UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS FÍSICAS E MATEMÁTICAS
DEPARTAMENTO DE FÍSICA E MATEMÁTICA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO NO ENSINO DE FÍSICA
ILHAS DE RACIONALIDADE: UMA ALTERNATIVA PARA
O ENSINO DE FÍSICA
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11■11.M...111
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Eleani Bettanin
Prof. Dr. José de Pinho Alves Filho
1111=1110..MIMIN
Orientador
Monografia apresentada no Curso de Especialização
Eni Ensino de Física na UFSC, corno requisito
parcial para obtençãodo titulo de
Especialista em Ensino de Física.
Florianópolis (SC)
2001
To\
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS FÍSICAS E MATEMÁTICAS
DEPARTAMENTO DE FÍSICA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE FÍSICA
"Ilhas de racionalidade: uma alternativa para
o ensino de Física"
Monografia submetida ao Colegiado do
Curso de Especialização em Ensino de
Física do Centro de Ciências Físicas e
Matemáticas em cumprimento parcial para a
obtenção do MLA() de Especialista em
Ensino de Física.
APROVADA PELA COMISSÃO EXAMINADORA em 26/04/2001
Dr. José de Pinho Alves Filho - Orientador
Dra. Sonia Maria S.C. de Souza Cruz - Examinador
Prof. Dr. Mauricio Pietrocola
Coordenador CCEEF/CFIVUUFSC
6
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-CaPt\À
Eleani Bettanin
Florianópolis, Santa Catarina, abril de 2001.
II
Dedico este trabalho aos
meus alunos por serem eles a
razão da minha busca de
conhecimentos
e
por
não
terem medido esforços no
desenvolvimento dos
trabalhos.
III
AGRADECIMENTOS
Gostaria de expressar minha profunda gratidão:
- A minha família pelo incentivo nos momentos de desânimo e pelo apoio nas
horas dificeis.
Aos professores do Curso de Aperfeiçoamento pela dedicação e pelo
-
aprendizado: Sônia Peduzzi, Luiz Peduzzi, Demétrio Delizoicov,
Arden
Zylberstajn, Nelson Canzian, José André Angotti, Terezinha de Fátima
Pinheiro, José de Pinho Alves Filho, Mauricio Pietrocola de Oliveira e Erika
Zimmermann.
-
secretária do curso, Sandra, pelo carinho no atendimento.
Em especial aos professores José de Pinho Alves Filho
meu professor
orientador pela dedicação e ik Terezinha de Fátima Pinheiro que mesmo não
sendo minha orientadora esteve sempre presente me apoiando.
-
As colegas e amigas de trabalho, Antônia e Carmem pelo incentivo e ajuda.
Aos colegas de curso, especialmente a Janete, Rosana, Agnes, César e
Adriano, pela amizade e companheirismo.
IV
SUMARIO
II
Dedicatória
Agradecimentos
Sumário
III
Iv
Resumo
INTRODUÇÃO
01
Capitulo
1.1 — Transposição Didática, Contextualização e a Interdisciplinaridade no
Ensino de Fisica
03
1.2 — Alfabetização Cientifica e Técnica
07
1.3- As Ilhas Interdisciplinares de Racionalidade
1.4 — Etapas para a construção de uma Ilha de Racionalidade
11
13
Capitulo 2
2.1 — Desenvolvimento do Projeto
18
Capitulo 3
3.1 — Andlise
Considerações Finais
Bibliografia
30
35
37
RE SUMO
Este trabalho, tem por objetivo a aplicação de uma metodologia de trabalho
relacionada ao ensino da Física, diferente da tradicional. Essa metodologia se refere a
aplicação de projetos, a qual Gerard Fourez denomina de Ilha Interdisciplinar de
Racionalidade na perspectiva de uma Alfabetização Cientifica e Técnica, sendo que na
sua construção são envolvidos saberes de várias disciplinas (interdisciplinaridade) e
também os saberes da vida cotidiana. Para Fourez a construção de uma Ilha de
Racionalidade é um meio de promover um ensino capaz de propiciar ao aluno o
desenvolvimento de uma certa autonomia.
Também trás a construçdo de um modelo de Ilha Interdisciplinar de
Racionalidade, sobre o tema alto-falantes, aplicado numa turma do ensino médio.
INTRODUÇÃO
No último século, o conhecimento cientifico tem permitido um avanço
tecnológico que possibilita às pessoas um nível de vida nunca antes alcançado.
Devido esse avanço, faz-se necessário por parte do aluno a aquisição de
conhecimentos
científicos-tecnológicos para possibilitar
sua
inserção na
sociedade contemporânea. No entanto, é comum nas escolas, o ensino da Física
continuar sendo tratado como um mero treinamento para aplicação de fórmulas
na resolução de problemas abstratos, sem a devida contextualização; ou seja, o
ensino da Física é predominantemente voltado para o conhecimento cientifico,
como se todos os alunos estivessem sendo preparados para seguir a carreira
cientifica.
No entanto, existe uma diversidade com relação as idéias das carreiras a
seguir, o que determina a necessidade de uma mudança metodológica no ensino,
não só de Física, mas também nas demais Areas da ciência. Trabalhar a Física
voltada somente para o conhecimento cientifico é fazer com que ocorra, nos
alunos, após alguns anos um esvaziamento do que aprenderam.
Há algum tempo vem se discutindo a nível nacional e estadual' a
necessidade de mudança nos pressupostos metodológicos dos conteúdos, que
permita ao professor fazer inovações no programa de ensino fortemente
marcado pelo tradicionalismo. Lamenta-se que estas propostas não tenham
ainda saído do papel, ou seja, que não estejam sendo aplicadas pelos
profissionais da área.
Para explicar a "omissão" frente estas propostas costuma-se usar a
desculpa de que o problema está nos baixos salários da classe, fazendo com que
os professores tenham uma sobrecarga de aulas e na falta de recursos no que se
refere a laboratórios e bibliotecas. Além destes problemas citados, um outro
No âmbito nacional tem-se os PCNs(F'arametros Curriculares Nacionais) e a nível estadual a Proposta
Curricular.
2
dos
fator que certamente influencia esta omissão diz respeito à formação
os
professores. A maior parte das universidades continua formando
profissionais da educação pelo método tradicional e estes por sua vez, depois de
formados, trabalharão da mesma maneira que aprenderam. Isso se confirma no
qual
estudo realizado por Zimmerman (1997), com alguns professores, no
conclui que o curso de formação dos mesmos envolve uma grande quantidade
objetivo
de conteúdos desconectados das outras Areas de conhecimento, com o
pouca ou
apenas de cobrir o máximo possível o conteúdo de Física dando
nenhuma atenção às aplicações deste conhecimento.
Por outro lado, é muito comum ouvir professores afirmarem que os alunos
no se interessam pela Física e que os mesmos ndo conseguem fazer a relação
razões é
entre o conhecimento cientifico e o cotidiano. Acredita-se que uma das
a forma como se trabalha a Física.
Para mudar essa "imagem" do ensino da Física, o primeiro capitulo deste
trabalho, apresenta uma proposta metodológica que parte de elementos do
cotidiano e a partir desses elementos é criado um modelo para explicação que,
a
além de manter contato com os modelos científicos, permite ao aluno
de
compreensão da realidade. Para ocorrer esta aproximação entre o ensino
de Ilhas
ciências e o cotidiano, Gerard Fourez (1997) propõe a construção
Interdisciplinares de Racionalidade na perspectiva de uma Alfabetização
Fourez,
Cientifica e Técnica. As Ilhas de Racionalidades propostas por
geralmente se fazem em torno de uma questão, ou de uma situação, para a qual
se define um projeto e contextos específicos.
No segundo capitulo, relata-se a construção de Ilha de Racionalidade
sobre alto-falante, partindo da questão: "Quais os alto-falantes adequados para
a instalação de um sistema de som em um automóvel?" A qual desenvolveu-se
Estadual
numa turma de 3 a série do ensino médio, com 30 alunos, do Colégio
aos
José Marcolino Eckert de Pinhalzinho, na perspectiva de apresentar
profissionais da área uma metodologia alternativa ao ensino tradicional.
No terceiro capitulo é feita uma análise do trabalho desenvolvido
destacando os resultados e dificuldades encontrados no decorrer da aplicação
desta nova metodologia.
3
CAPÍTULO 1
1.1 - TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA, CONTEXTUALIZAÇÃO E
INTERDISCIPLINARIDADE NO ENSINO DE FÍSICA
o ensino de Física no Brasil, historicamente, tem sido dirigido
unicamente através do livro didático. Sendo que a falta de um continuo
aperfeiçoamento dos educadores e a deficiente formação acadêmica dos
mesmos faz com que busquem, exclusivamente, as respostas no livro didático
permitindo que este substitua, muitas vezes, a sua ação pedagógica.
No entanto, os conteúdos encontrados nos livros didáticos são resultados
de processos de transformações dos conhecimentos produzidos pelos cientistas,
transformações estas denominadas por Chevallard de Transposição Didática.
Transposiçâo Didática é entendida como um
processo, no qual um conteúdo do saber tendo
sido designado como saber a ensinar quando
sofre, a partir dai, um conjunto de transformacôes
adaptativas que o levam a tomar lugar entre os
objetos de ensino. O trabalho em tornar um
objeto de saber a ensinar em objeto ensinado
denominado
de
Transposição Dideitica.
(Chevallard, apud Pinho, 2000: 219),
Em outras palavras, a Transposição Didática é o trabalho de fazer um
objeto de saber produzido pelo cientista (saber sábio) ser objeto do saber
escolar (saber a ensinar).
Ao contrário do que se pensa, a Transposição Didática não faz somente
uma simplificação dos códigos científicos com o intuito de aproximá-los dos
iniciantes, mas sim, profundas transformações.
o processo de transformação do conhecimento começa a acontecer no
saber produzido pelos cientistas, o "saber sábio". Este sofrerá transformações
para chegar a ser o conteúdo escolar. O saber sábio passa, então, a constituir de
4
forma modificada o saber a ensinar, encontrado nos programas e livros
didáticos.
Ao chegar na Escola, o saber a ensinar, na forma de programas e livros
didáticos, no significa que sell apresentado ao aluno desta forma. Ocorre aqui
uma nova transformação, do saber a ensinar para o saber ensinado, aquele que
realmente acontece em sala de aula.
Essas transformações ocorrem devido a pressões exercidas por certos
grupos, a noosfera. Dentre outros, integram a noosfera os pesquisadores ou
cientistas, os autores de livros didáticos, o poder politico, o curriculo, os
especialistas, os professores e os pais.
A Transposição Didática faz com que o saber sábio passe por um
processo de despersonalização, dessincretizaçáo e descontextualizavilo até se
tornar um conteúdo escolar.
despesonalização ocorre na maioria das publicações cientificas. "É um
processo durante o qual ocorre a perda do contexto original de sua produção(Pinho, 2000:226). O saber se torna anônimo, ou seja, perde a dimensão dos
problemas que o pesquisador estava inserido, tudo que
é de humano
desaparece.
dessincretização é bastante evidente no saber a ensinar onde o saber é
publicado em pequenas doses.
abstraída toda e qualquer vinculaçâo com o
ambiente epistemolágico no qual ele se originou,
passando a reconstituir-se em um novo contexto
epistemolágico".
Pinho, 2000:226)
Na descontextualização do saber, há uma supressão da história em que a
pesquisa estava vinculada, ou seja, o problema particular que pretendia resolver
não é considerado,
"para permitir
uma
reorganização
e
reestruturaçâo de um novo saber, intrinsecamente
diferente do saber sábio que lhe serviu de
referência. Esta reelaboraçâo do saber, resulta
em uma configuração dogmática, fechada,
5
ordenada, cumulativa e
de certa
.forma,
linearizada". (Pinho, 2000:226).
Os resultados obtidos da descontextualização passam se prestar a uma
generalização.
A descontextualizaçáo provoca no aluno um desinteresse por parecer que
a ciência trata de assuntos que interessam somente aos cientistas e que ele, o
aluno, não o usará para nada.
O conhecimento cientifico é sempre construido a partir de um problema
que se busca resolver, e a solução desse problema se baseia não só nos
conhecimentos de uma Area mas de várias Areas de conhecimento.
Nessas transformações que ocorrem com o saber sábio até chegar aos
livros didáticos, o conhecimento cientifica é apresentado de forma fragmentada
e desconsidera o fato de que este conhecimento ganhou significado no interior
de uma estrutura teórica, a qual é fundamental para que o aluno consiga ver que
há relação entre o que estuda na escola e o mundo em que vive, evitando assim,
o desinteresse pelo conhecimento cientifico e consequentemente a dificuldade
na aprendizagem.
Nas escolas, costuma-se fazer referência a situações concretas, mas não
com o intuito de que os modelos científicos ajudem a resolvê-las, e sim, porque
etas contribuem para a compreensão dos conceitos e modelos cientificas. Para
que o aluno consiga ver a ligação entre o conhecimento cientifico e a realidade,
o saber ensinado deve manter uma relação com a realidade, isto 6, deve ser
contextualizado.
"0 tratamento contextualizado do conhecimento
o recurso que a escola tem para retirar o aluno da
condição de espectador passivo. Se bem
trabalhado permite que, ao longo da transposição
didática, o conteúdo do ensino provoque
aprendizagens significativas que mobilizem
o
aluno e estabeleçam entre ele e o objeto do
conhecimento uma relação de reciprocidade.
contextualizaceio evoca por isso áreas, âmbitos ou
dimens5es presentes na vida pessoal, social e
cultural" (PCNs, 1999:91).
Nesta perspectiva, para o aluno deixar de ser espectador passivo, o
conteúdo escolar deve ser relacionado com sua vida, o seu cotidiano. Tomamos
como exemplo o tema do nosso projeto: alto-falantes.
Se trabalharmos o
Eletromagnetismo somente através do conhecimento cientifico encontrado nos
livros didáticos, o aluno ndo conseguirá relacionar este conteúdo com o
funcionamento de um alto-falante.
Trabalhar a Física da maneira transposta nos livros didáticos sem fazer
relação com o contexto do cotidiano do aluno é tornar o ensino sem significado
para ele. Ao contrário, se fizermos esta relação, conseguiremos promover nele
aprendizagens significativas.
A proposta Curricular de Santa Catarina também se manifesta a favor da
contextualização do ensino quando ressalta que essa
"permite à escola trabalhar melhor com seus
alunos os conteúdos fundamentais
do
conhecimento universal e da cultura tecnológica,
de que eles necessitam" (Proposta Curricular,
1998:140).
Além da contextualização é importante também que se trabalhe de forma
interdisciplinar.
"A interdisciplinaridade utiliza conhecimentos de
várias disciplinas para resolver um problema
concreto ou compreender
um
determinado
fenômeno sob diferentes pontos de vista." (PCNs,
1999:36).
Nas situações que precisamos resolver, no nosso cotidiano, não o fazemos
usando somente saberes de uma única disciplina. Por isso a necessidade de se
valorizar a questão interdisciplinar no trabalho docente. Se trabalharmos na
escola de forma interdisciplinar, o aluno conseguirá melhorar, no seu cotidiano,
o uso dos conhecimentos na resolução de problemas tomando decisões mais
7
conscientes e precisas. Mesmo a comunidade cientifica não consegue resolver
uma situação detendo-se apenas a uma área de conhecimento.
Fourez (1997), também defende o uso do método interdisciplinar para o
ensino e diferencia o método disciplinar do interdisciplinar, dizendo que
enquanto os métodos disciplinares privilegiam as normas implícitas ou
explicitas produzidas pelas comunidades cientificas; no método interdisciplinar
não há normas disponíveis para saber que ponto de vista privilegiar: trata-se de
uma decisão que se negocia sobre a área de atuação.
Coloca ainda que
a interdisciplinaridade adquire sentido quando
relacionada a um projeto.
E também aponta para a produção de uma
representação teórica apropriada numa situação precisa e em função de um
projeto determinado (Fourez, 1997).
1.2 - ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA E TÉCNICA
A Alfabetização Cientifica e Técnica é uma maneira de enfrentar
questões interdisciplinares através de projetos, evitando assim a fragmentação e
a descontextualizaçdo do conteúdo que ocorre nos livros didáticos,
e
despertando o interesse dos alunos pelo conhecimento cientifico. Fourez (1997)
propõe como estratégia pedagógica para tratar o ensino de ciências, a
construção de Ilhas de Racionalidade na perspectiva de uma "Alfabetização
Cientifica e Técnica" (ACT).
Fourez (1997) distingue a ACT do movimento Ciência, Tecnologia e
Sociedade (CTS). O enfoque CTS está voltado
para uma formação que
proporcione aos alunos uma educação cientifica, e que permita envolver temas
decorrentes da influência da Ciência e Tecnologia na vida cotidiana para sugerir
ações práticas e ações locais. A ACT se volta mais para a promoção da
autonomia do individuo. Para Fourez, embora a realidade designada por ambos
seja a mesma, ele julga que a ACT não questiona o lugar das ciências e das
tecnologias na sociedade, enquanto o movimento CTS o faz, mesmo que de
maneira implícita. Embora acreditamos que quando um indivíduo adquire a
8
autonomia ele seja capaz de questionar o lugar das ciências e das tecnologias na
sociedade mesmo sem ter trabalhado especificamente para que isso acontecesse.
Dessa
forma, partindo de problemas do cotidiano,
e usando
conhecimento de várias disciplinas (interdisciplinaridade) para a elaboração de
teorizações, a Alfabetização Cientifica e Técnica imporia uma forma diferente
de Transposição Didática. Na qual não se valorizaria apenas uma única área do
conhecimento disciplinar da esfera do saber sábio. Esse perderia espaço pelo
saber que consegue gerar soluções práticas evitando assim a fragmentação do
conhecimento cientifico que tem nos livros didáticos. Com isso o aluno passa a
ver como importante o conhecimento cientifico, pois esse serve como forma de
interpretação do mundo que o cerca.
A discussão sobre a Alfabetização Cientifica e Técnica surge da
necessidade de se ter uma certa familiarização com as ciências e a tecnologia
para viver no mundo de hoje. Também como uma resposta à crise do ensino
tradicional das ciências que se mostra ineficiente, principalmente, para os
estudantes que não seguem uma carreira cientifica. Neste sentido, considera-se
a ACT como uma tentativa de renovação do ensino de ciência, bastante atraente
e promissora.
Para entender o que é a ACT e detalhar as posturas da sociedade com
relação a este tema podemos considerar o que a Associação dos Professores de
Ciências dos Estados Unidos (NSTA) expôs numa declaraçá.'"o 2 feita nos anos
80. Para eles, uma pessoa alfabetizada cientifica e tecnicamente deve ser capaz
de:
•
"Utilizar conceitos cientificos
valores
e saberes
para
e integrar
adotar decisões
responsáveis na vida cotidiana;
•
Compreender que a sociedade exerce um
controle sobre as ciências e as tecnologias, tanto
quanto estas imprimem suas marcas na sociedade;
2
Extraída de Fourez, 1997:25
9
▪
Compreender que a sociedade exerce um
controle sobre as ciências e as tecnologias
através das subvenc5es que eia lhes concede;
•
Reconhecer tanto os limites como a utilidade
das ciências e das tecnologias no progresso do
bem-estar humano;
•
conhecer os principais conceitos, hipóteses e
teorias cientificas e ser capaz de aplicá-los;
•
apreciar as ciências e as tecnologias pela
estimulação intelectual que elas promovem;
•
compreender que a produclio de saberes
cientificos depende às vezes de processos de
pesquisas e de conceitos teóricos;
•
saber reconhecer a diferença entre resultados
cientificos e opiniões pessoais;
•
reconhecer
a origem da ciência
e
compreender que o saber cientifico é provisório e
sujeito a mudanças de acordo com a acumulação
de resultados;
•
compreender as aplicações das tecnologias e
as decisões implicadas em sua utilização;
•
possuir suficiente saber e experiência para
apreciar o valor da pesquisa
e
do
desenvolvimento tecnológico;
•
extrair de sua formação cientifica uma visão
de mundo mais rica e interessante;
•
conhecer as fontes válidas de informação
cientifica e tecnológica e recorrer a elas quando
tiver que tomar uma decisdo".
Fourez acrescenta a essas orientações mais uma, por observar o pouco
espaço concedido à história na visão da NSTA. Na opinião dele uma pessoa não
pode estar alfabetizada cientifico e tecnicamente se não é capaz de "ter uma
10
certa compreenseto do modo corno as ciências e as tecnologias foram
produzidas na história" (Fourez, 1997:36).
Considerando estas finalidades, a Alfabetização Cientifica e Técnica
firma os seus objetivos na negociação. A capacidade de negociação está
vinculada ao conhecimento do individuo. Conhecendo terá capacidade de tomar
decisões frente às situações naturais e ou sociais. Em outras palavras, a ACT
deve fornecer ao indivíduo conhecimentos para que ele possa explorar o seu
próprio mundo e integrar-se as nossas sociedades cada vez mais sofisticadas.
Para que o indivíduo tenha capacidade de negociar é necessário que ele
tenha:
) autonomia com relaçdo ao conhecimento, para que seja capaz de
tomar decisões razoáveis frente a uma situação problema, sem ficar
totalmente dependente do conhecimento dos especialistas ou de
receitas prontas;
b) capacidade de comunicar-se com os outros a respeito do assunto,
dialogando ou debatendo.
Para isso, é necessário que tenha
conhecimento do assunto e capacidade de construir teorias. Do
contrário, terá que seguir receitas prontas, as quais dizem o que fazer
sem deixar lugar para o debate;
c) e um certo domínio, pois conhecer implica em ter responsabilidade
frente a situações concretas.
Por exemplo, na compra de um computador, o indivíduo deverá conhecer
o mínimo necessário sobre a máquina, como: o espaço do disco rígido,
II
velocidade do processador, memória ram necessária, conexão com rede,
resolução do monitor, moden, etc. Se ele não tiver esse mínimo de
conhecimento ficará totalmente dependente do vendedor (especialista), e
acabará escolhendo o computador ou pelo preço ou pela sugestão do vendedor.
Por isso, para que o individuo seja alfabetizado cientifico-tecnicamente,
ele deverá obter o conhecimento cientifico para saber quando recorrer aos
especialistas, sem ficar totalmente dependente dele
e poder tomar certas
decisões no seu cotidiano com maior autonomia.
1. 3 - AS ILHAS INTERDISCIPLINARES DE
RACIONALIDADE
0 contato do aluno com o conhecimento cientifico na escola têm sido
predominantemente através das ciências disciplinares, e isso tem despertado
pouco ou nenhum sentimento de interesse ou de satisfação por ndo haver, na sua
visão, relação com a sua vida. Por isso torna-se necessário buscar outra maneira
de aproximar os alunos das questões cientificas.
Sempre que se precisa resolver uma determinada situação se torna
necessário criar um modelo multidisciplinar da situação.
Construir esses
modelos é essencial para compreender as situações e poder atuar sobre elas.
Além do conhecimento proveniente de diversas disciplinas, para a construção
desses modelos, são necessários saberes da vida cotidiana. A construção desses
modelos e o que Fourez denomina Ilha Interdisciplinar de Racionalidade.
Uma Ilha de Racionalidade "visa produzir urna representação teórica
apropriada em uma situação precisa e em função de um projeto determinado -
(Fourez, 1997: 121), permitindo comunicar e agir sobre o assunto. Na
elaboração dessa representação teórica da situação os conhecimentos cientifico s .
e tecnológicos não são separados.
Elaborar Ilhas de Racionalidade não significa descobrir uma nova teoria,
mas sim "inventar uma teorização" adequada a situação problema. Conforme
Fourez uma Ilha de Racionalidade pode ser de dois tipos.
12
- As que se organizam em torno de uma noção. Essa se parece mais
com as perspectivas cientificas tradicionais, por no se inventar uma
representação da noção, mas sim usar uma representação multidisciplinar já
estruturada ao longo do tempo.
Ex.: noção sobre energia.
2°- As que se organizam em torno de um projeto. É a que visa
proporcionar a invenção de uma representação para uma situação problema.
Ex.: como proceder para a instalação elétrica de uma residência.
Uma Ilha de Racionalidade poderá ter diferentes soluções, dependendo
do grupo em que o projeto é desenvolvido. No caso do exemplo sobre a
instalação elétrica de uma residência, o resultado da Ilha poderá ser diferente se
for desenvolvido numa turma do ensino médio ou se for desenvolvido numa
turma de alunos do curso de técnico eletricista.
Ao se construir uma Ilha de Racionalidade, surgirão questões especificas
ligadas a determinado conhecimento que poderão ou não ser respondidas
dependendo do caso. Essas questões são chamadas de caixas pretas. Abrir essas
caixas pretas significa obter modelos que possam relacionar fatos conhecidos,
gerando explicações. Assim, quando se usa um telefone não é necessário
conhecer o funcionamento do aparelho: trata-se de uma caixa preta. Também,
se pode usar a noção de virus para falar da AIDS sem se preocupar em saber o
que é um virus. O conceito de virus nesse caso é um exemplo de caixa preta.
Saber quando e como abrir ou não uma caixa preta é essencial para a
Alfabetização Cientifica e Técnica. Por exemplo: o que é preciso saber sobre as
normas técnicas quando se faz uma instalação elétrica numa residência?
o uso das caixas pretas está relacionado com os pré-requisitos ligados ao
projeto que se pretende desenvolver. Como, no desenvolvimento do projeto, se
parte de uma situação problema é importante definir o que se precisa conhecer
de uma teoria ou de um modelo para se resolver inteligentemente a situação
proposta.
13
1. 4 - ETAPAS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ILHA DE
RACIONALIDADE
Para a construção de uma Ilha de Racionalidade seguem-se algumas
etapas. Estas se constituem numa seqüência de procedimentos sugeridos para
facilitar e delimitar o desenvolvimento do trabalho em sala de aula, evitando
que se torne muito abrangente e no se atinja os objetivos propostos pela Ilha
de Racionalidade.
As etapas apresentadas a seguir, ndo necessariamente devam ser seguidas
ao pé da letra. Isto significa que algumas delas podem ser suprimidas, incluidas
outras ou ainda modificada a seqüência, de maneira que possam ser adaptadas
ao projeto que está se desenvolvendo. Assim também, o tempo de duração de
cada etapa é determinado pela equipe que desenvolve o projeto.
I- Fazer um Clichê da Situação Estudada
Clichê é um conjunto de perguntas que se faz com o grupo, no qual se
desenvolve o projeto. Estas expressam as concepções e as dúvidas iniciais do
grupo com relação á situação abordada. Pode ser considerada como uma
problematização inicial. É o ponto de partida da pesquisa. Por meio dele se
levantará todos os tipos de questões desde as mais gerais a outras mais precisas.
Nesta etapa pode-se ainda optar pela exposição de um técnico, ou ainda, pela
desmontagem de um aparelho a estudar, quando for o caso.
Exemplo de questões que podem ser feitas sobre a situação proposta
anteriormente, como proceder para fazer uma instalação elétrica numa
residência: Por que se usa fio de cobre nas instalações elétricas e não outro
metal? Como se consegue obter energia elétrica? Desde quando o homem usa
energia elétrica na residência? Quais os efeitos do choque no organismo
humano? Como proceder quando alguém leva um choque? Pode-se usar fio da
mesma espessura para a instalação de um chuveiro e de uma lâmpada? Como
funciona uma usina hidrelétrica? A usina hidrelétrica provoca algum tipo de
poluição ao meio ambiente?
14
2- Panorama Espontâneo
Etapa na qual se busca aumentar o cliché através da formulação, pelo
professor e pelos alunos, de outras questões relevantes, relacionadas com o
projeto a ser desenvolvido e que não foram levantadas no primeiro clichê
Nesta etapa ainda não se apela aos especialistas. E constitui-se das
seguintes ações:
-
Listagem dos autores envolvidos
Considerando que seja uma atividade de sala de aula, os atores poderiam
ser os alunos e os professores de uma determinada série do ensino médio.
Também poderia ser ampliado, explicitando outros atores, cuja atividade se
relaciona a situação.
- Pesquisa de normas e condições impostas pela técnica
Levantamento das normas de utilização do ponto de vista técnico ou
comercial bem como as normas definidas pela cultura. No caso em questão,
poderia se levantar as normas quanto às instalações elétricas residenciais.
- Lista dos Jogos de interesse e das tensões
São levantados questionamentos das vantagens e desvantagens, valores,
escolhas relacionadas ao problema proposto pelo projeto.
Exemplo de tensão: o conforto que a energia elétrica proporciona e o
perigo que pode gerar quando não se toma certos cuidados.
- Listagem das caixas pretas
decidir quais as caixas pretas que se pode abrir, para fazer um estudo
mais aprofundado. A escolha das caixas pretas que deverão ser abertas
dependerá do contexto e do projeto.
Exemplos de caixas pretas sobre a situação proposta: corrente alternada,
corrente continua, geradores, associação de resistores em série, associação de
resistores em paralelo, condutores e isolantes, normas de instalação, efeitos do
choque elétrico no organismo humano, poluição causada pelos diferentes tipos
de usinas, etc..
15
- Lista de bifurcações
Uma bifurcação "designa um momento em que o autor social tem que
fazer opção entre dois caminhos, duas estratégias" (Fourez, 1997:115). Muitas
destas seleções sdo técnicas, mas algumas têm dimensão ética.
- Lista de especialistas e especialidades pertinentes
Tem por objetivo aprofundar as informações necessárias e corrigir
representações equivocadas dos membros das equipes. Para cada caixa preta
pode corresponder um especialista.
Exempla de lista: médicos, engenheiros, historiadores, sociólogos,
professores de algumas disciplinas (fisico, biólogo), etc...
3- Consulta Aos Especialistas E Às Especialidades
Quando se desenvolve um projeto, nem sempre os membros da equipe
conseguem esclarecer ou discutir a respeito de determinado assunto, envolvido
na situação. Podendo haver necessidade de consultar especialistas para
esclarecimento das dúvidas estabelecidas. A equipe do projeto define quais
serão os especialistas que serão consultados. Para a escolha dos especialistas
fundamental observar dois critérios: a situação e o projeto a ser desenvolvido e
os objetivos escolares. É uma etapa longa pois corresponde ao periodo de
abertura das caixas pretas.
4- Indo À Prática
Etapa de aprofundamento sobre a situação proposta. Este é definido pelo
projeto e pela equipe que o desenvolve. Nesta ocorre um confronto entre a
própria experiência e as situações concretas. Deixa-se de pensar sobre a
situação para confrontá-la com a prática. Esta etapa pode ser trabalhada de
várias maneiras: entrevistar uma pessoa, leitura de textos explicativos,
desmontar um equipamento, etc.
16
5- Abertura Aprofundada De Algumas Caixas Pretas E Descoberta De
Princípios Disciplinares Que São Base De Uma Tecnologia
Nesta etapa, ié o momento da proposta que se pode trabalhar uma
disciplina especifica, a base original de tratamento do assunto que se pretende
examinar. Caracteriza-se pelo estudo mais aprofundado de algum ponto
abordado pelo projeto presente na abertura de caixas pretas. Isto pode
acontecer com a ajuda ou não de especialistas. A abertura das caixas deve estar
condicionada ao contexto, ao projeto, aos produtores e destinatários da ilha de
racionalidade.
alfabetização cientifico-técnica é o objetivo principal desta proposta, a
qual busca a autonomia dos individuos, frente ao mundo cientifico-técnico em
que vivem, e portanto, mesmo fazendo apelo às disciplinas especificas
tradicionais, é preciso escolher estratégias que privilegiem esta orientação.
Nesse sentido, questões de natureza cultural também podem se constituir em
caixas pretas passíveis de abertura.
Ex.: Sociólogo para falar dos problemas sociais causados pela saída dos
proprietários das terras quando da construção de usinas, eletricista para alertar
sobre os cuidados que se deve ter com a energia elétrica, biólogo para falar do
efeito causado no meio ambiente com a construção de usinas, médico para
explicar como proceder quando alguém leva um choque elétrico, etc.
6- Esquematização Global da Tecnologia
Esta etapa pode consistir, especialmente da elaboração de uma síntese do
objeto da ilha de racionalidade. Pode ser um resumo ou uma figura, a partir da
qual se possa dar uma representação teórica da situação.
7- Abrir Algumas Caixas Pretas Sem A Ajuda De Especialistas
Todos construímos explicações para situações do cotidiano, mesmo sem
saber todos os conceitos científicos e técnicos envolvidos. Essas construções
provisórias são de extrema importância, pois produzem o sentimento de
autonomia frente ao cotidiano.
17
No nosso cotidiano existem situações que exigem de nós uma tomada de
decisão concreta, que envolve vários fatores interdisciplinares,
com
possibilidade de consulta a especialistas. Como nem sempre temos especialistas
disponíveis, deve-se incentivar os alunos a construir Ilhas de Racionalidade
para poder resolver tais situações de maneira autônoma.
Desta forma, a construção de modelos aproximados deveria ser um
objetivo educacional a ser perseguido na escola. A partir explicações iniciais
pode-se trabalhar de forma a aprofundar esse modelo inicialmente criado.
8- Síntese Da Ilha De Racionalidade Produzida
Nesta etapa, pode se sintetizar, seja oralmente, ou num resumo escrito, a
ilha de racionalidade que se construiu em funçao de um projeto em que se
cruzam elementos variados de maneira objetiva. Para tanto, Fourez coloca que
quatro questões devem ser respondidas:
a) "O que estudamos ajuda-nos a "negociar" com o mundo tecnológico
examinado?
b) Ele nos deu uma certa autonomia no mundo cientifico-técnico na sociedade
em geral?
c) Em que os saberes obtidos nos ajudam a discutir com mais precisão quando
da tomada de decisões?
d) Em que isto nos dá uma representação de nosso mundo e de nossa história
que nos permite melhor situar-nos e fornecer uma real possibilidade de
comunicação com os outros"? (Fourez, 1997: 121).
18
CAPÍTULO
2.1 - DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
o projeto foi
aplicado, numa classe de terceira série do ensino médio, do
turno matutino, composta por 30 alunos, de uma escola da rede pública estadual
de ensino, o Colégio Estadual José Marcolino Eckert de Pinhalzinho. As
atividades envolvendo os alunos se estenderam por dois meses, no final do ano
de 2000. Foram ocupadas três aulas semanais de 45 minutos cada.
Como a turma escolhida foi uma terceira série, na qual se estuda
Eletricidade e Eletromagnetismo, a situação problema a ser proposta deveria
estar relacionada ao conteúdo da série. Optamos então pelo tema alto-falantes
por considerar o assunto atraente para a faixa etária dos alunos, também por ter
sido, a potência dos aparelhos de som, um assunto muito questionado e
discutido no decorrer do estudo de Eletricidade.
As razões para a escolha dessa turma para a aplicação do projeto levaram
em conta, aspectos como:
•
Ser uma turma muito ativa, com "sede" de aprender coisas novas e gostar
de desafios.
• Ter trabalhado com eles desde a primeira série do ensino médio, nas
disciplinas de Matemática e Física.
• Ter maior tempo disponível, durante o dia, para a pesquisa e a consulta a
alguns especialistas e também por ter acesso A. tecnologia (interne°.
A priori, nossa expectativa quanta às caixas pretas que os alunos listaram
estão demonstradas no esquema a seguir:
19
• Função básica
do
amplificador
Normas
técnicas
Normas
jurídicas
•
•
•
•
•
História
Campo magnético
Eletroimã.
Corrente alternada
Corrente continua
Partes do altofalante
Projeto
ALTO-FALANTE
•
•
•
•
Potências dos alto-falantes,
•
distribuição dos alto-falantes no
•
•
Tipos de alto-falantes
Freqüências dos alto-falantes
Funcionamento do
ouvido
Poluição sonora
Problemas de
audição
._
automóvel
A aplicação do projeto teve inicio no dia 29 de setembro de 2000,
conforme as etapas descritas abaixo:
Etapa Zero: Apresentação do Problema
Chamamos de etapa zero, a proposição da situação problema, ao grupo.
Fourez não contempla como sendo uma etapa, a proposição do problema. Porém
consideramos que esta já faz parte do desenvolvimento. Por esse motivo a
chamamos de etapa zero.
20
Para as finalidades da investigação foi proposta a seguinte situaçdo
problema: "Quais os alto-falantes ideais para a instalação de um sistema de
som num automóvel?.
l a Etapa: Clichê
Feita a proposição da situação problema à classe, foi solicitado que cada
aluno anotasse as dúvidas ou curiosidades a respeito do tema. A opção desse
procedimento foi para que o aluno se sentisse mais à vontade para se expressar.
Após o recolhimento, as questões foram negociadas e compartilhadas com os
alunos, sendo em seguida relacionadas no quadro, compondo a seguinte lista:
1) Como chega e como se transforma o som no alto-falante?
2) Qual o alto-falante que dá mais som, o retangular ou o circular?
3) Quais os componentes de um alto-falante?
4) 0 tamanho do ima tem a ver com a potência do alto-falante?
5) Por que (alguns) alto-falantes são colocados dentro de caixas?
6) Como é o funcionamento do alto-falante?
7) 0 que é impedância?
8) Do que é feita a bobina e para que serve?
9) Quando surgiram os alto-falantes?
10)0 que faz um alto-falante ser mais potente que o outro?
11)Para que serve o imã no alto-falante?
12)Porque não se pode abrir os alto-falantes (manuais)?
13)Como o eletroimã faz para transformar corrente elétrica em som?
14)Por que precisa da textura para liberar o som? (paneldo)?
15)Todos os tipos de som (grave, agudo, ...) saem no mesmo alto-falante?
16)Como funciona o aparelho auditivo?
17)Para que serve cada material que compõe o alto-falante?
18)Um alto-falante pode receber todas as freqüências sem ser danificado?
19)Existe diferença entre alto-falante de aparelhos de som e dos instalados em
automóveis?
20)Existe algum regulamento para a intensidade do som automotivo?
21
21)Um alto-falante funciona
se ligarmos diretamente a corrente elétrica
fornecida pela bateria?
22)Por que alguns alto-falantes usam fibra óptica?
23)0 que significa potência RMS, potência MUSICAL e potência PMPO? Qual
delas é mais confidvel?
24)Para que serve um amplificador?
25)Qual é a relação que existe entre potência e SPL (nivel de pressão sonora —
decibéis)?
26)Como se pode distribuir os alto-falantes dentro de um automóvel para que o
som seja de boa qualidade?
27)Como se determina a potência de um alto-falante?
Após o levantamento dessas questões, o que seria necessário sabermos
para respondermos a situação proposta, considerando também as perguntas
elaboradas no cliché. Os alunos destacam os itens: partes de um alto-falante,
funcionamento do alto-falante, tipos de alto-falantes, potência de um altofalante, impedância, amplificador, ondas sonoras, distribuição dos alto-falantes
no interior do automóvel. Em conjunto, agrupamos algunsitens num só, como
por exemplo, potência de um alto falante, impedância, distribuição dos altofalantes no interior do automóvel em tipos de alto-falantes. Como os itens
destacados pelos alunos foram todos voltados para a disciplina de Fisica,
mesmo havendo no clichê questões que contemplam a interdisciplinaridade.
Acabamos induzindo os alunos para a importância de conhecermos a respeito de
outros assuntos além dos relacionados à Fisica, para podermos tomar decisão
frente à situação proposta. Sendo assim acrescentamos os tópicos: ouvido
humano, as normas técnicas e a história do alto-falante. Ficando, então: ouvido
humano, partes e funcionamento do alto-falante, ondas sonoras, amplificadores,
história e normas técnicas, tipos de alto-falante. Feito isso, a turma dividiu-se
em seis grupos, cada um ficou responsável por um tópico. Aproveitamos nesse
momento para estabelecermos a ordem de apresentação, assim determinada:
1 - História e Normas Técnicas (Equipe HNT)
2 - Ouvido Humano (Equipe OH)
▪
22
3 - Funcionamento do alto-falante (Equipe FAF)
4 - Ondas sonoras (Equipe OS)
5 — Amplificadores (Equipe AM)
- Tipos de alto-falante (Equipe TAF)
Cada equipe disponibilizará de um período de 45 minutos, o equivalente
a uma aula, para expor o seu conteúdo. Os trabalhos começariam a serem
apresentados a partir do dia 20 de outubro, ficando duas aulas do dia 19 de
outubro
para se organizarem.
Nesse intervalo de tempo
enquanto eles
realizavam algumas etapas do projeto como atividade extra classe, continuamos
a seqüência de conteúdos do programa com a parte do Eletromagnetismo: a
experiência de Oersted; o campo magnético num condutor retilíneo, na espira
circular, no solenóide; o eletroimã e suas aplicações; o motor elétrico; e o
gerador de corrente alternada.
Para desenvolvimento dessas aulas foram
realizadas algumas experiências e como base teórica foi usado o livro de
Beatriz Alvarenga volume único. (totalizando 6 aulas).
Etapa: Panorama Espontâneo
Listagem dos autores envolvidos
Quando definido os temas, relacionamos
envolvidas no nosso projeto.
- os alunos
-
a família
-
os professores (Biologia, Física)
-
os técnicos e donos de eletrônicas
-
consumidores
as pessoas que estari am
fonoaudióloga
-
delegado de policia (poder judiciário)
Pesquisas de normas e condições impostas pela técnica
Em pesquisa na internet o grupo responsável pelas normas técnicas
consegue entre outras, as normas técnicas de construção do alto-falante e de
caixas acústicas, bem como os dados que devem estar especificados no alto-
23
falante e os que devem ser especificados em documentos que devem estar
disponíveis ao usuário antes da compra.
Também através de pesquisa na Delegacia de Policia da Comarca de
Pinhalzinho (nosso município), conseguiu-se uma cópia da portaria que
regulamenta a intensidade do som permitido em automóveis, quais os horários e
locais que é permitida a propaganda de rua e a intensidade máxima do som
permitida.
Listagem das caixas Pretas
Com o grupo dividido em equipes, cada uma das equipes com o assunto
determinado. Fez-se um levantamento das caixas pretas relacionadas ao projeto:
-
normas técnicas
-
normas jurídicas
-
campo magnético
-
eletroimã
-
potência de um alto-falante
-
freqüência do som
-
corrente alternada e corrente continua
-
funcionamento do ouvido humano
-
funcionamento do alto-falante
-
efeitos que a alta intensidade do som provoca no organismo
-
características das ondas sonoras
- tipos de alto-falantes
- distribuição dos alto-falantes no automóvel
-
impedância
-
utilidade dos amplificadores
- partes do alto-falante
Esses itens são considerados como caixas pretas porque a compreensão
dos mesmos é essencial para a compreensão e resolução da situação problema
proposta.
Linhas de bifurcagejes
N
Como alguns itens são bastante abrangentes, determinamos o que
deveríamos priorizar em cada um deles.
Nas ondas sonoras, definição de ondas sonoras e as características do
-
som.
-
os tipos de alto-falantes e como são instalados nos automóveis.
-
como se processa o som no ouvido, as partes do ouvido, o que causa
os ruídos ao ouvido.
Lista dos especialistas e especialidades pertinentes ao desenvolvimento do
projeto sobre alto-falantes.
Na terceira etapa, os grupos decidiram como desenvolveriam o projeto e
que especialistas seria pertinente consultar, os quais foram relacionados abaixo:
-
biólogos
-
físicos
-
técnicos em eletrônica
-
internet
-
delegado de policia
-
fonoaudióloga
-
fabricantes de alto-falantes
3a Etapa: Consulta aos especialistas e is especialidades
Nesta etapa cada equipe decide quais os especialistas serão consultados.
Fica decidido que a equipe OH consultará uma fonoaudiáloga e biólogo; as
equipes TAF, FAF e AM consultarão técnicos em eletrônica e física; a equipe
OS consultará um grupo musical e um físico; a equipe HNT o poder judiciário.
Todas as equipes usarão também a internet como fonte de pesquisa.
4a Etapa: Indo à prática
Nesta etapa os grupos partem para a pesquisa junto aos especialistas, a
bibliotecas, a internet, para esclarecimento das dúvidas, bem como em busca de
material para leitura e posterior apresentação em classe. Também examinaram
um alto-falante. Equipamento em estudo.
25
5a Etapa: Abertura aprofundada de algumas caixas pretas e descoberta de
princípios disciplinares que sAo base de uma tecnologia
Para a abertura das caixas pretas, cada equipe apresentou sua parte da
pesquisa colocando-se a disposição, no final da apresentação, para possiveis
dúvidas.
A partir da apresentação do segundo grupo, a coordenação dos trabalhos
do projeto, por sugestão do professor orientador e aceitação do grupo, foi
passada para um grupo de alunos. Esta atitude foi importante, pois aumentou a
responsabilidade de decisão do grupo. O que é fundamental para a tomada de
decisão. No anexo I encontramos a ata elaborada pela equipe que coordenou os
trabalhos.
As apresentações ocorreram num total de 7 aulas. Na apresentação do
trabalho as equipes FINT e AM explanaram o assunto para os demais com
auxilio de transparências. Os pontos mais enfatizados foram as normas técnicas
de construção do alto-falante, as normas sobre intensidade do som permitido no
som automotivo, e a função básica do amplificador.
A equipe OH fez uso de uma fita de video da coleção Superinteressante:
Ouvido, Som e Equilíbrio, (Vol. 7) e também transparências para complementar
a apresentação. Foi explicado como o som se propaga no ouvido humano, as
partes do ouvido, os danos causados pela poluição sonora ao ouvido e os efeitos
dos mesmos no organismo humano, formas de proteção, tempos de exposição
máximo a uma determinada intensidade para não prejudicar a audição.
A equipe FAF, levou um alto-falante para a sala desmontou para mostrar
as partes e explicar o funcionamento, com auxilio de transparência.
A parte de ondas sonoras centrou-se mais nas características das ondas
sonoras., Usando instrumentos musicais de cordas e tubos sonoros para mostrar
as diferentes alturas do som, ou seja, para diferenciar o som grave do som
agudo.
Por último teve a apresentação da equipe dos tipos de alto-falantes e a
instalação do sistema de som num automóvel. Essa equipe usou o automóvel de
um dos participantes da equipe. Nesta parte da apresentação eles colocaram,
26
isoladamente, cada tipo de alto-falante funcionando para mostrar a diferença
entre eles, mostraram também a distribuição dos mesmos no automóvel e
porque são distribuídos dessa forma. Também falaram sobre impedância
(resistência) , sobre a diferença entre as potências: Potência Nominal, RMS
(Root Mean Square); Potência Nominal de Pico Operacional (PMPO); e a
Potência Musical.
Ao final da apresentação do último grupo, ficou decidido que na aula
seguinte far-se-ia uma espécie de resumo onde cada equipe usaria um espaço
de tempo correspondente a 5 minutos para expor os tópicos mais importantes
da sua parte pesquisada. Também disponibilizariam um resumo da parte
pesquisada para o restante da turma.
6a Etapa: Elaborando uma síntese da "Ilha de Racionalidade" produzida.
partir do resumo de cada equipe, produziram-se algumas sinteses
como: seminário, teatro, compilação do material elaborado pelas equipes,
panfleto informativo para os consumidores.
Para desenvolvimento dessas sinteses a turma foi novamente redividida.
As novas equipes deveriam ser composta pelo menos por um membro de cada
equipe anterior. A opção por esta atitude é para que ocorresse uma socialização
do conhecimento adquirido e também para que o conhecimento não se tornasse
fragmentado, em que cada aluno só saberia a parte que havia pesquisado. Para
elaboração das sínteses propostas o aluno deveria ter conhecimento do todo.
1 ° grupo: Apresentação do seminário: "ALTO-FALANTES"
o seminário foi apresentado
no dia 27 de novembro, para quatro turmas
do Colégio sendo: uma 8 a série; duas primeiras séries e uma segunda série do
ensino médio. Neste seminário foram abordados todos os temas pesquisados e
apresentados em sala de aula. Foram utilizados dois períodos de 45 minutos.
Um dos membros da equipe faz a abertura do seminário contando sobre o
desenvolvimento do projeto e da importância em repassar o que aprenderam.
Dando continuidade ao seminário falaram sobre: a história dos alto-falantes;
ondas sonoras que se detiveram mais em definir o que é uma onda sonora e as
27
características usando instrumentos de sopro (tubos sonoros) para diferenciar
um som grave de um som agudo; para o funcionamento do alto-falante usaram
um alto-falante desmontado
e transparências para mostrar as partes e o
funcionamento, para o ouvido humano usaram transparências para explicar a
propagação do som no ouvido e também falaram dos problemas causados ao
ouvido quando exposto por muito tempo a ambiente com ruídos intensos e na
finalização do seminário falaram sobre os tipos de alto-falantes e suas posições
de instalações no automóvel.
Nessa última parte houve uma dificuldade na apresentação, pois a turma
era grande
e nem todos conseguiram acompanhar
as explicações
e
demonstrações quando mostrados no automóvel.
No anexo II encontram-se algumas fotografias da apresentação do
seminário.
2 ° grupo: Apresentação do teatro
o teatro foi apresentado no dia 25 de novembro, para três séries iniciais
do ensino fundamental, duas 4 a séries e uma 3 a , estando presente um total de 80
crianças. No teatro foram destacados mais intensamente dois pontos: o perigo
de ficar exposto a um som de elevada intensidade e os efeitos que os mesmos
causam no organismo e o funcionamento do alto-falante.
A decisdo de apresentar o teatro para as séries iniciais se deve ao fato de
uma professora, mãe de um aluno, ter conhecimento do desenvolvimento do
projeto. Estando ela preocupada, não só com o seu filho, mas também com as
outras crianças dessas turmas, por ouvirem música numa intensidade elevada e
não aceitarem os conselhos dos pais. Acabou pedindo para a turma se não
poderiam usar partes deste projeto e repassar de alguma forma para os
pequenos.
maior
dificuldade enfrentada por esta equipe foi transpor
didaticamente a explicação do funcionamento do alto-falante de um nível de
saber do Ensino Médio para o nível de compreensão de uma turma de 4' série.
Usaram , como auxilio, para fazer essa transposição, os livros de ciências da zia
série da Coleção Marcha Criança - Editora Scipione e da Coleção Quero
28
Aprender - Editora ;Mica, para terem uma noção da forma que se trabalhava a
eletricidade e o magnetismo com essa série.
Para avaliar a reação dos alunos, podemos destacar três momentos:
Antes da apresentação de teatro estavam impacientes para que
começasse, continuavam pedindo se demoraria muito para o inicio
-
Durante a apresentação um silêncio total, todos prestaram atenção.
-
Após a apresentação a satisfação e a mudança de hábito dos alunos,
percebido pelas professoras, quanto ao volume dos aparelhos de som,
chegando a haver cobrança entre eles.
Uma das mensagens que se tentou passar aos alunos é a importância de
usar os conhecimentos científicos adquiridos na escola para mudar certas
atitudes no dia a dia. O que mostra, na peça teatral, o filho
com um
comportamento de não dar ouvidos ao que estava aprendendo na escola e nem
com a opinião dos pais, e ao assistir a palestra muda o seu comportamento e se
dispõe a ajudar a conscientizar, distribuindo panfletos, outras pessoas. No
anexo III encontra-se o roteiro da peça teatral, o panfleto distribuído no final do
teatro e algumas fotografias da apresentação.
3 0 grupo: Compilação do material produzido pelas equipes.
Com
o resumo
do material elaborado pelas equipes durante
o
desenvolvimento do projeto, montou-se uma apostila. Esta apostila foi deixada
na biblioteca do Colégio Estadual José Marcolino Eckert como fonte de
pesquisa para os alunos.
4 0 Grupo: Panfleto Instrutivo para Consumidores
Elaborou-se um panfleto com o objetivo
de fornecer algumas
informações para os consumidores que desejam instalar um sistema de som em
seu automóvel. Esse panfleto é um modelo de material para ser deixado nas
eletrônicas e fornecido aos consumidores.
intenção da equipe não foi fornecer ao consumidor uma receita pronta,
mas fornecer subsídios para que ele não fique totalmente dependente do técnico
em eletrônica (especialista).
29
No anexo IV encontra-se o modelo do panfleto.
Fourez cita em seu trabalho, como visto anteriormente, oito etapas na
construção de uma Ilha Interdisciplinar de Racionalidade, mas também
considera a possibilidade de alterações nas mesmas dependendo do projeto a ser
desenvolvido. Sendo assim no desenvolvimento do projeto sobre alto-falantes,
duas dessas etapas foram "eliminadas" as correspondentes à sexta etapa,
esquematizando a situação pensada e a sétima etapa, abrir algumas caixas pretas
sem a ajuda de especialistas.
Na verdade as caixas pretas que não necessitaram do auxilio de
especialistas para serem abertas, foram abertas pelos próprios alunos na
apresentação dos trabalhos na quinta etapa, sendo assim podemos dizer que as
etapas quinta e sétima se fundiram numa só. O mesmo ocorre com a sexta etapa
a qual fundiu-se com a oitava, fazendo a síntese do projeto num único
momento.
30
CAPÍTULO 3
3.1 - ANALISE DO TRABALHO DESENVOLVIDO
As Ilhas de Racionalidade, como já nos referimos, dividem-se em dois
grupos: as que se organizam em torno de um projeto e as que se organizam em
torno de uma noção. O nosso trabalho mostra a construção de uma Ilha de
Racionalidade em torno de um projeto, que parte da situação problema: "quais
os alto-falantes ideais para a instalação de um sistema de som num
automóvel?".
Com o tema alto-falante, desenvolvemos um projeto, que partindo de
elementos do cotidiano, do universo do aluno, conseguimos formular princípios
gerais da Física. Tornando o aprendizado cientifico mais significativo, mesmo
para os alunos cujo futuro profissional não depende diretamente da Física. E
partindo de uma questão do cotidiano com enfoque interdisciplinar,
conhecimento cientifico no foi apresentado de forma fragmentada
o
e
desconectada da realidade.
Também fizemos
com que, através de construção de Ilhas de
Racionalidade, os alunos compreendessem que o conhecimento cientifico pôde
auxiliá-los na compreensão de situações do cotidiano vivenciadas por eles. E
que contribuiu para ele na tomada de decisões frente a uma situação.
Na parte mais especifica de Física, com essa metodologia diferente da
tradicional, conseguimos despertar o interesse do aluno para o conhecimento
cientifico.
Através da construção da Ilha Interdisciplinar de Racionalidade sobre
alto-falantes, os alunos conseguiram entender a interdependência dos
fenômenos magnéticos e elétricos; compreender os fenômenos magnéticos;
reconhecer o efeito magnético da corrente; compreender superficialmente o
comportamento do ouvido humano com relação à sensibilidade; identificar os
parâmetros envolvidos com rendimento acústico e pressão sonora resultante;
identificar a relação entre potência especificada e potência dissipada pelo alto-
31
falante e estabelecer a relação entre as potências RMS, PMPO e MUSICAL;
conhecessem os diferentes tipos de alto-falantes.
Por ser uma metodologia de trabalho que difere da tradicional, os alunos
não foram avaliados por provas. Julgamos interessante optar por uma avaliação
que se adequasse a essa metodologia adotada. Sendo assim, contemplando os
objetivos da ACT, ou seja, dominio, comunicação, autonomia. Cada aluno foi
avaliado sob os seguintes aspectos:
-
Participação na apresentação da primeira parte;
- Participação na equipe na primeira parte e na elaboração das sinteses;
-
Qualidade das colocações;
-
Contribuição para a equipe.
Na realização do trabalho foram observados pontos positivos como: a
unido e a cooperação no grupo e entre grupos. Na etapa da pesquisa e consulta a
especialistas houve muita troca entre grupos, de material de pesquisa e
informações. Quando, por exemplo, a equipe que pesquisava sobre a história do
alto-falante encontrava material que interessava a qualquer outra equipe, esse
era coletado e entregue a equipe interessada.
Além da disciplina de Física, com essa série, também trabalhamos a
disciplina de Matemática, sendo esta preferida pela maioria dos alunos. No
entanto, durante a aplicação do projeto sentimos essa preferência se inverter
chegando a ser difícil trabalharmos a disciplina de Matemática, pois durante
todas as aulas os alunos questionavam sobre o projeto, com o intuito de
solucionar algumas de suas dúvidas. A equipe do funcionamento do altofalante, passou a levar um alto-falante desmontado para as aulas e ficavam
analisando as partes deixando de participar totalmente da aula. Isso comprova
um certo interesse por parte dos alunos por essa metodologia de trabalho.
Os alunos souberam o momento de recorrer aos especialistas, bem como
quando deveriam buscar uma segunda opinião. Na pesquisa, não se detiveram a
uma bibliografia apenas, fizeram comparações entre elas para posteriormente
elaborar um modelo. Todos os tópicos pesquisados tinham tendência a uma
grande abrangência, no entanto, eles souberam discernir o que era importante
saber para resolver a situação.
32
Para a apresentação, usaram vários recursos como auxilio, dentre eles:
transparências, cartazes, fita de video, instrumentos musicais, alto-falante, e um
automóvel. Todos os membros das equipes estavam bem preparados, todos
falaram, conseguindo responder no final da apresentação, as dúvidas do grupo.
No final, optamos pela elaboração de diferentes sinteses, com o objetivo
de facilitar a análise da eficácia do projeto e também porque para a elaboração
das mesmas, todos deveriam ter conhecimento do todo, não ficando assim
restrito a uma parte somente.
Durante o desenvolvimento do projeto percebemos algumas dificuldades
e alguns pontos que atrapalharam o bom andamento do trabalho. Esses pontos
serão expostos a seguir:
Nossa insegurança por não conhecer o suficiente sobre o tema sobre altofalantes, também por ser a primeira aplicação de um projeto interdisciplinar, fez
com que limitássemos ao máximo as caixas pretas a serem abertas com receio
de que se não fizéssemos o projeto se tornaria muito abrangente e com isso não
conseguiríamos obter um bom resultado. Se tivéssemos mais conhecimentos
poderíamos ter questionado mais os alunos e aprofundado mais alguns tópicos.
Por não termos conhecimento suficiente, ou seja, por não sabermos a resposta
da situação problema, julgamos necessário colocarmo-nos
conhecimento do aluno
ao nível de
e pensarmos em quais conhecimentos seriam
necessários buscarmos para podermos resolver a situação problema proposta
pelo nosso projeto. Acreditávamos que quando adquiríssemos conhecimento
suficiente para poder negociar a situação problema os alunos também o teriam
adquirido.
Concordamos com Fourez quando escreve que para embarcar num
projeto de Alfabetização Cientifica e Técnica não pode fazer-se às pressas, e
que não se pode lançar-se a tal projeto sem preparação (Fourez, 1997). Para
desenvolver um projeto, o professor, deverá ter formação numa epistemologia
renovada (construtivista); ter participado pelo menos uma vez de um projeto
interdisciplinar; conhecer o modo do pensamento tecnológico, ou seja saber
como pensa um engenheiro, um médico; saber a finalidade do ensino cientifico,
ou seja, saber por que, em vista de que e para quem se ensina.
33
0 ideal, é conhecer de forma mais aprofundada a proposta de Fourez
sobre a construção de Ilhas de Racionalidade na perspectiva de uma
Alfabetização Cientifica e Técnica. E também ter um bom conhecimento do
tema do projeto a ser desenvolvido para ter maior segurança na aplicação e
obter melhores resultados.
Não ter tido
a oportunidade para nos
reunirmos
e planejarmos,
juntamente com os demais professores da turma. E fazermos um trabalho em
conjunto abrangendo de alguma forma todas as disciplinas, na aplicação do
projeto. Após a apresentação do seminário em conversa com a professora de
Artes, que o assistiu, colocou que se conhecesse melhor o projeto poderia ter
trabalhado com os alunos a evolução histórica do alto-falante; a teoria musical;
frases rítmicas; a exploração de várias possibilidades sonoras: do corpo,
objetos, sons naturais e sons artificiais organizados; exploração de personagens
teatrais com sons e gestos.
Outro ponto falho foi não termos feito uma análise final com o grupo de
alunos para sabermos como eles sentiram a mudança de metodologia, saber na
opinião deles se é valido este tipo de trabalho, os pontos positivos na visão
deles, as falhas e o que poderia ter sido diferente.
Todo o trabalho desenvolvido levou um período de dois meses desde a
apresentação da proposta até o final, incluindo a apresentação do seminário e do
teatro. Esse período é um período muito longo, começa a se tornar cansativo
para os alunos, o ideal seria um período de aproximadamente um mês.
época do ano também não foi muito favorável, pois os alunos estavam
divididos entre o desenvolvimento do projeto e a preocupação em ter conteúdos
disciplinares para prestar a prova do vestibular.
Fourez coloca os quatro objetivos gerais da Alfabetização Cientifica e
Técnica: a autonomia, a comunicação, domínio e a negociação em forma de
questões que ao final do desenvolvimento do projeto devem ser respondidas
para se ter uma idéia da abrangência da Ilha de Racionalidade:
a) "O que estudamos nos ajuda a "negociar"
com o mundo tecnológico examinado?
34
b) Ele nos deu uma certa autonomia no mundo
cientifico-técnico na sociedade em geral?
c)
Em que os saberes obtidos nos ajudam a
discutir corn mais precisão quando da tomada de
decisões?
d) Em que isto nos dá uma representação de
nosso mundo e de nossa história que nos permite
melhor situar-nos
e
fornecer uma
real
possibilidade de comunicação com os outros?
(Fourez, 1997:121)".
Um dos objetivos, citado por Fourez é a autonomia. Para atingirmos este
objetivo faz-se necessário termos algum conhecimento sobre determinado
assunto, sem depender totalmente dos especialistas e de receitas prontas. No
caso do nosso projeto, acreditamos que o conhecimento que adquirimos seja
suficiente para negociarmos frente a situação proposta.
Outro objetivo é a comunicação essa, esteve presente em todos os
momentos do desenvolvimento. Na apresentação inicial das partes, na
apresentaçdo do seminário e do teatro teve uma comunicação oral, enquanto que
na síntese, e no panfleto houve uma comunicação escrita.
Concluímos, portanto que com a aplicação deste projeto interdisciplinar
os alunos adquiriram uma Alfabetização Cientifica e Técnica
35
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse trabalho teve o propósito de mostrar uma nova metodologia a qual
favorece a aproximação dos alunos a um conhecimento cientifico-técnico que
envolve ao mesmo tempo o conhecimento cientifico
e o seu cotidiano.
Metodologia esta que supera as habituais dos cursos de Física (que mostram o
conhecimento cientifico como sendo uma verdade pura e onde se privilegia a
resolução de problemas), incorporando um trabalho interdisciplinar.
mudança na prática pedagógica certamente requer muito esforço, pois
trabalhar no tradicionalismo onde
neutralidade política, desconhecendo
o
professor adota uma postura de
as práticas sociais
e usando uma
pedagogia conservadora, em que os conteúdos são apenas repassados, é mais
não requer muito conhecimento e nem esforço. No entanto, está nas mãos
dos profissionais da educação, em grande parte, a mudança do quadro social
que se vive hoje.
Sendo assim a ação do professor deverá ser voltada para que o ensino de
Física proporcione ao aluno à compreensão da realidade que o cerca, não
somente abordando os fatos científicos, como também oferendo condições para
que ele possa tomar posição com relação a esses fatos.
A Proposta Curricular de Santa Catarina deixa uma abertura, no que diz
respeito aos pressupostos metodológicos dos conteúdos de ciências, permitindo
ao professor inovações no programa de ensino corroido pelo tradicionalismo e
pelo positivismo encontrado.
Pelos resultados conferidos através de observações, durante o
desenvolvimento do projeto, acredita-se que a construção de "Ilhas de
Racionalidade" é uma possibilidade de melhoria para o ensino de Física. Ao
deixar de trabalhá-la de forma disciplinar em que se privilegiam conceitos
científicos não relacionados com situações do cotidiano e passar para um ensino
que privilegia uma formação que o possibilite situar-se culturalmente frente às
ciências e as tecnologias, e a negociar frente às situações do seu cotidiano, sem
ficar totalmente dependente de especialistas, a formação deixará de ser voltada
somente para os que seguirão a carreira cientifica e passa se prestar a uma
36
formação mais geral, ou seja, a formação passa a ser significativa para todos os
alunos independentemente da profissão que escolher seguir. Isso fará com que o
aluno se engaja no ensino de Física por haver relação entre este e a realidade
vivenciada por ele.
Sendo assim a Alfabetização cientifica
e Técnica, proposta neste
trabalho, surge como uma alternativa para o curriculo de ciências no sentido de
dar significado e eficácia à educação cientifica.
37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Alfabetización Cientifica V Tecnológica. Acerca de las
finalidades de la ensehanza de Ias ciencias. Buenos Aires- Argentina:
FOUREZ,
G.
Ediciones Colihue, 1997.
PARAMETROS CURRICULARES NACIONAIS, MEC. 1999
PERRELI, M. A . A Transposição Didática no campo da indústria cultural.
Dissertação de mestrado — CED, 1996.
PIETROCOLA M. ,NEHRING, C., SILVA C., TRINDADE J., LEITE R.,
PINHEIRO T., 2000 "As ilhas de racionalidade e o saber significativo: o
ensino de ciência através de projetos", Ensaio, UFMG, Belo Horizonte,
2000 (no prelo).
PINHEIRO, T.F. Um exemplo de construção de uma Ilha de Racionalidade em
torno da noção de energia. ata eletrônica VII EPEF, 2000.
—
PINHO ALVES, J. Atividades Experimentais: Do Método à Prática
Construtivista Tese de Doutorado UFSC, Florianópolis 2000.
—
PROPOSTA CURRICULAR de Santa Catarina. Florianópolis: COGEN, 1998.
ZIMMERMANN, E. Mode los de Pedagogia de Professores de Física:
Características e Desenvolvimento UFSC, Florianópolis, SC, 1997.
—
ANEXO I
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ANEXO II
1 — Público que assistiu o seminário.
2 — Com o uso de transparência, explicando o funcionamento do alto-falante.
3 — Aluno explicando sofre os efeitos dos ruídos no ouvido humano.
4 — A explicaçao dos diferentes tipos de alto-falantes encontrados num.automóvel.
5 — Continuação da explicação dos tipos de alto-falantes.
6 — O aluno mostrando os alto-falantes instalados na porta do automóve l
ANEXO III
ROTEIRO DO TEATRO
ELENCO
Vó Jucelita
Filho- Josué
Mãe - Florinda
Pai — Genivaldo
Palestrante — Prof. Geraldo
Alunos — Todos
I CENA
Cenário: Sala de uma casa
Filho - (ouvindo um som com elevada intensidade — canta junto)
V6 - chega e toca a campainha várias vezes .... e o neto não houve)
Mie - (sai do quarto furiosa, diminui o volume) - Chega V6, não repare, a .... é sempre
assim, o som sempre neste volume. A gente não conversa mais nesta casa.
Vá —Bom dia!
(as duas sentam e, tomando um suco conversam)
Vá t, com isso tem que cuidar. Lembra do teu pai que por causa do trabalho dele
naquela fábrica, os ruidos, foi ficando surdo.
Mãe t, o pai não usava os equipamentos de segurança e olha que a fábrica oferecia.
Trinta anos trabalhando no meio daqueles ruidos, só podia trazer algumas
conseqüências. Mas estou preocupada com o meu filho, que não quer ouvir os
conselhos dos que têm maior experiência,..
( a Vó vai embora dizendo que precisa passar e retirar a sua aposentadoria e faz um
comentário sobre a miséria que é a aposentadoria e que a mesma não dá pra nada. Em
seguida a saída da avó a mãe continua varrendo a casa ).
ii CENA
Cenário — Sala de uma casa
Mãe conversando com o filho)
Mie — Filho, diminui o volume do som. Você quer ficar com o mesmo problema do seu
avô? Não é só ruído no trabalho que pode causar surdez. Música com volume alto,
com o passar do tempo, também causa surdez.
Filho Ah mãe, não enche! Isso é coisa de velho, da idade (sai)
III CENA
Cenário — sala e cozinha de uma casa
( pai chega do trabalho com o folder que recebeu de um grupo de alunos na volta do
trabalho — o pai e a mãe conversam:)
Mie Genivaido, hoje eu tive uma discussão com o Josué. Eu quis alertar ele dos
problemas que o som de grande intensidade. Sabe como são os jovens, nem ouviu
e saiu.
Pai — Voltando do trabalho, uns alunos me entregaram um panfleto, que fala os
cuidados que temos que ter com o som.
(o mesmo panfleto entregue para os alunos no final do teatro, usa alguns dos itens e cita
para a esposa).
( entra o filho)
Mãe — quem tinha que ler esse panfleto era você, Josué. o filho olha o panfleto)
Filho — Mãe, não agüento mais esse assunto, é em casa, na escola. Ontem ficamos
falando a aula inteira de Física sobre o som, o alto-falante, e hoje vai ter uma
palestra lá no colégio.
( a mãe convida os dois para sentarem A. mesa e almoçarem e continuam comentando
sobre o assunto, em seguida o filho sai para ir à escola)
Iv CENA
Cenário — auditório da escola
(na escola a palestra)
O Professor fala sobre o funcionamento do alto-falante como funciona o nosso ouvido
incluindo os problemas de audição.
aqui são feitos alguns questionamento pelos alunos que fazem parte do grupo teatral
que estão sentados na platéia, para facilitar o entendimento do assunto).
São feitas perguntas como:
- O que é bobina?
-
Se furar o tímpano a pessoa fica surda?
-
Qual a parte do ouvido é danificado quando o som é muito intenso(alto) 9
CENA
Cenário — sala de uma casa
(em casa)
Filho
mãe, tô saindo
Mie — aonde vais?
Filho — Agora que eu sei que esses problemas não dão só em velhos, eu vou sair por ai e
distribuir uns panfletos, para tentar informar as conseqüências que o som de alta
intensidade pode causar.
vai entregando os panfletos para a platéia)
Duração da peça: 40 minutos
Obs.: As falas foram mais prolongadas, no roteiro está colocado a idéia principal.
EAJLS., .±A! COILSAS Q1UJL VOCE NAO
PRECISA PERDER.
AUDIÇÃO É UMA DELAS.
PROTEJA-SE
Em nossa vida diária em casa, no
trabalho, viajando ou nos divertindo, existem
inúmeras situações nas quais estamos expostos
ao ruido(barulho).
o trabalho, na maioria dos casos, se
apresenta como a situaçao mais perigosa em
função das muitas máquinas e equipamentos
ruidosos existentes, e do longo tempo que
passamos sob estas condições.
o ruído continuo e excessivo pode
causar, com o passar do tempo, a perda da
audição. Com isto, deixamos de desfrutar de
muitos prazeres da vida.
o alto volume dos aparelhos de som, o transito
agitado das grandes cidades e o local ruidoso no
trabalho são alguns dos motivos que nos levam,
com o tempo, a perder a sensibilidade da
audição e a sentir necessidade de aumentar o
volume da TV, ou de pedir aos amigos para que
falem mais alto, pois não estamos ouvindo
aquilo que eles dizem.
Paeitos no organismo
Lontraçao cos muscuiLos
Alterações menstruais e impotência sexual
,
- Insônia
- Ansiedade e tensão
Zumbidos no ouvido
o grande problema do ruído é que os
seus efeitos não são imediatos, ou seja, a perda
de audição ocorre aos poucos e vai aumentando
com o passar do tempo. Quando a gente se cld
conta, não existe cura ou tratamento pois a
situação é irreversível.
EFEITOS DO RUÍDO A SAÚDE
Efeitos no trabalho
Problemas na comunicação (6 o primeiro
sintoma visível)
Baixa concentração
Nervosismo
Cansaço
Baixo rendimento
Acidentes
Estreitamento dos vasos sangiiineos
aumento da pressão
„ san,qiiinea
Na sala o filho o som com um volume elevado.
- A vovó chegando e tocando a campainha.
A Vovó e a mde conversando.
-
Família durante o almoço conversando sobre o panfleto que o pai tinha recebido na rua.
- Na palestra falando sobre o alto-falante.
- A parte em que o palestrante falava sobre o ouvido humano.
- Na palestra falando sobre os cuidados que devemos ter com os ruídos.
— o filho chegando em casa após a palestra.
al do teatro,
rsonagens no
— Final do teatro, todos os personagens no palco.
ANEXO IV
o Som e o Alto-falante
Som
Todos os sons so produzidos por
corpos que vibram. Os sons podem ser gerados
por vibrações de cordas, como mim violão.
Nossa voz também é resultado de uma
vibração. Quando falamos ou cantamos, o ar
em movimento as
que sai dos pulmõesrode
'
cordas vocais, que são pequenas membranas
localizadas no interior da laringe.
auditivo até o tímpano, fazendo-o vibrar,
chegando até três pequenos ossos (martelo,
bigorna e estribo) fazendo com que o som
penetre no ouvido interno, passando pelo nervo
auditivo da cóclea até o cérebro, onde se
transformam em sensação de som.
Efeitos do ruído
-
Ao vibrar, a fonte sonora comprime e
rarefaz o ar que se encontra em sua vizinhança.
Formam-se, desse modo, ondas que se
propagam no espaço. Ao penetrar no ouvido,
elas fazem a membrana do tímpano vibrar, e
esse sinal é então transmitido ao cérebro, que o
interpreta como som
Características Diferenciadoras Do Som
Timbre: é a qualidade do som pela qual se
reconhece o emissor do som é através dele que
podemos destinguir sons de mesma altura e
intensidade vindos de fontes diferentes.
Ex.: mesmo que estiverem com a mesma
intensidade e com a mesma altura, conseguimos
diferenciar o som de um violão e o de um piano.
Intensidade: é a qualidade do som que nos
permite distinguir um som "forte" de um som
"fraco".
Ex.: a diferença de estarmos num lugar calmo
(20 decibéis) e estarmos num estádio de futebol
(100 decibéis ).
Altura: é a qualidade que distingue um som
agudo de um som grave
Ex.: Voz da mulher som agudo e a voz do
homem som grave.
Ouvido Humano
O som é captado pelo pavilhão do
ouvido externo e conduzido pelo conduto
-
Problemas na comunicação
Nervosismo
Baixa concentração
Baixo rendimento
Desconforto e cansaço
Acidentes
Alterações menstruais e impotência sexual
Insônia
Zumbido no ouvido
Aumento da pressão sangüínea
Contração dos músculos
Ansiedade e tenção
Sinais De Perda Auditiva
Zumbidos e sons estranhos no ouvido
Incapacidade de ouvir sons baixos e de alta
freqüência
Dificuldade de ouvir e entender uma conversa
ao telefone
Sons são percebidos de forma abafado.
0 Grande Problema Do Ruído
que seus efeitos não serão imediatas, ou seja,
a perda auditiva ocorre aos poucos e vai
aumentando com o passar do tempo.
Quando a gente se dá conta, não existe cura ou
tratamento pois a situação é irreversível.
Alto-Falante
um dispositivo que produz som a
partir de uma corrente elétrica variável que
passa pela bobina de um eletroimã. Esta bobina
está presa d base de um cone de papelão e
encaixada (com folga) em uni imã pennanente.
Quando a corrente alternada passa pela bobina
do eletroimã, ela é sucessivamente atraída e
repelida pelo imã permanente. 0 cone
acompanha essas vibrações da bobina
provocando compressões e rarefações no ar,
que, constituem uma onda sonora.
suportar com programa musical admitindo uma
distorção máxima de 5% no amplificador, por
tempo indeterminado. Esta potência é em torno
de 2 vezes a potência RMS. Ex.: Um altofalante especificado em 250W de programa
musical deverá resistir quando ligado a urn
amplificador de 250W RMS.
Potência PMPO: É a Potência Musical de Pico,
ou seja, 6. a potência que o alto-falante suporta,
nos picos de potência que o amplificador
fornece com programa musical, medido em um
curto intervalo de tempo. Esta potência é em
torno de 3,6 vezes maior que a potência RMS.
Obs.: As potências de programa musical e
PMPO foram criadas para fins estritamente
comercial, elas variam de fabricante para
fabricante, não existe norma a respeito, portanto
não são confiáveis.
Potência Do Alto-Falante
A potência de um alto-falante é um
parâmetro que confunde muita gente. Quando se
fala em potência de um alto-falante, estamos
tratando da potência que pode ser aplicada ao
mesmo, sendo conhecida como POTÊNCIA
ADMISSÍVEL DO ALTO-FALANTE, o que
não significa dizer que ele irá dissipar essa
potência.
A potência de um alto-falante não pode
ser avaliada somente pelo seu conjunto
magnético ou pelo tamanho total do alto-falante,
depende de um conjunto de fatores inclusive a
freqüência de ressonância.
A potência especificada para um altofalante significa a potência elétrica que ele
suporta e não a potência acústica que consegue
transmitir. A sensibilidade do alto-falante
expressa em dB SPL, decibel Nível de Pressão
Sonora, é o que define o "volume" de som que
obteremos com uma determinada potência.
Potência Nominal: potência máxima aplicável
no alto-falante, em watts RMS
( Root Mean Square) segundo a NBR 10303. Na
eletrônica RIV1S é conhecida por Valor Eficaz. O
Valor Eficaz (RMS) de uma corrente alternada é
aquele capaz de produzir o mesmo efeito Joule
que um corrente continua, ou seja, gerar a
mesma quantidade de calor em um resistor de
igual valor, no mesmo intervalo de tempo. O
sinal utilizado para a medida da potência RMS é
o ruído rosa, onde as componentes ao longo da
faixa de Audio (20 a 20.000Hz) apresentam a
mesma amplitude. Normalmente são utilizados
filtros para restringir esse comportamento.
Potência De Programa Musical: Potência
máxima em watts que o alto-falante deve
Tipos De Alto-Falante
Subwoofer
Os alto-falantes do tipo subwoofer são
projetados para reproduzir as freqüências
extremamente baixas (de 20Hz a 120Hz).
O subwoofer é classificado em:
*Box. quando este estiver em caixa
selada. Este tipo de alto-falante não
recomendado para utilização em tampão.
*Free Air: quando estiver ao ar livre.
Ex.: tampão do veiculo.
Seu tamanho varia de 8" a 18".
Indicação: para reproduzir sons de
contrabaixo, baixo eletrônico, bumbo da bater
músicas com subgraves.
Woofers
Estes alto-falantes são projetados para
reproduzir freqüências graves (de 20Hz a
500Hz), mas na faixa de 20Hz a 120Hz, não
possuem tanta eficiência.
Tamanho: 6" a 18".
Sao indicados para reproduzir sons de
bumbo, tambor, parte do piano, parte do baixo
da guitarra.
MID-BASS
Para reprodução sonora de alta
potência na faixa dos médio graves.
Sao usados na parte frontal do carro.
Quando são instalados nas portas, é
aproveitado o espaço interno da porta como caix
acústica.
50Hz a 300Hz.
Freqüência:
Tamanho: 6" a 8".
Sao indicados para reproduzir sons
como bumbo e tambor.
MID-RANGE
Para reprodução de sons médios.
Faixa de freqüência: 200 Hz a 3,5 khz.
Tamanho:3 ,5 1/2 6".
indicado especialmente parra
reprodução de vozes, mas também pode ser
usado para reprodução sonora de instrumentos
musicais que atuem corn freqüência entre
200Hz e 25 Hz.
FULL-RANGE
Para reproduzir todas as freqüências.
Estes alto falantes abrangem toda a
banda de Audio.
Podem ter cone simples ou duplo.
Faixa de freqüência: 100 Hz a 20 khz.
Tamanho: 2"a 6".
Tweeter
São destinados à reprodução dos
agudos, de 3500Hz a 20000Hz.
Os tons agudos reproduzidos pelo
tweeter são emitidos em um ângulo de grande
abertura e transmitidos em linha reta.
Trifixial
Conjunto com um woofer, um midrange e um tweeter na mesma carcaça.
Sao geralmente instalados na porta e
no tampão do automóvel.
Freqüência:
50 Hz a 20 KhzTamanho: 6", 6" x 9"(tradicionalmente
conhecido por 69 - oval), e 8".
indicado para reproduzir todos os
sons exceto contrabaixo, baixo eletrônico e bum
de bateria.
Cornetas
Quando se deseja bastante
volume sonoro e boa reprodução dos sons
médios, para perfeita compreensibilidade da
palavra falada, como nos sistemas de audição
pública usados em comícios, áreas abertas,
propaganda de rua, etc., usam-se os alto-falantes
do tipo cometa.
Na realidade, a cometa não é um altofalante, mas um sonofletor, ou seja, caixa
acústica, à qual está acoplado um alto-falante.
Com isso, consegue-se aumentar a eficiência
sonora.
Parâmetros De Sistema De Som Automotivo
Localizacão Dos Alto-Falantes
Os Tweeters e Médios devem ficar
mais próximos possíveis entre si, pois parte da
voz de alguns instrumentos são produzidos pelo
tweeter e pelo médio e, portanto, se estiverem
muito separados fisicamente, seria como se uma
cantora estivesse cantando ao mesmo tempo em
dois lugares.
Nos automóveis não é possível obter
os graves da faixa de subwoofer na frente do
veículo, com rarissimas exceções. Esta
particularidade se deve ao fato dos automóveis
não possuírem habitáculos com grandes
volumes, nas suas áreas frontais, e nos pequenos
volumes os alto-falantes trabalham muito
acima de sua Freqüência de, ressonância, no
conseguido reproduzir os graves abaixo de
120Hz. Portanto na área frontal do carro (portas,
laterais, etc) deve-se utilizar medidas de altofalantes iguais aos originais, buscando as faixas
de freqüência de Mid Bass, Mid Range, e
Tweeter.
Quando o local de instalação do altofalante na área frontal do veiculo for utilizada
para as faixas de freqüência médias e altas(Mid
Range e Tweeter), estes devem ser direcionados
para o centro geométrico do teto, pois estas são
freqüências direcionais, e portanto devem ser
voltadas para o ouvinte.
A faixa de subwoofer deve ser coberta
por alto falantes adequados, instalados
geralmente na região traseira do veiculo, em
caixas acústicas no porta-malas ou em tampão.
Desta forma, se instalados corretamente as
baixas freqüências se espalham por todo o cam.
sem "puxar" para trás a imagem acústica, pois
as freqüências contidas na faixa de subwoofer
não são direcionais.
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federal de santa catarina centro de ciências físicas departamento de