Promovendo Saúde na Contemporaneidade: desafios de pesquisa, ensino e extensão Santa Maria, RS, 08 a 11 de junho de 2010 CÂNCER GÁSTRICO NO RIO GRANDE DO SUL: DESAFIOS PARA PROMOVER SAÚDE E REDUZIR ÓBITOS¹ 2 3 Rampelotto, G. F. ; Machado. L. M. 1 Pesquisa Quantitativa 2 Curso de Especialização em Saúde Coletiva do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil 3 Curso de Especialização em Saúde Coletiva do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil E-mail: : [email protected]; [email protected] RESUMO O conhecimento sobre câncer gástrico é fundamental para planejar ações que o previnam, objetivase com este estudo demonstrar a ocorrência do câncer gástrico em homens e mulheres no estado do Rio Grande do Sul e apontar caminhos que diminuam sua incidência. É um estudo descritivo, transversal, quantitativo, de caráter retrospectivo. Para coleta de dados foi utilizada a base de dados do Sistema de Informação de Mortalidade do Rio Grande do Sul através do DataSus. A busca ocorreu com o objetivo de levantar o número de óbitos por neplasias gástricas ocorridas entre homens e mulheres, em 1997 a 2007. Conclui-se que, a taxa de mortalidade foi maior nos homens, com alta incidência de óbitos em idosos. Assim, a necessidade de fortalecer e qualificar a atenção primária garantindo a promoção da saúde e a prevenção aos agravos evitáveis, a partir da luta da população masculina para garantir seu direito social à saúde. Palavras-chave: Câncer de Estômago. Saúde do Homem. Promoção da Saúde. 1. INTRODUÇÃO O câncer é responsável por cerca de 13% de todas as causas de óbito no mundo, causando mais de 7 milhões de mortes anualmente pela doença. A justificativa para o aumento das taxas de mortalidade está diretamente relacionada a maior exposição da população a fatores de risco cancerígenos. Os atuais padrões de vida adotados em relação ao trabalho, alimentação e consumo em geral expõem os indivíduos a fatores ambientais mais invasivos, relacionados a agentes químicos, físicos e biológicos resultantes de um processo de industrialização cada vez mais evoluído. A redução das taxas de mortalidade e de natalidade indicam o prolongamento da expectativa de vida e o envelhecimeno populacional, conduzindo ao aumento da incidência de doenças crônicodegenerativas, especialmente as cardiovasculares e o câncer (BRASIL, 2008). No Brasil, assim como em todo o mundo, a incidência de câncer cresce num ritmo que acompanha o envelhecimento populacional decorrente do aumento da expectativa de vida. É resultado direto das grandes transformações globais das últimas décadas, que alteraram a situção de saúde dos povos pela urbanização acelerada, dos novos modos de vida e novos padrões de consumo. A realidade brasileira passa atualmente por uma transição epidemiológica, onde há o crescimento da mortalidade relacionada às doenças do aparelho circulatório e por causas externas, ao mesmo tempo em que diminuem as mortes por doenças infectoparasitárias. Neste sentido, a porcentagem de óbitos por câncer registrados no país, em 2004, representou 13,7% do total de casos, perdendo apenas para as doenças do aparelho circulatório, cujo percentual foi de 27,9%, seguido das causas externas, com 12,4% de óbitos (BRASIL, 2008). De maneira geral, o câncer é definido como uma enfermidade multicausal crônica, que se caracteriza pelo crescimento descontrolado das células de determinado tecido (GARÓFOLO et al., 2004). Neste contexto, o câncer de estômago, também chamado de câncer gástrico, é uma das neoplasias mais frequentes na população mundial, e vem apresentando, nos últimos anos, uma diminuição em sua incidência e mortalidade em vários países. O câncer de estômago é a doença em que células malignas são encontradas nos tecidos do estômago. Os tumores do câncer de estômago se apresentam, predominantemente, sob a forma de três tipos histológicos: o adenocarcinoma, responsável por 95% dos tumores gástricos, o linfoma, diagnosticado em cerca de 3% dos casos, e o leiomiossarcoma (BRASIL, 2010). Promovendo Saúde na Contemporaneidade: desafios de pesquisa, ensino e extensão Santa Maria, RS, 08 a 11 de junho de 2010 O câncer de estômago é o tumor mais frequente do trato gastrointestinal e a segunda neoplasia que mais mata em nível global suplantada apenas pelo câncer de pulmão (TONETO et al, 2008). Cerca de 65% dos pacientes diagnosticados com câncer de estômago têm mais de 50 anos. O pico de incidência se dá em sua maioria em homens, por volta dos 70 anos de idade. Dados estatísticos revelam um declínio da incidência do câncer gástrico, especificamente nos Estados Unidos, Inglaterra e em outros países mais desenvolvidos (BRASIL, 2010). As explicações para este declínio estão relacionadas à introdução da refrigeração, às mudanças nas técnicas de preservação de alimentos (uso de menos sal e alimentos menos condimentados), ao consumo de frutas e de vegetais frescos e à diminuição da prevalência da infecção por Helicobacter Pylori (ARREGI et al, 2009). No entanto, atualmente ainda registra-se alta mortalidade na América Latina, principalmente nos países como a Costa Rica, Chile e Colômbia. Porém, o Japão é o país com maior número de casos de câncer de estômago, onde ocorrem 780 casos por 100.000 habitantes (BRASIL, 2009). Frente ao exposto, tendo em vista que o conhecimento a cerca do câncer gástrico é de suma importância para planejar ações que o previnam, objetiva-se com este estudo demonstrar a ocorrência de câncer gástrico em homens e mulheres no estado do Rio Grande do Sul e apontar caminhos que possam diminuir sua incidência. 2. METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo, transversal, quantitativo e de caráter retrospectivo. O estudo transversal é aquele que se realiza em um determinado instante, é um experimento ou observação que irá caracterizar a situação ou qualidade do fenômeno, sistema ou processo num exato recorte temporal. É uma forma de coleta de dados rápida, que representa apenas uma parcela do total das características ou do espectro de reações do objeto de estudo (JUNG, 2004). Para a coleta de dados foi utilizada a base de dados do Sistema de Informação de Mortalidade do Rio Grande do Sul – SIM/RS através do “DataSus”, do Ministério da Saúde. O Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM, é um sistema de vigilância epidemiológica nacional, que tem como objetivo captar dados sobre os óbitos do país a fim de fornecer informações sobre mortalidade para todas as instâncias do sistema de saúde. O documento de entrada do sistema é a Declaração de Óbito, padronizada em todo o território nacional, e cuja responsabilidade de preenchimento está nas mãos dos médicos (BRASIL, 2001). A busca no sistema ocorreu com o objetivo de levantar o número de óbitos por neplasias gástricas (câncer de estômago) ocorridos entre homens e mulheres, no estado do Rio Grande do Sul entre 1997 a 2007. Considerou-se óbito por câncer de estômago todos aqueles codificados pela Classificação Internacional de Doenças 10ª revisão (CID-10). Asssim, demonstru-se o número de óbitos por neoplasia de estômago registrados no SIM/RS por sexo e pelos seguintes grupamentos etários: menores de 20 anos; 20-29 anos; 30-39 anos; 40-49 anos; 50-59 anos; 60-69 anos, 70-79 anos e 80 anos ou mais. O estudo teve início na primeira semana do mês de abril de 2010 e concluiu-se na primeira semana do mês de maio de 2010. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Através do sistema de busca do Ministério da Saúde, foi possível encontrar dados que traçam o perfil epidemiológico do câncer gástrico no estado do Rio Grande do Sul. As tabelas abaixo permitem a visualização destes dados. Tabela 1- Óbitos por câncer de estômago por faixa etária no Rio Grande do Sul de 1997 a 2007. Faixa Etária (em anos) Período 1997 1998 1999 2000 2001 2002 < 20 3 - 2029 7 6 6 5 1 5 3039 17 19 25 28 18 21 4049 79 67 76 81 61 70 5059 140 171 140 144 137 146 6069 228 254 219 228 205 214 7079 242 257 255 226 220 255 80 ou + 115 142 139 173 123 130 Total 831 916 860 885 765 841 Promovendo Saúde na Contemporaneidade: desafios de pesquisa, ensino e extensão Santa Maria, RS, 08 a 11 de junho de 2010 2003 2004 2005 2006 2007 1 - 3 6 3 1 3 24 21 23 15 19 68 82 72 63 64 142 126 157 139 148 225 226 234 217 248 257 262 256 259 231 139 161 149 166 152 858 884 894 861 865 Com a tabela 1 vê-se que a ocorrência de câncer gástrico na década tomada para estudo, apresentou pequena oscilação e que a faixa etária de maior ocorrência da doença foi entre 70 a 79 anos com 2.720 casos e em segundo lugar está a faixa etária de 60 a 69 anos com 2.498 casos. Em ambos os sexos, a incidência aumenta a partir de 35-40 anos e segue subindo apesar de mostrar ritmos diferentes. Este achado vem ao encontro do que a literatura descreve, onde a prevalência de pacientes idosos com neoplasia gástrica deve-se à melhoria na expectativa de vida da população. Isto remete ao fato de que a neoplasia gástrica é uma das principais causas de morte por doença maligna no mundo, e a ressecção cirúrgica é o único tratamento que pode oferecer cura para os pacientes com essa patologia. Sendo assim, para tratamento de pacientes idosos em particular, há necessidade de informações sobre fatores de risco pré-operatórios e resultados de morbi-mortalidade pós-operatórios, para que se ofereça segurança durante os procedimentos (COSTA et al., 2004). O processo de envelhecimento envolve praticamente todos os órgãos, com alterações que podem afetar negativamente a resposta de pacientes idosos submetidos a procedimentos cirúrgicos. Porém, somente o fator idade pode não ser o mais importante a contribuir para os maus resultados durante a cirurgia. A presença de problemas cardíacos, respiratórios, imunes, nutricionais e renais pode ser mais importante do que a idade cronológica no resultado final do tratamento. Portanto, permanece controverso se esses pacientes têm uma evolução menos favorável devido à idade ou às condições concomitantes, tais como uma reserva fisiológica limitada, doenças coexistentes ou uma agressividade maior da doença (TONETO et al., 2004). A tabela trazida abaixo dispõe o número de óbitos por câncer gástrico elencados por sexo. Tabela 2- Óbitos por câncer de estômago por sexo no Rio Grande do Sul no período de 1997 a 2007. Sexo Período Total Masculino Feminino 1997 533 298 831 1998 587 319 916 1999 572 288 860 2000 560 325 885 2001 484 281 765 2002 551 290 841 2003 574 284 858 2004 572 312 884 2005 574 320 894 2006 549 312 861 2007 560 305 865 As taxas de mortalidade proporcional apresentam variações entre homens e mulheres, sendo que na mortalidade masculina, as neoplasias aparecem em terceiro lugar, com 12,8%, e nas mulheres, as neoplasias ocupam o segundo lugar, com 15,1%. Partindo da comparação entre sexos, as taxas de mortalidade indicam para uma ascensão do risco de mortalidade no sexo masculino. Porém convém destacar que entre os homens há um aumento das taxas para o câncer de pulmão, próstata e intestino e uma regressão da incidência do câncer de estômago, que há 25 anos, representava a principal causa de morte por câncer em homens. Nas mulheres, observa-se um crescimento nas taxas de câncer de mama, pulmão e intestino e também a diminuição do câncer de estômago, assim como analisado entre os homens. Este perfil pode estar refletindo na melhora das condições de conservação dos alimentos (BRASIL, 2008). Os tumores de estômago se desenvolvem a partir de lesões da mucosa gástrica, originadas pela ação de diferentes fatores de risco. O processo de transformação da mucosa gástrica ocorreria em longo prazo, indicando que alguns desses fatores poderiam atuar em jovens até por um período Promovendo Saúde na Contemporaneidade: desafios de pesquisa, ensino e extensão Santa Maria, RS, 08 a 11 de junho de 2010 de tempo bastante longo (ABREU,1997). Brasil (2007) completa esta colocação, ao considerar que a incidência, a distribuição geográfica e o comportamento de tipos específicos de cânceres estão relacionados com diversos fatores, entre eles: sexo, raça, idade, heretidariedade e exposição à carcinógenos ambientais. Dentre esses fatores, os ambientais são os mais importantes, pois abrangem a água; a terra; o ambiente de consumo, como os alimentos, o álcool, o fumo, medicamentos e produtos domésticos; o ambiente cultural, como o estilo de vida, costumes e hábitos de vida; e o ambiente ocupacional. Vários estudos têm demonstrado que a dieta é um fator preponderante no aparecimento do câncer de estômago. Uma alimentação deficiente em vitamina A e C, carnes e peixes, ou ainda com uma alto consumo de nitrato, alimentos defumados, enlatados, com corantes ou conservados no sal são fatores de risco para o aparecimento deste tipo de câncer. Outros fatores ambientais como a má conservação dos alimentos e a ingestão de água proveniente de poços que contém uma alta concentração de nitrato também estão relacionados com a incidência do câncer de estômago. Há também fatores de risco de origem patológica. A anemia perniciosa, as lesões pré-cancerosas como a gastrite atrófica e metaplasia intestinal e as infecções gástricas pela bactéria Helicobacter Pylori podem ter fortes relações com o aparecimento desta neoplasia. No entanto, uma lesão pré-cancerosa leva aproximadamente 20 anos para evoluir para a forma grave. Sendo assim, a medida mais eficaz para diminuir os riscos é iniciar uma dieta balanceada precocemente. Pessoas fumantes, que ingerem bebidas alcoólicas ou que já tenham sido submetidas a operações no estômago também têm maior probabilidade de desenvolver este tipo de câncer (BRASIL, 2010). Para Ikemori et al (2003), o aumento da refrigeração dos alimentos e o consumo de vitamina C são as prováveis causas na redução da incidência de câncer de estômago em alguns países, pois pode reduzir a bactéria intragástrica, causando um declínio na conversão do nitrato em nitrito no estômago, fato este que reduz a formação de nitrosaminas, que são consideradas carcinógenos. Os fatores mais citados provenientes da infecção por Helicobacter Pylori são dieta rica em sal e alimentos defumados ou em conserva. Com relação à prevenção do tumor gástrico, Brasil (2010) considera que é fundamental uma dieta balanceada composta de vegetais crus, frutas cítricas e alimentos ricos em fibras. Além disso, é importante o combate ao tabagismo e diminuição da ingestão de bebidas alcoólicas. Estas colocações sugerem algumas respostas para o fato de os óbitos por neoplasia de estômago se apresentarem mais entre homens do que entre mulheres, pois é sabido que a população masculina é ainda a que mais se expõe a fatores de risco como fumo e bebidas alcoólicas. Neste contexto, os dados encontrados permitem afirmar que no estado do Rio Grande do Sul no período considerado neste estudo, os homens morreram mais por câncer gástrico do que as mulheres, o que pode ser melhor visualizado pela figura expressa abaixo. 700 600 500 400 Masculino 300 Feminino 200 100 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Figura 1- Ocorrência de óbitos por câncer gástrico entre homens e mulheres no Rio Grande do Sul, no período de 1997 a 2007. Na análise do conjunto de óbitos por câncer de estômago, ocorridos no período 1997-2007, no estado do Rio Grande Do Sul, foram encontrados 9.460 óbitos, sendo 6.126 no sexo mascuino e 3.334 no sexo feminino. O pico de incidência ocorreu no ano de 1998, com 597 homens mortos e no ano 2000, com 325 óbitos femininos. O número de casos novos de câncer de estômago estimados para o Brasil, no ano de 2008, é de 14.080 entre homens e de 7.720 nas mulheres. Esses valores correspondem ao risco estimado de 15 casos novos a cada 100 mil homens e oito para cada 100 mil mulheres. De acordo com as Promovendo Saúde na Contemporaneidade: desafios de pesquisa, ensino e extensão Santa Maria, RS, 08 a 11 de junho de 2010 estimativas, no Ceará, será o segundo mais frequente em homens, e o terceiro, em mulheres. As informações do Registro de Câncer de Base Populacional de Fortaleza mostram que, no sexo masculino, o câncer gástrico representou, na década de 1990, 11,8% do total de neoplasias, excluindo as de pele não melanoma; e, nas mulheres, 4,2%. Homens, idosos e grupos socioeconômicos desprovidos são os mais frequentemente afetados, independente da localização geográfica (ARREGI et al, 2009). Desta forma, a realidade gaúcha para câncer gástrico reflete o que é encontrado em outras regiões do país. Com isso observa-se que a tendência de homens serem mais acometidos que mulheres, não ocorre somente no Rio Grande do Sul. Assim, suscita-se o questionamento a respeito das ações que podem ser implementadas para a população masculina, já que a mortalidade neste grupo sobressai-se ao feminino em vários aspectos, como morte por acidentes automobilísticos, armas de fogo, violência e inclusive por câncer gástrico. Desta forma, se faz necessário fortalecer e qualificar a atenção primária garantindo a promoção da saúde e a prevenção aos agravos evitáveis. Sabe-se que, os homens têm dificuldade em reconhecer suas necessidades, cultivando o pensamento mágico que rejeita a possibilidade de adoecer. Além disso, os serviços e as estratégias de comunicação privilegiam as ações de saúde para a criança, o adolescente, a mulher e o idoso m detrimento da saúde do homem. Nesta perspectiva, este estudo aponta a política nacional voltada para a Saúde do Homem como viés na tentativa de mudar o perfil epidemiológico posto até o momento. Esta política tem por objetivo qualificar a saúde da população masculina ao implementar linhas de cuidado que resguardem a integralidade da atenção. O reconhecimento de que os homens adentram o sistema de saúde por meio da atenção especializada tem como consequência o agravo da morbidade pelo retardamento na atenção e maior custo para o sistema de saúde. Portanto, é fundamental mobilizar a população masculina brasileira pela luta e garantia de seu direito social à saúde, tornando-os protagonistas de suas demandas e consolidar seus direitos de cidadania. 4. CONCLUSÃO O estudo possibilitou identificar que a populacão masculina apresenta maior incidênia de morbi-mortalidade por câncer gástrico do que as mulheres. A faixa etária mais acometida é em média entre os 60 a 79 anos, o que exige maior atenção à população idosa com relação ao diagnóstico precoce desta doença. Portanto, a necessidade de ampliar o acesso aos serviços de saúde para a população masculina nos diversos níveis de atenção, priorizando o fortalecimento da Atenção Básica, que é a porta de entrada para os serviços de saúde; e reforçar, a necessidade de mudança dos paradigmas no que diz repeito à percepção da população masculina em relação ao cuidado com a sua saúde. Apesar da maior vulnerabilidade e das altas taxas de morbi-mortalidade, os homens não buscam na rotina, como as mulheres, os serviços de atenção à saúde. Tratamentos crônicos ou de longa duração têm, em geral, menor adesão dos homens, visto que os esquemas terapêuticos exigem um grande empenho do paciente e em algumas circunstâncias, necessita modificar seus hábitos de vida para cumprir seu tratamento. Tal afirmação também é válida para ações de promoção e prevenção à saúde, que requerem, na maioria das vezes, mudanças comportamentais. Deste modo, se faz necessário a compreensão das barreiras sócio-culturais e institucionais para a proposição estratégica de medidas que venham a promover o acesso dos homens aos serviços de atenção primária, a fim de resguardar a prevenção e a promoção como eixos necessários e fundamentais de intervenção. Este trabalho também ressaltou o aspecto nutricional como potencializador do aparecimento da neoplasia gástrica. Assim, os serviços de saúde devem promover ações que mobilizem os indivíduos para que adotem hábitos alimentares adequados. Para que isto ocorra, ressalta-se que as práticas alimentares devem ser adquiridas durante toda a vida, destacando-se os primeiros anos como um período fundamental para o estabelecimento destes hábitos. Entretanto, para que de fato isto ocorra, os serviços de saúde devem investir em planos de ação que tenham como meta estimular as famílias a consumir uma dieta balanceada, rica em frutas frescas e vegetais e com quantidades moderadas de gorduras, condimentos e sal. Promovendo Saúde na Contemporaneidade: desafios de pesquisa, ensino e extensão Santa Maria, RS, 08 a 11 de junho de 2010 REFERÊNCIAS ABREU, Evaldo de. A prevenção primária e a detecção do câncer de estômago. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro, 1997. ARREGI, Miren Maite Uriben et al. Perfil Clínico-Epidemiológico das Neoplasias de Estômago Atendidas no Hospital do Câncer do Instituto do Câncer do Ceará, no Período 2000-2004. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 55, n. 2, 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional da Saúde. Manual de procedimento do sistema de informação sobre mortalidade. Brasília, 2001. _______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional do Câncer. 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