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SEGURANÇA
Sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Jornal de Brasília
AREAL
Praça da insegurança
Perigo perto
da escola
l Consumo e
tráfico de drogas
preocupam
moradores e
comerciantes
Além de comerciantes e moradores, perto da praça existe uma
escola e uma creche. Para tentar deixar
os alunos afastados das drogas, a
Escola Classe Vila Areal investe em
programas de orientação educacional
e projetos, com palestras, vídeos, filmes, tudo ligado ao assunto. Professora da regional, Cristine Izédio, de
44 anos, conta que um dos agravantes
é que a maioria dos usuários de
drogas da região é da família dos
alunos. “São primos e irmãos, que
ficam na praça. Já teve tiro, briga e, às
vezes, precisamos soltar os alunos
mais cedo para evitar a saída depois
que escurece”, explica Cristine.
A orientadora educacional Lucélia Cristina Toledo conta que uma
das maiores dificuldades da escola é
conseguir conciliar o trabalho preventivo dos professores com a participação da família. Muitas vezes,
segundo a orientadora, o exemplo
está em casa. “Duas mães de alunos
já foram assassinadas por conta do
envolvimento com as drogas. Outros
estão presos e assim vai. Como todo
mundo se conhece, a praça fica cheia
e a gente sente que a droga invade a
escola”, avalia Lucélia.
G Camila Costa
[email protected]
uem olha uma praça bonita,
bem arrumada, com quadra
de esportes, pista de skate e
mesas de jogos, não imagina o incômodo que ela causa. A praça fica
na Quadra 6/8 do Areal e, segundo
moradores, comerciantes e pessoas
que precisam passar por lá, o local
é usado para consumo e tráfico de drogas, em qualquer horário do dia. A
população reclama que
se sente constrangida em
usar a praça para o que
realmente ela foi criada, o
esporte, o lazer e o entretenimento.
Para o estudante Jefferson Cosmo de Sá, de 19 anos, que passa pela
praça para ir à faculdade, é um
perigo deixar a situação como está.
Jefferson conta que, na semana passada, duas mulheres entraram em
um mercado, próximo à quadra, e
pediram para usar a balança do
estabelecimento. Assustado, o jovem
disse que as moças pesaram trouxas
de droga. “Eu fiquei olhando sem
acreditar. Eu fico com medo, pois
preciso passar de noite e as drogas
estão diretamente ligadas à criminalidade”, avalia. Segundo ele, o
policiamento existe, mas não aborda
pessoas em atitudes suspeitas.
Há dois anos e meio no mesmo
local, o comerciante Mauro Luiz Pinto, de 61 anos, diz que o uso de
drogas na área afeta as vendas do
bar. “Quando entram duas ou mais
pessoas eu olho aonde vão e, se
desconfiar, chamo a polícia. Eles
sempre vieram quando liguei”,
conta. Para Mauro, a saída é tentar
selecionar quem frequenta o bar.
“Quando vejo que são pessoas
estranhas, que vieram da praça e
são usuários, não atendo e deixo ir
embora”, fala.
O encarregado de obras Sebastião dos Reis, de 43 anos, diz que o
uso de drogas não tem hora marcada. “Eles ficam por aqui sempre,
independentemente do horário. Toda hora é hora”, afirma. Segundo o
morador, o policiamento é efetivo,
mas a punição não existe. “Enquanto
não mudar a legislação quanto ao
estatuto do menor, nada vai adiantar”, avalia o morador.
Q
RAPHAEL RIBEIRO
O espaço na Quadra
6/8 tem brinquedos,
mas pouco utilizados
SAIBA
+
A Administração Regional de
Águas Claras levou, em
agosto, para a praça a Rua
de Lazer no Areal. O evento
faz parte do Projeto Areal.
A Rua do Lazer leva para a
comunidade atrações como
camas elásticas, pingue e
pongue, totó e participações
especiais de músicos.
A proposta da Administração
para acabar com as drogas
na praça é proporcionar, com
mais frequência, este tipo de
evento para a comunidade.
QUESTIONÁRIOS
Um dos métodos usado pela
instituição de ensino para avaliar a
relação dos jovens com as drogas são
os questionários. Lucélia conta que
os alunos participaram de uma pesquisa e o resultado foi uma surpresa
para os professores. Apesar de a
maioria ter afirmado que não usa
drogas, dos 480 alunos, 50 disseram
ser dependentes de algum tipo de
droga. Mais de 50% apontaram que o
motivo foi a curiosidade. “A gente
atende individualmente, em grupo, e
estamos tentando, ao máximo, mantê-los longe. Mas o envolvimento dos
pais e dos amigos acaba sendo uma
mão dupla”, observa.
Segundo o administrador de
Águas Claras, Manoel Carneiro, eles
estão cientes do problema e as medidas para contornar a situação já
começaram a ser tomadas. A administração prepara, ainda para este
semestre, um projeto que pretende
levar para a praça arte, esporte e
lazer. “Já fizemos uma gestão junto
ao delegado da região e ao comandante do Batalhão da PM da cidade,
e agora vamos fechar este projeto
para ocupar o espaço com atividades
produtivas para a comunidade. Vamos trazer a Rua do Lazer e a Feira
de Cultura, para inibir este tipo de
atuação”, garante Carneiro.
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16/9/2011 1a. Caderno A_14_Tb