ESCOLA SUPERIOR TECNOLOGIA GESTÃO DE LEIRIA DEPARTAMENTO ENGENHARIA MECÂNICA DEFORMAÇÃO AÇO INOXIDÁVEL AUSTENÍTICO AISI 304 EM TRAJECTÓRIAS SIMPLES E COMPLEXAS Milena Maria Nogueira Vieira Outubro 2002 Objectivos - Estudo da microestrutura desenvolvida em trajectórias de deformação simples e complexas. - Observar desenvolvimento de micromaclas mecânicas: morfologia e nº de sistemas/grão a εmédios. - Compreender se a adaptação maclagem mecânica ao modelo de Taylor permite descrever o comportamento microestrutural. - Estudar comportamento trajectórias deformação (laminagem→tracção). mecânico em complexas Introdução - Conhecer aspectos físicos deformação ⇒ desenvolvimento leis descrevam comportamento. - Deformação plástica ⇒ evolução microestrutural e comportamento mecânico. - Escorregamento deslocações/Maclagem (certos CFC). - A EFE governa ≠s aspectos microestruturais. depende: a)composição (C, Ni, Cu ↑EFE; N, Mn, Cr, Co, Si ↓ EFE), b) temperatura (↓T ⇒ ↓EFE) e velocidade, c) taxa de deformação. - Cu (média EFE), macla a ↓T ↑ Vdefor. - Ag, ligas (latão, prata, aço inox aust.) (↓ EFE) maclam para ε ≅ 15%; Deslocações parciais (Parcial de Shockley) -Escorregamento deslocações: planos/direcções densas. - Nos CFC ({111}<110>) empilhamento át. do tipo ABC -Deslizamento de uma deslocação perfeita no 2º plano Efectua 2 deslizamentos em zig-zag ao invés de 1 ⇒ + favorável que subir os átomos camadas subjacentes. Deslocações parciais (Parcial de Shockley) r r r b1 → b2 + b3 a [110] → a [211] + a [12 1 ] , 2 6 6 2 b1 + b22 < bt2 En α b2 1 2 1 2 a ⇔ 3 < 2 a (energetic. favorável) r - As 2 parciais, com b no mesmo plano, a formar pequeno ângulo⇒repelem-se (interacções elásticas). Força de repulsão: - A separação das r r G (b2 • b3 ) F= 2πd parciais ⇒ falha de empilhamento, c/ En. característica: EFE (opõe-se afastamento. Modelo de Taylor - Cada grão sujeito deformação plástica homogénea = policristal: eij = εij εij, eij-Tensor deformações plásticas macroscópicas e locais. - Mínimo 5 sistemas escorregamento activos/ grão. - Preferida combinação com En. deformação mín (orientação cristal e trajectória ): Wmín = ( ∑(i) τ γ (i))mín (i) c - Factor de Taylor M de um grão: M= ( ∑ ( i ) γ ( i ) ) mín ε Modelo de Taylor Incluindo Maclagem En. deformação mínima [ W = τ e ∑ γ e( i ) + τ m ∑ γ m( j ) ] mín . [ = τ e ∑( γ e( i ) + αγ m( j ) ) τ = m α com τe . Factor Taylor [ M = ∑( γ e(i ) + αγ m( j ) ) ] mín . ] mín MATERIAL E MÉTODOS EXPERIMENTAIS Material - Aço inox austenítico (AISI 304), 2mm espessura - Composição química: Material C Cr Si Mn Sn Ni Cu P S Mo Co AISI304 0.05 18.14 0.37 1.53 0.017 8.07 0.27 0.032 0.002 0.27 0.27 - Grãos forma equiaxial, diâmetro médio ≈ 20µm. Ensaios Mecânicos - Trajectórias deformação simples: tracção e laminagem. - Trajectórias deformação complexas: laminagem→tracção. Observações por Microscopia Electrónica Transmissão. Observações por Microscopia Óptica. RESULTADOS EXPERIMENTAIS Microscopia Electrónica de Transmissão Tracção - Microestrutura Deslocações: distribuição deslocações uniforme, paredes deslocações rectilíneas, deslocações dissociadas e estruturas celulares pouco acentuadas. - ≠ do Cu e Al: as deslocações organizam-se paredes bem definidas que delimitam células onde ρ é baixo. 1µm Microestrutura deslocações desenvolvida grão com eixo 〈0 1 1〉 normal plano chapa após 10% deformação tracção. - 1as maclas aparecem 10-15%; - ↑ε⇒↑nº de grãos maclados - De modo geral observa-se desenvolvimento de 1 sistema; - Maclas dispersas ou sob a forma de feixes; - Algumas atravessam as fronteiras originando cortes na zona de ∩. 1µm Cortes fronteira grão provocados pelas maclas após 25% deformação tracção. - Em dois grãos observou-se o desenvolvimento de 2 sistemas maclas que não coexixtem, desenvolvem-se em zonas distintas do mesmo grão. 1µm Dois sistemas maclas desenvolvidos após 36% deformação tracção grão eixo 〈 0 1 1 〉 normal plano chapa. Laminagem - Microestrutura Deslocações não é muito ≠ da tracção. Então, aparentemente não depende do tipo de solicitação (≠ do Cu e Aço maçio) - Qto à maclagem parece existir um atraso no seu desenvolvimento em laminagem comparado com a tracção. 1µm Microestrutura deslocações desenvolvida grão eixo 〈013〉 normal plano chapa após 15% deformação laminagem. Laminagem→Tracção - Microestrutura Deslocações desenvolvida em trajectórias complexas (L→T) não difere, no essencial, do referido para a tracção. - Qto à maclagem observou-se uma evolução mais rápida quando existe pré-deformacão. 0,5µm desenvolvida grão eixo 〈011〉 normal plano chapa deformado tracção (ε=10%) após pré-deformação laminagem a εp=15%. Microestrutura Microscopia Óptica Confirmam os resultados obtidos nas observações por microscopia electrónica de transmissão. 10µm Maclas desenvolvidas durante tracção (ε = 36%). Comportamento Mecânico estudado em tracção simples e após pré-deformação σ (MPa) em laminagem 1500 1200 σeo σr 900 600 300 0 0 0,2 0,4 0,6 ε (MPa) - Após pré-deformação a εUT = εP + εR ≥ εUTr (≠ do que é habitual no Cu e Al). Orientações dos Sistemas activos observados experimentalmente A orientação dos sistemas activos observados são avaliados relacionando as orientações dos grãos e dos sistemas activos observados com a do eixo de tracção: D.T.(ε1) np β<0 ψ>0 β>0 [100] ≡ np’ (011) ≡ plano da chapa Representação esquemática de uma micrografia de um grão com eixo [011] normal ao plano da chapa. ψ: Caracteriza a posição de cada grão β: Caracteriza a orientação da normal aos traços dos planos activos. Orientação Sistemas Activos Calculados A orientação dos sistemas activos calculados são avaliados relacionando as orientações dos grãos e dos sistemas activos calculados com a do eixo de tracção: 100 111 101 110 111 111 011 011 011 111 111 101 β1 <0 ψ β 2 >0 110 111 100 β 3 >0 Τ ψ: Caracteriza a posição de cada grão β: Caracteriza a orientação da normal aos traços dos planos activos. Modelo de Taylor - Utilizou-se Modelo de Taylor para calcular sistemas escorregamento e maclagem activos. - Cálculo função da trajectória e orientação do grão em relação eixos macroscópicos de deformação. - O programa determina, para cada orientação do grão, a ou as combinações de 5 sistemas + favoráveis ponto de vista energético. - Separa as combinações em três casos distintos: caso1 - O escorregamento é o único mecanismo permitido. caso2 - Intervêm escorregamento e maclagem num só sistema. (α = τm/τe =1). caso3 - Permite-se escorregamento e maclagem livremente. (α = τm/τe = 1). Resultados do Modelo de Taylor Para os casos 1, 2 e 3: - Curvas que representam a evolução dos ângulos β em função de ψ para cada um dos quatro planos de escorregamento. - Curvas que representam a evolução da deformação de corte em função de ψ para cada um dos quatro planos de escorregamento. Caso 1 - Só Escorregamento 90 (111) 70 (111) β3 (111) a) 50 (111) β (º) 30 β2 10 -10 -30 (111) β1 -50 -70 β3 -90 0 10 20 30 40 50 (º) [211] ψ [100] 60 70 80 90 [011] [111] 3 2.5 b) 2 S (111) 1.5 (111) (111 1 (111) 0.5 0 0 10 20 30 40 ψ (º) 50 60 70 80 90 a) Evolução da orientação (β) da normal ao traço dos planos escorregamento activos em função da orientação grão (ψ). b) Evolução deformação de corte sE de cada plano escorregamento em função da orientação grão (ψ). Caso 2 (α =1) - Maclagem num só Sistema 90 (111) 70 (111) β3 (111) 50 (111) β (º) 30 β2 10 a) -10 -30 (111) β1 -50 -70 β3 -90 0 10 20 [100] 30 40 [211] ψ(º) 50 60 70 80 [111] 90 [011] 3 2.5 (111) 2 SM b) (111) 1.5 (111) 1 0.5 0 0 10 20 30 40 ψ(º) 50 60 70 80 90 a) Evolução da orientação (β) da normal ao traço dos planos maclagem activos (linhas espessas) em função da orientação grão (ψ). b) Evolução deformação de corte sM de cada plano maclagem em função da orientação grão (ψ). Caso 3 (α =1) - Maclagem em todos os Sistemas 90 (111) 70 (111) β3 a) (111) 50 (111) 30 β2 β (º) 10 -10 -30 (111) β1 -50 -70 β3 -90 0 10 20 [100] 30 [211] 40 ψ(º) 50 60 70 80 [111] 90 [011] 3 2.5 b) (111) 2 SM (111) 1.5 (111) 1 0.5 0 0 10 20 30 40 ψ(º) 50 60 70 80 90 a) Evolução orientação (β) da normal ao traço dos planos de maclagem activos (linhas espessas) em função da orientação grão (ψ). b) Evolução deformação de corte sM de cada plano de maclagem em função da orientação grão (ψ). Resultados Experimentais Evolução da orientação (β) das normais aos planos activos observados experimentalmente, em função da orientação do grão. 90 β3 (111) β2 (111) 70 (111) 50 β1 30 β (º) (111) 10 -10 -30 β3 -50 Tr(10%) Tr(25%) Tr(36%) L(15%) L(15%) (111) -70 -90 0 [100] 10 20 30 40 [211] ψ(º) 50 60 [111] 70 80 Tr(4%) Tr(10%) 90 [011] - A orientação dos planos de escorregamento e maclagem é muito próxima da orientação dos planos do tipo {111}. - ψ ≈< 20º não se observa maclagem: observam-se duas ou três famílias de paredes de deslocações. Está de acordo com o modelo de Taylor. - Grãos com orientações tais que ψ > 45º maclam. Evolução do factor de Taylor em função da orientação do grão (ψ) para os casos 1, 2 e 3. (α↓ → ε↑) 3.8 3.6 3.4 α = 1 ,1 . 3.2 M 3 2.8 2.6 2.4 caso 1 caso 2 caso 3 2.2 2 0 10 20 30 40 ψ 50 60 70 80 90 3.8 3.6 3.4 3.2 α = 1 ,0 M 3 2.8 2.6 2.4 caso 1 caso 2 caso 3 2.2 2 0 10 20 30 40 ψ 50 60 70 80 90 3.8 3.6 3.4 3.2 3 M α =0,866 2.8 2.6 2.4 caso 1 caso 2 caso 3 2.2 2 0 10 20 30 40 ψ 50 60 70 80 90 - ψ ≈ <15º: M baixos e inferiores a cerca de 2,5; Zonas “macias”; Prevê-se que facilmente a τEF atinge τC desses sistemas. Deformação preferencialmente por escorregamento de deslocações. (a maclagem ocorre tardiamente) - ψ > 45º: M altos e superiores a 3,0; Zonas “duras”; Difícil à τEF atingir τC desses sistemas. Activação de um segundo mecanismo de deformação: a maclagem mecânica. (solução que Taylor prevê mais favorável). - Maclagem num sistema ou maclagem livre: Taylor: prevê + favorável maclar em + do que 1 sistema. Observações experimentais: aparecimento de 1 sistema. Maclagem Num Só Sistema ⇒ Encruamento mútuo entre sistemas maclagem qdo coexistem mesma região. ⇒ O trabalho plástico p/ deformar policristal é↑ qdo ∃ interacções locais entre maclas diversos sistemas. ⇒ τm para activar 1 plano de maclagem < para activar +1 plano de maclagem: explica os resultados (um único sistema de maclagem )em aço inoxidável austenítico e em latão (εm). Conclusão: É lícito apontar a solução designada por caso 2 como a que melhor se adapta ao comportamento observado. (pelo menos até ε que ocorrem em ensaios de tracção). No mesmo sentido aponta o facto por nós observado: 2 sistemas de maclagem ≠s não coexistem, são observados em zonas distintas do grão. Em Resumo ⇒ α: condiciona os mecanismos de deformação. ⇒ τm: aparentemente tem valores diferentes consoante coexistem ou não na mesma região vários sistemas de maclagem. ⇒ Estas diferenças não foram até agora consideradas no modelo de Taylor adaptado à maclagem. Caso 3: será solução preferida para ε↑. CONCLUSÕES 1 - Microestrutura deslocações do aço AISI 304 deformado à Tamb ≠ materiais CFC de alta (alumínio) e média (cobre) EFE. 2 - Inicialmente, deformação por escorregamento deslocações. A partir 10%-15% aparece o 1º sistema maclagem e só mais tarde o 2º sistema (não coexistem mesma região a ε < 36%). As maclas aparecem dispersas ou sob a forma de feixes paralelos, por vezes cortando fronteiras de grão. 3 - Evolução + rápida da microestrutura maclagem desenvolvida quando existe pré-deformação laminagem. 4 - Modelo Taylor limitado a 12 sistemas de escorregamento + 1 sistema de maclagem parece o mais adequado p/ descrever comportamento deste aço 5 – Uma pré-deformação em laminagem aumenta a deformação total uniforme. (≠ doque é habitual).