Pró-Ciências 2002 PROJETO INTEGRADO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA PARA PROFESSORES DA REDE PÚBLICA - UFSCar CAPES/SEE/DE Tema: Avaliação Responsável: Profa. Dra. Regina Maria S. Puccinelli Tancredi (DME/UFSCar) O ACOMPANHAMENTO DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM ATRAVÉS DAS PROVAS ESCRITAS Introdução O acompanhamento do processo de ensino-aprendizagem é uma das responsabilidades do professor no seu trabalho em salas de aula. Sem medo de errar pode-se afirmar que é uma das tarefas mais complexas a que ele se dedica e também uma das mais importantes. Através desse acompanhamento o professor analisa os resultados de seu trabalho, reorganiza sua atuação, propicia aos estudantes uma aprendizagem de melhor qualidade e fornece dados para que a escola se reestruture buscando atingir seus objetivos. No âmbito da sala de aula há muitas formas de realizar esse acompanhamento, desde as mais informais às mais sistemáticas. Nesse texto pretende-se apresentar apenas uma delas, as provas escritas, indicando suas características e formas de elaboração. Embora usualmente as provas escritas sejam usadas para verificar o rendimento dos alunos, através delas é possível fazer uma análise mais ampla do processo de ensino e de aprendizagem, uma vez que seus resultados podem dar subsídios para o professor tomar decisões importantes a respeito da condução de seu trabalho cotidiano. As provas são, portanto, instrumentos de verificação dos resultados do processo educativo e têm o objetivo de avaliálo. Para Libâneo (1994, p.212), “trata-se de um processo de acompanhamento sistemático do desempenho escolar dos alunos em relação aos objetivos, para sentir o seu progresso, detectar as dificuldades, retomar a matéria quando os resultados não são satisfatórios”. Assim, a finalidade das provas não é aprovar e reprovar, dar notas altas ou baixas, conseguir (ou não) a adesão dos alunos para determinados comportamentos considerados adequados pela comunidade escolar. No 2 posicionamento de Libâneo fica claro que sua aplicação deve levar em conta os objetivos que a escola e os professores têm a intenção de atingir. Dessa forma, os objetivos, ao mesmo tempo que orientam o professor no planejamento de suas ações são o ponto de partida para a seleção e a elaboração dos instrumentos de avaliação – entre eles as provas escritas – pois estabelecem o desempenho esperado de todos os alunos, o que se deseja alcançar com o processo educativo escolar. A aplicação de provas escritas aos alunos pode ter vários objetivos: verificar os requisitos, consolidar a aprendizagem, acompanhar a aprendizagem, planejar a recuperação, avaliar o desempenho, o conhecimento que os alunos alcançaram ao final de uma etapa (uma semana, um tópico, um bimestre, o ano etc). Ao definir os objetivos é importante explicitar as categorias de comportamento e de habilidades que serão avaliadas e relaciona-las ao conteúdo desenvolvido em classe. Qualquer que seja o objetivo do professor, ele também precisa estar claro para os alunos, ocorrendo de forma similar na avaliação o que deve acontecer no decorrer das aulas: os alunos devem saber quais são os objetivos da unidade que está sendo desenvolvida, o que se espera dele em termos de aprendizagem e os critérios que serão usados na sua avaliação. Um recurso útil para a elaboração de provas escritas é a organização de tabelas de dupla entrada, na qual se detalham os conteúdos e os tipos de conhecimento a serem avaliados e o número de questões de cada categoria. Veja um exemplo a seguir. Tipo de conhecimento Conhecimento Compreensão Análise Aplicação Total 2 - 1 2 5 1 2 1 2 6 3 2 2 4 12 conteúdo Operações com números decimais Movimento retilíneo uniforme Total Nas provas pode ser útil incluir uma chave de correção que dê indicadores aos alunos sobre o seu desempenho e os oriente na retomada da aprendizagem. Pode-se incluir, por exemplo, uma tabela como: Nessa prova você deverá ser capaz de: OBJETIVOS CONSEGUIU NÃO CONSEGUIU Classificar as expressões algébricas Identificar termo algébrico Identificar partes de um monômio Reduzir termos semelhantes 3 Calcular o valor numérico expressões algébricas de Há dois tipos principais de provas escritas, que serão detalhadas a seguir: a prova dissertativa e a prova objetiva. Cada uma delas é útil em determinadas situações e devem ser escolhidas em função dos objetivos do professor. A elaboração de provas dissertativas As provas dissertativas são aquelas em que os alunos organizam e escrevem as respostas usando suas próprias palavras, tendo, portanto, liberdade para organizar e decidir sobre a extensão das respostas. As provas dissertativas são úteis para verificar: o raciocínio dos alunos; a organização das idéias; a clareza de expressão; a originalidade; a capacidade de relacionar fatos e idéias; a capacidade de aplicar conhecimentos; a capacidade de analisar criticamente uma idéia e de emitir juízos de valor; a habilidade de expressar opiniões por escrito com clareza e precisão; a capacidade de interpretar dados e princípios, de fazer inferências etc. São úteis também para conhecer as opiniões dos alunos e avaliar suas atitudes, conforme o tema abordado (por exemplo: como é minha família, porque gosto de Matemática e Física, o que penso quando estou indo para a escola, o que gosto de fazer durante a aula de Física e de Matemática, de que assuntos gosto mais, o que pretendo fazer quando terminar essa série, o que sei a respeito de como se aprende Matemática e Física etc.). As questões dissertativas podem ser classificadas em três grandes grupos ( Verner Sims, apud Haydt, 2000), de acordo com sua complexidade: a) perguntas de respostas curtas, cujas respostas exigem apenas a lembrança de fatos, datas, locais etc. São usadas expressões como: o que, quem, com, quando, qual, onde. b) questões que exigem respostas mais elaboradas, mesmo que relativamente curtas. Instruções usuais são: relacione, enumere, defina, organize, selecione, exemplifique. c) itens que se referem a dissertações propriamente dita, com respostas mais complexas e de extensão variável, a partir de instruções como: descreva, explique, compare, analise, resuma, interprete. As questões da prova dissertativa podem ser apresentadas na forma de uma ou várias perguntas, sob a forma de uma proposição ou tema a ser desenvolvido, sob a forma de texto a partir do qual são colocados questionamentos. O corpo da questão deve referir-se às habilidades mentais que os alunos devem demonstrar: comparar, relacionar, descrever, resolver, apresentar justificativas, argumentar a favor ou contra etc. Por exemplo, pode-se pedir aos alunos para comparar fatos ou aspectos de determinado ponto de vista ou de um ponto de vista geral; apresentar causas e efeitos de fatos, fenômenos, situações; explicar o significado de frases, conceitos, fórmulas; analisar fatos, princípios, situações; 4 aplicar regras e princípios a novas situações; criticar a adequação, a correção ou a relevância de um enunciado, princípio, fato etc. Evite usar o sistema de questões optativas (o aluno tem liberdade de escolher, entre as que lhe são propostas, as que deseja responder) pois é importante verificar o nível de aproveitamento de cada um em cada tópico avaliado, o que oferece subsídios para planejar o re-ensino e os processos de recuperação. Entre as vantagens da prova dissertativa destacam-se: permite avaliar processos mentais superiores; a possibilidade de acerto causal é reduzida; a organização é relativamente fácil e rápida; pode ser copiada na lousa; requer dos alunos um tipo importante de estudo e preparo. As desvantagens e limitações desse tipo de prova são: a correção não é objetiva (pouco fidedigna, dá margem a discrepâncias na atribuição de notas e menções); a amostragem dos conteúdos é limitada porque a questão requer mais tempo para ser respondida; requer bastante tempo para correção. Ao elaborar provas dissertativas procure seguir os passos básicos indicados a seguir. a) Faça uma lista de conhecimentos e habilidades (de diferentes natureza) que deseja verificar, de acordo com os objetivos que pretendia alcançar com o ensino e entre eles selecione o que irá pedir na prova. b) Ao definir o número de questões e sua complexidade leve em conta o tempo disponível para a resolução e a preparação da maioria dos alunos da classe. c) Redija o item com clareza e exatidão especificando o que espera como resposta. d) Defina previamente os critérios de correção para cada questão. Prepare um guia de correção com as respostas que considerará corretas em cada questão, a partir do padrão de desempenho que considera desejável. e) Atribua a cada questão um valor, se pretender valorizar uma questão mais do que outra. f) Corrija pergunta por pergunta e não prova por prova, a fim de comparar as respostas entre si, tendo em vista o padrão que definiu. Anote os erros dos alunos para planejar, posteriormente, atividades de recuperação. Se o tema for apenas um ou se a prova contiver apenas um exercício, separe as provas em categorias (por exemplo: boas, satisfatórias, insatisfatórias) e depois atribua graduações no âmbito de cada categoria. g) Procure ser o mais objetivo possível na correção, dentro dos critérios estabelecidos. Se for possível, tente manter o anonimato dos alunos. Exemplos de questões dissertativas: 1) Dada a lista de números abaixo, circule os que são primos (categoria: recordação seletiva, dentro de uma categoria dada). 2) Explique a primeira Lei da Termodinâmica (categoria: compreensão de princípios). 3) Analise a importância do teorema de Pitágoras para a construção civil (categoria: comparar fatos, princípios, situações). 5 A elaboração de provas objetivas As provas objetivas são úteis para avaliar uma grande extensão de conhecimentos e habilidades. Geralmente, ao invés de respostas abertas pedese aos alunos que complete frases, assinale a resposta correta, ou dê respondas curtas às questões colocadas. Exigem, portanto, respostas mais precisas. É interessante ir elaborando os enunciados conforme as aulas vão ocorrendo pois é possível ir atendendo as compreensões dos alunos e a ênfase dada ao desenvolvimento de cada tema. Assim como na organização de outros tipos de provas, a elaboração de uma prova objetiva requer certos cuidados. Destacaremos alguns deles. a) Faça uma lista de conhecimentos e habilidades (de diferentes natureza) que deseja verificar, de acordo com os objetivos que pretendia alcançar com o ensino e entre eles selecione o que irá pedir na prova. b) Ao definir o número de questões e sua complexidade leve em conta o tempo disponível para a resolução e a preparação da maioria dos alunos da classe. O número de questões deve ser adequado para abranger as habilidades e os conhecimentos desejados, sendo uma amostragem representativa do conteúdo a ser avaliado. c) Defina o tempo da prova considerando que os alunos devem realmente resolver as questões e não dar respostas aleatórias. Além disso, considere: o nível de maturidade dos alunos, a complexidade dos objetivos e conteúdos, o número de itens e a extensão do teste, o tipo de questão, o vocabulário utilizado, a estrutura das frases. d) Escolha o tipo de teste mais adequado aos objetivos da prova. Leve em consideração: o tipo de habilidade e processo mental que quer verificar, a natureza da área que ensina, o nível de maturidade dos alunos, o grau de objetividade da correção. e) Elabore instruções específicas para cada tipo de teste que incluir na prova. f) Faça uma chave de correção previamente e atribua o valor a ser dado a cada questão. g) Se for usar critérios de correção diferentes dos usuais, indique-os claramente na prova. Por exemplo: cada duas questões erradas anula uma certa. h) Apresente sempre os testes na forma impressa e de preferência use apenas um dos lados do papel. Cada questão deve estar em uma única folha pois virar a folha constantemente pode dificultar a leitura, ocupar tempo e dispersar a atenção dos alunos. i) Se quiser, apresente um gabarito para ser preenchido e entregue. j) Facilite a visualização e a leitura: não use letra muito pequena e separe uma questão da outra com um espaço. Só inclua ilustrações se elas forem imprescindíveis. Nesse caso, tenha a certeza de que estão nítidas e podem ser facilmente reconhecidas e analisadas. l) As questões devem ser distribuídas eqüitativamente quanto ao nível de dificuldade e agrupadas segundo o assunto e tipo de teste. Agrupe as questões de mesmo tipo.(lacunas, múltipla escolha, verdadeiro-falso etc) e associe a esse critério a ordem de dificuldade e a similaridade entre os 6 conteúdos. Isso facilita a correção e a análise posterior do professor, além de favorecer o desempenho dos alunos. m) Inclua na prova questões de diferentes níveis de dificuldade para que a prova possa discriminar os alunos quanto ao seu desempenho. Um item é discriminativo quando é respondido corretamente pelo estudante que sabe o conteúdo e não é respondido ou respondido de modo errado pelos que não sabem o conteúdo. Questões que todos acertam ou todos erram não são discriminativas. n) Procure elaborar enunciados pessoais, sem transcrever os exercícios dos livros que usa como apoio. A reprodução textual estimula a memorização. o) Organize as questões em ordem de dificuldade crescente. Se o aluno tem um sucesso inicial é possível que se sinta estimulado a dar continuidade à tarefa de fazer a prova. Além disso, evita que perca tempo em um item difícil e não consiga responder os mais fáceis. p) Não faça questões encadeadas, onde a reposta de uma é necessária para a resposta de outra; nem questões que sugiram a respostas de questões posteriores. q) Os enunciados das questões devem ser claros e simples e abordar idéias relevantes. Todas as informações necessárias para a resolução devem ser dadas no corpo do item. O nível de dificuldade da questão deve estar no conteúdo e não na sua formulação. r) Depois de elaborado o teste releia e analise cada item. Resolva-os como se fosse o próprio aluno. Isso ajuda a reestruturar a questão e a estabelecer o tempo de resolução de forma mais precisa. Considere sempre que essa é uma simulação mas que você é o professor. s) Depois de aplicado o teste, corrija com atenção e faça a tabulação dos resultados. Se muitos alunos errarem uma determinada questão pode ser que ela tenha sido mal formulada. Peça as opiniões dos alunos a respeito da compreensão que tiveram sobre o enunciado. t) Guarde as boas questões para serem aproveitadas em outros momentos, organizando um arquivo de questões. Nesse caso, guarde a questão junto com o objetivo a que se propôs verificar. O uso de provas objetivas apresenta algumas vantagens: abranger grande extensão do conteúdo (priorizado de acordo com critérios do professor); ser de fácil correção; ser de julgamento imparcial na correção; apresentar respostas com precisão e concisão; identificar dificuldades individuais dos alunos; muitas vezes os próprios alunos podem corrigir. Entre as desvantagens desse tipo de prova temos: exigem muito tempo e esforço na elaboração; se mal formuladas, muitas questões podem ser respondidas por adivinhação; a redação dos itens é, muitas vezes, difícil. A seguir estão colocadas orientações específicas para a elaboração de diferentes tipos de questões objetivas. 7 Questões de recordação simples ou itens de resposta curta São úteis quando se pretende que o aluno defina, nomeie, descreva. Os itens de recordação simples apresentam-se geralmente sob a forma de uma pergunta direta ou de declarações incompletas que exigem respostas breves e bem definidas. O aluno deve escrever apenas uma palavra, uma frase curta, um símbolo ou um número. Esse tipo de questão deve admitir apenas uma resposta correta mas devem ser aceitas diferentes maneiras de os alunos expressarem seus conhecimentos. Cada questão deve incluir aproximadamente dez itens. Prefira as perguntas às afirmações incompletas pois dão menos indicadores da resposta. Suas vantagens são: facilidade de elaboração e correção; ocupar pouco espaço na folha; diminuir a possibilidade de adivinhar e desenvolver a capacidade de memorizar conceitos importantes. A desvantagem está ligada ao tipo de conhecimento que verifica. Sugestões para a elaboração de questões de resposta curta: a) elabore a questão de modo a haver apenas uma resposta correta; b) redija o enunciado de modo claro e preciso para que a resposta seja apenas uma palavra, uma frase curta, um símbolo ou um item numérico; c) coloque todos os espaços do mesmo tamanho e no final do enunciado; d) determine o grau de precisão quando a resposta for numérica (ex: número de casas decimais). Exemplos: Instruções: Responda às perguntas, escrevendo no espaço em branco, à direita, a resposta correta. a) O que é um número composto? (Eloisa, Eliandro, Geraldo) _____________ b) Em que condições os pontos A(x1,y1), B=(x2, y2) e C= (x3,y3) são colineares? (Julia) ______________ Instruções: Complete a frase escrevendo a resposta correta na linha pontilhada: a) Um triângulo é retângulo quando ................. Questões de lacuna ou completamento Consistem em uma ou mais frases com algumas partes omitidas, que devem ser preenchidas por uma palavra, símbolo, expressão ou número. Na correção pode-se atribuir um valor por questão ou um valor por lacuna, dependendo do objetivo do professor. Usar, entretanto, um só critério para todas as questões de lacuna. 8 As vantagens desse tipo de questão são: dificultam a adivinhação; podem ser usadas para testar vários assuntos; permitem alguma liberdade de expressão; são fáceis de preparar. Entre as desvantagens encontram-se: é difícil construir itens puramente objetivos; há tendência de deixar lacunas demais. Cuidados na elaboração: a) formule a questão de modo que cada lacuna só admita uma resposta correta; b) use afirmações curtas e bem definidas; c) omita apenas as palavras-chave para que não haja mais de uma interpretação mas de modo que a palavra omitida não dificulte a compreensão da questão; d) não omita adjetivos, advérbios e verbos; e) não reproduza trechos de livros pois incentivam a memorização; f) coloque no máximo duas ou três lacunas numa mesma questão; g) não use lacunas no início da frase; os espaços devem ser no meio ou no fim da afirmativa; h) mantenha sempre a mesma extensão em todas as lacunas; i) tratando-se de questões de medida especifique a unidade e a precisão da resposta (m2, litros, duas casas decimais, etc.); j) evite o uso de palavras que, por indicarem gênero e número, sugiram a resposta. Exemplos: Instrução: Complete os espaços em branco a fim de obter sentenças verdadeiras: a) Na adição 2 + 3 = 5, os termos 2 e 3 chamam-se __________ e o resultado 5 chama-se __________ b) Na propriedade __________ da adição temos a + b = b + ª (Tatiana) Questões de verdadeiro/falso, certo/errado, concordo/discordo, sim/não, correto/incorreto Esse tipo de teste apresenta alternativas mutuamente excludentes. Por isso só devem ser usados com proposições indiscutivelmente verdadeiras ou falsas. São particularmente úteis para verificar a distinção entre causa e efeito, entre fato e opinião. Ao elaborar esse tipo de questão observe: a) liste várias afirmações verdadeiras e reescreva algumas para torná-las falsas; b) redija frases curtas, claras, em ordem direta; inclua no enunciado apenas assuntos relevantes; evite declarações parcialmente corretas; c) evite frases longas; é preferível desdobrar a questão e apresentar uma idéia em cada item; d) inclua apenas um assunto em cada item; 9 c) cada alternativa deve conter apenas uma afirmação; d) mesmo a afirmação errada deve ser enunciada de forma afirmativa; e) use linguagem simples para evitar equívocos no julgamento; f) evite frases negativas, principalmente negativas duplas; g) evite frases textuais; se usá-las indique as fontes; h) evite o uso de palavras taxativas como: sempre, nunca, todo, nenhum, geralmente, muitas vezes, etc. i) equilibre o número de respostas falsas com as verdadeiras; j) evite padrões na seqüência de respostas; l) todas as frases devem ter aproximadamente o mesmo tamanho Entre as vantagens desse tipo de questão encontram-se: são fáceis e rápidas de elaborar e corrigir; verificam tanto o raciocínio como a memória; aplicam-se a qualquer área do conhecimento. Suas desvantagens são: encorajam a adivinhação; há alta porcentagem de acerto por sorte (50%); não são adequadas para testar assuntos controvertidos; sua construção requer cuidado para que as questões não se tornem ambíguas. Para diminuir a probabilidade de acerto por sorte pode-se usar uma fórmula para corrigir esse desvio: P=C-E Onde: P são os pontos obtidos, C o número de respostas corretas e E o número de respostas erradas. No caso de aplicar esse fator corretivo os alunos devem ser informados previamente. De preferência este critério deve estar explicitamente colocado na prova. Exemplos: Instrução: Leia com atenção cada um dos itens abaixo e escreva V nas afirmativas que forem verdadeiras e F nas que forem falsas: (...) Se 5 + x = 17 então x = 22 (...) 5 + 9 = 45 (...) 4 + 5 = 5 + 4 (Tays) Instrução: Leia cada uma das frases abaixo. Se a afirmação estiver correta assinale com um X depois da palavra certo. Se a afirmação estiver errada assinale com um X depois da palavra errado a) Materiais como o vidro e a borracha são bons condutores de calor certo ( ) errado ( ) b) Fusão é a passagem do estado sólido para o líquido sob a ação do calor certo ( ) errado ( ) 10 Questões de múltipla escolha Esse tipo de questão é muito usado pois é útil para verificar o conhecimento de fatos mas também a capacidade de compreensão e de aplicação. Para verificar a capacidade de compreensão pode-se, por exemplo, incluir mapas, gráficos, tabelas. Nesse tipo de questão pede-se ao aluno para selecionar uma das respostas propostas como a mais adequada à pergunta formulada. Elas podem ser organizadas em forma de perguntas ou de proposições incompletas. Uma maneira prática de elaborar é imaginar inicialmente uma pergunta e sua resposta correta e depois transformá-la em um teste. Essas questões devem oferecer várias alternativas com respostas mais longas e mais completas, das quais apenas uma é a correta ou a que melhor reponde ao item. As alternativas incorretas são chamadas desviadoras. Aproveite os enganos habituais dos alunos para a elaboração dessas alternativas. O número ideal de alternativas é de quatro ou cinco. O aluno deve ser informado sobre a existência de uma única alternativa correta ou sobre a possibilidade de assinalar várias delas. Para corrigir o acerto casual pode-se usar a seguinte fórmula: P= C – E / (N-1) onde: P: pontos obtidos C: respostas corretas E: respostas erradas N: número de alternativas Vantagens das questões de múltipla escolha: a) a adivinhação é bastante reduzida; b) testam o conhecimento de fatos e fenômenos e a habilidade de raciocínio; c) podem medir tanto conhecimentos mais simples como os mais complexos. As desvantagens são: a) dificuldade em encontrar várias respostas plausíveis; b) elaboração lenta, exigindo habilidade e técnica específica; c) exigem mais tempo para resolução do que os outros tipos de questões. Cuidados na elaboração: 1) usar linguagem clara, correta e acessível que não conduza à resposta correta; 2) enunciar o corpo da questão em ordem direta, preferencialmente na forma positiva; se usar negações, grifá-las. 3) agrupar as questões segundo a sua natureza e dar orientaçôes claras para resolvê-las; 11 4) as alternativas não devem conter absurdos; todas devem ser objeto de análise por parte dos alunos, portanto, ser igualmente plausíveis; 5) dispor as opções de maneira organizada (da mais curta para a mais longa, em ordem alfabética, em ordem crescente ou decrescente, etc.); 6) em cada questão usar elementos de um único tipo (nome, datas, valores numéricos, símbolos, etc.); 7) planeje cada item para medir resultados importantes da aprendizagem; 8) evite o uso de “ciladas” ou questões interligadas que favoreçam a propagação do erro; 9) limite cada questão a um único assunto, dando informações diretamente ligadas a ele; 10) coloque, tanto quanto possível, a maior parte da redação no suporte do item, especialmente a parte repetida das alternativas; 11) respeite a concordância gramatical de todas as alternativas com a parte do tronco; 12) evite fornecer pistas que conduzam à resposta correta; 13) evite colocar nos itens palavras que apareçam no suporte pois podem indicar a resposta correta; 14) cuide para que o suporte de um item não favoreça a resposta de outro; 15) modifique aleatoriamente a posição da resposta correta; 16) evite usar NRA (nenhuma das respostas anteriores) e todas as alternativas anteriores; 17) as alternativas devem ser simples, curtas e de fácil leitura; 18) o grupo de alternativas deve ter uma única resposta correta; 19) as alternativas devem ter aproximadamente o mesmo comprimento e ser independentes umas das outras; 20) querendo dificultar a questão apresente-a em forma de pares que se refiram a um mesmo tema ou organize um texto acompanhado de uma série de alternativas/justificativas para serem ordenadas, organizadas, classificadas, relacionadas; 21) redija as alternativas de modo que todas pareçam plausíveis à primeira vista; 22) construa todos os itens do teste com o mesmo número de alternativas; 23) coloque ao menos quatro alternativas, embora cinco seja um número mais desejável. Exemplos: a) Leia a questão e marque a resposta correta com um X no espaço entre parênteses Um triângulo é equilátero quando possui: ( ) três lados iguais ( ) dois lados iguais ( ) três lados diferentes ( ) todos os ângulos internos diferentes (Sandro, Cleber) 12 b) Encontre a alternativa ERRADA e assinale-a com X : ( ) 25 x 75 = (2 x 7) 5 ( ) x5.y10= (x.y2) 5 ( ) (x-1)-2= x-2 ( ) x : x2= x-1 ( ) a7 . a7= 1 (Tatiana Camili; Edson) c) Considere as alternativas abaixo: I. Todo número par é divisível por 2 II. Todo número impar é divisível por 3 III. A soma de dois números pares quaisquer é sempre um número par IV. A soma de dois números ímpares quaisquer é sempre um número impar Podemos assegurar que são verdadeiras apenas as alternativas: ( ) I e II ( ) I e III ( ) III e IV ( ) I, III, e IV ( ) I, II, III e IV (Eloisa, Eliandro, Geraldo) Questões de correspondência / associação / acasalamento / emparelhamento Esse tipo de questão é geralmente usado para situações em que se analisam relações entre idéias, fatos, princípios. Consiste em relacionar elementos de duas colunas de acordo com as instruções dadas na pergunta. Cada item da primeira coluna deve estar relacionado com uma palavra, frase, ou número da segunda coluna. Na coluna da esquerda são colocados conceitos, nomes próprios, frases, cada uma com uma enumeração. Na coluna da direita colocam-se as respostas fora de ordem, para que o aluno as numere de acordo com a numeração da coluna da esquerda. A necessidade de se utilizar duas séries a serem relacionadas limita muito as possibilidades de uso desse tipo de questão, que tem uma aplicação especial em conhecimentos simples como: termos e definições, autores e obras, acontecimentos e datas, causas e efeitos, princípios e exemplos. As questões devem conter instruções sobre a possibilidade de usar cada alternativa uma, nenhuma ou várias vezes. Cuidados na elaboração: a) dê instruções claras quanto à associação a ser feita; b) em cada questão organize a correspondência em um único tipo de relação (causa/efeito, espaço/tempo etc.); c) cada conjunto de itens deve pertencer à mesma categoria; d) faça cada grupo homogêneo quanto à forma gramatical; e) a coluna de respostas deve ter maior número de itens do que a de premissas (isso reduz o número de acerto casual e por eliminação); f) se possível organize os itens de cada coluna numa ordem lógica (seqüência numérica ou alfabética, por exemplo); g) coloque os enunciados mais longos na coluna da esquerda; h) use no máximo dez alternativas. Esse tipo de questão é mais compacto do que questões de múltipla escolha, economizando espaço e tempo na elaboração. 13 Entre as desvantagens, muitos assuntos não podem ser testados por esse tipo de questão e às vezes alguns itens podem ser respondidos por eliminação. Exemplos: Instrução: Na coluna da esquerda estão enumeradas características de alguns gráficos de funções. Na coluna da direita estão listadas diferentes funções. No espaço entre parênteses antes da sentença que exprime cada função coloque o número da característica que a define. Cada número pode ser usado uma ou mais vezes. ( 1 ) o gráfico é perpendicular ao eixo y ( ) f(x) = 5x ( 2) o gráfico passa pela origem (0,0) ( ) f(x) = x2 -2 ( 3 ) o ponto (4, 2) pertence ao gráfico ( ) f(x) = x – 2 ( ) f(x) = 3 ( ) f(x) = ½ x2 (Alexandre, Leonardo, Patrick) Outras formas de instrução: Numere a coluna da esquerda de acordo com o que pede a coluna da direita. Coloque na coluna da direita a letra correspondente à idéia apresentada pelas frases que estão na coluna da esquerda. Questões de ordenação Este tipo de questão exige que os alunos coloquem numa ordem pedida, uma série qualquer de elementos, segundo um critério determinado. A ordem pode ser cronológica, por dificuldade, por importância, etc. É útil para a verificação de seqüências que se referem a cronologias, etapas de um processo, transformações etc. Recomenda-se selecionar apenas conceitos da mesma natureza e fazer concisa a lista, propondo no máximo seis conceitos ou fatos para ordenar. Pode-se colocar o número 1 na resposta inicial. A maior vantagem desse tipo de questão é a possibilidade de verificar a capacidade de organizar conhecimentos mentalmente, segundo diversos critérios. Além disso, é fácil de construir e de responder e reduz o acerto por adivinhação. Como desvantagens pode-se dizer que, se mal elaboradas, conduzem à verificação de simples memorização e que não é adequada para avaliar compreensão e aplicação de conhecimentos. 14 Exemplo: a) Numere os itens abaixo de 1 a 8, obedecendo a ordem crescente: ( ) 8 ( ) 32 ( ) 1 ( ) 128 ( ) 16 ( ) 64 ( ) 4 ( ) 2 (Michela; Odilon) Referências bibliográficas HAYDT, REGINA CAZAUX. 2000. Avaliação do processo ensinoaprendizagem. São Paulo, Ática. LIBÂNEO, JOSÉ CARLOS. 1994. Didática. São Paulo, Cortez. FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. 1976. Testes e medidas na educação. Rio de Janeiro, FGV. VIANNA, HERALDO MARELIM. 1973. Testes em educação. São Paulo, IBRASA.