ..., an são números reais constantes é denominada função polinomial. Se an ≠ 0 , diz-se que esta função polinomial é de grau n. Casos particulares: f ( x) = a0 função constante f ( x) = a0 + a1 x f ( x) = x função afim função identidade 3) Funções racionais e algébricas A soma, diferença ou produto de duas funções polinomiais é ainda uma função polinomial, mas o quociente de duas polinomiais não é, geralmente, uma polinomial. Por exemplo, f ( x) = 3x 2 − x + 1 4x5 − x3 + 1 não é uma função polinomial. Esta observação motiva a seguinte definição: Definição 4: A função f definida pela equação f(x) = p(x)/q(x), onde p e q são funções polinomiais e q não é uma função constante nula, é denominada função racional. O domínio da função racional definida por f(x) = p(x)/q(x) consiste em todos os valores de x para os quais q( x) ≠ 0 . Observe que a soma, o produto, a diferença e o quociente de funções racionais são ainda funções racionais. No entanto, extraindo-se a raiz de uma função racional, podese encontrar uma função que não seja racional. Definição 5: Uma função algébrica elementar é uma função que pode ser obtida através de um número finito de operações algébricas (sendo estas operações a adição, a multiplicação, a subtração, a divisão e a radiciação com índice inteiro positivo), começando pelas funções identidade e constantes. Alguns exemplos de funções algébricas elementares f ( x) = x x2 + 5 , 3 x+1+1 f ( x) = 5 x2 − 2 + 2 Ainda se poderia observar que qualquer função racional é, automaticamente, uma função algébrica elementar. Em cursos mais avançados, um conjunto de funções mais abrangente, denominado conjunto das funções algébricas (sem o adjetivo "elementar”), é definido. Genericamente, estas são as funções acessíveis através de operações algébricas. 4) Funções transcendentes As funções restantes, aquelas que não são algébricas, são denominadas funções transcendentes, já que elas transcendem aos métodos algébricos. Estão nesta categoria, por exemplo, as funções trigonométricas, as funções exponencial, logarítmica e hiperbólica. FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS As seis funções trigonométricas, seno, co-seno, tangente, secante, co-secante e co-tangente (abreviadas, sen, cos, tan, sec, cossec e cot, respectivamente) são, provavelmente, já bastante familiares ao leitor, e assim nos restringimos a uma breve revisão. Certas fórmulas fundamentais do cálculo tornam-se muito mais simples se os ângulos são medidos em radianos e não em graus. Por definição, a medida de um ângulo θ em radianos (Fig. 5) é o número de vezes que o raio como unidade de comprimento está contido no arco s subentendido pelo ângulo θ num círculo de raio r. Fig. 5 Arco em radianos Então, θ (em radianos ) = s r Visto que o comprimento da circunferência s = 2πr e o arco subentendido é 360o, tem-se: π radianos = 180o Portanto, 1 radiano = (180/π)º = 57º18'. Da circunferência trigonométrica: Fig. 6 Circunferência Trigonométrica As seis funções trigonométricas relativas ao ângulo t estão discriminadas a seguir: cos t = x tg t = y x sen t = y cot t = x y Fig. 7 Arcos notáveis sec t = 1 x cos sec t = 1 y Identidades Trigonométricas Gráficos FUNÇÕES EXPONENCIAIS E LOGARÍTMICAS As funções algébricas e trigonométricas, embora úteis, não são suficientes para a aplicação da matemática à física, química, engenharia, economia e às ciências naturais. Nesta seção introduziremos as funções exponenciais e logarítmicas. Todas as funções que podem ser construídas a partir das funções algébricas, trigonométricas, exponenciais e logarítmicas por adição, subtração, multiplicação, divisão, composição e inversão são chamadas funções elementares. Aspectos básicos Sejam n e m inteiros positivos e suponha que a e b sejam números reais positivos. Então, i) a n = a ⋅ a ⋅ ...a (n vezes ); a0 = 1 ii) b n b m = b n + m iii) v) (a ⋅ b )n = a n b n an ⎛a⎞ vi) ⎜ ⎟ = ⎝b⎠ bn viii) bn bm = bn−m n ( )m = b n m iv) b n 1 vii) b − n = bn n m m a = an Logaritmo: Se x = b y então y é chamado o logaritmo de x na base b (b>1) e escrevemos y = log b x Propriedades do logaritmo: Considere a>0 e c>0 números reais positivos. Então, i) log b ac = log b a + log b c ⎛a⎞ ii) log b ⎜ ⎟ = log b a − log b c ⎝c⎠ iii) log b a n = n log b a iv) log b 1 = 0 v) Mudança de Base: log a x = ∀ b (b > 1) log b x log b a A função logarítmica natural Introduziremos agora a base dos logaritmos naturais. Nesta base, b = 2,71828..., que é definido através 1⎞ ⎛ e = lim ⎜ 1 + ⎟ u⎠ u → ∞⎝ u Definimos y = log e x = ln x como função logarítmica natural. Propriedades do logaritmo natural: Considere a>0 e b>0 números reais positivos. Então, i) ln ab = ln a + ln b ⎛a⎞ ii) ln⎜ ⎟ = ln a − ln b ⎝b⎠ iii) ln a k = k ln a iv) ln 1= 0 A função exponencial A inversa da função logarítmica natural é chamada função exponencial. Denotaremos a função exponencial por exp. y = exp( x) = e x ⇔ x = ln y Como exp é a inversa de ln, o gráfico de exp é obtido refletindo-se o gráfico de ln em relação à reta y = x (Fig. 8) Fig. 8 As funções logarítmica natural e exponencial ELEMENTOS DE GEOMETRIA PLANA E ANALÍTICA Para o estudo do cálculo além do conhecimento de funções é necessário ter em mente noções básicas da geometria plana e da geometria analítica. Nesta seção iremos destacar alguns aspectos que serão úteis posteriormente. Áreas em geometria plana i) ii) A= l 2 iii) A= a ⋅b 2 A= ( B + b) ⋅ h 2 iv) l2 ⋅ 3 A= 4 v) vi) A =π r 2 Área do setor circular A= α r2 C = 2π r Fig. 9 Áreas Planas 2 Equações da reta Distância entre 2 pontos: 2 ⎛ ____ ⎞ ⎜ P1 P2 ⎟ = ( y 2 − y1 )2 + ( x 2 − x1 )2 ⎜ ⎟ ⎝ ⎠ d= ( y 2 − y1 )2 + (x2 − x1 )2 “Distância entre 2 pontos” Coeficiente angular da reta: m = tgθ = ∆y ∆x y − y1 m= 2 x 2 − x1 “Coeficiente angular da reta” Equação da reta: y − y1 = m ( x − x1 ) “Equação da reta” Escrevendo ⇒ y = m x − m x1 + y1 então y = mx+b “Equação reduzida da reta” Condições de paralelismo e perpendicularidade i) Condição de paralelismo “Duas retas não-verticais, distintas, são paralelas se, e somente se, possuem o mesmo coeficiente angular”. ii) Condição de perpendicuralidade Da figura: α + ϕ 2 = 180 o α + ϕ 1 + 90 o = 180 o Então, ϕ 2 = ϕ 1 + 90 o ⇒ tgϕ 2 = tg (ϕ 1 + 90 o ) Resulta que, ⇒ tgϕ 2 = − cot gϕ 1 = − Logo, m2 = − 1 m1 1 tgϕ 1 A circunferência ___ CP = r ⇒ (x − h )2 + ( y − k )2 =r Então, (x − h )2 + ( y − k )2 = r 2 “Equação da circunferência” Exercícios: 1) Encontre o círculo através da origem com centro em (2,-1). 2) Determine as coordenadas do centro, o raio e faça o gráfico da circunferência: x 2 + y 2 + 4 x − 6 y = 12