Lucelene Caldeira Antunes O Despertar da Capacidade Infinita na Educação Fundamental Projeto de pesquisa UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” COLÉGIO TÉCNICO INDUSTRIAL “ISAAC PORTAL ROLDÀN” SEICHO-NO-IE DO BRASIL SUPERINTENDÊNCIA DAS ATIVIDADES DOS EDUCADORES CICLO DE ESTUDOS DA EDUCAÇÃO DA VIDA REGIONAL SP-BAURU 2011 Lucelene Caldeira Antunes O Despertar da Capacidade Infinita na Educação Fundamental Projeto de pesquisa Projeto de Examinadora Pesquisa da apresentado SEICHO-NO-IE, à Banca composta especialmente para avaliação de trabalhos do CEEV- Regional SP – Bauru, sob a orientação da Profa. Dra. Alice Yoshiko Tanaka. UNESP SEICHO-NO-IE DO BRASIL Regional SP- Bauru 2011 AGRADECIMENTOS Agradeço ao apoio incondicional de minha família e a todas as pessoas que se dispõem a trabalhar em benefício da Educação, dentre elas, o pessoal da Superintendência das Atividades dos Educadores da SEICHO-NO-IE DO BRASIL, que dá suporte ao CEEV (Ciclo de Estudos da Educação da Vida), responsável por mostrar o caminho para uma educação que não se limita à competência acadêmica e reconhece a infinita capacidade inerente a todos os homens. Sou grata também à comunidade escolar que apoia as atividades desenvolvidas, à Secretaria do Meio Ambiente e Agricultura, parceiros no Projeto Meio-Ambiente, ao prefeito do município de Óleo, que incentiva as iniciativas da escola, e em especial às famílias que nos entregam seus bens mais preciosos, seus filhos, para serem nossos professores nesta maravilhosa escola da vida. Planeta Terra, minha sincera gratidão. Obrigada, Deus Pai, por me orientar a todo instante. Obrigada, Mestre Masaharu Taniguchi, por mostrar como desobstruir o canal de ligação com o Pai. Muito Obrigada. RESUMO Este trabalho teve como objetivo apresentar a descrição de algumas práticas desenvolvidas em sala de aula, por uma professora que sempre esteve à procura de meios eficientes para tornar seu ambiente de trabalho um espaço agradável, de crescimento mútuo e de real aprendizagem, onde houvesse engajamento, compromisso e responsabilidade. A professora, desde 2003, contou com o apoio das literaturas da filosofia da SEICHO-NO-IE e a partir de 2009, teve as orientações do curso do Ciclo de Estudos da Educação da Vida, o C.E.E.V., que proporcionou a fundamentação teórica e prática, o que faltava em sua prática, ou seja: o elo que deve existir entre professoraluno, aluno-aluno, interações autênticas de crescimento mútuo e harmonia que dão apoio a todo o trabalho escolar. Os alunos demonstram desinteresse em adquirir os conhecimentos acadêmicos oferecidos pelas escolas, assim como apresentam comportamento alheio às regras impostas pela sociedade - regras necessárias para um convívio social harmonioso. Porém, esse “engessamento” diante do ensino e das normas faz com que o desenvolvimento do conhecimento em sala de aula se torne difícil, muitas vezes inócuo, tornando necessária a busca de novos caminhos para despertar o potencial infinito de filho de Deus, que todo ser humano possui. Para tanto, a forte crença na possibilidade de superar as dificuldades deve ser alimentada, os progressos evidenciados, os objetivos, esclarecidos e a individualidade, respeitada. Atitudes assertivas devem ser enaltecidas durante o processo de aprendizagem dos conteúdos e o desenvolvimento das habilidades - estas devem ser as principais ferramentas educacionais da instituição Escola. A partir do momento em que a criança, o adolescente e o adulto se sentem respeitados, reconhecidos e aceitos, cada qual como o ser humano digno e dotado de potencialidade infinita que é, passa a fazer parte da caminhada rumo ao progredir infinito. Para tanto, a prática escolar merece um novo olhar, refletir sobre o que, de fato, é primordial, que perfil de cidadão a escola pretende ajudar a construir. Um olhar voltado para o todo, ao invés de um olhar voltado ao individual, é o que mostra essa proposta de trabalho. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 6 1. DESENVOLVIMENTO ............................................................................................ 8 1.1 Iniciando o dia com oração ........................................................................ 8 1.2 O elogio como prática ................................................................................ 8 1.3 Dinâmica do Olhar: uma vivência ímpar .................................................. 10 1.4 Uso do lúdico: leituras e nascimento de Mariquita ................................... 12 1.5 Integração entre escola e comunidade .................................................... 14 1.5.1 Exposição de artes: Dinâmica do Espelho ................................. 14 1.5.2 Projeto Meio Ambiente ............................................................... 14 1.6 Resultados obtidos ................................................................................... 16 1.7 O Projeto continua ................................................................................... 19 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 21 ANEXOS .................................................................................................................. 23 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 32 INTRODUÇÃO Por mais que preparasse aulas, estudasse metodologias e me esforçasse para colocá-las em prática, percebia que faltava algo em meu trabalho como educadora do ensino fundamental. Eu sentia falta de um elo mais forte entre mim e os alunos, para que então se manifestasse na sala um ambiente propício ao desenvolvimento das habilidades necessárias à aquisição dos conhecimentos propostos pela escola. Amo lecionar. A relação que tenho com os alunos nos 27 anos em que atuo sempre foi muito boa, mas faltava uma fortificação desse elo, um “brilho” nessa relação. Sabia que precisava elogiar mais meus queridos alunos, o que, há alguns anos, a Secretaria Estadual da Educação de São Paulo exigia que fizéssemos. Porém, na época eu não entendia o porquê do elogio, e as atividades propostas não se mostravam perfeitas, pois eu achava que estava mentindo, enganando os alunos ao elogiá-los. Sempre estudando, à procura de caminhos que me mostrassem como ajudar meus alunos – em sua maioria carente física e principalmente emocionalmente - a entenderem a verdadeira função da Escola: apoiá-los e cooperar com o crescimento deles. Trata-se de um ambiente mágico onde relações se estabelecem, mundos entrelaçam-se, sonhos germinam e crescem, e, mais do que o aprendizado de conteúdos, há o aprendizado do convívio interpessoal. No ano de 2003, participando de uma excursão para a Bienal do Livro em São Paulo - passeio esse proporcionado pela Secretaria Municipal de Educação de Óleo aos professores da rede Municipal, na qual trabalho desde 2000 - encontrei em exposição livros da filosofia da SEICHO-NO-IE. Foi então que me lembrei das leituras que fazia, com minha mãe, das revistas Acendedor e Fonte de Luz (ambas dessa filosofia) ainda na adolescência. Identifiquei-me e me encantei com os livros, comprei vários deles, inclusive o título Pedagogia da SEICHO-NO-IE, que me mostrou a educação de meus sonhos. Desde então, estou aos poucos incorporando o que o Mestre Massaharu Taniguchi sugere nesse e em tantos outros livros de sua autoria. Em 2009, a convite da Preletora Alair Correa, participei do Seminário de Educadores realizado anualmente em Ibiúna. Apaixonei-me pelo que foi apresentado lá e, nesse mesmo ano, iniciei o estudo no CEEV (Ciclo de Estudos da Educação da Vida) em Bauru, sob a coordenação da Preletora Emika. Lá encontrei o que procurava, entendi o porquê do elogio e aprendi como superar as adversidades do caminho. A Educação da Vida mostrou-me que atividades visando elevação da autoestima são essenciais no processo de ensino, pois, a partir do momento em que a pessoa se sente bem consigo mesma, torna-se mais feliz e receptiva à aprendizagem. O direcionamento do olhar para o aspecto positivo transforma tanto a visão que se tem do outro como a que se tem de si mesmo, e das situações vivenciadas. Assim, é possível desenvolver as inteligências intra e interpessoal. Aplicando o que estudava, fui reconhecida pela direção da EMEIF, onde então trabalhava, e pelos pais dos alunos. O projeto em questão foi aplicado nos anos de 2009 e 2010, nas classes de 2ª e 4ª séries do Ensino Fundamental, respectivamente. Ambas as turmas eram agitadas no início do ano letivo e nada prendia a atenção dos alunos que, por vezes, eram agressivos entre si. Entretanto, no final do ano, após a aplicação da metodologia da Seicho-No-Ie, o ambiente era outro: havia harmonia e busca pelo aprendizado. Essa conquista deve-se às várias atividades realizadas e, principalmente, à mudança da minha postura mental. Passei a perceber que meus alunos são maravilhosos e merecem sim ser elogiados pelas ótimas pessoas que são. 1. DESENVOLVIMENTO De acordo com Kanuma (1979), conteúdos bem estruturados e boa metodologia não são suficientes para se atingir as metas estabelecidas em sala de aula. Segundo o principio da Educação da Vida, todo ser humano possui potencial para se tornar um gênio (KANUMA, K., 1999). Assim, é fundamental aliar conteúdos, metodologia e crença na potencialidade do aluno, pois: “o objetivo da educação é extrair a natureza divina, a natureza búdica, a capacidade e a perfeição infinitas existentes no interior da criança. Em outras palavras, consiste em exteriorizar a criança originariamente boa, e não em transformar a criança má em criança boa. Se a natureza verdadeira da criança fosse má, não se poderia transformá-la em criança boa.” (KANUMA, K., 2007, p. 38-39). 1.1 - Iniciando o dia com oração A rotina do dia letivo na escola onde leciono inicia-se com prática de oração, o que é uma grande conquista, pois há um acolhimento caloroso, ou seja, todos acolhem bem o momento de fazer a oração. Após o sinal de entrada para as aulas, os alunos reúnem-se para meditar (anexos 8 e 9), pois “é necessário fazer com que a criança se exercite diariamente, durante alguns minutos, quando a criança adquire o hábito de concentrar sua mente, diminui gradativamente a distração, que lhe é muito comum. Obviamente, melhora também seu aproveitamento escolar.” (TANIGUCHI, M., 2004, p. 106-107). Mesmo os alunos mais dispersos, ao ouvirem o início da oração, dirigiam-se ao grupo e organizavam-se naturalmente. Depois de meditar, tinha início a atividade de psicomotricidade e canto, que acontecia com harmonia. 1.2 - O elogio como prática Um meio de se fazer com que a genialidade inerente no ser humano se manifeste se dá através do elogio. Porém, elogiar sem compreender o real significado e o cabedal de conceitos que subjaz neste paradigma educacional, assim como de fato, acreditar, entender e aceitar o outro como alguém “perfeito”, não passa de atitude vazia que certamente não chegará ao coração do aluno. A sinceridade é perceptível, palavras vãs não tocam ninguém, mas, sentimentos genuínos, sim. A aceitação da prática do elogio nem sempre é assimilada com facilidade, os alunos muitas vezes não a aceitam, por acharem que estão sendo enganados. Assim, a prática parece só acontecer de fato quando se estabelece confiança entre professor e aluno. Dentre as possíveis atividades com esse intuito, podemos destacar: o painel de palavras positivas, elogios (anexo 1) e o caderno de elogios (anexo 2). A confecção do painel é coletiva, com o uso de materiais diversos, os alunos montam um cartaz que frequentemente é evidenciado, com intuito de não nos esquecermos do que somos de fato: filhos de Deus. No uso de caderno, quando os alunos ainda não dominaram a base alfabética, membros da família são incentivados a escrever palavras elogiosas, assim como o(a) professor(a) o faz. Quando alfabetizados, todos escrevem elogios para si e para os colegas. É importante jamais se esquecer-se “de acreditar na criança e incentivá-la com palavras positivas como: ’Você é maravilhoso e consegue fazer tudo direitinho’” (TANIGUCHI, M., 2004, p. 103). “Não importa se estamos apreciando um céu todo estrelados, ou se estamos atravessando um mar encoberto por densa névoa, ou ainda se estamos tremendo numa noite escura e gelada; nada muda o fato de que o sol brilha a todo o momento. O Princípio do Relógio do Sol não é uma fuga do mal, mas vislumbra o bem no âmago daquilo que aparenta ser mal.” (TANIGUCHI, M., 2009, p. 98-99). A humanidade, de um modo geral, por acreditar na realidade baseandose apenas nos cinco sentidos, criou uma cultura que nos impulsiona a ver o lado negativo frequentemente. Porém, segundo a linha filosófica da Seicho-No- Ie, esta postura ainda é uma postura baseada no senso comum. Transcender os cinco sentidos e “ver” com os olhos da mente e não se deixar influenciar pelo senso comum - é tarefa para quem quer ser feliz. Direcionar-se para o positivo é imprescindível. Toda meta, antes de ser atingida, é “desenhada” com o pensamento. Portanto, aprender a ver o aspecto positivo das pessoas é essencial para adquirirmos o hábito de “desenhar” coisas positivas na mente consciente, e aí então, a semente estará plantada. Com perseverança e determinação, ela germinará. Creio ser impossível que em qualquer situação manifestada não haja um pontinho positivo a ser agradecido. Diante do exposto, foi proposta a realização de uma atividade prática aos alunos que consistia em relatar em um caderno específico, o Caderno Relógio do Sol (anexos 3, 4, 5 e 6), algum fato do cotidiano que fosse positivo, prazeroso, digno de ser lembrado, registrado e agradecido. O objetivo era registrar - e relatar - somente fatos bonitos, agradáveis e auspiciosos que ocorreram e/ou aconteciam em seu cotidiano - em casa ou em sala de aula, de acordo com a preferência -, sem se importarem com a data. As reações dos alunos e os questionamentos foram muitos: “Eu sou pobre, sou burro, não aprendo, agradecer o quê?”, “Sou feio, ninguém gosta de mim...”, e várias outras frases negativas e de degradação foram expressas. Mas, gradativamente as situações negativas levantadas foram trabalhadas de várias formas. Uma delas deu-se por meio de reflexões: “E se não tivéssemos pernas? Será que o fato de tê-las não é motivo para agradecimento? Vamos tapar o nariz. Se não houvesse ar puro, o que aconteceria? Não é bom estarmos envoltos por essa atmosfera maravilhosa que alimenta a vida? O fato de possuirmos ritmos diferentes de aprendizagem não nos faz melhores nem piores que ninguém. Se as sementes de laranja, milho, jabuticaba, feijão e outras sementes forem plantadas na mesma época, germinarão no mesmo dia? Estarão propícias para a colheita na mesma época? A produção de alguma delas é mais importante - ou menos - que a outra?” Já aconteceu de alunos argumentarem que não gostam disso ou daquilo, então, tais produtos não são importantes. Mas o consenso prevalece: todos os produtos são importantes para alguém, todos têm valor, assim como nós, somos diferentes nos ritmos, tamanhos, cores, mas todos somos valiosíssimos. Desse modo, com o tempo, os alunos conseguiram enxergar fatos e coisas dignas de agradecimento. Nesse sentido, a ‘Educação da Vida’ “não visa melhorar a criança, moldando-a através de técnicas ou métodos educacionais, mas fazer manifestar a natureza verdadeira de filho de Deus existente no interior de todo ser humano. Ela procura fazer com que a criança conscientize essa Verdade e exteriorize a natureza divina que se esconde no seu interior. Educar contemplando apenas a Imagem Verdadeira é a base fundamental para que o bem existente na criança se manifeste.” (KANUMA, K., 2007, p. 43). 1.3 - Dinâmica do Olhar: uma vivência ímpar Anualmente acontece na Academia de Ibiúna – SP, há 29 anos, o grandioso Seminário para Educadores. No ano de 2009, estive presente como seminarista participante do evento. Escolhi dentre as várias oficinas oferecidas, uma, cujo tema era “O Amor Supera o Medo”. Maravilhada com o que vivenciei, relacionei a prática vivenciada no seminário às necessidades de meu alunado, afirmando que o desamor e o individualismo devem ser combatidos de maneira sutil, agradável e sem reprimendas ou jogo de culpa. A interação - entre o que aprendi na oficina realizada em Ibiúna e a sala de aula - aconteceu por meio da ‘Dinâmica do Olhar’: Na lousa, desenhei o sol - simbolização da luz - e, simultaneamente foi feita a correlação dos seus benefícios aos atributos divinos. No interior da imagem do sol foram escritas palavras ditadas pelos alunos, que representam os atributos do bem, da vida boa, da felicidade, do bem-estar, como por exemplo: alegria, amor, beleza, riqueza, amizade, harmonia, sabedoria, luz, felicidade, saúde, bondade. Fora sugerido que se imaginasse o sol como tudo de bom e cada pessoa sendo um de seus raios. Os raios são manifestações do sol na Terra, assim como os seres humanos o são em relação a Deus. O desenvolvimento da dinâmica processou-se da seguinte forma: os alunos posicionaram-se em círculo, sentados no chão, de tal forma que podiam ver os olhos do seu coleguinha: um aluno dirigia-se ao outro, fitando-o nos olhos e dizia: “Eu sou luz, estou João e reconheço a luz em você”. Sucessivamente, assim foi feito até que todos os alunos do círculo participassem (anexo 7). Tudo se desenrola a partir do momento em que a criança se vê como luz, identifica-se com o próprio bem, passa a ver o outro da mesma forma, estabelece-se a base para o aprendizado e para vida bem vivida, em todas as suas nuances: cognição, socialização, afetividade, autoestima, altruísmo. É quando ocorre o insight da sua condição de filho de Deus. Vale ressaltar que no final do ano, a fonoaudióloga que acompanhava um aluno da 4ª série, por apresentar distúrbios na fala, interessou-se por conhecer a “Dinâmica do Olhar”, pois seu paciente mostrara melhora na autoestima e interesse pela aprendizagem e, confidenciando-lhe em uma das sessões de que era uma atividade pela qual tinha muito apreço, e isto o motivava a não faltar às sextas-feiras, pois era o dia da dinâmica. Parece denotar-se aqui o quanto é importante, durante o crescimento de um ser humano, no processo de interação educacional, que se reconheça esse ser humano como fruto do Bem. Tal assertividade é que o conduzirá para o rumo em que se está apontando. 1.4 - Uso do lúdico: leituras e nascimento de Mariquita “As diversões são necessárias para as crianças, assim como o sol é necessário para as plantas, até para os adultos é necessário algum tipo de diversão. Certa dose de divertimento é tão necessária quanto o alimento.” (TANIGUCHI, M., 2004). Portanto, o lúdico deve estar presente na escola. Uma maneira de instaurá-lo é a criação de uma personagem fictícia. Determinado aluno, ao qual chamarei de “A”, arredio, demonstrava dificuldades em realizar o que era proposto, mas não aceitava auxilio, dizendo que sabia realizar, por si só, a atividade em questão. Ele tinha o hábito de copiar do colega as respostas corretas, mostrando-as como suas. Diante do desafio, a professora pensou: ”Deus, o que faço?”. Imediatamente lembrou-se do curso de Arte e Educação que ensinava como usar o lúdico em sala de aula. Começou a falar com voz fina e pueril, arrancando risos e entusiasmo de seus alunos. Assim, nasceu a personagem Mariquita, (anexo 10). A Mariquita, diante da receptividade geral da classe, não conseguiu ficar interagindo apenas com o aluninho “A”, estendendo-se assim para toda a classe. A partir dessa identificação com a Mariquita, os alunos passaram a interagir com ela, de forma direta sobre vários aspectos de suas vidas: suas dificuldades na aprendizagem, suas emoções, o medo de errar, de ser ‘taxado’ de incapaz pelos coleguinhas; de forma clara e explícita tornando possível realizar a intervenção da facilitadora, no momento que lhe aprecia adequado e na medida adequada. Foi possibilitado, assim, o nascimento da confiança mútua, a relação aluno-professor. O fato marcante foi a mudança de comportamento do aluno “A”, que, passou a aceitar a ajuda da professora, superando a vergonha de “não saber”. Afinal, ninguém nasce sabendo. Todos, de alguma forma, não sabem sobre tudo. A partir do reconhecimento de suas dificuldades, “A” passou a manifestar espírito dócil e receptivo à aprendizagem. Essa criação aconteceu no terceiro mês de aplicação do projeto, e Mariquita estudou até o final do ano. Ela participou ativamente das aulas, conversando com os colegas de sala sobre dificuldades comuns. Em muitas ocasiões, “quando não sabia as respostas” os amiguinhos orientavam-na carinhosamente, elevando sua autoestima dizendo: - “Você é capaz de aprender, de organizar seus pensamentos. Tente! Você consegue!”. Essa personagem passou por várias caracterizações, até chegar à escolhida pelos alunos: a transformação em Mariquita dava-se quando a professora tirava os óculos e colocava uma peruca, que se tratava de um gorro com tranças de tiras de tecido, feitas pelos próprios alunos, amarradas na aba. É importante que os adultos respeitem e valorizem a imaginação infantil, procurando estimulá-la. Devemos utilizar o “poder concretizador da mente na direção do bem” (TANIGUCHI, M., 2004, p.117) e acreditar na criatividade inerente às crianças. Nesse sentido, a leitura é fundamental. Usando o lúdico em sala de aula, principalmente nas séries iniciais, as aulas são, sem dúvida, mais ricas e produtivas. Mais do que simples motivação, o prazer, a alegria em sala estabelecem um elo precioso que em muito contribui para estabelecer a harmonia e derrubar barreiras que prejudicam a aprendizagem. Nesse contexto, a leitura é conteúdo insubstituível - e o prazer que ela proporciona, inegável. Textos primorosos nos são oferecidos pela literatura da SNI (Seicho-No-Ie), os valores são trabalhados de forma sutil, alegre, porém firme, envolvendo a todos os alunos, provocando profícuas reflexões. Dentre as muitas leituras que a professora pode fazer com seus alunos, estão os livros de literatura infantil de Junji Miyaura, da SNI, (anexo 11) e as “Fábulas Fabulosas Iauaretê”, do autor indígena Kaká Werá (anexo 12). Elas encantam a todos. Algumas dessas histórias foram dramatizadas pelos próprios alunos (anexo 13), provocando risos e propiciando uma melhor compreensão dos temas, tornando as aulas mais agradáveis. Kaká Werá, em suas “Fabulosas Fábulas de Iauaretê”, mostra de uma forma especial o olhar indígena na sua essência, e fala dos valores que eram passados de geração a geração com pureza, simplicidade e interação com a natureza. São textos singelos que tratam da questão do medo, da coragem, do amor, da dúvida, da morte, da paz, dos erros e acertos de maneira divertida e emocionante. Essa leitura cativa as crianças de maneira inacreditável e elas interagem espontaneamente com as histórias. Junji Miyaura traz na sua literatura ensinamentos importantes que são necessários na formação global do cidadão: diversidade, separação, capacidade individual, riqueza, crescimento pessoal, valor emocional, valorização do tempo, orientação, natureza, reciclagem, agressividade, beleza, entre outros temas que fazem parte da vida dos alunos. Os textos primorosos e as lindas ilustrações prendem a atenção das crianças e ensina-lhes valores de maneira suave e divertida. Ambas as leituras levam à reflexão. Com elas muitos se identificam-se e, como são leves e positivas, a “terapia” acontece naturalmente, sem dor ou cobrança. Percebo isso quando os alunos relacionam situações do cotidiano com as histórias. É possível fazer o uso de diversas outras fontes da literatura infantil e infanto-juvenil em sala de aula, mas o contato com as obras citadas é bastante proveitoso. Para garantir maior contato dos estudantes com o imaginário de cada uma das histórias, há o empréstimo dos livros. Para organizar essa ação, é elaborada uma lista de empréstimo, para que eles possam fazer a releitura em suas casas. 1.5 - Integração entre escola e comunidade 1.5.1- Exposição de arte: Dinâmica do Espelho Fomentando o elo entre a comunidade e a escola, há na EMEIEF, onde trabalho, em Óleo - SP, uma exposição de arte que acontece na escola a cada 2 anos. O intuito é mostrar às famílias e toda a comunidade os trabalhos realizados pelos alunos. Nesse evento, no ano de 2009, foi utilizada a Dinâmica do Espelho para mostrar às pessoas quão especiais e importantes elas são. A dinâmica consiste na entrada das pessoas em um cone (anexo 14), aceitando o convite escrito na parte externa desse cone: “Entre, olhe para cima e veja a mais perfeita obra de arte que existe”. As reações dos participantes foram de felicidade ao se depararem com seu próprio reflexo em um espelho afixado acima do cone. 1.5.2 - Projeto Meio Ambiente Penso que estarmos no planeta Terra é um privilégio, e mantê-lo habitável para as futuras gerações, uma obrigação. Portanto, a meu ver, sensibilizar e conscientizar as pessoas dessa necessidade e, principalmente, agir, é também função da Educação, pois “o destino do meio ambiente será definido pela soma de decisões tomadas por cada um de nós. Entretanto, a consequência dessas decisões recairá não em nós mesmos, mas sobre a geração que virá logo após a nossa ou as posteriores” (TANIGUCHI, M., 2004, p.9). Valorizar o ambiente em que se vive, reconhecendo-o como dádiva divina e parte de si mesmo, contribui para que o homem ame, respeite e harmonize-se com tudo ao seu redor Assim, o desenvolvimento de projetos de preservação ambiental contribui não só para a conscientização da necessidade de preservar a Natureza, mas para integrar o indivíduo a ela. Aliar a comunidade e a Escola em prol de objetivos como coleta e reciclagem de lixo são interessantes, sendo importante a atuação do professor como criador e incentivador dessas práticas. Um exemplo foi a criação e o desenvolvimento do Projeto Meio Ambiente junto à comunidade de Óleo, que visa informar a população sobre a necessidade da reciclagem e torná-la possível no município, conscientizando, primeiramente, os alunos do ensino fundamental através de projetos e atividades (anexos 15, 16 e 17). Durante anos, a professora já vinha trabalhando a Educação Ambiental, por meio de projetos, visitas às matas ciliares de sua região e à Unidade de tratamento de água – SABESP. Entendemos que simplesmente conhecer a situação do planeta e saber quais mudanças de hábitos são necessárias não seja o suficiente - é preciso que a escola atue de forma objetiva na formação ambiental dos alunos, para que eles possam agir em prol da natureza em seu cotidiano. De que adiantam saberes acadêmicos, sem que haja uma relação harmoniosa entre as pessoas ou mundo saudável para morarmos? Desde a juventude, a cidadania precisa estar presente. Como desenvolver educação ambiental em uma cidade onde não há coleta seletiva de lixo? A realidade da cidade de Óleo impossibilitava o trabalho da reciclagem com os alunos. Para alterar essa situação, professores reuniram-se com o prefeito da cidade para entregar uma carta com muitas assinaturas coletadas pelos alunos (anexo 18), na qual havia o pedido para que se organizasse a coleta seletiva no município. Hoje, ela acontece satisfatoriamente. Ainda é necessário um barracão adequado para a armazenagem do lixo reciclável recolhido, mas ele já foi requisitado à Prefeitura, com o apoio de outro abaixo-assinado orientado pela escola. Se a situação ambiental está preocupante, cada um tem de contribuir de alguma maneira útil. Mesmo que sejamos um número pequeno, “quando se está num ambiente sombrio, basta à pessoa voltar sua mente para o lado iluminado, para que o mundo se torne melhor” (TANIGUCHI, M., 2009, p.27). Porém, o maior fruto recebido dessa conquista não foi só a coleta seletiva em si, mas a consciência de coletividade e cooperação dos alunos, que se sentiram imprescindíveis à comunidade em que vivem. Uma mãe de aluno, ao encontrar-me casualmente, disse que seu filho, ao ver a coletora de lixo reciclável realizar suas atividades, comentou com orgulho: ”Olha, mãe! Ela está catando o lixo reciclável porque nós pedimos para o prefeito!”. Essa fala vem carregada de um sentir-se fundamental e integrado à comunidade. E isto é engajamento, é construção daquilo que se quer ter, daquilo que se quer ser. A importância de integrar a criança à sociedade e à vida prática está no desenvolvimento da independência e da autovalorização, na vida desse indivíduo que se forma, “para que ela não venha a ser uma pessoa ‘inteligente’, mas que na vida prática não saiba fazer nada” (TANIGUCHI, M., 2004, p. 103). 1.6 - Resultados obtidos Para o professor, a maior alegria e satisfação é ver manifestado o sucesso dos alunos. No ano de 2009, pude vivenciar situações em sala de aula que mostraram que a metodologia baseada no amor, no respeito às diferenças, na visualização da Perfeição é, sem dúvida, o caminho da Educação. Para que essa convicção não seja tragada pelo senso comum negativo, é de suma relevância a meditação Shinsokan, aliada à leitura das Sutras e livros sagrados, que trazem nova força para superar os momentos adversos. Desta forma, resolvi dar continuidade às atividades para o ano seguinte, de acordo com a metodologia da S.N.I., a Educação da Vida. Bastante motivada, iniciei o ano letivo de 2010, com a certeza de que o trabalho desenvolvido atingiria de fato seu objetivo: todos cresceriam em todos os sentidos, meus alunos assimilariam os conteúdos necessários ao desenvolvimento de suas etapas de conhecimento... E isso de fato aconteceu. A seguir, são apresentados depoimentos, originalmente gravados em vídeo e transcritos, de pessoas que participaram desse processo valioso na EMEIEF onde trabalho. “A professora Lucelene desenvolveu uma metodologia em sala de aula na qual a criança podia experimentar deixar o seu inconsciente livre – já que todas as vezes que ele errasse não seria ele, e sim, a Mariquita. Com isso, deixou o inconsciente da criança livre para experimentar o erro na matemática, no português, no exercício que propunha fazer, sem medo. Sendo assim, podia fazer tudo e o inconsciente dele continuava livre. Isso quem diz é o Bruno Bettelheim no livro Psicanálise da Alfabetização, segundo o qual a criança fica livre para experimentar tudo aquilo sem colocar em xeque a sua personalidade.” – Márcia Marchetti (coordenadora pedagógica da EMEIEF. P. A. G.) “A professora Lucelene está desenvolvendo essa nova metodologia com a qual os alunos têm se desenvolvido bastante intelectualmente e, principalmente, melhorado a forma de convivência com os demais colegas.” – Nair de Oliveira Rodrigues (Diretora da EMEIEF. P. A. G.) “(...) agradeço a professora Lucelene pela estima que ela tem pela minha filha e pelos outros alunos também, porque minha filha progrediu muito bem. Ela era uma criança que não se desenvolvia muito e este ano está uma maravilha. Eu tenho que só dar nota 10 à professora, agradecer muito, e acho que todas as mães fariam o mesmo. Adoro o carinho que ela teve e o ensinamento também.” – Sônia (mãe de Sara Cristina da Silva, aluna do 4º ano de 2010 da EMEIEF. P A G) “Trabalho nessa escola e venho observando o trabalho da professora Lucelene. Através da oração que ela faz toda manhã ela está conseguindo fazer com que os alunos prestem mais atenção na sala de aula e respeitem mais os amigos – o que eu achava que estava faltando, porque através da oração e do amor os alunos se tornam crianças mais sociáveis e respeitam mais uns aos outros. É isso que está faltando na nossa sociedade: mais amor e mais carinho. Se a gente começar a passar amor e carinho para as crianças agora, no começo da vida delas, provavelmente elas vão ter um futuro feliz por saberem o que é respeito, o que é amizade, o que é amor entre eles. É o que eu tenho a dizer: gostei muito, achei muito interessante e muito importante essa oração no iniciar do dia e das aulas.” – Tânia (servente da EMEIEF. P.A.G.) Sou imensamente grata pelos resultados conquistados com meus alunos, com a comunidade oleense e com os funcionários que tanto me auxiliaram. Penso que muito desse sucesso com a aprendizagem vem do fato de sempre procurar trabalhar o conceito das coisas: o porquê de cada situação de aprendizagem ser apresentada, qual o objetivo que cada conteúdo assimilado tem, para melhorar a vivência do dia a dia. Isso mostra como o conhecimento dos saberes acumulados adquiridos através das muitas leituras pode influir na felicidade de uma pessoa. Acredito que só um leitor competente consegue interpretar e assimilar a mensagem de uma leitura, assim como só um escritor razoável pode expor seus pensamentos. É esse meu sonho: cooperar para conscientização de meus alunos acerca da importância dos saberes que a escola proporciona. Na realidade, o aprendizado é muito mais que uma necessidade social para atender ao mercado de trabalho, pois na escola se aprende a respeitar, amar e conviver com o outro, adquire-se o hábito da leitura, que ajuda a abrir o horizonte, sonhar, crescer interiormente, vivenciar outras vidas e então preparar para compreensão de muitas coisas que, a princípio, parecem impossíveis. Muitos alunos das séries iniciais do ensino fundamental vão à escola sem saber por que e muitas vezes estão lá para que a família receba ajuda financeira do governo, ou mesmo para que os pais possam trabalhar. Eles demonstram não ter conhecimento de como a escola pode ajudá-los de alguma forma e muitas vezes manifestam revolta pela escola e comunidade escolar. Eles, então, questionam: para que aprender? Em que isso vai ajudar? Tudo é tão difícil! Respondo a eles que tudo antes de ser fácil é difícil. Só que, aos poucos, a dificuldade vai mudando de forma e se torna mais fácil a partir de treino e perseverança. Então, digo a eles: “Hoje, você confunde 4+4 com 4x4, mas logo vai usar a adição e multiplicação de forma correta sem perceber, assim como hoje nem lembra como era quando bebê que não sabia andar, falar ou comer sozinho... Para isso precisa ter vontade e não desanimar jamais”. Aprender faz parte do crescimento que é inerente ao ser humano, estamos em constante transformação. Muitos alunos, mesmo depois de entenderem que a aprendizagem exige esforço, reflexão, tentativas e mudanças de estratégias, conseguem assimilar que, apesar de trabalhoso, aprender vale a pena. Percebo, por meio das situações que acontecem no cotidiano escolar, que os alunos estão incorporando essa visão de que aprender é fundamental. Eles estão focados nas metas de cada atividade apresentada e sabem por que estão estudando aquilo que lhes é proposto: para elevarem-se como ser humano. 1.7 - O Projeto continua Apresentei as atividades realizadas nos anos de 2009 e 2010. Porém, a aplicação dos conceitos da Educação da Vida continua presente em meu cotidiano escolar. No ano de 2011, o Projeto Matemoteca foi desenvolvido pelos meus alunos, sob minha orientação. Nesse trabalho, a importância da matemática no dia a dia foi evidenciada e transformada em filme. Com isso, houve a motivação para aprendizagem do conteúdo colocado em fichas, em forma de desafios. Essas fichas foram levadas para casa e resolvidas com auxílio dos familiares e, posteriormente, trabalhadas em sala de aula. Cada ficha estudada era registrada em um gráfico coletivo afixado na parede. Durante o desenvolvimento do estudo, a autoestima de quem não conseguia resolver foi crescendo a partir do momento que percebiam que todos os alunos da sala apresentavam alguma dificuldade e procuravam ajuda, pois cada aluno estuda uma ficha diferente. Dessa forma, o sentimento de igualdade entre os alunos é fortificado. No final do ano, várias mães elogiaram a metodologia aplicada, o que motivou a diretora a estendê-la a quase todas as salas (3º, 4º e 5º anos) da EMEIF. Prefeito Affonso Garcia, da escola rural do bairro Mandaguari e Escola Maria Pires de Moura, que fazem parte do município de Óleo. Como coordenadora e orientadora do projeto, é possível interagir com um maior número de alunos, procurando despertar a capacidade infinita de cada um deles orientada pela Sabedoria Universal. A carga horária dos dois cargos que possuo (municipal e estadual) está dividida entre o projeto Matemoteca, o AJA (Alfabetização de Jovens e Adultos) e a sala de AEE (Atendimento Educacional Especializado). No AJA, convivo com grande diversidade de faixas etárias (16 a 70 anos) e de carências em alfabetização e letramento. Há alunos que querem aprender a ler e escrever para interação na sociedade e outros que frequentam salas regulares ou até mesmo já têm o diploma do ensino médio, mas não estão alfabetizados de fato. Há, também, quem frequente as aulas para relembrar os conteúdos com o objetivo de prestar a avaliação oferecida pelo Estado, que dá direito ao diploma do Ensino Fundamental - vários alunos já conseguiram atingir essa meta. A sala de AEE (Atendimento Educacional Especializado) está sendo implantada neste ano (2012), e quando alunos com necessidades especiais frequentam esse espaço, em horário diverso ao do ensino regular, recebem atendimento individualizado, de acordo com sua necessidade particular. Estou muito feliz, pois percebo que os alunos vão às aulas com prazer. Muito Obrigada! CONSIDERAÇÕES FINAIS A adequação da filosofia às atividades escolares nas séries em questão (2º e 4º ano do ensino fundamental) aconteceu naturalmente, sempre procurando a elevação da autoestima do aluno – o que é essencial no processo de ensino-aprendizagem. O aluno tem que se sentir capaz de superar os níveis de aprendizagem que o desafiam. “A autoconfiança é uma força mental; é a energia motriz que serve para manifestar as maravilhas que há no nosso interior. (...) A autoconfiança surge na forma de pressentimento do sucesso gravado nas profundezas da mente, ou seja, no subconsciente. Por isso, para cultivar a autoconfiança é necessário proporcionar ao subconsciente autossugestão capaz de subjugar o complexo de inferioridade” (KUSUMOTO, 2010:25). Alunos emocionalmente feridos não demonstram motivação para aprender. Pelo contrário, muitas vezes apresentam desinteresse e agressividade, fazendo com que seja necessário mais do que conteúdos bem estruturados e metodologias adequadas para despertá-lo e motivá-lo. Imaginando-se que o aluno seja um terreno seja e o conhecimento uma semente, pode-se fazer uma comparação: o terreno - quando preparado para o plantio, recebendo a semente - fará com que a germinação ocorra de forma bela e salutar. Da mesma forma, o aluno estando receptivo e preparado para receber o conhecimento, o assimilará, pois seu terreno é fértil, sua capacidade é infinita. ”Ao nos conscientizarmos de que existe em nós a força universal que criou o Sol, as estrelas e a Terra e está movendo-os de modo perfeitamente ordenado e harmônico, desaparece a sensação de fragilidade e inferioridade, intensificando-se o ânimo e a vitalidade e tornamo-nos capazes de realizar obras maravilhosas” (KUSUMOTO, K., 2010, p.24). Assim, a partir do momento que o aluno deseja aprender, ele, indubitavelmente, conseguirá. A filosofia da Seicho-No-Ie mostra caminhos para se atingir essa meta e superar as dificuldades que, na realidade, são oportunidades para o crescimento profissional e pessoal do educadorprofessor. ”É preciso saber que cada fracasso é uma lição para não cair no mesmo erro. Em vez de ver o fracasso como sinal de incompetência, encare-o como uma lição que o qualificará para um futuro êxito” (KUSUMOTO, K., 2010, p. 26). Muito mais que mediar a construção do conhecimento, oferecendo condições materiais para isso, à Escola cabe contribuir na construção de cidadão cônscios de seu papel na sociedade. A mudança de olhar na Educação, priorizando o crescimento holístico, em detrimento ao acúmulo de conteúdos, já está sendo discutida há muito tempo. No papel, ela é bem clara, mas a maneira de realizar objetivamente essa mudança de paradigma ainda é um desafio. Nesse sentido, a filosofia orienta como enfrentar. Neste trabalho, algumas atividades estão evidenciadas. Os resultados obtidos desses dois anos de atuação estão expressos nos depoimentos apresentados e, como o crescimento é infinito, os resultados também o são. Pois “o desenvolvimento da capacidade deve ter como base a essência da natureza humana” (KUSUMOTO, K., 2010, p.13), e, quando é esse o foco da educação, vai-se além da melhoria acadêmica dos alunos, atingindo também seu âmbito pessoal e familiar. ANEXOS ANEXO 1 - Painel confeccionado pelo 4º ano da EMEIEF Prefeito Affonso Garcia, sob orientação da professora Lucelene Caldeira Antunes. ANEXO 2 – Capa do Caderno de Elogios ANEXO 3 – Capa do Caderno Relógio do Sol ANEXO 4 – Primeira página do Caderno Relógio do Sol, criado pela professora Lucelene Caldeira Antunes ANEXO 5 – Trecho escrito por aluno em seu Caderno Relógio do Sol ANEXO 6 – Trecho escrito por aluno em seu Caderno Relógio do Sol ANEXO 7 – Alunos da EMEIEF PAG (Óleo/SP) realizando a Dinâmica do Olhar ANEXO 8 – Painel de oração ANEXO 9 - Painel de oração 2 ANEXO 10 – Professora Lucelene Caldeira Antunes representando a personagem Mariquita ANEXO 11 – Cantinho da leitura composto por livros da coleção infantil da Seicho-No-Ie, acessíveis para os alunos da EMEIEF. PAG (Óleo/SP). ANEXO 12 - Capa do livro “Fabulosas Fábulas de Iauaretê” (Kaká Jecupé) ANEXO 13 - Teatro de fantoches baseado no livro “A Lição dos Bichos” (Junji Miyaura). ANEXO 14 – Cone da exposição o Circo da Arte realizada na EMEIEF. Prefeito Affonso Garcia (Óleo/SP). ANEXO 15 – Projeto Meio Ambiente: Conhecendo o Ribeirão do Óleo que banha o município. ANEXO 16 - Projeto Meio Ambiente: Aprendendo sobre a reciclagem de papel. ANEXO 17 – Projeto Meio Ambiente: Coreografia da música Herdeiros do Futuro (Toquinho). ANEXO 18 - Projeto Meio Ambiente: Reunião com o prefeito municipal Jordão Antonio Vidotto, para conseguir local de armazenamento de lixo reciclável. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KANUMA, K. Educação do Filho de Deus. 8ª ed. São Paulo: Seicho-No-Ie do Brasil, 2007. Vol. 1.KANUMA, K. Educação do Filho de Deus. 1ª ed. São Paulo: Seicho-No-Ie do Brasil, 1999. Vol. 2. KUSUMOTO, K. (Org.). Você é Dono de Potencialidade Infinita. 4ª ed. São Paulo: Seicho-No-Ie do Brasil, 2010. 241 p. TANIGUCHI, M. A Verdade da Vida. 4ª ed. São Paulo: Seicho-No-Ie do Brasil, 2004. Vol. 14. TANIGUCHI, M. Caminho da Paz pela Fé: A Fé na Atualidade. 3ª ed. São Paulo: Seicho-No-Ie do Brasil, 2004. 238 p. TANIGUCHI, M. O Princípio do Relógio do Sol. 1ª ed. São Paulo: Seicho-NoIe do Brasil, 2009. 217 p. TANIGUCHI, M. Pedagogia da Seicho-No-Ie. 10ª ed. São Paulo: Seicho-No-Ie do Brasil, 2004. 157 p.