UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
FACULDADE DE MEDICINA
WELLINGTON VIANA BARBOSA
PROPOSTA DE ACESSIBILIDADE CULTURAL: ADAPTAÇÃO DO
CENTRO CULTURAL DO SESC NOVA IGUAÇU - RJ
Rio de Janeiro
2013
WELLINGTON VIANA BARBOSA
PROPOSTA DE ACESSIBILIDADE CULTURAL: ADAPTAÇÃO DO
CENTRO CULTURAL DO SESC NOVA IGUAÇU - RJ
Monografia de especialização
latu-sensu apresentada à PósGraduação da Faculdade de
Medicina
da
Universidade
Federal do Rio de Janeiro para
obtenção
do
título
de
Especialista em Acessibilidade
Cultural.
Orientadora: Profª Dra. Patrícia Dornelles
Rio de Janeiro
2013
Dedicatória
A todos que lutam, lutaram e lutarão por um mundo sem preconceitos e pela
diversidade.
Agradecimentos
Este trabalho não poderia ser realizado sem a ajuda de pessoas importantes, seja
na minha vida pessoal, seja na minha vida profissional.
Agradeço à Margot, pelo empenho em me oferecer sua cumplicidade de mãe e
todas as alegrias vividas, além de ser minha maior incentivadora em tudo.
Aos professores que tive ao longo da vida. Em um momento o qual Professores são
inimigos do Estado, tenho a obrigação de entregar-lhes este, pois existe um pedaço
de cada um deles dentro deste documento.
Aos amigos sem fim que me impulsionam cada dia mais: Carlos Alberto da Silva
Junior e toda sua família pelo aconchego, Alessandra Pajama que me ofereceu todo
seu conhecimento e amizade, Roberta Oliveira Feitosa pela grande parceria de vida,
meus irmãos por serem meu norte, Alex Zamora pela sua compreensão e presença
de pai, a Inique e Nicole pelo amor sem fim e à toda equipe do SESC Nova Iguaçu
que me possibilitaram conhecer o brilhante trabalho sociocultural que realizam
dentro da Baixada Fluminense para democratização no acesso aos bens culturais.
Sem todas essas pessoas (e muitas outras que jamais caberiam aqui) não poderia
ter chegado a este momento. Um muito obrigado a todos.
“Há pessoas que nos falam e nem as
escutamos. Há pessoas que nos ferem e nem
cicatrizes
deixam.
Mas
há
pessoas
que
simplesmente aparecem em nossa vida e nos
marcam para sempre.”
Cecília Meireles
BARBOSA, Wellington Viana. PROPOSTA DE ACESSIBILIDADE CULTURAL:
Adaptação do Centro Cultural do SESC Nova Iguaçu - RJ. 2014. 44f. Monografia
em Acessibilidade Cultural - Faculdade de Medicina. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.
RESUMO
Este trabalho vem para desenvolver um questionamento sobre a pessoa com
deficiência na utilização dos serviços culturais prestados pelo Serviço Social do
Comércio – SESC, na unidade de Nova Iguaçu.
Trazemos a situação atual de acessibilidade do local, a história do Sesc e sua
importância para a cultura no Brasil e a proposta de acessibilidade para o centro
cultural. Para isto, trazemos fotografias afim de ilustrar objetivamente este trabalho.
A cultura é um importante agente agregador social em todos os locais do planeta, A
forma como falamos, comemos, nos comunicamos e todo o resto que faz parte de
um determinado grupo, como seus costumes devem ser respeitados, reconhecidos e
revalidados de tempo em tempo para a devida inserção de novos personagens e
proteção deste determinado grupo social. Dessa forma, não se pode falar em
democratização de determinado grupo, costume e ações culturais se todas as
pessoas que participam ou desejam participar, ou, ao menos, queira ter
conhecimento deste movimento não possa acessá-lo. Um vez em que não é
possível ser acessado por pessoas com deficiência este setor cultural está excluindo
e invalidando a necessidade cultural e sua proposta. Não permitir o acesso é um
crime contra a humanidade. Quando este crime é cometido contra a cultura é matar
um período histórico que será lembrado e visto pelas gerações futuras.
Proteger o acesso de toda e qualquer pessoa é um obrigação de cada um de nós
num gesto consciente de permitir a preservação da espécie e dos seus costumes
naquele período histórico.
Palavras chaves: Cultura, acessibilidade, inclusão, Sesc.
BARBOSA, Wellington Viana. MOTION FOR CULTURAL ACCESSIBILITY:
ADAPTATION OF CULTURAL CENTER OF NEW IGUAÇU SESC - RJSESC Nova
Iguaçu - RJ. 2014. 46f. Monografia em Acessibilidade Cultural - Faculdade de
Medicina. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.
ABSTRACT
This work is to develop a questioning of the person with disabilities in the use of
cultural services provided by Social Service of Commerce - SESC , the unit of New
Delhi .
We bring the current state of accessibility of the site, the history of the SESC and its
importance to the culture in Brazil and the proposed access to the cultural center .
For this, we bring order to objectively illustrate this work photographs.
Culture is an important social aggregator agent at all locations on the planet , the way
we talk , eat, communicate and everything else that is part of a particular group ,
such as their customs should be respected , recognized and revalidated from time to
time due to the inclusion of new characters and protection of this particular social
group . Thus , one can not speak of democratization of a particular group , custom
and cultural activities are all the people who participate or wish to participate, or at
least want to be aware of this movement can not access it . One time it is not
possible to be accessed by people with disabilities are deleting this cultural sector
and the cultural need and invalidating its proposal . Do not allow access is a crime
against humanity . When this offense is committed against the culture is killing a
historical period that will be remembered and seen by future generations .
Securing access of any person is an obligation of each of us a conscious enables
preservation of the species and its habits that historic period gesture.
Key words : Culture , accessibility , inclusion , SESC .
LISTA DE FIGURAS
Figura 01: Foto da Maquete do SESC Nova Iguaçu
Figura 02: Foto da Entrada do Centro Cultural e placa de identificação
Figura 03 – Foto em três ângulos da entrada principal SESC NI
Figura 04: Foto Bilheteria/balcão de atendimento - entrada principal
Figura 05: Foto da Central de atendimentos
Figura 06: Foto da Entrada alternativa – Via. Dutra
Figura 07: foto do acesso ao prédio da administração
Foto 08: Foto do acesso ao prédio e ao setor de administração.
Foto 09: Foto da Maquete da Unidade SESC NI
Figura10: Foto da Área de vivência e anfiteatro
Figura 11: Entrada do Centro Cultural
Figura 12: Foto do Foyer, lanchonete e acesso a galeria e sala multiuso.
Figura 13: Foto da Biblioteca SESC
Figura 14: Foto do acesso, salão de exposição e mini-sala da Galeria de Artes.
Figura 15: foto do acesso e sala multiuso
Figura 16: (fosso do elevador – andar térreo e superior)
Figura 17: Foto do acesso a plateia do teatro
Figura 18: Foto da plateia
Figura 19: Foto de vista frontal do palco e acesso pelas coxias
Figura 19: foto do acesso aos camarins do teatro e camarim 87
Figura 20: Foto da rampa de acesso e escadas
Figura 21: Foto das placas de sinalização (em parede e teto).
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 10
2. O PAPEL DO PRODUTOR/GESTOR CULTURAL ...................................................................... 14
3. O SESC, A ACESSIBILIDADE E A CULTURA ............................................................................. 14
3.1. A história do SESC .......................................................................................................... 15
3.1.1. Aspectos gerais do SESC ......................................................................................... 17
3.1.2. Como o SESC atua ................................................................................................... 17
3.1.3. Conhecimento Compartilhado ............................................................................... 18
3.1.4. Abrangência ............................................................................................................ 18
3.1.5. Acolhimento ........................................................................................................... 19
3.2. Falando sobre inclusão, Acessibilidade Cultural e o SESC ............................................. 19
4. O SESC E A CULTURA............................................................................................................. 23
4.1. Áreas de Atuação Na Cultura......................................................................................... 23
a) Artes Plásticas ............................................................................................................... 23
b) Biblioteca ...................................................................................................................... 23
c) Cinema .......................................................................................................................... 24
d) Literatura ...................................................................................................................... 24
e) Música .......................................................................................................................... 24
f) Teatro ............................................................................................................................ 25
5. SESC NOVA IGUAÇU – ESTUDO DE CASO ............................................................................. 26
5.1. O Centro Cultural SESC Nova Iguaçu ............................................................................. 27
a) Acesso principal ............................................................................................................ 28
b) Balcão de atendimento ao público (bilheteria)............................................................ 28
c) Fachada de acesso pela Via Dutra (acesso alternativo) ............................................... 29
d) Administração (prédio principal).................................................................................. 30
e) Área livre - acesso ao Centro Cultural .......................................................................... 31
5.2. Equipamentos Culturais do Centro Cultural .................................................................. 32
I - Foyer ............................................................................................................................. 32
II - Biblioteca .................................................................................................................... 33
III - Galeria de exposições ................................................................................................ 34
IV - Salas multiuso............................................................................................................ 34
V - Teatro ......................................................................................................................... 35
5.3. Diagnóstico de Acessibilidade do Centro Cultural SESC Nova Iguaçu & Proposta de
acessibilidade cultural.................................................................................... ..................... 38
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................... 43
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 44
1. INTRODUÇÃO
Este estudo foi pensado, elaborado, desenvolvido e articulado à partir do
meu envolvimento e comprometimento com a arte, cultura e inclusão social e
pensado para o espaço em questão, tanto pela sua importância, sendo no âmbito
regional e nacional, como uma das maiores redes de centros culturais do Brasil,
como pelo meu vínculo de trabalho, exercendo a função de gestor de artes visuais
na unidade do Sesc Nova Iguaçu. Partindo do principio de que a arte é um
importante objeto de socialização e inclusão, o desenvolvimento desta pesquisa visa
integrar de maneira mais eficaz pessoas com deficiências frequentadoras do Serviço
Social do Comércio (SESC) Unidade Nova Iguaçu, incentivando inclusive a formação
de plateia e gerando oportunidades a grupos de artistas e público de pessoas com
deficiência. Qualquer um que deseje conhecer um fenômeno só poderá ter sucesso
se entrar em contato com ele, ou seja, vivê-lo (praticá-lo) dentro do próprio meio
deste fenômeno (Kaiser, B., 1985, p. 26). Dessa forma, pretende-se ampliar o leque
de discussões sobre a importância da acessibilidade cultural, a fim de trabalhar
ainda as políticas públicas de cultura na área de baixada Fluminense, através da
sugestão deste estudo de caso, com intuito de sugerir e executar a diagnose e o
projeto de acessibilidade do Centro Cultural SESC Nova Iguaçu, que é a principal
proposta deste estudo.
Importantes autores e estudiosos como Pessoti (1984), Amaral (1995),
Schwartzman, (1999), Cardoso (2004), Carvalho (2004), Bianchetti (et al, 2004) Glat
(2007) e tantos outros aventaram para episódios excludentes que marcaram a vida
das pessoas com deficiência desde a antiguidade até os dias atuais. No entanto, as
políticas públicas para acessibilidade cultural ainda se mostram insuficientes para
garantir o acesso das famílias e de seus filhos com deficiência quanto ao uso de
bens e direitos sociais destinados a todos na sociedade. Essas concepções sobre
deficiência resultaram de acontecimentos históricos, políticos, sociais e econômicos
que predominaram em cada período da humanidade, e foram determinantes para
identificarmos os lugares por onde transitaram e ainda transitam as pessoas com
deficiência na sociedade.
O SESC nacional já vem desenvolvendo ao longo dos anos alguns
trabalhos pontuais de inclusão, mas ao se pensar em ter um centro cultural
preocupado com a acessibilidade de forma ampla e abrangente no que tange a
quebra de barreiras arquitetônicas e atitudinais, pretende-se, também, servir de
exemplo para outros centros culturais, incentivando-os para a prática da inclusão. Os
quase 25 milhões de brasileiros que possuem algum tipo de eficiência vêm sendo
historicamente esquecidos quanto a inclusão social através da acessibilidade
cultural, formar plateias, discutir a temática da inclusão à partir da execução de
projetos e trabalhos voltados a temática é uma forma de reeducação.
Dessa forma, trabalhar na sociedade a educação para fazer valer os
direitos das pessoas com deficiência traz um ganho em vários aspectos, pois é no
contexto social que as pessoas adquirem habilidades e se desenvolvem, e é através
das relações sociais que os homens atribuem significados e aprendem o que é típico
e normal. Também é importante considerar “ainda, e principalmente, as condições
sociais como fontes geradoras de incapacidades, uma vez que é no próprio meio
social que determinados indivíduos tornam-se reconhecidos como deficientes.”
(SAETA, 2006, p. 67)*.
Até os dias atuais, a pesada herança da exclusão ainda existe, a exemplo
da Idade Média, que sob a influência da Igreja, predominava a crença de que a
deficiência era um fenômeno metafísico e espiritual e, assim, a deficiência era, ao
mesmo tempo, uma questão divina ou demoníaca. Essa concepção, de certa forma,
influenciava a forma de tratamento dispensado às pessoas com deficiência, o que
lhes colocavam, segundo Cardoso (2004, p. 16), numa “mesma categoria, a dos
excluídos”, o que ocorre até hoje. Falando ainda sobre excluídos, aceitar que todos
somos iguais do ponto de vista de direito e temos que ter nossas diferenças
respeitadas, é fundamental para que se garanta igualdade de oportunidade na
participação e acesso a bens e serviços.
Apesar do seu constante processo de evolução, a sociedade não rompeu
totalmente com sua história conceitual e preconceituosa, especialmente quanto à
convivência e aceitação das diferenças ou das condições de deficiência das
pessoas. Pessoas significativamente diferentes geram impacto no “olhar” do outro,
provocando: “[...] sentimentos de comiseração (com diversas manifestações de
piedade, caridade ou tolerância, seja porque o “diferente” é cego, surdo, deficiente
mental, deficiente físico, autista, ou deficiente múltiplo...)” (CARVALHO, 2004, p, 40).
Contrapondo a essas práticas, a Constituição Federal de 1998:
[...] incorporou vários dispositivos referentes aos direitos da pessoa com
deficiência, nos âmbitos da saúde, educação, trabalho e assistência. [...]
Essas determinações estenderem-se para outros textos legais da União e
para as legislações estaduais e municipais. (FERREIRA&FERREIRA, 2004,
1
p. 22).
Ressalta-se também que ainda hoje entidades com pensamentos e ações
segregativas e/ou assistencialistas ainda existem, é inegável também que a
sociedade começa a reconhecer que a pessoa com deficiência é como um indivíduo
com seus méritos próprios, potencialidades e aptidões que o fazem capaz de se
profissionalizar e viver de forma igualitária ao que se dizem “normais.” Todavia, ao
falar em “normais”, lembrei de constantes termos erroneamente utilizados nos meios
de comunicação e amplamente utilizados pela sociedade no dia-a-dia. Esses termos
que na maioria das vezes são utilizados sem nenhuma intenção de ofensa, acabam
por gerar ainda mais desinformação, como nos caso das “pessoas especiais”. Para
um melhor entendimento, ao colocarmos em questionamento que, se por um lado
temos pessoas ditas “normais”, as do outro lado serão taxadas de “anormais” e
ainda chamamos atenção que para todo ser humano, incondicionalmente, sempre
existe alguém especial, independentemente de sua raça, com, crença, nacionalidade
ou qualquer outra característica.
Segundo Sassaki a integração está baseada em um modelo médico da
deficiência, que por sua vez considera essa deficiência como um problema exclusivo
da pessoa, o que acarreta na responsabilização do deficiente em se tratar e se
reabilitar para se adequar à sociedade como ela é, sem alguma adaptação, logo
existe uma negação ao respeito da diferença.
Para além de toda essa discussão, faz-se necessário o entendimento do
significado da palavra acessibilidade, que para Mazzoni (2001, p. 31) “a
acessibilidade não deve ser caracterizada por um conjunto de normas e leis, e sim
por um processo de observação e construção, feitos por todos os membros da
sociedade.” Sassaki (2005, p. 5) separa a acessibilidade em outras seis dimensões:
Acessibilidade ARQUITETÔNICA: sem barreiras ambientais físicas,
nas residências, nos edifícios, nos espaços urbanos, nos
1
FERREIRA, Maria Cecília Carrareto; FERREIRA, Julio Romero. Sobre Inclusão, políticas Públicas e
Práticas Pedagógicas. In: GOES, Maria Cecília Rafael de. et al. (Org.). Políticas e Práticas de
Educação Inclusiva. Campinas: SP, Autores Associados, 2004.
equipamentos urbanos, nos meios de transporte individual ou
coletivo.
Acessibilidade COMUNICACIONAL: sem barreiras na comunicação
interpessoal (face-a-face, língua de sinais), escrita (jornal, revista,
livro,
carta, apostila entre outros, incluindo textos em braile, uso do
computador portátil) e virtual (acessibilidade digital).
Acessibilidade METODOLÓGICA: sem barreiras nos métodos e
técnicas de estudo (escolar), de trabalho (profissional), de ação
comunitária (social, cultural, artística etc.), de educação dos filhos
(familiar).
Acessibilidade INSTRUMENTAL: sem barreiras nos instrumentos,
utensílios e ferramentas de estudo (escolar), de trabalho
(profissional),
de lazer e recreação (comunitária, turística, esportiva...).
Acessibilidade
PROGRAMÁTICA: sem
barreiras invisíveis
embutidas
em políticas públicas (leis, decretos, portarias etc.), normas e
regulamentos (institucionais, empresariais ...).
Acessibilidade ATITUDINAL: sem preconceitos, estigmas,
2
estereótipos e discriminações, em relação às pessoas em geral.
As instalações do Centro Cultural SESC Nova Iguaçu foram analisadas e
avaliadas através de questionários e fizemos o diagnóstico de itens de acesso,
analisando barreiras arquitetônicas e atitudinais. Vistoriamos sinalização e alguns
aspectos dos itens necessários para a garantia do desenvolvimento do projeto de
acessibilidade cultural, para que pudéssemos desenvolver este estudo de caso.
Divido em cinco capítulos, este trabalho pauta inicialmente o importante
papel do produtor cultural como agente transformador de espaços e equipamentos
culturais e sua relevância para a acessibilidade cultural. No capítulo seguinte faz-se
uma abordagem sobre a instituição SESC, para que o leitor conheça um pouco da
história do SESC, no capítulo seguinte temos alguns destaques de ações que o
SESC desenvolve com relação à cultura e acessibilidade. O último capítulo foi
dedicado a unidade SESC Nova Iguaçu, que é o local do estudo de caso deste
trabalho. E nesse capítulo que se encontra o diagnóstico e a proposta de
acessibilidade cultural voltada para essa unidade do SESC Vale ressaltar que, a
ideia é apresentar essa proposta à gerência dessa unidade do SESC, da qual
inclusive faço parte do quadro de funcionários, a fim de que estes possam analisar
as possibilidades de se executar e por em prática este as ações elencadas nesse
estudo.
2
SASSAKI, Romeu. Como Chamar os que têndeficiência? Disponível em: <http//WWW.
Fraterbrasil.org.br/Artigo1.htm>. Acesso em: 10 de fev. 2014.
2. O PAPEL DO PRODUTOR/GESTOR CULTURAL
Em qualquer lugar que exista cultura, existirá um produtor cultural, alguém
que faça o papel de organizar, pensar, planejar e realizar projetos, metas e ações
em torno da cultura. Pode ser a professora de Ballet que organiza a apresentação
de final de ano ou o músico que gere sua própria carreira, um pároco que realiza a
Paixão de Cristo em sua comunidade, como também, qualquer cidadão, já que
cultura é, por si só, o conjunto de manifestações artísticas, sociais, linguísticas e
comportamentais de um povo, civilização ou comunidade. Portanto, fazem parte da
cultura de um povo toda e qualquer atividade e manifestação que a faça ser
reconhecida entre suas iguais. Neste âmbito, instauramos como produtos culturais a
música, o teatro, rituais religiosos, língua falada e escrita, mitos, hábitos alimentares,
danças, arquitetura, invenções, pensamentos, formas de organização social, etc.
De forma prática, o produtor cultural é aquele que faz a intermediação
entre arte e cultura com o mercado. Este profissional, a partir de uma
instrumentalização teórico-prática e de uma capacitação crítica, passa a ter como
atividades o planejamento e a gestão cultural, estabelecendo metas e estratégias
para o fomento e a promoção da cultura. Criar, planejar, organizar e divulgar projetos
e produtos artístico-culturais, lidando com todas as etapas implicadas nesse
processo. Deve, portanto, ser papel do gestor/produtor cultural garantir a
democratização dos bens culturais e seus desdobramentos desde que a pessoa,
seja quem for, tenha interesse.
Dessa forma, dar acesso de forma universal, sobretudo num movimento
mercadológico que vivemos no Brasil, que é amplamente apoiado e estimulado por
programas governamentais de renúncia fiscal é função primordial deste gestor
cultural. Portanto, minha ação dentro deste trabalho é completamente técnica, a fim
de me colocar amplamente consciente, responsável e comprometido com a
acessibilidade cultural, deixando claro que meu posicionamento é meramente
profissional, tendo como base leis, normas técnicas e tecnologias disponíveis no
mercado para facilitar, democratizar, respeitar e incluir pessoas com deficiências em
ambientes, bens e produtos culturais para que cada brasileiro possa gozar de seu
direito de utilização destes bens de forma independente.
3. O SESC, A ACESSIBILIDADE E A CULTURA
Neste primeiro capítulo apresentaremos o histórico e aspectos gerais do
SESC. Mostraremos desde a sua história de fundação até alguns produtos e
serviços de atendimentos por ele realizados e suas principais características,
elencando também a acessibilidade e a cultura através de um link sobre ações e
estratégias desenvolvidas pelo SESC pata contemplar a acessibilidade cultural..
3.1. A história do SESC
O Sesc nasceu em um período de transição. Após a vitória dos aliados na
2ª Guerra Mundial e a queda do Estado Novo de Getúlio Vargas, em 1945, os
empresários brasileiros participam da democratização do país. Desenvolvia-se a
industrialização e a urbanização, multiplicavam-se os movimentos sindicais pela
garantia dos direitos trabalhistas. A nova constituição conferia o direito de voto a
todos os brasileiros e brasileiras maiores de 18 anos.
Um ano após o surgimento da Confederação Nacional do Comércio de
Bens, Serviços e Turismo (CNC), o então presidente da República Eurico Gaspar
Dutra decretou a criação do Sesc e do Senac – Serviço Nacional de Aprendizagem
Comercial. A criação do Sesc é descrita pela primeira vez na Carta da Paz Social,
como proposta para conter as tensões entre trabalhadores e empregadores. O
documento foi produzido por empresários como o gaúcho João Daudt d'Oliveira primeiro presidente do Conselho Nacional do Comércio.
Em 03 de Outubro de 1946, o primeiro SESC surgiu, no Rio de Janeiro no
bairro Engenho de Dentro. Assistência à maternidade, infância e combate à
tuberculose foram as principais áreas de atendimento para diminuir os índices de
mortalidade. Atualmente o Sesc possui mais de 500 unidades fixas e móveis e a sua
atuação ampliou-se com a demanda da sociedade.
Entre 1947 e 1949, o Sesc instalou suas primeiras unidades executivas
em diversos estados brasileiros, que ao longo dos anos se transformam em
Departamentos Regionais. Entre eles: Alagoas, Amazonas, Ceará, Rio Grande do
Norte e Paraná. Em Minas Gerais, um hospital com 600 leitos é foi para o tratamento
da tuberculose. O Sesc inaugura suas primeiras colônias de férias nas unidade de
Bertioga, litoral paulista, e Garanhuns, em Pernambuco.
Nos anos 50 a história do Brasil foi agitada. Getúlio Vargas voltou ao
poder em 1951. Sua gestão nacionalista culminou com a fundação de empresas
estatais. A crise político econômica ampliou-se e as elites voltaram-se contra
Getúlio, que acabou cometendo suicídio em agosto de 1954. As eleições do ano
seguinte levaram Juscelino Kubitscheck a presidência, iniciando um novo momento
na história do país.
O cenário político e social da década fez com que o Sesc ampliasse sua
atuação. Têm início as primeiras atividades culturais e a modernização do serviço
social. Com infraestrutura baseada na educação, cultura, recreação e saúde, são
abertos os primeiros centros de atividade do Sesc. Em 1951, a Convenção Nacional
dos Técnicos do Sesc, reunida em Bertioga, São Paulo, recomenda que a educação
e a recreação fossem atividades prioritárias para os anos seguintes. 1952 — 1957
As Convenções Nacionais de Técnicos passaram a ser fundamentais para
avaliar a ação do Sesc e planejar novos rumos, era o período de modernização e
ampliação. Nesta década foi construída uma rede de Centros de Atividades
destinadas a educação, cultura, lazer e assistência. Foram também criados
restaurantes, bibliotecas fixas e móveis (uma novidade na época). Preocupado com
a qualificação de seus técnicos, o Sesc deu início a um plano de desenvolvimento,
estruturando centros de treinamento e cursos, instituindo bolsas de estudo para seus
funcionários.
Anos 60, construção da capital federal pelo então presidente da república
Juscelino Kubitscheck e da impulsão da economia e industrialização brasileira.
Novas tendências de moda e comportamento para a juventude e reformas
socioeconômicas no Brasil e no mundo. Brasília é construída e os militares tomaram
o poder sob a liderança do general Castelo Branco. Popularizou-se as Unimos,
Unidades Móveis de Orientação Social, que aturaram em áreas onde ainda não
existiam unidades fixas ou espaços apropriados. Através delas se moldou uma forte
tecnologia de trabalho social. As Unimos percorriam cidades e instalavam-se
próximos a escolas, clubes e praças, realizando cursos, espetáculos e práticas
esportivas.
3.1.1. Aspectos gerais do SESC
O SESC é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, que gere
recursos públicos oriundos de contribuições parafiscais de interesse da categoria
Econômica. É mantido pelos empresários do comércio de bens e serviços, o Serviço
Social do Comércio - SESC – e tem como objetivo proporcionar o bem-estar e
qualidade de vida do comerciário, sua família e da sociedade.
Localizado em todos os estados brasileiros, o SESC incentiva a educação
de qualidade como diretriz primordial no desenvolvimento do cidadão. Valoriza a
diversidade cultural local e promove atividades em prol da melhoria das condições
de vida no dia a dia dos trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo.
Educação, Saúde, Cultura e Lazer são as áreas de atuação do Sesc que
chamamos de Programas. Dentro desses quatro Programas existem diversos
projetos e ações, desenvolvidos pelo Departamento Nacional, executados pelos
Departamentos Regionais e suas unidades, de acordo com a realidade local de cada
um. Com ações abrangentes a todas as faixas etárias e infraestrutura que contempla
suas áreas de atuação, o SESC tem como principal marca a responsabilidade social.
Oferecendo programas de saúde e educação ambiental, turismo social, programas
especiais para crianças e terceira idade, projetos de combate à fome e ao
desperdício de alimentos, inclusão digital e muitos outros.
3.1.2. Como o SESC atua
Nas atividades oferecidas pelo SESC ao público, o aprendizado é
permanente. As pessoas aprendem a cuidar da própria saúde, a descobrir
preferências culturais, a crescer individualmente através do lazer e a percorrer novos
caminhos de conhecimento. E o que se aprende, se repassa. Cada cliente torna-se
um multiplicador, ao adquirir confiança e habilidades necessárias para transmitir os
novos aprendizados em comunidade. As ações do SESC propagam princípios,
humanísticos e universais, promovendo melhor condição de vida para os
comerciários e seus familiares em todo o Brasil, e oferece serviços que fortalecem o
exercício da cidadania e contribuem com o desenvolvimento socioeconômico e
cultural.
As atividades do SESC seguem modelos de ação construídos por
especialistas em diversas áreas do conhecimento, garantindo que a atuação seja
adequada às necessidades da sociedade. São mais de 19 mil funcionários, em
todas as regiões brasileiras, produzindo e recebendo informação para a melhoria
dos serviços. O SESC também faz parcerias com outras instituições públicas e
privadas. Os Ministérios da Educação, da Cultura, do Desenvolvimento Social, da
Justiça, do Esporte e do Turismo são parceiros em ações como os programas
Alimentos Seguros, Segundo Tempo e Mesa Brasil Sesc. Em âmbito Estadual e
Municipal, os projetos SESC Ler e OdontoSESC estabelecem projetos de
cooperação que permitem uma atuação mais precisa de acordo com a realidade da
região.
3.1.3. Conhecimento Compartilhado
Para debater junto à sociedade temas de interesse geral, a entidade
promove a Rede SESC-SENAC de Teleconferência e o programa de rádio Sintonia
SESC-SENAC,
para
todas
as
regiões
brasileiras.
As
conferências
são
disponibilizadas em DVD e os programas do Sintonia transmitidos em centenas de
emissoras comunitárias.
Aos professores do SESC e da rede pública e privada de ensino, atenção
especial, com o projeto Formação Contínua de Educadores. Em telessalas nos
Centros de Atividades do SESC e nos Centros Educacionais do SESC Ler
acontecem cursos, seminários, palestras e atividades em grupo. Recursos
tecnológicos como internet, vídeo e áudio são aplicados ao aperfeiçoamento.
3.1.4. Abrangência
Para alcançar cerca de 2,2 mil municípios em todas as regiões, o SESC
unidades de atendimento fixas ou móveis, nas capitais, periferias ou em cidades
pequenas. São centenas de centros de atividades, unidades móveis, meios de
hospedagem, sedes educacionais e consultórios, com singularidades: o SESC
oferece, por exemplo, as maiores redes privadas de teatros e de bibliotecas do país.
Complementares às unidades fixas, as unidades móveis são essenciais nos serviços
prestados pelo SESC. Sobre rodas, em caminhões e carretas, a entidade leva
atendimento social a lugares onde a ação pública precisa de reforços.
3.1.5. Acolhimento
O SESC também se adapta a espaços públicos ou atua no interior de
outras instituições, públicas ou privadas, em parceria com a sociedade. A
articulação, somada às unidades fixas e móveis, é a base do grande alcance do
SESC.
No próximo capitulo serão elencados os serviços e linguagens de cultura
trabalhados pelas unidades do SESC, com uma breve descrição do estes serviços
oferecem ao público.
3.2. Falando sobre inclusão, Acessibilidade Cultural e o SESC
Sempre buscando integração da sociedade, o SESC desenvolve
inúmeras atividades com relação à inclusão social da pessoa com deficiência.
Através da realização da “Semana da Inclusão: um projeto imperdível”,
ocorrido em 2012, a regional SESC promoveu um evento onde a pauta era a
inclusão das pessoas com deficiência. Através da promoção de debates sobre o
assunto e, mais que isso, proporcionando uma semana de oficinas, palestras,
apresentações de dança em cadeiras de rodas e demonstrações esportivas, como
forma de demonstrar o desenvolvimento das pessoas com deficiência nas áreas do
esporte e cultura. A semana de Inclusão ocorreu em várias unidades. Na
programação especial, totalmente gratuita, várias atividades foram levadas às
unidade de Niterói, São Gonçalo, São João de Meriti, Nova Iguaçu, Campos,
Madureira, Friburgo, Teresópolis, Engenho de Dentro, Ramos, Copacabana e Santa
Luzia.
O Sesc Madureira ofereceu a maior parte da programação cultural, que
teve em seu programa a apresentação do projeto Dança Sobre Rodas, da Cia de
Dança Paula Nóbrega. Na unidade São João de Meriti, ocorreram diversas
atividades, de oficinas a torneio de Tênis de Mesa Paraolímpico. Em Campos, a
abertura foi realizada pelo grupo de circo da APOE (Associação de Apoio e
Orientação), que fez uma apresentação seguida de bate-papo sobre o mercado de
trabalho para as pessoas com deficiência. Em Niterói aconteceram apresentações
de dança de salão com cadeirantes do grupo de dança Holos. No SESC Santa
Luzia, o público foi convidado a participar da oficina de expressão corporal e de
diversos jogos. Na Unidade Engenho de Dentro, oficinas de basquete, vôlei
adaptado, apresentação de dança e oficina de consciência corporal deram
continuidade a semana inclusiva. Já no SESC São Gonçalo, as atividades foram
apresentações de dança, basquete, vôlei e rugby adaptados. Em Ramos o judô foi a
atividade escolhida. Copacabana teve palestras sobre mitos e verdades do esporte
adaptado. Nas unidades da Serra, o clima esquentou com oficinas de capoeira,
jogos cooperativos, além de brinquedos infláveis e oficinas de reaproveitamento de
materiais.
Faz-se necessário no entanto, uma abordagem sobre que tipo de
dispositivos legais, equipamentos, materiais e estratégias de acessibilidade poderão
ser utilizadas nessa unidade de maneira a trabalhar todas as barreiras, incluindo as
comunicacionais.
Como diferencial, destacamos aqui o importante trabalho do SESC
Sorocaba, em São Paulo, que vem sendo desenvolvido com livros que podem ser
ouvidos com a ajuda da tecnologia. O ato de transformar as palavras impressas em
som ocorre com o auxílio de um equipamento desenvolvido às pessoas com
deficiência visual. O aparelho está instalado na biblioteca do unidade e também é
capaz de converter o texto digitalizado para o sistema Braille. Qualquer obra pode
ser digitalizada, basta apenas o visitante da biblioteca escolher uma obra na
prateleira e solicitar a digitalização do conteúdo. A pessoa não precisa ser
matriculada no sistema do Sesc.
O scanner Sara é um dos mais modernos de atualidade no segmento de
acessibilidade aos deficientes visuais. O objetivo do aparelho é permitir a leitura de
livros, revistas e jornais por pessoas com baixa visão ou ausência total dela.
A aparelhagem permite a leitura dos livros e periódicos de forma
autônoma. O scanner é conectado a outro equipamento, que converte o texto
digitalizado para o sistema braile e pode ser utilizado também com o pen-drive e CD.
A pessoa tem a opção de gravar o texto selecionado e, caso não seja alfabetizada
em braile, existe a opção de ouvir o conteúdo da obra.
O aparelho usa a mais recente tecnologia para o reconhecimento e leitura
de caracteres de uma maneira clara. Uma voz quase humana sintetizada, com 36
opções com timbres masculinos e femininos, não chega a desapontar os ouvidos
mais exigentes.
Um dos problemas do scanner é a falta de leitura de letras cursivas. Caso
haja uma assinatura escrita a mão em uma carta digitada no computador, o aparelho
compreenderá a carta mas não a assinatura.
Segundo profissionais de informática, o aparelho tem outro problema,
caso seja digitalizada uma página dividida em colunas, como a folha de um jornal, o
software não entenderá essa divisão e fará a leitura por voz de todas as linhas
horizontais, dessa forma, o texto fica incompreensível. Mesmo assim, profissionais
da área garantem que o Sara é o melhor da atualidade.
A biblioteca do Sesc Sorocaba também disponibiliza um ampliador de
caracteres. O aparelho aumenta a imagem do documento colocado na bandeja e a
exibe em uma tela de LCD. O equipamento é destinado às pessoas com baixa visão.
Além disso, o aparelho possibilita a mudança de contraste, cores de fundo e letra e,
ainda, insere margens e guias para orientar a leitura.
Mesmo com o destaque a tal atuação da unidade de Sorocaba, este
estudo foi direcionado somente ao Centro Cultural desta unidade do SESC, e está
dividido em três partes, onde na primeira destaca-se o histórico de criação do SESC
nacional, principais características e aspectos dos atendimentos. No segundo
capítulo, uma breve explanação sobre a Unidade de Nova Iguaçu e em seguida o
estudo de caso, que é a acessibilidade cultural do Centro Cultural do SESC Nova
Iguaçu, com o desenvolvimento do diagnóstico da acessibilidade do local e a
proposta de a acessibilidade cultural a ser realizada.
O Diretor Regional SESC|SP Danilo Miranda, por advento da participação
no I Encontro Nacional de Acessibilidade Cultural e III Seminário Nacional de
Acessibilidade em Ambientes Culturais * fez um breve relato sobre a importância da
inclusão das pessoas com deficiência:
“Participo do encontro com o intuito de dar umas ideias e
partilhar do conhecimento sobre acessibilidade. Parto da ideia
da conquista da humanidade e que ainda há muito a
conquistar e um vasto caminho a percorrer. Quando se fala
para uma clientela do ponto de vista da inclusão, certamente,
o caminho é mais complexo e detalhado a se atingir. Quem
lida com cultura tem que ter a questão da igualdade muito
bem definida. Cultura, no sentido mais profundo do que ela
está colocada sob o conceito, principalmente, de caráter
público. Portanto, eu tenho que levar em conta esta questão
da acessibilidade para todos. Quanto a Arquitetura, se
levarmos em conta a história da arquitetura, só agora ela fala
de acessibilidade; pouco se fez para a questão do
acolhimento integral. Esta é uma questão central. Ainda que
há anos se trabalhe com isso nas 33 unidades do SESC, nem
tudo são mil maravilhas, com relação à arquitetura,
equipamentos e questões legais. A Lei não define atitude, no
entanto, isso faz parte do processo. A solução deve ser
amigável, tranquila e resolvida e isso pode ser mais eficiente
que muita rampa, para a solução ser menos truculenta
3
possível e não sobrepujar o problema em si.”
.
Ainda falando sobre Acessibilidade Cultural no SESC, o Diretor do SESC
São Paulo destaca entre os seguintes serviços oferecidos pela instituição como
práticas de inclusão: tradução para libras de todos os seminários; acessibilidade ao
esporte e atividade física, exposições de arte adaptadas, manual prático de
atendimento (pensando nos cuidadores), atividades paraolimpíadas, um programa
cultural acessível: festival de cinema com audiodescrição, seminário cultural
comunicação e exclusão, cursos especializados. Tudo isso visando e ativar políticas
culturais, porém afirma que a experiência do SESC é mais prática do que teórica.
“Teorizamos nossa prática, e não esperamos termos uma teoria para colocar em
prática”.
3
Danilo Miranda, Presidente da Regional Sesc São Paulo, Primeiro Encontro Nacional de Acessibilidade
Cultural (I ENAC) e Terceiro Seminário Nacional de Acessibilidade em Ambientes Culturais (III SENAAC),
realizado na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 16 e 18 de abril de 2013.
4. O SESC E A CULTURA
O SESC está em todo país para democratizar o acesso dos cidadãos ao
cinema, teatro, concertos, museus e bibliotecas. Por isso, entrelaça entretenimento e
diversão com educação para promover cultura de qualidade e ajudar na formação
lúdica de milhões de brasileiros. Grande parte das atrações culturais do Sesc são
gratuitas e chegam em locais que geralmente não recebem circuitos comerciais. O
Sesc leva o cinema às praças e o teatro para as ruas. Promove shows e exposições,
festivais e saraus sobre temas populares referentes às nossas múltiplas culturas,
realidades e sociedades. Além disso, ensina a fazer Cultura por meio de cursos,
oficinas e palestras que se multiplicam nas unidades.
4.1. Áreas de Atuação Na Cultura
A seguir, um breve relato dos serviços oferecidos pelo SESC nos seus
centros culturais.
a) Artes Plásticas
O SESC leva exposições de arte a todas as regiões brasileiras por
intermédio do projeto ArteSESC. Desde sua criação em 1981, mais de 30 mostras já
passaram pelas galerias de arte das unidades do SESC. Além das exposições, o
ArteSESC promove ainda oficinas e visitas guiadas elaboradas especialmente para
crianças, jovens e grupos escolares.
b) Biblioteca
São nas Bibliotecas do SESC que leitores, pesquisadores e estudantes
encontram as mais diferentes formas de conhecimento. Com sua rede distribuída em
todos os estados, o SESC leva ainda sua Biblioteca volante – o BiblioSesc - a
inúmeras cidades do interior. Essas unidades não só mantêm acervo atualizado,
como também promovem diferentes atividades que incentivam a prática e o gosto
pela leitura.
c) Cinema
O Cinema no SESC acontece por intermédio das inúmeras exibições,
oficinas, festivais e mostras sobre as mais diferentes linguagens audiovisuais. O
projeto CineSesc é o principal difusor da sétima arte nas unidades. Em seu acervo é
possível encontrar filmes nacionais e internacionais, grandes obras da história do
cinema, curtas metragens e até mesmo filmes infantis. Seu objetivo é levar o cinema
a todos os cantos do Brasil, para todos os públicos.
d) Literatura
Além dar acesso à literatura nacional e estrangeira por intermédio das
Bibliotecas, o Sesc promove ainda diversas atividades para estimular a confecção de
novas obras e revelar novos talentos. Para isso, criou o Prêmio Sesc de Literatura,
que anualmente premia obras inéditas de dois escritores nas categorias Conto e
Romance. Amplia ainda conhecimentos sobre diferentes temas e inovações da área
por intermédio da revista Palavra. A publicação conta com artigos de pesquisadores,
panoramas e entrevistas com grandes nomes da nossa literatura.
e) Música
O Sesc vê na música as diversidades culturais brasileiras. Promove
shows, concertos, concursos de canções, aulas de músicas, seminários, entre
muitos outros eventos para levar ao público diferentes ritmos e instrumentos que
traduzem um universo rico e genuíno. A entidade se mobiliza para promover a
música como formação educacional e resgata a memória de diversas regiões do
país por intermédio de projetos como o Sonora Brasil, SESC Partituras e o Pauta
Contemporânea.
f) Teatro
Nos palcos, nas ruas, nos teatros de arenas e tablados: o SESC leva o
teatro para onde o público estiver. Por isso, promove apresentações de grandes e
pequenos grupos, trupes que encontram no teatro inúmeros significados para arte. É
por intermédio do projeto Palco Giratório que milhares de brasileiros assistem peças
gratuitamente e ainda participam de oficinas de formação, como: cenografia,
atuação, iluminação, direção, entre outros.
5. SESC NOVA IGUAÇU – ESTUDO DE CASO
Fonte: Foto Autoral
Figura 01: Foto da Maquete do SESC Nova Iguaçu;
Este terceiro e último capítulo foi totalmente direcionado ao nosso
estudo de caso (que é o SESC unidade Nova Iguaçu pertencente a regional Rio de
Janeiro).
Inaugurado em 13 de setembro de 1993, o SESC Nova Iguaçu ocupa
uma área de 46.000 m², sendo aproximadamente 15.000 m² de área construída,
localizada no bairro de Moquetá com acesso, também, pela Rodovia Presidente
Dutra, na altura do Km 14,5.
A unidade possui um amplo complexo esportivo, com 4 quadras
poliesportivas cobertas, sala de jogos, sala de ginástica, 2 campos de grama
sintética, biblioteca, internet livre, lanchonete, 3 churrasqueiras, centro cultural com
teatro, sala de exposição, e 2 salas multiuso. Além de Parque Aquático composto
por piscinas para crianças e adultos.
Embora localizado em Nova Iguaçu, a unidade tem como área de
atuação outros sete municípios – Paracambi, Itaguaí, Seropédica, Queimados,
Japeri, Mesquita, Nilópolis e Belford Roxo - do conjunto total que, por sua situação
geográfica, foram nomeados como Baixada Fluminense. No entanto, o surgimento
de novos municípios, novos empreendimentos que dinamizaram a economia da
região, provocou uma urbanização intensa, porém com concentração de serviços e
equipamentos em certas regiões, guardando equivalência com a distribuição
desigual dos níveis de renda e escolaridade da população.
Dentro desse contexto, situamos o relevante papel do SESC na
contribuição para melhoria da qualidade de vida da região que, embora apresente
artistas e produtores de cultura, sofre com a falta de veiculação da produção local,
além da falta de acesso aos bens culturais que circulam com desenvoltura nos
grandes centros urbanos do Estado.
Entre os serviços oferecidos pelo SESC NI, serão destacados aqui
somente os relacionados ao Centro Cultural, objeto de estudo de caso deste
trabalho.
5.1. O Centro Cultural SESC Nova Iguaçu
A partir deste item teremos a descrição de alguns locais da Unidade SESC Nova
Iguaçu, em determinados locais pontuamos alguns aspectos e barreiras arquitetônica, no
entanto informo que mais adiante em outro capítulo específico teremos o diagnóstico da
unidade, concomitantemente com a proposta de adequação dos locais vistoriados, para um
melhor entendimento. Os itens aqui listados são somente para chamar atenção dos leitores
para uma melhor ilustração.
Fonte: Foto autoral
Figura 02: Foto montagem da Entrada do Centro Cultural e placa de identificação;
Para oferecer serviços de acordo com a realidade e necessidade de
cada região do Brasil, o SESC possui unidades em todos os estados. Com
atividades permanentes os espaços físicos buscam oferecer facilidade de acesso e
atendimento de qualidade. O SESC oferece diferentes atividades para públicos
diversos e por isso projeta ambientes funcionais e confortáveis de acordo com a
necessidade.
Equipado com galeria de artes, teatro, auditórios, salões de dança,
biblioteca e arenas externas, o Centro Cultural do SESC Nova Iguaçu (assim como a
exemplo das demais unidades) disponibiliza aos seus associados, atividades
relacionadas a cinema, literatura, artes visuais, música, teatro, dança, oficinas de
artes e debates relacionados aos temas trabalhados de acordo com o calendário
definido através do planejamento anual.
Antes do diagnóstico baseado nas fichas de avaliação, teremos uma
breve descrição desses espaços pertencentes ao Centro cultural para melhor
contextualização dos produtos e serviços oferecidos.
Fonte: Foto autoral
Figura 03 – Foto com montagem de três ângulos da fachada da entrada principal SESC NI;
a) Acesso principal – A entrada principal (figura 03), é a entrada mais
utilizadas pelos usuários e também é a que dá acesso direto ao setor de
atendimento. Nele ficam disponíveis informativos sobre programação entre outros. A
foto ilustra algumas barreiras arquitetônicas, como escadaria e falta de sinalização
adequada, mas observa-se também que existe possibilidade de adequação do
espaço com reparos de alguns desses itens.
Fonte: Foto autoral
Figura 04: Foto montagem com a Bilheteria/balcão de atendimento e detalhes entrada principal
b) Balcão de atendimento ao público (bilheteria) – Aqui, os associados
são atendidos e realizam alguns pagamentos de taxas e serviços. Em dias de shows
e eventos pagos, é nesse local que são vendidos ingressos, servindo de bilheteria
(figura 04). Observa-se que um portão permite o acesso de cadeirantes e pessoas
com baixa mobilidade a esse local. Porém, a altura e o estilo/desing do balcão
dificulta o atendimento. Uma porta lateral, com uma pequena rampa dá acesso à
Central de Atendimentos, mas três pequenos degraus ao final do corredor impedem
que esse acesso seja totalmente realizado por esse local.
Fonte: Foto autoral
Figura 05: Foto montagem da Central de atendimentos e do telão de chamada de senhas
Obs.: Na central de atendimento, local onde os frequentadores recebem
informações, realizam matrículas em atividades, tiram dúvidas, solicitam sua
inclusão como sócio e tem acesso a todas as atividades não só do Sesc Nova
Iguaçu, mas de toda a rede Sesc Rio (figura 05), o balcão segue o desenho
universal e o painel de chamada de senhas é grande e com fonte ampliada e em
contraste de cores. Outro dado importante é que este painel reproduz o som da
senha indicando numero e local de atendimento.
Fonte: Foto autoral
Figura 06: Foto montagem da Entrada alternativa – Via. Dutra – Calçamento e Distância como barreiras
c) Fachada de acesso pela Via Dutra (acesso alternativo) – Essa
entrada (figura 06) alternativa favorece aos usuários uma facilidade com relação a
comodidade quando seu deslocamento é feito pela Via Dutra. Além disso, um
pequeno estacionamento também proporciona uma certa comodidade. No entanto,
alguns problemas relacionado ao estacionamento sem calçamento, pequenos
degraus próximo à rampa e a distância entre essa entrada e a Central de
Atendimento fazem com que essa alternativa dificulte ainda mais a utilização por
pessoas com baixa mobilidade. Uma observação importante a fazer é que este
estacionamento não pertence ao SESC.
d) Administração (prédio principal) – É o local de atendimento utilizado
pelos
técnicos
da
unidade.
Nele,
associados,
funcionários,
fornecedores,
prestadores de serviços resolvem situações administrativas e burocráticas.
O acesso a esse prédio (figura 07) é feito através de três grandes degraus
na porta de entrada, degraus esses que impossibilitam a entrada de cadeirantes.
Fonte: Foto autoral
Figura 07: foto montagem do acesso ao prédio da administração
O local do atendimento é amplo e de boa circulação, apesar disso, esse
local de atendimento é ande os técnicos são lotados, ou seja, no piso superior, que
tem acesso feito somente por dois grandes lances de escada (figura 08).
Fonte: Foto autoral
Foto 08: Foto montagem do acesso ao prédio e ao setor de administração.
Ainda na administração, no hall de entrada, uma maquete completa da
estrutura física da Unidade SESC – NI está em exposição constante, através dela
pode-se ter uma noção do tamanho da unidade, porém, a mesma não pode ser
tocada pelo público, já que foi confeccionada de forma a ser utilizada apenas de
forma visual, tendo, ainda, uma cúpula de acrílico que a protege.
Fonte: Foto autoral
Figura 09: Foto montagem da Maquete da Unidade SESC NI
e) Área livre - acesso ao Centro Cultural: Trata-se de uma área de
vivência comum, parte descoberta e arborizada. Nessa área diversas atividades
culturais são realizadas. Por aqui existe um grande fluxo de pessoas permitindo
assim que mais um local de socialização disponibilizado aos associados. Além de
grandes pátios e jardins, o espaço possui um anfiteatro (figura 09).
Fonte: Foto autoral
Figura10: Foto montagem da Área de vivência e anfiteatro
5.2. Equipamentos Culturais do Centro Cultural
Aqui estão reunidos os quatro mais importantes equipamentos culturais desde objeto
de estudo. Nesse local, além das inúmeras atividades culturais (figura 11), o SESC
também disponibiliza uma lanchonete e banheiros. Com portas largas e de vidro, o
acesso é amplo e feito sem barreiras arquitetônicas. No seu interior, além das
estruturas já mencionadas, encontram-se o Foyer, A Galeria de artes, o Teatro, as
Salas de Multiuso e a Biblioteca. Com instalações modernas e bem cuidadas, o
espaço é bem convidativo.
Fonte: Foto autoral
Figura 11: Entrada do Centro Cultural
I - Foyer
Trata-se de uma outra área de vivência dos frequentadores (figura12),
que inevitavelmente passam por este local para poderem ter acesso aos
equipamentos culturais do centro cultural, Nesse importante espaço várias
intervenções artísticas são realizadas, tornando-o um atrativo a mais para quem vai
em busca desse equipamento cultural.
Fonte: Foto autoral
Figura 12: Foto montagem do Foyer, lanchonete e acesso a galeria e sala multiuso.
II - Biblioteca
Com um acervo bem diversificado, repleto de autores e títulos dos mais
diversos lugares e com temas variados, a Biblioteca (figura 13) é parte integrante do
Centro Cultural. Em um ambiente arejado, bem iluminado e climatizado, além de
confortável, os usuários podem ficar acomodados de maneira prazerosa para
desfrutarem de excelentes leituras. A porta de entrada ampla e bem visível, a
biblioteca é toda plana e sem obstáculos para o acesso, a iluminação natural auxilia
no clima de aconchego e há bastante espaço para circulação de cadeirantes. No
entanto, seu balcão de atendimento e as estantes de livros não possuem altura
adequada para atendimento de pessoas com baixa estatura ou cadeirantes. Apesar
de possuir um grande acervo de títulos, ainda não disponibilizam audiobook ou livros
com impressão em fonte ampliada ou em Braiile.
Fonte: Foto autoral
Figura 13: Foto montagem da Biblioteca SESC
III - Galeria de exposições
Assim como o Teatro, a galeria possui uma grande procura pelos
visitantes.
Em
um
ambiente
climatizado,
com
iluminação
direcionada
e
aconchegante, a galeria vem conquistando cada vez mais os frequentadores do
Centro Cultural. Sua entrada livre de obstáculos, com um salão amplo e totalmente
plano e mais duas estruturas que funcionam como mini-salas, a galeria possui
acessibilidade para cadeirantes e pessoas com baixa mobilidade. no salão com
acessos livres. Ressalta-se somente que ainda não possui púpitos, materiais e
equipamentos de tecnologia assistiva voltados ao material expositivo afim de colocar
nas exposições as peças disponíveis para pessoas com deficiência.
Fonte: Foto autoral
Figura 14: Foto montagem do acesso, salão de exposição e mini-sala da Galeria de Artes.
IV - Salas multiuso
Como o próprio nome diz, essas salas são utilizadas para as mais
diversas ações culturais. As salas multiuso (figura 15) do centro cultural possuem
ampla área de circulação. Bem iluminada, climatizadas e planas, o seu maior
problema está no acesso, pois as salas estão localizadas no andar superior do
centro cultural, e esse acesso é feito através de duas escadas laterais.
Fonte: Foto autoral.
Figura 15: foto montagem do acesso e sala multiuso
Entre essas salas encontram-se saídas do teatro (este por sua vez, também possui
escadas em seu interior). O prédio possui um fosso para elevador (figura 15).
Fonte: Foto autoral
Figura 16: (fosso do elevador – andar térreo e superior)
V - Teatro
Com capacidade para quase 500 pessoas, o teatro é mais um dos cinco
equipamentos existente no Centro Cultural. Seu acesso é facilitado, porém este é
sem dúvida, um dos locais que deverá sofrer mais adaptações, no caso do projeto
de estudo de caso ser executado, devido a alguns importantes aspectos.
Destacaremos esses aspectos a seguir, para uma melhor compreensão, faremos
separando item a item:
Fonte: Foto autoral
Figura 17: Foto montagem do acesso a plateia do teatro
a) acesso: acesso bilateral, livre de barreiras arquitetônicas, com portas
largas e pequenas inclinações de acesso à plateia.
Fonte: Foto autoral
Figura 18: Foto montagem da plateia
b) Plateia: Com poltronas confortáveis e bem posicionadas (figura 18), de quase
todos
os ângulos a plateia oferece uma excelente visão do palco. Seu acesso
completamente livre para a parte posterior às fileiras do meio, sem obstáculo para
cadeira de rodas, porém não possui assentos preferenciais e/ou poltronas
removíveis. Além disso, não possui acesso para as outras fileiras de acento. Algo
que chamou-nos a atenção foram duas fileiras de cadeiras laterais (fileira O), pois
esta não possui boa visibilidade para o palco.
c) Palco: posicionado abaixo do nível das poltronas da plateia, o palco é amplo, e
proporciona aos ocupantes das últimas fileiras uma visibilidade tão boa quanto a das
primeiras filas. Com coxia grande, fosso e suspiro para varas de cenários, o palco é
acolhedor também para os artistas. Possui acesso livre apenas pela coxia, mas o
acesso pela plateia só pode ser feito por degraus. Seu acesso por fora é um tanto
dificultado, pois apesar da porta abrir completamente dando um vão grande para
entrada e saída de materiais e equipamentos, dois degraus atrapalham o acesso até
a porta.
Fonte: Foto autoral
Figura 19: Foto montagem de vista frontal do palco e acesso pelas cochias
d) Camarins: Sem sombra de dúvidas, esse é um dos pontos mais críticos do local,
porém até de resolução fácil. Bem equipados, iluminados, climatizados e
aconchegantes, os camarins tem o acesso muito difícil, pois a sua localização fica no
andar superior e seu acesso é feito por gigantescas escadas, além disso,
completando a tríade da falta de acessibilidade encontramos camarins e banheiros
com portas estreitas e nenhum item de acessibilidade. Vale ressaltar que no local
existe um fosso para colocação de elevadores.
Fonte: Foto autoral
Figura 19: foto montagem do acesso aos camarins do teatro e camarim 87
5.3. Diagnóstico de Acessibilidade do Centro Cultural SESC Nova Iguaçu &
Proposta de acessibilidade cultural
A seguir faremos o diagnóstico de acessibilidade realizado à partir da
visita ao local, bem como do registro fotográfico e preenchimento do questionário de
avaliação de acessibilidade, que nos serviu como instrumento de orientação para
esse estudo de caso.
Para cada item verificado, daremos a sugestão para acessibilidade.
Fonte: Foto autoral
Figura 20: Foto montagem mostrando rampa de acesso no estacionamento, escadas e área sem utilização.
A) ACESSIBILIDADE FÍSICA/ACESSO AO EDIFÍCIO






DIAGNÓSTICO
Entradas/acesso:
possui
uma
escada de acesso na portaria
principal..
Tem
roletas para que
seja
catalogada a quantidade de pessoas
que frequentam o local.
Possui um pequeno portão de ferro
para acesso alternativo ao das
roletas.
Existem
vários
obstáculos
arquitetônicos que vão desde
portões e grades até material
utilizado no piso (escorregadio).
Não
possui
estacionamento
preferencial.
A bilheteria da entrada funciona no
mesmo
local do balcão
de
atendimento, sendo que o balcão de
atendimento não possui altura
adequada para cadeirantes ou
pessoas com baixa estatura.
SUGESTÃO

Entradas/acesso
(entrada
principal): colocação de rampas de
acesso ou equipamento eletrônico
(plataforma de elevação de cadeiras
de rodas para escadas).

Entradas/acesso
(entrada
principal): colocação de rampas de
acesso.

Reservar os estacionamentos da
entrada principal para vagas de
estacionamento
preferencial
sinalizada.

Adequação da altura da bilheteria
da entrada para atendimento de
cadeirantes e pessoas com baixa
estatura de acordo com o desenho
universal.

Colocação de pequenas rampas
(podendo ser removíveis) em todos os
pequenos existentes no percurso entre
as entradas principais e o centro
cultural (exceto nas escadas com mais
de um degrau).
B) CIRCULAÇÃO HORIZONTAL
DIAGNÓSTICO
 Hall de entrada, área para recepção de
público, corredores, loja, banheiros,
portas, pisos, passagens todos planos,
mas com acesso através de escadas.
Não possui piso podotátil.
 O Piso acessível para cadeirantes por
estar no mesmo nível, porém, não
possui sinalização podotátil, segundo
informações, devido ao prédio ser
tombado.
 Salas multiuso: possui duas salas que
servem para múltiplas atividades.
Atualmente, uma delas serve como
auditório, com piso em madeira. As
cadeiras do local são móveis. Cada sala
fica em um lado do Centro Cultural, com
entradas independentes e acesso feito
por
escadas.
A
segunda
sala
atualmente serve de salão de dança.
Ambas ficam no andar superior do
Centro Cultural, e apesar de serem
planas e bem amplas e de fácil
locomoção devido ao piso e tamanho, o
acesso é dificultado por falta de rampas
ou elevadores (tendo somente o fosso
para instalação do mesmo).
 Teatro: o piso é de carpete, com
escadas para acesso aos assentos e
palco, sem assentos preferenciais. Um
diferencial é que o acesso a esse local é
feito por rampa. Possuindo um nível
plano e acessível, tendo duas entradas
com portas largas e que servem
também como saídas de emergência.
Não existem lugares preferenciais para
cadeirantes, as cadeiras são fixas. Não
possui piso podotátil.
 Os banheiros do Centro Cultural não
possuem portas largas e não são
acessíveis.
 Loft: amplo, arejado e com terreno
plano, o loft possui um piso sem
obstáculos arquitetônicos. Seu acesso é
feito por portas largas e o local possui
iluminação direta e indireta. Não possui
piso podotátil.
 Sala de exposição acessível para
circulação. Não possui sinalização
podotátil. A iluminação do espaço tem
Intensidade e é direcionada
SUGESTÃO

Colocação de piso podotátil no
percurso entre as entradas e o centro
cultural, bem como nas calçadas do
prédio, segundo desenho universal.

Colocação de piso podotátil
também nos banheiros, loft, salas
multiuso e teatro.

Adaptação para cadeirantes de
pelo menos um banheiro masculino e
um feminino, ou construção de um
banheiro exclusivo para pessoas com
deficiência,
segundo
desenho
universal
e
com
sinalizações
adequadas..

Teatro: colocação de rampas de
acesso ao palco pelo público. Reserva
de assentos preferenciais, com
colocação
de poltronas móveis
(sugestão de colocação no mesmo
piso plano de acesso ao teatro – meio
da plateia).

Loft: colocação de piso podotátil..

Sala de exposição: adaptação de
púpitos e peças das exposições a
altura de cadeirantes e pessoas com
baixa estatura.
C) CIRCULAÇÃO VERTICAL
DIAGNÓSTICO
SUGESTÃO

Não possui elevadores ou rampas
de acesso em nenhum de seus
prédios, exceto na entrada pela Via
Dutra e uma rampa de acesso do
estacionamento
(de
funcionários),
porém sem vagas exclusivas para
pessoas com deficiência.

Cada prédio possui pelo menos
um andar superior, com acesso feito
somente através de escadas.

No prédio do Centro Cultural
existem dois fossos para serem
instalados elevadores, sendo um para
o público (para dar acesso às salas
multiuso e parte superior da plateia do
teatro) e outro para artistas e produção
(para dar acesso aos camarins).

Colocação
de
plataforma
elevatória no Centro Cultural e na
administração do prédio.

Colocação de rampas de acesso,
segundo desenho universal, no acesso
a administração
Fonte: Foto autoral
Figura 21: Foto montagem das placas de sinalização, fixadas na parede e no teto.
D) ACESSIBILIDADE SENSORIAL/ACESSO À INFORMAÇÃO E MEDIAÇÃO
DIAGNÓSTICO

Existem
algumas
placas
de
sinalizações impressas em contraste de
cores, com fonte ampliadas, mas várias
destas placas estão fixadas em locais de
difícil acesso. As placas não possuem
impressão em Braille.

Não existe ainda nenhum tipo de
tecnologia assistiva para pessoas com
deficiência em nenhum dos prédios,
exceto por um painel na sala de
atendimento que informa a senha a ser
atendida tanto no painel (com caracteres
grandes) e áudio da senha.

Não
disponibilizam
materiais
impressos em fonte ampliada ou Braille;

Não
disponibilizam
materiais
impressos em fonte ampliada ou Braille;

Não
possuem
funcionários
intérprete de Libras ou Libras Tátil;

Não existe um levantamento
realizado sobre a quantidade de
atendimentos realizados a pessoas com
deficiência;

Não possuem nenhum recurso
multissensoriais ou reproduções bi ou
tridimensionais;

Não são realizados treinamentos e
projetos
de
educação
continuada
voltadas aos funcionários para o
atendimento de pessoas com deficiência.

Não são realizados eventos com
recursos de acessibilidade.

entrada alternativa (Via Dutra) possui
obstáculos arquitetônicos (catracas e
SUGESTÃO
 Aquisição de tecnologia assistiva
para informes e programações, bem
como materiais institucionais para
pessoas com deficiência.
 Impressão de materiais (incluindo
programação) em fonte ampliada;
 Impressão de materiais (incluindo
programação) em Braille;
 Contratação
de
funcionários
intérprete de Libras;
 Contratação
de
funcionários
técnicos em Braille;
 Aquisição de uma impressora
Braille (que poderá servir não somente
a comunidade, mas inclusive de apoio
para as demais unidades na prestando
serviços de impressão);
 Contratação
de
funcionários
intérprete de Libras tátil;
 Fazer levantamento constante
sobre a quantidade de atendimentos
realizados a pessoas com deficiência;
 Aquisição de impressos bi e
tridimensionais da unidade (prédio) e o
centro cultural;
 Aquisição de acervo acessível
para a biblioteca;
A
pequenos
degraus).
Possui
estacionamento próximo, mas com
terreno acidentado. Não possui um
balcão de atendimento neste lado da
entrada, o que dificulta o atendimento de
pessoas com deficiência ou baixa
mobilidade, que por sua vez, precisam ir
até a outra entrada (entrada principal)
para atendimentos e serviços.
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE
Todo projeto de acessibilidade deverá estar sempre acompanhado de
ações e campanhas educativas, com intuito de melhor atender à demanda do
público, dos artistas e dos agentes culturais envolvidos nas articulações. Par tanto,
faço a seguir um importante destaque de sugestão de ações de acessibilidade.
G) - AÇÃO EDUCATIVA
- Realização de ciclos de treinamentos voltados aos servidores para
educação continuada com relação à etiqueta no atendimento de pessoas com
deficiência (termos, conceitos relacionados às pessoas com deficiência, palavras
em desuso e etc).
- Instalação de totem interativo com ergonomia adaptada ao cadeirante e
teclado em Braile (material já adquirido pelo museu, porém ainda não instalado).
- Mesclar na programação serviços direcionados às pessoas com
deficiência, disponibilizando recursos de acessibilidade.
- Promover ações e projetos de incentivo a formação de plateia de
pessoas com deficiência, disponibilizando recursos de acessibilidade.
- Contratar artistas e grupos que tenham pessoas com deficiência ou que
abordem a temática como forma de incentivo aos trabalhos desenvolvidos por estes
grupos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em uma busca pela democratização, seguimos desde os tempos da
abolição da escravatura lutando para diminuir ou erradicar as desigualdades deste
país. Todos nós temos uma parcela de responsabilidade sobre esta busca. Neste
campo o Sistema S tem uma importante iniciativa desde sua construção, o Sesc, em
particular é base deste estudo, e já realiza algumas ações, como demonstrado, e
venho para agregar mais esse conhecimento. O Sesc dentro das suas áreas de
atuação busca sempre estar de acordo com a legislação do nosso país, bem como
os Planos de metas que vem sendo articulados ao longo dos anos, como o Plano
Nacional de Cultura lançado no ano de 2012. Demonstrando que órgãos privados
que utilizam dinheiro público podem ser um grande agente para a socialização e
diminuição das desigualdades.
Ao longo desta pesquisa, vimos que o SESC em várias cidades do país
abraça a arte inclusiva, e parte da necessidade de construção de um espaço coletivo
diversificado, onde os atores sociais se percebessem como sujeitos únicos em suas
peculiaridades, mas semelhantes nos seus direitos, autonomia, liberdade de
expressão, baseado na solidariedade e no respeito às diferenças. No entanto,
algumas unidades ainda não desenvolvem a inclusão por completo, como no caso
de Nova Iguaçu. Contudo, esperamos que este estudo de caso possa colaborar,
para além das ações do SESC, de maneira significativa o pensamento e a ação.
Juntamente com a a participação da sociedade civil organizada, como forma de
transformação social, como o próprio Ministério da Cultura já vem afazendo.
Esperamos que os moradores da região da Baixada Fluminense que frequentam o
SESC Nova Iguaçu tenha o SESC como referência na arte e inclusão. Pois
defendemos aqui que incluir não é apenas possibilitar o acesso, é acolher as
diferenças, suscitar debates, socializar experiências e garantir a permanência
propiciando o exercício de construção da cidadania.
REFERÊNCIAS
CARDOSO, Marilene da Silva. Aspectos Históricos da Educação Especial: Da
Exclusão à Inclusão - Um Longa Caminhada. STOBAUS, DieterClaus (et al).
Educação especial em direção à educação inclusiva. Porto Alegre: EdiPUCRS,
2004.;
CARVALHO, Juliana Machado; SIMÕES, Luciano e PENIDO, Anna. Educación y
tecnologias: conflitos y possibilidades. In: Revista Científica Iberoamericana de
comunicación y Educación, Andaluzia, n. 22, p.63 – 70, 2004.
PESSOTTI, Isaías. Deficiência mental: da superstição à ciência. São Paulo: T.A.
Queiroz, 1984.
SASSAKI,
Romeu.
Como
Chamar
os
que
têmdeficiência?Disponívelem:
<http//WWW. Fraterbrasil.org.br/Artigo1.htm>. Acesso em: 05 ago. 2008
.
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adaptação do centro cultural do sesc novoa iguaçu