Orquestra Gulbenkian Paul McCreesh Saleem Ashkar 15 + 16 Outubro 2015 saleem ashkar © peter rigaud quinta, 21:00h / sexta, 19:00h Grande Auditório MUSICA.GULBENKIAN.PT mecenas rising stars mecenas música de câmara mecenas concertos de domingo mecenas ciclo piano mecenas coro gulbenkian mecenas grandes intérpretes quinta 15 Outubro 2015 21:00h — Grande Auditório sexta 16 Outubro 2015 19:00h — Grande Auditório 15 16 10 Orquestra Gulbenkian Paul McCreesh maestro Saleem Ashkar piano Felix Mendelssohn-Bartholdy Sonho de uma noite de verão: Abertura Concerto para Piano e Orquestra n.º 1, em Sol menor, op. 25 Molto allegro con fuoco Andante Presto – Molto allegro e vivace intervalo Felix Mendelssohn-Bartholdy Concerto para Piano e Orquestra n.º 2, em Ré menor, op. 40 Allegro appassionato Adagio: Molto sostenuto Finale: Presto scherzando Sonho de uma noite de verão Intermezzo Scherzo Noturno Marcha nupcial Duração total prevista: c. 1h 50 min. Intervalo de 20 min. 03 Felix Mendelssohn-Bartholdy felix mendelssohn-bartholdy © dr hamburgo, 3 de fevereiro de 1809 leipzig, 4 de novembro de 1847 Sonho de uma noite de verão, op. 61 composição: 1826/1842 estreia: postdam, 14 de outubro de 1843 duração: c. 35’ (seleção) Beneficiado por condições sociais e culturais privilegiadas, Felix Mendelssohn-Bartholdy desenvolveu um estilo composicional que conciliava as suas raízes no século XVIII com a absorção da nova estética musical romântica emergente. A abertura de concerto Sonho de uma noite de Verão (op. 21) foi composta em 1826, depois de Mendelssohn ter lido a peça de Shakespeare e de ter assistido a uma produção da mesma em Berlim. Trata-se de uma obra marcante na história da música, pelo facto de ter sido a primeira peça concebida para a sala de concertos que procurava refletir o enredo de uma obra dramática. Mais tarde, em 1842, a convite do rei da Prússia, Mendelssohn escreveria música de cena para uma produção da mesma peça, o seu op. 61. Essa música de cena não só incorporou a abertura préexistente, como reutilizou e desenvolveu o seu material musical em treze novos números, entre os quais há canções, melodramas e coros, bem como trechos instrumentais. Concebidas originalmente como entreatos, 04 as quatro peças instrumentais ganhariam popularidade enquanto suite, juntamente com a abertura, apesar de o compositor nunca se ter pronunciado em relação a isso. A abertura, Allegro di molto, em Mi maior, uma forma sonata, abre com quatro acordes nos sopros, como o feitiço que encanta o ouvinte. O 1.º tema, em Mi menor, sugere o esvoaçar das fadas, e após uma transição em estilo de fanfarra (retratando a corte de Atenas), surge um 2.º tema, mais lírico, que evoca os amantes. O Scherzo (n.º 1) constitui o primeiro interlúdio musical, um Allegro vivace de uma escrita jovial, dominado por uma interação caprichosa entre sopros e cordas, transportando-nos do mundo terreno de Atenas para o cenário fantástico em que decorre o Ato II. Por sua vez, o Intermezzo (n.º 5) inicia-se ainda no final desse ato, retratando, com um motivo inquieto nas madeiras e nos violinos, sobre os trémulos das cordas, a angústia dos quatro amantes humanos perdidos no bosque. Na transição para o Ato III, o ambiente altera-se para uma cómica marcha rústica. O Noturno (n.º 7), Con moto tranquillo, surge originalmente na transição para o Ato IV. A sua atmosfera elegíaca, com um gracioso solo de trompa envolvido pelos fagotes, evoca o momento em que os quatro amantes humanos dormem. Por fim, a Marcha Nupcial (n.º 9), Allegro vivace, traz a ação de regresso ao mundo terreno, retratando o casamento de todos os amantes após todos os desentendimentos e abrindo o último ato da peça em ambiente de celebração. Concerto para Piano e Orquestra n.º 1, em Sol menor, op. 25 composição: 1830-31 estreia: munique, 17 de outubro de 1831 duração: c. 20’ O Concerto para Piano n.º 1, em Sol menor, op. 25, foi composto por altura de uma longa viagem pela Europa. Trata-se de uma obra estruturada em três andamentos ligados, incluindo pequenas novidades ao nível de procedimentos formais, que tecnicamente procuram aprofundar o pianismo característico do Romantismo inicial. O 1.º andamento, em Sol menor, inicia-se com uma brevíssima introdução orquestral que rapidamente dá lugar a uma intervenção brilhante do piano, de caráter tempestuoso, colaborando ambos a partir daí na apresentação e desenvolvimento do material temático, naquilo que consiste basicamente numa forma sonata modificada típica dos concertos. O piano predomina na transição para um 2.º tema contrastante, de cariz mais lírico e delicado, em Si bemol maior. Tomado em seguida pelos sopros, surpreende pelas regiões tonais por que passa. Uma concisa secção de desenvolvimento trabalha os dois temas principais, e depois de uma reexposição também muito breve e intensa, não há propriamente um encerramento definitivo, mas antes uma transição para o andamento seguinte, por meio de uma introspetiva cadência do solista. O Andante, em Mi maior, abre com uma melodia nas cordas graves, a qual em seguida é elegantemente decorada pelo piano, como se de uma Canção sem palavras se tratasse. Após uma secção contrastante, a melodia inicial regressa, agora algo variada, e o andamento suspende-se num acorde de Mi maior. Inicia-se de imediato o Presto – Molto allegro e vivace, em Sol maior, com uma fanfarra de trompetes e trompas. Quando o piano entra, a música torna-se mais ligeira, mas sempre efervescente, sugerindo um estilo de galope, sobre um acompanhamento orquestral não menos brilhante. O rondó que se segue a esse momento introdutório é tradicional na sua dimensão formal. No final, reminiscências do 1.º andamento dão lugar a uma coda virtuosística que encerra o concerto com brilhantismo. Concerto para Piano e Orquestra n.º 2, em Ré menor, op. 40 composição: 1837 estreia: birmingham, 21 de setembro de 1837 duração: c. 25’ O Concerto para Piano n.º 2, em Ré menor, op. 40, foi composto entre abril e setembro de 1837, tendo o processo da sua gestação sido mais demorado do que aquilo que era habitual no compositor, provavelmente devido à intenção de impressionar as audiências britânicas. O próprio compositor estaria ao piano na estreia, logo em setembro, mas continuaria a trabalhar na partitura até ao envio para publicação em dezembro desse ano. Trata-se de uma obra que se enquadra também no contexto do pianismo do primeiro Romantismo, tendo no entanto alcançado um impacto menos imediato do que o seu antecessor. O 1.º andamento, em Ré menor, abre com a apresentação de motivos de cariz reflexivo por parte das madeiras e das cordas. O solista intervém em estilo de recitativo, tomando assim parte num diálogo inquieto com a orquestra – uma inquietação que perpassa todo o andamento –, tornando-se gradualmente mais dramático e conduzindo a uma exposição concisa em que piano e orquestra colaboram. O 1.º tema possui um caráter fogoso, derivando do motivo introdutório apresentado pelas cordas. Das figurações ondulantes do piano emerge um 2.º tema, em Fá maior, de um melodismo 05 tipicamente mendelssohniano. Depois de uma secção de desenvolvimento baseada sobretudo em passagens velozes retiradas do primeiro tutti, e de uma exposição bastante concisa, há um solo introspetivo do solista que conduz diretamente ao andamento seguinte. O Adagio: Molto sostenuto, em Si bemol maior, decorre numa atmosfera tranquila e afetuosa, reminiscente dos andamentos lentos de Beethoven. O 1.º tema, lírico, é inicialmente confiado à orquestra e depois explorado pelo solista num estilo mais rapsódico. Por fim, o Finale, em Ré maior, decorre numa interação contínua entre solista e orquestra, sendo marcado por uma figuração ligeira constante em estilo moto perpetuo. Trata-se de um andamento notável pela conciliação que patenteia entre o virtuosismo técnico e uma música de natureza mais reflexiva. luís miguel santos Coleção de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian (2) Sarah Affonso (1899-1983) Retrato de Matilde, 1932 Óleo s/ tela – 80 x 55,50 cm Col. CAM – Fundação Calouste Gulbenkian 83P637 Trata-se de uma amiga de Sarah Affonso, Matilde Velez Caroço. Na linha da tradição da pintura até ao início do século XX, o retratado surge em pose. É um momento da vida quotidiana, uma cena doméstica, íntima, em que a figura, denotando grande serenidade, sobressai de um fundo de cores suaves. Ao longo do século XX vai-se assistindo a um progressivo abandono da pose nos retratos. Esta obra pode ser vista até 19 de Outubro de 2015 na exposição Olhos nos Olhos – O Retrato na Coleção do CAM 06 Paul McCreesh Saleem Ashkar maestro piano saleem ashkar © dr paul mccreesh © ben wright Notas Biográficas O britânico Paul McCreesh é o Maestro Titular da Orquestra Gulbenkian. Músico empolgante e inovador, destacou-se com o seu trabalho com o Gabrieli Consort & Players, agrupamento que fundou em 1982 e do qual é o Diretor Artístico. A energia e paixão que coloca no seu trabalho levaram-no a dirigir também muitas das maiores orquestras e coros mundiais. No domínio das grandes obras corais, destaque-se a sua revisão da versão em inglês da oratória As Estações, de J. Haydn, que foi apresentada em 2011 em Schleswig-Holstein e na Fundação Calouste Gulbenkian. Paul McCreesh estabeleceu também uma forte reputação no domínio da ópera, salientando-se produções como Tamerlano, Il trionfo del Tempo e del Disinganno e Jephtha, de Händel, ou Orphée et Eurydice de Gluck, em palcos como o Teatro Real de Madrid, a Ópera Real Dinamarquesa, a Ópera da Flandres ou o Festival de Verbier. Ao longo de quinze anos, produziu para a Deutsche Grammophon uma relevante coleção discográfica que recebeu os mais importantes prémios da especialidade, tendo sido nomeado para os Grammy em 2010. Em 2011, a gravação da oratória A Criação, de J. Haydn, recebeu o prémio Gramophone. Em julho de 2011, lançou a sua própria etiqueta discográfica, a Winged Lion. Paul McCreesh dedica-se com especial empenho e dedicação ao trabalho com jovens músicos, colaborando regularmente com coros e orquestras juvenis e na criação de novos projetos educativos neste domínio. 08 Saleem Ashkar nasceu em 1976 em Nazaré (Israel). Diplomou-se pela Royal Academy of Music, em Londres, e pela Hochschule für Musik, em Hanôver, na Alemanha. Estreou-se no Carnegie Hall de Nova Iorque aos 22 anos, tendo colaborado, desde então, com muitas das principais orquestras mundiais, sob a direção de maestros de renome como Zubin Mehta, Daniel Barenboim, Riccardo Muti, Lawrence Foster, Bertrand de Billy, Philip Jordan, Nikolaj Znaider ou Pietari Inkinen. Após a sua estreia com Christoph Eschenbach e a Orquestra NDR de Hamburgo, o famoso maestro convidou-o a tocar o Concerto para Piano de Schumann, com a Sinfónica de Dusseldorf, num concerto comemorativo do nascimento do compositor. Realizou digressões com Riccardo Chailly e com a Orquestra do Gewandhaus de Leipzig, incluindo participações nos Proms da BBC e no Festival de Lucerna. Saleem Ashkar apresenta-se também com regularidade em recitais a solo e de música de câmara, em palcos como o Concertgebouw de Amesterdão, o Wigmore Hall de Londres, o Mozarteum de Salzburgo, o Musikverein de Viena ou o Conservatório Guiseppe Verdi de Milão, bem como em festivais internacionais como os de Salzburgo, Lucerna, Ravinia, Risor, Menton e Festival de Piano do Ruhr. Na presente temporada, completa a interpretação do ciclo integral das Sonatas para Piano de Beethoven, no Sage Gateshead, no Reino Unido. orquestra gulbenkian © pedro ferreira Orquestra Gulbenkian Em 1962 a Fundação Calouste Gulbenkian decidiu estabelecer um agrupamento orquestral permanente. No início constituído apenas por doze elementos, foi originalmente designado por Orquestra de Câmara Gulbenkian. Na temporada 2012-2013, a Orquestra Gulbenkian (denominação adotada desde 1971) celebrou 50 anos de atividade, período ao longo do qual foi sendo progressivamente alargada, contando hoje com um efetivo de sessenta e seis instrumentistas que pode ser pontualmente expandido de acordo com as exigências dos programas executados. Esta constituição permite à Orquestra Gulbenkian a abordagem interpretativa de um amplo repertório, desde o Barroco até à música contemporânea. Obras pertencentes ao repertório corrente das grandes formações sinfónicas tradicionais, nomeadamente a produção orquestral de Haydn, Mozart, Beethoven, Schubert, Mendelssohn ou Schumann podem ser dadas pela Orquestra Gulbenkian em versões mais próximas dos efetivos orquestrais para que foram originalmente concebidas, no que respeita ao equilíbrio da respetiva arquitetura sonora interior. Em cada temporada, a orquestra realiza uma série regular de concertos no Grande Auditório Gulbenkian, em Lisboa, em cujo âmbito tem tido ocasião de colaborar com alguns dos maiores nomes do mundo da música (maestros e solistas). Atuando igualmente em diversas localidades do país, tem cumprido desta forma uma significativa função descentralizadora. No plano internacional, por sua vez, a Orquestra Gulbenkian tem vindo a ampliar gradualmente a sua atividade, tendo até agora efetuado digressões na Europa, Ásia, África e Américas. No plano discográfico, o nome da Orquestra Gulbenkian encontra-se associado às editoras Philips, Deutsche Grammophon, Hyperion, Teldec, Erato, Adès, Nimbus, Lyrinx, Naïve e Pentatone, entre outras, tendo esta sua atividade sido distinguida desde muito cedo com diversos prémios internacionais de grande prestígio. Paul McCreesh é o atual Maestro Titular da Orquestra Gulbenkian, sendo Susanna Mälkki a Maestrina Convidada Principal e Joana Carneiro e Pedro Neves os Maestros Convidados. Claudio Scimone, titular entre 1979 e 1986, é Maestro Honorário, e Lawrence Foster, titular entre 2002 e 2013, foi nomeado Maestro Emérito. 09 Paul McCreesh maestro titular Susanna Mälkki maestrina convidada principal Joana Carneiro maestrina convidada Pedro Neves maestro convidado Lawrence Foster maestro emérito Claudio Scimone maestro honorário primeiros violinos Erik Heide Concertino principal * Jordi Rodriguez 1º Concertino Auxiliar Bin Chao 2º Concertino Auxiliar Paula Carneiro 2º Concertino Auxiliar Pedro Meireles 2º Concertino Auxiliar Vasco Broco António José Miranda António Veiga Lopes Pedro Pacheco Alla Javoronkova David Wanhon Ana Beatriz Manzanilla Elena Ryabova Maria Balbi Maria José Laginha segundos violinos Alexandra Mendes 1º Solista Cecília Branco 2º Solista Jorge Teixeira 2º Solista Maria Leonor Moreira Stephanie Abson Tera Shimizu Stefan Schreiber Otto Pereira Luciana Cruz * Catarina Silva Bastos * Félix Duarte * violas Barbara Friedhoff 1º Solista Samuel Barsegian 1º Solista Isabel Pimentel 2º Solista André Cameron Patrick Eisinger Leonor Braga Santos Christopher Hooley Maia Kouznetsova Lu Zheng 10 violoncelos Varoujan Bartikian 1º Solista Marco Pereira 1º Solista Martin Henneken 2º Solista Levon Mouradian Jeremy Lake Raquel Reis Fernando Costa * contrabaixos Marc Ramirez 1º Solista Pedro Vares de Azevedo 1º Solista Manuel Rêgo 2º Solista Marine Triolet Maja Plüdemann flautas Sophie Perrier 1º Solista Cristina Ánchel 1º Solista Auxiliar Amália Tortajada 2º Solista oboés Pedro Ribeiro 1º Solista Nelson Alves 1º Solista Auxiliar Alice Caplow-Sparks 2º Solista Corne inglês clarinetes Esther Georgie 1º Solista João Moreira 1º Solista * José María Mosqueda 2º Solista Clarinete baixo fagotes Ricardo Ramos 1º Solista Vera Dias 1º Solista Auxiliar José Coronado 2º Solista Contrafagote trompas Gabriele Amarù 1º Solista Kenneth Best 1º Solista Eric Murphy 2º Solista Darcy Edmundson-Andrade 2º Solista trompetes Stephen Mason 1º Solista Paulo Carmo 1º Solista Auxiliar * David Burt 2º Solista trombones Jordi Rico 1º Solista André Conde 1º Solista * Rui Fernandes 2º Solista Pedro Canhoto 2º Solista tuba Amilcar Gameiro 1º Solista timbales Rui Sul Gomes 1º Solista percussão Abel Cardoso 2º Solista * Instrumentistas Convidados coordenação Montserrat Grau António Lopes Gonçalves produção Américo Martins, Marta Andrade, Inês Rosário e Francisco Tavares Não é permitido tirar fotografias nem fazer gravações sonoras ou filmagens durante os concertos. Desligue o alarme do seu relógio ou telemóvel antes do início dos concertos. Programas e elencos sujeitos a alteração sem prévio aviso. direção criativa Ian Anderson design e direção de arte The Designers Republic design gráfico ah–ha tiragem 600 exemplares preço 2€ Lisboa, Outubro 2015 11 MUSICA.GULBENKIAN.PT FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN