Metodologias para a construção do conhecimento coletivo partir de
prioridades do Assentamento Antônio Conselheiro, Barra do Bugre, MT
Methodologies for the construction of collective knowledge from the
priorities of the Antonio Conselheiro settlement, Barra do Bugre, MT
Bruna Raquel Winck(1); Marines Rosa(2); Gilmar Laforga(3), Raimundo Nonato Cunha
França(4), Deisimary Stella de Araújo (5), Daniel Hanke(6)
1
Engenheira agrônoma, ex-bolsista do projeto “Saber Camponês: Estudo sobre a construção do conhecimento
camponês no assentamento Antonio Conselheiro, microrregião de Tangará da Serra, MT”, mestranda em Ciência
do Solo (UFPR), [email protected]. 2Professora da UNEMAT, departamento de letras,
[email protected]. 3Professor Orientador da UNEMAT, Departamento de Agronomia,
[email protected]. 4Professor da UNEMAT, departamento de letras, [email protected]. 5 Bióloga,
[email protected]. 6 Pós graduando na especialização em Educação do Campo na Universidade Federal do
Paraná/Universidade aberta do Brasil, mestrando em Ciência do Solo na Universidade Federal do Paraná.
RESUMO
O conhecimento no campo está ameaçado sob vários aspectos, como, por exemplo, a extinção
dos saberes das populações tradicionais que condizem com a realidade do campo, substituída
por um ensino universal, pautado somente nas demandas urbanas. É fundamental fomentar a
importância da educação do campo e fortalecer o diálogo entre os diferentes saberes,
empíricos e científicos, tanto do campo quanto da cidade. O projeto de pesquisa teve por
objetivo levantar as prioridades e as alternativas das famílias do Assentamento Antonio
Conselheiro na região da Paulo Freire em Barra do Bugre – MT, de forma participativa, para a
construção, junto a comunidade, de metodologias de ensino para a Educação do Campo. A
pesquisa foi conduzida pelo projeto Saber Camponês: Estudo sobre a construção do
conhecimento camponês no assentamento Antonio Conselheiro, microrregião de Tangará da
Serra, MT. Parte dos resultados aqui apresentados foi realizada através de observação simples,
referências bibliográficas e questionário semi-estruturado. Foram levantadas dados referente a
origem da família, as características da propriedade e do domicílio, a lavoura e pecuária,
sistema de cultivo e como as famílias se organiza e o papel da escola na comunidade. Com
este levantamento, estudou-se como a escola tem trabalhado estes problemas e construir
metodologias de ensino para adequação da realidade. Baseado nos resultados obtidos
constatou-se que é pouco trabalhada em sala de aula esta dinâmica social do assentamento,
visando a busca de alternativas para esta realidade.
Palavras-chave: socioeconomia, produção, educação.
ABSTRACT
The knowledge in the field is threatened in many ways, for example, the extinction of the
knowledge of traditional populations meets the reality of the field, replaced by a universal
education, based only on urban demands. It is essential to promote the importance of
education in rural areas and strengthen dialogue among different knowledge, empirical and
scientific, both in the countryside or the city. The research project aimed at assessing the
priorities and alternatives of the families of Antonio Conselheiro settlement in the region of
Paulo Freire in Barra do Bugres - MT in a participatory way, to build together the community,
teaching methodologies for Education Field. The research project was conducted by
Knowledge Peasant: Study on the construction of knowledge in peasant Antonio Conselheiro
settlement, micro region of Tangará da Serra, MT. Part of the results presented here was
1
performed by simple observation, bibliographic references and semi-structured questionnaire.
Data have been raised regarding the origin of the family, and property characteristics of the
household, farming and ranching, farming system and how families are organized and the role
of the school community. With this survey, we studied how the school has worked to build
these problems and teaching methodologies to suit the reality. Based on the results obtained it
was found that little is crafted in the classroom social dynamics of this settlement in order to
search for alternatives to this reality.
Keywords: socio-economics, production, education.
INTRODUÇÃO
A educação do campo vem mudando no Brasil, onde a sua especificidade tem sido
reconhecida. O grande entrave que houve com a educação do campo se deu a partir da
uniformização do ensino infantil, médio e fundamental no Brasil, que tem como
conseqüência, um afastamento da educação da sua realidade concreta (LEITE, 1999;
FREIRE, 1996). Este afastamento acarreta em êxodo rural, especialmente de jovens, que não
vêem mais perspectivas no campo (ARROYO, 1982; CALDART, 2006). Esta uniformização
está relacionada um ensino que não trabalha peculiaridades locais, como cultura, moradia,
condições socioeconômicas, entre outros.
O ensino em geral foi pautado principalmente num modo de vida urbano e ameaça,
sob vários aspectos, o conhecimento acumulados no campo ao longo de gerações, como
também limita o ensino no que tange realidade local concreta, na produção e reprodução da
vida do campo e, em favorecimento, a continuidade da população nestes locais (LEITE,
1999).
Para Arroyo (1982), o maior problema no ensino rural (ensino rural referente a
localidade), é que a escola rural não é pensada como uma necessidade da população, não
sendo lembrada quando a agricultura e a pecuária estão em crise, mas sim quando a cidade e
sua economia estão em crise. Desta forma, ao se resolverem os problemas das cidades, os
trabalhadores do campo permanecem com suas dificuldades, visto que continuam excluídos
dos mecanismos de inserção no mundo do poder político, embora façam parte ao modelo de
produção de capital.
São realizadas diversas discussões e propostas de pedagogia para o meio rural, visando
a fixação do professor e do aluno no campo, por meio de uma pedagogia própria, em
contraposição ao ensino urbano (CALAZANS, 1993; CALDART, 2006), que se aproxime das
2
prioridades do campo e tragam alternativas adaptáveis as condições locais (ANDRADE; DI
PIERRO, 2004).
Nessa perspectiva, a importância deste trabalho foi fomentar a relevância da educação
do campo e fortalecer o diálogo entre os diferentes saberes, bem como encontrar alternativas
que contribuam para melhoria da vida no campo, a partir de suas condições socioeconômicas,
culturais e produtivas.
Portanto, o trabalho se propôs a fazer um levantamento das prioridades do
Assentamento Antônio Conselheiro, que se remete ao desenvolvimento sócio-econômico,
cultural e produtivo da comunidade no sentido de articular alternativas junto ao ensino local, a
partir de diferentes metodologias de ensino que possam contribuir e fortalecer o processo de
ensino-aprendizagem no campo, a partir de sua realidade concreta.
METODOLOGIA
Esta pesquisa foi realizada com 20 moradores do Assentamento Antonio Conselheiro,
que fica a 34 km de Tangará da Serra – MT e com educadores, educandos e funcionários da
Escola Paulo Freire. No presente trabalho, limitamos os estudos às agrovilas vinculados a
Escola Paulo Freire, localizada no município de Barra do Bugre. O público alvo da pesquisa
foi constituído pelos moradores das agrovilas 28 e 32, entrevistados de forma aleatória.
O conjunto metodológico constituiu de uma pesquisa qualitativa, de caráter
etnográfico, que adotou como técnica a observação simples, não controlada e descritiva. No
decorrer do projeto a observação participante foi realizada através de instrumentos e técnicas
de Diagnóstico Rural Participativo (DRP) com o objetivo de obtenção direta de informação
primária e de campo, tendo com exemplo a participação de reuniões dos grupos, histórias de
vida, mutirões, visitas a escola, oficinas, depoimentos pessoais, entrevistas semi-estruturada.
A coleta de dados também ocorreu através de registros em diários de campo, fotos das
atividades realizadas, e posteriormente, tabulação dos dados da entrevista (VERDEJO, 2006;
ALVES-MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 1998).
RESULTADOS
Levantamento Socioeconômico e produtivo
O levantamento socioeconômico foi realizado nas agrovilas 28 e 30 por se tratar de
duas localidades onde se concentra os principais grupos políticos da região, sendo na agrovila
3
28 o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e na agrovila 30 a central da
“Associação de Produtores do Assentamento”. Pode-se observar através dos dados da
pesquisa quanto a procedência das famílias, que 60% dos entrevistados são do estado de Mato
Grosso. Porém, nem todas estas famílias estavam presentes no local desde a implantação do
assentamento, pois conforme o documento do INCRA, Portaria 10, de 12 de dezembro de
1997, já haviam famílias assentadas desde 9 de outubro de 1996, porém dentre as famílias
assentadas, apenas 10% delas estão na comunidade entre os anos de 1996 e 1997. No
intervalo de 1998 a 2000 instalaram-se 65% das famílias e outros 25% estão no assentamento
no intervalo de 2001 a 2007. Estes dados refletem nos problemas na forma que foi pensada a
reforma agrária na época, onde o grande objetivo era a ocupação de terra, mas não foi
planejado na época a permanência nestas terras, onde se deveriam organizar desde produção,
moradia, lazer, educação, transporte, saúde e muitos outros direitos garantido. Em muitas
condições, houve um isolamento total das comunidades referente à zona urbana, por exemplo.
A ausência destas condições, ditas essências para o estabelecimento de comunidades, foram
determinantes para o abandono de terras em muitas áreas de reforma agrária pelo Brasil
(FUNDAÇÃO ITESP, 2001). Os assentamentos de reforma agrária é uma medida que visa
diminuir os negativos impactos que houve no êxodo rural entre 1950 e 1996 (MARTINE,
1990, p. 22), onde mais de 70% da população rural migraram para os centros urbanos, visando
trabalho nas grandes fabricas para condições de vida melhor (FUNDAÇÃO ITESP, 2001).
Também observamos que maior parte dos produtores não tinha maquinários e
equipamentos para o trabalho no campo, sendo preciso alugá-lo em determinados períodos ou
apenas executar atividades manuais. Apenas 17% trabalham com produção mecanizada.
Obviamente, devido ao excessivo trabalho manual, algumas famílias realizam a contratação
de mão-de-obra terceirizada, que giram em torno de atividades como plantio, manejos
culturais, colheita da lavoura e atividades voltadas à pecuária bovina. Destes, 61% dos
entrevistados afirmam ter contratado terceiros na última safra. Não somente a falta de
maquinários é um fator para contratação de mão-de-obra no assentamento, mas também um
fenômeno
conhecido
com
“envelhecimento
do
campo”
(MENDRAS,
1995;
DURSTON,1996), pois se observou a partir das entrevistas que um grande contingente de
jovens tem saído do campo para a cidade. Esta saída está relacionada justamente com a falta
de planejamento no interior dos assentamentos rurais, como citado anteriormente. Não se vê
por parte do jovem uma perspectiva de continuidade dentro destas áreas e, esta perspectiva
diminui cada vez mais com um educação que não é voltada para a condições locais.
4
É notável em diversas comunidades a tendência em se organizar de forma coletiva na
resolução de muitas destas prioridades. Neste sentido, tivemos o interesse em levantar
informações quanto a organização das pessoas no assentamento, principalmente no que diz
respeito a coletividade e formas de organização. A pesquisa nos permitiu perceber que apenas
25% das famílias pesquisadas dizem executar suas atividades de forma coletiva,
principalmente as agropecuárias através de mutirões. Das que dizem trabalhar coletivamente,
77,78% participam de algum tipo de associação ou grupo, dentre as quais se destacam a
Associação de produtores (46,15%), Coletivos do MST (30,77%), Sindicato dos trabalhadores
(15,38%) e Associação de Moradores (7,69%). Tanto as famílias que participam e as que não
participam de nenhum tipo de organização alegaram a falta de união da comunidade e a falta
de informação por parte das lideranças locais.
Existem poucas propriedades administradas por mulheres na micro-região Paulo
Freire. Porém, nesta região há uma associação feminina, onde estas mulheres se organizaram,
devido as dificuldades de produção do assentamento, para poderem se capacitar quanto
formas de produção e processamento dos produtos agrícolas como também até a inserção
destas mulheres no ensino local. A partir daí, esta associação formada por mulheres de várias
agrovilas desta região, organiza eventos festivos a fim de arrecadação, mutirão para plantio de
suas culturas e outras atividades. É de fundamental importância a participação da mulher nas
atividades do campo e principalmente, o seu reconhecimento. Pois é comum este trabalho ser
“invisível” perante a sociedade, dentro e fora dos assentamentos rurais.
Fazendo uma análise da dinâmica de produção do assentamento e o que influencia a
escolha do tipo de produção, 30% das famílias trabalham com a pecuária, 37,5% agricultura e
27,5% possuem reserva legal em sua propriedade. Na agricultura destaca-se a produção de
banana (37,14%), milho, pastagem e mandioca, respectivamente, e na pecuária destaca-se a
criação de gado leiteiro (66,67%). Na tabela 1 estão relatados os fatores que determinam a
opção pelas atividades agropecuária das propriedades.
Tabela 1 – Fatores que determinam a opção pelas atividades agropecuárias das propriedades,
Assentamento Antonio Conselheiro, Barra do Bugres - MT.
Fatores determinantes
(%)
Demanda de mercado
58,33
Tradição de família
12,50
Vocação da propriedade
12,50
Preservação solo/Meio ambiente
8,330
Disponibilidade de Crédito bancário
04,17
Fonte: questionário aplicado
5
Verifica-se que o fator determinante na escolha da produção é a demanda de mercado,
evidenciando como o assentamento ainda sofre muita influência de mercado, onde a
subsistência deixa de ser um fator primordial para o uso da propriedade e passam a usá-la
exclusivamente para produção comercial, contradizendo os conceitos de agricultura
camponesa1. Na comercialização dos produtos agropecuários, cerca de 60% vendem os
produtos para atravessadores, 15% para os laticínios e 25% outras formas de comercialização.
Os produtores salientaram que a maior restrição de estarem comercializando a produção se dá
pelo preço do produto e a falta de transporte e péssimas condições das estradas rurais.
Novamente se enfatiza aqui a falta de planejamento que houve nos assentamentos rurais,
aumentando as condições do êxodo rural.
Na agricultura e pecuária, os produtores identificaram restrições ainda quanto a falta
de assistência técnica e extensão rural pública, associada com as condições do campo, como a
baixa fertilidade dos solos, seca prolongada, alta incidência de pragas, doenças e plantas
daninhas, falta de insumos para o trabalho no campo (sementes, adubos e agrotóxicos). Diante
destas problemáticas, os produtores mencionaram a necessidade de um modelo produtivo que
se baseie numa agricultura ecológica, sem uso de insumos químicos sintéticos e produção da
própria semente. Diante do exposto, 35% dos produtores afirmam utilizar agrotóxicos na sua
produção, enquanto outros 35% não utilizam. Destes que utilizam, 57,14% gostariam de não
utilizar mais agrotóxicos. A maioria dos agricultores entrevistados afirma que os agrotóxicos
fazem mal a saúde, alegando contaminação dos alimentos, contaminação do solo, deixa os
alimentos com paladar ruim e com má aparência. Quanto ao solo, 55% dos agricultores
observaram que o solo vem perdendo a fertilidade, observando compactação, erosão, ausência
de seres vivos no solo, onde eles justificam ser devido ao uso de agrotóxicos e adubos
sintéticos.
Escola Estadual Paulo Freire e a Construção de Metodologias Participativas
A Escola Paulo Freire está situada na agrovila 28 do Assentamento e a fundação
ocorreu em 1999 funcionando somente no ano 2000, e influi diretamente na vida dos
1
Agricultura camponesa: Queiroz (1976) define o Camponês através de certas características como: o
trabalhador rural cujo produto se destina primordialmente ao sustento da própria família, podendo ser vendido ou
não o excedente da produção; economicamente, define-se o camponês pelo seu objetivo de plantar para o
consumo; são lavradores cuja produção é orientada para a subsistência, o que os distingue dos agricultores, cuja
produção ao contrário é orientada para o comércio dos gêneros produzidos; ou, seus estabelecimentos são do tipo
familiar, concentrando os chefes de família a iniciativa dos trabalhos efetuados na unidade de produção,
trabalhos que não se distinguem e sim se confundem com todas as atividades da vida cotidiana.
6
assentados. O processo de construção de metodologias de ensino foi baseado nas restrições e
prioridades levantadas anteriormente e foi utilizado como método de socialização dos dados
desta pesquisa ferramentas como oficinas.
A primeira oficina realizada foi sobre Currículo e a segunda sobre Metodologias de
ensino em sala de aula. Por se tratar de um processo coletivo, envolvido por várias etapas e
caracterizado pela complexidade da realidade dos sujeitos envolvidos, é válido destacar que as
oficinas são apenas o início do trabalho que continuará em desenvolvimento pela própria
escola e outras entidades públicas relacionadas. Ambas as oficinas envolveram somente os
educadores da Escola Paulo Freire, e serão aqui apresentadas separadamente.
A oficina de currículo e avaliação foi realizada no dia 27 de junho de 2008, com a
participação de professores da universidade e a participação dos professores da Escola Paulo
Freire.
Primeira etapa: Definição dos conceitos de Currículo e Avaliação.
Segunda etapa: Dinâmica da oficina: a) Divisão dos presentes na forma de pequenos
grupos; b) cada grupo define os conceitos de Currículo e Avaliação, sendo que cada grupo é
responsável por um dos conceitos; c) os resultados da discussão foram apresentados por cada
grupo em forma de painel para o grupo maior;
Terceira etapa: Discussão entre os participantes, a) a partir das definições dos
conceitos de Currículo e Avaliação foi feita uma reflexão sobre os problemas vivenciados na
prática escolar, no que diz respeito a aplicabilidade do currículo à realidade do campo b)
relação entre os conceitos e o Plano Político Pedagógico da Escola Paulo Freire.
Esta oficina foi fundamental para se pensar um currículo escolar voltado para dar
respostas às necessidades do homem no meio rural, visando atendê-lo naquilo que é parte
integrante do seu dia-a-dia, fornecendo conhecimentos que possam ser utilizados na pecuária,
agricultura e outras atividades.
A oficina de metodologia de ensino foi realizada em três etapas:
Primeira etapa: se deu através da apresentação do grupo de educadores e funcionários
da escola e da equipe do projeto de pesquisa. Em conjunto foi realizado uma análise
conceitual do termo “Educação do Campo”. O objetivo deste primeiro momento foi de gerar
maior participação e comunicação entre os participantes, além de iniciar o tema proposto para
a oficina.
Segunda etapa: consistiu na apresentação dos resultados obtidos durante a pesquisa
para o grupo, no qual se consistiu numa alternativa de apresentação destes dados à escola,
7
pois o foco era a sua própria realidade. Esta apresentação os fundamentou e favoreceu a
geração de discussões que visava a melhoria do ensino da escola. Não somente isso, esses
dados darão subsídios para novas discussões entre a comunidade e a escola, pois é através da
problematização de suas realidades que novas propostas de ensino surgirão.
Última etapa: consistiu em uma dinâmica chamada árvore dos problemas. Os
educadores analisaram todos os problemas, elencando quais eram os mais prioritários tanto
para a escola quanto para a comunidade e, analisaram temas que poderiam estar abordando
em sala de aula. Assim, tanto a equipe do projeto como o grupo escolar debateram a cerca de
três temas específicos, sendo água, lixo e o êxodo rural. A lógica era apresentar as causas e
efeitos de cada um destes problemas priorizados pelo grupo de educadores.
Através destas metodologias utilizadas nas oficinas, foram trabalhados junto aos
educadores da comunidade outros temas levantados pelas famílias entrevistadas, para que
estes possam ser discutidos na escola junto aos educandos e pais. Dentre eles, destacam-se
temas voltados às atividades produtivas e ao meio ambiente, como uso do solo e da água, uso
e armazenamento de sementes e conhecer a fauna e flora local.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quanto à educação, mesmo com políticas públicas para uma educação voltada para o
homem do campo, a mesmo permanece com características urbanas e, com a pesquisa
podemos perceber que a escola Paulo freire, caracterizada como uma escola do campo, tem
sérios problemas no que se refere a metodologias de ensino adaptadas a sua realidade local. A
grande maioria dos educadores mantém em sala de aula um ensino que não condiz com a
realidade do campo.
Fazendo as observações a campo, com o levantamento das prioridades e alternativas
para a comunidade, percebe-se que a instituição tem seu papel, que vai além do ensino, mas o
uso do espaço para encontro de moradores para possíveis soluções dos problemas da
comunidade. Mas no que relaciona com uma educação que valorize o saber camponês,
fomente estas prioridades e alternativas, a escola deixa a desejar. Uma vez que a sua
metodologia de ensino é tradicional como uma escola urbana, conseqüentemente os jovens do
local têm anseio de sair do campo, ocasionando isso êxodo rural e envelhecimento do campo.
O agravante é que maioria dos educadores não tem formação superior. Para a escola
do campo o educador tem que ter uma formação diferenciada voltada para o campo. Para que
8
o educador possa possibilitar ao educando muito além de atividades em sala de aula, mas uma
educação que transponha para atividades culturais, religiosas, recreativas e, principalmente
agropecuárias, atividades estas que ajudarão do desenvolvimento do campo, na sua
sustentabilidade ao longo do tempo.
Portanto, há a necessidade de busca de propostas e metodologias de ensino adequadas
para que consolidem e valorizem a realidade do camponês, sendo estas metodologias feita a
partir da construção coletiva com a comunidade, na busca de novos valores humanos e novas
relações pessoais, diminuindo na escola como um espaço de exclusão social e estas
metodologias não são prontas, sendo construída de tal forma que se adapte ao contexto social
a qual a escola esta inserida.
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Disponível
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http://www.acoaeducativa.org.br. Acesso 24 de agosto de 2011.
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LEITE, S. C. Escola Rural: Urbanização e Políticas Educacionais. São Paulo. Cortez, 1999.
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