X Encontro Nacional de Educação Matemática
Educação Matemática, Cultura e Diversidade
Salvador – BA, 7 a 9 de Julho de 2010
QUATRO DÉCADAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA
Márcia Nunes dos Santos
Universidade Federal de Ouro Preto
[email protected]
Marger da Conceição Ventura Viana
Universidade Federal de Ouro Preto
[email protected]
Resumo: Este artigo provém de uma investigação sobre a formação de professores de
Matemática da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Foi realizado um resgate da
história do Departamento de Matemática contribuindo para a escrita da História da
Educação Matemática na UFOP, inserido, portanto, na História da Educação Matemática.
Nessa perspectiva tentou-se dar resposta à pergunta: como se deu na história, o processo de
formação de professores de Matemática no Departamento de Matemática da UFOP? Os
dados revelaram que a primeira incursão na formação aconteceu em 1969, já na criação do
Departamento com o oferecimento de disciplinas isoladas pelos catedráticos. Os registros
localizados mostraram que a primeira proposta de processo regular de formação
continuada se deu em 1983, com o Projeto Matemática no 1º Grau e a segunda, o Curso de
Especialização em Matemática, em 1992. O Curso de Licenciatura em Matemática,
formação inicial, somente teve início em 1998, e o Mestrado Profissional em Educação
Matemática uma década depois. A metodologia utilizada nesta investigação foi a História
Oral (realizadas 10 entrevistas semi-estruturadas), embora também tenha sido utilizada um
pouco de pesquisa documental.
Palavras-chave: Departamento de Matemática; Formação de Professores de Matemática;
História Oral.
INTRODUÇÃO
Este artigo é proveniente de uma pesquisa que visou resgatar a história da formação
de professores feita pelo Departamento de Matemática (DEMAT) da Universidade Federal
de Ouro Preto (UFOP) que completara quarenta anos de existência. Resgatou-se, também,
as idéias, necessidades e lutas que motivaram, principalmente, a criação do Curso de
Licenciatura em Matemática que acabara de comemorar uma década de existência e a
implementação do Mestrado Profissional em Educação Matemática.
A ideia de desenvolver essa pesquisa surgiu também da necessidade de recuperar
partes da história do Departamento de Matemática da UFOP desde a sua criação, pois
funcionou inicialmente na Escola de Minas, e a história da Escola de Minas já é contada
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em FILHO et al (1976), assim como a história das Repúblicas de Ouro Preto, publicada
recentemente por Luis Otávio Machado.
Neste contexto, a história que ora contamos estava ausente.
Pelo exposto, essa investigação buscou dar resposta à pergunta: como se deu na
história, o processo de formação de professores de Matemática no Departamento de
Matemática da UFOP?
Assim, o objetivo foi investigar o desenvolvimento da história do Departamento de
Matemática da Universidade Federal de Ouro Preto no processo de formação de
professores desde a sua criação, seja por meio de programas de formação inicial ou de
formação continuada.
METODOLOGIA
Devido à complexidade em localizar documentos referentes a criação e
implementação dos cursos oferecidos pelo DEMAT, entre outros fatos que possibilitassem
a escrita da sua história, a metodologia utilizada nessa pesquisa passou por uma alteração,
de pesquisa documental para pesquisa em História Oral. Ainda que, tenha sido utilizada
um pouco de pesquisa documental.
Leituras sobre História Oral foram realizadas e pode concluir que de fato essa seria a
escolha ideal, de acordo com o que se propôs desenvolver. Além disso, “a História Oral é
um recurso moderno para a elaboração de documentos, arquivamento e estudos referentes
à vida social de pessoas, sendo sempre uma história do tempo presente e também
conhecida como história viva” (GARNICA, 2003, p. 12).
Por ser um método privilegiado de investigação que preserva as características da
linguagem falada nas entrevistas, foram elaborados como instrumentos de pesquisa dez
entrevistas semi-estruturadas, com roteiros abertos e flexíveis, concedidas por professores
e funcionários que fizeram ou fazem parte do Departamento de Matemática. Essas pessoas
foram escolhidas devido às suas relevantes contribuições para a criação e implementação
dos cursos de formação de professores ao longo desses quarenta anos de existência do
Departamento.
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DESENVOLVIMENTO
Assim como a história da Universidade Federal de Ouro Preto, a narrativa do
Departamento de Matemática da UFOP se inicia a partir da Reforma Universitária de 1968,
isto é, trata-se de uma história que também existe há quatro décadas.
A criação desse Departamento só aconteceu porque essa Reforma previa a
departamentalização das Universidades, substituindo a cátedra, e estabelecendo a
profissionalização do professor, através da dedicação exclusiva (SALUM, 2004).
Com essa Reforma criou-se a Universidade Federal de Ouro Preto, com a junção das
escolas centenárias: Escola de Minas de Ouro Preto e Escola de Farmácia que já existiam
em Ouro Preto, mas funcionavam de maneira isolada.
Naquela época, os professores não tinham formação específica em Matemática, como
confirmou a primeira secretária do DEMAT Haydé Celestino Belloni, em sua entrevista :
“O pessoal formava e ia dar aulas na Escola de Minas, a maioria dos professores [de
Matemática] eram ex-alunos da Escola de Minas, porque a idéia era colocar no
Departamento apenas ex-alunos” (SANTOS, 2009).
O objetivo inicial do Departamento era atender aos cursos de engenharia da Escola de
Minas que possuem em seu currículo muitas disciplinas da área de Matemática. Mesmo
assim, antigos catedráticos como os doutores Altamiro Tibiriçá Dias, Antônio Moreira
Calaes e Nicodemus de Macedo Filho, foram estudiosos da Matemática e preocupados
com o conhecimento matemático dos demais docentes do Departamento. Esses
catedráticos iniciaram o processo de formação de professores dentro da própria Escola de
Minas, ministrando disciplinas isoladas aos demais docentes, pois a maioria deles eram
engenheiros e não matemáticos.
No ano de 1982 foi criado o Instituto de Ciências Exatas e Biológicas (ICEB) da
UFOP, e no mesmo ano o Departamento de Matemática foi transferido para esse Instituto.
Em 1983, o então diretor do ICEB professor Jaime Mendes Pereira Pinto, que
também era professor do DEMAT, teve aprovado o projeto de extensão: Aperfeiçoamento
de Metodologias de Ensino e de Capacitação de Professores nas áreas de Ciências e
Matemática, proposto, aprovado e financiado pela Secretaria de Ensino Superior do MEC
(SESu/MEC).
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Este projeto estava incluído no Programa de Integração da Universidade com o
Ensino 1º Grau, da SESu/MEC e abrangia as áreas de Ciências (Física, Química e
Biologia) e Matemática. A área de Matemática indicou a professora Marger da Conceição
Ventura Viana para coordená-la.
No mesmo ano, em um Seminário para professores, realizado pelo citado projeto, a
defasagem de conhecimentos matemáticos dos alunos que chegavam à 5ª Série foi
apontada pelos professores de Matemática. Os professores se queixavam de que os alunos
não dominavam nem as quatro operações. A partir dessa constatação, criou-se o Projeto
Matemática no 1º Grau que ofereceu formação continuada a professores da Educação
Básica por mais de uma década.
Implantado pela professora Marger, esse Projeto permaneceu sob sua coordenação de
1983 a janeiro de 1993, deixando-a para ser Coordenadora Acadêmica da Diretoria de
Ensino da UFOP, hoje Pró-Reitoria de Graduação. Com a sua saída, a coordenação do
Projeto passou para o professor Renato Machado Aquino que ficou até o final do mesmo
ano, 1993. Do início de 1994 até dezembro de 1994, a coordenação ficou com o professor
Dimas Belarmino de Souza (já falecido). O professor Frederico da Silva Reis assumiu a
coordenação em janeiro de 1995 e ficou até dezembro de 1996.
Com a saída do professor Frederico, o Projeto ficou sob a responsabilidade de dois
professores substitutos. Primeiro da professora Flávia de tal e a seguir com o professor
José Geraldo de Lima. No ano de 1999 o Projeto teve sua última coordenadora, a
professora Roseli de Alvarenga Corrêa, e foi finalizado.
Com isso a professora Roseli criou o Projeto Matemática na Escola e posteriormente
o Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Educação Matemática (NIEPEM), que
têm proporcionado oficinas de formação continuada a professores de Matemática e
atendido a alunos do Curso de Licenciatura em Matemática, principalmente no que se
refere à Prática de Ensino.
Quanto ao Projeto Matemática no 1º Grau, este possibilitava aos alunos construir
seus próprios conceitos, desenvolver sua capacidade e habilidade de resolver problemas e
também sua criatividade, de acordo com a proposta educativa adotada, denominada
Atividades Matemáticas que Educam (AME) de autoria dos então professores da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Reginaldo Naves de Souza Lima e Maria
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do Carmo Vila que cederam todo o material e forneceram assessoria pedagógica gratuita à
coordenação, professores e monitores.
Mesmo com a expansão da UFOP e com o bom desenvolvimento que teve o Projeto
Matemática no 1º Grau, propostas de criação de novos projetos e de cursos para formação
continuada de professores de Matemática ainda eram muitas vezes impedidas de acontecer
por resistência de alguns professores do próprio Departamento que não compreendiam o
alcance da Educação Matemática.
Isso é verdade, pois somente houve consolidação de uma proposta para o
oferecimento de curso regular pelo Departamento em 1992. Este curso foi o de
Especialização em Matemática, confirmado a seguir:
Em 1992, por iniciativa do professor Dimas Belarmino de Souza, o
DEMAT resolveu oferecer cursos, de modo formal, aos professores de
Matemática, já que os oferecidos pelo Projeto Matemática no 1º Grau
eram de extensão e não contemplavam professores do Ensino de 2º Grau.
Na verdade, havia idéias de oferecer cursos não apenas para professores
do 1º e do 2º Grau, mas também para professores de nível superior. [Em
1992] (...) foi aprovada a implantação do Curso de Especialização em
Matemática (SANTOS, 2009, p.50).
Esse curso teve duas edições e os alunos eram professores encaminhados pela
Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais, exceto a segunda turma, em que
participaram três professores da Escola Técnica Federal de Ouro Preto, atual Instituto
Federal de Minas Gerais (IFMG) Campus Ouro Preto.
Contudo, era evidente e urgente a necessidade de se formar professores habilitados a
lecionar Matemática em Ouro Preto e em seu entorno. Com isso, uma proposta de criação
do Curso de Licenciatura em Matemática, baseada no levantamento da necessidade de
professores de Matemática na região de Ouro Preto, realizado no ano de 1993, foi
apresentada pelo Departamento ao Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão (CEPE) da
UFOP. Este órgão superior da UFOP criou, pela Resolução CEPE Nº 0491, o Curso de
Licenciatura em Matemática.
Dos levantamentos realizados sobre a formação dos professores de
Matemática das cidades que compõem a 15ª Delegacia Regional de
Ensino de Ouro Preto constatou-se que: Em 1983, havia apenas três
professores com Licenciatura Plena em Matemática. Em 1990, num
Seminário organizado pela Rede de Apoio à Educação em Ciências/MG
(financiada pelo SPEC-PDCT-CAPES), foram registrados os seguintes
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dados: 1. Em todas as escolas estaduais das cidades da 15a DRE não
havia nenhum professor com Licenciatura em Matemática. 2. Na cidade
sede, Ouro Preto, havia apenas um professor licenciado em Matemática,
em uma escola particular. 3.Dos oito professores de Matemática da
Escola Técnica Federal de Ouro Preto, havia apenas um licenciado em
Matemática. Em 1992, quando a Prefeitura Municipal de Ouro Preto
realizou um Concurso Público para professores não houve candidato
formado em Matemática (VIANA e BROLEZZI, 1998, p.4).
Entretanto, do processo de aprovação do Projeto até a implementação do Curso
houve um interstício de cinco anos. De fato, tal implementação não foi fácil e nem rápida.
Parecia que a política interna da Universidade não via a necessidade e a importância da
implementação desse Curso, comprovadamente necessário à região.
De fato, com a saída do Ministro da Educação Murílio Hingel, a política de vagas de
docentes para criação de cursos noturnos foi abandonada. Sem a concretização da
promessa de vagas, o curso não foi implementado. Assim, o curso foi preterido em favor
dos cursos de Direito e de Filosofia que também não receberam vagas e foram
implementados.
Com isso, o Curso de Matemática foi implementado somente no ano de 1998, graças
à criação dos cursos de Engenharia de Produção, Ciências Biológicas e Artes Cênicas, que
foram criados e implementados no mesmo ano.
Em 2002, professores da área de Educação Matemática apresentaram ao
Departamento a proposta de criação do Curso de Especialização em Educação Matemática,
idealizado pelo professor Frederico da Silva Reis que disse em sua entrevista concedida a
Santos (2009):
quando eu assumi a coordenação do Curso de Matemática, a primeira
turma que formou no início de 2002 comentava com nós professores
assim: “e aí, o que é que nós vamos fazer a partir de agora...”. Essa era
uma turma bem animada, tinha alguns alunos excelentes, por exemplo o
Brandão, que depois foi professor substituto do Departamento, ele foi
um dos alunos mais brilhante que terminou com coeficiente 9.8. E eles
ficavam cobrando um mestrado, se saia ou não. E é claro, a gente queria
implementar um mestrado, só que, na época a gente não tinha uma
estrutura para isso. O grupo ainda não estava totalmente consolidado e a
própria Maria do Carmo Vila e Eduardo Sebastiani estavam aqui como
visitantes, não eram efetivos. Então eu falei assim com eles: “Olha
gente, vocês querem continuar estudando, não querem? Então vejam o
seguinte, mestrado em Educação Matemática nós não temos condições
no momento, mas o que eu posso tentar é criar uma Especialização,
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interessam?” O sim foi unânime e então fui reunir o grupo com algumas
idéias, conversei um pouco com um, um pouco com outro e fiz um
projeto praticamente sozinho, foi uma coisa meio que “tratorada” e foi
bacana porque foi assim. Eu já tinha algumas idéias, peguei outras, mas
fui eu mesmo quem conduziu esse processo de criação do projeto do
Curso, da estrutura do Curso e depois é que realmente criou-se o projeto
Pedagógico que é o que se tem hoje (SANTOS, 2009, apêndice).
Este curso de Especialização em Educação Matemática foi finalizado com seis
edições, pois em 2008 começaria a ser implementado o curso de Mestrado Profissional em
Educação Matemática. Seria impossível manter os dois cursos porque ainda é reduzido o
número de docentes da área de Educação Matemática, que se organizam em múltiplas
atividades nos cursos de graduação, últimas orientações remanescentes do Curso de
Especialização, aulas, pesquisas e orientação a alunos de graduação e do mestrado.
Em 2003, foi proposto ao Departamento o Curso de Licenciatura em Matemática na
modalidade a distância, sugerido pela professora Maria do Carmo Vila, que afirmou em
sua entrevista:
(..) estava como professora visitante, mas antes de sair procurei a Marger
para conversarmos sobre a possibilidade de implementar o Curso de
Licenciatura de Matemática a distância e nós fizemos a proposta ao
Departamento. No começo encontramos reação contrária, mas não foi
uma resistência muito grande. E quando eu sai, em dezembro de 2003, já
estava entrando a proposta de transformar o NEAD em um Centro, o
CEAD. E na Matemática, o convite de participar foi feito aos próprios
professores do DEMAT, o professor João Luiz, atual reitor da UFOP,
era o chefe do Departamento e convocou os professores para assistir a
nossa apresentação. Falamos que no Brasil já havia o Curso de
Matemática a distância, mostramos a que nível estava a EaD na UFOP,
fizemos uma primeira apresentação, fizemos uma segunda apresentação
e até que alguns professores se interessaram. Entre eles estava o
professor Felipe. A partir daí foi nomeada uma comissão para se
elaborar o Projeto Pedagógico. Essa comissão estava formada por
Marger, eu, Felipe, a professora Ana Cristina, e outros nomes que não
me lembro, mas estão no Projeto. O Mauro [Schetino] também
participou das discussões e essa comissão trabalhou, foram seis meses
para montar o Projeto. Depois de montado, nós fomos procurar para
quem oferecer. Entretanto, quando ele já estava todo montado, já havia
sido aprovado eu sai da Universidade, ou seja, eu não vi a
implementação do Curso acontecer (SANTOS, 2009, apêndice).
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Esse curso foi implementado em 2007, sendo oferecido pelo Centro de Educação
Aberta e a Distância (CEAD) da UFOP, mas com a participação de professores do
DEMAT.
Um outro curso oferecido pelo DEMAT foi o de Especialização em Matemática,
em 2004. Este foi arquitetado pelo professor Frederico da Silva Reis, e teve uma única
edição, não foi divulgado e as aulas foram ministradas em Belo Horizonte para uma turma
específica.
Paralelamente aos cursos regulares de formação de professores, os docentes da área
de Educação Matemática também proporcionam cursos de extensão a professores da região
de Ouro Preto por meio do NIEPEM.
Quanto ao Mestrado em Educação Matemática, a idéia de propô-lo vem desde
2002, contudo o pequeno número de docentes na área impossibilitou sua concretização,
sendo criado, na época, o Curso de Especialização em Educação Matemática. O bom
desempenho deste curso proporcionou ao grupo docente experiências novas através de
elaboração de projetos e orientação de monografias. Essa maturidade possibilitou a
elaboração de uma proposta de criação do Curso de Mestrado Profissional em Educação
Matemática, a qual foi exposta aos órgãos competentes da UFOP e à CAPES, que aceita,
foi implementada em 2008. No presente ano, 2010, foi admitida a terceira turma do Curso
e os processos de qualificação dos alunos da primeira turma já iniciaram.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O resgate da história do Departamento de Matemática traz contribuições e reflexões
aos docentes e funcionários que fizeram e fazem parte dele, e aos alunos dos cursos por ele
proporcionados. Afinal, conseguiu mostrar bastidores que muitos desconheciam e que se
tornaram públicos graças às recordações dos entrevistados. Além disso, contribui
sobremaneira para a própria História da Educação Matemática na UFOP.
De fato, são quatro décadas promovendo a formação de professores de Matemática,
visto que, mesmo composto inicialmente por catedráticos com formações diversas, havia
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um despertar para o ensino da Matemática por meio do oferecimento de disciplinas mais
avançadas (isoladas) entre os docentes da Cátedra de Matemática, principalmente pelo
professor Dr. Altamiro Tibiriçá Dias, (falecido).
A inversão quanto ao processo de formação de professores fez com que o
Departamento propusesse primeiro um curso de formação continuada, porém não faltaram
argumentos que evidenciaram a necessidade de criar o curso de Licenciatura em
Matemática.
Propostas e implementação de cursos e projetos de extensão possibilitaram o
crescimento do grupo com formação na área de Educação Matemática. Isto permitiu a
criação e o desenvolvimento dos dois cursos lato-sensu e stricto-sensu, intensificando o
desenvolvimento da Educação Matemática.
Em resumo, a primeira incursão do DEMAT na formação de professores aconteceu
em 1969, com a criação do Departamento com o oferecimento de disciplinas isoladas pelos
antigos catedráticos. A primeira proposta de processo regular de formação continuada se
deu em 1983, com o Projeto Matemática no 1º Grau que durou dez anos. Após ser extinto,
foi criado pela professora Roseli de Alvarenga Corrêa o Núcleo Interdisciplinar de Estudos
e Pesquisas em Educação Matemática (NIEPEM). A segunda incursão se deu com o Curso
de Especialização em Matemática, em 1992, com 2 edições. O Curso de Licenciatura em
Matemática, criado em 1993, teve início em 1998. Em 2002, foi criado o Curso de
Especialização em Educação Matemática, que teve 6 edições. Em 2004, foi oferecido pelo
DEMAT o Curso de Especialização em Matemática com uma única edição, em Belo
Horizonte. Em 2007, teve início o oferecimento do Curso de Licenciatura em Matemática,
na modalidade a distância, pelo Centro de Educação Aberta e a Distância (CEAD) da
UFOP, com grande participação dos professores do DEMAT. O Mestrado Profissional em
Educação Matemática iniciou uma década depois do Curso de Licenciatura em
Matemática.
Refletindo sobre a maneira como se deu na história, o processo de formação de
professores de Matemática no Departamento de Matemática da UFOP, pode-se afirmar que
atualmente esse Departamento se encontra consolidado, isto é, composto integralmente por
professores (com mestrado e/ou doutorado) nas áreas em que atuam, Além disso, há
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considerável interesse pela capacitação dos professores para o ensino e para a pesquisa seja
em Matemática, Educação Matemática ou Estatística.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FILHO, Antônio Pinheiro; GOMES, Paulo A. M.; LISBOA, Moacir do Amaral; Silva,
Cristiano Barbosa da; CALAES, Antonio Moreira. A Escola de Minas 1876-1975. 1º vol.
Oficinas Gráficas da Universidade Federal de Ouro Preto. Ouro Preto, 1976.
GARNICA, Antônio Vicente Marafioti. História oral e Educação Matemática: de um
inventário a uma regulação. Zetetiké– v.11 – n. 19 – Jan/Jun. 2003 Campinas,: UNICAMP
.pp.9-55.
SALUM, Maria José Gazzi. O ensino de Engenharia no Brasil. I Encontro Nacional de
Engenheiros de Minas. UFOP: Ouro Preto, 2004.
SANTOS, Márcia Nunes dos. O Departamento de Matemática da UFOP e sua inserção na
formação de professores de Matemática. Monografia (Especialização em Educação
Matemática). Instituto de ciências Exatas da UFOP. Ouro preto. 2009. 218 f.
UFOP. Universidade Federal de Ouro Preto. Resolução CEPE Nº 0491-1993
http://www.cead.ufop.br/index.php?option=com_content&view=article&id=4&Itemid=3.
Acesso em 08/12/2008.
VIANA, Marger C. V.; BROLEZZI, Antônio C.; Projeto Pedagógico do Curso de
Matemática. Universidade Federal de Ouro Preto, Instituto de Ciências Exatas e
Biológicas, Departamento de Matemática. Ouro Preto, 1998. 42 p.
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