ANO X – Nº 128 – OutubrO DE 2012 XXIII Simpósio Nacional dos Conselhos de Economia Realizado em Belo Horizonte, evento discute as principais questões econômicas do país e gera cinco propostas de melhoria para a área O encontro que reuniu economistas, conselheiros regionais e federais, delegados e representantes de conselhos de economia do país debateu diversos assuntos relacionados à economia nacional e ao sistema COFECON / CORECONs. Com base no tema central “A Crise Internacional e seus Impactos sobre a Economia Brasileira”, a 23ª edição do SINCE resultou em cinco propostas de grande importância para a economia brasileira, partindo das discussões realizadas nos 2 Premiação Série de reportagens publicada no jornal O Tempo é a grande premiada da segunda edição do Prêmio CORECON-MG de Jornalismo. três grupos temáticos que conduziram os trabalhos. Paralelamente foram realizados outros dois eventos: o Encontro dos Economistas de Língua Portuguesa e a II Gincana Nacional de Economia. A noite de abertura do evento contou com a presença de convidados de instituições governamentais e de órgãos representativos da categoria dos economistas. LEIA MAIS NA PÁGINA 4 5 Gincana mineira de economia Quarta edição da competição teve final acirrada e alunos da UFU foram os grandes vencedores. prêmios Prêmio CORECON-MG de Jornalismo Econômico Em sua segunda edição, séries de reportagens dos principais jornais de Minas Gerais são as grandes premiadas A entrega do II Prêmio CORECONMG de Jornalismo Econômico foi realizada na noite de 12 de setembro, durante a solenidade de abertura do XXIII SINCE, em Belo Horizonte. O Prêmio, com edição anual, busca reconhecer e valorizar trabalhos de temáticas econômicas escritos por jornalistas profissionais e publicados em jornais mineiros. O Prêmio teve o patrocínio do Jornal Hoje em Dia, do Centro Universitário UNA e da Bella Vista Pousada, e apoio do Conselho Federal de Economia (COFECON) e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG). OS PREMIADOS Primeiro lugar: Joelmir Tavares de Rezende e Cristiano Trad, com a série de reportagens “Fora da Lei”, publicada no jornal O Tempo, no período de 27 de maio a 1º de junho de 2012. Segundo lugar: Zulmira Furbino dos Santos, com a série de reportagens “Riquezas de Minas”, publicada pelo jornal Estado de Minas, entre 28 de agosto a 17 de novembro de 2011. Terceiro lugar: Paulo Henrique Lobato, Primeiro colocado, Cristiano Trad, recebe a premiação do presidente do CORECON-MG, Cláudio Gontijo. Marcos Avelar, Luiz Ribeiro e Paula Takahashi, com a série de reportagens “Feliz Vida Nova”, publicada no período de 26 de dezembro de 2011 a 1º de janeiro de 2012 pelo jornal Estado de Minas. Menção Honrosa: Tatiana Silva Moraes, com a série de reportagens “A Riqueza do Queijo Minas Artesanal”, publicada no período de 11 a 20 de setembro de 2011 pelo jornal Hoje em Dia. EXpEDiENTE Presidente: Cláudio Gontijo I Vice-presidente: Fabrício Augusto de Oliveira I Conselheiros Efetivos: Alice Maria Souza Toscano, Antônio de Pádua Galvão, Antônio de Pádua Ubirajara e Silva, Cláudio Gontijo, Daniela Almeida Raposo Torres, Fabrício Augusto de Oliveira, José Roberto de Lacerda Santos, Lourival Batista de Oliveira Júnior, Pedro Paulo Moreira Pettersen I Conselheiros Suplentes: Carlos Maurício de Carvalho Ferreira, Cézar Manoel de Medeiros, Leonardo Pontes Guerra, Ronaldo Lamounier Locatelli, Róridan Penido Duarte, Silvânia Maria Carvalho de Araújo I Conselheiros Federais: José Eustáquio Ribeiro Vieira Filho, Róridan Penido Duarte, Wilson Benício Siqueira, Cândido Luiz de Lima Fernandes, José Roberto de Lacerda Santos e Lourival Batista de Oliveira Júnior I Delegados Regionais: Governador Valadares – Douglas dos Santos Barduzzi; Itajubá – Maurílio Gomes de Magalhães; Itaúna – Ruperto Benjamin Cabanellas Vega; Juiz de Fora – Maria Isabel da Silva Alvim; Montes Claros – Aloysio Afonso Rocha Vieira; Poços de Caldas – David Rebelo Fiorito; São João Del Rei – Luiz Eduardo de Vasconcelos Rocha; Sete Lagoas – Jason de Oliveira Duarte; Uberaba – Cássio Silveira da Silva; Uberlândia – Leonardo Baldez Augusto; Viçosa – Evonir Pontes de Oliveira. AGENDA ECONÔMICA: Comissão Editorial: Cláudio Gontijo, Daniela Almeida Raposo Torres e Fabrício Augusto de Oliveira Jornalista Responsável: Emilson Corrêa – MTB-MG 13.240 JP — [email protected] Diagramação: Roger Simões — [email protected] I Impressão: Work Print — [email protected] Tiragem: 5.500 exemplares I Endereço para correspondência: Rua Paraíba, 777, Funcionários — CEP 30130-140 — Belo Horizonte — MG I Tel.: (31) 3261-5806 — Fax: (31) 3261-8127 — [email protected] — www.portaldoeconomista.org.br ÓRGÃO INFORMATIVO DO CONSELHO REGIONAL DE ECONOMIA DE MINAS GERAIS 2 AGENDA ECONÔMICA | OuTubRO 2012 Contando com a parceria do IPEA, COFECON premia os melhores em cinco categorias do PBE e concede prêmio a renomado economista brasileiro D urante a solenidade de abertura do XXIII Simpósio Nacional dos Conselhos de Economia, o Conselho Federal de Economia (COFECON) realizou a entrega do XVIII Prêmio Brasil de Economia. Promovido anualmente, em 2012 o PBE contou com a participação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) que concedeu bolsas de pesquisas, com duração de um ano, aos melhores colocados de três das cinco categorias contempladas pelo Prêmio. Os vencedores foram os seguintes: Prêmio Brasil de Economia e Personalidade Econômica do Ano LIVRO DE ECONOMIA 1º Lugar: Fernando Nogueira da Costa (CORECON-RJ). "Brasil dos Bancos". 2º Lugar: Luciano Luiz Manarin D'Agostini (CORECON-PR). "Econometria Temporal Multivariada". 3º Lugar: José da Silveira Filho (CORECON-PR). “Aquarela do Brasil: do Café ao Plano Real”. TESE DE DOUTORADO 1º Lugar: Bruno Leonardo Barth Sobral (CORECON-RJ). "Ciclo de Investimentos e o Papel das Estratégias de Grandes Agentes Econômicos: O Caso da Periferia da Região Metropolitana do Rio de Janeiro - 1995-2010". 2º Lugar: Luzia Maria Cavalcante de Melo (CORECON-AL). "Mobilidade Sócio-Ocupacional e Mobilidade Espacial: Diferenciações entre Hierarquias Urbanas Para o Mercado de Trabalho Formal, Brasil, 2000-2009". 3º Lugar: André Cutrim Carvalho (CORECONSP). "Expansão da Fronteira Agropecuária e a Dinâmica do Desmatamento Florestal na Amazônia Paraense". DISSERTAÇÃO DE MESTRADO 1º Lugar: Antônio Albano de Freitas (CORECON-RS). "Distribuição e Acumulação de Capital: A Economia Brasileira no Capitalismo Contemporâneo". 2º Lugar: Elton Eduardo Freitas (CORECONCE). "Economias Externas, Atributos Urbanos e Produtividade: Evidências a partir do Nível Salarial Industrial das Microrregiões Brasileiras, 2000-2010". 3º Lugar: Isaura Florisa Gottschall de Almeida (CORECON-BA). O vencedor da categoria “Livro de Economia” recebendo a premiação da coordenadora do PBE, Celina Martins Ramalho "Desigualdades e Políticas Públicas de Habitação no Brasil". ARTIGO TÉCNICO OU CIENTÍFICO 1º Lugar: Fernando de Aquino Fonseca Neto (CORECON-PE) e Fábio José Ferreira de Silva (CORECON-PE). "Inflação Pró-Pobre no Brasil do Real: Uma Análise Regional. 2º Lugar: Janete Leige Lopes (CORECON-PR) e Rosângela Maria Pontili (CORECON-PR). "Trabalho Infantil e Pobreza da População Feminina Brasileira: Uma Discussão da Inter-Relação entre estes dois fatores". MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO 1º Lugar: George Felipe Rezendes Tada (CORECON-PR). "Crédito Bancário e Desenvolvimento Regional no Período 2004 a 2009: O Enfoque PósKeynesiano da Não-Neutralidade da Moeda". 2º Lugar: Paulo Henrique Mendes Leandro Beserra (CORECON-DF). "A Relação entre Desigualdade de Renda e Crescimento Econômico no Brasil". 3º Lugar: Luiz Felipe Bruzzi Curi (CORECONMG). "O Debate Simonsen-Gudin e as Ideias Econômicas no Brasil". PERSONALIDADE ECONÔMICA DO ANO Entregue anualmente, desde 2004, o prêmio de Personalidade Econômica do Ano 2012 foi concedido ao economista Paulo Nogueira Batista Júnior. Natural do Rio de Janeiro, mestre em História da Economia e tendo ocupado diversos cargos públicos e privados de grande relevância na área econômica, Batista Júnior, atualmente, é diretor executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI), na cidade de Washington, Estados Unidos. AGENDA ECONÔMICA | OuTubRO 2012 3 EVENTo NACioNAL Mais de 200 participantes lotaram o auditório na abertura do evento XXIII Simpósio Nacional dos Conselhos de Economia Em evento realizado em Belo Horizonte, economistas aprovam propostas de melhoria para a categoria e para a economia do país P romovido pelo Conselho Federal de Economia (COFECON) e pelo Conselho Regional de Economia de Minas Gerais – 10º Região (CORECON-MG), o XXIII Simpósio Nacional dos Conselhos de Economia (SINCE) foi realizado em Belo Horizonte – MG, entre os dias 12 e 14 de setembro. O evento buscou discutir os principais problemas e desafios enfrentados pelo Sistema COFECON/CORECONs e pelos profissionais de economia do país, propondo soluções e planejando a melhoria de diversos aspectos relativos à categoria profissional. Tendo como tema central “A Crise Internacional e Seus Impactos Sobre a Economia Brasileira”, o XXIII SINCE foi aberto pelo presidente do CORECON-MG, Cláudio Gontijo, e pelo presidente do COFECON, Ermes Tadeu Zapelini, contando com a presença de economistas, con- 4 AGENDA ECONÔMICA | OuTubRO 2012 O presidente do CORECON-MG, Cláudio Gontijo, ministrou a palestra de abertura do XXIII SINCE. selheiros, delegados regionais e convidados. Na noite de abertura, houve apresentação do XX Congresso Brasileiro de Economia, que será realizado em Manaus – AM, feita pelo coordenador do evento Erivaldo Lopes do vale e pela conselheira federal Celina Martins Ramalho. Os presentes também assistiram à palestra ministrada pelo presidente CORECON-MG, Cláudio Gontijo, abordando o tema do Simpósio. Nos dias seguintes, foram realizadas intensas discussões em três grupos de trabalhos que visaram aprovar propostas de interesse da categoria e da sociedade. Os grupos de trabalho estiveram divididos de acordo com os temas: “Formação, Aperfeiçoamento e Mercado de Trabalho do Economista”; “Aperfeiçoamento do Sistema COFECON/CORECONs”; e “Estrutura e Conjuntura Econômica, Política e Social do Brasil”. Após apresentação dos expositores e votação pelos delegados regionais, foram aprovadas cinco propostas: (1) Rever e flexibilizar o modelo econômico atual, que limita a autonomia da política econômica para desenvolver ações voltadas para o desenvolvimento econômico e social do país; (2) incorporar ao modelo o compromisso com a conservação da biodiversidade; (3) reforçar a importância e o papel do Estado na retomada do crescimento econômico e resgatar a perspectiva do planejamento de longo prazo; (4) utilizar os instrumentos do Estado para apoiar e estimular o crescimento econômico; (5) e apoiar mudanças e medidas para o fortalecimento da federação, considerando a importância dos estados e municípios, tanto para a realização de investimentos públicos como para a oferta de bens essenciais para a sociedade. GiNCANA rEGioNAL Gincana Mineira de Economia tem a participação de 14 duplas de alunos Realizada no Centro Universitário UNA, em Belo Horizonte, competição foi conquistada por alunos da UFU pela segunda vez consecutiva C ontando com a participação de 14 duplas de estudantes de Ciências Econômicas de diversas instituições de ensino superior do Estado, a quarta edição da Gincana Mineira de Economia aconteceu, nos dias 30 e 31 de agosto, no Campus Aimorés do Centro Universitário UNA, em Belo Horizonte – MG. Realizada anualmente pelo CORECON-MG, a Gincana promove a difusão do conhecimento econômico por meio de uma competição entre duplas de estudantes e utiliza o Jogo da Economia Brasileira como plataforma, buscando colocar em prática o aprendizado acadêmico. Este ano o evento teve patrocínio do Conselho Federal de Economia e da Qualicorp Soluções em Saúde, e apoio do Cheverny Apart Hotel e do Centro Universitário UNA. Após acirrada disputa na etapa final, os alunos Gustavo Chagas Goudard e Pedro Paulo Mansur Pagano Sampaio, da Universidade Federal de Uberlândia, foram os vencedores e embolsaram o prêmio de R$ 2.000,00. Em segundo lugar ficou a dupla representante do Centro Universitário UNA, Fernando de Oliveira Linhares e Josiane Rafaella Faleiro, que receberam o prêmio de R$ 1.200,00. O terceiro lugar, que pagou a premiação de R$ 800,00, foi conquistado pelos estudantes Lucas Farias Lima e Raphael Molina Nogueira, do IBMEC. O CORECON-MG esteve representado pelo Conselheiro Federal Wilson Benício Siqueira e pelo Gerente Executivo Pedrilho Ferrari Veras, e o Centro Universitário UNA pelo coordenador do Curso de Ciências Econômicas Éderson Santos. Alunos participantes da 4ª Gincana Mineira de Economia AGENDA ECONÔMICA | OuTubRO 2012 5 GiNCANA NACioNAL II Gincana Nacional de Economia Durante a realização do XXIII SINCE, alunos de economia de diversos estados participaram de evento universitário promovido pelo COFECON A II Gincana Nacional de Economia, realizada pelo Conselho Federal de Economia (COFECON), aconteceu em Belo Horizonte, nos dias 13 e 14 de setembro, durante o XXIII Simpósio Nacional dos Conselhos de Economia. O principal objetivo da Gincana é estimular a integração entre as instituições de ensino de Ciências Econômicas e os alunos deste curso, desenvolvendo e aplicando conceitos, conciliando a prática com a teoria. Além disso, proporciona o envolvimento dos estudantes com as atividades dos Conselhos Regionais de Economia. Na edição deste ano, a Gincana Nacional de Economia reuniu, em dois dias de competição, estudantes representantes de 19 instituições de diversos estados da federação. No primeiro dia, as duplas participantes foram divididas em grupos, dentro dos quais todas se enfrentaram. Os classificados avançaram para a fase eliminatória, sendo que os vencedores disputaram as quartas de final, semifinal e final. O primeiro lugar foi conquistado pelos alunos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Rodolfo José Galvão Buscarini e Diego Aguiar Freitas Lúcio, que embolsaram o prêmio de R$ 3.000,00. Em segundo lugar ficaram os estudantes Caio Oliveira Azevedo e Igor Ferreira de Oliveira, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, e receberam o prêmio de R$ 2.000,00. A dupla representante da Facamp – Faculdades de Campinas, Mateus Martins da Silva e Elisabeth da Costa Lima Pereira, ficou com o terceiro lugar e com a premiação de R$ 1.000,00. Os alunos representantes de Minas Gerais, pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Priscila Medeiros de Oliveira e Igor Lira Vieira Corrêa Netto, chegaram à semifinal e ficaram na quarta colocação, após perderem a disputa pelo terceiro lugar. ELEiÇÕEs CORECON-MG convoca economistas a participarem das Eleições 2012 No dia 26 de outubro de 2012, serão realizadas as eleições para renovação o segundo terço de conselheiros regionais (efetivos e suplentes) e delegado-eleitor, para os exercícios de 2013, 2014 e 2015. Haverá também, no mesmo procedimento, consulta para os cargos de presidente e vicepresidente, para o exercício de 2013. AS ELEIÇÕES OCORRERÃO NO REGIME MISTO (PRESENCIAL E POR CORRESPONDÊNCIA), DA SEGUINTE FORMA: Eleição presencial: será no dia 26 de outubro de 2012, das 09 horas até 18 horas, exclusivamente na sede do CORECON-MG, localizada à Rua Paraíba, nº 777, Funcionários, Belo Horizonte – MG. 6 AGENDA ECONÔMICA | OuTubRO 2012 Eleição por correspondência: no voto por correspondência, serão enviadas a cada economista as cédulas. Os economistas que votarem por correspondência devem fazê-lo em envelope padronizado, sem identificação (sobrecarta), e este, por sua vez, deverá ser acondicionado no envelope carta-resposta para devolução, já com etiqueta de identificação do economista. Os envelopes recebidos após as 18h (dezoito horas) do dia 26 (vinte e seis) de outubro de 2012 não serão abertos, tampouco computados, providenciando-se a sua destruição, porém mantida a inviolabilidade. FAbRíCIO AuGuSTO DE OLIVEIRA * ArTiGo Brasil: uma nova política econômica? A verdade é que, enquanto subsistirem os principais alicerces do modelo econômico vigente, e não forem realizadas reformas transformadoras que resgatem a indústria do país, a competitividade da produção nacional e os instrumentos do Estado em favor de um desenvolvimento econômico e social mais equilibrado, aquelas dificilmente conseguirão fundar-se em bases sólidas A flexibilização dos componentes do tripé macroeconômico no governo atual, composto por metas de inflação, de superávit primário e câmbio flutuante, bem como a maior ênfase que vem sendo dado, de um lado, à redução do custo-Brasil, com a diminuição do preço da energia, o lançamento de programas de infraestrutura econômica, e, de outro, também ao fortalecimento do mercado interno, via consumo, têm suscitado opiniões de diversos analistas que enxergam, nessas medidas, a construção de um novo modelo de desenvolvimento. Em favor dessa visão, é possível constatar ter aumentado, de fato, a tolerância do governo com a inflação, tendo-se substituído a obsessão com a meta central de 4,5% por um nível superior contemplado neste regime, desde que este, contudo, não ultrapasse o teto previsto de 6,5%. De outro, a acomodação do câmbio e sua manutenção na faixa de R$ 2,00/2,10. Por último, a flexibilização das metas de superávit primário para acomodar gastos governamentais necessários para sustentar a atividade econômica. O fato, entretanto, é que por detrás destes movimentos, encontra-se uma crise mundial de grande complexidade, cuja duração promete ser longa, exigindo a implementação de políticas defensivas de sustentação da atividade produtiva, as quais necessitam desta flexibilização. Além disso, existem outras condições objetivas para este afrouxamento: juros reais negativos no mundo desenvolvido; avanço da queda da SELIC (de 12,5% em agosto de 2011 para os atuais 7,5%), reduzindo o déficit público nominal e a necessidade de geração de superávits primários tão elevados; efeitos da crise sobre um comércio exterior em declínio, com ameaça de retorno da vulnerabilidade externa, mais do que justificando a realização da (modesta) desvalorização do câmbio. Estes ajustes finos, realizados defensivamente não parecem autorizar ilações feitas sobre o abandono do tripé para a construção de um novo modelo. Se isso estivesse, de fato, ocorrendo, o câmbio estaria mais desvalorizado (mais competitivo), assim como em andamento uma proposta de reforma tributária modernizadora; a SELIC mais reduzida; e os investimentos públicos mais expressivos e em progressivo crescimento. Menos que a construção de um novo modelo de desenvolvimento, parece ser a reação defensiva à crise que tem respondido pela flexibilização dos componentes do tripé econômico. É bem verdade que, como resultado da bonança econômica mundial da década de 2000, o crescimento mais robusto acarretou um forte aquecimento do mercado de trabalho, aumentando o emprego e o salário real dos trabalhadores, o que foi reforçado, com os expressivos ganhos reais do salário mínimo e das transferências diretas de renda para as famílias (previdência social e bolsa-família, notadamente). E, posteriormente, com a política anticíclica adotada pelo governo, apoiada no consumo, em reação às crises do subprime e da dívida soberana europeia, por meio da expansão do crédito, de reduções de alíquotas e desonerações de impostos e contribuições sociais de setores relevantes para a atividade econômica. Como decorrência, registrou-se uma apreciável expansão do consumo, que se tornou o carro-chefe do crescimento. Seus limites para continuar desempenhando este papel de locomotiva são, no entanto, cada vez mais evidentes, diante da reduzida taxa de desemprego, do crescente endividamento das famílias, dos elevados níveis de inadimplência e dos baixos níveis de investimento do setor privado. Neste quadro, os programas de investimentos em infraestrutura – notadamente em rodovias e ferrovias -, repontam como alternativa importante para garantir, ao seu lado, a sustentação de um nível mínimo de atividade econômica. No entanto, além de sua materialização depender fortemente do investimento do setor privado, envolto numa crise de confiança e avesso a projetos de longa maturação, ainda restam outros desafios a serem vencidos para sua viabilização, como a definição do marco regulatório dos setores neles contemplados, dos modelos de parceria com o setor privado, garantias de rentabilidade e mecanismos confiáveis de financiamento. A verdade é que, enquanto subsistirem os principais alicerces do modelo econômico vigente, e não forem realizadas reformas transformadoras que resgatem a indústria do país, a competitividade da produção nacional e os instrumentos do Estado em favor de um desenvolvimento econômico e social mais equilibrado, aquelas dificilmente conseguirão fundar-se em bases sólidas. *Doutor em economia pela UNICAMP, vice-presidente do CORECON-MG, e autor, entre outros, do livro “Política econômica, estagnação e crise mundial: Brasil, 1980-2010”, editado pela Azougue editorial em 2012. AGENDA ECONÔMICA | OuTubRO 2012 7 LiVro Dívida pública do Estado de Minas Gerais: a renegociação necessária C FECHAMENTO AUTORIZADO. PODE SER ABERTO PELA ECT onsiderada na atualidade “impagável”, a situação crítica da dívida do estado de Minas Gerais só veio à tona, de forma transparente, a partir de um estudo realizado pelo Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCEMG), em 2011, no qual se demonstrou que, caso não sejam revistas as condições do contrato da dívida com a União, assinado em 1998, o governo se defrontará com grandes dificuldade para continuar garantindo a oferta de serviços essenciais para a população, especialmente a partir de 2028. Diante desta realidade, uniram-se em torno de um movimento voltado para incentivar e apoiar esta renegociação, várias organizações da sociedade civil, entre as quais a Auditoria Cidadã da Dívida, juntamente com setores do judiciário e do Poder Legislativo estadual, onde se formou, em agosto de 2011, a Frente Parlamentar de Renegociação da Dívida do Estado, que tem como presidente o deputado Adelmo Carneiro Leão (PT-MG). Os resultados obtidos com este movimento, até o momento, indicam, apesar das resistências do governo federal a esta iniciativa, que alguns frutos finalmente poderão ser colhidos nesta questão, melhorando e fortalecendo a capacidade de financiamento de gastos do estado, essencial para descortinar melhores horizontes para a sociedade mineira. É a história desta dívida, bem como de suas consequências para a gestão financeira do estado e de suas implicações para a sociedade mineira, diante das limitações que os seus encargos colocam para o estado na provisão de bens públicos, que é contada no livro “Dívida Pública do Estado de Minas Gerais: a renegociação necessária” dos economistas Fabrício Augusto de Oliveira e Cláudio Gontijo, respectivamente vice-presidente e presidente do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais, patrocinado pelo Gabinete Parlamentar do deputado Adelmo Leão, com o objetivo de subsidiar e fundamentar as propostas para esta renegociação. Organizado em quatro capítulos, o livro analisa as condições de sua renegociação realizada no Governo Eduardo Azeredo (1994-1998), o qual conseguiu transferir seu ônus para o seu sucessor, assim como ocorreu com a dívida do Estado para com a CEMIG, acordada em 1995; as dificuldades enfrentadas pelo Governo Itamar Franco (1999-2002), que se defrontou com um cenário macroeconômico adverso e decretou uma moratória frustrada, em termos de ganhos financeiros para o estado; e sua trajetória nos Governos Aécio Neves e Antônio Anastasia, em que sua existência permaneceu praticamente encoberta pela cortina de fumaça que foi lançada sobre as contas do governo de Minas para não comprometer a ficção criada em torno de um suposto “déficit orçamentário zero”. Sua conclusão é a de que sem uma revisão radical dos termos e condições contemplados nos atuais contratos da dívida do Estado (tanto as dívidas com a União e com a CEMIG), este deve continuar marchando em passo batido rumo ao desastre financeiro. Por isso, a imperiosa necessidade de sua renegociação. Um livro que merece ser lido por todos aqueles que se preocupam com o presente e o futuro da economia e da sociedade mineira. Impresso Especial Rua Paraíba, 777 – Funcionários – CEP 30130-140 – Belo Horizonte - MG 9912208423/2008-dr/Mg Conselho de Economia de Minas Gerais - 10ª região COrrEIOS devolução garantida COrrEIOS 8 AGENDA ECONÔMICA | OuTubRO 2012