Painel 17. Assistência e caridade como estratégias de intervenção social: igreja, estado e comunidade (Península Ibérica, séc. XV-XX) Organização: Laurinda Abreu Determinantes, os contextos políticos e sociais explicam a construção cultural e a prevalência de uns modelos de caridade e assistência em detrimentos de outros. No denominado modelo europeu, estruturado nos valores do Cristianismo, coube aos estados modernos o papel principal na concepção de um sistema, que embora de raízes tardo-medievais, se centrava numa maior capacidade de intervenção dos poderes políticos no sentido de imporem as suas próprias regras de funcionamento. As explicações para o relativo sucesso da aplicação das políticas de saúde e assistência que então emergiram devem procurar-se no empenho das elites e do poder local, já que se sabe que foi no seio das comunidades que se encontrou a maioria das respostas aos sucessivos problemas sociais e de saúde pública criados pela transformação da economia e da sociedade que o Ocidente viveu ao longo do período moderno. Este novo sistema não ameaçou, todavia, o tradicional peso da Igreja no sector, tanto mais que, no contexto Tridentino, as suas competências saíram reforçadas, muito particularmente ao nível da assistência institucionalizada: um campo de actuação onde se dirimiriam os maiores conflitos entre as autoridades políticas e as autoridades religiosas, ainda que menos em termos de objectivos perseguidos – muitas vezes coincidentes no sentido da reforma moral e da utilidade social dos receptores – e mais nas formas utilizadas para os atingirem. Na complexidade dos jogos de poder e de influência que caracterizaram os governos da Europa Moderna, o controle dos mecanismos da assistência tornar-se-ia uma questão central, e não apenas por razões políticas. As exigências económicas e sociais, acompanhadas de novas ideologias que lhes davam forma, acabariam por determinar mudanças significativas nas estruturas de apoio social e nos sistemas de saúde pública. Na Europa Liberal, a beneficência iria sobrepor-se à caridade e as novas percepções dos conceitos de saúde e bem-estar, bem como as mudanças verificadas ao nível das expectativas sociais, constituíam o lastro do que viria a ser o EstadoProvidência. 1 Neste percurso Europeu não houve uma “especificidade Ibérica”. Encontram-se, sim, actuações adaptadas, ou resultantes, da idiossincrasia dos espaços políticos que as conceberam, pioneirismo em algumas decisões de âmbito social, distintas formas de gestão de determinadas instituições assistenciais. E, sobretudo, muitos pontos de contacto entre a realidade espanhola e a realidade portuguesa. Mais, e muito mais profundos do que comummente se afirma, conforme se tem vindo a constatar em encontros casuais e relativamente privados entre estudiosos destas matérias. A consciência da importância que a discussão científica entre historiadores dos dois países tem para um melhor conhecimento dos respectivos sistemas de caridade, assistência e beneficência, da forma como evoluíram e como interagiram, fundamenta a apresentação da sessão intitulada Assistência e caridade como estratégias de intervenção social: igreja, estado e comunidade (Península Ibérica, sécs. XV-XX) ao XXV Encontro da Associação Portuguesa de História Económica e Social, a realizar em Évora, nos dias 18 e 19 de Novembro, de 2005. O elevado número de investigadores interessados no tema, quer do lado espanhol quer do lado português, sendo aqui de destacar a presença de alunos que têm em preparação dissertações de mestrado e de doutoramento, leva-nos a propor a realização de uma sessão, continuada em duas outras. Desta forma, será possível apresentar um grupo eclético, não só em termos de formação e experiência, como também de interesses historiográficos dentro do vasto campo da caridade e da assistência, que genericamente cobrem os tópicos acima mencionados. A possibilidade de trabalharem em conjunto no contexto do Encontro da APHES representará uma mais valia científica para os que estudam estes temas. Sessão P17.1 Pedro Carasa Soto – Universidad de Valladolid Iglesia y Estado en la gestión de la salud pública en España. 1750-1950 Montserrat Carbonell-Esteller – Universitat Autònoma de Barcelona "Las transformaciones de la asistencia pública y las redes de sostenibilidad social. Barcelona, siglos XVIII-XIX" Marta Lobo Araújo – Universidade do Minho Os recolhimentos femininos de Braga da Época Moderna Maria de Fátima Reis – Universidade de Lisboa 2 Condição feminina e solidariedade social: «recolhidas» e «visitadas» da Misericórdia de Lisboa em meados do século XVIII Elisabete de Jesus - Mestranda da Universidade do Porto Assistência e honra - actuação municipal face às “desamparadas” do Porto no Antigo Regime Sessão P17.2 Miguel Luis López-Guadalupe Muñoz- Universidad de Granada Sanidad doméstica, solidaridad corporativa: las cofradías ante la enfermedad en la España Moderna Isabel Moll – Universidad de Baleares Hospitales y hospicios en Mallorca en el siglo XVIII. Naturaleza, gestión y patrimonio Joana Leandro Pinheiro de Almeida Troni - Mestranda da Universidade de Lisboa D. Catarina de Bragança e a assistência às populações: esmolas e caridade (1705) Alexandra Esteves – Doutoranda da Universidade do Minho O Estado, a Igreja e os particulares no auxílio aos presos pobres da cadeia de Ponte de Lima no século XIX Marie Costa - Université de Saint- Etienne, França; Institut d'Història Jaume Vicens i vives, Universitat Pompeu Fabra de Barcelona - Asistencia y moralidad femenina a finales del siglo XVIII: la heterogeneidad de las admisiones femeninas en el “Real Hospicio y Refugio” de Barcelona. Sessão P17.2.1. Teresa Huguet Termes – Universitat Autònoma de Barcelona Dos culturas de intervención asistencial en la Edad Moderna: el 'Hospital General' de Madrid y el 'Hospital General de Santa Creu' de Barcelona Maria Paula Marçal Lourenço - Universidade de Lisboa As instituições de assistência das Casas da Família Real: a "misericórdia" e a "graça" régia Rute Pardal – Doutoranda da Universidade de Évora A actividade esmolar do cabido de Évora no século XVIII no contexto assistencial do sul da Europa Ana Cristina Balbina – Mestranda da Universidade de Lisboa A Câmara Municipal de Faro e a assistência aos pobres: petições e distribuições de esmolas (1794) 3 Laurinda Abreu – Universidade de Évora Repressão e controle da mendicidade no Portugal Moderno Resumos das Comunicações Pedro Carasa Soto Universidad de Valladolid Iglesia y Estado en la gestión de la salud pública en España. 1750-1950 La evolución teórica de la gestión del sistema de salud pública en España: de la caridad a la filantropía, de la filantropía a la beneficencia, de la beneficencia a la asistencia social y de la asistencia social al bienestar. El papel de la sacralización, la fundación particular, y la cosmovisión religiosa en el mundo de la salud y la asistencia del mundo tardofeudal. La tradicional vinculación histórica de estos servicios con la pobreza y la caridad El largo proceso que va de la Iglesia al Estado. Las importancia decimonónica de las etapas intermedias antes de llegar al encargo sanitario y asistencial transferido al Estado. Las oligarquías comerciales de las ciudades renacentistas españolas. Las parroquias y las juntas parroquiales en el reformismo ilustrado. El significado municipal gaditano. Las Juntas de beneficencia y las burguesías locales El protectorado del Estado restaurador sobre la Beneficencia Los problemas y conflictos generados entre la Iglesia y los Ayuntamientos en los momentos de transferencia de competencias en el s.XIX La desamortización como un instrumento que propició la municipalización de los servicios La rehabilitación de la Iglesia como un instrumento para recortar las atribuciones civiles y municipales El problema de la beneficencia y la cuestión social Los debates sobre las titularidad del sistema de salud pública en el s.XX La resistencia de la cultura de la pobreza, la caridad y la limosna Las radicales diferencias de concepto existentes entre el Estado y las burguesías locales como gestores de los servicios públicos La revalorización del papel civil y público del Estado en los debates de la cuestión social y el reformismo español en el primer tercio del XX En los albores de la titularidad pública del Estado del Bienestar durante la II República El monopolio autoritario y de propaganda política de la titularidad pública del Estado fascista: la revolución nacional-asistencial La evolución práctica e institucional: desde la sacralización de la enfermedad a la gestión estatal y pública de un sistema de salud La sacralización medieval de la sanidad y la caridad Los primeros movimientos de secularización incorporados por el Humanismo renacentista El Caso de Centroeuropa Su influencia en España L a vuelta a la privatización sacralizada durante la religiosidad contrarreformista del barroco español: obras pías y fundaciones La recuperación racionalizadora de la reforma ilustrada, 1760-1800 4 La iniciativa gaditana da entrada a los ayuntamientos 1810-12 La ofensiva municipalizadora del Liberalismo radical, 1822-44 El repliegue privatizador y recuperación de la gestión eclesiástica de los moderados, 1844-68 La nueva ofensiva de la iniciativa estatal frente a la Iglesia durante el Sexenio Democrático, 1868-74 La recuperación de la iniciativa eclesiástica y el protectorado del Estado durante la Restauración 1876-1900 La legitimidad de la iniciativa pública tras el reformismo social En el largo camino del protagonismo estatal del Estado del Bienestar La paradoja española: llegamos al sistema de salud pública cuando el Estado del Bienestar entra en crisis Isabel Moll Universidad de Baleares Hospitales y hospicios en Mallorca en el siglo XVIII. Naturaleza, gestión y patrimonio. Descripción de la red hospitalaria en Mallorca de 1768 a 1810, con especial atención a los temas siguientes: 1.- Localización: fijar en el espacio la red de instituciones, relacionarlas con la población potencialmente susceptible de utilizar sus servicios y ver su evolución a lo largo del período citado. 2.- Su tipología, en función de quien tenía la responsabilidad de su gestión 3.- Análisis de sus rentas y de su patrimonio 4.- Todo ello en el contexto de cambios en el modelo de gestión sanitaria que empieza a desarrollar el Estado borbónico durante estos 50 años. Por otra parte el interés del estudio radica en la posibilidad de conocer la situación de las infraestructuras sanitarias con anterioridad a las reformas liberales Miguel Luis López-Guadalupe Muñoz Universidad de Granada Sanidad doméstica, solidaridad corporativa: las cofradías ante la enfermedad en la España Moderna Durante la época moderna florecieron en España multitud de cofradías y hermandades con advocaciones diversas, pero con un mismo sentido asociativo: promover la sociabilidad entre seglares con fines religiosos y mutuales. Este segundo aspecto ha sido menos abordado por la historiografía. Sin embargo, el mutualismo, transido de un espíritu de caridad tanto como del concepto medieval de pacto o contrato, fue esencial en la vida de las cofradías. Con el tiempo, sus prácticas asistenciales se depuraron en la atención del hermano en el momento de su muerte, pero siempre hubo hermandades que atendieron también los casos de enfermedad o discapacidad laboral. Son mecanismo de defensa que emanan de sociedades tradicionales y con precarias economías. Por eso, también esas prácticas asistenciales traducen las ideas esenciales de corporativismo, e incluso privilegio, propias de la sociedad estamental. Pero en cualquier caso, las cofradías, de forma subsidiaria a la Iglesia, llegaron a campos donde no alcanzaba la mano del Estado. Desarrollaron un concepto de caridad poco teórico y muy pragmático, como corresponde a los fenómenos de la religiosidad popular. Aquella sanidad estaba muy atomizada, muy alejada de los criterios de 5 racionalidad que imperan desde la Ilustración hasta hoy, pero no por ello debió ser menos efectiva. Maria de Fátima Reis Universidade de Lisboa Condição feminina e solidariedade social: «recolhidas» e «visitadas» da Misericórdia de Lisboa em meados do século XVIII A historiografia recente tem destacado que do privilégio concedido à honra e virtude feminina na época moderna, dimanam os mecanismos assistenciais de salvaguarda da reputação e a própria primazia dada à mulher nas práticas de caridade. É nesta linha de pensamento que se situam os estudos que temos empreendido para a cidade de Lisboa. Conhecida a acção relevante das Misericórdias nessa matéria, propõese analisar neste trabalho as estratégias desenvolvidas pela Santa Casa de Lisboa, conducentes à preservação da ordem moral. Seja na assistência realizada no âmbito do Recolhimento das Donzelas Órfãs ou na beneficência prestada no domicílio, é notória a visibilidade da Misericórdia na manutenção do recato então exigido à mulher. O provimento instituído de mulheres «pobres» - «recolhidas» e «visitadas» - testemunha uma actuação sustentada da Misericórdia no respeitante ao benefício das mulheres nas obras de misericórdia da irmandade, mormente nas sucessivas etapas da vida. Marta Lobo Araújo Universidade do Minho Os recolhimentos femininos de Braga da Época Moderna. Com a Reforma da Igreja Católica acentuaram-se as preocupações com a moral feminina e muitas mulheres foram encaminhadas para conventos e para recolhimentos, a fim de preservarem as suas virtudes. Neste trabalho estudamos os recolhimentos femininos de Braga na Época Moderna, destacando os que se destinavam a mulheres honradas dos que albergavam mulheres "perdidas". Criados por arcebispos ou por particulares, os recolhimentos desempenharam um papel de relevo na preservação da honra feminina, preparando as mulheres para o casamento, ou simplesmente tentando restaurar a honra perdida. Alexandra Esteves Universidade do Minho O Estado, a Igreja e os particulares no auxílio aos presos pobres da cadeia de Ponte de Lima no século XIX. A nossa comunicação incide sobre o auxílio prestado pelo Estado, pela Misericórdia de Ponte de Lima, Confrarias e particulares aos presos pobres da cadeia de Ponte de Lima, no século XIX. Pretendemos mostrar de que forma estas entidades contribuíram para minorar a pobreza daqueles que, sem meios, tinham que garantir a sua subsistência no seio do espaço prisional, bem como a ajuda concedida no domínio social, espiritual, judicial, na doença e na morte. 6 Elisabete de Jesus Universidade do Porto. Assistência e honra - actuação municipal face às “desamparadas” do Porto no Antigo Regime Desde os tempos primo-modernos que várias entidades, “públicas ” e privadas, do espaço concelhio se incumbiram da assistência aos mais desfavorecidos. Se, por um lado, as Misericórdias assumiram o protagonismo dessa acção, por outro, há que atender ao papel activo de outras instituições, nomeadamente de cariz associativo-religioso, fossem confrarias de ofícios ou confrarias espirituais, fossem comunidades religiosas ou similares, como os recolhimentos. Com todas elas, o poder municipal procurou manter, de um modo geral, uma atitude cooperante, materializada, por exemplo, na pontual concessão de esmolas, como forma de reconhecimento da sua intervenção espiritual, cultural e social. Todavia, às câmaras também estava reservada uma acção assistencial. O crescimento urbano, a partir do século XVI, agudizava as probabilidades de ocorrência de situações desviantes, responsáveis pelo aumento do número de enjeitados, expostos, doentes, prostitutas e mendigos. Desta feita, agindo isolada ou em parceria com as demais instituições, os órgãos municipais procuravam antecipar-se às pestes e carestias, provendo o abastecimento, os meios de higiene e de ordem públicas. O município do Porto é um bom exemplo de tudo isto, pautando-se, contudo, por um original modus operandi. Desde os inícios do século XVII, que os arrematantes do imposto das sisas contribuíam “voluntariamente” com esmolas ou alças , destinadas a obras pias. Tratavam-se de verbas suplementares às rendas e, embora tivessem um carácter facultativo, tornaram-se determinantes no momento da adjudicação da renda. Este tributo da caridade distribuíase, depois, pelo resgate de cativos, criação de expostos, auxílio de mosteiros pobres e, o que parece constituir uma novidade senão mesmo uma especificidade desta urbe, pela assistência de mulheres desamparadas, vivendo ou não apartadas do mundo. Em ambos os casos, as ajudas monetárias seriam atribuídas anualmente e a título individual, mediante deferimento régio, até à mudança de estado (opção pelo casamento ou pela vida religiosa) ou à chegada da morte. Estas actuações locais compreendem-se no âmbito de uma concepção mais ampla e genérica: o enquadramento social é simultaneamente sinónimo de identificação social e arma de combate à marginalização, destino inevitável daquelas que não conseguiam garantir os meios de manutenção de uma vida honrada. Por conseguinte, este estudo pretenderá analisar, na longa duração, e partindo da edilidade como ponto de observação, os seguintes aspectos: a)- público(s)- alvo das esmolas concedidas pelo município: comunidades e/ou indivíduos; b)- variações dos critérios de atribuição das esmolas; c)- tipologias da pobreza, mormente feminina; d)- condições sociais femininas; Montserrat Carbonell-Esteller Universitat Autònoma de Barcelona "Las transformaciones de la asistencia pública y las redes de sostenibilidad social. Barcelona, siglos XVIII-XIX". El objetivo de esta comunicación es mostrar como las transformaciones demográficas, económicas y sociales que vivió la ciudad de Barcelona entre finales del siglo XVIII y primera mitad del siglo XIX fue acompañada de importantes cambios 7 políticos e institucionales, concretamente en materia de asistencia y de aplicación de políticas públicas de carácter social. La construcción del Estado constitucional supuso la adopción de un proyecto liberal de asistencia y de una política social determinada, refrendada por las nuevas leyes de Beneficencia de los años 1822, 1849 y 1852. Las políticas públicas del nuevo Estado en materia de socorro a los enfermos y de ayuda a los necesitados se mostraron incapaces de asumir las demandas crecientes de una ciudad que se había convertido en un importante polo de inmigración y que iniciaba la transición demográfica. Esta situación explica que a mediados del siglo XIX aparezcan una multitud de asociaciones, entidades de previsión, de ayuda mutua, cajas de socorro, montepíos, cajas de ahorro, montes de piedad, casas cuna, etc. En definitiva, instituciones representativas de lo que se ha denominado economía social y que constituían las organizaciones intermedias y las redes informales de sustento de las familias obreras y menestrales de Barcelona, en un periodo donde el raquitismo de la asistencia pública ponía en evidencia que la 'cuestión social' comenzaba a ser un aspecto clave para a la continuidad del proyecto económico liberal. Teresa Huguet Termes Universitat Autònoma de Barcelona Dos culturas de intervención asistencial en la Edad Moderna: el 'Hospital General' de Madrid y el 'Hospital General de Santa Creu' de Barcelona. El objetivo de la presente comunicación es acometer el estudio comparativo de dos modelos de intervención asistencial en la Península Ibérica en la Edad Moderna (ss. XVI-XVIII). Estos dos modelos corresponden al Hospital General de Madrid (1589) , por un lado, y al Hospital General de Santa Creu por otro. El primero está íntimamente relacionado con la utilización de la institución asistencial como herramienta de poder simbólico por parte de la dinastía de los Habsburgo en su nueva capital desde 1561, capital del mayor imperio católico que ha conocido la historia, mientras que el Hospital General de Santa Creu (1401) responde a los intereses políticos y económicos de una élite dirigente urbana en proceso de construcción como clase. La exposición pretende centrarse en el estudio de la utilización de ambas instituciones por parte de las clases dirigentes, en el marco de sus programas benéfico-asistenciales y sanitarios; y al tiempo comprender en qué medida el hospital podía estar o no respondiendo a las necesidades de los asistidos. Un punto de especial reflexión será el estudio de los dos hospitales como espacio de medicalización; una vía interesante para acercarnos a la pregunta principal: ¿Cual fue la significación de los dos modelos de intervención en el marco de la comunidad y la cultura en que se desarrollaron? Si bien se cuenta con rigurosos estudios de instituciones contemporáneas de otras instituciones de la Corona de Aragón, Castilla, Portugal, Valencia, Italia y Francia, el análisis comparativo de los dos casos planteados puede, por un lado, aportar más datos a los conocimientos hasta ahora existentes en torno al demasiado generalizado modelo católico de asistencia en la Europa Moderna y concretamente en los países del área mediterránea; por otro podrá introducir elementos de reflexión sobre los que se hará necesario profundizar en el futuro. Ana Cristina Balbina Universidade de Lisboa 8 A Câmara Municipal de Faro e a assistência aos pobres: petições e distribuições de esmolas (1794) Com o presente estudo pretendemos traçar o perfil dos pobres acreditados por este órgão do poder local, identificar quem determina os critérios desta selecção assistencial, detectar as tipologias das petições e distribuições das esmolas, bem como as flutuações temporais das mesmas. Finalmente, pretende-se aferir a origem das condições materiais de suporte da prática caritativa promovida pela Câmara Municipal de Faro no ano específico de 1794. Joana Leandro Pinheiro de Almeida Troni Universidade de Lisboa D. Catarina de Bragança e a assistência às populações: esmolas e caridade (1705) Propomo-nos com esta comunicação estudar as práticas de piedade e de caridade desenvolvidas por D. Catarina de Bragança, ponderando o seu impacto no âmbito alargado da assistência social na sociedade portuguesa de setecentos. Numa primeira etapa, importa destacar o campo de intervenção privilegiado pela acção da rainha-viúva, focando, de modo particular, as esmolas por si concedidas. De que forma D. Catarina contribuiu para a construção de uma sociabilidade pautada pelo ideal de piedade é um dos aspectos que iremos abordar. Maria Paula Marçal Lourenço Universidade de Lisboa As instituições de assistência das Casas da Família Real: a "misericórdia" e a "graça" régia Apesar da prolífera produção historiográfica, nas últimas décadas, sobre a assistência em Portugal na Época Moderna, falta um levantamento sistemático e exaustivo das irmandades, confrarias e misericórdias das Casas da Família Real. Daí que o propósito desta comunicação seja, fundamentalmente, elaborar uma primeira sinopse descritiva sobre esta matéria, acompanhada do traçado cartográfico das múltiplas instituições de assistência de duas das principais Casas da Família Real: a Casa das Rainhas e a Casa do Infantado. Não esquecendo, obviamente, "a misericórdia", "a graça" e o patrocinato concedidos pelas rainhas e infantes às instituições religiosas e de assistência pertencentes aos seus domínios senhoriais Rute Pardal Universidade de Évora No texto a apresentar tentaremos reconstruir a actividade esmolar do cabido da cidade de Évora, no século XVIII, contextualizando esta actuação no panorama mais vasto que constituíram os moldes assistenciais da Europa do sul. Objectivo que prosseguimos através da “geografia” urbana e social da pobreza assistida pelo cabido, recuperando, desta forma os alvos preferenciais desta actividade caritativa, procurando-os nos registos das instituições formais que prestavam auxílio à população e inserindo-os, 9 sempre que pudermos, na rede assistencial da cidade, tentando estabelecer elos de ligação entre a mesma, a realidade portuguesa e a Europa católica. Paralelamente estabeleceremos a tipologia das esmolas concedidas, relacionando o seu valor simbólico com as efectivas necessidades que procuravam satisfazer. Asistencia y moralidad femenina a finales del siglo XVIII: la heterogeneidad de las admisiones femeninas en el “Real Hospicio y Refugio” de Barcelona. Marie Costa (Université Jean-Monnet, Saint-Etienne, Francia; Institut d’Història Vicens i Vives, Universitat Pompeu Fabra de Barcelona) En una carta de admisión de Barcelona escrita en junio de 17911, se especificaba los motivos por los cuales los miembros de la Real Casa y Hospicio de Barcelona debían admitir a la mujer de Andrés Tromperes. Dado que los médicos del Hospital de la Santa Creu descartaron la locura de dicha mujer, decidieron sacarla del establecimiento. Sin embargo, al cabo de poco tiempo, el trastorno mental de la mujer era tan agudo como los disparates que contaba que fue menester encerrarla en el departamento de las fatuas del “Real Hospicio y Refugio de Barcelona”: “allándose su mujer con una frenasia (…) dice que tienen de desterrar a su marido, otras veces dice que lo tienen de ahorcar, otras que están descomulgados y que los tienen que quemar (…) se le va de la casa y está días y noches sin saber donde para y cómo por allarle pierde el jornal y siempre está con temor que no se precipite en algún pozo o en otros parajes”2. Aunque aquí no se trate de un traslado de una institución a otra, existían varios casos de traslado entre el Hospital de la Santa Creu y el Hospicio de Barcelona que ponían de manifiesto la importante red de asistencia que existía en Barcelona. Si en teoría los requisitos de admisión apuntalaban exclusivamente a la caridad, la realidad fue muy otra. Los supuestos trastornos mentales o la conducta inmoral plasmados en las cartas de admisión fueron un referente constante en la reclusión femenina. A parte de ofrecer datos sobre la moralidad femenina catalana, los expedientes de entrada demuestran la heterogeneidad del hospicio de Barcelona y dejan entrever las relaciones entre los miembros del hospicio, los solicitantes, los miembros de otras instituciones catalanes (Hospital de la Santa Cruz), los párrocos, los médicos y los miembros del Tribunal Eclesiástico (sobre todo en los casos de divorcio). La particularidad de dicho establecimiento residía entonces en su abanico funcional; representaba un presidio para las mujeres asociales e inmorales, un hospital para las impedidas, fatuas o dementes, un centro de beneficencia para los más necesitados (Casa de Misericordia) incluyendo a los niños, una escuela destinada al aprendizaje textil, un refugio para las “divorciadas”, un centro dedicado a la preservación del honor femenino, etc. Si bien los expedientes de entrada (redactados entre 1787 y 1802) del Archivo Histórico de la Casa de Misericordia de Barcelona representan la fuente principal de este proyecto, también es cierto que la consulta de documentos procedentes del Archivo Histórico del Hospital de la Santa Cruz (cartas de ingresos) y del Archivo Diocesano de Barcelona (expedientes y procesos del siglo XVIII) ayudarán a entender la condición femenina en la Cataluña del siglo XVIII, la red asistencial y la complejidad del hospicio. A partir de estas fuentes, intentaremos explicar, en primer lugar, en qué medida y porqué el hospicio de Barcelona aglutinaba a personas tan eclécticas si existían otras instituciones 1 AHCMB (Archivo Histórico de la Casa de Misericordia de Barcelona). Entrades 1787-1802. Secció III, sèrie Asil, subsèrie entrades d’asilades. 2 AHCMB, Entrades 1790-1791. Expediente nº 56, 24 de junio de 1791. 10 especializadas para acoger, por ejemplo, a mujeres de “mala vida”. En segundo lugar, qué tipo de relaciones mantenían l os miembros del hospicio, los de las demás instituciones en Barcelona (Hospital de la Santa Cruz, etc.) y la comunidad. Por fin, a qué departamentos del hospicio destinaban las mujeres, con qué objetivo, y en qué medida se puede hablar de una “asistencia moral” en Barcelona. Laurinda Abreu Universidade de Évora Repressão e controle da mendicidade no Portugal Moderno A relativa tolerância da sociedade e do poder político para com os pedintes, mendigos e vadios é um dos mitos da historiografia sobre a assistência em Portugal que a documentação não confirma. Muito pelo contrário, um estudo de longa duração revela uma tradição de medidas de exclusão e de repressão pelo trabalho na melhor tradição europeia, precedendo, nalguns casos, a legislação inglesa, conhecida como pioneira no combate à mendicidade e à vadiagem. Este é, basicamente, o tópico que nos propomos desenvolver no texto a apresentar. A intervenção do Estado Moderno na implementação destas políticas, a sua eficácia, os usos sociais dos meios de caridade e assistência como forma de contornar as leis em causa, serão as questões em análise, num trabalho que cruzará a legislação régia com alguma documentação produzida por instituições e entidades caritativas e assistenciais. 11