Dissertação de Mestrado 1 2 A Implementação do Curso de Qualificação Profissional Básica em Microinformática: Um Estudo de Caso 3 Objetivos • Caracterizar o Curso da QPBM no CEFET-SP. • Delinear as Circunstâncias. • Relatar Experiências. • Levantar dados iniciais para uma comparação dos resultados com o: – Critério da eficácia do PLANFOR – Plano de Qualificação do Trabalhador do MTb. 4 Objetivos • Verificar se de fato o eixo da informática é o maior atrativo para a procura da QPBM. • Verificar como os alunos avaliaram: – Disciplinas de Habilidades Básicas – Disciplinas de Habilidades Específicas e de gestão. 5 Objetivos • Levantar alguns questionamentos para reflexão sobre a visão dos diversos agentes envolvidos na QPBM, com base nos referenciais teóricos e no questionário. • Apresentar Propostas para o Replanejamento do Curso de QPBM do CEFET-SP. 6 Justificativa • A SEFOR do MTb tem um projeto para qualificação profissional: – Visa a Recuperação e a Valorização da Competência Profissional do Trabalhador, que não seja uma questão de desempenho técnico, mas também de cidadania. SEFOR (1995, p. 8-9) 7 Justificativa • O Estudo da implementação da QPBM no CEFET-SP, é importante porque permite: • Reflexão sobre a Qualificação profissional • Reformulação no projeto da CFPB, ajustando-o, se necessário, ao PLANFOR, – Onde a educação básica e a formação profissional são objetivos de absoluta prioridade num projeto de desenvolvimento com justiça social (SEFOR, 1999b, p.5) 8 Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador • O PLANFOR tem por objetivo construir, gradativamente, oferta de educação profissional permanentemente para qualificar ou requalificar, a cada ano pelo menos 20%, cerca de 14,2 milhões, da População Economicamente Ativa — PEA. (SEFOR, 1999b, p.6) 9 Estrutura Ocupacional • PEA – População Economicamente Ativa é a que exerce atividade remunerada e por meio dela consegue sua subsistência. Abrange as pessoas de ambos os sexos com idade igual ou superior a 10 ou 15 anos (dependendo do país). • Exclui-se pessoas que não exercem atividades remuneradas, como crianças, os velhos, os inválidos, as mulheres que se dedicam aos afazeres domésticos. (Hirome Nakata 1988, p. 145) 10 População Economicamente Ativa — PEA • A PEA brasileira tem cerca de 71 milhões de trabalhadores maiores de 14 anos, ocupados e desocupados, no mercado formal e informal. (SEFOR, 1999b, P.6) 11 Perfil da PEA • • • • Mulheres 24% Raça Negra 6% De 14 a 21 anos 25% (Jovens e adol.) De 22 à 49 anos 58% (SEFOR, 1998b, p.19) 12 Faixa etária entre 22 e 49 anos – Concentra a maioria da PEA – É o grupo que possui o maior potencial para inserção no mercado do trabalho, – Mais baixos índices de escolaridade, • Que limita sua empregabilidade. (SEFOR, 1998b, p.19-20) 13 PEA Brasileira • Em média menos de 4 anos de estudo, • Cerca de 20% de analfabetos declarados ou funcionais (SEFOR, 1997, p. 24). 14 Perfil de Escolaridade da PEA • É vexatório, menos de quatro anos de estudo, é uma das mais baixas taxas do mundo industrializado. • Vexame que se torna calamitoso à medida que o Brasil se destaca como uma das 10 maiores potências econômicas mundiais. (SEFOR, 1997, p. 28) 15 Ao referir-se aos objetivos do PLANFOR • Maria Ciavatta Franco, – Doutora em ciências humanas e – Professora titular em trabalho e educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense, • ressalta que: 16 • No contexto brasileiro, onde a educação básica tem se deteriorado nas últimas décadas, e por tradição, a formação técnico-profissional tem sido decidida no campo técnicoempresarial, o mercado esta concepção é ambígua e tende a reduzir a educação ao atendimento às necessidades do mercado de trabalho e à lógica empresarial. (Frigotto, et. al. 1998, p. 106) 17 Qualificação? • A maioria dos autores utilizam o termo sem sua explicitação teórico-conceitual. • Visão taylorista-fordista da produção • Qualificação/desqualificação e requalificação são tratadas dicotomicamente ou formalmente e não dão conta das diferenciações internas ao processos produtivos. Machado apud Frigotto, 1998 18 • A dimensão profissional amplia-se: – Na perspectiva da construção de competências técnicas abrangentes, – competências organizacionais/metódicas, – comunicativas, sociais e comportamentais • As primeiras, embora técnicas, são predominantemente intelectuais, e objetivam o exercício do "aprender a pensar" e "aprender a aprender", (Deluiz, 1995, p. 19199) As Mudanças e os Desafios do 3o Milênio • Transformações – Movidas a Tecnologia e Automação • Postos de Trabalho – Diminuição e – Características mudando rapidamente 20 O Desemprego: O que Pensam Alguns Intelectuais • É um dos Grandes Desafios do novo milênio. • Para enfrentar o desemprego – Repensar a formação profissional. • Mas que Formação Profissional? – Que conhecimentos? – Para que Trabalho? 21 Complexidade para Avaliação das Mudanças em Curso 22 Desemprego • O economista Jeremy Rifkin no seu livro: “O Fim dos Empregos” denuncia o aumento dramático do desemprego. • É um erro achar que as próximas gerações estarão treinadas para assumir os novos empregos da Era da Informação. 23 Desenvolvimento Sem Trabalho Drástica redução dos horários. Uma melhor distribuição dos frutos do Progresso tecnológico. Criação de um novo equilíbrio entre o tempo de trabalho e o tempo livre. Concedendo a todos uma vida mais tranqüila e uma atividade mais gratificante. (Masi, 1999a, p. 63) 24 Desenvolvimento Sem Trabalho • Incrível capacidade das novas tecnologias em substituir o trabalho humano. • Custo decrescente dos produtos. • Real possibilidade de trabalhar menos produzindo e ganhando mais. • Na Alemanha, entre 1950 e 1975, o poder aquisitivo por habitante quadruplicou, enquanto a jornada de trabalho diminuiu (Masi, 1999a, p. 63) 23%. 25 No entanto, o Sociólogo conclui: • O resultado mais temível é que pelo menos por alguns decênios cresça o desemprego e, com ele: – a violência, – a ilegalidade, • Que fariam pensar na decomposição da velha sociedade mais do que no nascimento (Masi, 1999b, p. 224) de uma nova. 26 visão de futuro • A Clareza de Visão é de Valor Social e Político. • Quando uma sociedade é batida por duas ou mais ondas gigantes de mudanças o futuro apresenta-se obscuro, gerando extrema dificuldade em definir-se o sentido das mudanças e conflitos surgem. 27 Educação e Crise do Trabalho: Perspectivas de Final de Século • Gaudêncio Frigotto – Doutor em Educação. Professor titular em economia política da educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense. 28 Perspectivas • Destruição de postos de trabalho. – síndrome do desemprego estrutural • Precarização (flexibilização) do trabalho, vinculada, com a abolição dos direitos sociais duramente conquistados pela classe trabalhadora. • Este processo dá-se pela conjugação da globalização excludente, que amplia o desenvolvimento desigual, e pelo monopólio privado da ciência e tecnologia. (Frigotto, et. al. 1998, p. 41) • Rápido deslocamento de investimentos produtivos de uma para o outra parte do mundo (desterritorialização do capital) para buscar vantagens nas taxas de lucro. • Aumenta exponencialmente a intensidade do capital morto e a conseqüente diminuição do capital vivo, força de trabalho. • Desmobilização e diminuição do poder sindical que se vê forçado a negociar direitos conquistados por uma garantia mínima do emprego. Amplia-se, neste contexto, a possibilidade de superexploração da força de trabalho. (Frigotto, et. al. 1998, p. 42) Ideologia Capitalista • A divulgação do conhecimento com a capacitação profissional para solução do desemprego é na realidade uma ideologia capitalista para maior produtividade e competitividade (Frigotto, et. al. 1998) 31 Michael Apple fala à Linhares e Garcia “Dilemas de um Final de Século: O que Pensam os Intelectuais” é um dos frutos do pós-doutorado na Europa e nos Estados Unidos de Célia Frazão Linhares e Regina Leite Garcia 32 A lógica Capitalista do Ganha-Perde • Quando vou às favelas do Brasil lembro que, para existir riqueza "aqui" tem de haver pobreza "lá", no Brasil. • As pessoas um pouco mais favorecidas precisam compreender — todos nós, inclusive nossos professores — que, para elas terem alguma coisa, outras não terão nada. (Linhares & Garcia, 1996, p. 105) 33 A lógica Capitalista • Conhecer toda a história do capitalismo: – saber que, nos EUA embora ele pareça funcionar para alguns, também exige o empobrecimento de terceiros em outras regiões do mundo. (Linhares & Garcia, 1996, p. 112) 34 O Desemprego e o Grau de Escolaridade no Brasil Índice de Desemprego em Função da Escolaridade 12% Desemprego 10% 8% 6% 4% 2% 0% 0 Fonte: Ipea, 1998 5 10 15 20 A nos de E s tudo 35 36 Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura Relatório de Indicadores Educacionais 37 UNESCO Relatório de Indicadores Educacionais • Diploma Universitário Garante Salário de até 474% mais alto, no Brasil. • Quanto maior o nível de formação maior é a possibilidade de emprego e de salário mais elevado. • O relatório confirma o resultado da pesquisa do Ipea. 29 de fevereiro de 2000 38 Caso Wapsa • A Wapsa decidiu implantar um controle estatístico de processo na produção. • A decisão emperrou. "Imaginamos o telhado da casa esquecendo que ela precisa de paredes", diz o alemão Thomas Frank Tichauer, diretor-geral da subsidiária brasileira. 39 Caso Wapsa (conclusão) • Os operários nunca tinham ouvido falar de estatística. • Ensina-se estatística. Outro engano. Eles também não tinham noção de matemática. • Vamos, então, começar pela matemática, sugeriu alguém. Mais um fiasco. • Conclusão: além do treinamento específico, a Wapsa passou a alfabetizar seus funcionários, ao mesmo tempo que adotou como limite mínimo de escolaridade para a admissão a oitava série. (Revista Exame, 1994) 40 Distribuição de Renda • Michel Camdessus ex-diretor-gerente do FMI, disse: • Embora nós tenhamos enfrentado o desafio da mais severa e mais extensa crise desde que nossas instituições existem, seu custo humano tem sido imenso e podemos precisar de mais alguns anos para resolver esses (Simonetti, 1999, p. 143) problemas. 41 Desigualdade Social Sucesso Desigual O crescimento da renda familiar "per capita" na Região Metropolitana de São Paulo entre 1994 e 1998 mostra que os pobres enriquecem mais lentamente do que os ricos + 24% Pobres + 37% Ricos Fonte: Fundação SEADE Figura 1.4.1.1 -O crescimento da renda familiar "per capita" entre 1994 e 1998 42 País Brasil 20% mais Ricos 20% mais pobres 27,3 EUA 8,9 Japão 4,3 Hungria 3,2 Fonte: Banco Mundial, "Relatório Sobre o Desenvolvimento Mundial", 1992. PNAD 1990 e Fundação IBGE, Senso Demográfico 1991. Tabela Elaborada, "Conjuntura Econômica", março, 1993 43 Relatório do BID • Documento Progresso Econômico e Social na América Latina-2000, publicado em 07/05/00. • Indicadores econômicos e Sociais da América Latina nos últimos 50 anos. • A América Latina é a região com a maior concentração de renda do mundo, e o Brasil é o país com a pior distribuição de renda dentro dessa região. Folha de São Paulo, 3o caderno, 08 de maio, 2000, p.1 44 Evolução do PIB na AL Fonte: BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, 2000 45 O PIB na AL já foi Melhor • Na década de 50 era o maior entre todo o mundo em desenvolvimento • Hoje: – Perde para a Europa Oriental, Oriente Médio e Leste Asiático. – Só fica a frente da África e países mais pobres da Ásia. 46 ¼ da Renda Nacional para 5% da População • Na América Latina, um quarto da renda nacional vai para 5% da população. • Países Asiáticos, os 5% mais ricos recebem em média 16% da renda. 47 Educação na América Latina • Anos 60 3,2 anos • Anos 90 5 anos – População acima de 25 anos – Valores médios 48 CEFET-SP • Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo. • 90 Anos de Tradição em Educação Tecnológica. • A mais bem-sucedida experiência que articula formação geral de base científica com o trabalho produtivo. Dermeval Saviani (1999, p.216) 49 CEFET-SP Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo • 23 setembro 1909 Escola de aprendizes e artífices – tornearia mecânica, eletricidade e oficina de artes decorativas • 1942 transforma-se em Escolas Técnicas – O ensino deixa de ser primário para tornarse secundário • 18/01/1999 transforma-se em CEFET 50 51 52 Projeto Pedagógico do CEFET-SP • O objetivo deste novo projeto pedagógico é orientar as ações para a construção de uma escola comprometida com a transformação da sociedade e o respeito à cidadania, contribuindo, assim, para a formação social e crítica do ser humano, proporcionando formas de intervir no processo de produzir cultura e conhecimento, que deverão ser a razão do (CEFET-SP, 1999a) ensino. 53 O CEFET-SP oferece, atualmente: 1. Educação Básica em Nível Médio • Ensino Médio 54 1. Educação Profissional • Ensino Básico destinada a jovens e adultos que não tiveram acesso ou continuidade ao sistema formal de educação na idade própria. A QPBM foi o primeiro projeto implantado. • Ensino técnico concomitantemente com o ensino médio para alunos que tenham cursado, no mínimo, a 1a série do ensino médio, • Ensino técnico, para alunos que tenham concluído o ensino médio, 55 1. Educação Tecnológica à nível de 3o grau • Curso de Tecnologia Industrial com ênfase em Automação da Manufatura e Controle de Processos. 56 Educação e Qualificação Profissional • Pensar uma educação e uma formação profissional que desenvolva – habilidades, atitudes e valores, • para ajustar o país à realidade da globalização e da reestruturação produtiva, • e que diminua a dívida social, inserindo o trabalhador no processo sócio-cultural e político. (SEFOR, 1997, p.28) 57 A Educação do Adulto um Processo Permanente • A educação não é mais considerada como indispensável à preparação para a vida, mas como uma dimensão de vida, por se caracterizar pela aquisição contínua de conhecimentos e pelo reexame incessante de conceitos. (Barroso, 1998, p. XV) 58 A Educação do Adulto • Diferente das convencionais utilizadas no processo de escolarização regular • E que ocorram em outros espaços educativos, além das salas de aula de uma escola. (Barroso, 1998, p. XV). 59 A Educação do Adulto • Desenvolvimento do conhecimento • Elevar o nível cultural, • Tem outro objetivo: – Garantia de participação mais ativa dos adultos na vida cultural, fortalecendo a identidade cultural da Nação. (Barroso, 1998, p. XVIII). 60 A Educação do Adulto • A educação de adultos, além de seu aspecto social, cultural, econômico, • tem como toda educação seu aspecto político: – Esta dimensão tem importância na "instrumentalização" do cidadão para as transformações sociais. (Barroso, 1998, p. XIX). 61 A Educação do Adulto • Universalmente, a escolarização infantil não se pode fazer sem a simultânea campanha de alfabetização e educação dos adultos. (Pinto,1997, p. 81-82) 62 O Ensino Noturno: Valorização, Ponto a Ser Resolvido • Os alunos dos cursos noturnos são, em sua maioria, de origem mais modesta do que os alunos do período diurno. • O período noturno é reservado para "os filhos de trabalhadores manuais, sendo eles mesmos já trabalhadores regulares". (Carvalho, 1997, p. 33-34) 63 O ensino Noturno • A escola é quase que exclusivamente um "aparelho de distribuição" dos indivíduos em categorias sociais predeterminadas. • Favorece os já favorecidos, exclui, repele e desvaloriza os já desfavorecidos. (Carvalho, 1997, p. 19) 64 O ensino Noturno • Os professores parecem amarrados por verdades eternas, visualizadas num ciclo que explica por si só que o fracasso e a evasão são decorrentes do cansaço, malandragem do aluno. (Laterza, 1994, p. 82) 65 A Escola • Transmite o material num contexto que é tipicamente distante daquele onde será finalmente utilizado. • A escola é, em grande parte, um ambiente "descontextualizado". Howard Gardner (1999, p.30) 66 Critério de Avaliação do PLANFOR • Eficácia • Obtenção ou Manutenção do Trabalho, • Geração ou Elevação de Renda, Ganhos de Produtividade e Qualidade, • Integração ou Reintegração Social. 67 Eficácia • Realidade Concreta do Aluno. • Não há indicadores padronizados a esse respeito, devendo ser construídos e devidamente justificados para as diferentes realidades regionais. 68 Protocolo da Educação Profissional • Termo de cooperação técnica entre: • Ministério da Educação e do Desporto – Secretaria da Educação Média e Tecnológica — SEMTEC, e o • Ministério do Trabalho e Trabalho, – Secretaria de Formação e Desenvolvimento Profissional — SEFOR. 69 Protocolo da Educação Profissional • Desenvolvimento de atividades que permitam a atuação conjunta na formulação de políticas e implantação de programas e projetos que operacionalizem a política de educação profissional. (MEC/MTb, 1996, p. 32) 70 QPBM • A idéia de implantação de um curso de qualificação profissional no CEFET-SP surgiu em 1997, de um grupo de professores do CEFETS-P que acompanharam o Programa Integrar. 71 Projeto Integrar • Proposta educacional de cunho experimental desenvolvido pela CNM/CUT com a cooperação pedagógica da – PUC/SP, CESIT/UNICAMP, COPPE/UFRJ e o DIEESE. • Qualificação para jovens e adultos trabalhadores, conjugando formação profissional e certificação do ensino fundamental. 72 QPBM no CEFET-SP • Assegurar a adultos e jovens, uma oportunidade educacional apropriada e diferenciada que conjugue: – Qualificação profissional, – Certificação do ensino fundamental e – Construção da cidadania. • Permitindo a ampliação das possibilidades de inserção/reinserção do aluno no sistema produtivo e na sociedade. 73 QPBM • 4 módulos com duração de um semestre de 16 semanas cada. • O primeiro módulo é básico. – Dificuldades acentuadas na escrita, na capacidade de abstração e no pensamento lógico. • Os três módulos seguintes, somam uma carga horária de 720 horas (960 horas/aula), distribuída em áreas temáticas básicas, específicas e de gestão. 74 Disciplinas por Habilidades LI - Língua Inglesa Inglês CA - Comunicação e Arte Português G T - Gerenciamento Tecnológico Habilidades de Gestão MBA - Matemática Matemática Básica e Aplicada CT - Ciência e Tecnologia Física, Química, Biologia SC - Sociedade e Cultura História, Geografia Social, Ética e Cidadania Habilidades Básicas Figura 4.1 - Agrupamento das Disciplinas da QPBM por Áreas Temáticas e Habilidades QP - Montagem, Manutenção, Configuração e Instalação de PCs INF - Informática Habilidades Específicas 75 Certificação • Certificado de Conclusão: • Do Ensino Fundamental e de Qualificação profissional, – e estará apto a realizar trabalhos compreendidos, segundo a Classificação Brasileira de Ocupações — CBO, no subgrupo 8-5 - Eletricistas, Eletrônicos e Trabalhadores Assemelhados. 76 CBO - Classificação Brasileira de Ocupações • Classificação de Ocupações que foi adotada pela Fundação SEADE — Sistema Estadual de Análise de Dados. – Coleta, tratamento e análise dos dados estatísticos sobre a força de trabalho e o respectivo mercado. 77 Experiência Pedagógica: Karaokê, Uma Atividade Lúdica • Tem um poder muito grande de fascinar aqueles que com ela se envolvem, • É definida basicamente pela alegria, pelo prazer de sua vivência, • Provoca a evasão da vida (Morais, et. al. 1994, p. 60-61) real. 78 Atividade Lúdica • Currículos Organizados nas Linhas do Prazer: (Alves, 1984, p. 106) 79 Currículos • Que falassem das coisas belas, • Que ensinassem Física com as estrelas, pipas, os piões e as bolinhas de gude, – Química com a culinária, – Biologia com as hortas e os aquários, – Política com o jogo de xadrez, que houvesse a história cômica dos heróis, as crônicas dos erros dos cientistas. (Alves, 1984, p. 106) 80 Karaokê • A participação voluntária, interessada e a vontade de aprender dos alunos permitiu o desenvolvimento de uma série de conceitos relacionados à área da informática, com base no software Real Orche da Creative 81 Experiência Pedagógica • Houve períodos de descontração, alegria, perguntas, descobertas e uma maior aproximação entre educador e educando. Por que a experiência foi um sucesso? – Porque a alegria do estudo está na pura gratuidade, estudar como quem brinca, estudar como quem ouve música. (Alves, 1984, p. 104) 82 Conceitos da Informática Desenvolvidos • Compactação e descompactação de arquivos, • Taxas de transferência e cálculos para se determinar quanto tempo leva a transferência de arquivos. • Tecnologia de pesquisa, navegadores, "sites", entre outros. 83 Conceitos da Informática Desenvolvidos • Instalação de programas. • Criação de pastas e gerenciamento de arquivos, • Navegação, que requer coordenação motora para operação do mouse. • Tudo de forma aplicada sem perder o ambiente favorável do lúdico. 84 Rumos da QPBM no CEFETSP • No dia 18 de Agosto de 1999 o Ministério da Educação publicou no diário oficial a portaria 65 que impede a certificação de escolaridade do Ensino Fundamental no curso de Qualificação Profissional Básica em Microinformática pelo CEFET-SP. Não foram abertas inscrições para a 2a turma de 1999. 85 Rumos da QPBM • Novo programa de qualificação: – Operador de Máquinas Operatrizes – Habilidades básicas e de gestão de 45 horas/aula, – Específicas de 135 horas/aula, – Total de 180 horas/aula ou 135 horas, em nove semanas. 86 Contradição • É bom lembrar que, 20% da PEA está na condição de analfabetismo funcional, e que são cerca de 71 milhões de "cidadãos" que não chegam a completar quatro anos de estudo. (SEFOR, 1997, p. 24) 87 Pobreza Política • É um problema mais profundo que a carência material; passar fome é grande injustiça, mas é injustiça ainda maior não chegar a perceber que a fome é produzida e imposta; pobre que sequer sabe que é pobre e, sobretudo, que não atina para a pobreza como injustiça, e não tem como sair da pobreza; ou espera a solução dos outros, mormente dos privilegiados. Pedro Demo (1996) 88 Os Intelectuais • Imagem de progressista, pois ele espraia idéias novas, reverbera críticas sociais interessantes, perscruta horizontes desconhecidos e assim por diante. • Trata-se, na verdade, de uma imagem muito errada. • É especificamente, um truque intelectual, pois não tem coerência com sua prática. (Demo, 1996, p.89) 89 Imagem de Progressista • Fazer imagem de progressista, para na contraluz, praticar o conservadorismo, é um golpe intelectual dos mais eficazes. (Demo, 1996, p. 90-91) 90 O Intelectual Está a Serviço do Sistema • Moacir Gadotti concorda com a afirmação de que o intelectual está a serviço do sistema e pensando ser mais esperto, é suplantado pelo sistema vigente. • A crítica sem prática incute a idéia de democracia nas idéias. (Demo,1996, p.91) 91 O Intelectual Está a Serviço do Sistema • Explicação possível para as contradições entre: O mundo das idéias X A prática exarada na portaria 65 que impede a certificação de escolaridade do Ensino Fundamental no curso de QPBM do CEFET-SP 92 Metodologia do Trabalho • Pesquisa com os alunos formados da primeira turma da QPBM do CEFET-SP. • Do universo de quatorze formados, 10 responderam a pesquisa • Perguntas fechadas (múltipla escola e dicotômicas) e perguntas abertas. 93 Resultados • Observou-se que todos os alunos que procuraram o CEFET-SP buscavam: A certificação do Ensino Fundamental e A Qualificação Profissional. • Não foi considerado o respondente que já possuía o certificado do fundamental, somente nesta questão. 94 Resultados • Os alunos tinham a noção, quando iniciaram o curso, de que somente a qualificação — aprender microinformática, sem a certificação do fundamental, não atenderia a crescente demanda do mercado em mão-de-obra com maior grau de escolaridade. 95 Resultados • Outro dado interessante que revela a noção que o aluno tem sobre as questões que envolvem a educação e mercado de trabalho é que a maioria, nove alunos, pretende cursar o ensino médio e, oito o ensino superior, • lembrando que a menos de dois anos atrás, esses mesmos alunos, não possuíam sequer o ensino fundamental. 96 Resultados • Integração e reintegração social, • houve unanimidade, todos respondentes disseram que o curso ajudou. 97 Resultados • A1 - Os meus filhos me respeitam mais. Eu não podia ajudar nas lições de casa deles, tinha muita vergonha. Agora não. • A2 - Os meus colegas de trabalho me tratam melhor, eu sou valorizada. Quando meus patrões souberam que eu estava estudando passaram a me tratar melhor. • A3 - Sinto-me segura no meio da sociedade por este enriquecimento cultural e motivada a seguir nos estudos. 98 Resultados • A4 - Porque eu não fazia nada, só servia pedreiro e hoje conserto computadores em casa e ganho até 5 vezes o que ganhava antes. • A5 - Aumentou minha segurança profissionalmente e socialmente. • A6 - Acordei para a vida, a família apoiou a volta à escola. E sendo a Federal melhor ainda, as pessoas se admiraram quando falei que estava estudando. 99 Desempregados no Início do Curso 4 Reinserção 3 Trabalham no Subgrupo 8.5 1 Continua Desempregado 6 Desempregados 1 Não Procurou Trabalho Figura 5.2.1 - Situação Atual dos Alunos que Estavam Desempregados no Início do Curso. 100 Benefícios Obtidos com o Curso da QPBM 101 Habilidades Específicas 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% Ótima Boa Regular Má Péssima 102 Habilidade Básicas 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Ótima Boa Regular Má Péssima 103 Recursos de Ensino 104 Considerações Finais • Como avaliar os resultados da educação em termos da melhoria da qualidade de vida ou do despertar para a cidadania? • Certamente não é apenas um processo técnico. A questão política também deve ser considerada, e é eminente no caso do objeto do nosso estudo: a Qualificação Profissional Básica, que é um programa de política social. 105 Considerações Finais • A avaliação qualitativa deve levar em conta principalmente a qualidade de vida atingida e o envolvimento dos educandos nas questões políticas e sociais. 106 Algumas Propostas para QPBM: • Em função da experiência adquirida ministrando no curso de QPBM, é possível lançar algumas propostas. 107 Proposta 1 • Viabilizar e incentivar a participação dos professores das disciplinas específicas num projeto interdisciplinar com o grupo de professores de habilidades básicas. 108 Proposta 2 • Solicitar recurso do FAT para equipar os laboratórios. É necessário um número bem maior de equipamentos num ambiente apropriado para os laboratórios. 109 Proposta 3 • Qualificação para os professores que trabalham a QPBM. 110 Proposta 4 • Deve-se procurar manter o quadro de professores que trabalham na QPBM. 111 Proposta 5 • É necessário pelo menos 05 aulas semanais de Montagem, Manutenção e Configuração de Computadores Pessoais – 02 teóricas e 03 práticas. • Quando da elaboração do projeto de implantação da QPBM não havia uma experiência anterior que balizasse e dosasse o conteúdo para o público alvo. 112 Proposta 6 • Pressionar politicamente a SEMTEC, por intermédio da SEFOR, para que seja revogada a portaria n. 65 de 18 de agosto de 1998. 113 Proposta 7 • Assinar Convênios de parceria 114 Proposta 7a • Convênio com a APM do CEFET-SP • Tem por objetivo a criação de uma assistência técnica de computadores nas dependência do CEFET-SP, • para prestação de serviços de informática, pelos alunos da QPBM. 115 Proposta 7b • Convênio de parceria com os Sindicatos – Obter recursos financeiros necessários para condução, alimentação, entre outros, para os alunos do curso da QPBM. – Selecionar e matricular seus trabalhadores sindicalizados na QPBM. – Apoiar a colocação e recolocação dos trabalhadores no postos de trabalho da informática. 116 Proposta 7c • Convênio com o CIEE e o CIEE-C tem por objetivos: • Oferecer oportunidade de estágios aos alunos da QPBM. • Oferecer os serviços da assistência técnica em informática às empresas. • Celebrar convênios com assistências técnicas da comunidade para repasse dos serviços mais difíceis ou falta de recursos para suas realizações. 117 Proposta 8 • Criação da Gerência de Formação Profissional Básica 118 Proposta 9 • Aumentar a carga horária da disciplina da Língua Inglesa — LI, com enfoque na informática e Internet 119 Proposta 10 • Alteração no conteúdo da disciplina de informática, que daria maior ênfase à navegação na Internet, – diminuindo o tempo gasto com os aplicativos. Os aplicativos deveriam ser utilizados de forma intensa como ferramenta em todas as disciplinas, deixando de ser trabalhados numa disciplina em específico. 120 Proposta 11 • Criação de incubadoras de empresas de base tecnológica. – As incubadoras teriam a função de apoiar a transformação dos alunos da QPBM, em empresários que através de pequenas empresa estariam criando novos empregos. 121 122