JORNAL DA CIDADE BAURU, DOMINGO, 28 DE AGOSTO 2011 - PÁGINA 2 JORNAL DA CIDADE BAURU, DOMINGO, 28 DE AGOSTO 2011 - PÁGINA 3 BAIRROS BAIRROS Música, teatro, dança, cinema, oficinas culturais... Receita cultural Coloque uma xícara de atenção, uma colher de boa vontade, um litro de conhecimento, e cultura à vontade. Misture tudo e salpique com muita alegria. É dessa receita que as meninas da Fundação Inácio de Loyola, mais conhecida como Família de Nazaré, provam pelo menos três vezes por semana, quando recebem a visita do grupo de teatro Ato. Juntos, eles desenvolvem aulas de dança, música, artesanato, artes plásticas, culinária, discutem temas da atualidade, conversam e, é claro, fazem muito teatro. A parceria entre a Família de Nazaré e o grupo Ato é antiga, data de 2009, contudo, há dois meses eles receberam uma ótima notícia: foram contemplados pelo projeto Pontos de Cultura. “Com esse apoio poderemos aprimorar os trabalhos já desenvolvidos e comprar os materiais Douglas Reis Durante os próximos três anos, dez bairros de Bauru terão a oportunidade de respirar cultura, que, enfim, está sendo descentralizada e indo de encontro aos moradores no local onde eles moram necessários. Se antes os resultados já eram bons, agora ficarão ainda melhores”, comemora Bete Benetti, integrante do grupo Ato e uma das responsáveis pelas atividades realizadas pelo projeto. Segundo Bete, o objetivo do projeto é ampliar o entendimento de mundo e cercar as meninas de conhecimento, mostrando que são elas capazes e que têm um mundo de possibilidades pela frente. “E está dando certo. Em 2009, quando fizemos o primeiro contato com as meninas, sentimos que elas tinham dificuldade em entender o motivo de nossa presença lá. Elas não compreendiam o voluntariado, desconfiavam que queríamos algo em troca. Hoje é diferente. Tivemos muitas conquistas”, conta Bete. Tanto que já está nos planos do grupo montar um número cultural e leva-lo à comunidade. (WF) No ritmo das novidades Tarde de terça-feira, faltando alguns minutos para o relógio marcar 14h em ponto. Esse foi o momento em que a equipe do JC nos Bairros encostou o carro da reportagem no portão de ferro da Associação Comunidade em Ação Êxodo (Acaê) Beta, no Parque Jaraguá. Faltavam poucos minutos para o início da aula de hip hop e as crianças aguardavam ansiosas. Enquanto o professor de dança não chegava, conversavam, corriam pelo pátio ou brincavam com o cachorro de uns dos alunos, adotado como mascote do grupo e frequentador assíduo da Acaê Beta. “As aulas de hip hop são novidade para eles. Esse será o segundo dia de aula. Eles adoram. Ficam muito animados”, explica Daniele Medeiros Zanão, uma das responsáveis pelo Ponto de Cultura Locus Legal, que possibilitou a inserção de aulas de dança na Acaê Beta. Tão logo o professor chegou e soltou a música, as crianças puderam extravasar toda energia nos passos de dança. Estavam tão empolgadas que nem queriam saber de fazer pose para as fotos. Mas as aulas de hip hop são apenas uma das novidades que os pequenos terão acesso nos próximos três anos. Isso porque o Lócus Legal também oferecerá aulas de violão, audiovisual, teatro e artesanato. “Três pontos de Bauru serão beneficiados com as atividades: a Acaê Alfa, no Parque Roosevelt, a Acaê Beta, no Parque Jaraguá, e os moradores próximos à Capela São Francisco de Assis, no Alto Alegre”, enumera Heriton Sebastião, também responsável pelo Ponto de Cultura Locus Legal. (WF) Aceituno Jr. Contemplados pelo projeto Pontos de Cultura, crianças do CIPS terão aula de teatro, dança e mídias sociais Mergulho na imaginação Apresentar as crianças ao fantástico uni- Promover festas populares, como a festa cigana, na foto, é um dos objetivos do projeto Amostras e Mostras da Cultura Popular Brasileira É da comunidade! Trazer aos moradores da Vila Falcão, onde está localizado o Instituto Cultural Aruanda (ICA), e demais interessados oficinas culturais gratuitas e o contato com festas populares da cultura afrobrasileira é o objetivo do projeto Amostras e Mostras da Cultura Popular Brasileira, contemplado pelo projeto Pontos de Cultura. O início das atividades está previsto para o fim de outubro, mas a expectativa em torno dos resultados já é grande por parte de Julia de Lucca e Rodrigo Vieira, organizadores do projeto. “Vamos ter oficinas de hip hop, teatro, música, artes plásticas e audiovisual. Cada uma Hip hop na periferia Em maio passado, a ONG Periferia Legal realizou o 7º Campeonato de Hip Hop, com batalhas de rappers, DJs, dançarinos de break e presença de grafiteiros. O evento, embora tenha acontecido em um dia frio, foi um sucesso e reuniu cerca de 600 pessoas. E foi justamente este evento que fez com que a diretoria da ONG Periferia Legal percebesse a demanda e o interesse da comunidade pelo hip hop e tivesse a ideia de desenvolver um projeto voltado para a cultura das periferias. “Foi quando desenvolvemos o Hip Hop com oito horas mensais e um número máximo de participantes. Ao fim de cada ciclo, produziremos mostras, permitindo que a cultura seja transmitida a um número maior de pessoas”, planeja Julia, animada. Outro objetivo do projeto é manter no calendário de atividades do ICA de forma potencializada as festas populares com temas afrobrasileiros, como a festa cigana, a indígena e a de Iemanjá. “Tanto as manifestações religiosas quanto as populares são carregadas de cultura. É importante valorizar e difundir isso”, defende Julia. (WF) verso da dança, da música e do teatro e ensiná-las e usar corretamente as tão pautadas mídias sociais. Esse é o principal objetivo do Ponto de Cultura “O Mundo da Cultura”, desenvolvido pelo Consórcio Intermunicipal da Promoção Social (CIPS). Para isso, o prédio localizado na quadra dois da rua Inconfidência, no Centro, acabou de ganhar uma sala de informática e multimídia especialmente preparada para o trabalho com mídias sociais e também um anfiteatro, com direito a palco e tudo. “Poderão participar do projeto todos os inscritos no CIPS, em especial, crianças até 17 anos e 11 meses. Eles terão aulas de teatro, dança, coral e aprenderão a criar blogs e utilizar mídias como twitter e facebook”, explica Rivanesia de Souza Diniz, assistente soci- Projeto ORUN-AYE oferece atividades voltadas a compreensão e divulgação da cultura afrobrasileira Pedacinho da África “Nos estabelecimentos de ensino funda- al e uma das responsáveis pelo projeto, ao lado de Thiago Vianna. Com tanta novidade, não é de se estranhar que as crianças estejam superanimadas. Na manhã da última terça-feira, quando a equipe do JC nos Bairros visitou o ponto de cultura, os pequenos fizeram questão de mostrar que tem talento, especialmente para o teatro. Assim que a porta da brinquedoteca foi aberta, escolheram suas fantasias e foram logo incorporando o personagem. Bastou alguns minutos para que a pequena Emanuele Lima de Miranda, 8 anos, se transformasse em uma verdadeira princesa, com direito a coroa e tudo. Não se assuste se, daqui alguns anos, Emanuele se transformar em... “Presidente do Brasil. É isso que vou ser quando crescer”, afirma, determinada. Alguém duvida? (WF) Com as aulas de street dance, a semana dos participantes das Acaês Alfa e Beta serão mais animadas Mostras, oficinas e apoio a outros pontos de cultura são metas do cineclube, agora com sede própria Neide Carlos Cineclube em ação Algumas cadeiras de plástico posiciona- No teatro, Emanuele de Miranda incorporou uma princesa, mas sonha em ser presidente do Brasil Acorde de viola Resgatar, preservar e divulgar a Sob o comando do professor Major, crianças e adolescentes participam do projeto Hip Hop Legal, na sede da ONG Periferia Legal música sertaneja de raiz. Esse é o principal objetivo do projeto Acorde de Viola, desenvolvido pelo Clube da Viola de Bauru, que recentemente tornou-se Ponto de Cultura e recebeu verbas municipais e federais para apoiar as atividades. Mas até que a conquista fosse alcançada, Tião Camargo, presidente do Clube da Viola e idealizador do projeto, teve de percorrer um longo caminho. “Tudo começou em 1982, quando percebi que a música de raiz estava sendo substituída pelo sertanejo de Chitãozinho e Xororó, Zezé de Camargo e Luciano, entre outros. Então, decidi passar na Bauru Rádio Clube para reclamar e me propuseram apresentar um programa, o Saudade Sertaneja”, lembra. Com o microfone da rádio em mãos, Tião resgatou até o ano de 2000 os grandes clássicos da música sertaneja de raiz. Além disso, em 1990, ajudou a fundar o Clube da Viola de Bauru, que realiza apresentações de música e catira. Recentemente, Tião viu no projeto Pontos de Cultura uma oportunidade para divulgar ainda mais sua paixão: a música sertaneja de raiz. “A ideia do projeto Acorde de Viola é formar novos violeiros e grupos de catira. Para isso, estamos oferecendo aulas de viola e violão gratuitamente no Centro Social Urbano (CSU) do Jardim Bela Vista. Ao todo, são quatro turmas com dez integrantes cada”, conta. Além disso, uma rádioweb disponível no domínio www. saudadesertaneja.com.br também faz parte do projeto. (WF) “O ponto alto do ORUN-AYE é passar para os professores detalhes da cultura afrobrasileira, de forma que eles possam ter conhecimento suficiente para cumprir a lei e levar a cultura afrobrasileira para dentro das salas de aula”, explica Paulo Roberto Mauad, responsável pelo projeto. E para começar as atividades, o projeto já realizou um curso sobre a linguagem Yorubá e o festival Olubajé. No próximo dia 14 de setembro terá início uma oficina cultural sobre a relação da cozinha com os orixás. (WF) Despertar cultural Em uma tarde do distante ano de 1992, Re- Douglas Reis Legal e o inscrevemos para concorrer ao apoio do programa Pontos de Cultura. Deu certo. O hip hop voltou às atividades da ONG Periferia Legal”, comemora Vanderlei Antônio de Oliveira, presidente da ONG e responsável pelo projeto. Atualmente, oficinas de break e grafite já fazem parte do calendário da ONG, que ampliará o leque de opções depois de passar por algumas mudanças na estrutura física. Além disso, em breve a ONG terá uma rádioweb voltada para o segmento hip hop. (WF) mental e médio, oficiais e particulares, tornase obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira”. Esta é a exigência da lei 10.639, sancionada em 2003. E é justamente pensando em fazer com que esta lei seja cumprida que o Instituto Cultural Olorokê - Cultura Yorubá e Candomblé criou o projeto ORUN-AYE – Caminhos para compreensão da África, recentemente contemplado com os benefícios do Projeto Pontos de Cultura. das ao ar livre e um telão. É com este formato simples e alternativo que o Cineclube Aldire Pereira Guedes pretende levar cultura aos moradores dos quatro cantos da cidade. Contemplado pelo projeto Pontos de Cultura, o cineclube está agora em sede própria, na rua Araújo Leite, 8-52. “O trabalho do cineclube terá três vertentes: a realização de mostras, todas as sextasfeiras, às 19h30; oficinas de audiovisual; e apoio voltado ao audiovisual a outros pontos de cultura”, detalha José Augusto Ribeiro VinaAulas de violão e viola fazem parte do projeto Acorde de Viola, que visa resgatar a música sertaneja de raiz gre, coordenador do Cineclube. E quem quiser, já pode começar a aproveitar. Na próxima sexta-feira, dia 2 de setembro, será exibido o filme “The yes man”, um documentário sobre um grupo de ativistas políticos que semeiam o caos entre as grandes corporações americanas com táticas de guerrilha subversiva. A partir de setembro até o fim do ano também serão abertas inscrições para as oficinas de produção cinematográfica, preparação de ator para cinema e vídeo, roteiros fantásticos e criação literária, entre outras. (WF) nato Magú, até então conhecido como Renato Moreira, passava pela Praça Rui Barbosa quando observou um grupo de pessoas que fazia exibições de hip hop. Parou. Gostou do que viu. Aderiu à causa e não parou mais. É justamente dar a oportunidade a outras pessoas de despertar para a cultura hip hop que Renato Magú pretende com o projeto hip hop – Arte e cultura na construção de uma nova realidade social, proposto pelo Instituto Acesso Popular de Educação, Cultura e Política, e contemplado pelo projeto Pontos de Cultura. “O hip hop é um veículo muito forte de comunicação com a periferia. O rap, o break, o grafite e o DJ, que são os quatro pilares do movimento, falam muito às comunidades e são completamente carregados de cultura e conhecimento. Oferecer este caminho às pessoas permite um despertar cultural”, explica. Para alcançar o tão sonhado objetivo, o Instituto Acesso Popular pretende iniciar os trabalhos mapeando o cenário hip hop em Bauru, o que permitirá identificar os grupos que atuam no segmento e as ações desenvolvidas. Além disso, está nos planos do grupo revitalizar o centro da cidade por meio do grafite, gravar coletâneas com grupos de rap locais e realizar oficinas de rap, break, grafite e DJ. “Com todo o material coletado e produzido em mãos, vamos encerrar o projeto com um grande documentário sobre o hip hop em Bauru”, conclui Renato Magú. (WF) Tião Camargo, do Clube da Viola de Bauru, sonha em formar novos violeiros e ressuscitar o grupo de catira Instituto Acesso Popular quer revitalizar Centro da cidade com trabalhos de grafite Fotos: Malavolta Jr.