“ Setenta anos ensinaram-me a aceitar a vida com serena humildade.” Sigmund Freud A morte do paciente é o fracasso da equipe de saúde e sua reação primeira inconsciente é ressentir-se deste ou fugir. Profissionais que trabalham com doenças graves, muitas vezes brutalizam o paciente, quer seja por não reconhecer que eles passaram da fase da doença para a fase da morte, quer por tratá-los como se estivessem na fase da morte quando estão na fase da doença. Dificilmente os profissionais de saúde perguntam, na anamnese, se o paciente tem medo de morrer, pensa em morrer, pensa em suicídio, ou coisas assim. Aliás, nem sequer é perguntado se o paciente está triste, nem sequer como ele ESTÁ... E isso se deve, provavelmente, à total falta de conhecimento sobre o que fazer com a resposta do paciente. Devemos refletir profundamente sobre nossa própria postura frente a morte, antes de poder sentar-nos junto ao paciente, sem medo e com serenidade .(p.26) Sobre a morte e o morrer Kubler-Ross ORIGENS DO MEDO DA MORTE Celso Fortes de Almeida e Maria Fernanda C. Nascimento "... Compreender o medo da morte nos possibilita ter consciência de nossas perdas diárias, facilitando assim sentir e elaborar estas perdas e dar suporte ao próprio processo e ao do paciente; possibilita ainda um atendimento mais humanizado e menos transferencial. Este medo não elaborável só pode ser minimizado à partir da consciência e aceitação da própria finitude e terminalidade em todas as suas dimensões, tornando-nos capazes de lidar com o tão doloroso processo de morrer e o momento da morte.... Como evitar este embrutecimento? Os profissionais devem estar conscientes de sua orientação particular, compensá-la e ser tão sensível quanto possível aos seus pacientes Discutir e supervisionar os casos nos quais sentir que está tendo dificuldades. Terapia individual. O profissional de saúde deve preparar-se para lidar com a morte ele próprio, quando esta pode ser uma ocorrência comum no ambiente de trabalho. Além disso, para poder ajudar os outros, deverá conhecer e estudar a Tanatologia; conhecer a reação psicológica da perda de algo (pessoa, situação etc.), saber identificar o luto normal e o patológico e entender como crianças, adolescentes, adultos e velhos reagem à morte e às perdas da vida Elisabeth Kübler-Ross Doutora Elisabeth Kübler-Ross morreu, aos 78 anos, em 24 de agosto de 2004 em sua casa de Scottsdale, no Arizona). Nascida em 08 julhode 1926 “Sempre digo que a morte pode ser uma das mais grandiosas experiências da vida. Se se vive bem cada día, então não há nada que temer .”(Kubler-Ross, 1997). As Fases do Morrer As fases do morrer, mais especificamente as cinco fases (negação, raiva, barganha, depressão e aceitação) são úteis como “modelo de pensamento” e necessariamente não tem que cumprir-se na prática, ressalta ainda que essas fases não se dão necessariamente na mesma ordem, mas que podem ocorrer de formas distintas. As Fases do Morrer Weisman levanta os três estágios pelos quais passa o paciente desde os primeiros sintomas, o diagnóstico, o tratamento, a cura ou morte: Estágio 1— Do início dos sintomas ao diagnóstico — em muitos casos o paciente tenta negar os sintomas. As Fases do Morrer Estágio 2— Do diagnóstico ao estágio terminal. Neste período estão concentrados a maior parte dos tratamentos e o combate à doença. Estão presentes sentimentos de tristeza, medo , raiva , alívio. Estágio 3— Estágio final, quando não há mais possibilidade de cura, o tratamento ativo diminui e ocorre uma maior preocupação com o alívio dos sintomas. As Fases do Morrer Cada estágio favorece uma percepção de vida e morte diferentes, tanto para o paciente como para os seus familiares e a sua relação com a equipe de saúde. As Fases do Morrer As necessidades dos pacientes são muito diferentes em cada período podendo envolver perdas como afastamento da família, do trabalho, as perdas financeiras, a perda da autonomia do próprio corpo. As Fases do Morrer Na verdade pacientes com uma doença classificada de mortal podem sofrer um duplo enlutamento: a perda dos familiares e a perda de si próprio. Intervenções Psicossociais As intervenções psicossociais dividem-se em cinco categorias: prevenção detecção precoce restauração suporte e paliação. Intervenções Psicossociais Intervenções psicológicas são frequentemente multidisciplinares, com grande variedade de conteúdos. Variam de informação e educação a programas mais sofisticados de suporte, incluindo terapias comportamentais ou cognitivas à terapias dinâmicas ou suportivas. Intervenções Psicossociais Intervenções sociais em geral incluem finanças, família, equipamento e transporte, dependendo das necessidades familiares e dos recursos disponíveis. Intervenções Psicossociais Se o paciente puder elaborar podemos trabalhar: Autoconhecimento; reelaboração do passado; ressignificação da vida e nesse caso insights, mesmo que dolorosos, podem ser importantes. Porém, se a doença conduzir a uma fragilidade egóica, quebrar as defesas, esse processo pode só elevar a angústia sem possibilidade de compreensão e elaboração dos conteúdos. Nesse caso, apoio e suporte podem ser benéficos, proporcionando conforto e alívio. Trabalhos corporais como toque, relaxamento e massagem podem trazer bem-estar. Intervenções Psicossociais Psicoterapia? Resolve? O processo psicoterápico não tem como objetivo a cura ou o prolongamento da vida, nem tampouco amansar o paciente, e sim a abertura de um espaço para o paciente poder falar daquilo que tiver necessidade; a ênfase esta na qualidade e na ressignificação da vida. Intervenções Psicossociais Apoio Psicológico Atender às necessidades emocionais da pessoa, considerando seus medos e ansiedades diante do sofrimento, da deterioração física e de eminência da morte Facilitar o processo de tomada de decisões e resoluções de possíveis problemas pendentes, tais como os que se referem à família, às finanças, etc. Intervenções Psicossociais Apoio Psicológico Apoiar a equipe de saúde envolvida com a atenção ao paciente terminal para que esta possa lidar melhor com a frustração e possíveis sentimentos de perda diante da morte desse paciente Colaborar para que o tratamento oferecido à pessoa em fase terminal respeite sua dignidade e produza sua qualidade de vida Do ponto de vista psicológico o paciente gravemente enfermo regride e necessita de um ego externo, como a criança precisa da mãe para lidar com a necessidade de separação. Intervenções Psicossociais Apoio Psicológico Entre estes cuidados estão tornar o leito mais confortável, ajeitar o travesseiro, dar comida, ficar próximo enquanto o paciente adormece, adquirindo o profissional uma função materna. Nesse momento a voz do terapeuta é mais importante do que o conteúdo do que diz. Intervenções Psicossociais Apoio Psicológico O trabalho psicológico com o paciente pode continuar enquanto houver vida e desejo. A doença não elimina obrigatoriamente as metas e a vontade do paciente, que pode aproveitar esse período para fazer uma revisão de vida e um balanço de prioridades criando novos significados.