UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO FACULDADE DE MEDICINA WELLINGTON VIANA BARBOSA PROPOSTA DE ACESSIBILIDADE CULTURAL: ADAPTAÇÃO DO CENTRO CULTURAL DO SESC NOVA IGUAÇU - RJ Rio de Janeiro 2013 WELLINGTON VIANA BARBOSA PROPOSTA DE ACESSIBILIDADE CULTURAL: ADAPTAÇÃO DO CENTRO CULTURAL DO SESC NOVA IGUAÇU - RJ Monografia de especialização latu-sensu apresentada à PósGraduação da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro para obtenção do título de Especialista em Acessibilidade Cultural. Orientadora: Profª Dra. Patrícia Dornelles Rio de Janeiro 2013 Dedicatória A todos que lutam, lutaram e lutarão por um mundo sem preconceitos e pela diversidade. Agradecimentos Este trabalho não poderia ser realizado sem a ajuda de pessoas importantes, seja na minha vida pessoal, seja na minha vida profissional. Agradeço à Margot, pelo empenho em me oferecer sua cumplicidade de mãe e todas as alegrias vividas, além de ser minha maior incentivadora em tudo. Aos professores que tive ao longo da vida. Em um momento o qual Professores são inimigos do Estado, tenho a obrigação de entregar-lhes este, pois existe um pedaço de cada um deles dentro deste documento. Aos amigos sem fim que me impulsionam cada dia mais: Carlos Alberto da Silva Junior e toda sua família pelo aconchego, Alessandra Pajama que me ofereceu todo seu conhecimento e amizade, Roberta Oliveira Feitosa pela grande parceria de vida, meus irmãos por serem meu norte, Alex Zamora pela sua compreensão e presença de pai, a Inique e Nicole pelo amor sem fim e à toda equipe do SESC Nova Iguaçu que me possibilitaram conhecer o brilhante trabalho sociocultural que realizam dentro da Baixada Fluminense para democratização no acesso aos bens culturais. Sem todas essas pessoas (e muitas outras que jamais caberiam aqui) não poderia ter chegado a este momento. Um muito obrigado a todos. “Há pessoas que nos falam e nem as escutamos. Há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam. Mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossa vida e nos marcam para sempre.” Cecília Meireles BARBOSA, Wellington Viana. PROPOSTA DE ACESSIBILIDADE CULTURAL: Adaptação do Centro Cultural do SESC Nova Iguaçu - RJ. 2014. 44f. Monografia em Acessibilidade Cultural - Faculdade de Medicina. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013. RESUMO Este trabalho vem para desenvolver um questionamento sobre a pessoa com deficiência na utilização dos serviços culturais prestados pelo Serviço Social do Comércio – SESC, na unidade de Nova Iguaçu. Trazemos a situação atual de acessibilidade do local, a história do Sesc e sua importância para a cultura no Brasil e a proposta de acessibilidade para o centro cultural. Para isto, trazemos fotografias afim de ilustrar objetivamente este trabalho. A cultura é um importante agente agregador social em todos os locais do planeta, A forma como falamos, comemos, nos comunicamos e todo o resto que faz parte de um determinado grupo, como seus costumes devem ser respeitados, reconhecidos e revalidados de tempo em tempo para a devida inserção de novos personagens e proteção deste determinado grupo social. Dessa forma, não se pode falar em democratização de determinado grupo, costume e ações culturais se todas as pessoas que participam ou desejam participar, ou, ao menos, queira ter conhecimento deste movimento não possa acessá-lo. Um vez em que não é possível ser acessado por pessoas com deficiência este setor cultural está excluindo e invalidando a necessidade cultural e sua proposta. Não permitir o acesso é um crime contra a humanidade. Quando este crime é cometido contra a cultura é matar um período histórico que será lembrado e visto pelas gerações futuras. Proteger o acesso de toda e qualquer pessoa é um obrigação de cada um de nós num gesto consciente de permitir a preservação da espécie e dos seus costumes naquele período histórico. Palavras chaves: Cultura, acessibilidade, inclusão, Sesc. BARBOSA, Wellington Viana. MOTION FOR CULTURAL ACCESSIBILITY: ADAPTATION OF CULTURAL CENTER OF NEW IGUAÇU SESC - RJSESC Nova Iguaçu - RJ. 2014. 46f. Monografia em Acessibilidade Cultural - Faculdade de Medicina. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013. ABSTRACT This work is to develop a questioning of the person with disabilities in the use of cultural services provided by Social Service of Commerce - SESC , the unit of New Delhi . We bring the current state of accessibility of the site, the history of the SESC and its importance to the culture in Brazil and the proposed access to the cultural center . For this, we bring order to objectively illustrate this work photographs. Culture is an important social aggregator agent at all locations on the planet , the way we talk , eat, communicate and everything else that is part of a particular group , such as their customs should be respected , recognized and revalidated from time to time due to the inclusion of new characters and protection of this particular social group . Thus , one can not speak of democratization of a particular group , custom and cultural activities are all the people who participate or wish to participate, or at least want to be aware of this movement can not access it . One time it is not possible to be accessed by people with disabilities are deleting this cultural sector and the cultural need and invalidating its proposal . Do not allow access is a crime against humanity . When this offense is committed against the culture is killing a historical period that will be remembered and seen by future generations . Securing access of any person is an obligation of each of us a conscious enables preservation of the species and its habits that historic period gesture. Key words : Culture , accessibility , inclusion , SESC . LISTA DE FIGURAS Figura 01: Foto da Maquete do SESC Nova Iguaçu Figura 02: Foto da Entrada do Centro Cultural e placa de identificação Figura 03 – Foto em três ângulos da entrada principal SESC NI Figura 04: Foto Bilheteria/balcão de atendimento - entrada principal Figura 05: Foto da Central de atendimentos Figura 06: Foto da Entrada alternativa – Via. Dutra Figura 07: foto do acesso ao prédio da administração Foto 08: Foto do acesso ao prédio e ao setor de administração. Foto 09: Foto da Maquete da Unidade SESC NI Figura10: Foto da Área de vivência e anfiteatro Figura 11: Entrada do Centro Cultural Figura 12: Foto do Foyer, lanchonete e acesso a galeria e sala multiuso. Figura 13: Foto da Biblioteca SESC Figura 14: Foto do acesso, salão de exposição e mini-sala da Galeria de Artes. Figura 15: foto do acesso e sala multiuso Figura 16: (fosso do elevador – andar térreo e superior) Figura 17: Foto do acesso a plateia do teatro Figura 18: Foto da plateia Figura 19: Foto de vista frontal do palco e acesso pelas coxias Figura 19: foto do acesso aos camarins do teatro e camarim 87 Figura 20: Foto da rampa de acesso e escadas Figura 21: Foto das placas de sinalização (em parede e teto). SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 10 2. O PAPEL DO PRODUTOR/GESTOR CULTURAL ...................................................................... 14 3. O SESC, A ACESSIBILIDADE E A CULTURA ............................................................................. 14 3.1. A história do SESC .......................................................................................................... 15 3.1.1. Aspectos gerais do SESC ......................................................................................... 17 3.1.2. Como o SESC atua ................................................................................................... 17 3.1.3. Conhecimento Compartilhado ............................................................................... 18 3.1.4. Abrangência ............................................................................................................ 18 3.1.5. Acolhimento ........................................................................................................... 19 3.2. Falando sobre inclusão, Acessibilidade Cultural e o SESC ............................................. 19 4. O SESC E A CULTURA............................................................................................................. 23 4.1. Áreas de Atuação Na Cultura......................................................................................... 23 a) Artes Plásticas ............................................................................................................... 23 b) Biblioteca ...................................................................................................................... 23 c) Cinema .......................................................................................................................... 24 d) Literatura ...................................................................................................................... 24 e) Música .......................................................................................................................... 24 f) Teatro ............................................................................................................................ 25 5. SESC NOVA IGUAÇU – ESTUDO DE CASO ............................................................................. 26 5.1. O Centro Cultural SESC Nova Iguaçu ............................................................................. 27 a) Acesso principal ............................................................................................................ 28 b) Balcão de atendimento ao público (bilheteria)............................................................ 28 c) Fachada de acesso pela Via Dutra (acesso alternativo) ............................................... 29 d) Administração (prédio principal).................................................................................. 30 e) Área livre - acesso ao Centro Cultural .......................................................................... 31 5.2. Equipamentos Culturais do Centro Cultural .................................................................. 32 I - Foyer ............................................................................................................................. 32 II - Biblioteca .................................................................................................................... 33 III - Galeria de exposições ................................................................................................ 34 IV - Salas multiuso............................................................................................................ 34 V - Teatro ......................................................................................................................... 35 5.3. Diagnóstico de Acessibilidade do Centro Cultural SESC Nova Iguaçu & Proposta de acessibilidade cultural.................................................................................... ..................... 38 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................... 43 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 44 1. INTRODUÇÃO Este estudo foi pensado, elaborado, desenvolvido e articulado à partir do meu envolvimento e comprometimento com a arte, cultura e inclusão social e pensado para o espaço em questão, tanto pela sua importância, sendo no âmbito regional e nacional, como uma das maiores redes de centros culturais do Brasil, como pelo meu vínculo de trabalho, exercendo a função de gestor de artes visuais na unidade do Sesc Nova Iguaçu. Partindo do principio de que a arte é um importante objeto de socialização e inclusão, o desenvolvimento desta pesquisa visa integrar de maneira mais eficaz pessoas com deficiências frequentadoras do Serviço Social do Comércio (SESC) Unidade Nova Iguaçu, incentivando inclusive a formação de plateia e gerando oportunidades a grupos de artistas e público de pessoas com deficiência. Qualquer um que deseje conhecer um fenômeno só poderá ter sucesso se entrar em contato com ele, ou seja, vivê-lo (praticá-lo) dentro do próprio meio deste fenômeno (Kaiser, B., 1985, p. 26). Dessa forma, pretende-se ampliar o leque de discussões sobre a importância da acessibilidade cultural, a fim de trabalhar ainda as políticas públicas de cultura na área de baixada Fluminense, através da sugestão deste estudo de caso, com intuito de sugerir e executar a diagnose e o projeto de acessibilidade do Centro Cultural SESC Nova Iguaçu, que é a principal proposta deste estudo. Importantes autores e estudiosos como Pessoti (1984), Amaral (1995), Schwartzman, (1999), Cardoso (2004), Carvalho (2004), Bianchetti (et al, 2004) Glat (2007) e tantos outros aventaram para episódios excludentes que marcaram a vida das pessoas com deficiência desde a antiguidade até os dias atuais. No entanto, as políticas públicas para acessibilidade cultural ainda se mostram insuficientes para garantir o acesso das famílias e de seus filhos com deficiência quanto ao uso de bens e direitos sociais destinados a todos na sociedade. Essas concepções sobre deficiência resultaram de acontecimentos históricos, políticos, sociais e econômicos que predominaram em cada período da humanidade, e foram determinantes para identificarmos os lugares por onde transitaram e ainda transitam as pessoas com deficiência na sociedade. O SESC nacional já vem desenvolvendo ao longo dos anos alguns trabalhos pontuais de inclusão, mas ao se pensar em ter um centro cultural preocupado com a acessibilidade de forma ampla e abrangente no que tange a quebra de barreiras arquitetônicas e atitudinais, pretende-se, também, servir de exemplo para outros centros culturais, incentivando-os para a prática da inclusão. Os quase 25 milhões de brasileiros que possuem algum tipo de eficiência vêm sendo historicamente esquecidos quanto a inclusão social através da acessibilidade cultural, formar plateias, discutir a temática da inclusão à partir da execução de projetos e trabalhos voltados a temática é uma forma de reeducação. Dessa forma, trabalhar na sociedade a educação para fazer valer os direitos das pessoas com deficiência traz um ganho em vários aspectos, pois é no contexto social que as pessoas adquirem habilidades e se desenvolvem, e é através das relações sociais que os homens atribuem significados e aprendem o que é típico e normal. Também é importante considerar “ainda, e principalmente, as condições sociais como fontes geradoras de incapacidades, uma vez que é no próprio meio social que determinados indivíduos tornam-se reconhecidos como deficientes.” (SAETA, 2006, p. 67)*. Até os dias atuais, a pesada herança da exclusão ainda existe, a exemplo da Idade Média, que sob a influência da Igreja, predominava a crença de que a deficiência era um fenômeno metafísico e espiritual e, assim, a deficiência era, ao mesmo tempo, uma questão divina ou demoníaca. Essa concepção, de certa forma, influenciava a forma de tratamento dispensado às pessoas com deficiência, o que lhes colocavam, segundo Cardoso (2004, p. 16), numa “mesma categoria, a dos excluídos”, o que ocorre até hoje. Falando ainda sobre excluídos, aceitar que todos somos iguais do ponto de vista de direito e temos que ter nossas diferenças respeitadas, é fundamental para que se garanta igualdade de oportunidade na participação e acesso a bens e serviços. Apesar do seu constante processo de evolução, a sociedade não rompeu totalmente com sua história conceitual e preconceituosa, especialmente quanto à convivência e aceitação das diferenças ou das condições de deficiência das pessoas. Pessoas significativamente diferentes geram impacto no “olhar” do outro, provocando: “[...] sentimentos de comiseração (com diversas manifestações de piedade, caridade ou tolerância, seja porque o “diferente” é cego, surdo, deficiente mental, deficiente físico, autista, ou deficiente múltiplo...)” (CARVALHO, 2004, p, 40). Contrapondo a essas práticas, a Constituição Federal de 1998: [...] incorporou vários dispositivos referentes aos direitos da pessoa com deficiência, nos âmbitos da saúde, educação, trabalho e assistência. [...] Essas determinações estenderem-se para outros textos legais da União e para as legislações estaduais e municipais. (FERREIRA&FERREIRA, 2004, 1 p. 22). Ressalta-se também que ainda hoje entidades com pensamentos e ações segregativas e/ou assistencialistas ainda existem, é inegável também que a sociedade começa a reconhecer que a pessoa com deficiência é como um indivíduo com seus méritos próprios, potencialidades e aptidões que o fazem capaz de se profissionalizar e viver de forma igualitária ao que se dizem “normais.” Todavia, ao falar em “normais”, lembrei de constantes termos erroneamente utilizados nos meios de comunicação e amplamente utilizados pela sociedade no dia-a-dia. Esses termos que na maioria das vezes são utilizados sem nenhuma intenção de ofensa, acabam por gerar ainda mais desinformação, como nos caso das “pessoas especiais”. Para um melhor entendimento, ao colocarmos em questionamento que, se por um lado temos pessoas ditas “normais”, as do outro lado serão taxadas de “anormais” e ainda chamamos atenção que para todo ser humano, incondicionalmente, sempre existe alguém especial, independentemente de sua raça, com, crença, nacionalidade ou qualquer outra característica. Segundo Sassaki a integração está baseada em um modelo médico da deficiência, que por sua vez considera essa deficiência como um problema exclusivo da pessoa, o que acarreta na responsabilização do deficiente em se tratar e se reabilitar para se adequar à sociedade como ela é, sem alguma adaptação, logo existe uma negação ao respeito da diferença. Para além de toda essa discussão, faz-se necessário o entendimento do significado da palavra acessibilidade, que para Mazzoni (2001, p. 31) “a acessibilidade não deve ser caracterizada por um conjunto de normas e leis, e sim por um processo de observação e construção, feitos por todos os membros da sociedade.” Sassaki (2005, p. 5) separa a acessibilidade em outras seis dimensões: Acessibilidade ARQUITETÔNICA: sem barreiras ambientais físicas, nas residências, nos edifícios, nos espaços urbanos, nos 1 FERREIRA, Maria Cecília Carrareto; FERREIRA, Julio Romero. Sobre Inclusão, políticas Públicas e Práticas Pedagógicas. In: GOES, Maria Cecília Rafael de. et al. (Org.). Políticas e Práticas de Educação Inclusiva. Campinas: SP, Autores Associados, 2004. equipamentos urbanos, nos meios de transporte individual ou coletivo. Acessibilidade COMUNICACIONAL: sem barreiras na comunicação interpessoal (face-a-face, língua de sinais), escrita (jornal, revista, livro, carta, apostila entre outros, incluindo textos em braile, uso do computador portátil) e virtual (acessibilidade digital). Acessibilidade METODOLÓGICA: sem barreiras nos métodos e técnicas de estudo (escolar), de trabalho (profissional), de ação comunitária (social, cultural, artística etc.), de educação dos filhos (familiar). Acessibilidade INSTRUMENTAL: sem barreiras nos instrumentos, utensílios e ferramentas de estudo (escolar), de trabalho (profissional), de lazer e recreação (comunitária, turística, esportiva...). Acessibilidade PROGRAMÁTICA: sem barreiras invisíveis embutidas em políticas públicas (leis, decretos, portarias etc.), normas e regulamentos (institucionais, empresariais ...). Acessibilidade ATITUDINAL: sem preconceitos, estigmas, 2 estereótipos e discriminações, em relação às pessoas em geral. As instalações do Centro Cultural SESC Nova Iguaçu foram analisadas e avaliadas através de questionários e fizemos o diagnóstico de itens de acesso, analisando barreiras arquitetônicas e atitudinais. Vistoriamos sinalização e alguns aspectos dos itens necessários para a garantia do desenvolvimento do projeto de acessibilidade cultural, para que pudéssemos desenvolver este estudo de caso. Divido em cinco capítulos, este trabalho pauta inicialmente o importante papel do produtor cultural como agente transformador de espaços e equipamentos culturais e sua relevância para a acessibilidade cultural. No capítulo seguinte faz-se uma abordagem sobre a instituição SESC, para que o leitor conheça um pouco da história do SESC, no capítulo seguinte temos alguns destaques de ações que o SESC desenvolve com relação à cultura e acessibilidade. O último capítulo foi dedicado a unidade SESC Nova Iguaçu, que é o local do estudo de caso deste trabalho. E nesse capítulo que se encontra o diagnóstico e a proposta de acessibilidade cultural voltada para essa unidade do SESC Vale ressaltar que, a ideia é apresentar essa proposta à gerência dessa unidade do SESC, da qual inclusive faço parte do quadro de funcionários, a fim de que estes possam analisar as possibilidades de se executar e por em prática este as ações elencadas nesse estudo. 2 SASSAKI, Romeu. Como Chamar os que têndeficiência? Disponível em: <http//WWW. Fraterbrasil.org.br/Artigo1.htm>. Acesso em: 10 de fev. 2014. 2. O PAPEL DO PRODUTOR/GESTOR CULTURAL Em qualquer lugar que exista cultura, existirá um produtor cultural, alguém que faça o papel de organizar, pensar, planejar e realizar projetos, metas e ações em torno da cultura. Pode ser a professora de Ballet que organiza a apresentação de final de ano ou o músico que gere sua própria carreira, um pároco que realiza a Paixão de Cristo em sua comunidade, como também, qualquer cidadão, já que cultura é, por si só, o conjunto de manifestações artísticas, sociais, linguísticas e comportamentais de um povo, civilização ou comunidade. Portanto, fazem parte da cultura de um povo toda e qualquer atividade e manifestação que a faça ser reconhecida entre suas iguais. Neste âmbito, instauramos como produtos culturais a música, o teatro, rituais religiosos, língua falada e escrita, mitos, hábitos alimentares, danças, arquitetura, invenções, pensamentos, formas de organização social, etc. De forma prática, o produtor cultural é aquele que faz a intermediação entre arte e cultura com o mercado. Este profissional, a partir de uma instrumentalização teórico-prática e de uma capacitação crítica, passa a ter como atividades o planejamento e a gestão cultural, estabelecendo metas e estratégias para o fomento e a promoção da cultura. Criar, planejar, organizar e divulgar projetos e produtos artístico-culturais, lidando com todas as etapas implicadas nesse processo. Deve, portanto, ser papel do gestor/produtor cultural garantir a democratização dos bens culturais e seus desdobramentos desde que a pessoa, seja quem for, tenha interesse. Dessa forma, dar acesso de forma universal, sobretudo num movimento mercadológico que vivemos no Brasil, que é amplamente apoiado e estimulado por programas governamentais de renúncia fiscal é função primordial deste gestor cultural. Portanto, minha ação dentro deste trabalho é completamente técnica, a fim de me colocar amplamente consciente, responsável e comprometido com a acessibilidade cultural, deixando claro que meu posicionamento é meramente profissional, tendo como base leis, normas técnicas e tecnologias disponíveis no mercado para facilitar, democratizar, respeitar e incluir pessoas com deficiências em ambientes, bens e produtos culturais para que cada brasileiro possa gozar de seu direito de utilização destes bens de forma independente. 3. O SESC, A ACESSIBILIDADE E A CULTURA Neste primeiro capítulo apresentaremos o histórico e aspectos gerais do SESC. Mostraremos desde a sua história de fundação até alguns produtos e serviços de atendimentos por ele realizados e suas principais características, elencando também a acessibilidade e a cultura através de um link sobre ações e estratégias desenvolvidas pelo SESC pata contemplar a acessibilidade cultural.. 3.1. A história do SESC O Sesc nasceu em um período de transição. Após a vitória dos aliados na 2ª Guerra Mundial e a queda do Estado Novo de Getúlio Vargas, em 1945, os empresários brasileiros participam da democratização do país. Desenvolvia-se a industrialização e a urbanização, multiplicavam-se os movimentos sindicais pela garantia dos direitos trabalhistas. A nova constituição conferia o direito de voto a todos os brasileiros e brasileiras maiores de 18 anos. Um ano após o surgimento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o então presidente da República Eurico Gaspar Dutra decretou a criação do Sesc e do Senac – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial. A criação do Sesc é descrita pela primeira vez na Carta da Paz Social, como proposta para conter as tensões entre trabalhadores e empregadores. O documento foi produzido por empresários como o gaúcho João Daudt d'Oliveira primeiro presidente do Conselho Nacional do Comércio. Em 03 de Outubro de 1946, o primeiro SESC surgiu, no Rio de Janeiro no bairro Engenho de Dentro. Assistência à maternidade, infância e combate à tuberculose foram as principais áreas de atendimento para diminuir os índices de mortalidade. Atualmente o Sesc possui mais de 500 unidades fixas e móveis e a sua atuação ampliou-se com a demanda da sociedade. Entre 1947 e 1949, o Sesc instalou suas primeiras unidades executivas em diversos estados brasileiros, que ao longo dos anos se transformam em Departamentos Regionais. Entre eles: Alagoas, Amazonas, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraná. Em Minas Gerais, um hospital com 600 leitos é foi para o tratamento da tuberculose. O Sesc inaugura suas primeiras colônias de férias nas unidade de Bertioga, litoral paulista, e Garanhuns, em Pernambuco. Nos anos 50 a história do Brasil foi agitada. Getúlio Vargas voltou ao poder em 1951. Sua gestão nacionalista culminou com a fundação de empresas estatais. A crise político econômica ampliou-se e as elites voltaram-se contra Getúlio, que acabou cometendo suicídio em agosto de 1954. As eleições do ano seguinte levaram Juscelino Kubitscheck a presidência, iniciando um novo momento na história do país. O cenário político e social da década fez com que o Sesc ampliasse sua atuação. Têm início as primeiras atividades culturais e a modernização do serviço social. Com infraestrutura baseada na educação, cultura, recreação e saúde, são abertos os primeiros centros de atividade do Sesc. Em 1951, a Convenção Nacional dos Técnicos do Sesc, reunida em Bertioga, São Paulo, recomenda que a educação e a recreação fossem atividades prioritárias para os anos seguintes. 1952 — 1957 As Convenções Nacionais de Técnicos passaram a ser fundamentais para avaliar a ação do Sesc e planejar novos rumos, era o período de modernização e ampliação. Nesta década foi construída uma rede de Centros de Atividades destinadas a educação, cultura, lazer e assistência. Foram também criados restaurantes, bibliotecas fixas e móveis (uma novidade na época). Preocupado com a qualificação de seus técnicos, o Sesc deu início a um plano de desenvolvimento, estruturando centros de treinamento e cursos, instituindo bolsas de estudo para seus funcionários. Anos 60, construção da capital federal pelo então presidente da república Juscelino Kubitscheck e da impulsão da economia e industrialização brasileira. Novas tendências de moda e comportamento para a juventude e reformas socioeconômicas no Brasil e no mundo. Brasília é construída e os militares tomaram o poder sob a liderança do general Castelo Branco. Popularizou-se as Unimos, Unidades Móveis de Orientação Social, que aturaram em áreas onde ainda não existiam unidades fixas ou espaços apropriados. Através delas se moldou uma forte tecnologia de trabalho social. As Unimos percorriam cidades e instalavam-se próximos a escolas, clubes e praças, realizando cursos, espetáculos e práticas esportivas. 3.1.1. Aspectos gerais do SESC O SESC é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, que gere recursos públicos oriundos de contribuições parafiscais de interesse da categoria Econômica. É mantido pelos empresários do comércio de bens e serviços, o Serviço Social do Comércio - SESC – e tem como objetivo proporcionar o bem-estar e qualidade de vida do comerciário, sua família e da sociedade. Localizado em todos os estados brasileiros, o SESC incentiva a educação de qualidade como diretriz primordial no desenvolvimento do cidadão. Valoriza a diversidade cultural local e promove atividades em prol da melhoria das condições de vida no dia a dia dos trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo. Educação, Saúde, Cultura e Lazer são as áreas de atuação do Sesc que chamamos de Programas. Dentro desses quatro Programas existem diversos projetos e ações, desenvolvidos pelo Departamento Nacional, executados pelos Departamentos Regionais e suas unidades, de acordo com a realidade local de cada um. Com ações abrangentes a todas as faixas etárias e infraestrutura que contempla suas áreas de atuação, o SESC tem como principal marca a responsabilidade social. Oferecendo programas de saúde e educação ambiental, turismo social, programas especiais para crianças e terceira idade, projetos de combate à fome e ao desperdício de alimentos, inclusão digital e muitos outros. 3.1.2. Como o SESC atua Nas atividades oferecidas pelo SESC ao público, o aprendizado é permanente. As pessoas aprendem a cuidar da própria saúde, a descobrir preferências culturais, a crescer individualmente através do lazer e a percorrer novos caminhos de conhecimento. E o que se aprende, se repassa. Cada cliente torna-se um multiplicador, ao adquirir confiança e habilidades necessárias para transmitir os novos aprendizados em comunidade. As ações do SESC propagam princípios, humanísticos e universais, promovendo melhor condição de vida para os comerciários e seus familiares em todo o Brasil, e oferece serviços que fortalecem o exercício da cidadania e contribuem com o desenvolvimento socioeconômico e cultural. As atividades do SESC seguem modelos de ação construídos por especialistas em diversas áreas do conhecimento, garantindo que a atuação seja adequada às necessidades da sociedade. São mais de 19 mil funcionários, em todas as regiões brasileiras, produzindo e recebendo informação para a melhoria dos serviços. O SESC também faz parcerias com outras instituições públicas e privadas. Os Ministérios da Educação, da Cultura, do Desenvolvimento Social, da Justiça, do Esporte e do Turismo são parceiros em ações como os programas Alimentos Seguros, Segundo Tempo e Mesa Brasil Sesc. Em âmbito Estadual e Municipal, os projetos SESC Ler e OdontoSESC estabelecem projetos de cooperação que permitem uma atuação mais precisa de acordo com a realidade da região. 3.1.3. Conhecimento Compartilhado Para debater junto à sociedade temas de interesse geral, a entidade promove a Rede SESC-SENAC de Teleconferência e o programa de rádio Sintonia SESC-SENAC, para todas as regiões brasileiras. As conferências são disponibilizadas em DVD e os programas do Sintonia transmitidos em centenas de emissoras comunitárias. Aos professores do SESC e da rede pública e privada de ensino, atenção especial, com o projeto Formação Contínua de Educadores. Em telessalas nos Centros de Atividades do SESC e nos Centros Educacionais do SESC Ler acontecem cursos, seminários, palestras e atividades em grupo. Recursos tecnológicos como internet, vídeo e áudio são aplicados ao aperfeiçoamento. 3.1.4. Abrangência Para alcançar cerca de 2,2 mil municípios em todas as regiões, o SESC unidades de atendimento fixas ou móveis, nas capitais, periferias ou em cidades pequenas. São centenas de centros de atividades, unidades móveis, meios de hospedagem, sedes educacionais e consultórios, com singularidades: o SESC oferece, por exemplo, as maiores redes privadas de teatros e de bibliotecas do país. Complementares às unidades fixas, as unidades móveis são essenciais nos serviços prestados pelo SESC. Sobre rodas, em caminhões e carretas, a entidade leva atendimento social a lugares onde a ação pública precisa de reforços. 3.1.5. Acolhimento O SESC também se adapta a espaços públicos ou atua no interior de outras instituições, públicas ou privadas, em parceria com a sociedade. A articulação, somada às unidades fixas e móveis, é a base do grande alcance do SESC. No próximo capitulo serão elencados os serviços e linguagens de cultura trabalhados pelas unidades do SESC, com uma breve descrição do estes serviços oferecem ao público. 3.2. Falando sobre inclusão, Acessibilidade Cultural e o SESC Sempre buscando integração da sociedade, o SESC desenvolve inúmeras atividades com relação à inclusão social da pessoa com deficiência. Através da realização da “Semana da Inclusão: um projeto imperdível”, ocorrido em 2012, a regional SESC promoveu um evento onde a pauta era a inclusão das pessoas com deficiência. Através da promoção de debates sobre o assunto e, mais que isso, proporcionando uma semana de oficinas, palestras, apresentações de dança em cadeiras de rodas e demonstrações esportivas, como forma de demonstrar o desenvolvimento das pessoas com deficiência nas áreas do esporte e cultura. A semana de Inclusão ocorreu em várias unidades. Na programação especial, totalmente gratuita, várias atividades foram levadas às unidade de Niterói, São Gonçalo, São João de Meriti, Nova Iguaçu, Campos, Madureira, Friburgo, Teresópolis, Engenho de Dentro, Ramos, Copacabana e Santa Luzia. O Sesc Madureira ofereceu a maior parte da programação cultural, que teve em seu programa a apresentação do projeto Dança Sobre Rodas, da Cia de Dança Paula Nóbrega. Na unidade São João de Meriti, ocorreram diversas atividades, de oficinas a torneio de Tênis de Mesa Paraolímpico. Em Campos, a abertura foi realizada pelo grupo de circo da APOE (Associação de Apoio e Orientação), que fez uma apresentação seguida de bate-papo sobre o mercado de trabalho para as pessoas com deficiência. Em Niterói aconteceram apresentações de dança de salão com cadeirantes do grupo de dança Holos. No SESC Santa Luzia, o público foi convidado a participar da oficina de expressão corporal e de diversos jogos. Na Unidade Engenho de Dentro, oficinas de basquete, vôlei adaptado, apresentação de dança e oficina de consciência corporal deram continuidade a semana inclusiva. Já no SESC São Gonçalo, as atividades foram apresentações de dança, basquete, vôlei e rugby adaptados. Em Ramos o judô foi a atividade escolhida. Copacabana teve palestras sobre mitos e verdades do esporte adaptado. Nas unidades da Serra, o clima esquentou com oficinas de capoeira, jogos cooperativos, além de brinquedos infláveis e oficinas de reaproveitamento de materiais. Faz-se necessário no entanto, uma abordagem sobre que tipo de dispositivos legais, equipamentos, materiais e estratégias de acessibilidade poderão ser utilizadas nessa unidade de maneira a trabalhar todas as barreiras, incluindo as comunicacionais. Como diferencial, destacamos aqui o importante trabalho do SESC Sorocaba, em São Paulo, que vem sendo desenvolvido com livros que podem ser ouvidos com a ajuda da tecnologia. O ato de transformar as palavras impressas em som ocorre com o auxílio de um equipamento desenvolvido às pessoas com deficiência visual. O aparelho está instalado na biblioteca do unidade e também é capaz de converter o texto digitalizado para o sistema Braille. Qualquer obra pode ser digitalizada, basta apenas o visitante da biblioteca escolher uma obra na prateleira e solicitar a digitalização do conteúdo. A pessoa não precisa ser matriculada no sistema do Sesc. O scanner Sara é um dos mais modernos de atualidade no segmento de acessibilidade aos deficientes visuais. O objetivo do aparelho é permitir a leitura de livros, revistas e jornais por pessoas com baixa visão ou ausência total dela. A aparelhagem permite a leitura dos livros e periódicos de forma autônoma. O scanner é conectado a outro equipamento, que converte o texto digitalizado para o sistema braile e pode ser utilizado também com o pen-drive e CD. A pessoa tem a opção de gravar o texto selecionado e, caso não seja alfabetizada em braile, existe a opção de ouvir o conteúdo da obra. O aparelho usa a mais recente tecnologia para o reconhecimento e leitura de caracteres de uma maneira clara. Uma voz quase humana sintetizada, com 36 opções com timbres masculinos e femininos, não chega a desapontar os ouvidos mais exigentes. Um dos problemas do scanner é a falta de leitura de letras cursivas. Caso haja uma assinatura escrita a mão em uma carta digitada no computador, o aparelho compreenderá a carta mas não a assinatura. Segundo profissionais de informática, o aparelho tem outro problema, caso seja digitalizada uma página dividida em colunas, como a folha de um jornal, o software não entenderá essa divisão e fará a leitura por voz de todas as linhas horizontais, dessa forma, o texto fica incompreensível. Mesmo assim, profissionais da área garantem que o Sara é o melhor da atualidade. A biblioteca do Sesc Sorocaba também disponibiliza um ampliador de caracteres. O aparelho aumenta a imagem do documento colocado na bandeja e a exibe em uma tela de LCD. O equipamento é destinado às pessoas com baixa visão. Além disso, o aparelho possibilita a mudança de contraste, cores de fundo e letra e, ainda, insere margens e guias para orientar a leitura. Mesmo com o destaque a tal atuação da unidade de Sorocaba, este estudo foi direcionado somente ao Centro Cultural desta unidade do SESC, e está dividido em três partes, onde na primeira destaca-se o histórico de criação do SESC nacional, principais características e aspectos dos atendimentos. No segundo capítulo, uma breve explanação sobre a Unidade de Nova Iguaçu e em seguida o estudo de caso, que é a acessibilidade cultural do Centro Cultural do SESC Nova Iguaçu, com o desenvolvimento do diagnóstico da acessibilidade do local e a proposta de a acessibilidade cultural a ser realizada. O Diretor Regional SESC|SP Danilo Miranda, por advento da participação no I Encontro Nacional de Acessibilidade Cultural e III Seminário Nacional de Acessibilidade em Ambientes Culturais * fez um breve relato sobre a importância da inclusão das pessoas com deficiência: “Participo do encontro com o intuito de dar umas ideias e partilhar do conhecimento sobre acessibilidade. Parto da ideia da conquista da humanidade e que ainda há muito a conquistar e um vasto caminho a percorrer. Quando se fala para uma clientela do ponto de vista da inclusão, certamente, o caminho é mais complexo e detalhado a se atingir. Quem lida com cultura tem que ter a questão da igualdade muito bem definida. Cultura, no sentido mais profundo do que ela está colocada sob o conceito, principalmente, de caráter público. Portanto, eu tenho que levar em conta esta questão da acessibilidade para todos. Quanto a Arquitetura, se levarmos em conta a história da arquitetura, só agora ela fala de acessibilidade; pouco se fez para a questão do acolhimento integral. Esta é uma questão central. Ainda que há anos se trabalhe com isso nas 33 unidades do SESC, nem tudo são mil maravilhas, com relação à arquitetura, equipamentos e questões legais. A Lei não define atitude, no entanto, isso faz parte do processo. A solução deve ser amigável, tranquila e resolvida e isso pode ser mais eficiente que muita rampa, para a solução ser menos truculenta 3 possível e não sobrepujar o problema em si.” . Ainda falando sobre Acessibilidade Cultural no SESC, o Diretor do SESC São Paulo destaca entre os seguintes serviços oferecidos pela instituição como práticas de inclusão: tradução para libras de todos os seminários; acessibilidade ao esporte e atividade física, exposições de arte adaptadas, manual prático de atendimento (pensando nos cuidadores), atividades paraolimpíadas, um programa cultural acessível: festival de cinema com audiodescrição, seminário cultural comunicação e exclusão, cursos especializados. Tudo isso visando e ativar políticas culturais, porém afirma que a experiência do SESC é mais prática do que teórica. “Teorizamos nossa prática, e não esperamos termos uma teoria para colocar em prática”. 3 Danilo Miranda, Presidente da Regional Sesc São Paulo, Primeiro Encontro Nacional de Acessibilidade Cultural (I ENAC) e Terceiro Seminário Nacional de Acessibilidade em Ambientes Culturais (III SENAAC), realizado na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 16 e 18 de abril de 2013. 4. O SESC E A CULTURA O SESC está em todo país para democratizar o acesso dos cidadãos ao cinema, teatro, concertos, museus e bibliotecas. Por isso, entrelaça entretenimento e diversão com educação para promover cultura de qualidade e ajudar na formação lúdica de milhões de brasileiros. Grande parte das atrações culturais do Sesc são gratuitas e chegam em locais que geralmente não recebem circuitos comerciais. O Sesc leva o cinema às praças e o teatro para as ruas. Promove shows e exposições, festivais e saraus sobre temas populares referentes às nossas múltiplas culturas, realidades e sociedades. Além disso, ensina a fazer Cultura por meio de cursos, oficinas e palestras que se multiplicam nas unidades. 4.1. Áreas de Atuação Na Cultura A seguir, um breve relato dos serviços oferecidos pelo SESC nos seus centros culturais. a) Artes Plásticas O SESC leva exposições de arte a todas as regiões brasileiras por intermédio do projeto ArteSESC. Desde sua criação em 1981, mais de 30 mostras já passaram pelas galerias de arte das unidades do SESC. Além das exposições, o ArteSESC promove ainda oficinas e visitas guiadas elaboradas especialmente para crianças, jovens e grupos escolares. b) Biblioteca São nas Bibliotecas do SESC que leitores, pesquisadores e estudantes encontram as mais diferentes formas de conhecimento. Com sua rede distribuída em todos os estados, o SESC leva ainda sua Biblioteca volante – o BiblioSesc - a inúmeras cidades do interior. Essas unidades não só mantêm acervo atualizado, como também promovem diferentes atividades que incentivam a prática e o gosto pela leitura. c) Cinema O Cinema no SESC acontece por intermédio das inúmeras exibições, oficinas, festivais e mostras sobre as mais diferentes linguagens audiovisuais. O projeto CineSesc é o principal difusor da sétima arte nas unidades. Em seu acervo é possível encontrar filmes nacionais e internacionais, grandes obras da história do cinema, curtas metragens e até mesmo filmes infantis. Seu objetivo é levar o cinema a todos os cantos do Brasil, para todos os públicos. d) Literatura Além dar acesso à literatura nacional e estrangeira por intermédio das Bibliotecas, o Sesc promove ainda diversas atividades para estimular a confecção de novas obras e revelar novos talentos. Para isso, criou o Prêmio Sesc de Literatura, que anualmente premia obras inéditas de dois escritores nas categorias Conto e Romance. Amplia ainda conhecimentos sobre diferentes temas e inovações da área por intermédio da revista Palavra. A publicação conta com artigos de pesquisadores, panoramas e entrevistas com grandes nomes da nossa literatura. e) Música O Sesc vê na música as diversidades culturais brasileiras. Promove shows, concertos, concursos de canções, aulas de músicas, seminários, entre muitos outros eventos para levar ao público diferentes ritmos e instrumentos que traduzem um universo rico e genuíno. A entidade se mobiliza para promover a música como formação educacional e resgata a memória de diversas regiões do país por intermédio de projetos como o Sonora Brasil, SESC Partituras e o Pauta Contemporânea. f) Teatro Nos palcos, nas ruas, nos teatros de arenas e tablados: o SESC leva o teatro para onde o público estiver. Por isso, promove apresentações de grandes e pequenos grupos, trupes que encontram no teatro inúmeros significados para arte. É por intermédio do projeto Palco Giratório que milhares de brasileiros assistem peças gratuitamente e ainda participam de oficinas de formação, como: cenografia, atuação, iluminação, direção, entre outros. 5. SESC NOVA IGUAÇU – ESTUDO DE CASO Fonte: Foto Autoral Figura 01: Foto da Maquete do SESC Nova Iguaçu; Este terceiro e último capítulo foi totalmente direcionado ao nosso estudo de caso (que é o SESC unidade Nova Iguaçu pertencente a regional Rio de Janeiro). Inaugurado em 13 de setembro de 1993, o SESC Nova Iguaçu ocupa uma área de 46.000 m², sendo aproximadamente 15.000 m² de área construída, localizada no bairro de Moquetá com acesso, também, pela Rodovia Presidente Dutra, na altura do Km 14,5. A unidade possui um amplo complexo esportivo, com 4 quadras poliesportivas cobertas, sala de jogos, sala de ginástica, 2 campos de grama sintética, biblioteca, internet livre, lanchonete, 3 churrasqueiras, centro cultural com teatro, sala de exposição, e 2 salas multiuso. Além de Parque Aquático composto por piscinas para crianças e adultos. Embora localizado em Nova Iguaçu, a unidade tem como área de atuação outros sete municípios – Paracambi, Itaguaí, Seropédica, Queimados, Japeri, Mesquita, Nilópolis e Belford Roxo - do conjunto total que, por sua situação geográfica, foram nomeados como Baixada Fluminense. No entanto, o surgimento de novos municípios, novos empreendimentos que dinamizaram a economia da região, provocou uma urbanização intensa, porém com concentração de serviços e equipamentos em certas regiões, guardando equivalência com a distribuição desigual dos níveis de renda e escolaridade da população. Dentro desse contexto, situamos o relevante papel do SESC na contribuição para melhoria da qualidade de vida da região que, embora apresente artistas e produtores de cultura, sofre com a falta de veiculação da produção local, além da falta de acesso aos bens culturais que circulam com desenvoltura nos grandes centros urbanos do Estado. Entre os serviços oferecidos pelo SESC NI, serão destacados aqui somente os relacionados ao Centro Cultural, objeto de estudo de caso deste trabalho. 5.1. O Centro Cultural SESC Nova Iguaçu A partir deste item teremos a descrição de alguns locais da Unidade SESC Nova Iguaçu, em determinados locais pontuamos alguns aspectos e barreiras arquitetônica, no entanto informo que mais adiante em outro capítulo específico teremos o diagnóstico da unidade, concomitantemente com a proposta de adequação dos locais vistoriados, para um melhor entendimento. Os itens aqui listados são somente para chamar atenção dos leitores para uma melhor ilustração. Fonte: Foto autoral Figura 02: Foto montagem da Entrada do Centro Cultural e placa de identificação; Para oferecer serviços de acordo com a realidade e necessidade de cada região do Brasil, o SESC possui unidades em todos os estados. Com atividades permanentes os espaços físicos buscam oferecer facilidade de acesso e atendimento de qualidade. O SESC oferece diferentes atividades para públicos diversos e por isso projeta ambientes funcionais e confortáveis de acordo com a necessidade. Equipado com galeria de artes, teatro, auditórios, salões de dança, biblioteca e arenas externas, o Centro Cultural do SESC Nova Iguaçu (assim como a exemplo das demais unidades) disponibiliza aos seus associados, atividades relacionadas a cinema, literatura, artes visuais, música, teatro, dança, oficinas de artes e debates relacionados aos temas trabalhados de acordo com o calendário definido através do planejamento anual. Antes do diagnóstico baseado nas fichas de avaliação, teremos uma breve descrição desses espaços pertencentes ao Centro cultural para melhor contextualização dos produtos e serviços oferecidos. Fonte: Foto autoral Figura 03 – Foto com montagem de três ângulos da fachada da entrada principal SESC NI; a) Acesso principal – A entrada principal (figura 03), é a entrada mais utilizadas pelos usuários e também é a que dá acesso direto ao setor de atendimento. Nele ficam disponíveis informativos sobre programação entre outros. A foto ilustra algumas barreiras arquitetônicas, como escadaria e falta de sinalização adequada, mas observa-se também que existe possibilidade de adequação do espaço com reparos de alguns desses itens. Fonte: Foto autoral Figura 04: Foto montagem com a Bilheteria/balcão de atendimento e detalhes entrada principal b) Balcão de atendimento ao público (bilheteria) – Aqui, os associados são atendidos e realizam alguns pagamentos de taxas e serviços. Em dias de shows e eventos pagos, é nesse local que são vendidos ingressos, servindo de bilheteria (figura 04). Observa-se que um portão permite o acesso de cadeirantes e pessoas com baixa mobilidade a esse local. Porém, a altura e o estilo/desing do balcão dificulta o atendimento. Uma porta lateral, com uma pequena rampa dá acesso à Central de Atendimentos, mas três pequenos degraus ao final do corredor impedem que esse acesso seja totalmente realizado por esse local. Fonte: Foto autoral Figura 05: Foto montagem da Central de atendimentos e do telão de chamada de senhas Obs.: Na central de atendimento, local onde os frequentadores recebem informações, realizam matrículas em atividades, tiram dúvidas, solicitam sua inclusão como sócio e tem acesso a todas as atividades não só do Sesc Nova Iguaçu, mas de toda a rede Sesc Rio (figura 05), o balcão segue o desenho universal e o painel de chamada de senhas é grande e com fonte ampliada e em contraste de cores. Outro dado importante é que este painel reproduz o som da senha indicando numero e local de atendimento. Fonte: Foto autoral Figura 06: Foto montagem da Entrada alternativa – Via. Dutra – Calçamento e Distância como barreiras c) Fachada de acesso pela Via Dutra (acesso alternativo) – Essa entrada (figura 06) alternativa favorece aos usuários uma facilidade com relação a comodidade quando seu deslocamento é feito pela Via Dutra. Além disso, um pequeno estacionamento também proporciona uma certa comodidade. No entanto, alguns problemas relacionado ao estacionamento sem calçamento, pequenos degraus próximo à rampa e a distância entre essa entrada e a Central de Atendimento fazem com que essa alternativa dificulte ainda mais a utilização por pessoas com baixa mobilidade. Uma observação importante a fazer é que este estacionamento não pertence ao SESC. d) Administração (prédio principal) – É o local de atendimento utilizado pelos técnicos da unidade. Nele, associados, funcionários, fornecedores, prestadores de serviços resolvem situações administrativas e burocráticas. O acesso a esse prédio (figura 07) é feito através de três grandes degraus na porta de entrada, degraus esses que impossibilitam a entrada de cadeirantes. Fonte: Foto autoral Figura 07: foto montagem do acesso ao prédio da administração O local do atendimento é amplo e de boa circulação, apesar disso, esse local de atendimento é ande os técnicos são lotados, ou seja, no piso superior, que tem acesso feito somente por dois grandes lances de escada (figura 08). Fonte: Foto autoral Foto 08: Foto montagem do acesso ao prédio e ao setor de administração. Ainda na administração, no hall de entrada, uma maquete completa da estrutura física da Unidade SESC – NI está em exposição constante, através dela pode-se ter uma noção do tamanho da unidade, porém, a mesma não pode ser tocada pelo público, já que foi confeccionada de forma a ser utilizada apenas de forma visual, tendo, ainda, uma cúpula de acrílico que a protege. Fonte: Foto autoral Figura 09: Foto montagem da Maquete da Unidade SESC NI e) Área livre - acesso ao Centro Cultural: Trata-se de uma área de vivência comum, parte descoberta e arborizada. Nessa área diversas atividades culturais são realizadas. Por aqui existe um grande fluxo de pessoas permitindo assim que mais um local de socialização disponibilizado aos associados. Além de grandes pátios e jardins, o espaço possui um anfiteatro (figura 09). Fonte: Foto autoral Figura10: Foto montagem da Área de vivência e anfiteatro 5.2. Equipamentos Culturais do Centro Cultural Aqui estão reunidos os quatro mais importantes equipamentos culturais desde objeto de estudo. Nesse local, além das inúmeras atividades culturais (figura 11), o SESC também disponibiliza uma lanchonete e banheiros. Com portas largas e de vidro, o acesso é amplo e feito sem barreiras arquitetônicas. No seu interior, além das estruturas já mencionadas, encontram-se o Foyer, A Galeria de artes, o Teatro, as Salas de Multiuso e a Biblioteca. Com instalações modernas e bem cuidadas, o espaço é bem convidativo. Fonte: Foto autoral Figura 11: Entrada do Centro Cultural I - Foyer Trata-se de uma outra área de vivência dos frequentadores (figura12), que inevitavelmente passam por este local para poderem ter acesso aos equipamentos culturais do centro cultural, Nesse importante espaço várias intervenções artísticas são realizadas, tornando-o um atrativo a mais para quem vai em busca desse equipamento cultural. Fonte: Foto autoral Figura 12: Foto montagem do Foyer, lanchonete e acesso a galeria e sala multiuso. II - Biblioteca Com um acervo bem diversificado, repleto de autores e títulos dos mais diversos lugares e com temas variados, a Biblioteca (figura 13) é parte integrante do Centro Cultural. Em um ambiente arejado, bem iluminado e climatizado, além de confortável, os usuários podem ficar acomodados de maneira prazerosa para desfrutarem de excelentes leituras. A porta de entrada ampla e bem visível, a biblioteca é toda plana e sem obstáculos para o acesso, a iluminação natural auxilia no clima de aconchego e há bastante espaço para circulação de cadeirantes. No entanto, seu balcão de atendimento e as estantes de livros não possuem altura adequada para atendimento de pessoas com baixa estatura ou cadeirantes. Apesar de possuir um grande acervo de títulos, ainda não disponibilizam audiobook ou livros com impressão em fonte ampliada ou em Braiile. Fonte: Foto autoral Figura 13: Foto montagem da Biblioteca SESC III - Galeria de exposições Assim como o Teatro, a galeria possui uma grande procura pelos visitantes. Em um ambiente climatizado, com iluminação direcionada e aconchegante, a galeria vem conquistando cada vez mais os frequentadores do Centro Cultural. Sua entrada livre de obstáculos, com um salão amplo e totalmente plano e mais duas estruturas que funcionam como mini-salas, a galeria possui acessibilidade para cadeirantes e pessoas com baixa mobilidade. no salão com acessos livres. Ressalta-se somente que ainda não possui púpitos, materiais e equipamentos de tecnologia assistiva voltados ao material expositivo afim de colocar nas exposições as peças disponíveis para pessoas com deficiência. Fonte: Foto autoral Figura 14: Foto montagem do acesso, salão de exposição e mini-sala da Galeria de Artes. IV - Salas multiuso Como o próprio nome diz, essas salas são utilizadas para as mais diversas ações culturais. As salas multiuso (figura 15) do centro cultural possuem ampla área de circulação. Bem iluminada, climatizadas e planas, o seu maior problema está no acesso, pois as salas estão localizadas no andar superior do centro cultural, e esse acesso é feito através de duas escadas laterais. Fonte: Foto autoral. Figura 15: foto montagem do acesso e sala multiuso Entre essas salas encontram-se saídas do teatro (este por sua vez, também possui escadas em seu interior). O prédio possui um fosso para elevador (figura 15). Fonte: Foto autoral Figura 16: (fosso do elevador – andar térreo e superior) V - Teatro Com capacidade para quase 500 pessoas, o teatro é mais um dos cinco equipamentos existente no Centro Cultural. Seu acesso é facilitado, porém este é sem dúvida, um dos locais que deverá sofrer mais adaptações, no caso do projeto de estudo de caso ser executado, devido a alguns importantes aspectos. Destacaremos esses aspectos a seguir, para uma melhor compreensão, faremos separando item a item: Fonte: Foto autoral Figura 17: Foto montagem do acesso a plateia do teatro a) acesso: acesso bilateral, livre de barreiras arquitetônicas, com portas largas e pequenas inclinações de acesso à plateia. Fonte: Foto autoral Figura 18: Foto montagem da plateia b) Plateia: Com poltronas confortáveis e bem posicionadas (figura 18), de quase todos os ângulos a plateia oferece uma excelente visão do palco. Seu acesso completamente livre para a parte posterior às fileiras do meio, sem obstáculo para cadeira de rodas, porém não possui assentos preferenciais e/ou poltronas removíveis. Além disso, não possui acesso para as outras fileiras de acento. Algo que chamou-nos a atenção foram duas fileiras de cadeiras laterais (fileira O), pois esta não possui boa visibilidade para o palco. c) Palco: posicionado abaixo do nível das poltronas da plateia, o palco é amplo, e proporciona aos ocupantes das últimas fileiras uma visibilidade tão boa quanto a das primeiras filas. Com coxia grande, fosso e suspiro para varas de cenários, o palco é acolhedor também para os artistas. Possui acesso livre apenas pela coxia, mas o acesso pela plateia só pode ser feito por degraus. Seu acesso por fora é um tanto dificultado, pois apesar da porta abrir completamente dando um vão grande para entrada e saída de materiais e equipamentos, dois degraus atrapalham o acesso até a porta. Fonte: Foto autoral Figura 19: Foto montagem de vista frontal do palco e acesso pelas cochias d) Camarins: Sem sombra de dúvidas, esse é um dos pontos mais críticos do local, porém até de resolução fácil. Bem equipados, iluminados, climatizados e aconchegantes, os camarins tem o acesso muito difícil, pois a sua localização fica no andar superior e seu acesso é feito por gigantescas escadas, além disso, completando a tríade da falta de acessibilidade encontramos camarins e banheiros com portas estreitas e nenhum item de acessibilidade. Vale ressaltar que no local existe um fosso para colocação de elevadores. Fonte: Foto autoral Figura 19: foto montagem do acesso aos camarins do teatro e camarim 87 5.3. Diagnóstico de Acessibilidade do Centro Cultural SESC Nova Iguaçu & Proposta de acessibilidade cultural A seguir faremos o diagnóstico de acessibilidade realizado à partir da visita ao local, bem como do registro fotográfico e preenchimento do questionário de avaliação de acessibilidade, que nos serviu como instrumento de orientação para esse estudo de caso. Para cada item verificado, daremos a sugestão para acessibilidade. Fonte: Foto autoral Figura 20: Foto montagem mostrando rampa de acesso no estacionamento, escadas e área sem utilização. A) ACESSIBILIDADE FÍSICA/ACESSO AO EDIFÍCIO DIAGNÓSTICO Entradas/acesso: possui uma escada de acesso na portaria principal.. Tem roletas para que seja catalogada a quantidade de pessoas que frequentam o local. Possui um pequeno portão de ferro para acesso alternativo ao das roletas. Existem vários obstáculos arquitetônicos que vão desde portões e grades até material utilizado no piso (escorregadio). Não possui estacionamento preferencial. A bilheteria da entrada funciona no mesmo local do balcão de atendimento, sendo que o balcão de atendimento não possui altura adequada para cadeirantes ou pessoas com baixa estatura. SUGESTÃO Entradas/acesso (entrada principal): colocação de rampas de acesso ou equipamento eletrônico (plataforma de elevação de cadeiras de rodas para escadas). Entradas/acesso (entrada principal): colocação de rampas de acesso. Reservar os estacionamentos da entrada principal para vagas de estacionamento preferencial sinalizada. Adequação da altura da bilheteria da entrada para atendimento de cadeirantes e pessoas com baixa estatura de acordo com o desenho universal. Colocação de pequenas rampas (podendo ser removíveis) em todos os pequenos existentes no percurso entre as entradas principais e o centro cultural (exceto nas escadas com mais de um degrau). B) CIRCULAÇÃO HORIZONTAL DIAGNÓSTICO Hall de entrada, área para recepção de público, corredores, loja, banheiros, portas, pisos, passagens todos planos, mas com acesso através de escadas. Não possui piso podotátil. O Piso acessível para cadeirantes por estar no mesmo nível, porém, não possui sinalização podotátil, segundo informações, devido ao prédio ser tombado. Salas multiuso: possui duas salas que servem para múltiplas atividades. Atualmente, uma delas serve como auditório, com piso em madeira. As cadeiras do local são móveis. Cada sala fica em um lado do Centro Cultural, com entradas independentes e acesso feito por escadas. A segunda sala atualmente serve de salão de dança. Ambas ficam no andar superior do Centro Cultural, e apesar de serem planas e bem amplas e de fácil locomoção devido ao piso e tamanho, o acesso é dificultado por falta de rampas ou elevadores (tendo somente o fosso para instalação do mesmo). Teatro: o piso é de carpete, com escadas para acesso aos assentos e palco, sem assentos preferenciais. Um diferencial é que o acesso a esse local é feito por rampa. Possuindo um nível plano e acessível, tendo duas entradas com portas largas e que servem também como saídas de emergência. Não existem lugares preferenciais para cadeirantes, as cadeiras são fixas. Não possui piso podotátil. Os banheiros do Centro Cultural não possuem portas largas e não são acessíveis. Loft: amplo, arejado e com terreno plano, o loft possui um piso sem obstáculos arquitetônicos. Seu acesso é feito por portas largas e o local possui iluminação direta e indireta. Não possui piso podotátil. Sala de exposição acessível para circulação. Não possui sinalização podotátil. A iluminação do espaço tem Intensidade e é direcionada SUGESTÃO Colocação de piso podotátil no percurso entre as entradas e o centro cultural, bem como nas calçadas do prédio, segundo desenho universal. Colocação de piso podotátil também nos banheiros, loft, salas multiuso e teatro. Adaptação para cadeirantes de pelo menos um banheiro masculino e um feminino, ou construção de um banheiro exclusivo para pessoas com deficiência, segundo desenho universal e com sinalizações adequadas.. Teatro: colocação de rampas de acesso ao palco pelo público. Reserva de assentos preferenciais, com colocação de poltronas móveis (sugestão de colocação no mesmo piso plano de acesso ao teatro – meio da plateia). Loft: colocação de piso podotátil.. Sala de exposição: adaptação de púpitos e peças das exposições a altura de cadeirantes e pessoas com baixa estatura. C) CIRCULAÇÃO VERTICAL DIAGNÓSTICO SUGESTÃO Não possui elevadores ou rampas de acesso em nenhum de seus prédios, exceto na entrada pela Via Dutra e uma rampa de acesso do estacionamento (de funcionários), porém sem vagas exclusivas para pessoas com deficiência. Cada prédio possui pelo menos um andar superior, com acesso feito somente através de escadas. No prédio do Centro Cultural existem dois fossos para serem instalados elevadores, sendo um para o público (para dar acesso às salas multiuso e parte superior da plateia do teatro) e outro para artistas e produção (para dar acesso aos camarins). Colocação de plataforma elevatória no Centro Cultural e na administração do prédio. Colocação de rampas de acesso, segundo desenho universal, no acesso a administração Fonte: Foto autoral Figura 21: Foto montagem das placas de sinalização, fixadas na parede e no teto. D) ACESSIBILIDADE SENSORIAL/ACESSO À INFORMAÇÃO E MEDIAÇÃO DIAGNÓSTICO Existem algumas placas de sinalizações impressas em contraste de cores, com fonte ampliadas, mas várias destas placas estão fixadas em locais de difícil acesso. As placas não possuem impressão em Braille. Não existe ainda nenhum tipo de tecnologia assistiva para pessoas com deficiência em nenhum dos prédios, exceto por um painel na sala de atendimento que informa a senha a ser atendida tanto no painel (com caracteres grandes) e áudio da senha. Não disponibilizam materiais impressos em fonte ampliada ou Braille; Não disponibilizam materiais impressos em fonte ampliada ou Braille; Não possuem funcionários intérprete de Libras ou Libras Tátil; Não existe um levantamento realizado sobre a quantidade de atendimentos realizados a pessoas com deficiência; Não possuem nenhum recurso multissensoriais ou reproduções bi ou tridimensionais; Não são realizados treinamentos e projetos de educação continuada voltadas aos funcionários para o atendimento de pessoas com deficiência. Não são realizados eventos com recursos de acessibilidade. entrada alternativa (Via Dutra) possui obstáculos arquitetônicos (catracas e SUGESTÃO Aquisição de tecnologia assistiva para informes e programações, bem como materiais institucionais para pessoas com deficiência. Impressão de materiais (incluindo programação) em fonte ampliada; Impressão de materiais (incluindo programação) em Braille; Contratação de funcionários intérprete de Libras; Contratação de funcionários técnicos em Braille; Aquisição de uma impressora Braille (que poderá servir não somente a comunidade, mas inclusive de apoio para as demais unidades na prestando serviços de impressão); Contratação de funcionários intérprete de Libras tátil; Fazer levantamento constante sobre a quantidade de atendimentos realizados a pessoas com deficiência; Aquisição de impressos bi e tridimensionais da unidade (prédio) e o centro cultural; Aquisição de acervo acessível para a biblioteca; A pequenos degraus). Possui estacionamento próximo, mas com terreno acidentado. Não possui um balcão de atendimento neste lado da entrada, o que dificulta o atendimento de pessoas com deficiência ou baixa mobilidade, que por sua vez, precisam ir até a outra entrada (entrada principal) para atendimentos e serviços. OBSERVAÇÃO IMPORTANTE Todo projeto de acessibilidade deverá estar sempre acompanhado de ações e campanhas educativas, com intuito de melhor atender à demanda do público, dos artistas e dos agentes culturais envolvidos nas articulações. Par tanto, faço a seguir um importante destaque de sugestão de ações de acessibilidade. G) - AÇÃO EDUCATIVA - Realização de ciclos de treinamentos voltados aos servidores para educação continuada com relação à etiqueta no atendimento de pessoas com deficiência (termos, conceitos relacionados às pessoas com deficiência, palavras em desuso e etc). - Instalação de totem interativo com ergonomia adaptada ao cadeirante e teclado em Braile (material já adquirido pelo museu, porém ainda não instalado). - Mesclar na programação serviços direcionados às pessoas com deficiência, disponibilizando recursos de acessibilidade. - Promover ações e projetos de incentivo a formação de plateia de pessoas com deficiência, disponibilizando recursos de acessibilidade. - Contratar artistas e grupos que tenham pessoas com deficiência ou que abordem a temática como forma de incentivo aos trabalhos desenvolvidos por estes grupos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em uma busca pela democratização, seguimos desde os tempos da abolição da escravatura lutando para diminuir ou erradicar as desigualdades deste país. Todos nós temos uma parcela de responsabilidade sobre esta busca. Neste campo o Sistema S tem uma importante iniciativa desde sua construção, o Sesc, em particular é base deste estudo, e já realiza algumas ações, como demonstrado, e venho para agregar mais esse conhecimento. O Sesc dentro das suas áreas de atuação busca sempre estar de acordo com a legislação do nosso país, bem como os Planos de metas que vem sendo articulados ao longo dos anos, como o Plano Nacional de Cultura lançado no ano de 2012. Demonstrando que órgãos privados que utilizam dinheiro público podem ser um grande agente para a socialização e diminuição das desigualdades. Ao longo desta pesquisa, vimos que o SESC em várias cidades do país abraça a arte inclusiva, e parte da necessidade de construção de um espaço coletivo diversificado, onde os atores sociais se percebessem como sujeitos únicos em suas peculiaridades, mas semelhantes nos seus direitos, autonomia, liberdade de expressão, baseado na solidariedade e no respeito às diferenças. No entanto, algumas unidades ainda não desenvolvem a inclusão por completo, como no caso de Nova Iguaçu. Contudo, esperamos que este estudo de caso possa colaborar, para além das ações do SESC, de maneira significativa o pensamento e a ação. Juntamente com a a participação da sociedade civil organizada, como forma de transformação social, como o próprio Ministério da Cultura já vem afazendo. Esperamos que os moradores da região da Baixada Fluminense que frequentam o SESC Nova Iguaçu tenha o SESC como referência na arte e inclusão. Pois defendemos aqui que incluir não é apenas possibilitar o acesso, é acolher as diferenças, suscitar debates, socializar experiências e garantir a permanência propiciando o exercício de construção da cidadania. REFERÊNCIAS CARDOSO, Marilene da Silva. Aspectos Históricos da Educação Especial: Da Exclusão à Inclusão - Um Longa Caminhada. STOBAUS, DieterClaus (et al). Educação especial em direção à educação inclusiva. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2004.; CARVALHO, Juliana Machado; SIMÕES, Luciano e PENIDO, Anna. Educación y tecnologias: conflitos y possibilidades. In: Revista Científica Iberoamericana de comunicación y Educación, Andaluzia, n. 22, p.63 – 70, 2004. PESSOTTI, Isaías. Deficiência mental: da superstição à ciência. São Paulo: T.A. Queiroz, 1984. SASSAKI, Romeu. Como Chamar os que têmdeficiência?Disponívelem: <http//WWW. Fraterbrasil.org.br/Artigo1.htm>. Acesso em: 05 ago. 2008 .