Governo Federal Dilma Vana Rousseff Presidente Ministério da Educação Aluísio Mercadante Ministro CAPES Jorge Almeida Guimarães Presidente Diretor de Educação a Distância João Carlos Teatini de Souza Clímaco Governo do Estado Ricardo Vieira Coutinho Governador UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA Marlene Alves Sousa Luna Reitora Aldo Bezerra Maciel Vice-Reitor Pró-Reitor de Ensino de Graduação Eli Brandão da Silva Coordenação Institucional de Programas Especiais – CIPE Secretaria de Educação a Distância – SEAD Eliane de Moura Silva Assessora de EAD Coord. da Universidade Aberta do Brasil - UAB/UEPB Cecília Queiroz Iolanda Barbosa da Silva Metodologia da Pesquisa Campina Grande-PB 2012 Editora da Universidade Estadual da Paraíba Diretor Cidoval Morais de Sousa Coordenação de Editoração Arão de Azevedo Souza Conselho Editorial Célia Marques Teles - UFBA Dilma Maria Brito Melo Trovão - UEPB Djane de Fátima Oliveira - UEPB Gesinaldo Ataíde Cândido - UFCG Joviana Quintes Avanci - FIOCRUZ Rosilda Alves Bezerra - UEPB Waleska Silveira Lira - UEPB Universidade Estadual da Paraíba Marlene Alves Sousa Luna Reitora Aldo Bezerra Maciel Vice-Reitor Pró-Reitora de Ensino de Graduação Eli Brandão Coordenação Institucional de Programas Especiais-CIPE Secretaria de Educação a Distância – SEAD Eliane de Moura Silva Assessora de EAD Cecília Queiroz Coordenador de Tecnologia Ítalo Brito Vilarim Projeto Gráfico Arão de Azevêdo Souza Revisora de Linguagem em EAD Rossana Delmar de Lima Arcoverde (UFCG) Revisão Linguística Maria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB) Diagramação Arão de Azevêdo Souza Gabriel Granja FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL - UEPB 001.42 S586m Silva, Iolanda Barbosa da. Metodologia da pesquisa./ Iolanda Barbosa da Silva; UEPB/ Coordenadoria Institucional de Programas Especiais, Secretaria de Educação à Distância._Campina Grande: EDUEPB, 2012. 178 p.: Il. Color. ISBN 978-85-7879-106-3 1. Metodologia da Pesquisa. 2. Redação Acadêmica. 3. Normalização. I. Titulo. II.EDUEPB/ Coordenadoria Institucional de Programas Especiais. 21. ed.CDD EDITORA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA Rua Baraúnas, 351 - Bodocongó - Bairro Universitário - Campina Grande-PB - CEP 58429-500 Fone/Fax: (83) 3315-3381 - http://eduepb.uepb.edu.br - email: [email protected] Sumário I Unidade O saber científico e suas explicações lógico-racionais.....................7 II Unidade O método científico ...................................................................27 III Unidade Os tipos de métodos e sua aplicação...........................................47 IV Unidade A pesquisa e a iniciação científica na universidade e no cotidiano do educador.........................................................71 V Unidade Normalização técnica para redação científica: citações, notas e referências......................................................................91 VI Unidade A pesquisa bibliográfica: métodos, técnicas e instrumentos de coleta de dados..................................................................125 VII Unidade A pesquisa de campo: métodos, técnicas e instrumentos..............143 VIII Unidade A construção do Projeto de Pesquisa..........................................155 I UNIDADE O saber científico e suas explicações lógico-racionais Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 7 Apresentação O homem é capaz de ordenar o seu mundo por meio de explicações sobre as suas experiências, sensações e pensamentos. Essas explicações permitem ao homem criar sistemas lógico-explicativos orientados por projeções e idéias de tempo, de espaço e de expectativas do futuro. A construção de saberes é simbólica e dotada de significados e sentidos em torno do mundo que o rodeia, criando assim, o que se chama cultura humana. É essa capacidade de pensar e explicar o mundo com o qual ele interage que o homem criou o conhecimento que assume várias configurações, mas para fins dos nossos estudos o conhecimento que irá nos interessar é o saber científico. Diante disso, criamos uma possibilidade para trabalhar essa disciplina na medida em que ela se coloca como um caminho para a operacionalização do pensar científico e um modo de pesquisar e produzir o saber – dimensão metodológica da pesquisa. Ao longo da unidade discutiremos as possibilidades de construção do saber científico, buscando criar espaços de debate e reflexão em torno deste Conhecimento, como uma produção humana, abordando o ordenamento lógico racional de conhecer e explicar as experiências do homem em sua interação com o meio, e com outros homens e com as suas representações de mundo. Algumas noções básicas serão apresentadas para desencadear o conhecimento científico, o debate e a reflexão em torno deste saber humano e da complexidade metódica que o envolve. Sendo assim, é importante que você acompanhe o desenvolvimento do conteúdo, observando a forma da linguagem dos textos, pois eles se propõem a trabalhar o conteúdo da disciplina em sua elaboração didático-pedagógica. A redação, em alguns momentos, irá diferir de outros textos de disciplinas já cursadas, devido à especificidade do conteúdo de Metodologia da Pesquisa. A comunicação escrita será marcada pela impessoalidade, objetividade e uso de terminologias da linguagem científica. O material virá acompanhado de orientações e atividades que buscam levá-lo à reflexão e ao uso dessa linguagem. Desse modo: • oriente-se pelas indicações de linguagem e forma técnica do material; • elabore as atividades, trabalhando o conhecimento da linguagem científica que irá sendo apresentado na produção do material didático ao longo das unidades; • busque ampliar suas análises, tirando as dúvidas quando ocorrerem, em leituras que virão indicadas; • realize sua autoavaliação da aula, utilizando-se do espaço disponibilizado. 8 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa O estudo sobre o saber científico, o processo histórico das transformações que marcaram a consolidação do saber científico entre os séculos XV e XVIII. serão enfocados nesta primeira aula, bem como os resultados desse processo ao longo do século XIX, até os dias atuais. A unidade será construída com fundamentos teóricos e fragmentos de pesquisas científicas, tópicos de reflexão e atividades de verificação da aprendizagem que buscam levá-lo a compreender a lógica da Ciência e de seu conhecimento. Desse modo: • exercite o raciocínio científico na elaboração das atividades; • busque ampliar sua interpretação da ciência, aprofundando-se nas leituras indicadas; • realize sua auto avaliação da unidade e contribua com a construção textual deste material pedagógico. Objetivos Pretendemos, ao final desta aula, que você tenha compreendido que: 1. a ciência moderna é um saber datado historicamente e se utiliza de métodos cujos princípios operam com uma razão racionalizante que instaura uma cultura científica; 2. o processo de elaboração do saber científico é racional, metódico e sistemático sendo suscetível à verificação; e 3. as aplicações e implicações da ciência estão presentes no seu cotidiano. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 9 A ciência se torna o saber autorizado e legítimo para... Pense nisto!!! Com a crise das explicações religiosas, a ciência destaca-se como conhecimento legítimo, se afirmando como verdade e progresso. As descobertas e os efeitos dos novos inventos, como o pára-raios e as vacinas, o desenvolvimento da mecânica, da química e da farmácia eram amplamente verificáveis, dando credibilidade às atividades científicas a partir do século XV, configurando o nascimento da ciência moderna. Atividade I dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! Descreva e analise uma situação cotidiana, na qual os inventos da ciência estejam presentes. Na descrição procure identificar, também, as aplicações e implicações desse(s) invento(s), destacando na sua descrição o(s) tipos de linguagem (ns) que o definem como científico. Reflita!!! A situação narrada e analisada caracteriza a aplicabilidade do conhecimento científico no cotidiano; como também, apresenta elementos que se destacam na compreensão da funcionalidade e credibilidade desse saber para o homem. O triunfo da ciência No século XIX, a ciência alcança o status de discurso instaurador de verdades. Isso se deve ao domínio e o número crescente de descobertas, o ritmo das mudanças e as aplicações práticas das ciências da natureza em vários campos da vida social. 10 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa As aplicações práticas do conhecimento científico produzem novos olhares sobre o século XIX. Vários domínios da vida cotidiana são modificados com as descobertas e aplicações da ciência. Na agricultura, as técnicas e instrumentos para arar, os adubos e defensivos agrícolas permitem o aumento e o planejamento da produção de alimentos. Enquanto que, a descoberta e o uso de novas fontes de energia, como a eletricidade, que aplicada às manufaturas, vem acelerar o ritmo da produção, possibilitando a industrialização e o processo de urbanização nos centros industriais. Já no campo da comunicação, a invenção do telégrafo e do telefone quebra as barreiras espaciais e temporais, aproximando os homens e produzindo novos tipos de linguagens que irão possibilitar a comunicação e a interação social. Enquanto isso, a medicina moderna, com suas descobertas, formas de prevenção e de combate, desenvolve um controle sobre as epidemias no Ocidente. Vivemos então o domínio da razão e da experimentação. Com o advento da industrialização, a ideia de progresso se solidifica na expansão de mercados que irão comercializar os produtos industrializados e instituir novos domínios econômicos para o Capitalismo Industrial, utilizando-se das ferrovias e da navegação a vapor, por vários continentes, entre eles a Ásia e a África. A construção de um projeto de sociedade fundado na razão racionalizante marcou a ciência moderna e instituiu o progresso como a razão de ser dessas sociedades e também institui com isto a distinção entre os saberes produzidos na dinâmica da oralidade e os saberes sistemáticos que serão registrados pela escrita. Desde então, o conhecimento da ciência se afirma como verdade, ou como diria Trujillo (apud LAKATOS, 2000, p. 18) “aproximadamente exato”, e como afirma Karl Popper (apud BERVIAN; CERVO, 1996, p. 30) “[...]. Assim, quando as premissas são verdadeiras, o melhor que se pode dizer é que a sua conclusão é, provavelmente, verdadeira.” Desse modo, ao buscarmos um outro olhar sobre a Verdade na ciência encontramos no fragmento de verso do Poema Lógica de Amélia Império Hamburger o seguinte: [...] A verdade, na ciência é fugidia como um relâmpago. Revelação na noite escura, verdade enquanto dura A luz. Sempre verdade, num quadro à luz do dia. Imagem de David Bohn que, em prosa, Já é poesia Fragmento extraído do Jornal on-line da USP. A autora é professora aposentada do Instituto de Física da USP. Disponível em <http:www.usp.br/jorusp/arquivo/2007/jusp799/pago809.htm> Acesso em: 22.ago.2011. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 11 Atividade II Comente a suposta verdade científica, considerando o pensamento de Rubem Alves (1994, p.11) sobre os cientistas, em particular, os especialistas da Educação, considerados as autoridades na área. [...]. Não precisamos pensar, por que acreditamos que há indivíduos especializados e competentes em pensar. Pagamos para que ele pense por nós. E depois ainda dizem por aí que vivemos numa civilização científica [...]. O que eu disse [...], se aplica a tudo. [...] tomam decisões e temos de obedecer [...]. dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! Reflita!!! Sua compreensão e interpretação possibilitam o exercício do saber científico ao questionar um problema e buscar parâmetros para sua investigação e análise. Pense nisto!!! Nem todo conhecimento é científico, mas para que isto ocorra são necessários dois pré-requisitos: primeiro, que o campo do conhecimento seja delimitado com objeto de estudo definido e segundo, que existam métodos apropriados às investigações desse objeto. 12 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Atividade III Comente a citação a seguir, refletindo sobre o que é Ciência? Conhecimento científico é conhecimento provado. As teorias científicas são derivadas de maneira rigorosa da obtenção e experimento. A ciência é baseada no que podemos ver, ouvir, tocar etc. Opiniões ou preferências pessoais e suposições especulativas não têm lugar na ciência. A ciência é objetiva. O conhecimento científico é conhecimento confiável porque é conhecimento provado objetivamente. (CHALMERS, 2000, p. 23) Reflita!!! Sua análise se aporta ao conhecimento comum da ciência, tanto que esse olhar focado no empírico, no observável, verificável pelos sentidos marcou a Ciência do século XVI e XVII com Galileu e Newton e popularizou-se após a Revolução Científica. Como se constrói o saber científico? Podemos iniciar a construção de um discurso científico sobre essa elaboração do saber, considerando que ele registra fatos, observando-os e demonstrando-os, experimentando-os ou não pelas suas causas determinantes. Nesse caso, o saber científico funda-se num trinômio, conforme Bervian; Cervo (1996, p.12) “verdade _ evidência _ certeza”. A lógica desse saber reside no exercício de realizá-lo pela observação racional e sistemática e no controle dos fatos, na sua experimentação e explicação metódica. Isso ocorre na atividade intelectual do cientista. Nesse sentido, o fazer ciência acontece na atitude científica do investigador diante dos fenômenos investigados. A ciência cria uma rede discursiva na qual tudo o que não cai nela é irreal. O filósofo Hebert Marcuse (apud ALVES, 2000, p. 113) ao faMetodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 13 lar sobre o homem unidimensional o caracteriza, como “[...] o homem que se especializou numa única linguagem e vê o mundo somente por meio dela [...]”. O pensador ao falar desse homem o situa no campo do sujeito que constrói o discurso instaurador de verdades. Convidando Rubem Alves (op.cit, p.114) para o debate sobre Ciência criam-se inquietações para reflexão: A ciência é um jogo. Um jogo com regras precisas. Como o xadrez. No jogo do xadrez, não se admite o uso das regras do jogo de damas. Nem do xadrez chinês. Ou truco. Uma vez escolhido um jogo e suas regras, todos os demais são excluídos. As regras do jogo da ciência definem uma linguagem. Elas definem, primeiro, as entidades que existem dentro dele. As entidades do jogo de xadrez são um tabuleiro quadriculado e as peças. As entidades que existem dentro do jogo lingüístico da ciência são, segundo Carnap, ‘coisas físicas’, isso é , entidades que podem ser ditas por meio de números. Esses são os objetos do léxico da ciência. Mas a linguagem define também uma sintaxe, isso é, a forma como suas entidades se movem. Os movimentos das peças do xadrez são definidos com rigor. E assim também são definidos os movimentos das coisas físicas do jogo da ciência. Atividade IV Exercite uma atitude científica diante dos problemas enfrentados pelo educador no Ensino do uso da Língua Portuguesa em sala de aula. Elabore um texto localizando o problema, levantando suas possíveis causas, demonstrando como ele ocorre e verificando-o em outros contextos e situações nas quais o uso da oralidade e da escrita se configuram como um processo de interação social mediado por códigos complexos de linguagem. Sugestão de consulta e pesquisa para elaboração desta atividade: dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! O Blog Língua Portuguesa na Escola traz textos que problematizam o Ensino da Língua, ver no http://linguaportuguesanaescola.blogspot. com/. 14 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Ciência e sociedade A ciência está presente no cotidiano das pessoas. Os estudos e os resultados das pesquisas científicas retornam para sociedade; no entanto, são as relações entre classes e fragmentos de grupos sociais que irão definir os canais de acesso às descobertas científicas e suas aplicações. O conhecimento científico vem sendo organizado conforme Demo (1997, p. 62) “em dois sistemas conjugados [...], a partir do século XX (grifo nosso): o sistema de produção, com lugar apropriado nas universidades, e o sistema de socialização desse conhecimento, produzindo através, principalmente, da instituição eletrônica e da telemática”. As descobertas tecnológicas têm contribuído com a divulgação do conhecimento científico, os meios de comunicação vêm desempenhando o papel de intermediadores entre a população e os pesquisadores e têm pautado o debate em torno das descobertas, aplicações e implicações do saber científico. A aplicação do conhecimento científico no campo da educação pode ser identificado nas pesquisas realizadas nas Universidades, as quais buscam tanto desenvolver investigações em torna das tecnologias que possam vir a ser incorporados ao processo pedagógico tanto como instrumentos de aprendizagem quanto na análise das relações que são mediadas neste processo interacional, dinamizado em saberes técnicos, práticas sociais e educativas; como também, nas simbologias e códigos de linguagem que vão sendo apropriados no cotidiano dos sujeitos sociais na contemporaneidade, a exemplo da linguagem usada nas interações mediadas pelas redes sociais em ambientes online. Nas redes podemos identificar uma complexa decodificação no uso e registro escrito das palavras que compõem o vocabulário da Língua Portuguesa. Neste sentido, os grupos de pesquisa nas Universidades buscam compreender e explicar os processos educativos, sua função e contribuições para o ensino-aprendizagem dos indivíduos no âmbito dos estudos sobre a (des) construção da linguagem enquanto processo social. Podemos verificar isto, no Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Alfabetização e Letramento da USP, em particular nos resumos das pesquisas das Professoras Martha Silene da Silva e Sandra Mutarelli. Vejamos: Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 15 A formação de grupos e a mediação do professor na apropriação da língua escrita Martha Sirlene da Silva O objeto de análise deste estudo são as práticas de formação de grupos propostas em sala de aula e o processo de intervenção do professor na aquisição da língua escrita. O trabalho visa identificar e discutir as concepções de ensino, de aprendizagem, de alfabetização e de letramento. Em oposição ao típico reducionismo das práticas pedagógicas, parte-se do pressuposto de que a apropriação da língua escrita se faz no estreito vínculo com a vida, no contexto das relações históricas, sociais e políticas. No confronto com as possibilidades do processo de ensino e aprendizagem em situações de mediação e interações mais plurais, o mapeamento da prática pedagógica tem a intenção de ampliar os subsídios para se repensar a prática escolar. Tomando como referencial teórico a concepção constitutiva e dialógica da linguagem (Bakhtin e Geraldi) e a construção sócio-cultural da linguagem (Vygotsky), a pesquisa será realizada com professoras do último estágio das classes de Educação Infantil e de primeira série do EFI em escolas da rede municipal de São Paulo. O Ensino de Ciências e a Alfabetização de Jovens e Adultos Sandra Mutarelli O trabalho pretende investigar a relação pensamento-linguagem intermediada pelo raciocínio científico no processo de alfabetização e letramento de jovens e adultos. Um dos desafios dessa pesquisa é descobrir como articular o ensino de Ciência com o ensino da língua escrita. Nossa concepção de ensino-aprendizagem de ciência, presente no projeto “ABC na educação científica – Mão na Massa”, é aquela na qual o educando, diante de um problema, deve levantar hipóteses, testá-las experimentalmente, para, então, construir seu conceito por meio de um acordo coletivo intermediado pelo professor. Nossos estudos preliminares com adultos mostraram o significativo ganho desses educandos, quanto ao seu repertório cognitivo e lingüís- 16 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa tico, organização e expressão da língua escrita durante o ensino de Ciência. Nossa hipótese é de que a Ciência cumpre um papel fundamental no processo de aquisição da linguagem e leitura de mundo Analisando os resumos dos projetos de pesquisa das professoras de ensino superior da USP, compreendemos que existem estudos científicos que orientam a formulação de políticas educacionais conservadoras ancoradas em paradigmas positivistas e burocrático-legais focados numa aprendizagem do treinamento que consideram a linguagem escrita o único caminho capaz de tornar o sujeito portador da condição significante e do status social de letrado; mas também, existem outros estudos que constroem novos olhares sobre as práticas educativas, construindo um comprometimento do pesquisador com investigações que apresentem viabilidade social, cujos resultados possam vir a contribuir com os processos de ensino e aprendizagem na educação básica oportunizando um novo sentido para a pesquisa educacional. Desse modo, vemos o quanto o conhecimento científico está comprometido ou não com a sociedade de seu tempo. Enquanto isto, a pesquisa realizada pelas professoras de ensino médio Maria Lígia F. Santiago e Doris Siqueira Tavares (s.d., p. 54), socializada na Revista Discutindo Ciência, atesta “que a escassez d’água não é um problema exclusivo de regiões áridas, como o Sertão Nordestino”. A matéria traz um alerta dos cientistas acerca do cuidado com o aqüífero Guarani, conforme segue: Em 2004, os países do Mercosul fizeram um acordo sobre a exploração da maior reserva de água subterrânea do mundo, o aqüífero Guarani. Ele prevê medidas de controle de extração da água, prevenção da poluição e criação de um banco de dados para sua proteção. Esse imenso reservatório tem 1, 6 milhão de quilômetros quadrados e dois terços estão no Brasil. Os cientistas alertam que é preciso muito cuidado para não prejudicar essa imensa reserva de água doce. Começando por evitar a exploração exagerada, como a perfuração de poços artesianos sem controle sanitário, ou barrando a poluição das águas da borda da bacia do Rio Paraná, local em que a água do aqüífero quase chega à superfície. Percebemos que as pesquisadoras trouxeram dados importantes para discussão da relação entre ciência e sociedade, na medida em que os resultados da pesquisa, socializados, alentam para um dos problemas mais complexos da sociedade contemporânea – a escassez de recursos hídricos. O sistema de socialização do saber científico pode ser visto nesse fragmento da reportagem sobre o Soro da Memória como estratégia de divulgação de descobertas científicas que podem vir a ratificar experiências do conhecimento cotidiano, mas também problematizam as Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 17 aplicações dos resultados da ciência de forma racional, como exemplo o aproveitamento dos resíduos alimentares que podem funcionar noutras aplicações e necessidades nutricionais. Vejamos Rio de Janeiro, década de 20. A Cidade Maravilhosa está nos arquivos da Cinemateca e nos livros de História. Imagens de um tempo inesquecível em branco e preto. Mas, nas memórias da escritora Maria Augusta Machado, de 93 anos, elas estão fresquinhas, cheias de cores e detalhes. “Eu lembro quando foi declarada a guerra”, conta ela. Neurônios afiados. Quem não gostaria de chegar a essa idade como ela? “Conheci o Corcovado sem estátua”, recorda. Grandes vultos do passado? Nas lembranças de dona Maria Augusta, parecem velhos conhecidos. “Ele tinha um chapéu meio inclinado. Era um homem baixinho, magrinho, esquisitinho, que ficava vendo as crianças brincarem. Mas eu não sabia quem era porque nunca contavam às crianças. Era Santos Dumont. Cansei de vê-lo sentado”, afirma. Os avanços da medicina estão fazendo o homem viver mais e melhor. Mas, às vezes, o cérebro não acompanha, falha, sofre com as chamadas enfermidades da velhice, como o Alzheimer, a doença do esquecimento. Para vencer esse mal, a ciência está diante do seu maior desafio: decifrar o enigma do órgão que comanda nossa existência. Desde os primeiros passos, das primeiras palavras da infância, a uma vida repleta de realizações, de experiências e memórias, tudo que se vive passa pelos misteriosos caminhos do cérebro. Segundo os cientistas, o amor, o ódio, o trabalho, até um simples movimento de dedo de mão ou um passo podem ser traduzidos em impulsos elétricos e químicos que acontecem dentro da nossa cabeça. São bilhões de neurônios formando um intrincado labirinto que a ciência tenta desvendar há cinco mil anos. O Globo Repórter percorreu uma parte desse extraordinário mapa da vida. Nosso cérebro é resultado da vida que levamos. A diferença entre a lucidez e a demência pode estar na nossa rotina – até mesmo no que comemos. Mas e o que bebemos? Nos laboratórios da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), no Rio Grande do Sul, cientistas pesquisam o soro da memória, um líquido que pode fazer a cabeça funcionar melhor. Concentra componentes poderosos, uma espécie de banquete natural para os neurônios. “Tem proteínas e lipídios. Essas substâncias, cada uma de seu jeito, atuam ajudando os neurônios a fazer suas redes. Elas atuam em um momento importante, que é a formação de sinapses, justamente quando catalisamos tudo aquilo que vimos durante o dia. Apreendemos o conteúdo durante o 18 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa sono, basicamente”, explica a nutricionista Denize Ziegler, da Unisinos. Mas de onde vem a poção quase milagrosa? Do soro do leite. “O soro é a parte líquida do leite. As pessoas podem perguntar: ‘Como, se o leite todo é líquido?’. Sim, ele é líquido, mas é a emulsão de várias substâncias dentro de um líquido. Separando a parte branca, fica a água do leite”, esclarece a nutricionista. Ciência pura que dá para fazer em casa. Mas atenção: não é qualquer leite que carrega o segredo do soro da memória. Leite de caixinha e em pó não funcionam. De acordo com os cientistas, o processo industrial acaba com os preciosos ingredientes que agem no cérebro. A pesquisadora recomenda o leite em saquinho, tipo A ou B. Anote aí a receita do soro: - Para cada litro de leite, misture o suco de um limão inteiro. -Deixe descansar de quatro a doze horas até coagular. -Depois, separe a parte sólida da líquida com uma peneira bem fina. O que sobra é o soro da memória. “Ele é insípido, não tem gosto. Um gole não faz grande feito. O importante dos alimentos que servem como coadjuvantes da saúde é que eles sejam consumidos com o tempo. Estudos mostram que em três meses nota-se uma diferença na memória e no sono. Tomando meio copo antes de dormir durante três meses, há uma diferença interessante. Você vai conseguir descansar melhor, deixar o cérebro mais tranqüilo. Em conseqüência disso, vai ter um melhor aprendizado das tarefas que você realiza”, diz a nutricionista. Dura de três a cinco dias na geladeira. Também pode ser congelado. O processo é bem parecido com o que acontece nas fábricas de queijo. Mas qual é o destino dos milhões de litros de soro que o Brasil produz todos os dias? Na Europa, por exemplo, o soro do leite tem destino nobre: ele é transformado em pó e adicionado a massas e biscoitos e também vendido nos mercados como bebida para crianças e adultos. No Brasil, apesar de a ciência já conhecer os poderes do alimento, o soro da memória acaba na grande maioria das vezes jogado aos porcos. Só em uma fábrica de queijo 70 toneladas por mês vão para o carro-pipa da fazenda da suinocultora Karmen Scheuer, em Marques de Souza, Rio Grande do Sul. Todo dia tem carregamento. “Quatro mil litros custam R$ 20. É barato, mas é uma ajuda para laticínios. Se quiséssemos, poderíamos conseguir de graça, porque eles têm problemas com o meio ambiente. Eles têm que dar sumiço ao produto que sobra. É um lixo dos laticínios”, diz a suinocultora. Como registrar para sempre as lembranças mais importantes? Mas o soro, sozinho, não faz milagre. Em um laboratório da PUC do Rio Grande do Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 19 Sul, a equipe do professor Iván Izquierdo fez uma descoberta surpreendente: a diferença entre as lembranças que ficam e as que desaparecem para sempre pode depender do que acontece 12 horas depois. São as 12 horas mágicas da memória. Nossos cientistas descobriram que o hipocampo produz uma substância que consegue encontrar, 12 horas depois, no meio da gigantesca teia de neurônios, as conexões exatas que formam cada lembrança. Se você reviver de alguma forma essa lembrança exatas 12 horas depois, a substância produzida pelo hipocampo faz as conexões se tornarem permanentes. “Primeira coisa: se você está interessado em algo que acaba de aprender, pense nisso durante o resto do dia e, entre outras coisas, 12 horas depois. Automaticamente, o cérebro vai fazer isso. Se você não estiver mais interessado, não pense mais. Aprendeu, tudo bem. Esqueceu, tudo bem”, orienta o neurocientista da PUC do Rio Grande do Sul. Reportagem disponível em: < http://grep.globo.com/Globoreporter/0 ,19125,VGC0-2703-20342-3-331559,00.html>. Acesso em 17. set. 2011. Atividade V Comente a reportagem acima, estabelecendo uma relação entre as descobertas da ciência em pesquisa realizadas nas Universidades e o papel dos meios de comunicação na divulgação do saber científico e na construção e operacionalização de uma cultura científica na vida das pessoas. Reflita! dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! A ciência como saber sistemático tem uma dimensão política e ética. Desse modo, o saber científico busca tanto encontrar respostas para problemas que comprometem a organização da vida social quanto as implicações desse saber sobre a vida das pessoas. 20 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Pense nisto!!! O avanço da ciência está relacionado às renovações do saber, das tecnologias, das técnicas, ampliações de teorias, bem como à prática e à crítica persistente dos pesquisadores. Esse tipo de postura analítica e crítica diante da produção do saber científico é bem comum no ambiente acadêmico e vem contribuindo na identificação de problemas na sociedade contemporânea. Desafios contemporâneos da ciência A ciência enfrenta desafios e paradoxos no mundo contemporâneo, século XXI, seus avanços e descobertas podem contribuir com mudanças na ordem biológica e social dos seres; entretanto, esses imperativos da ciência causam conflitos éticos e morais na sociedade. Pergunta-se: como a sociedade pode participar na definição e no estabelecimento de critérios éticos para as pesquisas científicas? Poderíamos sugerir que isso possa ocorrer com a definição de prioridades por meio do levantamento das necessidades humanas de seu tempo; como também, considerando os aspectos culturais e sociais de cada povo. Conforme Alves (2000, p.115) a “ciência é muito boa _ dentro de seus precisos limites. Quando transformada na única linguagem para conhecer o mundo, entretanto, ela pode produzir dogmatismo, cegueira e, eventualmente, emburrecimento.” O emburrecimento da ciência pode ser compreendido como um modo de pensar e agir que atinge e nega as liberdades de criação e expressão do ser homem e da vida humana em sua dimensão ética e moral. Esse debate pode ser visto na entrevista de André Marcelo M Soares1 (s.d., p. 55) a Revista Discutindo Ciência, na qual ele discute as células – tronco nos limites do benefício, afirmando que: [...] quando foi comunicado ao mundo o processo de clonagem da ovelha Dolly (1997), vários setores da sociedade começaram a debater sobre a aplicação dessa técnica em seres humanos. Inicialmente, as discussões se davam em torno da possibilidade de produzir clones para a reposição de órgãos. Essa possibilidade, conhecida como clonagem humana reprodutiva, embora se apresente Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 21 André é Filósofo, Doutor em Teologia e Coordenador-Geral do Núcleo de Bioética Dom Hélder na PUC - Rio. 1 com preocupações terapêuticas é, sem dúvida, absolutamente repulsiva do ponto de vista ético. Em primeiro lugar, fere a estrutura ontológica do ser humano, que não se reduz a um meio terapêutico, e, segundo, a compreensão antropológica engloba muitas outras funções além da biológica. Diante dos problemas éticos impostos pela clonagem, o desenvolvimento de pesquisas com células-tronco, presentes no organismo já desenvolvidos, surge como uma possibilidade diante da utilização de embriões clonados. A técnica é, do ponto de vista bioético, plenamente admissível e não apresenta as interrogações existentes no processo de clonagem. Todavia, embora não se faça necessário o uso de embriões para a obtenção das células-tronco, para alguns especialistas, a eficiência terapêutica é maior quando essas células são extraídas durante o processo de embriogênesis. Os defensores do uso das células-tronco embrionárias entendem ser um desperdício o descarte dos embriões obtidos por meio da inseminação artificial. Para eles, a destruição dos embriões é inevitável, então por que não aproveitá-los para retirar o material que interessa? [...] Atividade VI Qual é o seu posicionamento a respeito do discurso que constrói argumentos de defesa para as pesquisas com células – tronco? Vale a pena lembrar que há pontos de vista discordantes e diversos a serem considerados neste debate sobre a importância desta pesquisa. Registre o seu ponto de vista sobre o debate. dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! 22 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa A produção do conhecimento científico nas universidades e o seu retorno para sociedade é um debate recorrente nos espaços de divulgação do saber científico. No entanto, alguns desafios emergem tanto de natureza ideológica quanto política sobre o papel das universidades, particularmente as públicas. Nesse contexto, as universidades buscam formalizar parcerias tanto para atender demandas específicas de exclusão quanto dar respostas a problemas ambientais e sociais. Atividade VII Analise e comente a charge, considerando os desafios da pesquisa científica aplicada às demandas contemporâneas da vida social e aos interesses políticos da nação. Observe o diálogo entre os personagens para fundamentar o seu comentário crítico. Jornal da Ciência nº 688, 29/04/2011. Disponível em < http://www.jornaldaciencia.org.br/ charges.jsp>. Acesso em: 02. set. 2011. dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 23 Concluindo a unidade Ao término dessa unidade se deseja que você tenha adquirido conhecimentos sobre o saber científico que possam orientá-lo na compreensão das implicações desse saber no seu cotidiano. Até a próxima unidade!!!! Orientação de Leitura Orientamos como leituras complementares às discussões apresentadas nesta unidade: DIONNE, J.; LAVILLE, C. A Construção do Saber. Tradução de Heloísa Monteiro e Francisco Settineri. Porto Alegre, RS: Artes Médicas, 1999. Os autores apresentam no capítulo 1 – O Nascimento do Saber Científico uma discussão teórica sobre o saber racional e o triunfo da ciência. Nesse capítulo, há um aprofundamento em torno da construção do saber científico e de seus procedimentos metódicos de pesquisa, sistematização e divulgação dos resultados. Já no capítulo 3 – Ciências Humanas e Sociedade, os autores abordam as expectativas da sociedade em relação ao saber científico, à responsabilidade do pesquisador e as contribuições das pesquisas no campo das ciências humanas. CHALMERS, A. F. O que é ciência afinal? Tradução de Raul Fiker. São Paulo: Brasiliense,1993. O autor aborda no capítulo 1- Indutivismo: ciência como conhecimento derivado dos dados da experiência, um debate entre os métodos indutivistas na ciência, aprofundando as discussões sobre os parâmetros de verificabilidade e credibilidade do saber científico. 24 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Revisando as discussões Nesta unidade aprofundamos as discussões em torno do saber científico, suas características e discursos instauradores de verdades. Ao debater-se a relação entre ciência e sociedade foram abordadas questões relativas à produção, socialização e aplicação do saber científico; mas também, foram enfocados os desafios éticos nas pesquisas científicas contemporâneas. Autoavaliação Nesta unidade, percorremos os caminhos da ciência. Agora, elabore um texto contendo uma síntese das discussões construídas ao longo da aula. Na elaboração atente para: o processo histórico; as características da ciência moderna, as bases de construção do saber científico, a relação entre ciência e sociedade e os desafios enfrentados pela ciência na atualidade. dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 25 Referências ALVES, R. Conversas com quem gosta de ensinar. 27. ed. São Paulo: Cortez, 1993. ______. Filosofia da Ciência: introdução ao jogo e suas regras. 20. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. ______. Entre a ciência e a sapiência: o dilema da educação. 4. ed. São Paulo: Loyola, 2000. BERVIAN, P. A.; CERVO, A.L. Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: MAKRON Books, 1996. CHALMERS, A. F. O que é ciência afinal? Tradução de Raul Fiker. São Paulo: Brasiliense, 1993. DIONNE, J. ; LAVILLE, C. A Construção do Saber. Tradução de Heloísa Monteiro e Francisco Settineri. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. LAKATOS, E. M; MARCONI, M. de A. Metodologia Científica. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas, 2000. SANTIAGO, M. L. F.; TAVARES, D. S. O que diz a conta d’água. Discutindo Ciência, São Paulo, ano 1, n. 2, p. 54-5, [entre 2005 e 2007]. ISSN1808-1002 SOARES, A. M. M. Células-tronco: os limites do benefício. Discutindo Ciência, São Paulo, ano 1, n. 1, p. 55, [entre 2005 e 2007]. ISSN 1808-1002 26 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa II UNIDADE O método científico Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 27 Apresentação Na aula anterior estudamos o Conhecimento Científico que foi abordado na perspectiva de sua construção, descobertas e implicações no cotidiano das pessoas e na sociedade como um todo. Nesta aula, vamos estudar o caminho percorrido pelo saber científico em seu processo de construção e as possibilidades epistemológicas de produção da Ciência. Nesse caso, buscaremos como se produz ciência com o uso do Método Científico. O material desta unidade virá acompanhado de orientações e atividades que busca levá-lo ao conhecimento e reflexão em torno do caminho da ciência: o método científico. Desse modo: • elabore as atividades, sugeridas no material ao longo da unidade; • busque ampliar seus estudos, consultando as leituras que virão indicadas; • realize sua autoavaliação da aula, utilizando-se do espaço disponibilizado. Nesse momento, vocês são convidados a percorrer os caminhos da ciência, conhecendo por meio da teoria o que é o Método Científico? 28 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Objetivos Pretendemos, ao final desta aula, que você tenha conhecido e compreendido que: 1. não há produção de conhecimento científico sem o uso do método científico; 2. existem perspectivas diferentes na relação entre sujeito e objeto do conhecimento; 3. o método científico torna-se o caminho para produção do saber científico. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 29 O que significa pensar usando método? Pense nisto!!! O homem ao pensar sobre o(s) fenômeno(s)/fato(s) que os circunda constrói hipóteses e elabora conjecturas em torno deles, buscando encadear as respostas por meio de argumentos lógicos. Ao procurar conhecer a(s) verdade(s) sobre o(s) fenômeno(s)/fato(s) o homem cria uma sistematicidade no modo de pensar sobre si e a sua relação com eles. Atividade I Considerando sua experiência de professor, nesse momento, você é convidado a pensar sobre a organização dos conteúdos de LINGUA PORTUGUESA em um ano letivo no Ensino Fundamental I, II ou no Ensino Médio. Relate como se pensa e se ordena a distribuição desses conteúdos em sua escola. Reflita!!! dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! O modo como você distribuiu o conteúdo está orientado por etapas sistemáticas de apreensão do conhecimento ordenadas por uma lógica de produção do saber científico. Essa lógica orienta o modo de conhecer os fenômenos que são estudados e a busca de verdades em torno deles. O saber elaborado trata de objetos empíricos, de coisas e de processos. 30 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa O que é o Método Científico? A origem da palavra método é grega e significa um conjunto de etapas e processos a serem seguidos na apreensão ordenada da realidade na busca da verdade sobre os fenômenos/fatos investigados. Nesse caminho de conhecer há uma série de etapas (fases) para se tentar resolver um problema, tornado objeto de investigação. Quando falamos em método, buscamos explicitar quais são os motivos pelos quais o pesquisador escolheu determinados caminhos e não outros. Diante disso, se compreende que o método, no sentido geral, é um conjunto de ações, procedimentos e atividades sistemáticas que permitem o ordenamento e alcance de um objetivo no processo de construção do conhecimento na ciência. E que a questão do método diz respeito a pressupostos que fundamentam o modo de pesquisar e são anteriores a coleta de dados na realidade. Convidando Rubem Alves para discussão sobre o método científico, somos levados a um exercício de raciocínio. Observe: O que eu desejo que você anote é isto: a inspiração mais profunda da ciência não é um privilégio dos cientistas, porque a exigência da ordem se encontra presente mesmo nos níveis mais primitivos da vida. Se não necessitássemos de ordem para sobreviver não a procuraríamos. E é somente porque a procuramos que a encontramos. [...] Ordens distintas, regras diferentes, mundos diferentes. [...] Esta é a razão por que a ciência, desde os seus primórdios, tratou de inventar métodos para impedir que os desejos corrompessem o conhecimento objetivo da realidade. [...] cientistas que só trabalham com fatos, que só levam em consideração aquilo que pode ser visto, tocado e medido. [...]. (ALVES, 1994, p. 37-9) Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 31 Atividade II Usando o raciocínio metódico apresentado por Rubem Alves sobre “as ordens distintas, regras diferentes e mundos diferentes,” analise a poesia de cordel Aposentadoria do Mané do Riachão de Patativa do Assaré, fazendo correlações entre a narrativa dos fatos, por meio da linguagem do cordel, e a crítica ao discurso do homem letrado, em seguida registre sua interpretação. Seu moço fique cliente De tudo que eu vou contar Sou um pobre penitente Nasci no dia do azar; Por capricho eu vim no mundo Perto de um riacho fundo No mais feio grutião. E como ali fui nascido, Fiquei sendo conhecido Por Mané do Riachão. Passei a vida penando No mais cruel padecê, Como tratô trabalando Pro felizardo comê. A minha sorte é torcida, Pra melhorá minha vida Já rezei e fiz promessa, Mas isto tudo é tolice. Uma cigana me disse Que eu nasci foi de travessa. Sofrendo grande canseira Virei bola de bilhá Trabalhando na carreira Daqui pra ali e pra acolá, Fui um eterno criado Sempre fazendo mandado. Ajudando aos home rico. Eu andei de grau em grau, Tal e qual o pica-pau Caçando broca em angico. Sempre entrando pelo cano E sem podê trabalhá, Com sessenta e sete ano Procurei me aposentá. Fui batê lá no escritório depois eu fui no cartório, Porém de nada valeu. Veja o que foi, cidadão, Que aquele tabelião achou de falá pra eu. dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! 32 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Me disse aquele escrivão Franzindo o couro da texta: _ Seu Mané do Riachão, Estes seus papéis não presta. Isto aqui não vale nada, Quem fez esta papelada Era um cara vagabundo. Prá fazê seu aposento, Tem que trazê documento Lá do começo do mundo. E me disse que só dava Pra fazê meu aposento Com coisa que eu só achava No Antigo testamento. Eu que tava prazenteiro Mode recebê dinheiro, Me disse aquele escrivão Que precisava dos nome e também dos sobrenome De Eva e seu marido Adão. E além da identidade De Eva e seu marido Adão, Nome da universidade onde estudou Salomão. Com outras coisa custosa, Bem custosa e cabulosa Que neste mundo revela A Escritura Sagrada: Quatro dente da queixada Que Sansão brigou com ela. Com manobra e mais manobra Pra podê me aposentá, Levá o nome da cobra Que mandou Eva pecá E além de tanto fuxico, O registro e o currico De Nabucodonosô, Dizê onde Le morreu, Onde foi que ele nasceu E onde se batizo. Veja moço, que novela, Veja que grande caipora E a pio de todas ela O sinhô vai vê agora. Para que eu me aposentasse, Disse que també levasse Terra de cada cratera Dos vulcão Do estrangeiro E o nome do vaqueiro Que amansou a Besta Fera. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 33 Escutei achando ruim Com a paciência fraca, E ele oiando pra mim Com os óio de jararaca. Disse: _ A coisa aqui é braba Precisa que você saiba Que eu aqui sou o escrivão. Ou essas coisa apresenta, Ou você não se aposenta, Seu Mané do Riachão. Veja, moço, o grande horrô, Sei que vou morrê depressa, Bem a cigana falou Que eu naci foi de trevessa. Cheio de necessidade, Vou viê da caridade. Uma esmola, cidadão! Lhe peço no Santo nome, Não deixe morrê de fome O Mané do Riachão. Ver poesia com ANDRADE, C. H. S.; SILVA, N. J. da.( Orgs). Feira de Versos: poesia de cordel. São Paulo: Ática, 2004. Reflita!!! O raciocínio metódico por você desenvolvido na análise da poesia estabeleceu correlações entre fenômenos cotidianos e fatos narrados no debate histórico de sua época sobre os tipos de saberes. Esses fatos estão presentes na narrativa do discurso poético como espaço de informação e crítica social. Nesse caso, você atuou como um investigador na busca de relações entre fatos e acontecimentos cotidianos de sua realidade.. Pense nisto!!! A construção de verdades é o propósito da ciência, para isto ela se utiliza de métodos sistemáticos que concebem os seres e os fatos como estando interligados entre si por certas relações de sentido lógico-racional. Nesse caso, cabe ao método encontrar e reproduzir encadeamentos lógicos que desvendem essas relações por meio do conhecimento ordenado de leis e princípios científicos. 34 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Podemos perceber que a busca da verdade na ciência moderna funda-se em pressupostos que valorizam a razão, experimentação e observação em torno da investigação de fenômenos/fatos que nos levam a exercícios de raciocínio diferenciados. A Modernidade trouxe a valorização da experimentação e da observação (FRANCIS BACON apud CHALMERS, 1993) aliada ao raciocínio racionalizante do pensar (RENÉ DESCARTES, 1956 apud CHALMERS, 1993.) como caminhos legítimos para se fazer ciência. Esse pressuposto considerava que o homem seria capaz de descobrir as causas dos fenômenos da natureza, descrevendo em leis gerais o seu modo de funcionamento. Entretanto, antes desse momento histórico, o pressuposto dominante não considerava a observação humana como uma possibilidade de produzir saber, pois o único conhecimento possível era dado por Deus ao homem, por meio da revelação. Conforme Alves (1994), Kepler decifrou o enigma do universo, descobrindo o segredo por meio de uma melodia poética; no entanto, foi Galileu que se tornou o especialista em decifrar metodicamente os códigos do universo afirmando “que o livro da natureza está escrito em caracteres matemáticos” (GALILEU apud idem, op.cit, p. 70). Veja-se o trecho de uma carta de Kleper (apud ALVES, op.cit, p. 73) falando sobre a melodia do universo: Os movimentos celestes nada mais são que uma canção contínua para várias vozes, percebida pelo intelecto e não pelo ouvido; uma música que, por meio de tensões discordantes, síncopes e ‘cadenzas’ [...] progride na direção de certas resoluções determinadas, estabelecendo assim certas marcas no fluxo imensurável do tempo. Não é de causar surpresa, portanto, que o homem, imitando o seu Criador, tenha, finalmente, descoberto a arte da notação musical, desconhecida dos antigos. O homem desejava reproduzir a continuidade do tempo cósmico dentro de uma breve hora, por meio de uma engenhosa harmonia de várias vozes, a fim de saborear uma amostra do prazer que o Criador Divino tem em Suas obras, e participar de sua alegria fazendo música na imitação de Deus. O pioneiro a tratar do método na ciência foi Galileu Galilei com o método experimental que consiste numa “indução experimental, chegando-se a uma lei geral por intermédio da observação de certo número de casos particulares” (LAKATOS; MARCONI, 2000, p. 47). Essa concepção de método vem contribuir com a consolidação da Ciência Moderna, conforme Alves (op.cit, p.81) “[...], freqüentemente se ouve dizer que, em oposição aos filósofos metafísicos da Idade Média, a ciência moderna se caracteriza por seu amor aos fatos [...]”. Se o método, o caminho de conhecer da ciência, de Kepler tivesse Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 35 sobressaído é bem provável que o olhar da ciência estivesse voltado para contemplação mística, andando de mãos dadas com músicos, teólogos e artistas, ao invés das possibilidades criadas com os códigos matemáticos de Galileu em tecnologias e técnicas que promoveram revoluções trazendo também implicações sociais questionáveis em seus resultados. Atividade III Outros gêneros textuais nos permitem conhecer os fatos da história da ciência, no caso vamos buscar na Literatura de Cordel fragmentos dessa história. Leia os fragmentos dos versos de Gonçalo Ferreira da Silva (2005, p. 33-4) sobre GALILEU GALILEI e registre sua interpretação, relacionando-a à discussão da unidade. [...] Pitágoras e Nicolau Copérnico, por excelência na vida de Galileu tireram grande influência, eram os três a dose tripla da mais pura inteligência. Galileu ao desprezar a caduca teoria do princípio geocêntrico grande mergulho daria nos mistérios insondáveis do campo da Astronomia. Porém a contestação da aristotélica lei e o princípio heliocêntrico de Galileu Galilei de que a Terra é quem gira em torno do Astro-Rei. Provocaram tanto ódio, tão feroz ira mortal na cega Igreja Católica que seus ministros do mal conduziram Galileu Galileu ao tribunal. Diante do tribunal Galileu foi obrigado a dizer publicamente que havia se enganado dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! 36 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa contrariando o princípio que tinha formulado. Antes Galileu dissera com pura e sã consciência que a Igreja Católica tão pobre de competência não tinha elementos para intrometer-se em ciência. Reflita!!! Galileu tornou-se uma referência para Ciência Moderna; no entanto, sua concepção de método contribuiu para o desenvolvimento de uma ciência cujos desdobramentos e implicações sociais foram vistos na aula anterior. As bases epistemológicas do método científico Pense nisto!!! A Epistemologia como um campo da Filosofia se preocupa com a análise e crítica dos pressupostos metodológicos da Ciência Moderna. Nesse caso, torna-se importante o conhecimento dos fundamentos que orientam o modo de pensar e de abordar os fenômenos/ fatos investigados pela ciência. Na discussão sobre os pólos que compõem o conhecimento científico aparece de um lado o homem que se propõe a conhecer (sujeito) e do outro a realidade a ser conhecida (objeto). Esse debate inaugura na Ciência Moderna caminhos para o conhecimento cujo foco está no sujeito, no objeto ou em ambos. Esses caminhos metódicos irão identificar as bases de construção do saber científico e da pesquisa científica na modernidade. A Epistemologia traz três perspectivas à compreensão da relação Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 37 entre sujeito e objeto do conhecimento. São elas: O empirismo, o racionalismo e o interacionismo. Vejamos como se caracterizam esses tipos de métodos: a) O empirismo A compreensão em torno da verdade dos fatos nos encaminha para o conhecimento das causas e dos efeitos. David Hume (apud ALVES, 1994, p. 128) dizia: “[...] todos os objetos com que a razão pode se ocupar se classificam em duas gavetas: relação de idéias, o que nos abre o campo da lógica e da matemática e matérias de fato, o que nos conduz aos eventos do mundo exterior e suas relações.” O empirista Hume acreditava que os pensamentos sobre os fatos derivam de relações causais fundamentando suas análises em bases psicológicas do sujeito humano. Para ele a causa de um fenômeno decorre da observação de repetições de sucessões de eventos. Logo, supõe nessa perspectiva a primazia do objeto em relação ao sujeito, isto é, o conhecimento deve ser produzido a partir da forma como a realidade se apresenta ao cientista. Nesse sentido, as relações causais poderiam ser descobertas pelo investigador/pesquisador tornando a verdade sobre os fatos uma realidade possível de se ordenar na experiência de observação dos fenômenos. No entanto, emerge nesse exercício metódico do saber científico um problema: por que tais relações ao serem percebidas e criadas pela experiência podem traçar caminhos diferentes? Considerando que as relações causais provocam estímulos e tendo os seus efeitos compreendidos como respostas, o investigador/pesquisador poderia metodicamente ordenar comportamentos na busca de respostas desejáveis ao processo de ensino e aprendizagem na educação formal. Vejamos se a crítica de Alves (op.cit., p. 129) ao uso desse método: Não se pode negar que o conhecimento de causas seja extremamente eficiente. Elas são usadas constantemente por pais, educadores, torturadores, psicólogos e psiquiatras, vendedores, propagandistas, políticos, religiosos _ enfim, todas e quaisquer pessoas _ que desejam modificar (não importa que se alegue que a mudança é pra melhor!) o comportamento dos outros. 38 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Atividade IV Exercitando a crítica ao método causal assista ao filme O Óleo de Lorenzo1 de George Miller (1992) observando e relacionando os estímulos causais e as respostas esperadas no uso do método dedutivo na busca de soluções para problemas humanos, por fim elabore uma sinopse do filme. Disponível para Download seguindo as orientações em <http://www.baixalogofilmes.net/como-baixar-no-fileserve/>. Acesso em 15. set. 2011. O vídeo está disponível no ambiente on-line e no pólo, procure o seu tutor. 1 Reflita!!! A narrativa do filme possibilita ao educador a compreensão do método científico e sua aplicação na construção do saber científico, por meio do teste de hipóteses e na formulação de teorias sobre os fenômenos investigados. dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! b) O racionalismo Nessa perspectiva o homem enquanto sujeito do conhecimento ou a sua atividade de conhecer em relação ao objeto por meio da sua capacidade de pensar e avaliar tomando a razão como parâmetro de conhecimento torna-se a referência de onde provém o saber. Nesse caso, a razão é quem conhece e as experiências são conhecidas. Em primeiro plano está o sujeito (pesquisador) que ordena a realidade; dito de outra forma, a realidade se constrói no pensamento para depois existir enquanto realidade vivida e experiência compreendida. Nessa perspectiva, a idéia de causa estaria na razão e seria a partir desse plano mental de idéias que a realidade poderia ser construída e conhecida como verdade pelo pesquisador. As ideias racionalistas trazem o sujeito pensante para o espaço da produção e construção do conhecimento, Carvalho et. al. parafraseando Descartes (2000, p. 24) diz: Assim, penso, logo existo, ou seja, minha certeza de existência decorre do fato de que eu estou pensando. Esta é uma idéia clara e distinta, dirá Descartes, uma vez que dela posso duvidar. Todas as idéias claras e distintas que descrevem as propriedades definidoras de um objeto são tomadas Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 39 como verdadeiras e correspondem às coisas em si mesmas. Fecha-se, assim, o circuito da dúvida metódica: existe uma correspondência entre a matéria e a idéia. Na Crítica da razão pura (1999) Immanuel Kant considera que a ciência produz um conhecimento universal e que não se pode duvidar. A razão vem filtrar a realidade restringindo o acesso ao que ela permite, não há conhecimento das coisas em si mesmas, mas como elas aparecem diante do sujeito sobre a forma de fenômenos. Nessa perspectiva racionalista, o tempo, o lugar, a substância e a causalidade da razão são categorias anteriores à experiência humana. Sendo assim, é o sujeito que ordena metodicamente o conhecimento sobre si e sobre as coisas. Com Hegel, a razão é histórica e se construiu na oposição das ideias constituintes das transformações e mudanças nos espaços de luta, nas revoluções do século XVIII. Ele busca compreender racionalmente o movimento contraditório de negação (a tese, sua negação e a negação da negação) dos acontecimentos humanos, propondo uma dialética (método de abordar os acontecimentos humanos) no plano do espírito, das idéias de uma época histórica. Hegel (1999) afirmava “que o real era racional e o racional era real”. Logo, a verdade estava no plano da razão e não da experiência de uma vida material. A crítica de Chalmers (1993, p.138) ao pensamento racionalista pode contribuir com o debate dessa aula. Vejamos: O racionalista extremado afirma que há um critério único, atemporal e universal com referência ao qual se podem avaliar os méritos relativos de teorias rivais [...]. São científicas apenas aquelas teorias capazes de ser claramente avaliadas em termos do critério universal e que sobrevivem ao teste. [...] A verdade, a racionalidade e a ciência, portanto são vistas como sendo intrinsecamente boas. A perspectiva racionalista limita a percepção do investigador prendendo-o a categorias fechadas (teorias e conceitos) do pensamento, isto traz implicações no caminho do conhecimento, particularmente em concepções pré-estabelecidas sobre os fatos que não consideraram as particularidades e as singularidades dos fenômenos humanos buscando generalizações e universalidade de verdades. 40 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Atividade V A análise sobre o método racionalista na prática do educador e no uso do material didático de Língua Portuguesa, disponibilizado pelas Secretarias de Educação (Ensino Fundamental I e II e Médio) leva-nos a perceber que alguns conceitos são trabalhados nos livros didáticos independentes das particularidades da oralidade e de sua complexidade cultural nos âmbitos regional e local. Descreva no espaço, a seguir, alguns conceitos trabalhados no Ensino da Língua Portuguesa nos quais você pode localizar um determinismo racionalista, na busca de generalizações e universalismos com o uso das palavras e na construção textual destes materiais didáticos. Disponível em: Jornal da Ciência, nº 698, 23/09/11. Disponível em < http://www. jornaldaciencia.org.br/charges.jsp. > Acesso em: 23. set. 2011. dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 41 Atividade VI Observe a charge e estabeleça uma relação da iconografia com os desafios trazidos pela racionalização da vida contemporânea. Registre sua análise e interpretação no espaço indicado. dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! c) O Interacionismo Essa perspectiva considera a produção do conhecimento numa interação entre sujeito (o que conhece) e objeto (o que se dar ao conhecimento) do conhecimento. Nesse sentido o método torna-se um caminho marcado por intersecções entre o pesquisador e os fatos investigados, configurando a realidade como uma possibilidade de verdade, mas também nos revela que nas Ciências Humanas sujeito e objeto se confundem no processo de pesquisa, já que o sujeito também se torna objeto do conhecimento. O conhecimento por ser uma dimensão interpretativa do sujeito e do objetivo que é múltiplo e plural torna-se verdadeiro em circunstâncias específicas e pode ser desconstruído ou ressignificado pelo pesquisador a partir do caminho que for traçado na investigação. As teorias e os conceitos são relativos aos contextos, às ideologias, às configurações históricas e às particularidades culturais. As verdades da ciência são relativas e historicamente contextuais e, portanto nunca neutras. Nesse caso, as Ciências Humanas não precisam se angustiar, pois o seu objeto de estudo é de natureza interpretativa e não há necessidade de se buscar uma objetividade pautada em um dos pólos do conhecimento. O cientista nessa perspectiva é um sujeito impregnado de valores e ideologias de sua época histórica e não um ser purificado das con- 42 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa dições plurais que determinam a sua existência como homem e pesquisador, quebrando assim com uma suposta neutralidade científica enfatizada na perspectiva empirista e racionalista. Atividade VII Como a perspectiva interacionista2 pode contribuir com uma análise da relação entre os sujeitos (professor e aluno) e o objeto (a aula de português) para superação de problemas de aprendizagem? Registre situações que caracterizem essa interação e como ela contribui com a aprendizagem no coletivo da sala de aula. Reflita!!! A descrição e análise dessas situações permitem a você desenvolver um raciocínio metódico cuja perspectiva de caminho não está fundada na primazia do sujeito ou do objeto, mas numa possibilidade de interação entre eles na produção de um saber sobre a sua prática pedagógica. Concluindo a unidade! Esperamos que você tenha compreendido, nesta unidade, a importância do Método Científico para a construção do saber científico e possa vir a exercitar o uso do método na produção de seus conhecimentos e de suas pesquisas em sua formação universitária. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 43 Ver concepção de interação social na aula O1 de Leitura, Análise e Interpretação de Textos. 2 Orientação de Leitura Orientamos como leituras complementares as discussões apresentadas nesta unidade: BERVIAN, P. A.; CERVO, A. L. Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: MAKRON Books, 1996. Os autores apresentam no capítulo 2 – O Método Científico, uma discussão teórica sobre as noções e importância do estudo do método, os tipos e os processos de aplicação do método científico. LAKATOS, E. M; MARCONI, M. de A. Metodologia Científica. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas, 2000. As autoras apresentam uma discussão teórica e densa no capítulo 2 – Métodos Científicos, dos conceitos clássicos sobre Método Científico estabelecendo um estudo comparativo entre os tipos de Métodos no processo histórico de construção da Ciência Moderna. Revisando as discussões Nesta unidade, trabalhamos as concepções de Método Científico, conceito e definições a partir de um debate com autores clássicos da Metodologia Científica. As definições tornaram-se possibilidades interpretativas à construção de uma discussão sobre a Ciência Moderna. Nesse debate, resgatou-se as bases epistemológicas do Método Científico: o empirismo, o racionalismo e o interacionismo. O empirismo e o racionalismo partem do princípio de existência de uma realidade independente do ponto de vista do pesquisador e que deve ser por este alcançada, seja tomando como sua via principal de acesso à percepção ou a razão. Nas duas perspectivas, o sujeito (pesquisador) participa do processo de construção do conhecimento. Já o interacionismo estabelece como caminho para produção do conhecimento a interação entre sujeito e objeto do conhecimento. Nessa perspectiva, os pontos de vista se constroem na desconstrução de uma suposta ausência do pesquisador no campo de investigação. Essa possibilidade de caminho contribui com as pesquisas no campo das ciências humanas. 44 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Autoavaliação Comente o fragmento a seguir, refletindo após as discussões desta unidade sobre o que é método científico? O método científico quer descobrir a realidade dos fatos e esses, ao serem descobertos, devem, por sua vez, guiar o uso do método. Entretanto, como já foi dito, o método é apenas um meio de acesso: só a inteligência e a reflexão descobrem o que os fatos realmente são. [...] O cientista, sempre que lhe falta a evidência como arrimo, precisa questionar e interrogar a realidade. (BERVIAN; CERVO, 1996, p. 21) dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 45 Referências ALMEIDA, C.; MASSARANI, L.; MOREIRA, I. de C. Cordel e ciência: a ciência em versos populares. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2005. ALVES, R. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. 20. ed. São Paulo: Brasiliense,1994. ANDRADE, C. H. S.; SILVA, N. J. da.(Orgs). Feira de Versos: poesia de cordel. São Paulo: Ática, 2004 BERVIAN, P. A.; CERVO, A. L. Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: MAKRON Books, 1996. CHALMERS, A. F. O que é ciência afinal? Tradução de Raul Fiker. São Paulo: Brasiliense, 1993. CARVALHO, A. M. et al. Aprendendo metodologia científica: uma orientação para os alunos de graduação. São Paulo: O Nome da Rosa, 2000. DIONNE, J.; LAVILLE, C. A Construção do Saber. Tradução de Heloísa Monteiro e Francisco Settineri. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. HEGEL, F. W. Hegel. São Paulo: Nova Cultural, 1999. Coleção Os Pensadores. KANT, I. Kant. São Paulo: Nova Cultural, 1999. Coleção Os Pensadores. LAKATOS, E. M; MARCONI, M. de A. Metodologia Científica. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas, 2000. 46 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa III UNIDADE Os tipos de métodos e sua aplicação Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 47 Apresentação Vimos que o método se constitui no caminho de construção do discurso científico que se utiliza de narrativas escritas para registro do saber produzido e como forma de divulgar as descobertas da ciência. Sendo assim, o método é a trajetória que o pesquisador percorre para conhecer o objeto (fenômeno/fato investigado) em busca de construir um conhecimento racional e sistemático, conforme estudamos na unidade anterior. O método enquanto construção, resultante de um processo por meio do qual o homem procura conhecer a natureza e a sociedade, deve ser compreendido e explicado como resultado de relações entre homens em contextos históricos particulares e singulares; neste caso, a compreensão do modo de se pensar e construir o objeto de estudo é fundamental para o desenvolvimento da ciência. Diante disso, o(s) método(s) se altera(m) refletindo o desenvolvimento e as rupturas nos diferentes momentos da história. Nesta unidade, vamos conhecer os tipos de métodos criados no processo de desenvolvimento do homem em busca do conhecimento científico, partimos então da relação que se estabelece entre sujeito e objeto do conhecimento. Desse modo: • elabore as atividades sugeridas na unidade, trabalhando o conhecimento da linguagem dos métodos científicos que irão sendo desenvolvidos ao longo da unidade; • busque ampliar seu conhecimento sobre os métodos, em leituras que estarão indicadas e comentadas no final da unidade; • realize sua autoavaliação na unidade, utilizando-se do espaço disponibilizado. 48 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Nesse momento, vocês são convidados a percorrer os caminhos que possibilitaram a elaboração dos métodos científicos, conhecendo por meio da teoria os tipos de métodos: Indutivo, Dedutivo, Hipotético-dedutivo e Dialético e suas aplicações. Objetivos Pretendemos, ao final desta aula, que você tenha compreendido que: 1. o método é a trajetória percorrida pelo pesquisador na apreensão do objeto de análise; 2. existem métodos diferentes para apreensão dos fenômenos naturais e sociais. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 49 Percebendo o mundo, o homem constrói trajetórias para conhecer e explicar os fenômenos Pense nisto!!! O homem cria diversos caminhos para apreender, compreender e explicar o que o cerca. Esses caminhos podem ser percorridos por pontos diferentes, ora pela razão, ora pela percepção, ou então, pela convergência entre esses pontos. Atividade I Na elaboração desta atividade sugerimos ao aluno que consulte o texto disponível em: <http://www.scielo. br/scielo.php?script=sci_arttext&pid =S0100-15742002000200002> 1 Quando afirmamos que pelo uso da observação sistemática o professor com “muitos anos de sala de aula” tem experiência em trabalhar com os conteúdos, criamos uma “verdade” sobre a prática do educador, em particular o de Língua Portuguesa. Essa suposta “verdade” coloca o foco do conhecimento na observação de que o educador com muitos anos de experiência, em sala de aula, sabe trabalhar com o conteúdo que leciona junto aos alunos e não necessita de teorias para auxiliá-lo. Você concorda com esta afirmação? Por quê?1 Reflita!!! dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! A sua interpretação sobre a afirmativa já marca uma trajetória no seu modo de pensar sobre o fenômeno: prática do educador. O seu raciocínio seguiu observações particulares dos espaços educacionais que fizeram parte de sua experiência e que influem no seu modo de vê a prática educativa, tanto que você provavelmente fez generalizações sobre a experiência de “muitos anos de sala de aula”. 50 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa O Método Indutivo Conforme vimos, em aulas passadas, Galileu foi o precursor da indução experimental; ou seja, do método indutivo. Esse método prevê que pela indução experimental o pesquisador possa chegar a uma lei geral por meio da observação de certos casos particulares sobre o objeto (fenômeno/fato) observado. Nesse sentido, o pesquisador sai das constatações particulares sobre os fenômenos observados até as leis e teorias gerais. Podemos concluir que a trajetória do pensamento vai de casos particulares a leis gerais sobre os fenômenos investigados, possibilitando ao investigador a formulação de explicações generalizáveis a partir de casos particulares que foram observados no cotidiano, conforme vimos na atividade 1 que você acabou de elaborar. Nessa perspectiva, o exercício metódico do conhecer afirma uma posição indutiva do sujeito (pesquisador) em relação ao objeto (prática de sala de aula), na qual a investigação científica é uma questão de generalização provável, a partir dos resultados obtidos por meio das observações e das experiências. Francis Bacon foi o “sistematizador do Método Indutivo, pois a técnica de raciocínio da indução já existia desde Sócrates e Platão”, conforme (LAKATOS; MARCONI, 2000, p. 71). O exercício do método indutivo requer alguns procedimentos por parte do pesquisador, quais: • observação sistemática dos fenômenos; • elaboração de classificações a partir da descoberta de relação entre os fenômenos observados; • construção de hipóteses (verdades provisórias) a partir das relações observadas; • verificação das hipóteses por meios de experimentações e testes; • construção de generalizações, a partir dos resultados experimentados e testados, servindo como explicação para outros estudos que apresentem casos similares; • confirmação das hipóteses para se estabelecer as leis gerais sobre os fenômenos investigados. Conforme Ferreira (1998), o método indutivo define suas regras e etapas a partir de dois pressupostos que se sustentam na idéia da existência de um determinismo nas leis observadas na natureza, são eles: 1. determinadas causas produzem sempre os mesmos efeitos, sob as mesmas circunstâncias e determinações; 2. a verdade observada em situações investigadas, torna-se verdade para todo situação universal correspondente. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 51 Os argumentos indutivos criam um exercício para o pensar científico cujo caminho é feito de observações particulares (premissa), tomadas a priori como verdadeiras, a generalizações conceituais (conclusões) que podem ser verdadeiras que seriam verificadas. A verdade não está implícita na conclusão. Veja-se o exemplo clássico de Lakatos; Marconi( 2000, p. 63): “Todos os cães que foram observados tinham um coração. Logo, todos os cães têm um coração” Se a premissa “todos os cães que foram observados tinham um coração” é verdadeira, ela pode induzir à conclusão “logo, todos os cães têm um coração”. Esse determinismo torna-se um obstáculo ao uso do método nas Ciências Sociais e Humanas, na medida em que os fenômenos sociais variam não possuindo um determinismo intrínseco. Dificilmente, as mesmas circunstâncias podem ser verificadas na observação dos fenômenos de interação humana. Logo, as Ciências Sociais e Humanas sentem dificuldade de aplicar os procedimentos orientados ao pesquisador numa perspectiva indutiva do saber científico, já que o método indutivo procura ampliar o alcance dos seus conhecimentos por meio de generalizações conceituais. Atividade II Cf. com ALMEIDA, Carla; MASSARANI, Luisa; MOREIRA, Ildeu de Castro (Orgs). Cordel e Ciência: a ciência em versos populares. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2005. p. 203 2 Leia e comente se há no fragmento da poesia de cordel de Manoel Monteiro2: Salvem a Fauna! Salvem a Flora! Salvem as águas do Brasil!, um raciocínio indutivo sobre o fenômeno observado pelo poeta. Os homens s’tá destruindo O mar, a terra e os lagos, Os rios sofrem os estragos Das matas se consumindo O ar vai se poluindo, Não se renova, empobrece, A temperatura cresce E ao mundo sufocará. _ Em breve o homem terá O castigo que merece. [...] dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! 52 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa O Método Dedutivo O conhecimento científico procura conhecer, além do fenômeno observado, para isto utilizamos da razão como caminho para chegar à certeza sobre a verdade do fenômeno investigado. Essa prerrogativa de certeza dada pela razão enquanto princípio absoluto do conhecimento originou-se na obra O discurso do método de René Descartes, que instituiu a dedução como caminho para o conhecimento. O método dedutivo parte das teorias e leis consideradas gerais e universais buscando explicar a ocorrência de fenômenos particulares. O exercício metódico da dedução parte de enunciados gerais (leis universais) que supostos constituem as premissas do pensamento racional e deduzidas chegam a conclusões. O exercício do pensamento pela razão cria uma operação na qual são formuladas premissas e as regras de conclusão que se denominam demonstração. Vejamos o exercício metódico da dedução, com o exemplo clássico (LAKATOS, MARCONI, op.cit, p. 63): “Todo mamífero tem um coração. Ora, todos os cães são mamíferos. Logo, todos os cães têm um coração.” Neste argumento para que a conclusão seja considerada verdadeira, estabelecemos como condição que todas as premissas sejam verdadeiras e que a verdade da conclusão já estava implícita nessas premissas. Nesse caso, a conclusão seria falsa se uma das premissas: “todo mamífero tem um coração” e “ora, todos os cães são mamíferos” fossem falsas. Nesse sentido, a função do método dedutivo é explicar o conteúdo de suas premissas, consideradas universais. Convidando Rubem Alves (1994, p. 121) para discussão sobre a universalidade das premissas dedutivas, ele diz: [...] Você está enunciando relações pretensamente válidas para todos os fatos, já ocorridas e por ocorrer. Seu enunciado tem a propriedade de universalidade [...] e necessidade [...]. Você enunciou uma relação causal. Mas o que o autorizou a pular dos enunciados relativos aos fatos passados, para o enunciado relativo a todos os fatos, inclusive os futuros? Como é que você pulou do alguns para o todo? Uma coisa é certa: a conclusão de que o futuro será semelhante ao passado, que a totalidade dos casos será semelhante aos alguns que examinei, não é lógica. Dizer que não é lógica é afirmar que o enunciado sobre todos não estava contido Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 53 no enunciado sobre alguns. Se eu digo: Todos os homens são mortais. Sócrates é homem. Sócrates é mortal. O raciocínio é lógico. A conclusão estava contida nas duas premissas (as duas afirmações anteriores). A passagem do todos para o alguns é lógica, demonstrativa, analítica. Será possível o caminho inverso? Atividade III Reflita, comentando, a letra da música Bandeira Nordestina de Jessier Quirino buscando identificar se há um raciocínio dedutivo presente na narrativa musical: Bandeira nordestina A bandeira nordestina É uma planta iluminada É qualquer raiz plantada Mostrando o caule maduro E quando o sol varre o escuro Com luz e sombra no chão É quando germina o grão É quando esbarra o machado É quando o tronco hasteado É sombra pro polegar É sombra pro fura-bolo É sobra pro seu vizinho É sombra para o mindinho É sombra prum passarinho É sombra prum meninote É sombra prum rapazote É sombra prum cidadão É sombra para um terreiro É sombra pro povo inteiro Do litoral ao sertão Essa bandeira que eu falo Tem cores de poesia Tem verde-folha-avoada Amarelo-jaca-aberta 54 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Em tudo que é vegetal Tem bandeira desfraldada No duro da baraúna No forte da aroeira No bandejar buliçoso Das folhas das bananeiras Das bandeirolas dos coentros E na marca sertaneja: O rijo e forte umbuzeiro Música disponível em: <http://letras.terra.com.br/jessierquirino/1219310.> Acesso em: 20 set. 2011. Reflita!!! A dedução lógica é um caminho percorrido pelo saber científico, no entanto ele apresenta alguns limites no campo das Ciências Sociais. Observe sua análise e reflita sobre os limites desse raciocínio. O Método Hipotético Dedutivo O método hipotético-dedutivo surge de uma crítica profunda ao indutivismo metodológico. Esse método pressupõe o uso de inferências dedutivas como teste de hipóteses. Karl Popper (apud FERREIRA, 1998) propõe como caminho para essa trajetória metodológica o cumprimento das seguintes etapas: • expectativas e teorias existentes; • formulação de problemas em torno de questões teóricas e empíricas; • solução proposta, consistindo numa conjectura; dedução das conseqüências na forma de proposições passíveis de teste sobre os fenômenos investigados; • teste de falseamento: tentativas de refutação, entre outros meios, pela observação e experimentação das hipóteses criadas sobre o(s) problema(s) investigado(s). Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 55 A partir dessas etapas que envolvem a relação entre pesquisador e objeto do conhecimento, deduzimos os encaminhamentos metodológicos da pesquisa. Essas etapas de raciocínio metodológico orientam a discussão em torno de onde provém o conhecimento, do pesquisador que apreende o real ou do objeto que se impõe como realidade verificável? Nessa perspectiva metodológica do método hipotético-dedutivo, a relação entre pesquisador e objeto do conhecimento acontece numa conjunção entre a razão e a experimentação de hipóteses submetidas à prova. As hipóteses tornam-se as “supostas verdades” ou “meias verdades”, sobre os fenômenos que foram problematizados enquanto objeto de estudo científico, dadas à verificação por meio de experimentações e testes. Compreende-se que esse método pressupõe as bases teóricas dedutíveis a fenômenos particulares que refutarão ou corroborarão com a teoria em teste. Nesse caso, “a observação é precedida de um problema, de uma hipótese, enfim, de algo teórico”, conforme Lakatos; Marconi (op.cit, 2000, p. 75). Esse método vem contribuir com a criação de novos pressupostos teóricos para pesquisa científica. Esse método pode ser operacionalizado, conforme Souza (apud LAKATOS; MARCONI, op.cit, p. 80), desse modo: a) formulação das hipóteses, a partir de um fato-problema; b) inferência das conseqüências preditivas, das hipóteses; c) teste das conseqüências preditivas, através da experimentação, a fim de confirmar ou refutar as hipóteses. 56 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Atividade IV Analise a concepção de ciência presente na charge, elabore perguntas sobre a imagem, dê respostas prováveis e verifique junto aos seus alunos, em sala de aula, qual é a percepção deles em relação às hipóteses que a charge sugere. Jornal da Ciência. Charge n° 695, publicada em 12 ago. 2011. Disponível em:<http://www.jornaldaciencia. org.br/charges.jsp.>. Acesso em: 26 set. 2011. Registre no espaço abaixo os resultados de sua pesquisa, considerando as opiniões dos alunos em relação às alternativas de respostas (hipóteses) sugeridas por você ao apresentar a charge. Reflita!!! Ao encaminhar a pesquisa você buscou conhecimentos prévios sobre a imagem caracterizada na charge, nesse caminho problematizou a imagem e elaborou algumas respostas possíveis para ela. Buscou verificar suas respostas junto aos alunos, ao final suas conclusões estão sendo validadas ou negadas pelas opiniões dos alunos. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 57 dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! O Método Dialético Pense nisto!!! Na Grécia Antiga, dialética equivalia a diálogo, passando depois a ampliar-se da dimensão restrita do diálogo para o exercício do movimento pela argumentação. A dialética tornava-se um diálogo argumentativo e conflitivo, que envolvia contrapontos diferentes numa relação comunicativa. Atividade V Leia com atenção o fragmento abaixo, analisando as mudanças e os contrapontos presentes na narrativa, e responda: As máquinas sempre me fascinaram. Eu era menino de 5 anos, andando de pés descalços numa fazenda velha abandonada. Gostava de me assentar perto do monjolo, a água caindo do rego, o sobe-bate rítmico, musicado pela madeira que gemia, o monjolo trabalhava sem parar, sem se cansar, sem se queixar. Para mim um monjolo era um prodígio técnico: eu não conhecia outros, mas o que fascinava não era o monjolo à minha frente, produto acabado; era o homem que inventara o monjolo, ausente. Eu ficava tentando reconstruir a situação que fizera com que um monjolo imaginário surgisse em sua cabeça. As coisas que existem nascem das coisas que não existem. Sabiam disso os teólogos que se referiam à ‘creatio ex nihilo’: criação a partir do nada. Muito depois, aprendi que a cabeça inventa porque o corpo é preguiçoso. Quem diz isso é o Mário Quintana. O homem inventou a roda para não precisar andar a pé. Não há caso de uma invenção que tenha sido inventada para aumentar o trabalho, exceção feita às máquinas de trabalhar que as pessoas que não trabalham com o corpo pagam para usar academias de ginástica. É mais charmoso andar numa esteira, dentro de casa, sem sair do lugar, vendo um vídeo, que andar de verdade num parque, vendo as coisas que existem. (ALVES, 2000, p.131-2, grifo nosso) 58 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa a) Quando o autor se refere ao monjolo, ele está querendo dizer o quê? b) O que seria o monjolo ausente nessa narrativa? c) Como as invenções do homem podem negá-lo em suas potencialidades de ser homem? d) Qual é a situação do homem diante das máquinas que ele inventou? Reflita!!! As análises que você fez, a partir dos questionamentos abordados, trabalharam um raciocínio que leva em consideração a relação entre a totalidade da experiência social do sujeito e a reflexão sobre a experiência vivida por ele. Nesse movimento do pensamento, percebemos as reflexões tanto de uma vida material quanto de um saber sobre esta vida e os seus problemas. O pensar dialético comporta esses movimentos e conduz a elaborações críticas sobre os fenômenos estudados, considerando as contradições de vida material construída na negação do homem que pensa sobre si e sobre o mundo e este pensar volta-se sobre si modificando-o e ao modificá-lo ele modifica o mundo que o cerca. E o que seria então, o Método Dialético? O método dialético se propõe a penetrar no mundo dos fenômenos por meio de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade. Entende a realidade social como totalidade, que se constitui na categoria fundamental para aproximação do real. O filósofo Karl Marx contribuiu para sistematização desse método ao tomar a dialética Hegeliana, que pressupunha um movimento de contrários no âmbito das idéias, Marx a coloca de ponta a cabeça considerando que o movimento dos contrários acontece nas condições reais de existência do homem, em sua vida social, é na experiência de uma vida material que o homem produz um pensamento e uma reflexão sobre si e sobre o mundo material que ele vive e constrói. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 59 dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! A dialética marxista propõe apresentar como se constitui o empírico, o concreto, partindo de alguns pressupostos dados, conforme Lakatos; Marconi (2000, p. 83) • ação recíproca, unidade polar ou tudo se relaciona; • mudança dialética, negação da negação ou tudo se transforma; • passagem da quantidade à qualidade ou mudança qualitativa; • interpenetração dos contrários, contradição ou luta dos contrários. O mundo é um conjunto de processos. Nesse caso, as coisas não podem ser analisadas na qualidade de objetos fixos, mas em contínuo movimento. Por outro lado, as coisas não existem isoladas, separadas umas das outras e independentes, mas como uma totalidade. Diante disso, todos os aspectos da realidade material da natureza e da sociedade prendem-se por laços necessários e recíprocos que estão em movimento contínuo de negação entre as partes que o compõem. O movimento de transformação ou desenvolvimento do saber científico opera-se por meio de contradições ou mediante a negação de uma coisa sobre a outra. Essa negação refere-se à transformação das coisas em seus contrários, por isso se diz que a mudança dialética é a negação da negação. As mudanças das coisas na concepção dialética não podem ocorrer necessariamente sobre a forma quantitativa, pois irão se transformar em certo momento em qualidade como tem ocorrido com as mudanças no desenvolvimento da sociedade capitalista industrial. Portanto, reconhecer que toda realidade é movimento e que todo movimento é realidade, e que o movimento sendo universal assume as formas quantitativa e qualitativa interligadas entre si e que se transformam uma na outra é um princípio da dialética marxista (LAKATOS; MARCONI, op.cit). O método dialético e o contexto histórico As contradições sociais, verificadas no século XIX, trouxeram de volta uma crítica a concepção metafísica do mundo. O mundo novo das relações capitalista de produção trouxe a necessidade de uma interpretação dialética dos fenômenos sociais vigentes, cujas contradições e conflitos sociais eram patentes. A dialética enquanto método não interessa às Ciências Exatas que procuram ler as composições biofísicas e fisicoquímicas dos seres materiais e mais ligadas aos fatos. No caso das Ciências Humanas que estão atentas a Como os fatos se apresentam, o Por Quê e o Para Quê 60 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa tornam-se questões interessantes para compreensão e explicação de fenômenos que se relacionam com os destinos dos seres humanos na vida em coletividade. O método dialético reconhece a dificuldade de se apreender o real, em sua determinação objetiva, por isso a realidade se constrói diante do pesquisador por meio das noções de totalidade, mudança e contradição. A noção de totalidade refere-se ao entendimento de que a realidade está totalmente interdependente, interrelacionada entre os fatos e fenômenos que a constitui. Já a noção de mudança compreende que a natureza e a sociedade estão em constante mudança e que elas tanto são quantitativas quanto qualitativas. Enquanto isso a noção de contradição torna-se o motor da mudança. As contradições são constantes e intrínsecas à realidade. As relações entre os fenômenos ocorrem num processo de conflitos que geram novas situações na sociedade. Karl Marx, conforme visto na aula anterior, tornou-se o expoente do método dialético na ciência moderna. O método dialético marxista consiste em analisar o todo feito de pedaços, cuja autonomia e individualidade condicionam uma contradição e um conflito, que, por sua vez, estão na base da dinâmica da vida material e da evolução da ciência e da História. A ciência para Karl Marx não é uma coisa feita, ela tem uma história que se perpetua, mas também é um devir. Nesse caso, para se compreender a ciência necessitamose buscar o estudo do passado científico como suporte e base do novo, a ser descoberto. O pensador Karl Marx acreditava que o papel político do cientista era comprometer-se com a produção de um conhecimento que retornasse à realidade como instrumento de reflexão à luta dos trabalhadores (proletários). Esse saber estaria voltado à reflexão dialógica das condições de vida dos trabalhados na sociedade capitalista e contribuiria na leitura de mundo dos explorados (proletários) e na organização da luta e da proposição de uma revolução social com a tomada de poder por parte desses trabalhadores (proletários) e com a instituição de um novo modelo de sociedade pela extinção da propriedade privada dos meios e dos instrumentos de produção. A lógica dialética permite ao cientista social uma cosmovisão de totalidade, por isso que o método tornou-se lógica, teoria da ciência e base da prática revolucionária no século XX. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 61 Como a dialética pode orientar uma reflexão científica? A dialética pode orientar a reflexão crítica do mundo quando o pesquisador começa a interrogar-se sobre o que está por trás da aparência dos fenômenos. A verdade não aparece, ela está escondida nos não ditos nos interditos das relações sociais. Exercitar o raciocínio dialético é procurar respostas em situações que aparecem como dadas, como naturais quando de fato foram naturalizadas por uma visão de mundo que atende aos interesses de quem domina (classe social), procurando por meio dos canais (escola, meios de comunicação, família e outros) disponibilizados na vida social imprimindo sua visão como sendo a visão do coletivo, isto se chama ideologia de classe. Desenvolver ciência usando o método dialético é assumir que o saber está contaminado por ideologias e que cabe ao cientista social desvendar o que está escondido na aparência dos fenômenos sociais, particularmente na experiência cotidiana da vida em sociedade. O conhecimento encontra caminhos para percorrer o caminho dialético, permite ao homem ver o mundo por outra lente. Perceba, Como o raciocínio desenvolvido por Alves (1994, p. 64-6) contando histórias para educadores e motivando a reflexão sobre o homem, o mundo e a sociedade (FREIRE, 1975) constrói um saber sobre a educação. [...] Pensei nisso ao ver as crianças, alegres, indo para as escolas, para aprender os mundos que lhes foram destinados, e para não aprender os mundos que lhes foram interditados. Tudo escondido na inocência de palavras que se repetem, como mandam os currículos ... Ao lado de cada mundo que se aprende há mundos sem conta que se perdem, no esquecimento, por não terem sido criados, nas trevas do silêncio. Cada currículo é uma decisão sobre coisas que se deverá fazer silêncio, mundos não ditos, mal-ditos, inter/ditados, condenados a não ser. Decisão, conspiração de uns, projetos de corpos futuros, o que farão, como viverão, como amarão, como chorarão, como morrerão... Lá vão elas, alegres, crianças ao caminho dos mundos e não mundos, decididos por outros e escolhidos no feitiço das palavras. E as salas de aula ficam muito próximas das lições de psicolingüística ensinadas em lugares distantes [...]. (grifo nosso) Usando o raciocínio dialético, no poema ABC do Nordeste Flagelado, Patativa do Assaré constrói uma reflexão crítica do Nordeste 62 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa A — Ai, como é duro viver nos Estados do Nordeste quando o nosso Pai Celeste não manda a nuvem chover. É bem triste a gente ver findar o mês de janeiro depois findar fevereiro e março também passar, sem o inverno começar no Nordeste brasileiro. B — Berra o gado impaciente reclamando o verde pasto, desfigurado e arrasto, com o olhar de penitente; o fazendeiro, descrente, um jeito não pode dar, o sol ardente a queimar e o vento forte soprando, a gente fica pensando que o mundo vai se acabar. C — Caminhando pelo espaço, como os trapos de um lençol, pras bandas do pôr do sol, as nuvens vão em fracasso: aqui e ali um pedaço vagando... sempre vagando, quem estiver reparando faz logo a comparação de umas pastas de algodão que o vento vai carregando. D — De manhã, bem de manhã, vem da montanha um agouro de gargalhada e de choro da feia e triste cauã: um bando de ribançã pelo espaço a se perder, pra de fome não morrer, vai atrás de outro lugar, e ali só há de voltar, um dia, quando chover. E — Em tudo se vê mudança quem repara vê até que o camaleão que é verde da cor da esperança, com o flagelo que avança, muda logo de feição. O verde camaleão perde a sua cor bonita fica de forma esquisita que causa admiração. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 63 F — Foge o prazer da floresta o bonito sabiá, quando flagelo não há cantando se manifesta. Durante o inverno faz festa gorjeando por esporte, mas não chovendo é sem sorte, fica sem graça e calado o cantor mais afamado dos passarinhos do norte. G — Geme de dor, se aquebranta e dali desaparece, o sabiá só parece que com a seca se encanta. Se outro pássaro canta, o coitado não responde; ele vai não sei pra onde, pois quando o inverno não vem com o desgosto que tem o pobrezinho se esconde. H — Horroroso, feio e mau de lá de dentro das grotas, manda suas feias notas o tristonho bacurau. Canta o João corta-pau o seu poema funério, é muito triste o mistério de uma seca no sertão; a gente tem impressão que o mundo é um cemitério. I — Ilusão, prazer, amor, a gente sente fugir, tudo parece carpir tristeza, saudade e dor. Nas horas de mais calor, se escuta pra todo lado o toque desafinado da gaita da seriema acompanhando o cinema no Nordeste flagelado. J — Já falei sobre a desgraça dos animais do Nordeste; com a seca vem a peste e a vida fica sem graça. Quanto mais dia se passa mais a dor se multiplica; a mata que já foi rica, de tristeza geme e chora. Preciso dizer agora o povo como é que fica. 64 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa L — Lamento desconsolado o coitado camponês porque tanto esforço fez, mas não lucrou seu roçado. Num banco velho, sentado, olhando o filho inocente e a mulher bem paciente, cozinha lá no fogão o derradeiro feijão que ele guardou pra semente. M — Minha boa companheira, diz ele, vamos embora, e depressa, sem demora vende a sua cartucheira. Vende a faca, a roçadeira, machado, foice e facão; vende a pobre habitação, galinha, cabra e suíno e viajam sem destino em cima de um caminhão. N — Naquele duro transporte sai aquela pobre gente, agüentando paciente o rigor da triste sorte. Levando a saudade forte de seu povo e seu lugar, sem um nem outro falar, vão pensando em sua vida, deixando a terra querida, para nunca mais voltar. O — Outro tem opinião de deixar mãe, deixar pai, porém para o Sul não vai, procura outra direção. Vai bater no Maranhão onde nunca falta inverno; outro com grande consterno deixa o casebre e a mobília e leva a sua família pra construção do governo. P - Porém lá na construção, o seu viver é grosseiro trabalhando o dia inteiro de picareta na mão. Pra sua manutenção chegando dia marcado em vez do seu ordenado dentro da repartição, recebe triste ração, farinha e feijão furado. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 65 Q — Quem quer ver o sofrimento, quando há seca no sertão, procura uma construção e entra no fornecimento. Pois, dentro dele o alimento que o pobre tem a comer, a barriga pode encher, porém falta a substância, e com esta circunstância, começa o povo a morrer. R — Raquítica, pálida e doente fica a pobre criatura e a boca da sepultura vai engolindo o inocente. Meu Jesus! Meu Pai Clemente, que da humanidade é dono, desça de seu alto trono, da sua corte celeste e venha ver seu Nordeste como ele está no abandono. S — Sofre o casado e o solteiro sofre o velho, sofre o moço, não tem janta, nem almoço, não tem roupa nem dinheiro. Também sofre o fazendeiro que de rico perde o nome, o desgosto lhe consome, vendo o urubu esfomeado, puxando a pele do gado que morreu de sede e fome. T — Tudo sofre e não resiste este fardo tão pesado, no Nordeste flagelado em tudo a tristeza existe. Mas a tristeza mais triste que faz tudo entristecer, é a mãe chorosa, a gemer, lágrimas dos olhos correndo, vendo seu filho dizendo: mamãe, eu quero morrer! U — Um é ver, outro é contar quem for reparar de perto aquele mundo deserto, dá vontade de chorar. Ali só fica a teimar o juazeiro copado, o resto é tudo pelado da chapada ao tabuleiro onde o famoso vaqueiro cantava tangendo o gado. 66 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa V — Vivendo em grande maltrato, a abelha zumbindo voa, sem direção, sempre à toa, por causa do desacato. À procura de um regato, de um jardim ou de um pomar sem um momento parar, vagando constantemente, sem encontrar, a inocente, uma flor para pousar. X — Xexéu, pássaro que mora na grande árvore copada, vendo a floresta arrasada, bate as asas, vai embora. Somente o saguim demora, pulando a fazer careta; na mata tingida e preta, tudo é aflição e pranto; só por milagre de um santo, se encontra uma borboleta. Z — Zangado contra o sertão dardeja o sol inclemente, cada dia mais ardente tostando a face do chão. E, mostrando compaixão lá do infinito estrelado, pura, limpa, sem pecado de noite a lua derrama um banho de luz no drama do Nordeste flagelado. Posso dizer que cantei aquilo que observei; tenho certeza que dei aprovada relação. Tudo é tristeza e amargura, indigência e desventura. — Veja, leitor, quanto é dura a seca no meu sertão. Poema disponível em: < http://www.revista.agulha.nom.br/anton02. html >. Acesso em: 26 set. 2011. O raciocínio dialético permite ao poeta um movimento lingüístico que nos mostra o processo de negação da negação, na relação homem, natureza e sociedade. O poema traz a dinâmica da qualidade que provoca mudanças na medida em que ao tornar-se ser social o homem se produz e se reproduz nessa relação onde ele existe na negação do outro - a natureza. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 67 Atividade VI Disponível para Download em <http:// www.casacinepoa.com.br/port/filmes/ ilhadasf.htm>. Acesso em 15. set. 2011. O vídeo está disponível no ambiente on-line e no pólo, procure o seu tutor. 3 Assista ao documentário Ilha das Flores de Jorge Furtado3, analise e registre as condições materiais de vida em meio às contradições de uma experiência do homem, no espaço urbano numa sociedade capitalista moderna. Observe também a linguagem do vídeo e o tipo de gênero discursivo presente no documentário. Reflita!!! dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! Sua análise traz elementos dos princípios do raciocínio dialético. Observe como você procurou estabelecer correlação entre fatos por meios das contradições dos acontecimentos. Concluindo a unidade! Você sabia que o modo de vida urbano na sociedade capitalista, contemporânea, organiza espaços de distribuição e comercialização de bens primários, entre eles os alimentos. No entanto, os alimentos produzidos coletivamente são interditados aos indivíduos que não disponibilizam de recursos materiais para adquirí-los. Paradoxalmente, essa mesma sociedade produz um volume de alimentos superior às necessidades individuais diárias; porém, continua abrigando no seu interior bolsões de miséria nos quais os indivíduos disputam alimentos, que são desprezados para o consumo humano, noutros espaços destinados ao armazenamento do lixo ou disponibilizados para o consumo animal. Essa realidade contraditória da produção e distribuição de alimentos nas sociedades capitalistas, torna-se objeto de estudo para as Ciências Sociais. Portanto, ao final dessa aula se espera que você tenha compreendido como os métodos científicos podem ser usados na construção de um saber científico sobre a vida do homem em sociedade. 68 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Orientação de Leitura Orientamos como leitura complementar às discussões apresentadas nesta unidade: LAKATOS, E. M; MARCONI, M. de A. Metodologia Científica. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas, 2000. As autoras apresentam uma discussão teórica e densa no capítulo 2 – Métodos Científicos, dos conceitos clássicos sobre Método Científico estabelecendo um estudo comparativo entre os tipos de Métodos no processo histórico de construção da Ciência Moderna. Revisando as discussões Nesta aula, estudamos os tipos de métodos científicos: o indutivo, que pressupõe a observação de fatos particulares para elaboração de explicações gerais; o dedutivo que parte de teorias gerais que são aplicáveis ao conhecimento dos fenômenos particulares; o hipotético-dedutivo que se orienta por deduções teóricas e hipóteses verificáveis na busca do estabelecimento de novos parâmetros teóricos; e o método dialético que busca o conhecimento por meio das contradições, negações e conflitos em processo de mudança qualitativa. Autoavaliação Registre sua compreensão sobre os métodos científicos, estabelecendo as diferenças que existem entre eles em relação ao pesquisador e ao objeto do conhecimento científico. dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 69 Referências ALMEIDA, C.; MASSARANI; L.; MOREIRA; I. de C. Cordel e ciência: a ciência em versos populares. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2005. ALVES, R. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. 20. ed. São Paulo: Brasiliense,1994. ______. Entre a ciência e a sapiência: o dilema da educação. 4. ed. São Paulo: Loyola, 2000. BARROS, M. de. Gramática Expositiva do Chão. 5. ed. Rio de Janeiro/ São Paulo: Record, 2004. BERVIAN, P. A.; CERVO, A. L. Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: MAKRON Books, 1996. FERREIRA, R. A. A pesquisa científica nas ciências sociais: caracterização e procedimentos. Recife, PE: UFPE, 1998. LAKATOS, E. M; MARCONI, M. de A. Metodologia Científica. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas, 2000. 70 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa IV UNIDADE A pesquisa e a iniciação científica na universidade e no cotidiano do educador Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 71 Apresentação Nas aulas anteriores, estudamos como se produz ciência com o uso do Método Científico e quais são as bases epistemológicas dos métodos, seus tipos e qual o caminho de abordagem usado por cada um dos métodos. O material desta unidade virá acompanhado de orientações e atividades que buscam levá-lo ao exercício da iniciação científica com a aplicação dos procedimentos metodológicos de pesquisa quem tem como respaldo o uso do de um dos tipos de Método Científico que estudamos. Desse modo: • elabore as atividades de pesquisa, sugeridas no material; • busque ampliar seus conhecimentos, consultando as leituras que virão indicadas; • realize sua autoavaliação da unidade no espaço indicado. Neste momento, você está convidado a fazer um exercício de iniciação científica, percorrendo um caminho metodológico de planejamento e execução de pesquisas científicas. 72 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Objetivos Pretendemos, ao final desta aula, que você tenha compreendido que: 1. a iniciação científica é um caminho na formação do aluno pesquisador; 2. o cotidiano da sala de aula torna-se uma fonte de pesquisa científica; e 3. não há como realizar uma pesquisa científica sem o uso de métodos, técnicas e instrumentos de pesquisa. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 73 Pense nisto!!! A organização da vida de estudo e de pesquisa na Universidade requer métodos e técnicas de leitura, organização e documentação dos estudos. O aluno, ao observar sistematicamente as atividades sugeridas nas disciplinas, percebe que a produção do material é resultado de pesquisas e de uma relação dialógica entre o autor da aula disponibilizada na disciplina e o aluno, e isto ocorre por meio da interação, na elaboração das atividades e das leituras complementares sugeridas. Diante disso, o estudo torna-se uma pesquisa e, desse modo, o aluno é iniciado na pesquisa científica. Atividade I Considerando sua experiência de aluno de graduação e de professor, neste momento você é convidado a escolher um tema-aula já estudado em uma das disciplinas cursadas nos semestres do curso de Letras a distância. Observe e comente as questões a seguir, pois elas já funcionam dentro deste material didático como uma técnica de coleta de dados - a entrevista estruturada, que busca junto aos educadores licenciandos em Letras respostas para o problema que estamos investigando: a funcionalidade do material didático do curso de Letras a Distância. Vejamos: a) Qual era o tema trabalhado (abordado) na aula? b) A escolha desse tema se justifica nesta disciplina? Por quê? c) Os objetivos definidos pelos autores do material didático foram alcançados? De que forma? d) Como os autores organizaram a distribuição dos conteúdos? dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! e) Quais foram as estratégias de aprendizagem criadas pelo professor autor para você estudar e aplicar o conteúdo da unidade em sua sala de aula do Ensino Fundamental ou no Ensino Médio? f) Você registrou o conhecimento adquirido na unidade em sua auto avaliação? Por quê? 74 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Reflita!!! A pesquisa científica orienta-se por um conjunto de procedimentos e etapas que organizam um conhecimento sobre os fenômenos. O aluno encontra na Universidade o espaço para a sua iniciação científica que resultará em pesquisas científicas. É na Universidade que a prática de pesquisa constitui-se em um ato dinâmico de questionamento, indagação e aprofundamento no processo de formação do estudante, contribuindo para o desenvolvimento de um aluno-pesquisador crítico, reflexivo e participativo diante dos fenômenos sociais, históricos, culturais, econômicos, educativos. Enfim, fenômenos de todas as áreas do conhecimento humano. A atividade de pesquisa faz parte do cotidiano de todos os indivíduos em sociedade não apenas dos pesquisadores em laboratórios ou ambientes exclusivos. No dia-a-dia, os indivíduos pesquisam e fazem escolhas, sem usarem necessariamente conceitos e categorias para se orientarem em sua vida prática. Já o educador, quando procura alternativas para trabalhar os seus conteúdos em sala de aula, busca encontrá-las, por meio de conversas com outros colegas educadores, em livros de metodologia de ensino, no acesso à internet e a outras fontes como jornais e programas educativos, buncando encontrar respostas para as suas inquietações e indagações. Nesse processo de pesquisa, o educador se utiliza de orientações teóricas, procedimentos metodológicos e de seu conhecimento empírico, cotidiano (usando da indução e da dedução para refletir sobre os problemas que o incomoda). A diferença entre a pesquisa feita pelo indivíduo que busca resolver um problema prático do seu dia-a-dia e o educador que quer encontrar alternativas para o desenvolvimento do seu conteúdo, e se encontra preocupado com a aprendizagem do aluno, está no caminho que cada um escolhe para fazer a sua pesquisa – o caminho do educador é traçado por métodos de raciocínio. No campo das Ciências Humanas comumente se investe em Pesquisas Qualitativas, pois elas possibilitam ao pesquisador a compreensão e explicação das subjetividades que norteiam a produção de conhecimentos pelos homens em interação uns com os outros e nas experiências com os grupos onde vivem e constroem significados para seus contatos. Os estudos e pesquisas no campo da Língua Portuguesa privilegiam também a Pesquisa Qualitativa, pois ela oportuniza a compreensão dos processos de elaboração discursiva, possibilitando o uso do raciocínio dialético, que compreende as estruturas da língua e o modo como funcionam e são utilizados os códigos que organizam a linguagem oral e escrita na vida social; diante disto, Haguette (2000, p. 63), Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 75 afirma que “os métodos qualitativos enfatizam as especificidades de um fenômeno em termos de suas origens e de sua razão de ser”. A pesquisa científica é uma atividade desenvolvida por pesquisadores que se dispõem a utilizar os métodos e as técnicas adequados para obtenção de informações relevantes ao conhecimento, compreensão e explicação de um dado fenômeno investigado. Retomando o exemplo do educador que está preocupado com a aprendizagem de seus alunos, ele irá preocupar-se com os métodos e as técnicas que deverão ser adotados, para isto, ele irá problematizar a sua prática pedagógica em sala de aula. Nós nos deparamos com várias situações no nosso cotidiano escolar que nos levam a tomar decisões e redefinir caminhos quando percebemos pela observação dos resultados do nosso trabalho que aquele método não está contribuindo com a aprendizagem dos nossos alunos. Neste momento, já estamos operando com a racionalidade da ciência. Métodos, técnicas e instrumentos são procedimentos adotados pelo pesquisador ao buscar fazer ciência, pois toda e qualquer atividade a ser desenvolvida, seja teórica ou prática, requer procedimentos. O método significa o caminho para se chegar a um fim e a técnica é o meio de fazer, de forma mais segura e adequada, determinadas atividades que se encaminham para um fim específico. Já os instrumentos são os recursos utilizados para coleta de dados junto às fontes de pesquisa. Diante disso, se compreende que os métodos e as técnicas são indispensáveis numa investigação científica, pois contribuirá para a ampliação do conhecimento já acumulado, bem como para a construção, reformulação e transformação de teorias científicas, conforme Barros; Lehfeld (2000). Convidando Rubem Alves (2000, p.107-8) para discussão sobre a pesquisa científica, e encontramos nesta citação direta elementos importantes para a discussão. Vejamos: [...] Os sacerdotes da ciência me responderam: ’Peguei-te! Porque um dos dogmas centrais da ciência é que não estamos nunca de posse da verdade final. As conclusões da ciência são sempre provisórias. A ciência não tem dogmas!’ Certo, certíssimo! A ciência não tem dogmas a seus resultados. Pelo menos oficialmente, em sua declaração de intenções. Mas essa pretensão é constatada por Thomas Kuhn, autor de A estrutura das revoluções científicas. Ele afirma, baseando-se em dados históricos, que a ciência tem dogmas sim. E seus dogmas são mantidos pelos cientistas que se agarram a suas teorias e jamais admitem que a verdade possa ser diferente. Diz Kuhn que, freqüentemente, é só com a morte desses papas que os dogmas caem de seu pedestal. Mas, deixando isso de lado, há um dogma sobre o qual todos estão de acordo: o dogma do método. O que é o dogma do método? Já expliquei: o método é a rede que os 76 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa cientistas usam para pegar peixe. O dogma aparece quando se diz que ‘real é somente aquilo que se pega com as redes metodológicas da ciência’. Foi isso que fizeram com o meu augusto amigo: ele foi mostrar a seus amigos os pássaros que havia encantado tocando flauta, e todos disseram: ‘Não foi pego com as redes metodológicas da ciência! Não é real! Não merece respeito!’. A loucura chega ao ridículo. Recebi uma carta de uma jovem que estava fazendo uma tese científica sobre minhas histórias infantis. A pobrezinha me escreveu pedindo que eu respondesse um questionário. Ela, certamente nas mãos de um orientador científico, possuído pelo dogma do método, me fazia duas perguntas que me fizeram sorrir/chorar. Primeira pergunta: ‘qual a teoria que o senhor usa para escrever suas histórias?’ Segunda pergunta: ‘qual é o método que o senhor usa para escrever suas histórias?’ Aí eu tive de contar para ela que muitas coisas nesse universo, muitas mesmo, nos chegam sem que as pesquemos com as redes da ciência. Picasso dizia: ’eu não procuro. Eu encontro’. As histórias são assim. A gente vai vagabundando, fazendo nada, como uma coceira no pensador, e de repente a história chega_ nas palavras de Guimarães Rosa_ como a bola chega às mãos do goleiro: prontinha. Sem teoria. Sem método. É só ir para casa e escrever. Uma coisa é certa: a história não me chega quando estou trabalhando, quando estou procurando. E é assim que acontece com a poesia, a música, a literatura, a pintura e inclusive a ciência. As boas idéias não são pescadas nas redes metodológicas. ‘não há método para se ter idéias boas.’ Se houvesse método para se ter idéias boas, bastaria aplicar o método que seríamos inteligentes. Freqüentemente o resultado do uso do método é o oposto da inteligência. O tipo está lançando suas redes, as redes voltam sempre vazias, e ele não se dá conta dos pássaros que se assentaram em seu ombro. A obsessão com o método entope o caminho das boas idéias. Atividade II Registre a sua interpretação do fragmento a seguir, destacado com o grifo nosso, da citação direta de Rubem Alves (op.cit, p.108), estabelecendo uma relação com a sua prática de educador. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 77 dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! [...] As boas idéias não são pescadas nas redes metodológicas. ‘não há método para se ter idéias boas.’ Se houvesse método para se ter idéias boas, bastaria aplicar o método que seríamos inteligentes. Freqüentemente o resultado do uso do método é o oposto da inteligência. O tipo (o raciocínio) está lançando suas redes, as redes voltam sempre vazias, e ele não se dá conta dos pássaros que se assentaram em seu ombro. A obsessão com o método entope o caminho das boas idéias. (grifo nosso) Ao estabelecer uma correlação observe: a) As ideias boas que você já teve e que aplicou em sala de aula; b) A sua percepção das necessidades dos alunos na aprendizagem dos conteúdos; c) As sugestões dos alunos que redimensionam sua prática; d) As experiências compartilhadas pelos alunos na aprendizagem de trabalhos de campo; e) Outras situações que produziam boas ideias. dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! As alternativas que foram respondidas na atividade anterior possibilitaram a você uma experiência de Pesquisa Participante, já que você foi ao mesmo tempo sujeito e objeto da investigação. Ao problematizar o cotidiano de sua sala de aula você está fazendo um exercício metódico de pesquisa, que definimos como “pesquisa de campo”. Conforme Haguete (op.cit, p.67) “[...] A Antropologia e a Sociologia, lançaram mão de técnicas semelhantes na abordagem do real, especialmente no valor que alocaram à participação do pesquisador no local pesquisado, e à necessidade de ver o mundo através dos olhos dos pesquisados”. 78 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Como tornar-se um aluno-pesquisador? Pense nisto!!! A iniciação científica é uma experiência que oportuniza ao aluno a vivência da pesquisa. Essa experiência tanto auxilia na formação profissional quanto no desenvolvimento sociopolítico do estudante, conduzindo-o a uma leitura crítica e analítica do seu cotidiano. Diante disso, buscamos criar oportunidades para que a iniciação aconteça tanto nas esferas institucionais por meio dos programas de iniciação científica, nas universidades, quanto na sala de aula através de orientações metodológicas de pesquisa sobre temáticas que estão sendo desenvolvidas nas disciplinas. Podemos perceber que a iniciação científica é um caminho na formação dos pesquisadores; diante disso, o ato educativo na universidade requer um embasamento metodológico de pesquisa tanto do educador como do aluno. Como afirma Pedro Demo em Educar pela pesquisa (1996), é necessário termos uma nova noção de aluno na universidade, isto é, não mais como sendo alguém desprovido de saberes e ignorante diante do mundo que os cerca, já que não buscamos apenas conhecimentos e ensinamentos para fazer avaliações e passar de ano, mas nos propomos a colaborar com a construção de um sujeito que quer aprender a pensar e a pesquisar para construir seu raciocínio crítico e dialógico, percebendo-se como sujeito histórico, ativo e participante intelectual e ideologicamente na sociedade a qual pertence. A investigação científica se transforma na principal expressão da identidade universitária, quando os esforços e os estímulos pedagógicos fundam-se no tripé ensino-pesquisa-aprendizagem, propiciando o desencadeamento de processos de conhecimento da realidade social. Nesse momento, a relação professor e aluno é mediada pela prática de pesquisa enquanto possibilidade pedagógica do aprender a aprender e aprender a desconstruir as verdades pré-estabelecidas pela própria ciência que é aproximadamente verdadeira. Para os iniciantes em pesquisa científica, o mais importante deve ser a preocupação na aplicação dos métodos e das técnicas de pesquisa, do que propriamente os resultados alcançados no processo de pesquisa. Os resultados tornam-se irrelevantes se não houver um cuidado com os procedimentos metodológicos de pesquisa. O estudante fundamentando-se em observações sistemáticas, análises e deduções Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 79 interpretativas por meio de uma reflexão crítica vai formando um raciocínio metódico e analítico que contribuirá com o seu espírito científico. Segundo Barros; Lehfeld (2000, p. 68) a “[...] pesquisa científica consiste na observação dos fatos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta dos dados, no registro de variáveis presumivelmente relevantes para análises posteriores.” Já para Rudio (2004, p. 16-7) a pesquisa consiste numa “obra de criatividade, que nasce da intuição do pesquisador e recebe a marca de originalidade, tanto no modo de apreendê-la como no de comunicá-la.” Vejamos o fragmento da obra Estória de quem gosta de ensinar (ALVES, 1994, p. 38-9) : Gosto de ver figuras. Fazem bem à imaginação. Levam-me por mundos já perdidos, passados, estranhos [...] E a fantasia, encantada pelo mistério dos rostos, dos gestos, dos cenários, põe-se a voar. Fiquei muito tempo olhando uma gravura do Século XV. Ainda está aqui, aberta à minha frente, em vermelho, verde, preto, amarelo e branco. Aula de anatomia. Sobre uma mesa de madeira, o cadáver. Um barbeiro, especialista da navalha, faz os cortes necessários. O corpo se abre sobre o seu instrumento. Os alunos, a se julgar pelos olhos, não estão entusiasmados. Alguns olham beatificamente para cima. Talvez estejam vendo algum anjo esvoaçante. Outros, olhar perdido, longe do cadáver, que deve cheirar mal. No centro, elevado em púlpito e distante da coisa, o catedrático, dizendo os conhecimentos anatômicos da época. Repetia a Ciência de Galeno, médico grego, do II Século, papa da Medicina por cerca de 1.400 anos. O fascinante é pensar que, naqueles tempos, quando as evidências da navalha do barbeiro colidiam com as teorias de Galeno, quem perdia era o barbeiro. Galeno ganhava sempre. É que não se acreditava que as coisas, no seu mutismo, pudessem ser mais sábias que os homens. O conhecimento se encontrava em livros, e nunca na natureza [...] Agora se explica por que é que era o barbeiro, e não o professor, que cortava o corpo: afinal de contas, aquele trabalho não faria diferença alguma, fosse qual fosse o desenrolar das dissecações. E se explica também o olhar perdido dos alunos. Por que olhar para um morto malcheiroso, se a verdade já estava dita num livro? Era muito mais importante a lição do mestre do que a lição das coisas [...] Imaginem agora uma outra tela mais louca do que esta, em que o cadáver se põe a falar, e não apenas o morto como também todas as coisas até então silenciosas, estrelas, pedras, ar, água [...] E os alunos, talvez possuídos de loucura, subvertem a ordem do saber, esquecem-se das lições de antigamente, obrigam os mestres a se calarem, e se põem a ouvir vozes que ninguém ouve, só eles, as 80 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa vozes das coisas [...] Esta, eu imagino, seria uma tela digna da imaginação fantástica de Bosch, ou quem sabe, do surrealismo de Salvador Dali. Mas não é nada disso. Porque seria assim que teríamos de nos representar aquilo que aconteceu quando Galileu fez a sua revolução, inaugurando a Ciência Moderna, e declarando que era necessário mudar de livro-texto. Aprender a ler a escrita enigmática da natureza. Pensávamos que fosse muda, quem sabe burra [...] Mas nós é que éramos analfabetos. Não entendíamos a sua escrita. E nasceu então o fascínio de ser cientista: decifrador de enigmas. A natureza diz as suas coisas em linguagem que o comum das pessoas não entende, e o cientista trata de traduzir a língua estrangeira em língua conhecida. Intérprete. Tradutor. De si mesmo, nada tem a dizer _ como convém àquele que traduz e interpreta com honestidade. Sente-se feliz por só dizer o segredo que o objeto lhe contou. E até inventaram um nome com que batizaram esta devoção ética e epistemológica do cientista: objetividade. O sujeito se cala para que sua voz nada mais seja do que a voz da natureza. Como se ele, cientista, se esvaziasse de tudo e jurasse que nada que sai de sua boca é invenção dos seus desejos ou produto da sua imaginação. Também para isto inventaram um nome à conduta esperada para o pesquisador, neutralidade [...] Há situações em que a neutralidade é uma virtude. E foi assim que disseram também que a Ciência tinha de ser neutra: vale somente aquilo que a natureza disse, sem se levar em conta o interesse de ninguém. (grifo nosso) Disponível para Download seguindo as orientações em <http://www.baixalogofilmes.net/como-baixar-no-fileserve/>. Acesso em 15. set. 2011. O vídeo está disponível no ambiente on-line e no pólo, procure o seu tutor. 1 Nesse fragmento Rubem Alves exercita o espírito científico por meio da crítica a objetividade e neutralidade exigidas como critérios de conduta para o pesquisador na elaboração do saber científico. Diante do exposto verificamos a originalidade e criatividade do autor na comunicação de sua interpretação sobre a pesquisa e a conduta científica do pesquisador. Atividade III dica. utilize o bloco A cinematografia pode ser tornar uma fonte de pesquisa sobre questões Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 81 de anotações para responder as atividades! contemporâneas que problematizam a prática do Educador e contribuir com a reflexão que estamos fazendo sobre como podemos nos tornar um alunopesquisador?. Vamos assistir ao filme Mãos Talentosas1, dirigido por Thomas Carter (2009) e problematizar as possibilidades de aprendizagem diante dos limites físicos do educando, registrando abaixo as questões que polemizam o filme e qual a sua relação com o processo educacional? Reflita!!! A pesquisa enquanto um exercício de criatividade do pesquisador cria oportunidades de investigação fora dos espaços clássicos de produção do saber científico. A cinematografia é uma narrativa poética e um exercício de pesquisa e crítica social na qual o roteirista expressa sua interpretação do mundo. Ela cria uma nova possibilidade de apreensão do real “fora das redes da ciência”, A Língua Portuguesa como um campo de pesquisa Pense nisto!!! A investigação científica nos permite estranhar o familiar, questionando as verdades que aparecem de forma naturalizada nos discursos políticos e nas políticas públicas de educação. Os problemas sociais advindos das contradições de convivência desigual com o semi-árido, particulares à nossa região, repercutem em altos índices de analfabetismo de jovens e adultos na região, mas em alguns estudos são tratados como fenômenos naturais, por isso as Ciências Sociais se debruçam sobre esses discursos procurando compreendê-los e explicá-los; como também, desconstruí-los. 82 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa A iniciação científica cria a oportunidade para o aluno tornar-se um pesquisador, acompanhado de um professor-orientador. Vejamos alguns fragmentos do relatório2 de pesquisa sobre a produção textual de professores de língua portuguesa, apresentado em 2007 ao Programa de Iniciação Científica da Universidade Federal do Ceará, sob a orientação da professora/pesquisadora Drª Eulália Vera Lúcia Fraga Leurquin, com a alunas/pesquisadoras Maria Coeli Saraiva Rodrigues e Vanessa Lima Martins, do curso de Letras da UFC. A produção textual de futuros professores de Língua Portuguesa: a problemática de escrita do gênero relatório Maria Coeli Saraiva Rodrigues Vanessa Lima Martins Resumo Analisamos a produção escrita de alunos de graduação do curso de Letras Vernáculas, da Universidade Federal do Ceará, da disciplina Teoria e Prática do Ensino de Língua Portuguesa, ministrada nos períodos 2005.2 ao 2006.2. Para a análise dos dados, aplicamos um questionário aos futuros professores e consideramos o Relatório de observação da aula. Apresentamos o Relatório de observação da aula como um gênero textual; um espaço de comunicação/interação entre a universidade (instituição responsável pela formação que recebe o professor para a sua prática profissional); um instrumento de mudança didático-pedagógica e um texto que será avaliado pelo professor formador de professores. Introdução Através desse trabalho apresentamos os primeiros resultados da pesquisa O gênero relatório e a formação inicial do professor de língua portuguesa. Nosso objeto de estudo é o Relatório de observação da aula entregue ao final da disciplina [...]. Nosso objetivo é analisar a produção escrita do futuro professor de língua materna. Muitos são os motivos que justificam a importância de pesquisarmos esse gênero acadêmico. Dentre eles, destacamos três que nos pareceu bastante relevantes: a) o gênero relatório ainda é pouco pesquisado; b) quando citado, não é reconhecido como gênero textual; c) através do relatório, podemos identificar e analisar as dificuldades apresentadas por futuros professores de língua materna no momento de interação da escrita e através dele; d) podemos visitara sala Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 83 Ver Relatório completo disponível em: < http://alb.com.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais16/sem12pdf/ sm12ss03_04.pdf> Acesso em : 20 nov. 2011. 2 de aula e intervir na qualidade do ensino de língua materna.[...]. Metodologia e Resultados Para coleta de dados, dentre os 350 relatórios utilizados na pesquisa, reunimos um corpus composto de trinta e cinco relatórios de observação de aula e observamos problemas relacionados a organização tópica.Aplicamos um questionário composto de sete perguntas abertas, com o propósito de verificar: a) a real necessidade de produção do Relatório de observação da aula e a relação teoria e prática na elaboração do mesmo; b) o nível de conhecimento dos alunos quanto ao gênero produzido; c) as principais dificuldades quanto à topicalização no Relatório de observação de aulas.[...]. Quanto às análises dos dados coletados no questionário aplicado aos alunos, constatamos que o Relatório de observação de aula vem sendo visto pelo aluno como um texto para a ele ser atribuída uma nota, ou seja, o relatório é visto como um produto e os professores desconsideram o processo de formação do mesmo. Descrições de momentos e aulas de produção textual mostram isso. [...] Atividade IV Leia como atenção o fragmento do relatório de pesquisa, intitulado A produção textual de futuros professores de Língua Portuguesa: a problemática de escrita do gênero relatório, destacando e registrando nos espaços as respostas das questões que seguem: a) O que foi investigado pelos pesquisadores? b) Por que eles se interessaram em investigar essa temática? c) Qual foi o objetivo da pesquisa? d) Quais foram os procedimentos metodológicos (como a pesquisa foi feita) adotados? e) Como foram selecionados os sujeitos (os indivíduos entrevistados) da pesquisa? f) A que resultados a pesquisa chegou? dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! g) A partir desses resultados da pesquisa como você percebe a produção textual enquanto exercício da escrita na sua formação de professor de língua portuguesa? 84 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Reflita!!! A prática da pesquisa na Universidade contribui com a sua formação de professor-pesquisador na medida em que traz questões do seu cotidiano para reflexão e crítica, possibilitando a você uma nova postura diante dos seus alunos seja no ensino fundamental ou no ensino médio. DESAFIO!!!! Agora, vamos exercitar a prática de pesquisa com nossos alunos da educação básica Atividade V Os seus alunos também possuem um saber sobre a leitura e escrita. Selecione, aleatoriamente, 10 alunos, entre homens e mulheres, de uma de suas turmas, seja do ensino fundamental ou do ensino médio e peça-lhes que respondam, por escrito, a seguinte questão: o que você entende por leitura e escrita? Após coletar as respostas, liste-as no quadro 1, indicando ao lado de cada resposta a série, sexo e idade (variáveis de sua pesquisa); em seguida, procure elementos em comum nas respostas dos alunos e destaque-os no quadro 2. Esses elementos devem ser analisados e registrados no espaço indicado, buscandose identificar se as percepções em comum e diferentes sobre a aprendizagem da língua, suas formas de expressão e de registro escrito. dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 85 Quadro 1 - Respostas dos alunos Nº Compreensões sobre Leitura e Escrita Série Sexo Idade Fonte: Pesquisa de campo Quadro 2 – Elementos em comum nas respostas Fragmentos de respostas em comum dadas pelos alunos Número de vezes que aparece o elemento em comum nas respostas Percentual (%) em relação ao número de alunos Total 10 100 % dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! Fonte: Pesquisa de campo a) Analise dos elementos em comum, nas respostas dos alunos. Posicione-se criticamente, diante dessas percepções sobre Leitura e Escrita. b) Registre os comentários dos alunos que diferem desta suposta regularidade de opiniões sobre os que eles compreendem por Leitura e Escrita. A atividade 5 nos possibilitou o uso do método quatitativo para sistematização de dados de uma pesquisa de campo, com a apresentação dos resultados em quadros; porém, os dados de nossa pesquisa são de natureza qualitativa neste sentido serão interpretados a partir dos significados que a leitura e a escrita tem para os sujeitos (os alunos) desta pesquisa. Desse modo, as respostas descritas na alternativa b vem configurar a problemática que investigamos e nos dar as respostas 86 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa que substanciam os resultados tabulados e apresentados nos quadros 1 e 2. As Pesquisas Quantitativas nos permitem uma analogia comparativa pelas regularidades, no entanto as regularidades se configuram numa singularidade de representações que elaboramos socialmente sobre a Leitura e a Escrita e possuem um sentido e significado para os grupos sociais onde se estruturam, sendo assim temos na atividade 5 uma Pesquisa Quali-Quantitativa. Reflita!!! Na elaboração desse exercício você definiu o que queria estudar e o que pretendia descobrir, quem seriam os sujeitos de sua pesquisa e como metodologicamente ela seria feita; além de, completar e analisar os dados obtidos na pesquisa, fundamentando-se numa perspectiva crítica sobre a educação e a prática da leitura e escrita na educação básica. Parabéns!!! Você iniciou-se na pesquisa científica. Concluindo a aula! Convidamos ao final desta aula, o aluno-pesquisador a tornar-se um professor-pesquisador em sua sala de aula, seja no ensino fundamental ou no ensino médio, pois a educação precisa acontecer pela pesquisa. Conforme Demo (2004, p. 77) “[...] é totalmente impróprio aceitar, como se faz entre nós, que a pesquisa começa com a pós-graduação, quando, na verdade, começa no pré-escolar, já que reconstruir conhecimento não é uma tarefa especial para curso especial, mas função da vida.” Nesse caso, o professor se torna em sala de aula um mediador do processo de reconstrução do(s) saber(es) e da(s) ciência(s). Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 87 Orientação de Leitura Orientamos como leituras complementares as discussões apresentadas nesta unidade: BARROS, A. J. da S.; LRHFELD, N. A. de S. Fundamentos de Metodologia Científica: um guia para iniciação científica 2. ed. ampl. São Paulo: MAKRON Books, 2000. Os autores apresentam no capítulo 6 – A Pesquisa Científica e a Iniciação Científica, uma discussão teórica sobre a Pesquisa Científica na Universidade abordando as questões éticas e a legitimidade do saber produzido institucionalmente; além da classificação dos tipos de pesquisa, dos métodos e do planejamento da pesquisa. HAGUETTE, Teresa Maria Frota. Metodologias Qualitativas na Sociologia. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2000. A autora na segunda parte da obra, intitulada Metodologias Qualitativas, aborda os métodos e técnicas de pesquisa que são utilizados nos estudos de campo que buscam as singularidades e particularidades que configuram os objetos das Ciências Sociais e Humanas. Revisando as discussões Nesta unidade, foi trabalhada a pesquisa e a iniciação científica como uma prática de formação do aluno universitário. A pesquisa científica torna-se um modo de conhecer que se utiliza de métodos, técnicas e instrumentos de coleta de dados no seu planejamento e execução. Ela é uma atividade desenvolvida por pesquisadores que buscam apreender o real por meio de um exercício reflexivo e crítico. A iniciação científica dá-se por meio de estímulos à problematização do cotidiano. O “estranhamento” do familiar é um dos exercícios fundamentais para a iniciação científica, particularmente dos fenômenos sociais que aparecem como fenômenos naturais, como ocorre com as questões do Analfabetismo de Jovens e Adultos na região nordeste. dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! 88 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Autoavaliação Comente o fragmento a seguir, refletindo após as discussões desta unidade sobre a pesquisa e a iniciação científica. [...] O objetivo dos principiantes deve ser a aprendizagem quanto à forma de percorrer as fases da pesquisa científica e à operacionalização de técnicas de investigação. À medida que o pesquisador amplia o seu amadurecimento na utilização de procedimentos científicos, torna-se mais hábil e capaz de realizar pesquisas científicas. Isto significa que a persistência é necessária e que o lema é aprender-fazendo. Não existem receitas mágicas para a realização de pesquisas [...]. (BARROS; LEHFELD, 2000, p. 68) Referências ALVES, R. Entre a ciência e a sapiência: o dilema da educação. 4. ed. São Paulo: Loyola, 2000. ______. Estórias de quem gosta de ensinar. 17. ed. São Paulo: Cortez, 1994. BARROS, A. J. da S.; LRHFELD, N. A. de S. Fundamentos de Metodologia Científica: um guia para iniciação científica. 2. ed. ampl. São Paulo: MAKRON Books, 2000. DEMO, P. Educar pela pesquisa. Campinas: Autores Associados, 1996. ______. Professor do futuro e reconstrução do conhecimento. Petrópolis, Rj: Vozes, 2004. HAGUETTE, Teresa Maria Frota. Metodologias Qualitativas na Sociologia. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2000. RUDIO, F. V. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 32. ed. Petrópolis: Vozes, 2004. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 89 90 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa V UNIDADE Normalização técnica para redação científica: citações, notas e referências Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 91 Apresentação No processo de escrita dos trabalhos científicos necessitamos conhecer as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que procuram padronizar o formato da escrita e do registro das fontes consultadas. Nesse sentido, esta unidade foi elaborada objetivando facilitar a consulta do aluno em um material que sistematizasse as normas de elaboração e regulamentação de trabalhos técnicos e científicos, garantindo assim uma melhor qualidade na redação dos trabalhos acadêmicos que ele irá elaborar ao longo de sua Licenciatura em Letras. As recomendações que iremos fazer de padronização e de apresentação de documentos foram simplificadas, para que o (a) aluno(a) consiga empregar na redação de seus trabalhos o uso de citações, notas de rodapé e referências em conformidade com as normas técnicas. Desse modo: • Acompanhe os passos que foram seguidos na aplicação das normas10520/2002 e 6023/2002 da ABNT no decorrer desta unidade e aplique às atividades sugeridas nas disciplinas que você está cursando e na elaboração das atividades de pesquisa de nossas próximas aulas. Esta unidade se dispõe a instrumentá-lo com a normalização técnica. 92 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Objetivos Pretendemos, ao final desta aula, que você seja capaz de: 1. Compreender a necessidade de escrever seus trabalhos científicos, de acordo com as normas e padrões de documentação estabelecidos pela ABNT, utilizando esta unidade como fonte de consulta. 2. Identificar e distinguir as diversas técnicas de documentação para elaboração de trabalhos científicos, documentando corretamente as ideias contidas em uma obra por meio de: transcrições exatas (citação direta); citações livres ou indiretas ou citação de citação, conforme a NBR 10520/02 3. Saber diferenciar as notas explicativas das notas de referência. 4. Utilizar corretamente, nas notas de referência, as expressões latinas idem, ibdem, opus citatum, passim, loco citato, confira, sequentia e apud. 5. Identificar elementos essenciais e complementares em documentos utilizados durante a elaboração de trabalhos científicos, segundo as normas da ABNT. 6. Elaborar com maior facilidade referências de documentos frequentemente utilizados de acordo com a NBR 6023/02. 7. Compreender que ao fazer alusão às publicações mencionadas, você garante a veracidade das informações e protege os direitos autorais de cada autor citado. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 93 Pense nisto!!! As citações têm o objetivo de esclarecer ou complementar as ideias do autor. Ao escrever as ideias ou frases de um autor, você deve fazer com precisão e clareza, tendo a preocupação de mencionar a fonte de onde as citações foram extraídas, pois elas enriquecem e qualificam o trabalho científico. “É fundamental a fidelidade na escrita científica [...] e em qualquer escrita. Se alguém é ético na escrita, tem tudo para ser ético na fala e vice-versa” (AQUINO, 2007, p. 25). Portanto, você não deve ter receio de citar o autor ou autores de onde as informações foram obtidas. Em agosto de 2002, a ABNT realizou a última revisão da NBR 10520, norma que aponta as regras gerais a serem seguidas para elaborar citações em documentos. Localização das citações As citações podem ser localizadas: • no texto ou em notas de rodapé. Segundo a Norma Brasileira NBR 10520, citação pode ser definida como “menção de uma informação extraída de outra fonte” e podem ser: direta, indireta ou citação de citação (ABNT, 2002, p.1). Citação direta: é feita de forma textual, ipsis litteris, ou seja, uma transcrição tal qual a escrita no documento original. Este tipo de citação deve ser escrito entre aspas duplas no corpo textual. Citação indireta: o texto escrito é “baseado na obra do autor consultado” (ABNT, 2002, p. 2) sem fugir das suas idéias, mas com o seu toque interpretativo. Também chamada de citação livre, o redator interpreta as idéias do autor e escreve o texto com suas próprias palavras, não esquecendo de citar a fonte. Não deve ser escrita entre aspas e a indicação da página não é obrigatória; aliás é importante que não seja feita para evitar confusão com a citação direta. Citação de citação: é quando se faz uma citação direta ou indireta de um documento ao qual não se teve acesso. Neste tipo de citação utiliza-se a expressão “apud” (citado por). Em várias situações encontramos citações na fontes lidas e queremos usá-las nos nossos trabalhos, então este recurso possibilita citarmos autores que não lemos em parte ou no todo, mas que encontramos fragmentos em outras leituras que podem dar conta do estudo que estamos fazendo. 94 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Sistemas de chamada Os sistemas de chamada podem ser numérico ou autor-data e são utilizados para indicar no texto a fonte de onde foram retiradas as citações e esclarecer possíveis dúvidas acerca da fonte de pesquisa. Numérico: a indicação da fonte é feita por uma numeração única e consecutiva, em algarismos arábicos. Pode ser feita entre parênteses, alinhada ao texto, ou situada pouco acima da linha do texto após a pontuação que fecha a citação. Exemplos: No texto Diz Guimarães: “O futuro é o habeas-corpus do presente.” (15) Diz Guimarães: “O futuro é o habeas-corpus do presente.”15 No rodapé da página ______________ (filete de 5cm) GUIMARÃES, M. Saudades do futuro, Cordel letras, [Campina Grande], ano 1, n. 5, p. 14, set. 2007. 15 Autor-data: a indicação da fonte é feita pelo sobrenome do autor ou pela instituição responsável ou, ainda, pelo título de entrada, seguido da data de publicação do documento e da página, nas citações diretas, separados por vírgula, entre parênteses Exemplo: No texto ...(FREIRE, 2000, p. 20) ou Segundo Freire (2000, p. 20)... Regras a serem seguidas nas citações no sistema autor-data A NBR 10520/2002 da ABNT apresenta regras que devem ser seguidas, quando é elaborada uma citação: a) Explicitar, o autor ou nome da instituição responsável ou título (quando o documento não tiver autor); a data do documento (ano de publicação) e o número da página (obrigatório para citações diretas). Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 95 Exemplos: No texto “Nas décadas de 60 e 70 no Brasil, o tema cidadania não exercia o mesmo apelo que hoje. Ouvíamos então falar de mudança social, ou do modelo revolucionário russo ou do chinês. Naquela época cidadania tinha uma conotação pejorativa [...].” (COVRE, 1999, p. 7). (citação direta) As mudanças nas concepções de cidadania e o seu debate em várias esferas da vida social foram provocadas, em parte, pela experiência da redemocratização no Brasil a partir da década de 80 e isto se torna significativo para os estudos sobre a participação política da juventude neste período. (COVRE, 1999). (citação indireta) Na lista de referências COVRE, M. de L. M. O que é cidadania. 3. ed. São Paulo: Brasiliense,1999. Coleção Primeiros Passos. b) Se a chamada estiver incluída na sentença, o nome do autor ou da instituição deve ser escrito com a primeira letra maiúscula, indicando-se, entre parênteses, apenas a data e o número das páginas. Exemplo No texto: Para Dias, Borja e Moraes (2003, p. 253) “no Brasil, as populações de baixa renda [...] têm ocupado espontaneamente espaços informais com problemas de salubridade ambiental”. (citação direta) c) Quando a chamada estiver dentro dos parênteses deve ser escrita em letras maiúsculas. Exemplo: No texto “No Brasil, as populações de baixa renda [...] têm ocupado espontaneamente espaços informais com problemas de salubridade ambiental” (DIAS; BORJA; MORAES, 2003, p. 253). (citação direta) Na lista de referências DIAS, M. C.; BORJA, P. C.; MORAES, L. R. S. Análise ambiental da bacia hidrográfica do Ribeirão Piriripau – Distrito Federal. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 22., 2003, Joinville. Anais... Joinville: ABES, 2003, p. 252-253. 96 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa d) Quando houver coincidência de autores com o mesmo sobrenome e datas, acrescentam-se as iniciais de seus prenomes. Se persistir a coincidência, colocam-se os prenomes por extenso. Exemplos: ...(CASTRO, M., 2008) e ...(CASTRO, P., 2008) ...(CASTRO, Manoel, 2008) e ...(CASTRO, Paulo, 2008) e) A citação de diversos documentos de um mesmo autor, publicados no mesmo ano é distinguida pelo acréscimo de letras minúsculas após a data e sem espacejamento. Exemplos: De acordo com Freire (2000a)... ... (FREIRE, 2000b) ... (FREIRE, 2000c) f) Citação com apenas um autor de uma mesma obra • O autor como parte da sentença: Exemplo no texto Segundo Maar (1993, p. 7) “A política é uma referência permanente em todas as dimensões do nosso cotidiano na medida em que este se desenvolve como vida em sociedade. Embora o termo ‘política’ seja muitas vezes utilizado de um modo bastante vago, é possível precisar seu significado a partir das experiências históricas em que aparece envolvido.” • O autor não faz parte da sentença: Exemplo: No texto O multiculturalismo enquanto debate emerge em meio às transformações marcadas pela fluidez de fronteiras econômicas, culturais e sociais, onde a idéia de tempo e espaço é (re)configurada numa teia de subjetividades em meio a divulgação crescente dos recursos tecnológicos que são incorporados ao nosso dia-a-dia, construindo novos cenários para as práticas pedagógicas. (CANDAU, 2002). Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 97 Na lista de referências MAAR, W. L. O que é Política. 15.ed. São Paulo: Brasiliense,1993. Coleção Primeiros Passos. CANDAU, V. M.(Org.) Nas teias da globalização: cultura e educação. In:_____. Sociedade, Educação e Cultura(s). Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. p. 13-29. Capítulo 1. g) Citação com até três autores de uma mesma obra • Os autores como parte da sentença: entre o primeiro e segundo autor a separação ocorre por vírgula (,) e entre o segundo e terceiro autor devem ser separados por “e”. O símbolo (&) não deve ser usado em citações, pois representa sociedade comercial. Exemplo: No texto Para MARCONDES, MENEZES e TOSHITSU (2000, p. 20) “O uso de outras linguagens em sala de aula é fundamental para o desenvolvimento de uma leitura contextual de mundo”. • Os autores não fazem parte da sentença: os autores devem ser citados por sobrenome em letras maiúsculas ou de caixa alta, separados entre si por ponto-e-vírgula (;), seguidos do ano e da página (nas citações diretas). Exemplo: No texto “O uso de outras linguagens em sala de aula é fundamental para o desenvolvimento de uma leitura contextual de mundo.” (MARCONDES; MENEZES; TOSHITSU, 2000, p. 20). Na lista de referências MARCONDES, B., MENEZES,G. e TOSHITSU, T. Como usar outras linguagens na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2000. h) Citação com mais de três autores de uma mesma obra Cita-se o sobrenome do primeiro autor seguido da expressão “et al.”, que significa “e outros” ano e página (nas citações diretas). A expressão “et al.” não deve ser escrita em itálico. • Os autores como parte da sentença: 98 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Exemplo: No texto Para TEBEROSKY et al. (2003) os estudos que se dispõem a compreender a leitura e seus procedimentos, consideram a língua um procedimento importante a ser investigado no processo de aquisição da leitura. • Os autores não fazem parte da sentença: Exemplo: No texto Os estudos que se dispõem a compreender a leitura e seus procedimentos, consideram a língua um procedimento importante a ser investigado no processo de aquisição da leitura (TEBEROSKY et al., 2003). Na lista de referências TEBEROSKY, A. et al. Compreensão de leitura: a língua como procedimento. Trad. Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed, 2003. Trabalhando as citações diretas Citações diretas de até três linhas: devem ser escritas entre aspas duplas e dentro do texto, com a mesma fonte textual (fonte 12), sendo obrigatória a indicação da página. Exemplo: No texto “Gosto de estórias porque elas dizem com poucas palavras aquilo que as análises dizem de forma complicada.” (ALVES, 1994, p. 11). Na lista de referências ALVES, R. Estórias de quem gosta de ensinar. 17. ed. São Paulo: Cortez, 1994. Citações diretas longas, com mais de três linhas: abre-se um parágrafo Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 99 recuado 4 cm da margem esquerda, sem aspas, com uma letra em tamanho inferior a do texto (fonte 10 ou 11) e espacejamento simples entre as linhas e sem aspas. Exemplo No texto: Os autores dos Estudos Culturais, uma escola de pensamento transdisciplinar nascida na Inglaterra, nos anos setenta, costumam dar como marco fundador da reflexão contemporânea sobre identidades o choque cultural produzido pela afirmação e consolidação, nos países hegemônicos, de intelectuais oriundos dos países colonizados. [...]. Podemos dizer que estes autores invadiram a praia dos países centrais e instalaram a problemática da identidade de maneira performática. E é significativo que a busca de um perfil próprio como pesquisadores esteja conectada à própria busca, naqueles países, de políticas públicas de inserção dos imigrantes e seus descendentes, em termos de trabalho, educação, cultura e saúde. Como o número de imigrantes africanos e asiáticos cresceu consideravelmente dos anos cinqüenta aos noventa, estampou-se, na cena cotidiana de cidades como Londres, Berlim e Bruxelas a presença do outro. (MOURA, 2005, p.77-8) Na lista de referências MOURA, Milton. Identidades. In: RUBIM, Antonio Albino Canelas. (Org.). Cultura e Atualidade. Salvador: EDUFBA, 2005, p. 77-8. Quando no texto original alguma palavra ou frase, já tiver entre aspas, você ao fazer a citação direta deve colocá-la entre aspas simples. Exemplo: No texto original Kruppa (1994, p. 27) escreveu: Um ditado popular afirma; “saber é poder”. Que explicação podemos dar a esse ditado? A qual tipo de saber se refere: àquele obtido pela educação escolar ou àquele que se obtém fora da escola? A citação direta dentro do texto deve ser escrita: “Um ditado popular afirma; ‘saber é poder’. Que explicação podemos dar a esse ditado? A qual tipo de saber se refere: àquele obtido pela educação escolar ou àquele que se obtém fora da escola? (KRUPPA,1994, p. 27) 100 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Na lista de referências KRUPPA, Sônia M. Portella. A educação e a escola – as relações entre saber e poder. In: ______. Sociologia da Educação. São Paulo: Cortez, 1994, p. 27. Citação de Poema: esta citação, de acordo com Sá et al. (1994, p. 84), ‘deve aparecer em parágrafo separado ‘centrada na página’”. Isso pode ser identificado nos fragmentos da música “Paraíba”1 de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira: No texto Quando a lama virou pedra E Mandacaru secou Quando o Ribaçã de sede Bateu asa e voou Foi aí que eu vim me embora Carregando a minha dor Hoje eu mando um abraço Pra ti pequenina Paraíba masculina, Muié macho, sim sinhô [...] Supressões em citações diretas: as supressões de frases ou palavras nas citações diretas devem ser indicadas pelo uso de reticências entre colchetes. Exemplo: No texto “A seca [...] em diferentes graus de intensidade é conseqüência da falta de chuvas num determinado período do ano” (PICCIN et al., 2007, p. 1). Na lista de referências PICCIN, E. et al. A invenção da seca no Nordeste. Disponível em: <http:// w3.ufsm.br/mundogeo/geopolitica/arquivos/seca.pdf>. Acesso em: 15 out. 2007. Interpolações, acréscimos ou comentários em citações diretas: os acréscimos ou explicações que forem necessários para a compreensão dentro do texto, devem aparecer entre colchetes. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 101 PARAÍBA. Disponível em: <http://letras. terra.com.br/luiz-gonzaga/47095/>. Acesso em: 12 out. 2011. 1 Exemplo: No texto “Nos países em desenvolvimento as doenças de veiculação hídrica [transmitidas pela água] representam um dos problemas mais importantes da saúde pública [...]” (FERREIRA; SENNA JUNIOR; MESQUITA, 2003, p. 457). Na lista de referências FERREIRA, A. P.; SENNA JUNIOR, V. A.; MESQUITA, C. M. Impacto ambiental na Baía de Guanabara: qualidade microbiológica em rios da Leopoldina. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 22., 2003, Joinville. Anais... Joinville: ABES, 2003, p. 457. Ênfase ou destaque na citação direta: para dar ênfase a algo na citação direta (grifo, negrito ou itálico), usa-se a expressão grifo nosso, quando o destaque foi dado pelo redator e a expressão grifo do autor quando o destaque já fazia parte do texto original. Exemplo: No texto “As atividades humanas podem causar graves danos ambientais” (MENEZES, 2003, p.478, grifo nosso). Na lista de referências MENEZES, J. B. A responsabilidade administrativa pelos danos ambientais em águas doces superficiais. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 22, 2003, Joinville. Anais... Joinville: ABES, 2003, p. 478. Elaborando citações indiretas ou livres Esse tipo de citação é redigida pelo(s) autor(es) do trabalho a partir das ideias de outro(s) autor(es) e consiste na reprodução das ideias do documento original. Não deve haver transcrição literal do texto original. Quando o(s) autor(es) faz(em) parte da sentença, especifica-se no texto o(s) sobrenome do(s) autor(es) com apenas a primeira letra maiúscula seguido do ano entre parêntesis. Quando o(s) autor(es) não 102 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa faz(em) parte da sentença, menciona-se dentro do parêntesis o(s) sobrenome do(s) autor(es) em caixa alta ou com letras maiúsculas seguido do ano de publicação. Nesse tipo de citação a menção da página não é obrigatória. Exemplos: No texto • O(s) autor(es) faz(em) parte da sentença Refletindo sobre o problema da pesquisa Rudio (2004) afirma que toda pesquisa científica inicia-se com o estabelecimento de um problema, no intuito de buscar a solução para este problema. • O(s) autor(es) não faz(em) parte da sentença Toda pesquisa científica inicia-se com o estabelecimento de um problema, no intuito de buscar a solução para este problema (RUDIO, 2004). Na lista de referências RUDIO, F. V. O problema da pesquisa. In: ______. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 32. ed. Petrópolis: Vozes, 2004, p. 87. Citações indiretas de diversos documentos da mesma autoria, publicados em anos diferentes e mencionados simultaneamente O(s) autor(es) faz(em) parte da sentença: cita-se o sobrenome do autor, com as suas datas dentro do parêntesis separadas por vírgula. Exemplo: No texto Para Marconi e Lakatos (2001, 2007) a redação de trabalhos científicos deve ter um estilo claro, simples e objetivo. • O(s) autor(es) não faz(em) parte da sentença: citam-se os sobrenomes dos autores, com as suas datas respectivas dentro do parêntesis Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 103 Exemplo: No texto A redação de trabalhos científicos deve ter um estilo claro, simples e objetivo (MARCONI; LAKATOS, 2001, 2007). Na lista de referências MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Metodologia do trabalho científico. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2001. ______. Técnicas de pesquisa. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2007. Citações indiretas de diversos documentos de vários autores, mencionados simultaneamente: devem ser separadas por ponto-e-vírgula, em ordem alfabética. • Os autores fazem parte da sentença: Exemplo: No texto dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! De acordo com Santos (2001) e Gil (2002) a pesquisa é uma atividade racional e sistemática que busca a solução de problemas. • • Os autores não fazem parte da sentença: Exemplo: No texto A pesquisa é uma atividade racional e sistemática que busca a solução de problemas (SANTOS, 2001; GIL, 2002). Na lista de referências GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. SANTOS, I. E. Métodos e técnicas de pesquisa científica. 3. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2001. 104 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Reflita!!! “Há formas legais de fazer referência ao que outra pessoa descobriu, escreveu ou falou. Para se evitar ‘infrações’ na escrita, deve-se utilizar mecanismos legais de citações [...]” (AQUINO, 2007, p. 25, grifo do autor). Citação de Citação A citação de citação apesar de ser oferecida como uma opção a mais de uso, deve ser evitada, devendo ser usada apenas quando for impossível o acesso ao documento original. Apenas a fonte secundária que se teve acesso deve constar na lista de referências. Exemplos: No texto Segundo Nagel (1969, p. 19 apud CERVO; BERVIAN; DA SILVA, 2006, p. 29) “o método científico aproveita a observação, a descrição, a comparação, a análise e a síntese, além dos processos mentais da dedução e da indução [...]”. (citação de citação direta) A ciência é um organismo vivo, que pode desencadear dúvidas que só serão eliminadas através de um longo processo reflexivo (CARAÇA, 2002 apud VERGARA, 2005). (citação de citação indireta) Reflita!!! O bom pesquisador deve evitar o uso frequente de citação de citação, já que a obra original não foi consultada. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 105 Pense nisto!!! É comum o uso de notas de rodapé para indicar a fonte consultada, quando o redator está usando o sistema numérico de citações, nesse caso ela é denominada de nota de referência. A nota explicativa só deve ser usada quando estiver sendo usado o sistema de citações autor-data. Nesse caso, a nota explicativa é usada, no rodapé da página, para fazer comentários, explicações ou justificar uma informação, cuja inclusão no texto possa prejudicá-lo. Notas de Rodapé Para a NBR 10520/02 da ABNT, deve-se empregar o sistema autor-data para as citações no texto e o numérico para notas explicativas. As notas de rodapé podem ser conforme classificadas em notas de referência e notas explicativas e devem ser alinhadas, a partir da segunda linha da mesma nota, abaixo da primeira letra da primeira palavra, de forma a destacar o expoente e sem espaço entre elas e com fonte menor (ABNT, 2002). De acordo com Sá et al. (1994), deve ser evitado o uso excessivo de notas de rodapé. A NBR 14724/11 da ABNT, que entrou em vigor em novembro de 2011, estabelece que as notas de rodapé devem ser digitadas ou datilografadas dentro das margens, ficando separadas do texto por um espaço simples de entrelinhas e por filete de 5 cm, a partir da margem esquerda (ABNT, 2011). • Nota explicativa: são usadas para apresentação de comentários, elucidações ou explicações. A numeração das notas explicativas é feita em algarismos arábicos, devendo ter numeração única e consecutiva para cada capítulo ou parte. Não se inicia a numeração a cada página. Exemplo No texto: A socialização1 é o processo educativo que procura tornar o indivíduo um membro da sociedade. No rodapé da página ______________ (filete de 5cm) Processo resultante da aprendizagem humana em interação com outros seres e que irá marcar a formação dos indivíduos ao longo das várias fases e etapas da vida do homem em sociedade. 1 106 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa • Nota de referência: são usadas para indicar as fontes consultadas, desde que tenham sido citadas no texto. A numeração das notas de referência é feita por algarismos arábicos, devendo ter numeração única e consecutiva para cada capítulo ou parte. Não se inicia a numeração a cada página. A primeira citação de um documento, em nota de rodapé, deve ter sua referência completa. Exemplo No texto: A pesquisa-ação é um método de pesquisa científica que objetiva equacionar problemas através de ações definidas por pesquisadores e sujeito envolvidos na pesquisa.1 No rodapé da página ______________ (filete de 5cm) VERGARA, S. C. Pesquisa-ação. In: ______. Métodos de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 2005, p. 203. 1 O uso de expressões latinas nas notas de rodapé Quando houver, no texto, repetição de referências a documentos citados anteriormente, com mudança ou não do número da página, é recomendável, nas notas de referência, que as citações subseqüentes de uma mesma obra sejam referenciadas de forma abreviada, utilizando-se as expressões latinas idem, ibdem, opus citatum, passim, loco citato, confira e sequentia. Estas expressões só devem aparecer nas notas de rodapé. A expressão apud é a única que pode ser usada no texto e na nota de rodapé (ABNT, 2002). Idem ou Id. = mesmo autor: o trecho citado é de outro documento do mesmo autor, referenciado em nota imediatamente anterior, na mesma página. Exemplo: ______________ MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Metodologia do trabalho científico. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2001. 1 2 Id., 2007. Ibidem ou Ibid. = na mesma obra: a parte citada pertence ao mesmo documento referenciado em nota imediatamente anterior, na mesma página. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 107 Exemplo: ______________ ANDRADE, M. M. Técnicas para elaboração dos trabalhos de graduação. In: ______. Introdução à metodologia do trabalho científico. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2006, p. 26. 3 4 Ibid., p.27. Opus Citatum ou Op. Cit. = na obra citada: indica que a citação é retirada de um documento de autor já citado no texto, mas sem ser imediatamente anterior. Exemplo: ______________ GIL, A. C. Como delinear uma pesquisa bibliográfica?. In: ______. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002, p. 77. 5 RUIZ, J. A. Estudo pela leitura trabalhada. In: ______. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002, p. 34 – 45. 6 7 GIL, op. cit., p.78. Passim = aqui e ali, em diversas passagens. Exemplo: ______________ 8 SANTOS, 2005, passim. Loco citato ou loc. cit. = no lugar citado. Exemplo: ______________ 9 AQUINO, 2007, p.39. 10 AQUINO, loc. cit. Cf. = confira, confronte. Exemplo: ______________ 11 Cf. SA et al., 1994. Sequentia ou et. seq. = seguinte ou que se segue. 108 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Exemplo: ______________ 12 SANTOS, 2001, p. 19 et seq. Apud = citado por, conforme, segundo. Exemplo: ______________ 13 BIASOTTI, 1969 apud CERVO, BERVIAN, DA SILVA, 2006. Referências Em 29 de setembro de 2002 a ABNT publicou a última revisão da NBR2 6023. Esta norma estabelece os elementos a serem incluídos nas referências. Esta norma define referências como “conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados de um documento, que permite sua identificação individual” (ABNT, 2002, p. 02). Na lista de referências só devem constar os documentos citados no texto e que você dispôs para elaboração do seu trabalho. Se você achar necessário apresentar uma lista das obras consultas e não citadas no texto, deve fazê-la separadamente. De acordo com a NBR 10719:2011 da ABNT, não devem ser referenciadas as fontes que não foram citadas no texto (ABNT, 2011). Ao organizar a lista de referências você deve sempre consultar a NBR 6023 da ABNT e procurar informações sobre a última atualização, pois a consulta de livros e artigos não a substitui. Entre as regras básicas para elaborar as referências destacam-se: a) Inicialmente é importante que as referências sejam escritas de modo uniforme ou padronizado, sendo adotado um único destaque, seja através de grifo, negrito ou itálico para o elemento título. Esta regra não se aplica às obras sem indicação de autoria, ou de responsabilidade, cujo elemento de entrada é o próprio título. b) Optar entre o uso dos prenomes dos autores abreviados ou por extenso, pois garante a uniformidade estética. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 109 2 Norma Brasileira c) Não esquecer de anotar todas as informações de um documento ao consultá-lo. Nos documentos impressos, estas informações estão geralmente na folha de rosto. d) A lista de referência só será numerada ser for usado no texto o sistema numérico de citações. Caso contrário segue a adoção da ordenação alfabética crescente de sobrenome de autor ou título para todo o tipo de material citado. e) As referências devem ser alinhadas à esquerda. f) O espacejamento entre linhas numa mesma referência deve ser simples, e entre uma referência e outra, por espaço um e meio. Onde podem aparecer e quais os elementos das referências? As referências podem aparecer no rodapé, no fim de texto ou do capítulo, na lista de referências ou precedendo resumos, resenhas e recensões. Caso o redator tenha utilizado no seu texto as notas de referência no final das páginas, estas referências também deverão constar na lista final das referências. As referências podem ser indicadas por elementos essenciais e por elementos complementares. Caso a opção seja feita pelo uso dos elementos complementares, deverão ser usados em toda a lista de referências. Os elementos essenciais de uma referência referem-se às informações indispensáveis à identificação do documento. Os elementos complementares são as informações que, acrescentadas aos elementos essenciais, permitem melhor caracterizar os documentos. Em determinados tipos de documentos, particularmente na ausência de documentos essenciais, alguns elementos indicados como complementares podem tornar-se essenciais. Quando se opta por documentos complementares, eles devem constar em toda lista de referências. Vejamos os exemplos: 110 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Exemplo: referência com elementos essenciais: Exemplo: referência com elementos complementares: Nota: A descrição física (número de páginas) só é complementar quando o documento for considerado como todo. Caso contrário, ela passa a ser essencial. Como transcrever os elementos das referências Após algumas considerações elementos essenciais e complementares dos documentos consultados, serão apresentados especificidades sobre a transcrição dos elementos: autor, título, edição, local de publicação, editor(a), ano de publicação e descrição física. Autoria: responsável pela criação do conteúdo intelectual ou artístico de um documento. O(s) autor(es) pode(m) ser: Autor pessoal: a entrada é feita pelo último sobrenome, em letras maiúsculas, seguido pelo(s) prenome(s), que pode(m) ser abreviado(s) ou não. Usa-se vírgula entre o sobrenome(s) e o(s) prenome(s). Exemplo: GALLIANO, A. G. O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 1986. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 111 Até 3 autores: os documentos elaborados por até 3 autores, referenciam-se todos, separados com ponto e vírgula (;). Exemplo: CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; DA SILVA, R. Fases da elaboração da pesquisa. In: ______. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson Pretice Hall, 2007, p. 83-89. Mais de 3 autores3: as obras com mais de 3 autores, indica-se apenas o primeiro, acrescentando a expressão latina et al (não colocar nenhum destaque para a expressão). Quando for indispensável, a menção de todos os nomes para certificar a autoria, é facultado indicar todos os autores. 3 Exemplo: BABETTE, Harper. et al. Cuidado Escola! Desigualdade, domesticação e algumas saídas. 23.ed. São Paulo: Brasiliense, 2000. Responsável intelectual: indica-se a entrada pelo nome do responsável do conjunto da obra (organizador, compilador, editor, coordenador, etc.), seguida da abreviatura entre parênteses no singular. Exemplo: COSCARELLI, Carla V. (Org.). Novas tecnologias, novos textos, novas formas de pensar. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. Autor entidade: os documentos de responsabilidade de entidade têm entrada, de modo geral, pelo seu próprio nome, por extenso. Exemplo: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: Informação e documentação: citações em documentos: apresentação. Rio de Janeiro, 2002. Autoria desconhecida: quando não aparecer no documento a autoria, entra-se pelo título, com a primeira palavra em maiúscula (CAIXA ALTA). Exemplo: INTRODUÇÃO à metodologia científica. Disponível em: <http://www. assis.unesp.br/~egalhard/metcien.htm>. Acesso em: 01 nov. 2011. 112 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Título e sub-título: devem ser reproduzidos tal como aparecem no documento, separados entre si, por dois pontos. A primeira letra deve ser escrita em maiúscula, as demais em minúsculas, com exceção dos nomes próprios ou científicos. Não colocar os sub-títulos em destaque. Exemplo: RUIZ, J. A. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002. Edição: quando mencionada na obra, deve ser transcrita, utilizando-se abreviaturas dos numerais ordinais e da palavra edição (abreviada), ambas na forma adotada na língua do documento. Exemplo: SANTOS, I. E. Textos selecionados de métodos e técnicas de pesquisa científica. 3. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2001. Local de publicação: nome da cidade da publicação e deve figurar como aparece no documento, seguido de dois pontos. No caso de homônimos de cidades, acrescenta-se o nome do estado, do país etc. Quando houver mais de um local para uma só editora, indica-se o primeiro ou o mais destacado. Quando o nome da cidade não constar no documento: Quando a cidade não aparecer, mas pode ser identificado, indica-se entre colchetes. Exemplo fictício: GERALDI, João Wanderley. (Org.). O texto na sala de aula. [São Paulo]: Ática, 1997. Quando a cidade não aparecer, e não pode ser localizada, utiliza-se a expressão sine loco, de forma abreviada entre colchetes [S.l.], quando não localizar o local de publicação. Exemplo fictício: SOUSA, R. M. Os ecossistemas aquáticos. 2. ed. [S.l.]: Ideal, 2006. Editora4: indica-se o nome da editora tal como aparece na publicaMetodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 113 ção referenciada, seguida de vírgula, suprimindo-se palavras que designam a natureza comercial, desde que dispensáveis à sua identificação. Quando houver mais de uma editora, indica-se a mais destacada ou a que aparecer em primeiro lugar. Não se indica o nome do editor quando é também o autor. 4 Quando a editora não aparecer: utiliza-se a expressão sine nomine, abreviada, entre colchetes [s.n.]. Exemplo fictício: SILVA, G. O semi-árido paraibano. João Pessoa: [s.n.], 2001. Data: indica-se o ano de publicação em algarismos arábicos, seguida de ponto final; se não houver nenhuma data na publicação, registre uma data aproximada entre colchetes, conforme os exemplos: [2001ou 2002] um ano ou outro [2006?] data provável [2006] data certa, não indicada no item [entre 2000 e 2005] use intervalos menores de 20 anos [ca. 2000] data aproximada [199-] década certa [199-?] década provável [19--] século certo [19--?] século provável Descrição física: indica-se o número da última página ou folha, seguido da abreviatura “p” ou “f”6, respeitando-se a forma utilizada (algarismo romano e arábico), quando se utilizou a obra toda. Exemplos: Indica-se “f” para documentos impressos apenas no anverso, exemplo: teses e dissertações. 6 RAMOS, J. M. O espaço da oralidade na sala de aula. São Paulo: Martins Fontes, 1999. 97 p. BONETTI, L. M. Proposta Curricular de Santa Catarina: Língua Portuguesa _ Estudo de Caso. 2003. 175 f. Dissertação (Mestrado) – Departamento de Letras, Universidade do Sul de Santa Catarina, Tubarão. Publicação em 1 volume: quando a obra possuir apenas um volume, indica-se o número total de páginas ou folhas seguido da abreviatura “p” ou “f”. 114 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Exemplo: 330 p. ou 20 f. Publicação em de mais de um volume: quando a obra possuir mais de um volume, indica-se a quantidade de volumes, seguida da abreviatura “v”. Exemplo: 3 v. Apresentando Modelos de Referências A partir deste momento serão apresentados os principais formatos e modelos das referências para os diferentes tipos de material utilizado durante a redação de um documento. Livros e Relatórios impressos considerados no todo Modelo: AUTOR. Título do documento: subtítulo. Edição na língua do texto. Cidade de publicação: Editora, ano. Exemplo: MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2001. Livros impressos considerados em parte (capítulo, páginas) Quando o autor do capítulo ou das páginas usadas é diferente do autor da obra Modelo: AUTOR do capítulo. Título do capítulo. In: AUTOR do livro. Título do livro. Edição. Local de publicação: Editora, Data de publicação. Capítulo, página inicial e final da parte. Exemplo: RIBEIRO, A. E. Ler na tela: letramento e novos suportes de leitura e escrita. In: COSCARELLI. C. V. e RIBEIRO. A. E.(Orgs.). Letramento digital: Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 115 aspectos sociais e possibilidades pedagógicas. 2. ed. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2007, p.125-150. Quando o autor do capítulo ou das páginas usadas é também o autor da obra Modelo: AUTOR do capítulo. Título do capítulo. In: ______. Título do livro. Edição. Local de publicação: Editora, Data de publicação. Capítulo, página inicial e final da parte. Exemplo: AQUINO, I. S. Ética na escrita. In: ______. Como escrever artigos científicos: sem arrodeio e sem medo da ABNT. 2. ed. Rev. Atual. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2007, p. 25-28. Dissertações, teses e monografias impressas utilizadas no todo Modelo: AUTOR. Título: subtítulo. data de depósito. Número de volumes ou folhas. Monografia (Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em...) (ou) Monografia (Especialização em...) (ou) Dissertação (Mestrado em...) (ou) Tese (Doutorado em...) - Faculdade de... (ou) Instituto de..., Universidade, Cidade da defesa, ano da defesa. (quando for diferente da data de depósito - se for igual, não repetir) Exemplo: WADT, Maria Paula Salvador. Complexidade e auto-eco-organização: implicações para o professor on-line. 2009. 282f. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem) - PUC, São Paulo. 116 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Outros Modelos de Referências Periódicos impressos (revistas, jornais) considerados no todo Pense nisto!!! A NBR 6023/02 é muito extensa e, em algumas ocasiões, de elaboração com detalhes minuciosos. Entretanto não deixa dúvidas de como elaborar a referência de qualquer material usado nas pesquisas. Revistas Modelo: TÍTULO DA PUBLICACÃO, Local (cidade): Editor (a), ano de início e de encerramento da publicação (se houver). Periodicidade. Exemplo: ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL. Rio de Janeiro: ABES, 1996-. Trimestral. ISSN 1413-4152. Fascículos e Suplementos Modelo: TÍTULO DA COLEÇÃO. Título do fascículo. Local: Editora, volume, número e data. número de páginas. Tipo de fascículo. CONJUNTURA ECONÔMICA. As 500 maiores empresas do Brasil. Rio de Janeiro: FGV, v. 38, n. 9, set. 1984. 135 p. Edição Especial. Periódicos impressos (revistas, jornais) considerados em parte Artigos em Periódicos Modelo: AUTOR do artigo. Título do artigo. Título do periódico, (abreviado ou não), cidade de publicação, v. (volume), n. (número do fascículo), p. (página inicial e final, separados entre si por hífen), mês abreviado (se houver). Ano. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 117 Exemplo: OLIVEIRA, L. A. “Mate um nordestino afogado”: análise crítica de um artigo da revista época. Linguagem em (Dis)curso, Santa Catarina, v.11, n.2, p. 361-376, ago. 2011. Artigos em Jornais Modelo: AUTOR do artigo. Título do artigo. Título do jornal, cidade de publicação, dia, mês abreviado. Ano. Número ou Título do Caderno, Seção ou Suplemento, p. seguido dos números da página inicial e final, separados entre si por hífen. Exemplo: VEIGA, G. Vamos virar moscas. Jornal da Paraíba, Campina Grande, 08 dez. 2007. Política, p. 4. Referências de materiais não tradicionais Documentos Cartográficos: mapas e cartas topográficas Modelo: AUTOR. Título do documento cartográfico: subtítulo. Cidade de publicação: Editora, ano. Número de unidades físicas: indicação de cor, altura x largura em cm x cm. Escala 1: (Série ou Coleção). Notas. Exemplos: Mapa OLIVEIRA, J. B. et al. Mapa pedológico do Estado de São Paulo. Campinas: Instituto Agronômico, 1999. 4 mapas, color., 68 cm x 98 cm. Escala 1:500.000. Acompanha uma legenda expandida. Atlas PAUWELS, P. G. J. Atlas geográfico melhoramentos. 33. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1973. 99 p. 118 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa ATLAS nacional do Brasil. 3. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2000. Imagem de Satélite LANDSAT TM 5. São José dos Campos: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 1987-1988. Imagem de satélite. Canais 3,4 e composição colorida 3, 4 e 5. Escala 1:100.000. Documentos Iconográficos: fotografia, pintura e slide Modelo: AUTOR. Título do documento iconográfico: subtítulo (quando não existir, deve-se atribuir uma denominação ou a indicação Sem título, entre colchetes), data e especificação do suporte. Exemplos: Fotografia LEMOS, M. P. Por do Sol. 2007. 1 fotografia. 16 cm x 56 cm. CASTRO, N. Compras de Natal: frota de veículos no centro de Campina cresce 30% no mês de dezembro. Jornal da Paraíba, Campina Grande, 08 dez. 2007, p.A1. 1 fot. color. Pintura BIANCO, E. Colheita de algodão. 1994. 1 original de arte, óleo sobre eucatex, 30 cm x 45 cm. Slide SILVA, I. B. O Discurso Político. Campina Grade: Universidade Estadual da Paraíba, 2011. 20 slides: color. Slides gerados a partir do software PowerPoint. Referência Legislativa: Constituição, Leis e Decretos Modelo: Local de jurisdição. Título. Cidade de publicação: Editora, Data. Descrição física. (Série ou Coleção). Notas. OBS: No caso de Constituições e suas emendas, entre o nome da jurisdição e o título, acrescenta-se a palavra Constituição, seguida do ano de promulgação, entre parênteses. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 119 Exemplos: Constituição BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 1999. 360p. Leis e Decretos (publicação em periódico) BRASIL. Decreto-lei n.º 5.452, de 1 de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis do trabalho. Lex: Coletânea de Legislação: edição federal, São Paulo, v. 7, 1943. Suplemento. Entrevistas Modelo de entrevista em documento sonoro NOME DO ENTREVISTADO. Título da entrevista: subtítulo. [mês abreviado. Ano da entrevista]. Entrevistadores: ..... e ...... (Em ordem direta dos nomes) Local da publicação: Editora/Produtora/Gravadora, data da publicação. Descrição física do suporte. (Série ou Coleção). Notas. Exemplo: SANTOS, L. B. Meio ambiente e saúde. [jan. 2007]. Entrevistador: Mauro Andrada. São Paulo: TV Científica, 2007. 1 Fita de vídeo (40 min), VHS, son., duração 1:20 min. Programa Ecologia dos Ecossistemas. Eventos: Congressos, Encontros e Conferências Eventos (considerados no todo) Modelo: NOME DO EVENTO, n.(número do evento em algarismo arábico), ano, Cidade onde se realizou o evento. Título da publicação do evento... Cidade de publicação: Editora, data de publicação. Descrição física. Notas. Exemplo: CONGRESSO BRASILEIRO DE LÍNGUA PORTUGUESA, 13., 2010, São Paulo. Anais Eletrônicos... São Paulo: ABLP, 2010. PUC/SP. Trabalhos publicados em eventos científicos 120 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Modelo: AUTOR. Título de trabalho. In: NOME DO EVENTO, n. (número do evento em algarismo arábico), ano, Cidade onde se realizou o evento. Título da publicação do evento... Cidade de publicação: Editora, ano de publicação. Descrição física. Notas. Exemplo: MARTINS, M. S. C. Letramento e educação escolar indígena na Aldeia Umutina(MT). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE LÍNGUA PORTUGUESA, 13., 2010, São Paulo. Anais Eletrônicos... São Paulo: ABLP, 2010. PUC/SP. Trabalho disponível em:< http://www.eppucsp.org.br/index. html>. Acesso em: 10 dez. 2011. Na era dos documentos eletrônicos... Livro ou Relatório (eletrônicos) considerado no todo Modelo: AUTOR. Título do livro. Edição. Local: Editora, data de publicação. < endereço eletrônico >. Data de acesso. Exemplo: GUIMARÃES, J. O pintinho amarelinho e os pintinhos nadadores. Pará de Minas: Virtual Books Online M&M Editores Ltda., 2006. Disponível em: < http://virtualbooks.terra.com.br/>. Acesso em: 09 dez. 2011. Artigo de Periódico (eletrônico): Revista, Jornal... Modelo de artigo de revista (eletrônico): AUTOR do artigo. Título do artigo. Título do periódico, (abreviado ou não), cidade de publicação, v. seguido do número do volume, n. seguido do número do fascículo, p. seguido dos números da página inicial e final, separados entre si por hífen, mês abreviado (se houver). Ano. Número de CD-ROM (ou) Número de disquete (ou) Disponível em: <endereço eletrônico>. Acesso em: dia mês abreviado. Ano. OBS: Quando o documento não apresentar autoria, deve-se entrar pelo título. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 121 Exemplo: SILVA, A. et. al. Variability of water balance components in a coffee crop in Brazil. Scientia Agricola, Piracicaba, v.63, n. 2, mar./abr. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0103-90162006000200001&lng=es&nrm=iso>. Acesso em: 10 dez. 2011. Modelo de artigo de jornal (eletrônico): AUTOR do artigo. Título do artigo. Título do jornal, cidade de publicação, dia, mês abreviado. Ano. Número ou Título do Caderno, Seção ou Suplemento, p. seguido dos números da página inicial e final, separados entre si por hífen. Número de CD-ROM (ou) Número de disquete (ou) Disponível em: <endereço eletrônico>. Acesso em: dia mês abreviado. Ano. Exemplo: LOPES, J. Paciente das Paixões, carências e sonhos das Moreninhas aos 25 anos. Jornal Eletrônico de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 8 dez. 2007. Disponível em:< http://www.midiamax.com/view.php?mat_ id=306902>. Acesso em: 9 dez. 2011. 122 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Leitura Recomendadas Sugerimos como leitura complementar das NBRs 10520/02 e 6023/02 da ABNT, que especifica as características exigíveis para apresentação de citações e referências em documentos. Estas normas são de fácil acesso e podem ser pesquisadas nas Bibliotecas de qualquer Universidade. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: Informação e documentação: citações em documentos: apresentação. Rio de Janeiro, 2002. ______. NBR 6023: Informação e documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002. Revisando as discussões Nesta unidade, apresentamos inicialmente as condições exigidas para a apresentação de citações em documentos técnico-científicos e acadêmicos de acordo com as normas da NBR 10520/2002 da ABNT. Vimos que as citações consistem em informações retiradas de fontes consultadas na elaboração destes trabalhos, portanto, devem ser elaboradas eticamente. Aprendemos que as citações devem ser indicadas no texto por um sistema numérico, em notas de rodapé, ou autor-data no corpo do trabalho. Entretanto, ao redigirmos um trabalho, devemos optar pelo uso de um sistema ou outro. Apresentamos as regras básicas de como elaborar os vários tipos de citações, diferenciando-as em citações diretas, indiretas e citação de citação. Estudamos também a normalização de trabalhos científicos, particularmente o uso de notas de rodapé, que podem ser de natureza explicativa ou para referenciar as fontes citadas. Aprendemos que quando for necessário fazer citações repetidas, no sistema numérico e em notas de rodapé, são usadas algumas expressões latinas tais como: idem, ibdem, opus citatum, passim, loco citato, confira, sequentia e apud. Como continuidade desta aula foi abordada a temática _ Referências e vimos como podemos e referenciar os documentos impressos coletados nos mais diferentes meios de informações; como também, a forma correta de realizar a transcrição de elementos de referência: autor, título, edição, local de publicação, edito, data de publicação e descrição física. Em seguida, conhecemos, nesta aula, os modelos dos documentos frequentemente usados, como: livros, revistas, jornais, teses, dissertações e também de materiais menos tradicionais, mas que já estão sendo bastante utilizados na atualidade tais como: mapas, atlas, slides, pinturas, fotografias e documentos eletrônicos, etc. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 123 Referências AQUINO, I. S. Ética na escrita. In:______. Como escrever artigos científicos: sem arrodeio e sem medo da ABNT. 2. ed. Rev. Atual. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2007. p. 25-28. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: Informação e documentação: citações em documentos: apresentação. Rio de Janeiro, 2002. ______. NBR 6023: Informação e documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002. DINIZ, C. R.; SILVA, I. B da. Metodologia Científica.Campina Grande; Natal: UEPB/UFRN-EDUEP,2008. PARRA FILHO, D.; SANTOS, J. A. Referências bibliográficas. In: ______. Metodologia científica. São Paulo: Futura, 1999, p. 262. SA, E. S. et al. Citação. In: ______. Manual de normalização de trabalhos técnicos científicos e culturais. Petrópolis: Vozes, 1994. p. 81-90. 124 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa VI UNIDADE A pesquisa bibliográfica: métodos, técnicas e instrumentos de coleta de dados Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 125 Apresentação A Metodologia da Pesquisa nos instrumentaliza de métodos, técnicas e instrumentos de coleta de dados. Nesta unidade, iremos utilizar os conhecimentos de Metodologia do Estudo para coleta e documentação de dados (leitura e interpretação de textos, fichamentos e resumos) na Pesquisa Bibliográfica; como também, aplicar as normalizações técnicas da ABNT sistematizadas na unidade 5, percorrendo um caminho metodológico de planejamento, execução e sistematização, conforme a normalização técnica da redação científica. 126 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Objetivos Pretendemos, ao final desta aula, que você seja capaz de: 1. Compreender a necessidade da pesquisa bibliográfica no processo de iniciação científica; como também, exercitar as técnicas disponibilizadas por este tipo de pesquisa para escrever seus trabalhos científicos, de acordo com as normas e padrões de documentação estabelecidos pela ABNT, utilizando as unidades 5 e 6 como fonte de consulta. 2. Elaborar com maior facilidade a documentação das fontes bibliográficas que são utilizadas na sua formação acadêmica, por meio de fichamentos e resumos. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 127 A pesquisa bibliográfica e seus passos Pense nisto!!! A pesquisa bibliográfica é uma habilidade fundamental a ser desenvolvida pelo aluno na graduação, pois constitui o primeiro passo para todas as atividades acadêmicas. A pesquisa bibliográfica antecede todos os outros tipos de pesquisa (campo, laboratório e documentos). Ela é obrigatória nos estudos exploratórios, na delimitação de um tema a ser investigado, no desenvolvimento dos raciocínios sobre o assunto, nas citações, na apresentação e sistematização das informações coletadas e nas conclusões sobre o estudo. A pesquisa bibliográfica compreende vários passos, que vão desde a escolha do tema à redação final. Comumente, na graduação o tema é sugerido pelo professor; entretanto, essa escolha é feita seguindo alguns critérios. Entre eles destaca-se a acessibilidade a uma bibliografia sobre o assunto. Após a escolha do tema, procede-se a delimitação para poder-se definir sua extensão e profundidade. Para isto o professor deve consultar a biblioteca da universidade, tornando-a uma extensão da sala de aula, pois é nela que o aluno irá aprofundar as leituras que foram disponibilizadas sobre os assuntos abordados. Nesse caso, concluímos que para a realização de uma pesquisa bibliográfica, o uso da biblioteca torna-se obrigatório, pois é nesse espaço acadêmico que serão encontrados dados bibliográficos sobre o tema investigado. Para isto, torna-se importante conhecer o modo como a biblioteca organiza as fontes de pesquisa que são oferecidas. A organização das fontes bibliográficas é feita por fichários básicos (ANDRADE, 2003) mesmo que a biblioteca possua um sistema automatizado de dados bibliográficos. São eles: • fichário de autores; • fichário de títulos; • fichários de assuntos. O fichário de autores é organizado por ordem alfabética do último sobrenome, quando não expressam grau de parentesco. O fichário de títulos é organizado desconsiderando-se o artigo que precede o título da obra, já no fichário de assunto pode-se identificar as obras ou os autores que tratam daquela temática. (idem, op.cit) 128 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Na maioria das bibliotecas públicas, particularmente das universidades existem terminais de sistemas automatizados de consulta, mediante a digitação do nome do autor, título da obra ou assunto você terá acesso aos dados bibliográficos que lhe interessam. Os terminais podem estar conectados a bancos de dados ou redes de informações e dar acesso aos acervos integrados ao sistema informatizado contribuindo com a sua pesquisa. Os dados coletados nas fontes bibliográficas são armazenados em fichamentos e resumos que serão estudados a seguir. A elaboração de fichamentos Aqueles envolvidos em trabalhos de investigação científica que se dispuserem a utilizar o fichamento, na sua pesquisa bibliográfica, irão verificar sua eficácia na preparação e execução do trabalho científico. A prática do fichamento representa uma forma fundamental para o exercício da escrita e da normalização técnica da ABNT, já que o aluno irá se apropriar de fragmentos de pensamentos e registrar as referências consultadas. Na maioria das bibliotecas públicas, particularmente das universidades, existem terminais de sistemas automatizados de consulta, mediante a digitação do nome do autor, título da obra ou assunto você terá acesso aos dados bibliográficos que lhe interessam. Os terminais podem estar conectados a bancos de dados ou redes de informações e dar acesso aos acervos integrados ao sistema informatizado contribuindo com a sua pesquisa. As fichas possuem tamanho internacionalmente padronizados: Pequeno: 7,5 x 12,5 cm Médio: 10,5 x 15,5 cm Grande: 12,5 x 20,5 cm De acordo com Andrade (2006) podemos classificar as fichas em: • Fichas de indicação bibliográfica: referem-se aos elementos contidos na bibliografia como indicações bibliográficas: autor; título; edição; local de publicação; editor e data de publicação. Servem bastante para organizar a bibliografia de um trabalho e facilitam a identificação das fontes que serão usadas na elaboração dos trabalhos de pesquisa, a partir da delimitação do assunto estudado. • Fichas de transcrições: é a seleção de trechos de alguns autores, que poderão ser usados como citações no trabalho ou destacar as ideias de determinados autores. Neste caso, devemos transcrever literalmente, entre aspas, o trecho selecionado1. Ela também é chamada de Ficha de Citações. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 129 Recomendamos que neste momento, o aluno se utilize da normalização técnica de citações para exercitar o seu uso e padronizar a sua documentação. 1 • Fichas de apreciação: nestas fichas devem ser anotadas as críticas, comentários e opiniões sobre o que se leu. • Fichas de esquemas: podem se referir a resumos de capítulos ou de obras ou a planos de trabalhos. • Fichas de resumos: os resumos transcritos nas fichas podem ser descritivos ou informativos, dependendo da sua finalidade. • Fichas de ideias sugeridas pelas leituras: muitas vezes, enquanto fazemos o levantamento bibliográfico, surgem ideias para a realização de outros trabalhos ou para complementação um tipo de raciocínio ou de exemplificação no trabalho que estamos realizando e esta ficha nos auxilia bastante. Exemplos: Ficha de indicação bibliográfica ZACCUR, E. A magia da linguagem. Rio de Janeiro: DP&A, SEPE, 1999. Ficha de transcrição ANÁLISE DO DISCURSO GREGOLIM, M. R. V. Discurso e Mídia: a cultura do espetáculo. São Carlos: Claraluz, 2003, p.12. Apresentação. “A análise do discurso propõe, portanto, descrever as articulações entre a materialidade dos enunciados, seu agrupamento em discursos, sua inserção em formações discursivas, sua circulação através de práticas, seu controle por princípios relacionados ao poder, sua inscrição em um arquivo histórico” [...]. 130 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Ficha de transcrição GERALDI, J.W. (Org.) O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 2001. A obra é uma coletânea de doze artigos organizados por Geraldi (2001), resultado de pesquisas feitas por estudiosos na área de Linguística. Ela se estrutura a partir dos eixos temáticos: Fundamentos, Práticas de sala de aula, Sobre a leitura nas escolas e Sobre a produção de textos na escola. Consideramos a sua importância na formação de professores de língua materna; como também, no estímulo a pesquisa de campo nesta área de conhecimento. Ficha de esquema 1 Ensino de Língua Portuguesa 1.1 Introdução 1.2 Concepções 1.3 Metodologias 1.4 Resultados de Práticas de Ensino 1.5 Sugestões Pedagógicas 1.6 Referências Como resumir? Tipos de Resumo De acordo com Santos (2001, p. 25), resumir é “condensar o que foi extensamente escrito; reduzir, abreviar, concentrar, limitar; sintetizar, com visão de conjunto [...] “. Segundo a NBR, 6028 o resumo é a “apresentação concisa dos pontos relevantes de um documento ” (ABNT, 2003, p.1). Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 131 O resumo diferencia-se do esquema porque é formado por frases que apresentam sentido completo; não indica apenas os tópicos, mas condensa sua apresentação (RUIZ, 2002). Ao longo de sua caminhada estudantil, você deve ter aprendido algumas regras essenciais para elaboração de resumos. Entre elas destacam-se a identificação do plano geral do documento; de que se trata o texto? Quais os objetivos? Assinalar as palavras-chave; supressão de palavras supérfluas; construção do resumo, respeitando o texto original e a comparação do resumo com o texto original para verificar a existência de incongruências na sua elaboração. Existem vários tipos de resumo apresentando “características específicas de acordo com suas finalidades” (ANDRADE, 2006, p. 29). Para Lakatos e Marconi (2001), os resumos podem ser classificados em: indicativo ou descritivo; informativo ou analítico e crítico. Andrade (2006) acrescenta ainda a resenha e a sinopse. A NBR 6028 estabelece que o resumo “deve ser composto de uma seqüência de frases concisas, afirmativas e não de enumeração de tópicos. Recomenda-se o uso de parágrafo único” (ABNT, 2003, p. 2). No resumo indicativo ou descritivo deve-se prender apenas às principais partes do documento original, usando-se de frases breves, diretas e objetivas. Este tipo de resumo se detém a apresentar exclusivamente a idéia central do texto não dispensando, a leitura do texto original. Deve-se usar a forma impessoal, não empregar citações e não emitir opiniões pessoais para escrevê-lo. O resumo informativo ou analítico, semelhantemente ao resumo descritivo também deve ser escrito com impessoalidade, de forma clara, sem citações, evitando o uso desnecessário de algumas preposições, advérbios ou adjetivos, ou seja, eliminando as palavras supérfluas e não emitindo críticas e juízo de valor sobre as idéias do autor. De acordo com a NBR, 6028, “informa ao leitor finalidades, metodologia, resultados e conclusões do documento, de tal forma que este possa, inclusive, dispensar a consulta ao original” (ABNT, 2003, p. 1). O resumo crítico caracteriza-se por apresentar as ideias principais do autor, permitindo opiniões e comentários sobre o que foi escrito por ele (ANDRADE, 2006). “No resumo crítico não pode haver citações” (LAKATOS; MARCONI, 2001, p. 74). Dispensa a leitura do texto original. Atividade I dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! Elabore um resumo informativo do texto disponibilizado abaixo, publicado na Revista Nova Escola, considerando as orientações dadas sobre resumo informativo ou analítico, registrando da referência consultada no local indicado no quadro. 132 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Concepções de linguagem alteram o que e como ensinar Na década de 1970, uma transformação conceitual mudou as práticas escolares. A linguagem deixou de ser entendida apenas como a expressão do pensamento para ser vista também como um instrumento de comunicação, envolvendo um interlocutor e uma mensagem que precisa ser compreendida. Todos os gêneros passaram a ser vistos como importantes instrumentos de transmissão de mensagens: o aluno precisaria aprender as características de cada um deles para reproduzi-los na escrita e também para identificá-los nos textos lidos. Ainda era essencial seguir um padrão preestabelecido, e qualquer anormalidade seria um ruído. Para contemplar a perspectiva, o acervo de obras estudadas acabou ampliado, já que o formato dos textos clássicos não servia de subsídio para a escrita de cartas, por exemplo. Segundo a pedagoga especializada em linguística, Kátia Lomba Bräkling, nessa concepção, a língua é um código e escrever seria o exercício de combinar palavras e frases para formar um texto. Assim, o ensino precisava focar prioritariamente as estruturas – os substantivos, os verbos, os pronomes, etc. – que compõem a língua e seus usos corretos. Em pouco tempo, no entanto, as correntes acadêmicas avançaram mais. Mikhail Bakhtin (1895-1975) apresentou uma nova concepção de linguagem, a enunciativo-discursiva, que considera o discurso uma prática social e uma forma de interação - tese que vigora até hoje. A relação interpessoal, o contexto de produção dos textos, as diferentes situações de comunicação, os gêneros, a interpretação e a intenção de quem o produz passaram a ser peças-chave. A expressão não era mais vista como uma representação da realidade, mas o resultado das intenções de quem a produziu e o impacto que terá no receptor. O aluno passou a ser visto como sujeito ativo, e não um reprodutor de modelos, e atuante - em vez de ser passivo no momento de ler e escutar. Essas ideias ganharam suporte das pesquisas que têm em comum as concepções de aprendizagem socioconstrutivistas, que consideram o conhecimento como sendo elaborado pelo sujeito, e não só transmitido pelo mestre. Entre os principais pensadores estão Lev Vygostsky (1896-1934) - que mostrou a importância da interação social e das trocas de saberes entre as crianças - e Jean Piaget (1896-1980) - pai da teoria construtivista. Nos anos 1980, Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, autoras do livro Psicogênese da Língua Escrita, apresentaram resultados de suas pesquisas sobre a alfabetização, mostrando que o aluno constrói hipóteses sobre a escrita e também aprende ao reorganizar os dados que Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 133 têm em sua mente. Em seguida, as pesquisas de didática da leitura e escrita produziram conhecimentos sobre o ensino e a aprendizagem desses conteúdos. Hoje, a tendência propõe que certas atividades sejam feitas diariamente com os alunos de todos os anos para desenvolver habilidades leitoras e escritoras. Entre elas, estão a leitura e escrita feita pelos próprios estudantes e pelo professor para a turma (enquanto eles não compreendem o sistema de escrita), as práticas de comunicação oral para aprender os gêneros do discurso e as atividades de análise e reflexão sobre a língua. A leitura, coletiva e individualmente, em voz alta ou baixa, precisa fazer parte do cotidiano na sala. “O mesmo acontece com a escrita, no convívio com diferentes gêneros e propostas diretivas do professor. O propósito maior deve ser ver a linguagem como uma interação”, explica Francisca Maciel, diretora do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), em Belo Horizonte. O desenvolvimento da linguagem oral, por sua vez, apesar de ainda pouco priorizado na escola, precisa ser trabalhado com exposições sobre um conteúdo, debates e argumentações, explanação sobre um tema lido ou leituras de poesias. “O importante é oferecer oportunidades de fala, mostrando a adequação da língua a cada situação social de comunicação oral”. Texto disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/producao-de-texto/concepcoes-de-linguagem.shtml . Acesso em: 10 out. 2011 Modelo de ficha para elaboração de resumo Resumo Informativo Referência dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ 134 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Outros tipos de documentação da leitura: A Resenha Alguns autores não fazem distinção entre resumo crítico e resenha crítica, entretanto, serão consideradas nesta unidade as ponderações feitas por Andrade (2006, p. 30) que diferencia que considera resenha como: Um tipo de resumo crítico; contudo, mais abrangente. Além de reduzir o texto, permitir opiniões e comentários, inclui julgamentos de valor, tais como comparações com outras obras da mesma área de conhecimento, a relevância da obra em relação às outras do mesmo gênero. De acordo com Parra Filho e Santos (1999, p. 156) as resenhas geralmente “são publicadas em periódicos, cujo objetivo é difundir as idéias básicas contidas na obra [...]. Pressupõe-se que o resenhista tenha um profundo conhecimento a respeito do assunto, objeto do trabalho. Marconi e Lakatos (2007) apresentam um roteiro para elaboração de uma resenha crítica: 1. Referência completa do documento objeto da resenha Autor(es) Título (subtítulo) Imprenta: local da edição, editor e data Número de páginas Ilustrações: tabelas, gráficos, fotos etc. 2. Credenciais do autor Informações gerais sobre o autor Autoridade no campo científico Quem fez o estudo? Quando? Por quê? Em que local? 3. Conhecimento Resumo das ideias principais Do que se trata a obra? O que diz? Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 135 Tem alguma característica especial? Como foi abordado o tema? Exige conhecimentos prévios para entendê-lo? 4. Conclusões do autor O autor faz conclusões? Onde foram colocadas? Quais foram? 5. Quadro de referência do autor Modelo teórico Que teorias que serviram de embasamento? Quais os métodos utilizados? 6. Apreciação Julgamento, mérito, estilo, forma e indicação da obra. Na sinopse “indicam-se apenas o tema ou assunto da obra e suas partes principais. Trata-se de um resumo bem curto, elaborado apenas pelo autor da obras ou por seus editores” (ANDRADE, 2006, p.30). As fontes de pesquisa bibliográfica Pense nisto!!! No desenvolvimento de uma pesquisa bibliográfica, procura-se consultar o maior número de obras relativas ao assunto que se quer abordar. 136 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa A identificação e organização das fontes bibliográficas pode ser iniciada pela consulta de obras que propiciam informações gerais sobre o assunto, como: enciclopédias, manuais, dicionários especializados e outros. Elas lhe indicarão outras obras que tratam do assunto de forma mais específica. Se houver a necessidade de aprofundamento sobre o tema as revistas especializadas impressas ou on-line tornam-se uma opção, pois contém artigos atualizados. As fontes bibliográficas de pesquisa compreendem conforme Andrade (op.cit) diversos tipos de documentos. A identificação desses documentos lhe possibilitará o ordenamento e classificação dessas fontes para a análise e sistematização dos dados coletados. Os tipos de documentos, conforme Andrade (2003, p.41-2) são: a) documentos manuscritos (códigos, apógrafos, autógrafos); b) documentos impressos: livros, revistas, jornais, folhetos, catálagos, boletins, anuários, textos legais, processos, pareceres, correspondências publicada etc.; c) documentos mimeografados, xerocopiados, microfilmes, que reproduzem outros documentos; gravações de áudio e vídeo; d) mapas, esboços, plantas, desenhos, cartazes, documentos cartográficos, fotográficos etc. Os documentos bibliográficos constituem-se em fontes primárias e secundárias. As fontes primárias são constituídas por obras ou textos originais, material ainda não trabalhado, sobre determinado assunto; enquanto que, as fontes secundárias constituem-se da literatura que interpreta e analisa as fontes primárias. A pesquisa bibliográfica, contemporaneamente, também acontece no ambiente on-line, na Internet. A Internet possibilita a quebra das fronteiras espaciais e físicas e insere o aluno num mundo virtual que oferece várias possibilidades de consulta dos arquivos eletrônicos. Hoje, vários sites de busca contribuem com o aluno nas consultas aos documentos bibliográficos transformados em documentos eletrônicos, comumente disponíveis no formato pdf da Adobe, necessitando do programa Acrobat Reader para ser aberto e salvo no computador. O download dos documentos eletrônicos facilita a operacionalidade da pesquisa na Internet. (ANDRADE, op.cit) A sistematização dos dados de pesquisa é feita em fichas de documentação. Nestas fichas identifica-se a referência consultada e procede-se ao armazenamento das informações, citações e comentários que forem necessários para posterior elaboração do trabalho final. (SALOMON, 2001) Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 137 Atividade II Vamos fazer uma pesquisa? dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! A partir do tema: Ensino de Língua Portuguesa, faça um levantamento bibliográfico das fontes que você poderia usar na elaboração um trabalho escrito sobre este tema. Registre abaixo as referências que conseguiu coletar. A Redação Científica Observe!!!! Desde as primeiras unidades de Metodologia da Pesquisa a forma da redação textual vem sendo trabalhada de modo impessoal, objetivo e sem o uso de adjetivos e juízos de valor. Como escrever utilizando-se da linguagem científica? Pense nisto!!! A seleção do material bibliográfico coletado deve ser feita considerando o que será utilizado na elaboração da redação do trabalho escrito e em que momento (introdução, desenvolvimento e conclusão) do texto essas informações irão aparecer. Após a seleção do material procede-se a elaboração do plano do trabalho escrito com a esquematização da redação. Esse esquema orientará a redação das partes do trabalho e evitará perda de tempo, divagações, dispersões e mudanças de rumo. 138 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa As partes obrigatórias do corpo do trabalho de graduação são: introdução, desenvolvimento e conclusão, conforme (CERVO; BERVIAN, 1996). Na elaboração da introdução o aluno deverá expor: o tema do trabalho e sua delimitação, a justificativa da importância da pesquisa, a extensão e profundidade do estudo, os objetivos que pretende alcançar com a pesquisa que está sendo sistematizada no trabalho, e detalhar a forma como a pesquisa foi feita e quais as fontes consultadas. O desenvolvimento é composto pela exposição, argumentação e discussão sobre o tema abordado. Neste item, usamos os recursos da normalização técnica para registro das citações e notas de rodapé que forem necessárias. Ele é a parte mais extensa da redação, pois contém, além da análise ou descrição dos fatos, toda a argumentação pertinente a eles. As conclusões devem expor as contribuições da pesquisa ao tema investigado e uma síntese dos argumentos construídos no desenvolvimento do trabalho. A redação do trabalho científico requer “objetividade, impessoalidade, estilo, clareza e concisão, modéstia e cortesia” (ANDRADE, 2003, p.101). Por isso aconselhamos o uso de formas verbais que caracterizem a impessoalidade, contribuindo para a objetividade da linguagem científica. Na redação não se aceita adjetivações, elogios, gírias, uso de linguagem coloquial, exageros nas críticas sem fundamentos analíticos, repetições de palavras e termos, parágrafos longos e redundantes, raciocínio contraditório entre ideias e argumentos e outros. Na construção da redação das aulas de Metodologia da Pesquisa optou-se por uma linguagem que atendesse as exigências da redação científica de modo a contribuir com o aluno no entendimento da pessoa do discurso que constrói uma linguagem objetiva e impessoal. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 139 Atividade III Comente a citação direta a seguir, estabelecendo uma relação com as discussões desta unidade sobre pesquisa bibliográfica e redação científica. [...] No processo de formação acadêmico, a pesquisa bibliográfica é de grande eficácia porque lhe permite obter uma postura científica quanto à elaboração de informações da produção científica já existente, à elaboração de relatórios e à sistematização do conhecimento que lhe é transmitido no dia-a-dia, A aprendizagem dentro da universidade se dá, principalmente, através do fazer, ou melhor, encaminhando-se o aluno em um processo que estimula o autodidatismo acompanhado pela orientação segura do docente. Esta deve ser uma das dimensões do aprender a aprender [...]. (BARROS; LEHFELD, 2000, p. 70-1) dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! Pense nisto!!! Concluindo a unidade A redação científica deve ser feita de maneira simples, clara, objetiva e impessoal, evitando-se o uso de jargões, vocabulário vulgar ou prolixo. 140 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Leitura Recomendada Orientamos como leitura complementar as discussões apresentadas nesta unidade: SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia. 10. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. Coleção Ferramentas Os autores apresentam no capítulo 5 – Trabalhos científicos, uma orientação metodológica sobre os passos e procedimentos adotados numa pesquisa bibliográfica e sua sistematização em um trabalho acadêmico, aplicando as normalizações técnicas da redação científica. Revisando as discussões A pesquisa bibliográfica e a redação científica fazem parte da prática de formação do aluno-pesquisador no ambiente universitário. A pesquisa bibliográfica torna-se o primeiro caminho metodológico trilhado pelo aluno na Universidade, ela antecede todos os outros tipos de pesquisa. Por meio da pesquisa bibliográfica tem-se a possibilidade de delimitar um tema, problematizá-lo e investigá-lo. Ela é uma atividade desenvolvida por alunos e pesquisadores que buscam apreender por meio de fontes primárias e secundárias os dados que possam contribuir com exercício reflexivo e crítico sobre um determinado tema ou assunto. A pesquisa bibliográfica e acompanhada pela redação científica, uma vez que os documentos secundários são sistematizados e normalizados pelas exigências da redação científica. A redação científica orienta a linguagem técnica exigida na elaboração de trabalhos científicos e acadêmicos. O uso das normalizações técnicas da ABNT na redação é necessário, como forma de universalização e padronização dos requisitos que dão confiabilidade técnica ao texto científico. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 141 Autoavaliação Sistematize os conhecimentos que você adquiriu nesta unidade que podem contribuir na elaboração dos seus trabalhos acadêmicos. dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! Referências ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à Metodologia do Trabalho Científico. 6. ed. São Paulo Atlas, 2003. BARROS, A. J. da S.; LRHFELD, N. A. de S. Fundamentos de Metodologia Científica: um guia para iniciação científica. 2. ed. ampl. São Paulo: MAKRON Books, 2000. BERVIAN, P. A.; CERVO, A. L. Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: MAKRON Books, 1996. SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia. 10. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. Coleção Ferramentas. 142 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa VII UNIDADE A pesquisa de campo: métodos, técnicas e instrumentos Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 143 Apresentação A Metodologia da Pesquisa nos fornece métodos, técnicas e instrumentos de coleta de dados em diversas fontes, entre elas o campo. Tomando nesta unidade, o campo como fonte de pesquisa iremos percorrer um caminho metodológico de planejamento, execução e sistematização de dados coletados em pesquisas de campo na área de educação, por meio de abordagens qualitativas e em seguida iremos sistematizar os dados de pesquisa em conformidade com a normalização técnica da redação científica. Optamos pelas abordagens de natureza qualitativa dos dados de campo, mas também iremos apresentar as análises quantitativas desses dados. O material desta aula virá acompanhado de orientações e atividades que buscam levá-lo ao conhecimento e reflexão em torno da pesquisa de campo. Desse modo: • elabore as atividades, sugeridas no material ao longo da unidade; • busque ampliar seus estudos, consultando as leituras que virão indicadas; • realize sua autoavaliação da aula, utilizando-se do espaço disponibilizado. 144 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Objetivos Pretendemos ao final desta aula que você sinta-se capaz de: 1. Compreender a necessidade da pesquisa de campo no processo de iniciação científica; como também, exercitar as técnicas disponibilizadas por este tipo de pesquisa para sistematizar dados empíricos e intervir sobre a realidade investigada, usando as normas e padrões de sistematização estabelecidos pela Redação Científica, utilizando as unidades 5 e 6 como fonte de consulta. 2. Executar uma pesquisa de campo na área de Língua Portuguesa e sistematizar os dados desta pesquisa. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 145 Afinal o que é pesquisa de campo? Pense nisto!!! A pesquisa de campo é um exercício de estranhamento do sujeito pesquisador diante de situações e problemas nos quais ele também é parte integrante; desse modo, a relação entre sujeito e objeto do conhecimento não se opõe enquanto impossibilidade a objetividade do saber científico, mas traz desafios às análises dos fenômenos investigados, necessitando assim de métodos próprios às ciências humanas. Podemos iniciar nossa reflexão sobre a Pesquisa de Campo, tomando a classificação de Demo (2000), em que ele destaca entre as pesquisas desenvolvidas pelas ciências humanas, a pesquisa empírica e a pesquisa prática. A pesquisa empírica, como sendo o procedimento investigativo dedicado a “face empírica e fatual da realidade; produz e analisa dados, procedendo sempre pela via do controle empírico e fatual” (op. cit, p.21). Neste tipo, a análise e a significação dos dados empíricos (observáveis na realidade investigada) é construída por referenciais teóricos; no entanto, os dados de campo são que promovem impacto sobre as análises possibilitando a aproximação da interpretação com a prática. Refere-se ao universo populacional que a pesquisa privilegia. São as pessoas em seu universo que serão entrevistadas, observadas e com as quais o pesquisador irá interagir no processo de pesquisa. A condição de sujeito traz consigo a posição de agente das ações, de atores e autores de relações estabelecidas e que se estabelecem para as análises dos estudiosos. 1 E a pesquisa prática que considera a significância do campo como fonte e local onde as investigações podem trazer respostas para as necessidades interpretativas dos fenômenos humanos investigados. Ela torna-se uma práxis (prática refletida e transformadora do sujeito), uma prática histórica com fins interventivos, não omite a ideologia, mas se impõe pelo rigor científico dos métodos qualitativos (idem, op.cit) e seus resultados retornam ao campo estudado para possíveis intervenções sobre a realidade investigada. Neste caso, podemos dizer que a pesquisa de campo “é a que recolhe os dados in natura, como percebidos pelo pesquisador das opiniões, interpretações e análises dos sujeitos1 da pesquisa. Normalmente, a pesquisa de campo se faz por observação direta, le- 146 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa vantamento e estudo de caso” (SANTOS, 2001,30-1). A observação direta é registrada em um instrumento de coleta de dados de campo chamado “diário de campo”2, conforme Mills (1982,p.17) Para compreender as modificações de muitos ambientes pessoais, temos necessidade de olhar além deles. E o número e variedade dessas modificações estruturais aumentam à medida que as instituições dentro das quais vivemos se tornam mais gerais e mais complicadamente ligadas entre si. Ter consciência da idéia da estrutura social e utilizá-la com sensibilidade é ser capaz de identificar as ligações entre uma grande variedade de ambientes em pequena escala. Este instrumento é muito usado nas pesquisas de natureza qualitativa3 em estudos que requerem do investigador uma imersão no campo de pesquisa. Para fins de nossos estudos vamos aprofundar a observação direta, com o estudo da observação participante4 enquanto técnica de coleta de dados. A escolha dessa técnica irá auxiliar a prática do educador em sala de aula. Local onde serão registradas as observações do pesquisador sobre todo o processo de pesquisa. 2 São pesquisas que se preocupam com a compreensão e interpretação de fenômenos, considerando o significado que os outros (os sujeitos investigados) dão às suas práticas. 3 É uma técnica de observação na qual o investigador partilha, por envolvimento com o grupo ou pelo fato de ser parte integrante do universo investigado, as experiências e vivências coletivas do grupo ou da comunidade investigada. 4 Atividade I Vamos exercitar a observação direta? Na sua sala de aula de Ensino Fundamental ou Ensino Médio quais são as maiores dificuldades apresentadas pelos alunos na aprendizagem e no uso da língua materna? Descreva, narrando esta observação direta5 de sua prática de educador no espaço indicado que irá funcionar como o seu diário de campo no período. Apresentar a atividade ao tutor. Local: A observação é contínua, por isso se faz necessário que ela ocorra num intervalo de tempo relativamente longo. 5 n° Dia: Horário: Série: Fenômeno observado: Conteúdo trabalhado pelo professor(a) e dificuldades de aprendizagem e uso apresentadas pelos alunos(as): Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 147 dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! A pesquisa de campo e seus passos A pesquisa de campo compreende vários passos, que vão desde a escolha do tema, à análise e o seu retorno ao ambiente investigado. Esses passos compõem o processo de pesquisa. Conforme Minayo (2004, p.101) “A exploração do campo contempla as seguintes atividades: a) escolha do espaço da pesquisa; b) escolha do grupo de pesquisa; c) estabelecimento dos critérios de amostragem; d) estabelecimento de estratégia de entrada em campo.” Dessa forma, as atividades de pesquisa numa análise quantitativa se detém as generalizações em torno dos dados quantificáveis e funcionam como fundamentos de descrição e interpretação destes, já numa análise qualitativa dos fenômenos “nos preocupamos menos com a generalização e mais com o aprofundamento e abrangência da compreensão seja de um grupo social, de uma organização, de uma instituição, de uma política ou de uma organização”( idem, op.cit, p. 102). Portanto, a análise qualitativa nos possibilita ampliar inclusive o nosso olhar, ou os ângulos pelos quais observamos a realidade que nos cerca, nos causando um estranhamento da realidade ao transformar o familiar em exótico e torná-lo um objeto de estudo científico. Comumente, na graduação o processo de iniciação científica ocorre pela Pesquisa Bibliográfica, como estudamos na unidade 6. Após a escolha do tema, procede-se a sua delimitação por meio da leitura das fontes bibliográficas sugeridas pelos professores. Alguns alunos ao despertarem para importância deste processo de iniciação científica buscam outras fontes e sistematizam suas leituras em fichas de documentações que poderão auxiliá-los posteriormente na inserção no campo de pesquisa. Atividade II Vamos estranhar o familiar? dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! Na atividade 1 iniciamos a descrição das dificuldades que observamos de aprendizagem e uso da língua materna em nossa sala de aula. Vamos ampliar os ângulos da nossa observação? Precisamos identificar todos os sujeitos envolvidos nesse processo de ensino e aprendizagem, suas práticas e comportamentos, os tipos de interação que eles estabelecem, a instituição escolar e sua proposta para o ensino de língua materna nesta série; além de, buscar outras técnicas de coleta de dados, caso haja a necessidade, a exemplo da conversa informal com o educador responsável pela turma (caso não seja 148 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa você), coordenadores e direção da escola. Registre os novos dados coletados noutras fichas que você irá construir para o seu diário de campo. Local: n° Dia: Horário: Série: Fenômeno(s) observado(s): dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! As técnicas de pesquisa de campo A observação participante, conforme Vargas (2002, p.119-120) pode ser definida como [...] trabalho de campo, caracteriza-se pela ‘inserção do observador no grupo observado’. Se o investigador apenas se integra no grupo a partir do momento em que se inicia o processo de investigação, falamos de observação-participação. [...] Se, pelo contrário, o observador é parte integrante de um grupo e aproveita essa situação para observar, estamos numa situação de participação-observação. A observação-participação tanto pode ser uma participação distanciada e ligeira, como uma participação mais profunda e mais integrada. Na participação-observação há a dificuldade acrescida da pertença íntima ao grupo social condicionar bastante a objetividade necessária ao processo investigativo. E enquanto técnica metodológica se utiliza de um instrumento chamado “diário de campo”, para registro das observações diretas feitas pelo pesquisador a partir da definição do problema previamente identificado e que será investigado. A adjetivação de participante ao procedimento de observar dá-se tanto por identificar a presença do pesquisador no universo investigado quanto pela proximidade que o sujeito (pesquisador) tem do objeto (fenômeno/fato) investigado, a interação face-a-face (MINAYO, 2004). A prática de pesquisa qualitativa é profundamente laboriosa e reMetodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 149 quer cuidados, atenção e a construção de um percurso metodológico no qual os sujeito e objeto do conhecimento se reconheçam como constituintes do processo de pesquisa (BRANDÃO,2002). Diante disto, Richardson (1999) considera que na observação participante o investigador não é apenas expectador do fenômeno investigado, ele se coloca na posição e no nível dos indivíduos observados. Na análise quantitativa procede-se a organização e descrição dos dados, a sua redução as variáveis de pesquisa e sua descrição, distribuição e freqüência estatística, sistematizados em quadros, gráficos ou tabelas. A abordagem quantitativa pode ocorrer por uma quantificação rigorosa ou aproximada (probabilística), por isso o uso dos métodos matemáticos e estatísticos. 6 Comumente as pesquisas de campo na área de Educação se utilizam de entrevistas e questionários, aplicados muitas vezes sem o rigor necessário e isto tem provocado equívocos interpretativos (análise qualitativa dos dados); por isso, compreendemos a importância de associarmos ao uso desses instrumentos de pesquisa, a observação participante (BRANDÃO, op.cit). Não estamos limitando os instrumentos, apenas chamamos a atenção que para o uso excessivo destes, já que nem sempre o objeto investigado requer o uso de entrevistas, questionários e formulários, possa ser questionado. O uso desses instrumentos requer em alguns casos a aplicação de métodos quantitativos e por conseguinte uma análise quantitativa6. A observação direta também funciona como um instrumento exploratório de pesquisa, na identificação da necessidade de usarmos ou não outros instrumentos de coleta de dados. Atividade III Retomando a Unidade 4, p. 85-6 Na atividade 5, da unidade 4, solicitamos uma coleta de dados quantitativos com a sistematização destes em quadros, chegou a hora de analisarmos metodologicamente nossos procedimentos de pesquisa, enquanto investigadores. Dessa forma, vamos identificar: a) Qual foi o universo da pesquisa? b) Qual era a questão investigada? c) Qual foi o instrumento de coleta de dados usado para identificar a questão investigada? d) Quais foram às variáveis da pesquisa? dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! e) Como os dados coletados foram organizados? f) A sistematização dos dados nos quadros permite o quê? 150 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Reflita!!! O uso do método quantitativo possibilitou a sistematização dos dados coletados no campo de pesquisa, mas a análise deles requereu uma interpretação para compreensão do significado que a questão investigada tinha para os sujeitos de pesquisa, a partir disto a dimensão qualitativa das opiniões dos alunos (sujeitos entrevistados) ganhou importância na interpretação e análise dos dados pelo pesquisador. Alguns instrumentos de pesquisa de campo Pense nisto!!! A pesquisa de campo deve se constituir num artesanato intelectual, como diz C. Wright Mills (1982). Já estudamos e aplicamos em nossas atividades diversos instrumentos de pesquisa, agora vamos aprender como construí-los a partir das exigências técnicas. Isto em ciência significa como medir ou definir quais os meios mais eficientes para registrar e mensurar os fenômenos investigados. Conforme Lehfeld, Barros (1990, p. 70) ”Todo instrumental tem a natureza de estratégia ou tática para a ação e a habilidade em pesquisas, ou seja, definir qual é a melhor maneira, propiciando o desenvolvimento da investigação científica. Vamos então definir alguns destes meios de coleta. Questionário e Formulário são instrumentos objetivos, diretos que são elaborados com um número de perguntas fechadas de múltipla escolha para favorecer a tabulação estatística dos dados; mas também podem ser mistos com perguntas fechadas e abertas. O seu formato dependerá da natureza (quantitativa ou qualitativa) dos dados coletados. Nos questionários e formulários mistos, as perguntas abertas são organizadas a partir de regularidades ou antagônicas entre as respostas dos sujeitos de pesquisa que oportunizarão elementos qualitativos para as análises dos dados quantitativos também coletados neste instrumento. A diferença entre estes instrumentos está apenas Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 151 na sua aplicação. O questionário é entregue ao sujeito pesquisado para que ele responda diretamente no instrumento as perguntas formuladas. Ele pode estar disponível em vários formatos como também ser entregue pelo pesquisador ou enviado por e-mail ou correios. Já o formulário é preenchido pelo pesquisador a partir das respostas do entrevistado. Entrevista tanto é uma técnica como um instrumento. Como técnica corresponde ao procedimento investigativo e reflexivo de problematizar questões que orientam a coleta de dados já como instrumento funciona a partir de um roteiro impresso de questões que irão orientar o investigador na abordagem que fará aos sujeitos de pesquisa. As entrevistas podem ser estruturadas em roteiros fechados, com questões dirigidas e semi-estruturadas, com questões abertas. Alguns pesquisadores identificam este tipo com uma conversa informal, mas reconhecem a sua importância associada à observação direta e a observação participante. O tipo de entrevista e o roteiro que será usado na abordagem é definido e elaborado pelo pesquisador (é um documento que funciona como um apêndice) a partir das necessidades da pesquisa. Não existem modelos prontos de entrevista, eles irão se adequar as necessidades do problema investigado. Reflita!!! “O pesquisador não está interessado diretamente nas palavras, mas nos conceitos que elas indicam e nos aspectos da realidade empírica que elas mostram.” (RUDIO, 2004, p.38) Atividade IV Analise o fragmento abaixo e registre sua interpretação deste pensamento Se a arte de educar remete o educador a uma prática ‘clínica’, ou seja, a uma experiência de confronto permanente entre os conhecimentos gerais (teóricos) e as necessidades singulares (prática), a ciência constrói-se com base em estudos ‘desinteressados’, ‘estudos das coisas no aspecto mais geral possível’, para que se torne utilidade ‘universal’. Seus resultados forneceriam aos educadores idéias, conceitos e instrumentos intelectuais, que lhes valerão para lidar com a experiência educacional. (BRANDÃO, 2002, p. 82). dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! 152 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Concluindo a unidade! Esperamos que você tenha compreendido, nesta unidade, a importância da Pesquisa de Campo como procedimento metodológico de abordagem e tratamento de fontes orais e que possa se utilizar de suas técnicas e instrumentos em pesquisas na sua área de conhecimento. Leitura Recomendada Orientamos como leitura complementar as discussões apresentadas nesta unidade: MINAYO, M. C. S. (Org.).Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petropólis: Vozes, 1999. A coletânea de textos organizada por Minayo torna-se um referencial indispensável à formação de pesquisadores na graduação. Os autores apresentam ao longo dos capítulos, orientações metodológicas sobre os passos e procedimentos adotados numa pesquisa de campo. Usando uma abordagem qualitativa, os autores problematizam a pesquisa social, trazendo também orientações para sistematização dos dados de campo. Revisando as discussões A pesquisa de campo nos oportuniza o acesso as fontes orais, particularmente aos sujeitos que são atores e autores de suas histórias. Estudamos nesta unidade a pesquisa de campo e vimos que esta fonte de pesquisa possui natureza qualitativa e quantitativa requerendo do investigador o uso de métodos, técnicas e instrumentos apropriados as fontes orais; no caso, a abordagem dos sujeitos de pesquisa. Nesta unidade tivemos a oportunidade de realizar pesquisa de campo e operacionalizar com a observação como técnica e instrumento de pesquisa, de registrar nossas observações no diário de campo que poderá nos acompanhar ao longo de toda a licenciatura em Letras. Dependendo das investigações que façamos e das problematizações que os próximos componentes curriculares poderão levantar sobre o ambiente escolar e o ensino de língua materna, o diário de campo sempre será um instrumento auxiliar de registro de nossas observações in loco. Os outros instrumentos de pesquisa, a exemplo do questionário, formulário e entrevista poderão nos auxiliar nas pesquisas que iremos fazer, basta que tenhamos atenção na elaboração para que eles não inviabilizem a coleta de dados. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 153 Autoavaliação Comente o fragmento a seguir, refletindo após as discussões desta unidade sobre pesquisa de campo Eu diria que educadores são como as velhas árvores. Possuem uma fase, um nome, uma ‘estória’ a ser contada. Habitam um mundo em que o que vale é a relação que os liga aos alunos, sendo que cada aluno é uma ‘entidade’ ‘sui generis’, portador de um nome também de uma ‘estória’, sofrendo tristezas e alimentando esperanças. E a educação é algo pra acontecer neste espaço invisível e denso, que se estabelece a dois. Espaço artesanal. (ALVES,1993, p.13) Referências ALVES, R. Conversas com quem gosta de ensinar. São Paulo: Cortez,1993. BARROS, A. J. da S.; LRHFELD, N. A. de S. Projeto de Pesquisa: propostas metodológicas. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 1990. BERVIAN, P. A.; CERVO, A. L. Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: MAKRON Books, 1996. DEMO, P. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000. MILLS, C. W. A imaginação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. MINAYO, M. C. de S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 8. ed. São Paulo: Hucitec, 2004. SANTOS, A. R. dos. Metodologia Científica: a construção do conhecimento. 4. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. RUDIO, F. V. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 32. ed. Petrópolis: Vozes, 2004. VARGAS, J. Sociologia. Porto: Porto, 2002. 154 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa VIII UNIDADE A construção do Projeto de Pesquisa Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 155 Apresentação Estamos concluindo a nossa disciplina com esta aula que trata de um roteiro sobre como organizar a fase inicial da investigação científica: a elaboração de um projeto de pesquisa. Serão discutidas a escolha do tema e a definição do problema; a formulação das hipóteses e dos objetivos e a construção da revisão da literatura (revisão bibliográfica), a metodologia, o cronograma de atividades, orçamento que são elementos textuais e, as referências, apêndices e anexos e índice se houver que representam elementos pós-textuais. As orientações, referentes ao roteiro para elaboração do projeto de pesquisa, foram elaboradas com o propósito de esclarecer as fases pelas quais deve passar um pesquisador na elaboração de um projeto exequível, com base nas normas estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (15287/2011). O Projeto de Pesquisa é uma ferramenta técnica e metodológica que conduz as ações planejadas que serão desenvolvidas, corrigindo os desvios indesejáveis durante a realização da pesquisa, por isso é importante desenvolvermos a sua elaboração, como um exercício de pesquisa. Se dermos início ao desenvolvimento de uma pesquisa, sem um projeto prévio, estamos incorrendo no risco de improvisar ao longo do processo e de tornar o trabalho confuso e cientificamente questionável; como também, comprometer os recursos humanos, técnicos e materiais envolvidos no processo. Com a elaboração de um projeto que é o primeiro passo do processo de pesquisa _o planejamento _ haverá uma maior probabilidade de nós desenvolvermos uma pesquisa que atenda aos critérios técnicos de legitimidade e de viabilidade do saber científico e que nossos resultados possam contribuir com outras pesquisas na área investigada. 156 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Devido aos vários tipos de pesquisa existentes, precisamos compreender que a elaboração de um projeto de pesquisa não deve ter um roteiro rígido, mas deve apresentar os principais elementos, essenciais à sua execução. Neste caso, o projeto ao mesmo tempo em que funciona como planejamento, dispõe das orientações para coleta, análise dos dados coletados e sua sistematização em um trabalho escrito. Dessa forma, nele e por ele todo o processo de pesquisa é (re)orientado. Desse modo: • Acompanhe o caminho traçado para elaboração de um Projeto de Pesquisa, analise os exemplos apresentados na unidade e realize as atividades sugeridas. • Procure, mediante consulta bibliográfica, localizar material potencialmente importante para aprofundar seus conhecimentos e realize sua autoavaliação da unidade. Objetivos Pretendemos, ao final desta aula, que você sinta-se capaz de: 1. Aplicar os conhecimentos trabalhados nas unidades 6 e 7 com a operacionalização de um roteiro de projeto de pesquisa. 2. Escolher um tema, formular um problema, enunciar suas hipóteses, justificativas, objetivos, utilizando corretamente os procedimentos técnico-metodológicos, e produzir um projeto de pesquisa. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 157 Passos para elaboração de um Projeto de Pesquisa Pense nisto!!! O Projeto de Pesquisa começa a ser elaborado quando são formuladas as perguntas: O quê? Por quê? Para quê? Onde? Quando? Como? Quem? Com quanto? Por meio dessas perguntas construímos um fenômeno científico (objeto de estudo) que poderá ser investigado através de métodos e técnicas de pesquisa. Podemos afirmar que seja qual for o tipo de pesquisa e suas fontes necessitamos elaborar um projeto de pesquisa para orientar a nossa investigação. Segundo a NBR 15287/11 da ABNT, o projeto de pesquisa compreende uma das fases da pesquisa e significa a descrição da sua estrutura (ABNT, 2011). O projeto faz a previsão e a provisão dos recursos necessários apara atingir o objetivo proposto de solucionar um problema e estabelece a ordem e a natureza das diversas tarefas a serem executadas dentro de um cronograma a ser observado (CERVO; BERVIAN; DA SILVA, 2006, p. 69). Como toda atividade racional e sistemática, a pesquisa exige que as ações desenvolvidas ao longo da execução do projeto, sejam efetivamente planejadas. Esse planejamento envolve a formulação do problema, a construção das hipóteses e dos objetivos. A elaboração de um projeto é feita mediante a consideração das etapas necessárias ao desenvolvimento da pesquisa (GIL, 2002). Serve para guiar a pesquisa e seus principais elementos são: capa; folha de rosto; sumário; introdução; justificativa; revisão da literatura; metodologia; orçamento; cronograma de atividades; referências; apêndices, anexos e índice, conforme ABNT(2011). De acordo com a NBR 15287/11 da ABNT, a estrutura de um projeto de pesquisa é formado de partes pré-textuais (elementos que antecedem o texto com informações que ajudam na identificação e utilização do trabalho), textuais (parte do projeto em que é exposta a matéria) e pós-textuais (elementos que complementam o trabalho) (ABNT, 2011). Vamos começar pela sequência técnica do projeto e como elaborá-la? 158 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa A capa (elemento pré-textual) apresenta as informações transcritas na seguinte ordem: • nome da entidade para a qual deve ser submetido, quando solicitado; • nome(s) do(s) autor(es); • título e subtítulo (se houver, deve ser evidenciada a sua subordinação ao título, precedido de dois-pontos (:), ou distinguido tipograficamente); • local (cidade) da entidade, onde deve ser apresentado; • ano de depósito (entrega). A folha de rosto (elemento pré-textual) é um elemento obrigatório e apresenta as informações transcritas na seguinte ordem: • nome(s) do(s) autor(es); • título; subtítulo (se houver, deve ser evidenciada a sua subordinação ao título, precedido de dois-pontos (:), ou distinguido tipograficamente); • tipo de projeto de pesquisa e nome da entidade a que deve ser submetido; • nome do orientador (quando for o caso) • local (cidade) da entidade onde deve ser apresentado; • ano de depósito (entrega). Nota Importante!!! Segundo a NBR 15287/11 da ABNT (2011) a partir da folha de rosto, todas as páginas do projeto devem ser contadas sequencialmente, mas não numeradas. A numeração é colocada, a partir da primeira folha da parte textual, em algarismos arábicos, no canto superior direito da folha, a 2 cm da borda superior, ficando o último algarismo a 2 cm da borda direita da folha. Havendo apêndice e anexo, as suas folhas devem ser numeradas de maneira contínua e sua paginação deve dar seguimento à do texto principal. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 159 No projeto de pesquisa os títulos sem indicativos numéricos devem vir centralizados e em negrito, são eles: Pré-textuais a) Lista de Ilustrações b) Lista de abreviaturas e siglas c) Lista de símbolos d)Sumário Pós-textuais e)Referências f)Glossário g)Apêndice h)Anexo i)Índice O sumário é elemento obrigatório que deve ser elaborado conforme a NBR 6027 (ABNT, 2003). É a enumeração das divisões do projeto na mesma ordem e grafia em que nele aparece. Deve ser localizado como último elemento pré-textual. A palavra sumário deve ser centralizada e em negrito e com a mesma tipologia da fonte utilizada para as seções primárias. A subordinação dos itens do sumário deve ser destacada pela apresentação tipográfica utilizada no texto. Os elementos pré-textuais do projeto não devem constar no sumário. A paginação deve ser apresentada sob uma das formas abaixo: • número da primeira página (exemplo: 18); • números das páginas inicial e final, separadas por hífen (exemplo: 19-27); 160 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Atividade I Leia com atenção o fragmento de texto abaixo e responda: Compreender o pensamento e as ações didáticas de alfabetizadores que realizaram sua formação inicial em cursos a distância e com uso de mídias interativas traz elucidações sobre a prática pedagógica de alfabetização que se configura no movimento de transformação por que passa a sociedade atual. Essa compreensão ilumina caminhos para a composição de processos de formação de alfabetizadores capazes de efetivar práticas didáticas mediadas pelas novas tecnologias e, até mesmo, oferecer indicativos para elaboração de ferramentas auxiliares ao processo de alfabetização que ocorre em função da prática escolar. A investigação que deu origem a este trabalho objetivou compreender relações entre a formação inicial de alfabetizadores em curso de nível superior, desenvolvida na modalidade a distância e com mídias interativas, e as ações de ensino com a inserção da informática nos processos de alfabetização e letramento realizadas por professores egressos desse curso. Para a consecução do objetivo da investigação, portanto, procurou-se responder à seguinte questão: que relações podem ser estabelecidas entre processos formativos de curso de nível superior desenvolvido com uso de mídias interativas na modalidade a distância e o uso de recursos da informática nas práticas didáticas de professores alfabetizadores egressos desse curso?(SALAMUNES,2009,p.88-9) 1) Qual a temática abordada no fragmento? 2) Com base no tema abordado no fragmento acima, formule um problema social e um problema educacional. Reflita!!! A pergunta o quê? Representa o que fazer ou que pretende descobrir, ou seja, constitui a formulação do problema. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 161 dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! Como formular o título e o tema-problema de pesquisa? Conforme a NBR 15287/11 da ABNT (2011) os elementos textuais devem ser constituídos de uma parte introdutória, na qual devem ser expostos o tema do projeto, o problema a ser abordado, a(s) hipótese(s), quando couber(em), bem como o(s) objetivo(s) a ser(em) atingido(s) e a(s) justificativa(s). É necessário que sejam indicados o referencial teórico que o embasa, a metodologia a ser utilizada, assim como os recursos e o cronograma necessários à sua consecução. O título do projeto de pesquisa deve ser sucinto e especificar de que se trata o recorte realizado sobre o tema escolhido, evitando ambigüidade de interpretação. Essa orientação aparece na NBR 15287/11 (2011). Na introdução, expomos o tema como um todo. A introdução deve responder a um O quê? Nela devem ser contextualizados o tema e o problema, incluindo informações sobre as hipóteses (quando for o caso) para a realização da pesquisa. Na introdução também podemos inserir a revisão de literatura, no caso em que se justifique, não devendo incluir as conclusões. A escolha do tema é o primeiro passo no planejamento de uma pesquisa. À primeira vista, aparentemente fácil, a escolha do tema é uma tarefa complexa que exige muita atenção do pesquisador, já que serão investigados elementos que compõem o problema analisado. Por isso devemos nos nortear por alguns parâmetros, como: definição precisa do tema; compreensão clara; familiaridade ou afinidade intelectual com o tema e existência ou não de informação sobre o tema escolhido (SÁ et al. 1994). Observamos que, na maioria dos casos, o aluno escolhe um tema amplo e genérico. Mas, é necessário encontrar dentro desse tema amplo, um assunto mais específico, ou a sua delimitação. Delimitar significa estabelecer limites, determinar a abrangência e extensão do assunto. A escolha do tema deve ainda satisfazer ao interesse e motivações do pesquisador. Após a escolha e delimitação do tema, iremos transformá-lo em problema de pesquisa. De acordo com (BUENO, 1996, p. 529) problema “é uma proposta para ser solucionada”. O problema é uma questão que envolve uma dificuldade teórica ou prática, para a qual se deve encontrar uma solução (CERVO; BERVIAN; DA SILVA, 2006). Porém, nem todo problema é passível de tratamento científico. Ele só será considerado científico, quando envolver variáveis que podem ser testáveis. Problemas que envolvem variáveis suscetíveis de observação ou de manipulação pela pesquisa. O problema pode ser formulado na forma de perguntas, de forma 162 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa clara, precisa e além de definir os termos é necessário que sua aplicação esteja delimitada e seja suscetível de solução, conforme dissemos. Ao formular perguntas sobre o tema, provoca-se sua problematização e isto irá orientar a condução da pesquisa. Exemplo 1: Suposição de Tema: Língua materna e redes sociais. Que fatores provocam o uso de abreviações de códigos escritos da língua materna pelos jovens nas redes sociais? (proposição de um problema). O problema científico deve ser empírico e não se referir a valores. Segundo Gil (2002, p. 28) seria muito difícil investigar se ‘filhos de camponeses são melhores que filhos de operários’, estes problemas envolvem julgamentos morais. Atividade II Agora que você estudou como elaborar um problema da pesquisa, analise se os problemas seguintes estão formulados, de acordo com as recomendações apresentadas anteriormente. 3. Como se comunicam os jovens nas redes sociais? 4. Quais as conseqüências do uso de códigos linguísticos não formais contemporâneos na sistematização da língua materna? 5. Como se comportam os professores de língua portuguesa na rede pública? dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 163 Atividade III Analise a charge abaixo e elabore o problema e ofereça uma possível solução. dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! Fonte: Jornal da Ciência nº 700, 21/10/2011. Disponível em:< http://www.jornaldaciencia.org.br/ charges.jsp>. Reflita!!! A hipótese é uma suposta resposta dada ao seu problema de investigação. E as hipóteses de uma pesquisa? Você sabia que “o vocábulo hipótese tem origem no grego ‘hypótesis’ e no latim ‘hypothese’ e significa suposição, conjectura, acontecimento incerto, eventualidade, caso” (SANTOS, 2001, p. 105). De acordo com Andrade (2006), a hipótese é uma solução provisória proposta para equacionar o problema formulado. 164 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Exemplo 2: Considere o seguinte problema: “Por que aumentou o número de palavras abreviadas que funcionam como um gênero textual nos diálogos das redes sociais?” A hipótese pode ser: “a língua escrita e falada por meio dos seus códigos é dinâmica e acompanha a mudanças sociais, adequando-se aos instrumentos de comunicação e de informação de cada época”. Suponha que após a realização da pesquisa, a hipótese tenha sido confirmada, então o problema foi solucionado porque a questão formulada pôde ser respondida. Entretanto, pode ser que a hipótese formulada não possa ser confirmada, não solucionando o problema. As hipóteses podem estar explícitas ou implícitas na pesquisa (GIL, 2002). A hipótese “sempre necessita ser confirmada ou rejeitada por meio de estudo sistemático” (SANTOS, 2001, p. 107). Não existem regras fixas na elaboração de hipóteses. Sua formulação exige habilidade, criatividade e conhecimento do tema estudado. Um mesmo problema pode apresentar várias hipóteses que são soluções possíveis para a sua resolução. Para Cervo, Bervian e Da Silva (2006), a hipótese não deve contradizer nenhuma verdade já aceita ou explicada; deve ser simples e deve ser sugerida e verificável pelos fatos. As hipóteses podem ser classificadas (SANTOS, 2001; GIL, 2002) em: • Casuística: afirma que pessoa, objeto ou fato tem determinada característica. • Frequência de acontecimentos: mostra antecipadamente determinadas característica ocorre com maior ou menor freqüência em determinado grupo, sociedade ou cultura. • Associação entre as variáveis (GIL, 2002): muitas hipóteses estabelecem a existência de associação entre variáveis1. São características observáveis do fenômeno a ser estudado e existem em todos os tipos de pesquisa. No entanto, enquanto nas pesquisas quantitativas elas são medidas, nas qualitativas elas são escritas ou explicadas (TRIVIÑOS, 1987). 1 Atividade IV Leia atenciosamente o resumo abaixo e tente, a partir dos resultados apresentados, formular: um titulo e os objetivos para o estudo realizado. Observe que o resumo tem conexão com o fragmento do texto da Atividade 1. A pesquisa aqui apresentada foi desenvolvida durante o Doutorado em Informática na Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na linha de pesquisa de Ambientes informatizados e ensino a distância. Teve como objetivo investigar relações entre o pensamento de alfabetizadores sobre o uso da Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 165 dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! informática no ensino da leitura e da escrita e suas ações didáticas na alfabetização infantil em escola pública. Entendendo-se que uma das condições para a superação de práticas tradicionais e antidemocráticas de alfabetização é a inserção responsável das tecnologias da informação e da comunicação no ensino da leitura e da escrita, procurou-se compreender, por meio de estudo de quatro casos, como pensam e agem didaticamente professores alfabetizadores formados em cursos em que o uso dessas tecnologias foi intensivo. A pesquisa está fundada nos conceitos de esquema e de tomada de consciência da epistemologia genética de Piaget, autor que reconhece o caráter biológico e histórico da construção do conhecimento humano. Apóia-se no entendimento de que conhecer é um processo mental ativo e construtivo de busca de solução de problemas, mediado pela incorporação de instrumentos, signos e símbolos culturais, cujo uso transforma a própria atividade de conhecer e o sujeito desta, pelo aprimoramento progressivo da atividade consciente. Os dados foram levantados em análise documental, observações e entrevistas filmadas, as quais seguiram os protocolos do método clínico-crítico. Os resultados indicam aspectos a serem considerados nos currículos de cursos de formação de alfabetizadores e na organização escolar dos anos iniciais do ensino fundamental para a reversão do analfabetismo funcional e digital. (SALAMUNES,2009,p.85) Como construir os objetivos e a justificativa nos projetos de pesquisa? Pense nisto!!! “O mundo abre caminho para homens e mulheres que sabem para onde estão indo” (EMERSON, 2008, p.10). Os objetivos são obrigatórios em qualquer tipo de pesquisa. Eles devem sintetizar o que se pretende alcançar com a pesquisa. Podem ser divididos em geral e específicos e devem ser claros, sucintos e diretos e estar coerentes com o problema e a justificativa. O objetivo geral é a síntese do que se pretende alcançar, oferecendo uma resposta ao problema, testando a veracidade da hipótese de trabalho. Os objetivos específicos ocupam-se dos detalhes e serão desdobramentos do objetivo geral. Geralmente os objetivos vêm expressos através de verbos no infinitivo. Se os objetivos forem muitos, 166 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa ou de alguma forma imprecisos, talvez não tenha sido bem definido o tema a ser investigado. Alguns dos verbos utilizados na elaboração dos objetivos, pois definem o tipo de estudo, são eles: analisar; avaliar; compreender; constatar; demonstrar; descrever; elaborar; estudar; examinar; explicar; caracterizar; monitorar; identificar; mensurar; verificar etc. A justificativa constitui uma parte fundamental do projeto de pesquisa. É nessa etapa que você convence o leitor de que seu estudo tem relevância e os fatores que determinaram a escolha do tem; como também, as motivações da pesquisa . É nesta etapa que você responde a um porquê. Refere-se aos motivos que impulsionaram você a pesquisar sobre determinado tema. Para tanto, ela deve abordar os seguintes elementos: a delimitação, a relevância e a viabilidade. Nesse texto o que vale é o seu poder de convencimento, portanto devem ser evitadas as citações e motivações que fujam a ordem acadêmica, aparecendo apenas quando for extremamente necessária. Deve ficar claro também quais as contribuições para o conhecimento advindas do seu estudo. Atividade V 1) Observe a charge abaixo, reflita e elabore um problema que possa ser investigado e, formule hipóteses que possam oferecer possíveis soluções para o problema levantado. 2) Se você fosse realmente elaborar um projeto de pesquisa para investigar esta temática, quais os objetivos propostos e qual a justificativa que daria credibilidade a investigação? dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! Disponível em: Jornal da Ciência nº 708, 2/3/2012. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 167 E a Revisão da Literatura? A revisão de literatura objetiva resumir, de forma clara, as várias ideias arroladas em estudos anteriores que serviram de base à investigação que está sendo realizada. Nesse momento, analisamos os trabalhos científicos mais recentes que tratam do assunto ou que dão embasamento teórico e metodológico para o desenvolvimento da pesquisa. Sugerimos que busquem artigos de periódicos e trabalhos publicados em eventos na área de estudo que associados as literaturas básicas fundamentarão a sua interpretação. É aqui também que são explicitados os principais conceitos e termos técnicos a serem utilizados na pesquisa. São sinônimas as expressões: ‘revisão bibliográfica’, ‘marco teórico’, ‘estado da arte’, entre outras. Elas demonstram que o pesquisador está atualizado nas últimas discussões no campo de conhecimento objeto de sua investigação (DINIZ; SILVA, 2008). Podemos afirmar que há uma tendência atual a limitar a revisão da literatura apenas às contribuições mais importantes diretamente ligadas ao tema, dando ênfase às mais recentes (SÁ et al. 1994). Atividade VI Procure, mediante consulta em material bibliográfico, selecionar um tema de pesquisa do seu interesse, conhecimento ou afinidade intelectual. Procure a partir daí, elaborar uma revisão de literatura sobre a temática em foco, utilizando o espaço abaixo para registro. dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! 168 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Procedimentos a serem seguidos na condução da pesquisa: metodologia Pense nisto!!! A palavra método é de origem grega e significa o conjunto de etapas e processos a serem vencidos ordenadamente na investigação dos fatos ou na procura da verdade (RUIZ, 2002, p. 137). Podemos afirmar que dentro dos elementos textuais de um projeto de pesquisa o maior destaque deve ser dado a metodologia ou material e métodos, pois representa o instrumental empregado e a descrição das técnicas adotada na investigação. A metodologia com seus métodos e técnicas deve ser escrita de maneira precisa e clara, possibilitando a repetição do experimento com a mesma precisão (SÁ et al., 1994), caso seja necessário a sua verificação por outros estudiosos. Proporciona suporte para o projeto de pesquisa, definindo o tipo de pesquisa que se pretende fazer e os pressupostos teórico-metodológicos que serão empregados e deve ser apresentada na ordem cronológica em que o estudo foi conduzido. Compreendemos que a descrição formal dos métodos e técnicas a serem utilizados na pesquisa, esclarece o tipo de pesquisa, definindo o caminho a ser percorrido, o método de abordagem e método de procedimentos; os instrumentos de coleta de dados, universo da pesquisa e a seleção da amostra. Na metodologia deve ficar claro Onde?, Quem? Deve ficar claro o local ou campo de observação; a população investigada com suas características ou, se for o caso, a delimitação da amostra e o modo como será feita sua seleção e as variáveis investigadas. As pesquisas que trabalharem com seres humanos devem elaborar um termo de consentimento livre e esclarecido, o modelo deve vir como apêndice ou anexo, preservando eticamente os participantes através do sigilo das informações confidenciais, participação voluntária e da desistência em participar do estudo em qualquer fase da pesquisa. Na metodologia devem ser descritos os procedimentos utilizados na pesquisa (Como? Com que?) para obtenção dos dados, a descrição das técnicas a serem usadas e os instrumentos de coleta de dados: questionários, formulários, roteiros de entrevistas, ficha de observação, registro fotográfico, etc. Os modelos de questionários, roteiros de entrevistas ou fichas de observação também devem vir como apêndices ao projeto, pois foram elaborados pelo pesquisador. Também deve evidenciar o tratamento dos resultados, ou seja, deve mostrar como será feita a tabulação, a análise e tratamento dos dados. Devemos, também, especificar os recursos técnicos e humanos que serão usados no desenvolvimento do estudo. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 169 Conforme dissemos, anteriormente, devemos explicitar também o período de tempo necessário para execução da pesquisa (Quando????). Para executar a pesquisa sem atropelos deve ser elaborado um cronograma onde serão descritas as atividades e será indicado o tempo gasto para a sua realização. As pesquisas onde serão liberados recursos para seu financiamento, devem elaborar um orçamento detalhado contendo os custos para a realização do estudo (Com Quanto????). Deve contemplar custos com material de consumo e permanente e, ser for o caso, custo com pessoal, incluindo despesas de deslocamento. Elementos Pós-textuais: referências, apêndices e anexos Entre os elementos pós-textuais, destacam-se segundo a NBR 15287 da ABNT (2011): as referências, os apêndices, os anexos e Índice. As referências devem seguir as orientações apresentadas na unidade 5, elaboradas conforme NBR 6023 da ABNT (2002). Apêndice: trata-se de um texto ou documento elaborado pelo autor do projeto( modelos de questionários, formulários, fichas de entrevistas, fichas de documentação da leitura, roteiros de observação, entre outros), para complementar sua argumentação, sem prejuízo da unidade nuclear do projeto. Elemento opcional, que é identificado por letras maiúsculas consecutivas, travessão e pelos respectivos títulos. Excepcionalmente, utilizam-se letras maiúsculas dobradas na identificação dos apêndices, quando esgotadas as letras do alfabeto. Exemplo 1: Apêndice2 Ver modelo descrito com DINIZ, C. R.; SILVA, I. B da. Metodologia Científica.Campina Grande; Natal: UEPB/UFRN-EDUEP,2008. 2 170 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Anexo: texto ou documento não elaborado pelo autor do projeto, que serve de fundamentação, comprovação e ilustração (documentos, imagens e outros não elaborados pelo pesquisador que auxiliam na compreensão da interpretação que aparece no corpo textual). Elemento opcional. O anexo é identificado por letras maiúsculas consecutivas, travessão e pelos respectivos títulos. Excepcionalmente, utilizam-se letras maiúsculas dobradas na identificação dos anexos, quando esgotadas as letras do alfabeto. Exemplo 2: Anexo3 3 Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 171 Idem nota 2. Leituras Recomendadas Recomendamos como leitura complementar a NBR 15287/2011 que estabelece os princípios gerais para apresentação de projetos de pesquisa. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15287: Informação e documentação — Projeto de pesquisa — Apresentação. Rio de Janeiro, 2011. Também são indicadas como leituras complementares as obras abaixo que esclarecem de forma objetiva a condução na elaboração de um projeto de pesquisa, explorando a formulação de problema e hipóteses. CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; DA SILVA, R. Fases da elaboração da pesquisa. In: ______. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson Pretice Hall, 2007, p. 83-89. DINIZ, C. R.; SILVA, I. B da. Metodologia Científica.Campina Grande; Natal: UEPB/UFRN-EDUEP,2008. GIL, A. C. Como encaminhar uma pesquisa. In: ______. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002, p. 17-22. ______. Como formular um problema de pesquisa. In: ______. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002, p. 23-29. ______. Como construir hipóteses?. In: ______. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002, p. 31-39. RUDIO, F. V. O projeto de pesquisa. In: ______. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 32. ed. Petrópolis: Vozes, 2004, p. 53-65. Além das leituras específicas em Metodologia indicamos uma literatura que possibilita a problematização do Ensino de Português e o uso das novas tecnologias, já que problematizamos isto em algumas atividades. SANTOS, L; SIMÕES, D. (Orgs.). Ensino de Português e Novas Tecnologias. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2009.160p. Coletânea de Textos apresentados no I SIMELP 2008. Disponível em: < http://www.dialogarts.uerj. br/arquivos/livro_simelp_1.pdf>. 172 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Revisando as discussões Nesta unidade, sistematizamos um processo que iniciamos na primeira unidade deste componente curricular com as orientações dos princípios básicos para a elaboração de um projeto de pesquisa, de forma simples, para que o estudante de nível universitário possa estar apto à sua elaboração. Iniciamos com a discussão da importância da elaboração de um projeto antes da execução de uma pesquisa, detalhando suas principais etapas: introdução com a definição do tema-problema; formulação das hipóteses. Ao longo desta unidade, foram apresentadas orientações detalhadas sobre os objetivos, a justificativa, revisão da literatura, metodologia, cronograma de atividades, referências, apêndices e anexos. A unidade foi ilustrada com exemplos e foram propostas atividades práticas para auxiliar o aluno no processo ensino e aprendizagem. Autoavaliação Com os conhecimentos adquiridos ao longo das unidades de Metodologia da Pesquisa, acreditamos que você está apto a utilizar corretamente os procedimentos técnico-metodológicos de elaboração de um planejamento de pesquisa. Então, escolha um tema e elabore um projeto de pesquisa. Utilize o espaço abaixo para exercitar e apresentar seu tema-problema; objetivos e hipóteses metodologia de sua pesquisa. Sugerimos que criem um espaço no ambiente online para socializarem seus projetos. dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 173 Concluindo a aula e a Disciplina As unidades possibilitaram o conhecimento da Metodologia da Pesquisa como um caminho para produção do conhecimento científico; neste caminho, abordamos nas primeiras unidades a dimensão epistemológica da ciência e sua dimensão metodológica de investigação com o estudo e sua redação (Metodologia Científica), fizemos isto para compreendermos o modo de pesquisar e produzir saber científico que a dimensão metodológica da pesquisa, objeto deste componente curricular. A nossa escolha metodológica envolve as três dimensões do início ao fim de nossas unidades de estudo. A redação das unidades, em alguns momentos, diferiu de outros textos de disciplinas já cursadas, devido à especificidade do conteúdo de Metodologia da Pesquisa, pois problematizamos as atividades já que tínhamos como objetivo contribuir com a iniciação científica do aluno de graduação. A comunicação escrita foi marcada pela impessoalidade, objetividade e uso de terminologias da linguagem científica, convidando-o a pesquisar termos e conceitos desconhecidos da linguagem informal. Nesse momento, nos despedimos esperando que o material possa contribuir com a sua formação acadêmica ao longo dos próximos semestres, mas não deixem de aprofundar suas leituras buscando a literatura clássica sobre Metodologia da Pesquisa em Letras. Demos nossa contribuição, agora você continua a caminhada ... Boa sorte!!!!! 174 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informação e documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002. ______. NBR 6027: Informação e documentação: sumário: apresentação. Rio de Janeiro, 2003. ______. NBR 15287: Informação e documentação: projeto de pesquisa; apresentação. Rio de Janeiro, 2011. BUENO, F. S. Minidicionário da língua portuguesa. São Paulo: FTD: LISA, 1996. CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; DA SILVA, R. Fases da elaboração da pesquisa. In: ______. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson Pretice Hall, 2007, p. 83-89. EMERSON, R. W. Para que servem as metas? Disponível em: <http:// www.codigolaranja.com.br/?p=504>. GIL, A. C. Como encaminhar uma pesquisa. In: ______. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002, p. 17-22. ______. Como formular um problema de pesquisa. In: ______. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002, p. 23-29. ______. Como construir hipóteses?. In: ______. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002, p. 31-39. SALAMUNES, N. L. C. A informática na formação e na prática de alfabetizadores. In: SANTOS, L; SIMÕES, D. (Orgs.). Ensino de Português e Novas Tecnologias. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2009, p.85-96. SANTOS, I. E. Hipóteses e variáveis. In: ______. Textos selecionados de métodos e técnicas de pesquisa científica. 3. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2001, p. 103-109. RUDIO, F. V. O projeto de pesquisa. In: ______. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 32. ed. Petrópolis: Vozes, 2004, p. 53-65. RUIZ, J. A. Método científico e legitimidade da indução. In: ______. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002, p. 137. SA, E. S. et al. Citação. In: ______. Manual de normalização de trabalhos técnicos científicos e culturais. Petrópolis: Vozes, 1994. p. 81-90. TRIVIÑOS, A. N. S. Métodos e Técnicas de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 1987. Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 175 176 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 177 178 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa