1
UM ESTUDO ANALITICO SOBRE OS PLANOS DE ENSINO DE UM
PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA ESCOLA E. E. F. M. JARDIM SIDERAL
Adriano Almada Farias
Aluno concluinte do CEDF/UEPA
[email protected]
Patrícia do Socorro Chaves de Araújo
Professora orientadora do CEDF/UEPA
[email protected]
RESUMO
Qual ou quais são as metodologias utilizadas pelo professor da Escola Estadual Ensino
Fundamental e Médio Jardim Sideral? Para responder a essa questão organizou-se uma
pesquisa documental com o objetivo de analisar a didática empregada pelo professor da
escola em questão para o repasse dos conteúdos abordados na disciplina Educação
Física Escolar de alunos do 6º ano. Os passos para a obtenção dos resultados para a
pesquisa estão linearmente seguidos da seguinte forma: levantamento de acervos que
tratam da construção social, econômica e cultural de onde está situada a escola;
conhecimento sobre os planos de ensino do professor que participou da pesquisa; nova
análise para estipular efeitos comparativos entre a didática utilizada pelo professor e a
situação sócio-econômica-cultural da escola. A pesquisa está voltada para um estudo
documental com bases analíticas e uma abordagem fenomenológica. A investigação
detectou falhas no processo ensino aprendizagem, assim a pesquisa atenta para a
remodelagem ou/e ajustes nesse processo. A finalização da mesma está na análise
subjetiva e pessoal de cada individuo a quem é direcionada a pesquisa.
Palavras-chave: Educação Física Escolar. Plano de Ensino. Formação.
INTRODUÇÃO
Um dos elementos fundamentais para se alcançar a inter-relação entre ensino
aprendizagem nas aulas de educação física é fazer valer o sistema educacional em
qualquer país do mundo. Em escala, para isso acontecer é preciso perpassar por
uma cadeia de planejamentos e projetos de ensino. São vários passos até que se
chegue à práxis, e o responsável por isso é o professor. Ele atende às necessidades
dos alunos e da comunidade, seguindo um norte, direcionado pelo plano da escola
que, por sua vez, acolhe o que visa à nação, pelo planejamento educacional
nacional. A esperada troca de saberes e informações teóricas criadas pelo educador
fizeram-se afunilar cada vez mais os métodos de transposição desses
conhecimentos. Esse estreitamento está claramente presente na precisão de um
plano de ensino o mais detalhado possível, com seus enfoques direcionados
exclusivamente para aquele público alvo. Portanto, a didática abordada pelo
professor deve estar intimamente ligada à formação social e intelectual do aluno.
Porém, se pensar hoje em educação física no espaço escolar é manter a ideia
de utilização de métodos calistênicos, técnicas de repasse do conhecimento igual
2
para todos os indivíduos, sem haver uma preocupação com possíveis fatores
externos já ditos anteriormente.
Com base nessa forma de repasse do conhecimento, o sistema educacional
brasileiro perde o foco e o objetivo quando um dos elementos cruciais para a
realização da transmissão de educação não se faz presente em nenhuma das
etapas dos planejamentos e projetos de ensino, que é o conhecimento prévio da
intervenção sócio, econômico e cultural dos alunos atendidos.
É no mínimo intrigante falar sobre a atuação do professor de educação física
nas escolas e sua diversidade de público-alvo. Ver o professor como agente
influenciador indireto na sociedade é aceitar que existem inúmeras maneiras de se
colocar esse profissional em seu contato direto com os indivíduos. Suas abordagens
devem estar de acordo com cada espaço e cultura; “é preciso integrar a cultura à
questão educacional, porque a educação é resultado das práticas culturais dos
grupos sociais.” (CABRAL, 2006, p.2).
O planejamento do professor em qualquer disciplina é um dos caminhos na
relação entre o educador e o aluno, pois é seguindo seu plano que o professor
conseguirá atender aos objetivos criados no projeto anual da escola, e é entendendo
a maleabilidade da sociedade e dos alunos que o professor tem o poder de aplicar
as mais variadas formas de adequação ao seu plano de aula.
Entendendo a sociedade brasileira de forma heterogênea, cultural, econômica
e socialmente, a importância da atuação do professor na sociedade deve estar em
ocasionar uma maleabilidade em seu plano de ensino por cada comunidade. Porém,
a centralização da pesquisa em como se encontram os planejamentos de ensino foi
a percepção nas disciplinas Estágio Supervisionado I e Estágio Supervisionado II,
onde as propostas adotadas nas escolas do estágio eram muito semelhantes
mesmo estando em diferentes bairros, com realidades sociais, culturais e
econômicas desiguais entre si. Outro fator determinante para a escolha da pesquisa
foi a possível descentralização dos objetivos do professor de educação física para
com a população que frequenta a escola, tomando como base que o plano de
ensino do professor deveria estar voltado para cada realidade social em que se
encontra a escola.
O trato com a prevenção da violência e discriminação social no Brasil está
também direcionado à educação fundamental.
O caminho entre o professor e o aluno é estreitamente dinamizado quando o
alcance e relação entre os dois se dá em uma forma de consentimento, ou seja, o
plano de ensino do educador pode criar no aluno um sentimento de cidadania,
dependendo da abordagem utilizada em cada bairro, em cada cultura, em cada
sociedade.
3
O lócus da pesquisa foi a Escola Estadual Jardim Sideral, localizada em uma
área periférica no bairro do Coqueiro, na cidade de Belém. Levando em
consideração a construção e crescimento da cidade e as realidades de cada bairro
tornou-se fundamental perceber de que forma o professor de educação física
constrói ou não, seus planos de ensino para atuar indiretamente na comunidade
onde se situa a Escola E. E. F. M. Jardim Sideral?
Assim, o objetivo do estudo foi analisar se os planos de ensinos para as aulas
de educação física do 6° ano de ensino fundamental da Escola E. E. F. M. Jardim
Sideral estão em uma base linear de coerência, adotando metodologias de
entendimento gradual de crescimento intelectual, em relação à sociedade que
permeia a escola, tomando como ponto de partida os Planos de Ensino referentes
aos anos de 2009, 2010 e 2011, do mesmo nível de ensino.
Neste estudo a pesquisa caracteriza-se como documental. Os caminhos a
serem percorridos para o alcance do objetivo central foram; verificar a situação
cultural, econômica e social onde a escola está inserida, para assim tomar
conhecimento dos planos de ensino do professor de educação física e seus
conteúdos ministrados; buscar uma possível co-relação existente entre a
metodologia abordada pelo professor para a transmissão de suas aulas e o público
que ela atinge; avaliar de que forma os procedimentos e conteúdos ministrados pelo
professor estão se inserindo na formação integral do aluno.
1 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESCOLAR NO BRASIL
A história da educação brasileira se entrelaça com a época Brasil – colônia. A
exportação de matérias-primas do Brasil para Portugal fez crescer o comércio e
trabalho no país, com o desenvolvimento de novas técnicas de extração dessas
iguarias e o abrangente território ainda por ser explorado. O regime de capitanias
hereditárias encontrou uma série de dificuldades de colonização. A fim de conseguir
um processo de colonização e desenvolvimento normal, instalou-se na colônia a
primeira manifestação de poder público, o “Governo Geral” (RIBEIRO, 2007). Foi
com essa iniciativa de governo que se criou o regime da escolarização colonial feita
pelos Jesuítas através da catequese, os padres e jesuítas daquela época
“ensinavam” os índios e filhos de negros, trazidos em navios negreiros para o
trabalho escravo, a se comportar diante do poderio do Império português. Por conta
disso, a primeira política de educação brasileira se faz presente por privilégios da
exportação e colonização de Portugal.
No entanto, a extração litorânea de pau-brasil e açúcar foi perdendo sua
importância no comércio. A Metrópole (Portugal) não tinha mais objetivos claros de
colonizar através da exportação já que os produtos de interesse internacional
4
contidos no Brasil estavam acabando. Por esse motivo, a Metrópole passou a
cumprir um papel norteador de criação do indivíduo que tivesse condições de escrita
e leitura necessárias para a transformação do regime de exploração para o de
colonização. Com o regime educacional de Marquês de Pombal e focalizando nessa
nova centralização ideológica de ensino, já que o enfraquecimento de Portugal era
notório, tivemos a instrução primária de ensino dada na escola.
Posteriormente a isto, no final do período colonial, criou-se uma série de
escolas e cursos para atender principalmente a consolidação do Brasil, como:
agrário - comercial exportador dependente, e também para a vigilância do território
brasileiro por militares formados em cursos oferecidos pela metrópole. Nesses
cursos, criou-se a importância de tratar cada habitante de cada novo espaço
descoberto de forma diferente, pois em cada tribo que os colonizadores percorriam,
encontravam estilos de vida diferentes entre si. A partir daí foi crescendo a
relevância do conhecimento cultural de cada tribo para a chegada do ideal
português, ou seja, a relação educação cultura que conhecemos hoje.
2 A RELAÇÃO EDUCAÇÃO, EDUCAÇÃO FÍSICA E CULTURA
A cultura de uma sociedade é o que ela tem em comum entre seus
habitantes, seus costumes, suas lições, seus aprendizados. É um elemento chave
para o conhecimento das ações de uma determinada comunidade. O mesmo
pensamento se faz na relação existente entre educação física e cultura, tratando tal
por cultura do corpo. “[...] cultura é o principal conceito para a educação física,
porque todas as manifestações corporais humanas são geradas na dinâmica
corporal [...]” (DAOLIO, 2007, p.2)
Como já vimos, a cultura é elemento essencial para o conhecimento do
indivíduo. No trato com a educação precisa-se primeiramente saber lidar e conhecer
os alunos, seus costumes, suas crenças, etc, a forma que será feito a transmissão e
elaboração do conhecimento ou da formação social e intelectual do mesmo. Essa
transmissão deve seguir um norte de abrangência muito maior do que imaginamos.
Não basta apenas ensinar, devemos saber para quem estamos ensinando e o que
pretendemos alcançar nesse processo de ensino aprendizagem. Com base nessa
abrangência de situações que podemos criar para atender as necessidades de cada
sociedade, a educação física vem ganhando valor. Em seu conceito mais formador,
está a formação social e intelectual do individuo, o crescimento dele como ser
atuante na sociedade. Precisamos então entender a educação física como uma
distinção do conhecimento corporal para a formação social e intelectual, tendo como
alicerces de caminhos a cultura em que está inserido cada aluno que deve repassar
5
essa aprendizagem. Dentro desse âmbito educacional, a educação física se mostra
com abordagens inter-relacionadas com outras áreas do conhecimento
[...] a educação física pode ser estudada a partir de abordagens
macroscópicas, de características filosóficas e administrativas e
também com base em abordagens microscópicas, que se originam
do estudo das características dos alunos em diferentes níveis de
análise, visando estruturar um plano de trabalho. (DAOLIO, 2007,
p.15).
Para entendermos essa relação com as mais diversificadas áreas do
conhecimento e com a cultura, precisamos compreender a educação física e seus
elementos formadores, um deles é o crescimento social, a construção do cidadão.
3 EDUCAÇÃO FÍSICA E CIDADANIA
Elencar um ser como cidadão é ter a percepção de que ele está voltado para
uma prática politicamente correta dentro da comunidade, é o reconhecimento do
individuo como parte fundamental para atuação em seu meio social. Esse alcance
de paradigma está ligado a diferentes “abordagens de ensino” (SOARES, et, al.
1992), porém, sem distinção, essas abordagens levam as conquistas desses
estigmas de cidadão através de suas limitações e prioridades por cada elemento
recebedor de conhecimento. Portanto, a cidadania é vista como um símbolo
recebedor do indivíduo em constante crescimento social e intelectual.
Eleger a cidadania como eixo significa entender que a Educação
Física na escola é responsável pela formação de alunos que sejam
capazes de: - participar de atividades corporais adotando atitudes de
respeito mútuo, dignidade e solidariedade; - conhecer, valorizar,
respeitar e desfrutar da pluralidade de manifestações da cultura
corporal; - reconhecer-se como elemento integrante do ambiente,
adotando hábitos saudáveis relacionando-os com os efeitos sobre a
própria saúde e de melhoria da saúde coletiva; conhecer a
diversidade de padrões de saúde, beleza e desempenho que existem
nos diferentes grupos sociais, compreendendo sua inserção dentro
da cultura em que são produzidos,analisando criticamente os
padrões divulgados pela mídia[...] (DARIDO, 2001, p.33)
Precisamos conhecer como a educação física se mostra para esse processo
de formação mútua do cidadão e a importância que um planejamento tem a respeito
dessa formação.
4 FORMANDO CIDADÃOS
6
A educação física, em sua apresentação ao longo do tempo, na maioria das
vezes teve um enfoque utilitário para formar “mão de obra” barata, ou formação
integral de militares a serviço de um poderio, ou meramente voltado para a
esportivização (ainda encontramos essa concepção), entretanto, a prática
pedagógica da educação nas escolas vem (teoricamente) se desenhando em uma
formação integral do aluno. Suas bases metodológicas estão voltadas para a
concepção de que a educação física trata o corpo como fundamento inicial para o
conhecimento da sociedade, para a elevação do intelecto do aluno e também para o
conhecimento do próprio corpo.
A prática pedagógica é pautada em uma educação física formadora de
cidadãos. A relação existente entre educação e contexto sócio econômico cultural de
cada ambiente escolar é exaltada nessa nova concepção de educação física. Ainda
encontramos essa mesma educação física formadora de cidadãos, voltada
simplesmente para o mercado de trabalho, sem perder o enfoque da formação
integral do aluno, portanto, ainda encontram-se direcionamentos para atenções
voltados as concepções de um poderio político econômico, mas agora com um novo
direcionamento de mudança integral, caso contrario, a educação entraria em conflito
de ideias com os governantes, o que passa a ser suficientemente necessário para
os investimentos públicos.
Os argumentos que legitimavam a EF na escola sob o prisma
conservador (aptidão física e esportiva) não se sustentam numa
perspectiva progressista de educação e educação física, mas, ao
que tudo indica, hoje também não na perspectiva conservadora.
Parece que a visão neotecnicista (economicista) de educação, que
enfatiza a preparação do cidadão para o mercado de trabalho, dada
as mudanças tecnológicas do processo produtivo, pode prescindir
hoje da EF e não lhe reserva nenhum papel relevante o suficiente
para justificar o investimento público - a revitalização do discurso da
promoção da saúde é uma tentativa de setores conservadores de
legitimar a EF na escola, mas tem pouca probabilidade de encontrar
eco, haja vista a crescente privatização, e individualização, da saúde
promovida pelo Estado mínimo neoliberal. (BRACHT, 1999, p.82)
As novas tendências e concepções para a educação física estão ligadas à
formação integral do aluno, mas não desvincula dos interesses políticos. Martins
(2002) fala dessa nova tendência da educação física formadora de cidadãos com um
ambiente totalmente relacionado com a cultura, economia e sociedade que permeia
a escola ou o espaço educacional, seja ele qual for.
Surgem a partir de então, estudos relativos às novas tendências para a
educação física. Assim como nas primeiras manifestações da educação no Brasil,
ainda se leva em consideração aquilo que o indivíduo tem em comum, a aceitação
de ideologias quando as práticas lhe são favoráveis são mais facilmente
7
compreendidas pelo aluno. O currículo formador dessas concepções deve estar
estreitamente ligado a realidade social do aluno. Ou seja, “a relevância social do
conteúdo, deve estar vinculada à explicação da realidade social concreta e oferecer
subsídios para a compreensão dos determinantes sócio históricos do aluno,
particularmente em sua condição de classe social” (SOARES et.al. 1992, p.31).
A compreensão do ser humano como corpo desde a época do Brasil colônia é
norteadora de bases para a criação e formação de qualquer conhecimento. A
educação física ganha um papel fundamental ao trabalhar corpo e mente na relação
de transmissão de conhecimento se focaliza no entendimento do individuo por si só,
o conhecimento de sua realidade é alicerce para seu crescimento intelectual e
social. A co-relação que deve existir entre o planejamento de ensino do professor de
educação física e a sociedade onde ele atuará, como já vimos, é fator inicial para um
começo de trabalho. Sem essa relação sociedade – educação, o estreitamento pela
não aceitação dessas novas tendências ficaria pior. No plano educacional, deve
existir essa inter-relação com a sociedade para se chegar ao conhecimento e
crescimento do cidadão. Nenhum grupo social é igual ao outro, assim sendo, na
educação física, onde essa relação com o corpo é mais evidente, a importância
dada ao ser social é muito maior, ou seja, os planos de ensino dos professores de
educação física devem estar primeiramente co-relacionados a cada realidade de
cada escola, para assim poder pensar em práticas na educação física, para se
chegar ao objetivo final de cada plano de ensino, formação integral de cada aluno,
sempre em relação a cultura, economia e sociedade da escola e dos alunos.
5 CARACTERISTICAS DA ESCOLA
Localizada em uma área de crescimento econômico acelerado, porém
periférica, a Escola E. E. F. M. Jardim Sideral atende aos alunos com baixo poder
aquisitivo. O bairro Parque Verde vem recebendo investimentos econômicos como
construções de Shopping Center, condomínios luxuosos, grandes franquias de
supermercados, etc. Porém, na educação, pouco se tem investido. Em
funcionamento nos três turnos correntes, do 2º ano do ensino fundamental ao 3º ano
do ensino médio, com uma média de 20 alunos por turma, a escola dispõe de uma
infra estrutura precária e sucateada, como: espaço para a copa ao ar livre, carteiras
parcialmente quebradas, sem cobertura no espaço de realização das aulas de
educação física (espaço de areia), entre outras. No mais, encontra-se em pleno
funcionamento o programa do governo de educação diferenciada, o intitulado “Mais
Educação”.
8
O local onde a escola está situada tem por vizinhos bairros tidos como
violentos de Belém, como Bengui, Tapanã, Satélite, fazendo com que o Parque
Verde adote também um posto de bairro violento, apesar dos grandes investimentos
no local já mencionado anteriormente. E uma dessas grandes estruturas no bairro é
a Penitenciária para menores infratores, em confronto direto com a população e
violência. Os investimentos atendem uma parcela dos habitantes do bairro, levando,
principalmente os jovens e crianças com menor poder econômico, a uma
marginalização social por exclusão, e são esses (jovens e crianças) os mais
afetados com os programas de ensino e educação da escola em questão. Um
acontecimento que retrata bem essa marginalização e falta de segurança na escola,
são os furtos frequentes em estabelecimentos no bairro. Em nota o Anuário
Educativo Brasileiro eletrônico de 2008 relatou um desses furtos. “A Escola Estadual
Almirante João Farias de Lima, no Parque Verde, próximo ao Jardim Sideral, em
Belém, sofreu [...], o 11º arrombamento. Pelo menos dez homens participaram do
crime que resultou no furto de quase toda a merenda escolar estocada, além de
aparelhos de som e até um freezer [...]”.
6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Esta pesquisa é do tipo documental direcionada a um estudo analíticoqualitativo com uma abordagem Fenomenológica, dialogando assim com Teixeira,
(2005), pois através de efeitos analíticos sobre os planos anuais de ensino do
professor da rede pública de educação, analisou-se o repasse de conhecimento
sobre educação física, suas abordagens, e sua relação com o meio em que se
insere, ou seja, o repasse do conhecimento para aquela determinada população,
fazendo assim o entendimento da intenção de educação esteja ao alcance de todos,
com efeito, foi direcionada uma relação de conhecimento pessoal a quem é
dedicada a pesquisa.
A pesquisa se realizou na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio
Jardim Sideral, que fica localizada na Rua Satélite, 36 - Parque Verde, Belém – PA,
no período inicial do ano letivo de 2011. As informações foram obtidas nos planos de
ensino de um professor de educação física da referida escola, formados em alguma
instituição de ensino superior reconhecida pelo MEC (Ministério da Educação).
A coleta de dados foi realizada da seguinte forma, em escala crescente:
levantamento de acervos bibliográficos eletrônicos que tratam sobre a construção
gradual econômica, social e cultural do local onde a escola está inserida, tais como
periódicos; análise de conteúdo; por meio analítico, obteve-se a verificação teórica
dos planos de ensino do professor da referida escola através de acesso aos planos
de ensino deste.
9
Antônio Carlos Gil (2008) diz sobre a análise do conteúdo:
a análise de conteúdo desenvolve-se em três fases. A primeira é a
pré-análise, onde se procede à escolha dos documentos, à
formulação de hipóteses e à preparação do material para análise. A
segunda é a exploração do material, que envolve a escolha das
unidades, a enumeração e a classificação. A terceira etapa, por fim,
é constituída pelo tratamento, inferência e interpretação dos dados
(GIL, 2008, p. 89)
7 RESULTADOS OBTIDOS
Analisou-se periódicos eletrônicos sobre a situação econômica e social da
escola, e a construção e crescimento do bairro, onde destacou-se que as primeiras
moradias do local se propuseram em torno de um presídio para menores infratores,
ou seja, as crianças e adolescentes do bairro convivem com essa aproximação do
sistema penitenciário. Outro fator relevante levantado em questão de análise foram
as grandes construções em torno do bairro, fazendo com que o mesmo vivenciasse
hoje uma transição de sistemas homologados nas características sociais dos
moradores. A população afastada do centro econômico da cidade de Belém passa a
ganhar valores sociais e econômicos por esses shoppings, grandes redes de
supermercados, etc, instalados nas proximidades. Porém, as características e traços
de violências ainda perduram entre os moradores, com exemplo outro achado em
periódicos na análise da construção e desenvolvimento do bairro, o furto ocorrido em
uma escola municipal do local, já mencionado anteriormente.
Foram analisados também os planejamentos anuais de ensino de educação
física dos anos de 2009, 2010 e 2011 voltados para alunos do sexto ano do ensino
fundamental da Escola E. E. F. M. Jardim Sideral, que foram dispostos em unidades
de ensino bimestrais abordando principalmente os conteúdos relacionados ao trato
com o esporte e conhecimentos sobre o corpo, onde percebemos uma tendência a
esportivização dos conteúdos da educação física escolar, conforme apresentado a
seguir: unidade I: a história da educação física no brasil. - unidade II: noções gerais
do voleibol – unidade III: noções sobre atividade física – unidade IV: noções gerais
do handebol – unidade V: noções sobre qualidade de vida – unidade VI: noções
gerais sobre atletismo – unidade VII: frequência cardíaca e sua verificação – unidade
VIII: aplicações gerais dos conteúdos culminância (revisões sobre voleibol, handebol
e atletismo, promovendo competições e jogos para tal) – unidade IX: índice de
massa corporal – unidade X: noções gerais sobre futebol – unidade XI: noções
gerais de alimentação – unidade XII: noções básicas de postura – unidade XIII:
noções gerais sobre higiene – unidade XIV: organização de competições na escola –
unidade XV: realização da competição; avaliações meramente formais bimestrais no
total de quatro. O objetivo geral dos planejamentos anuais em questão é fazer com
10
que os alunos possam demonstrar um bom nível de conhecimento dos conteúdos
apresentados neste período, dominar aspectos importantes de natureza motora e
suas relações com a saúde, qualidade de vida e higiene, bem como ser capaz de
realizar tarefas que envolvam atividade física, alimentação, controle de peso e de
exercícios, além dos hábitos saudáveis.
8 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Percebe-se claramente na divisão das unidades bimestrais de ensino uma
constante esportivização e noções gerais sobre hábitos saudáveis, deixando de lado
conteúdos cruciais da educação física como a dança, lutas, entre outros, conforme a
Secretaria de Estado de Educação (SEE-AC, 2004):
[...] é importante ressaltar que os conhecimentos e habilidades
trabalhados na educação física escolar até hoje não devem ser
abandonados, e sim ressignificados em eixos temáticos, com o
objetivo de buscar um “novo fazer” reflexivo e criativo. (ACRE, 2004,
p. 22)
Ainda nessas unidades de ensino decorrente dos planejamentos anuais
analisados, não se encontram um direcionamento para a formação integral dos
alunos, ou seja, seus elementos organizadores da ação pedagógica estão sendo
deixadas de lado no momento em que as disparidades entre as unidades não condiz
com as necessidades dos alunos atendidos da Escola Jardim Sideral, sobre esses
elementos organizadores, ARAGÃO (2005), comenta:
os elementos organizadores da ação pedagógica, sob a concepção
de blocos de aprendizagem, são aqueles que se aplicam em
qualquer situação e norteiam o trabalho. São três os organizadores
aqui eleitos: a problematização da realidade dos alunos (do contexto,
inicial); as possibilidades sociocognitivas dos alunos ou o trabalho na
ZDP (zona de desenvolvimento proximal) de Vygotsky expressas nas
vivências de grupo; e a representação sociocultural a partir da
indentificação e diferenciação das culturas (a partir da contextura, ou
seja, visão dos diferentes contextos). (ARAGÃO, 2005, p. 65)
As aulas de educação física mostradas nos planejamentos estão direcionadas
a uma abordagem conceitual do gesto esportivos, que nada mais é do que o
aprendizado de movimentos esportivos estereotipados, como afirma ARAGÃO
(2005):
observa-se que grande parte das aulas de educação física já são
iniciadas pela abordagem conceitual, isto é, o movimento é
trabalhado com os “exercícios educativos” para que o aluno aprenda
a técnica do gesto esportivo e se adapte a um movimento
estereotipado, o que na maioria das vezes poda a ação criadora,
11
impedindo a experiência vivida e a ação reflexiva na realização do
movimento (ARAGÃO, 2005, p. 68)
Partindo das análises dos planejamentos anuais, os conteúdos ministrados e
organização estrutural das aulas foram mantidos sem alterações significativas
durante os anos decorrentes de análise, utilizando-se das mesmas unidades de
ensino e mesmo cronograma de atividades desenvolvidas no decorrer dos anos de
2009, 2010 e 2011. O processo de decodificação e análise para o repensar nos
conteúdos ministrados durante o ano corrente não foi levado em conta, e esse
processo é crucial para a inter relação entre educação, cultura e sociedade. Ainda
referendando Aragão (2005) que nos afirma essa possibilidade de reflexão.
o conteúdo da aprendizagem é codificado em múltiplas
representações e descodificado pela análise nas conversas e
avaliações. Dessa forma, o processo é dinâmico, vivo, e conta com a
construção do coletivo. O professor tem oportunidade de repensar
seus saberes e refazer seus fazeres (ARAGÃO, 2005, p. 66).
Neste sentido é importante considerar ainda o principio da inclusão para o
trato com os alunos e aquilo que é lhe cultural e pessoal, considerando o
conhecimento e saber de cada público envolvido com os planejamentos anuais de
ensino. Sobre esse principio a ACRE (2004, p.15) afirma que: “é importante envolver
todos os alunos para a participação do processo de ensino aprendizagem, desde a
discussão do planejamento prévio do professor até a avaliação”. Essa relação entre
o aluno e o processo de avaliação é importante para “saber se os objetivos estão
sendo alcançados e se as atividades propostas são coerentes com o planejamento
prévio” (ACRE, 2004, p.15)
CONSIDERAÇÕES
Tomando como base os dados obtidos sobre a situação econômica e social
da Escola Jardim Sideral, os documentos do professor de educação física
necessários para a análise principal, e levando em consideração que o planejamento
anual de ensino devem estar em co-relação com a sociedade para um melhor
aperfeiçoamento do processo de ensino aprendizagem de jovens e crianças, através
de conteúdos como sexualidade (através de debates sobre a vivência e convivência
de indivíduos heterossexuais, homossexuais e bissexual), violência (através de
abordagens contidas do plano de ensino para enaltecer o respeito mútuo entre os
indivíduos), respeito (assimilar que todos os seres humanos são diferentes entre si),
formação integral(entendimento sobre a formação biopsicossocial do aluno), etc. O
plano de ensino do professor de educação física deveria estar voltado para um
entendimento sócio-educativo, como respeito mútuo, jogos cooperativos, já que
12
foram verificados elevados índices de violência no bairro e uma pré-disposição ao
acréscimo da mesma, por estarem cada vez mais marginalizados pelas grandes
construções que ali se instalam atendendo uma minoria da população e a presença
de um sistema penitenciário para menores infratores no bairro.
Entendida a escola em situação de risco sobre violência, e detentora do
alcance direto ao aluno em função do planejamento anual de ensino, o professor
deveria estar voltado para esse fim, educar as crianças não só para um
conhecimento intelectual de procedimentos, mas também para um crescimento
sócio-cultural e atitudinal.
A educação física ofertada na referida escola não atende a real solicitação
dos sujeitos frequentes do ensino fundamental (6º ano). Os conhecimentos
ministrados estão em perfeita coerência de tempos e assimilação dos alunos, mas
não provém de diversidades de conteúdos, onde os mesmos são puramente
esportivistas e voltados para o bem estar físico. Observando-se ainda a ausência de
relações diretas e coesas com a sociedade, que transpareçam nas metodologias
abordadas no sentido de abranger situações de convívio, tomando como base os
conteúdos da educação física. Sendo percebido apenas a vivência de conteúdos de
jogos competitivos e saúde física, sem objetivar uma melhora no convívio social e
remodelagem do conceito de violência que por fatores externos, se faz presente
claramente no dia-a-dia do público atingido com os planejamentos analisados.
Trabalhos focalizando a inter discussão com seus conteúdos ministrados nas
aulas e o comportamento e importância que cada aluno tem na sua comunidade
atenderia às necessidades que os jovens do 6º ano do ensino fundamental têm em
entender a extirpação da violência em seu ambiente escolar, social, familiar, etc.
Fica um atento para o público alvo da pesquisa que tratem seu plano de ensino
voltado para a comunidade onde a escola estará inserida, entendendo a sociedade
como heterogênea e mutável, permeável de modificações.
Os resultados obtidos nesta pesquisa apontam para novas pesquisas na área
para o aprofundamento das análises. Sendo assim, este estudo é o inicio de uma
série de questionamentos sobre a atuação do professor de educação física nas
escolas.
13
STUDIES ON A PLAN OF A TEACHER EDUCATION PHYSICAL EDUCATION
SCHOOL E. E. F. M. GARDEN SIDEREAL
ABSTRACT
How or what are the methodologies used by the State School Teacher Elementary
School and Middle Outer Garden? To answer this question we organized a
documentary research in order to analyze the teaching of teachers employed by the
school
concerned to transfer the
content
covered in
the Physical
Education School6th grade students. The steps to obtain the results for the survey
are followed linearly as follows: a survey of collections dealing with the social
construction, economic and cultural center of where the school is located; knowledge
of the syllabus of the teachers who participated in the survey, new analysis
to provide comparative purposes between teaching used by teachers and socioeconomic-cultural school. The research is focused on a desk study and analytical
bases with a phenomenological approach. The investigation found flaws in the
learning process, so careful research about the remodeling and / or adjustments in
the process. The completion of the same analysis is subjective and personal to each
individual whom the research is directed.
Keywords: Physical Education. Teaching Plan. Training
REFERENCIAS
ACRE, S. E. E.. Referencial Curricular de Educação Física para a rede pública
estadual de ensino do estado do Acre. Rio Branco, 2004. 51p. il.1.
ARAGÃO, M. G. S.; O movimento e as práticas escolares: uma abordagem
metodológica. – Belém: GTR Gráfica e editora, 2005. 88p.: il (coleção pós
graduação, v.6)
BARBOSA, C. L. A. Educação Física e didática: um diálogo possível e necessário.
Petrópolis: Vozes, 2010.
BRACHT, V. A Constituição das Teorias Pedagógicas da Educação Física. Cad.
CEDES, v.19, n.48, Campinas-SP, ago. 1999. Disponível
em:<www.scielo.br/pdf/ccedes/v19n48/v1948a05.pdf>. Acesso em: 8 ago 2010
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares
Nacionais. Educação física: primeiro e segundo ciclo. Brasília, 1998
BRASILEIRO, A. E. Escola é arrombada pela 11º vez. Disponível em:
http://www.anuarioeducativo.iela.ufsc.br/noticia/3995/. Acesso em: 15 setembro 2010
14
CABRAL, M. W. O. Cultura é Para todos. A notícia, Palmas-TO, 2 nov. 2006. 1 cad.
p.2
DAOLIO, J. Educação Física e o conceito de Cultura. 2º Ed. Campinas-SP,
Autores Associados.
DARIDO, S. C. A Educação Física na Escola e a formação do cidadão. Rio Claro.
2001
DARIDO, S. C.; RANGEL, I. C. A. (Coord.). Educação física na escola: implicações
para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 293 p.
(Educação Física no Ensino Superior).
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2002. 159 p.
MARTINS, A. S. Educação Física Escolar: Novas tendências. Rev. Min. Educ.
Física. v.10. n.1. p.171-194. 2002.
PARAÍSO, C. S.; CRUZ, A. C. S.. Prática Pedagógica da Educação Física na
Escola: contradições e possibilidades. In: Anais do XVI Congresso Brasileiro de
Ciências do Esporte e III Congresso Internacional de Ciências do Esporte. Salvador
– Bahia – Brasil 20 a 25 set 2009. p.1 – 7
QUEIROZ, M. I. P. Identidade Cultural, Identidade Nacional no Brasil. Tempo
Social. São Paulo – SP, v.1, n.1, p. 18-31, 1 sem. 1989
RIBEIRO, M. L. S. História da Educação Brasileira: a organização escolar. 20ªed.
Editora: autores associados
SOARES, C. L.. Educação Física Escolar: conhecimento e especificidade. Revista
Brasileira de Educação Física e Esporte. n.2. 1996
SOARES, C. L. et. al. Metodologia do ensino de educação física. São Paulo:
Cortez, 1992. 119 p.
15
TEIXEIRA, Elizabeth. As Três metodologias: acadêmica, da ciência e da
pesquisa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005. 203 p.
Download

UM ESTUDO ANALITICO SOBRE OS PLANOS DE ENSINO