Universidade do Vale do Paraíba Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Nelson Fuirini Junior Parâmetros Contemporâneos das Correntes excitomotoras São José dos Campos - SP. 2005 Nelson Fuirini Junior Parâmetros Contemporâneos das Correntes excitomotoras Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Bioengenharia, da Universidade do Vale do Paraíba como complementação dos créditos necessário para obtenção de título de Mestre em Engenharia Biomédica. Orientador: Prof. Dr. Carlos Julio Criollo São José dos Campos-SP. 2005 DEDICATÓRIA A MINHA FAMÍLIA Quero dedicar este trabalho a minha esposa, que me dá toda a retaguarda necessária para que eu possa dedicar a minha profissão, de forma plena. E dedico também aos meus filhos Renan e Laís que são os motivos de minha luta e estímulo para meu crescimento profissional. AGRADECIMENTO AOS AMIGOS QUE DE UMA FORMA OU OUTRA COLABORARAM COM ESTE TRABALHO. Quero agradecer a todos os amigos que sempre me ajudaram nos períodos difíceis que a vida nos oferece, mas não poderia enumerá-los, pois estaria com certeza fazendo alguma omissão e isto me deixaria constrangido. Muito obrigado a todos, devo-lhes muito, mas nunca conseguirei pagar esta conta, mas estarei sempre pronto a retribuir esta moeda fantástica que é a amizade sincera. RESUMO A corrente excito-motora é hoje um recurso muito usado por vários profissionais ligados a área da saúde. Por este motivo existe viu-se a necessidade de realizar um amplo estudo, para que estes profissionais tenham uma base comum, para que não ocorrerá distorção nas nomenclaturas específicas. Este trabalho foi desenvolvido, tendo como objetivo primordial a seleção das nomenclaturas contemporâneas, teve o cuidado de realizar um levantamento bibliográfico, usando o que tem de mais recente em publicações e também realizar um levantamento dos trabalhos considerados básicos, que dão sustentação para os conceitos contemporâneos para este tipo de recurso principalmente na fisioterapia. Partir-se dos conceitos básicos de eletricidade, pois ela é a base das correntes elétricas excito-motoras, evoluindo para estudos dos itens relacionados à composição das corrente elétricas básicas diretas e indiretas, o estudo segue avaliando os efeitos específicos das correntes excitomotora, nos tecidos nervosos e musculares que é o objetivo principal da corrente. Outra área que foi estudada é a ação da corrente elétrica nos tecidos superficiais, derme, epiderme, gordura, pois este tecido, funciona como isolante para a corrente excito-motora e foi realizado levantamento com relação à penetração desta corrente e como seria a melhor forma de resolver o problema da resistência a passagem da corrente. Também foi realizado, levantamento da ação da corrente excito-motora em comparação ao exercício físico, para que possa ter uma idéia, dos benefícios que o equipamento gerador de corrente poderá fazer, quando não é possível realizar exercícios físicos, ou quando associamos o exercício físico, com a corrente excito-motora. Outro ponto estudo foi os tipos de eletrodos e equipamentos geradores de correntes excitomotoras que podem ser usados e qual a melhor opção. Dentro da estimulação elétrica existem estudos recentes mostrando que, a ação das correntes excito-motora, pode modificar as características das fibras musculares, a partir das variações de freqüência e com correntes de média freqüência como corrente portadora. Palavras chave: Corrente elétrica, equipamentos, fisioterapia. ABSTRACT Today the MNES is widely used for several professionals connected to health care area because it can be used in a wide range of motor dysfunctions. For this reason there is a need to carry out a deep study. This study was developed claiming the selection of comtemporary nomenclature avoidind the use of market nomenclature where there is no scientific ground and particulary being careful with nomenclature from the MNES. Have this issue in mind this study will carry a thorough bibliographic study using the most recent publications as well as make a collection of the studies considered basic and which gives support to the current concepts in MNES. The study started from basic eletricity concepts because it is the basis of MNES evolving to the study of itens related to the composition of basic electric chain direct and indirect to the content to the professional who uses this resources of lines, respecting the kind of pulse, the pulse rate, the pulse way, the pulse modulation etc..This study follows evaluating/assesing this specific effects from the MNES n the nervous and muscular tissues, which it is the main objective of this line. Another studied area was the action of the chain on the superficial tissues like derme, epiderme, fat as these tissues work as an isolating against the MNES and was studying in relation to intering of this chain and how it will be the best way to solve the resistence problem in MNES. Also studied about the action of the MNES in comparison to physical exercise in order we have an idea about the benefits that MNES will bring whenever it is not possible to realize physical exercise or when we associate physical exercise to MNES .One point to be considered is the types of electrodes which must be used as a MNES and which is the best option.Within the electrical stimulation there are studies showing that the action of the MNES can modify the charecteristics of the muscular fibers from the modification of the frequency and with medium frequency chain as a carrier . Key words: Current Electrical, equipments, physiotherapy Lista de Figuras Figura 1- Linhas do campo elétrico em volta de partículas carregadas de maneira oposta (A) e duas cargas iguais (B)............................................................................5 Figura 2 - Diagrama de um capacitor em um circuito elétrico simples em estados descarregados(A) e carregado (B)............................................................................12 Figura 3 - Designações “tradicionais” de correntes elétricas...................................15 Figura 4 - Designações “comerciais” de correntes elétricas.....................................16 Figura 5 - Diagrama de um simples circuito elétrico mostrando o movimento unidirecional de elétrons em resposta a uma força eletromotriz constante....................................................................................................................18 Figura 6 - Circuito elétrico simples no qual uma pilha roda em velocidade constante e muda regularmente a direção da força eletromotriz...............................................19 Figura 7 - Formas diferentes de corrente (não modulada) alternada (CA)...............20 Figura 8 - Relação entre a freqüência de pulso e a duração de fase de ondas sinusóides liberadas de forma contínua ...................................................................20 Figura 9 - Corrente Alternada modulada por tempo para formar bursts. (A) intervalo interbursts. (B) burst isolado......................................................................................21 Figura 10 - Características de forma de onda de corrente pulsada e alternada..........26 Figura 11- Diagrama do sistema para combinar designações de corrente descritivas na nomeação de formas de ondas de correntes alternadas ou pulsada.......................28 Figura 12 - Representação gráfica de várias formas comuns de corrente de pulso classificado com designações “descritivas” apropriadas...........................................29 Figura 13 - Forma de onda CA sinusoidal e suas características dependentes da amplitude...................................................................................................................30 Figura 14 - Características dependentes do tempo das formas de ondas pulsado ou alternado.....................................................................................................................33 Figura 15 - Exemplo de modulações automáticas de características de estimulação.............................................................................................................36 Figura 16 - Relação entre a duração da fase e a amplitude da corrente de pico (chamada de curva i\t................................................................................................40 Figura 17 Ponto Motor.............................................................................................42 Figura 18 Vias elétricas da corrente aplicada ao tecido............................................48 Figura 19 Transição fibras rápidas para fibras lentas................................................58 Figura 20 Exemplo de corrente usada com estimuladores disponíveis na atualidade designados para aplicações elétricas neuromuscular.................................................62 Lista de Tabela Tabela 1. Características descritivas de formas de onda de corrente pulsada ou alternada...........................................................................….….……………………24 Tabela 2. Características quantitativas de correntes pulsadas e alternadas. ...........................................................................…………………………………....34 Lista de Abreviaturas e Símbolos (E) : Campo Elétrico © : Coulomb (q) : Carga Na+ : Sódio K+ : Potássio Cl- : Cloreto FEM : Força Eletromotriz (I) : Corrente Elétrica Unidade (A) : Ampère (mA) : Mileampère (µA) : Microampére (V) : Volt (Ω) : Ohm Resistência (KΩ) : Kilohms (mΩ) : Megaohms (F) : Farads (Z) : Impedância (H) : Indutância em Henrys SCE : Eletrofisiologia Clínica ( Associação Americana de Fisioterapia) (CC) : Corrente Contínua (CA) : Corrente Alternada (Hz) : Hertz (cps) : Ciclos por segundo (f) : Freqüência (µC) : Microcoulomb (mC) : Milecoulomb (mseg) : Milessegundo (RMS) : Amplitude de Corrente ou Amplitude Eficaz de Corrente (Ca+2) : Cálcio (eenm) : estimulação elétrica neuro-muscular (pps); pulso por segundo SUMÁRIO 1. Introdução....................................................................................................................1 2. Problemática................................................................................................................2 3. Objetivo.......................................................................................................................3 4. Metodologia ................................................................................................................4 5. Pesquisa Bibliográfica.................................................................................................5 5.1 Fundamentos Básicos Da Corrente Elétrica..................................................................... 5 5.2 A Carga Elétrica...................................................................................................5 5.3 O Campo Elétrico.................................................................................................5 5.4 Interelação Elétrons E Íons...................................................................................6 5.5 A Atividade Dos Condutores E Isolantes.............................................................7 5.6 Corrente.................................................................................................................8 5.7 Tensão.............................................................................................................................10 5.8 Resistência............................................................................................................11 5.9 Condutância..........................................................................................................12 5.10 Capacitância e Impedância.................................................................................12 5.11 Indutância..........................................................................................................14 5.12 Freqüência E Fase..............................................................................................15 6. Classificação Das Correntes Eletroterapêutica................................................................16 6.1 Tipo De Correntes Eletroterapêuticas.................................................................19 6.1.1 Corrente Contínua................................................................................19 6.1.2 Corrente Alternada...............................................................................20 6.1.2.1 Modulação Da CA.................................................................23 6.1.3 Corrente Pulsada.................................................................................24 6.2 Características Descritivas Das Formas De Onda Da Corrente Pulsada Ou Alternada................................................................................25 6.2.1 Número De Fase Em Uma Forma De Onda........................................26 6.2.2 Simetria Nas Formas De Onda Bifásicas............................................28 6.2.3 Forma De Onda...................................................................................29 6.2.4 Termos Qualitativos Para Descrever Correntes Pulsadas Ou Alternadas..............................................................................................29 6.3 Características Quantitativas De Correntes Pulsadas E Alternadas...............................................................................................................32 6.3.1 Características De Uma Série De Pulsos............................................36 6.3.2 Modulação De Corrente......................................................................36 6.3.2.1 Modulação De Amplitude e De . Duração............................................................................................36 6.4 Corrente Excitomotora......................................................................................38 6.4.1 Forma De Onda Para Estimulação Neuro-Muscular............38 6.4.2 Reduzir A Debilidade Da Força Muscular..........................38 6.4.3 Respostas Excitatórias..........................................................40 6.4.4 Aplicação De Pulsos Elétricos Nos Tecidos.........................42 6.4.5 Penetração Dos Pulsos Elétricos Através Dos Tecidos...................................................................................44 6.4.6 Pulsos Elétricos Para Estimulação nervosa...........................44 7. Colocação De Eletrodos E Seus Fundamentos................................................................45 7.1 Relação Tecido E Eletrodo...............................................................................45 7.2 Diminuindo A Resistência Elétrica Na Superfície Da Pele................................46 7.3 Verificação De Áreas De Resistência Anormal..................................................46 7.4 Tipo De Eletrodo Usado Em Eletroterapia.........................................................47 7.4.1 Sistemas De Eletrodos........................................................................47 7.5 O Fluxo De Corrente No Tecido Corpóreo.........................................................49 7.6 Tamanho De Eletrodo..........................................................................................50 7.7 Disposição Dos Eletrodos................................................................................,,,.51 8. Diferença Entre Estimulação Elétrica Neuro-Muscular e Exercício..........................,,,....52 8.1 Efeitos Da Estimulação Elétrica.......................................................................,,,53 8.2 Efeito Da Eletroestimulação X Treinamento Físico Na Diferença Da Força Do Quadriceps Humano..................................................................................................54 8.3 Estimulação Elétrica À Longo Prazo Do Músculo Esquelético..........................56 9. Mudança Nas Propriedades Contráteis.............................................................................57 9.1 Alterações Metabólicas.......................................................................................61 9.2 Diferentes Padrões de Estimulação.....................................................................61 10. Os Estimuladores Elétricos Neuro-Muscular Da Atualidade..........................................62 11. Resultado.........................................................................................................................66 12. Discussão.........................................................................................................................66 13. Conclusão........................................................................................................................70 Referências........................................................................................................................71 Apêndices..........................................................................................................................81 1 PARÂMETROS CONTEMPORÂNEOS DAS CORRENTES EXCITOMOTORAS. 1. INTRODUÇÃO Na realização deste trabalho teve sempre pautado a importância de um estudo dirigido, visando um maior aprofundamento na área de estimulação elétrica neuromuscular. Este recurso terapêutico muito usado nos últimos vinte anos, vem se desenvolvendo de uma forma bastante ampla, tanto no desenvolvimento tecnológico dos equipamentos e formas de eletrodos como também, nas propostas terapêuticas, intervindo numa gama significativa de patologias e com respostas terapêuticas muito importantes. Diante de toda esta evolução nos últimos anos, entendeu-se que havia uma necessidade de realizar um trabalho para juntar todas as informações necessárias e básicas para uma melhor organização dos trabalhos realizados em pacientes portadores de disfunções musculo-esquelético. Intervir em quadros onde desejasse uma ação maior da função muscular, podendo até mesmo, produzir mudanças nas funções das fibras musculares específicas, para que obtivesse resultados mais eficientes da ação muscular. O estudo foi organizado, partindo das considerações básicas de correntes elétricas, passando pelas interações correntes elétricas, tecidos corpóreos. Foram levantadas as principais classificações das correntes eletroterapêuticas, as classificações qualitativas e quantitativas das correntes. Neste momento direcionou o estudo principalmente para as correntes excitomotoras. Estas correntes foram classificadas quanto sua forma de onda, tipo de pulso, freqüência de pulso, ou seja, todos os parâmetros da corrente excitomotora. Foram levantados e discutidos, trazendo ao profissional as informações necessárias, para que o mesmo tenha totais condições de interpretar o recurso, tirar do mesmo as melhores respostas terapêuticas e também realizar seu trabalho de forma segura e confiável. 2 2. PROBLEMÁTICA Temos hoje uma realidade complexa com relação às formas de correntes eletroterapêuticas e seus parâmetros de calibragem. As regras básicas nas construções dos equipamentos seguem uma evolução técnica específica, mas não há uma interação entre o que se constrói e o que se tem necessidade na terapia. Constroem-se muitas vezes equipamentos que não são bem entendidos pelo profissional da saúde, pois falta confirmação de sua eficácia na terapêutica. Existem estudos com relação aos tipos de correntes elétricas terapêuticas e seus controles ou parâmetros, mas estas informações estão muitas vezes fragmentadas em varias áreas, como física, engenharia elétrica, biofísica e isto traz uma dificuldade na aglutinação destas informações. Isto gera uma deficiência grave na compreensão, conseqüentemente na utilização do recurso. Diante desta situação, venho propor este trabalho no sentido de colaborar na resolução desta problemática, principalmente partindo de informações pré-estabelecidas, ou seja, dar informações concretas com relação aos parâmetros contemporâneos das correntes excitomotoras. A partir deste estudo os profissionais terão maior facilidade em compreender o que se constrói e como podem ser utilizados em várias situações do seu dia a dia. Isto também dá aos profissionais que constroem equipamentos, informações para que seus projetos sigam o mesmo caminho da terapêutica, fazendo com que haja uma boa interação entre terapeuta e construtor de equipamento. 3 3. OBJETIVO Em primeiro lugar desejamos atingir os profissionais que utilizam o equipamento como recurso terapêutico e dar ao profissional que constrói equipamentos informações básicas para que ocorra uma interação completa entre o construtor e o utilizador. Dentre os objetivos principais, desejamos: informar, orientar, instruir e mostrar aos profissionais que trabalham com correntes excito-motora, a importância de estar ciente dos controles para uma correta estimulação, mostrar trabalhos já realizados em áreas específicas, para que possa aumentar seu campo de ação terapêutica. Com relação aos construtores dar a eles as informações necessárias quanto aos parâmetros existentes nos equipamentos e mostrar a importância dos mesmos no momento da terapia, dar maior importância, ao projeto bem realizado, citar e exemplificar quais os objetivos a ser atingido com estes recursos, mostrar a responsabilidade de cada profissional com relação a resposta terapêutica. 4 4. METODOLOGIA A metodologia deste trabalho seguiu basicamente uma evolução para a compreensão do recurso, corrente excitomotora. Partiu-se de um contexto que o fundamento básico de correntes elétricas tem uma importância considerável para com o embasamento. A evolução desta pesquisa passa pelas classificações das correntes eletroterapêuticas, chegando obrigatoriamente nas correntes excitomotoras, que evolui para seus efeitos específicos. Diante destas informações, foi realizado um levantamento bibliográfico com literaturas na área de física, engenharia elétrica e principalmente na área de fisioterapia, seguindo sempre uma evolução clássica, para que tenha um bom entendimento na área de estimulação elétrica neuro-muscular. Foi realizada uma pesquisa, principalmente dos parâmetros contemporâneos dentro dos fundamentos básicos de correntes elétricas, das classificações de correntes eletroterapêuticas, das correntes excitomotoras, dos tipos de eletrodos, das modificações teciduais e as ultimas gerações de equipamentos para estimulação neuro-muscular, com isto obteve-se um amplo apanhado do assunto e a pesquisa deu informações vastas com relação aos parâmetros contemporâneos das correntes excitomotoras. 5 5. 5.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA FUNDAMENTOS BÁSICOS DA CORRENTE ELÉTRICA 5.2 A CARGA ELÉTRICA A base para que exista um fenômeno elétrico é a carga elétrica. O que se sabe com relação a esta carga foi aprendido com seu comportamento. Nos experimentos mais antigos, feitos com objetos carregados, permitiram que os pesquisadores percebessem dois tipos de carga. Quando dois objetos carregados de forma similar são colocados próximos um do outro, eles se repelem; dois objetos com cargas opostas, quando próximos, se atraem (SCOTT, 1972). Esses dois tipos de carga foram denominados de carga positiva e carga negativa (YOUNG; FREEDMAN, 2003; NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). 5.3 O CAMPO ELÉTRICO A força elétrica das partículas carregadas é transportada para outras partículas carregadas pelo campo elétrico (E), que cada carga cria em volta da mesma. As cargas transmitem força através de um campo elétrico, de uma maneira análoga ao modo que a força de gravidade da terra é transmitida, através dos campos gravitacionais(GUSSOW, 1985). As características dos campos elétricos entre duas substâncias carregadas, de modo oposto e duas substâncias da mesma carga são ilustradas na figura 1 (GUTMAN, 1980; ROBINSON, SNYDER-MACKLER, 2001; SCOTT, 1972). 6 Figura 1 Linhas do campo elétrico em volta de partículas carregadas de maneira oposta (A) e duas cargas iguais (B). A configuração das linhas do campo reflete a atração das partículas carregadas de maneira oposta e a repulsão entre as partículas carregadas iguais (ROBINSON, SNYDER-MACKLER, 2001). 5.4 INTER RELAÇÃO ELÉTRONS E ÍONS Toda matéria é composta por átomos que contêm um núcleo carregado positivamente e elétrons carregados negativamente que se organizam em órbitas ao redor deste núcleo. Um átomo é eletricamente neutro quando há uma equivalência entre as cargas do núcleo e dos elétrons. Quando modificado por uma força externa (como reações químicas, força eletrostática, calor, luz e campo eletromagnéticos), um átomo pode perder ou ganhar elétrons, alterando desta forma sua carga neutra e fazendo com que ele adquira propriedades elétricas (OKUNO; CALDAS; CHOW, 1982). Um átomo que não está mais em seu estado neutro original é chamado de íon, e o processo de alteração do estado elétrico de um átomo é chamado de ionização (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). Um íon negativo é um átomo que ganhou um ou mais elétrons, apresentando então uma carga líquida negativa; um íon positivo é um átomo que perdeu um ou mais elétrons, tornando-se carregado positivamente (YOUNG; FREEDMAN, 2003; SCOTT, 1972). Os íons estão presentes em soluções eletrolíticas de ácidos, bases e sais, tais como aqueles que compõem os tecidos biológicos. Radicais ácidos tendem a formar íons negativos, enquanto que alcalóides, bases e metais tendem a formar íons positivos. Um íon tem o mesmo núcleo que o átomo tinha antes de perder ou ganhar elétrons e, portanto, possui as mesmas características básicas do átomo original (SCOTT, 1972). A carga de um elétron isolado foi definida como: 7 -e = 1,6 x 10-19 Coulomb (1) Portanto, a carga de um objeto é a medida do número de elétrons livres que este ganhou ou perdeu, e é expressa em Coulomb de carga. Um Coulomb © de carga (q) é igual à carga combinada de: 6,25 x 10-18 elétrons (2) (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). 5.5 A ATIVIDADE DOS CONDUTORES E ISOLANTES As partículas carregadas tais como, elétrons em metais ou íons em solução tenderão a mover-se, ou a mudar de posição em virtude de suas interações com outras partículas carregadas. Em outras palavras, as partículas carregadas tenderão a mover-se na matéria quando existir diferença de potencial elétrico (YOUNG; FREEDMAN, 2003). Para as partículas carregadas moverem-se quando submetidas a uma voltagem, elas devem estar livres para isto. Aquela substância nas quais as partículas carregadas se movem facilmente quando colocadas em um campo elétrico são chamadas de condutores. Metais como o cobre, alumínio, são bons condutores. Os átomos dos metais tendem a abandonar os elétrons de sua camada orbital externa muito facilmente, quando colocados em um campo elétrico. Se uma substância negativamente carregada, for trazida para muito perto de uma extremidade de um fio de metal longo, os elétrons mais próximos da substância serão deslocados ao longo do fio longe da massa de carga similar. Os tecidos biológicos contêm partículas carregadas em solução, na forma de íons como sódio (Na+), potássio (K+) ou cloreto (Cl-). Os tecidos humanos são condutores porque os íons aí são livres para moverem-se, quando expostos às forças eletromotrizes. A capacidade dos íons moverem- 8 se nos tecidos humanos varia de tecido para tecido. O músculo e o nervo são bons condutores, enquanto que a pele e a gordura são condutores fracos. Em comparação com as substâncias que permitem movimento fácil de partículas carregadas em um campo elétrico, os isolantes são substâncias que tendem a não permitir movimento livre de íons ou de elétrons. A borracha e muitos plásticos são bons isolantes. (ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001; OKUNO; CALDAS; CHOW, 1982). 5.6 CORRENTE O fluxo ordenado de carga de um lugar a outro, através da matéria é chamado de corrente. A carga pode consistir de elétrons livres ou íons. Um movimento aleatório de elétrons livres, íons positivos e íons negativos ocorrem naturalmente em toda a matéria. Devido à composição de suas camadas orbitais, alguns átomos tendem a doar ou receber elétrons mais facilmente que outros. Aqueles materiais que têm suas camadas de valências quase completas tendem a ser muito estáveis, com poucos elétrons livres (isolantes). Materiais (principalmente metais) com apenas um ou dois elétrons de valência tendem a doar elétrons muito facilmente (condutores) e permitir o movimento ou fluxo dos elétrons dentro deles. Soluções eletrolíticas permitem o movimento livre de íons positivos e negativos, assim como a movimentação livre dos elétrons (GUSSOW, 1985). Para se produzir um fluxo de corrente organizado, deve haver uma fonte de elétrons livres e de íons positivos, um material condutor que permita o fluxo de carga e uma força eletromotriz (FEM) que mova ou concentre a carga (SCOTT, 1972). A unidade da corrente (I) é o ampère (A), que é definido como a taxa de passagem do fluxo de cargas por uma seção transversal de referência em um condutor. Um ampère é igual a um Coulomb por segundo. Coulomb indica o número de elétrons; ampère indica a quantidade de fluxo dos elétrons. Um ampère é uma unidade muito grande quando se trata da estimulação elétrica no ser humano e, portanto, unidades menores são mais comumente utilizadas: um miliampère (mA) é a milésima parte de um ampère; um microampére (µA) é a milionésima parte de um ampère (OKUNO; CALDAS; CHOW, 1982). 9 A fisiologia das membranas celulares excitáveis é discutida tanto em termos do movimento normal de íons para dentro e para fora da célula, quanto em relação à diferença na carga líquida resultante decorrente da concentração desigual, de íons em cada um dos lados da membrana (SCOTT, 1972). Uma condição necessária para a despolarização de membranas celulares por meio de estímulos elétricos externos é o acúmulo de cargas negativas no exterior da célula, de tal modo que um limiar de excitação crítico seja atingido. Enquanto a quantidade mínima de carga necessária para produzir um potencial de ação, depende em grande parte das propriedades elétricas de um tipo particular de célula e é razoável e previsível. A quantidade real de carga necessária em uma determinada aplicação, depende da fração da carga liberada pelo estimulador que realmente atinge as membranasalvo. O caminho tomado pela corrente de estimulação depende de vários fatores, incluindo o tipo e o tamanho do eletrodo, o acoplamento deste à superfície da pele, a localização dos eletrodos e as várias impedâncias teciduais nas vizinhanças da membrana-alvo (HAAR, 2003; NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). A carga do estímulo liberada pelo estimulador, medida em unidades de Coulomb, é a integral da corrente de estímulo em ampere, integrada em relação ao tempo de duração em segundos, como mostra a equação (3). q = S i(t)dt (3) Para um estímulo monofásico retangular, a carga do estímulo é igual à amplitude da corrente multiplicada pela duração da fase. q = I x t (4) (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). 10 5.7 TENSÃO Juntamente com a carga, forma-se um campo elétrico que preenche os espaços ao redor dela de tal modo que, quando outra carga está dentro do campo, forças elétricas agem sobre ela. Se duas partículas de mesma carga são movidas juntas, forças elétricas agem para mantê-la afastadas. Essas forças tornam-se cada vez mais fortes conforme as partículas se aproximam. Deve ser realizado um trabalho para aproximar duas partículas de mesma carga, convertendo-se então a energia cinética em energia potencial. A diferença da energia potencial por unidade de carga entre as partículas é chamada de diferença de potencial. A unidade da diferença de potencial, ou voltagem, é o volt (V), definido como um joule\ Coulomb (YOUNG; FREEDMAN, 2003). Dado que o trabalho para mover uma carga é relativo a uma outra carga, a diferença de potencial é sempre relativa a um ponto de referência. Caso o ponto de referência não seja dado explicitamente, deve-se assumir que este seja a terra, ou o potencial elétrico da terra. O terra é considerado um potencial igual a zero, que pode fornecer qualquer quantidade prática de carga sem alterar suas características elétricas (GUTMAN, 1980). Existem dois contextos nos quais a voltagem ou a diferença de potencial é usada para descrever a estimulação elétrica de membranas excitáveis. A diferença de carga entre o interior e o exterior de uma célula muscular ou nervosa resulta numa diferença de potencial, a qual é medida em milivolts. A diferença de potencial também pode ser usada para descrever a força eletromotriz produzida pelo circuito do estimulador. Usada para mover as cargas dos terminais de saída do estimulador, através dos cabos conectores e dos eletrodos de estimulação e forçar o fluxo de cargas através dos tecidos corporais intervenientes que porventura estejam na rota das células-alvo (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). 11 5.8 RESISTÊNCIA A resistência é a propriedade de um material resistir ou se opor ao fluxo de corrente que passa por ele. Diferentes materiais possuem uma capacidade de resistência intrínseca diferente, dependendo de suas características químicas. Os melhores condutores, tais como o ouro, a prata e o cobre, têm uma resistência baixa. Já os isolantes, como plástico, o papel e tecidos, têm resistência alta. Alguns materiais, como o silício e o germânio, não são nem bons condutores nem bons isolantes. Esses materiais semicondutores podem ser feitos de modo a agir tanto como condutores quanto como isolantes. Essa característica dual de resistência dos semicondutores é a base para os modernos componentes eletrônicos de estado sólido (LICHT, 1970). A resistência de um material que age como condutor de corrente direta pode ser calculada por meio de Lei de Ohm, que relaciona as propriedades da corrente, da resistência e da voltagem. Se um volt de diferença de potencial causa uma corrente de um ampère pela lei de Ohm, a resistência limite é igual a um Ohm Ω (YOUNG; FREEDMAN, 2003; SCOTT, 1972). Voltagem (V) Resistência (Ω) = ----------------- (5) Corrente (A) Os valores comuns para a resistência incluem o kilohms (kΩ) e o megaohms (MΩ): milhares e milhões de ohms, respectivamente. O termo resistor se refere a um componente eletrônico usado para introduzir uma quantidade desejada de resistência em um circuito. Às vezes é melhor pensar em termos de quão bem um material conduz uma corrente, em vez de quão bem ele resiste à sua passagem (GUTMAN, 1980; NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). 12 5.9 CONDUTÂNCIA É o termo usado para definir a facilidade com que a corrente flui pelo material; ela é o inverso da resistência. A unidade da condutância é o mho. 1 Condutância (S) =--------------------Resistência (Ω) (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). 5.10 CAPACITÂNCIA E IMPEDÂNCIA A fim de entender a corrente nos tecidos biológicos dois outros conceitos elétricos também devem ser introduzidos. Capacitância é a propriedade de um sistema de condutores e isolantes que permite que o sistema armazene carga. As correntes produzidas nos tecidos biológicos são influenciadas não só pela resistência do tecido, mas também pela capacitância do tecido. Um elemento de circuito elétrico, o capacitor, é feito de duas placas finas de metal separadas por um isolante (ou dielétrico) (Figura 2 A). Se uma voltagem fixa for aplicada através do capacitor, a corrente não passa pelo aparelho por causa da presença do material isolante. Contudo, a diferença de potencial entre as duas placas do capacitor exerce uma força sobre as moléculas dentro do isolante, originando a energia potencial dentro dessas moléculas (Figura 2B). Se a voltagem aplicada for removida, a energia armazenada (diferença de potencial elétrico através do capacitor) permanece até que o capacitor seja descarregado através de alguma trilha condutora (YOUNG; FREEDMAN, 2003; GUTMAN, 1980; ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001). 13 Figura 2 Diagramas de um capacitor em um circuito elétrico simples em estados descarregados(A) e carregado (B).Um capacitor armazena energia elétrica pela deformação de moléculas dielétricas. (ROBINSON, SNYDER-MACKLER, 2001) Embora os sistemas capacitivos tendam a bloquear correntes contínuas, eles tendem a permitir que as correntes alternadas passem. Para um sistema em uma determinada capacitância, quanto mais alta a freqüência da corrente alternada, maior facilidade terá a corrente para atravessar o sistema. A capacitância de um capacitor ou qualquer sistema de condutores e isolantes construído semelhantemente é expressa em farads (F); F é a magnitude de capacitância já que 1 C de carga é armazenada quando 1 V de diferença de potencial é aplicado (OKUNO; CALDAS; CHOW, 1982; SCOTT, 1972). O termo impedância (Z) descreve a oposição às correntes alternadas assim como o termo resistência descreve a oposição às correntes contínuas. A impedância leva em conta tanto à oposição capacitiva quanto a resistiva para o movimento de partículas carregadas. Quando se trata de estimulação elétrica clínica, é mais apropriado expressar a oposição à corrente com relação à impedância, porque os tecidos humanos são bem modelados com redes complexas de resistores e de capacitores (F-C). Já que a impedância depende da natureza capacitiva dos tecidos biológicos, sua magnitude depende da freqüência da estimulação aplicada. Em geral, quanto mais alta a freqüência de estimulação, mais baixa será a impedância dos tecidos. A unidade-padrão da impedância é o ohm. (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003; ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001). 14 5.11 INDUTÂNCIA A indutância é a medida do quanto uma corrente variável pode induzir de Força Eletromotriz (FEM) em um circuito (ELECTROTHERAPY STANDARDS COMMITTEE, 1990; JAY, 1977). Indutores são componentes elétricos que possuem a propriedade da indutância. Os indutores são formados por um fio enrolado em um cilindro ou eixo de ferro, que concentra o campo magnético existente ao redor do condutor que conduz a corrente. Um campo magnético variável induzirá uma força eletromotriz em qualquer condutor que se concentre dentro desse campo magnético, incluindo ele próprio. A força eletromotriz induzida deve agir contra a força eletromotriz original de tal forma que, a energia resultante no sistema seja constante e conservada. Dessa maneira, a energia estocada no campo magnético age para opor uma carga no fluxo da corrente que a produziu. A relação entre a magnitude da força eletromotriz contrária induzida, a taxa de alteração da corrente e a indutância do rolamento, pode ser expressa como: di -FEM= L ------ (7) dt ( ELECTROTHERAPY STANDARDS COMMITTEE, 1990). Onde, L é a indutância em Henry (H). Uma indutância de um Henry induzirá uma força eletromotriz de um volt quando a corrente estiver alternando na taxa de um ampère por segundo. Deve-se observar que a força eletromotriz contrária é dada com sinal negativo para denotar sua polaridade reversa (GUSSOW, 1985; GUTMAN, 1980; SCOTT, 1972). Apesar de a indutância ser negligenciável nos sistemas biológicos, ela pode ser usada com vantagem para induzir correntes nos tecidos biológicos, sem a necessidade do uso de eletrodos na superfície da pele. Uma aplicação especial da indução é o transformador, que é composto, na realidade, por dois indutores colocados juntos no mesmo rolamento. O fluxo 15 da corrente no rolamento primário forma um campo magnético que induz uma força eletromotriz (V) no rolamento secundário. A força eletromotriz induzida é proporcional à relação entre o número de voltas no rolamento secundário e o número de voltas no rolamento primário. O transformador é um componente essencial para o fornecimento da energia usada nos estimuladores elétricos. Um transformador elevador de voltagem (tensão) é usado para gerar as altas voltagens (tensão), necessárias para a estimulação elétrica das membranas excitáveis por meio de eletrodos. O isolamento elétrico inerente do primário em relação ao secundário no circuito de um transformador é usado, nos projetos dos estimuladores, para garantir o isolamento elétrico do paciente em relação a terra. Esse isolamento do paciente em relação às correntes referidas a terra é desejável. O isolamento limita o risco de choque da instrumentação por meio da redução das correntes de terra a níveis extremamente baixos. O isolamento permite um controle melhor do caminho desejado para o corrente de estímulo eliminando a possibilidade de seu retorno a terra por meio de várias vias desconhecidas. O isolamento do estímulo também reduz muito, a captação de artefato de estímulo durante o registro de respostas bioelétricas evocadas (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003; ELECTROTHERAPY STANDARDS COMMITTEE, 1990; SCOTT, 1972). 5.12 FREQÜÊNCIA E FASE Todas as voltagens de onda que variam com o passar do tempo podem ser descritas como sendo compostas por uma série de sinusóides periódicas de diferentes amplitudes, fases e freqüências que, juntas, definem a forma de onda. A freqüência de uma sinusóide isolada é definida pelo seu período, isto é, o tempo que ela leva para completar um ciclo sinusóide, onde: 1 Freqüência (Hz) = -------------------Período (s) (8) 16 Nesse contexto, a fase refere-se à fração do ciclo fundamental, no qual o ponto de referência zero de cada componente sinusóide está deslocado em relação a ponto de referência zero da freqüência fundamental. Existem 360 graus em um ciclo de uma onda sinusóide, começando no ponto de referência zero e voltando a esse mesmo ponto após passar por voltagens positivas e negativas (MILLMAN; TAUB, 1965). Caso duas sinusóides não comecem no ponto de referência de voltagem zero no mesmo momento, as sinusóides são descritas como fora de fase. A diferença de fase é medida em graus. Consideradas em conjunto, as sinusóides que compõem qualquer onda formam o espectro de freqüência da onda, variando da sinusóide de menor freqüência para a freqüência fundamental e, para a de maior freqüência. Um fluxo de corrente que não varia, ou não altera sua polaridade, é chamado de corrente direta ou corrente galvânica ou corrente contínua (CC) e é tido como freqüência zero (0Hz) CURRIER, 2003). (LICHT, 1970; NELSON; HAYES; 17 6. CLASSIFICAÇÃO DAS CORRENTES ELETROTERAPÊUTICAS As correntes elétricas têm sido usadas como propostas terapêuticas por centenas de anos. Com o desenvolvimento de diferentes formas de geradores elétricos durante o século XX, os tipos de correntes elétricas empregados nas aplicações terapêuticas proliferaram. A introdução na área da saúde, de vários tipos diferentes de estimuladores que produzem diferentes formas de correntes elétricas tem sido acompanhada por muita confusão, na comunicação com relação às características das correntes geradas. Antes de 1990, nenhum sistema tinha sido desenvolvido para padronizar descrições de correntes elétricas usadas na eletroterapia. A caracterização das correntes eletroterapêuticas foi muitas vezes dirigida pelos desenvolvimentos históricos ou pelo setor comercial (SCOTT, 1972; STILLWELL, 1984). A figura 3 mostra alguns dos vários tipos de correntes tradicionalmente empregadas na eletroterapia e suas designações tradicionais. Figura 3 Designações “tradicionais” de correntes elétricas selecionadas usadas historicamente na pratica clínica.Cada gráfico mostra mudanças na amplitude de corrente sobre o tempo. MACKLER, 2001) (ROBINSON, SNYDER- 18 A figura 4 ilustra vários perfis de ondas de correntes (ou voltagens) designadas comercialmente. Figura 4 Designações “comerciais” de corrente elétrica selecionada disponível a partir de determinados estimuladores contemporâneos. Os gráficos mostram mudanças na amplitude de corrente sobre o tempo ou mudanças na amplitude de voltagem sobre o tempo. (ROBINSON, SNYDER-MACKLER, 2001). A diferenciação entre esses tipos de correntes tradicionais e comerciais era muitas vezes baseada somente em uma única característica de corrente, tal como a amplitude de voltagem ou a freqüência de estimulação. Tais distinções unidimensionais levam a designações dicotômicas – tais como estimuladores de¨baixa voltagem versus média freqüência ¨ que subsistem até hoje. Na metade dos anos 80, a seção sobre Eletrofisiologia Clínica (SCE) da Associação Americana de Fisioterapia apontou que, tal diferenciação arbitrária de correntes eletroterapêuticas com a proliferação de designações comerciais de correntes, favoreceu a confusão na comunicação com relação à eletroterapia (ELETROTHERAPY STANDARDS COMMITTEE, 1990). Numa tentativa de aliviar o problema, a SCE desenvolveu uma monografia tratando da terminologia em eletroterapia; 19 ela oferece orientações para descrições qualitativas e quantitativas de correntes eletroterapêuticas. Embora o restante deste capítulo apresente muito do conteúdo dessa monografia da SCE, uma apreciação para as designações tradicionais e comerciais de correntes eletroterapêuticas, ainda é necessária já que a maioria da literatura publicada durante os anos 80 usava terminologias tradicionais e comerciais (GUTMAN, 1980; NELSON; HAYES; CURRIER, 2003; ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001; SCOTT, 1972). 6.1 TIPO DE CORRENTES ELETROTERAPÊUTICAS. As correntes elétricas usadas na eletroterapia clínica contemporânea podem geralmente ser divididas em três tipos: corrente contínua, corrente alternada e corrente pulsada (pulsátil). Iremos diferenciar entre esses três tipos de correntes baseados em suas características qualitativas e quantitativas. 6.1.1 CORRENTE CONTÍNUA O fluxo unidirecional contínuo ou ininterrupto de partículas carregadas é definido como corrente contínua (CC). Essa forma de corrente tem sido tradicionalmente referida como corrente ¨galvânica¨; contudo, esse não é mais o termo usual, ela é chamada de corrente direta ou contínua (YOUNG; FREEDMAN, 2003). A corrente contínua em um circuito eletrônico simples é produzida por uma voltagem de magnitude fixa, aplicada a um condutor com resistência fixa figura 5 (GUTMAN, 1980; LOW; REED, 2001; ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001 SCOTT, 1972; STILLWELL, 1984 ). 20 Figura 5 Diagrama de um simples circuito elétrico mostrando o movimento unidirecional de elétrons em resposta a uma força eletromotriz constante (A) (ROBINSON; SNYDER- MACKLER, 2001) 6.1.2 CORRENTE ALTERNADA A corrente alternada (CA) é definida como o fluxo bidirecional contínuo ou ininterrupto de partículas carregadas. Para produzir esse tipo de corrente, a voltagem aplicada através de um circuito simples oscila em magnitude e a polaridade da voltagem aplicada é periodicamente revertida. Os elétrons no circuito movem-se primeiro em uma direção. Quando o campo elétrico é revertido, os elétrons movem-se para trás na direção de suas posições originais (MILLMAN; TAUB, 1965; YOUNG; FREEDMAN, 2003). Uma corrente alternada pode ser produzida, rodando uma fonte de voltagem fixa no circuito como ilustrado na figura 6A. A corrente alternada que flui através desse circuito é representada na figura 6B. Um gráfico da amplitude de corrente sobre o tempo (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003; ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001; SCOTT, 1972). 21 Figura 6 Circuito elétrico simples no qual uma pilha roda em velocidade constante e muda regularmente a direção da força eletromotriz (voltagem), que age sobre os elétrons no condutor (A). Observe o movimento para trás e para frente dos elétrons. Circuito análogo hidráulico do circuito elétrico em (B) ilustrando o movimento para trás e para frente da bomba, que produz o movimento alternado do líquido dentro do sistema (B) (ROBINSON, SNYDER-MACKLER, 2001). As correntes alternadas são caracterizadas pela freqüência (f) de oscilações e a amplitude de movimento do elétron ou do movimento iônico. A freqüência da CA é expressa em Hertz (Hz) ou em ciclos por segundo (cps). A recíproca de freqüência (1/f) define um valor, conhecido como período, que é o tempo entre o início de um ciclo de oscilação e o início do próximo ciclo (LICHT, 1970; GUTMAN, 1980; HAAR, 2003). A CA mais comum é simétrica e pode ser aplicada em formatos variados, incluindo sinusóide, retangular, trapezóide e triangular. A CA também pode ser assimétrica e possuir vários formatos Figura 7. 22 Figura 7 Formas diferentes de corrente (não modulada) alternada (CA) (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). As relações inversas entre as freqüências e as durações de pulso e de fase são típicas da CA. O que é inerente a essa relação é o fenômeno de que, conforme a freqüência da CA é aumentada, as durações da fase e do pulso são automaticamente diminuídas. O oposto ocorre se a freqüência de pulso diminui (figura 8). As durações da fase e do pulso podem então ser calculadas em relação à freqüência (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). 23 Figura 8 Relação entre a freqüência de pulso e a duração de fase de ondas sinusóides liberadas de forma contínua(A), Duração da fase(B), Duração (1ciclo) do pulso. Notar que tanto a duração da fase quanto à do pulso diminuem conforme a freqüência aumenta (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). 6.1.2.1 MODULAÇÃO DA CA As modulações da CA são feitas por meio das variáveis tempo e amplitude. A CA modulada por tempo pode ser subdividida nos modos burst e interrompida. Um burst de CA é estabelecido quando se permite que a corrente flua por poucos milissegundos e então deixe de fluir por alguns milissegundos, em um ciclo repetitivo Figura 9. O intervalo entre burst sucessivos é conhecido como intervalo interburst e é sinônimo do intervalo entre os Figura 9 Corrente Alternada modulada por tempo para formar bursts. (A) intervalo interbursts. (B) burst isolado (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). 24 pulsos das correntes pulsadas. A CA em burst também tem sido chamada de pulsos polifásicos (ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001), porque fisiologicamente, eles parecem provocar a mesma excitação dos pulsos monofásicos ou bifásicos (KANTOR, 1994; JOHNSON, 1986). O estimulador clínico mais comum projetado para produzir burst da CA modulada por tempo é chamado de “corrente Russa” Figura 9. A corrente alternada também pode ser modulada como uma CA interrompida. Essa modulação prevalece quando a corrente deixa de passar por 1 segundo ou mais e então passa de novo por alguns segundos, em um ciclo repetitivo. A modulação interrompida é diferente da modulação em burst, uma vez que na interrompida a corrente cessa por tempo suficiente para permitir um relaxamento na contração muscular. A modulação interrompida da CA é idêntica à interrupção da corrente pulsada. A CA modulada em amplitude pode ser obtida por meio de várias abordagens elétricas. O projeto mais comum é a combinação de duas fontes contínuas de CA que diferem entre si em freqüência. Essa abordagem resulta no que chamamos de corrente interferencial (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). 6.1.3 CORRENTE PULSADA A corrente pulsada (corrente pulsada ou interrompida) é definida como fluxo uni ou bidirecional de partículas carregadas, que periodicamente param por um período de tempo finito. Uma descrição desse tipo de corrente pode não ser encontrada em livros de física básica, mas o termo é importante, porque descreve a forma de corrente mais comumente usada em aplicações clínicas de estimulação elétrica. Os físicos e os engenheiros podem referir-se à corrente pulsada como CC interrompida ou CA interrompida. A corrente pulsada é caracterizada pelo aspecto de uma unidade elementar desse tipo de corrente chamado pulso. Um pulso único é definido como um evento elétrico isolado separado por um tempo finito do próximo evento. Isto é, um pulso único representa um período finito de movimento de partícula carregada (GUSSOW, 1985; GUTMAN, 1980; MILLMAN; TAUB, 1965). 25 Se uma voltagem fixa for aplicada a um circuito elétrico de resistência simples, como mostra na Figura 5 (pg.19), uma corrente unidirecional será induzida no condutor. Se o circuito for periodicamente interrompido abrindo e fechando um interruptor no circuito, o movimento de elétrons produzido irá começar e parar em sincronia com o fechamento e a abertura do interruptor. A corrente produzida é intermitente e somente em uma direção e é referida como pulsada monofásica. De maneira semelhante, se uma voltagem alternada for aplicada a um circuito elétrico simples, como mostrado na Figura 6 (pg.20), e o circuito for interrompido no término de cada ciclo de voltagem alternada, os elétrons nos condutores irão mover-se brevemente para trás e para frente, parar e depois começar a oscilar novamente. A corrente produzida é intermitente e o movimento da partícula carregada é bidirecional. Tal corrente é chamada de corrente pulsada bifásica. As mudanças na amplitude das correntes pulsadas bifásicas para cada pulso são determinadas pelas mudanças na amplitude da voltagem aplicada (GUTMAN, 1980; LIBERSON, 1970; ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001). 6.2 CARACTERÍSTICAS DESCRITIVAS DAS FORMAS DE ONDA DA CORRENTE PULSADA OU ALTERNADA As características qualitativas e quantitativas dos pulsos de corrente (ou um único ciclo de CA) são mais facilmente compreendidas, examinando-se graficamente as mudanças de amplitude de corrente que ocorrem durante o tempo. A forma da apresentação visual de um pulso único, ou ciclo de CA em um diagrama de corrente versus tempo (ou voltagem versus tempo) é chamado de forma de onda. Um grande número de tipos de formas de onda de corrente pulsada ou CA pode ser gerado nos condutores. Alguns exemplos de formas de ondas produzidas por estimuladores elétricos clínicos disponíveis comercialmente são ilustrados nas Figuras 3 e 4. Um pulso único ou ciclo de CA pode ser evidenciado por suas características dependentes da amplitude e do tempo, assim como várias outras características descritivas (tabela-1.) (LOW; REED, 2001; STILLWELL, 1984; ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001). 26 Tabela-1. Características descritivas de formas de onda de corrente pulsada ou alternada. Característica Número de fases Designação comum Monofásica Bifásica Trifásica Polifásica Simetria de fases Simétrica Assimétrica Equilíbrio da carga de fase Equilibrada Desequilibrada Forma de onda ou forma da fase Retangular Quadrada Triangular Dente de serra Sinusoidal Exponencial Fonte: Robinson, Snyder-Mackler, (2001) 6.2.1 NÚMERO DE FASE EM UMA FORMA DE ONDA O termo fase refere-se ao fluxo de corrente unidirecional em um diagrama corrente/tempo. Um pulso que se afasta da linha de corrente zero (linha base) em apenas uma direção, como aquela mostrada na figura 10A, é chamada de 27 monofásico. Tal pulso pode ser produzido pela interrupção intermitente de uma fonte de voltagem constante aplicada a um condutor. Em um pulso monofásico, as partículas carregadas no meio condutor movem-se brevemente em uma direção, de acordo com sua carga, depois param. Um pulso que se afasta da linha base primeiro em uma direção e depois na direção oposta é chamado bifásico, figura10A. Este tipo de pulso pode ser produzido pela interrupção intermitente de uma fonte de voltagem alternada, aplicada a um circuito elétrico. Em um pulso bifásico, as partículas carregadas movem-se primeiro em uma direção e depois se movem para trás na direção oposta (KASATKIN; PEREKALIN, 1960). Figura 10 Características de forma de onda de corrente pulsada e alternada. (ROBINSON, SNYDERMACKLER, 2001). 28 Formas de onda com três fases são chamadas trifásicas, e aquelas com mais de três, polifásicas. Algumas formas de onda produzida comercialmente, que foram referidas por outros autores como polifásicas, podem de fato ser uma série ininterrupta de formas de onda bifásicas, quando reduzidas ao evento elétrico comum ou mais simples (ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001, NELSON; HAYES; CURRIER, 2003; SCOTT, 1972). 6.2.2 SIMETRIA NAS FORMAS DE ONDA BIFÁSICAS Para pulsos bifásicos ou ciclos de CA, a maneira na qual a cargas se move para trás e para frente pode ou não ser a mesma. Se a maneira na qual, a amplitude de corrente varia durante o tempo para a primeira fase de uma forma de onda bifásica, é idêntica em natureza, mas oposta na direção daquela da segunda fase, a forma de onda bifásica é descrita como simétrica. Figura 10B. Isto é, uma forma de onda é descrita como simétrica se a primeira fase é a imagem de espelho da segunda fase, de um pulso bifásico ou ciclo único de CA. Por outro lado, uma forma de onda é referida como assimétrica, se a maneira na qual a amplitude de corrente varia na primeira fase de um pulso bifásico, não é a imagem de espelho da segunda fase. Figura10B. Para formas de onda bifásicas simétricas, a quantidade total de corrente para uma fase é igual ao valor absoluto da corrente total que flui na segunda fase. Essa condição pode ou não ser verdadeira para formas de onda bifásicas assimétricas. Se para uma forma de onda bifásica assimétrica o tempo integral para a corrente na primeira fase não for igual, em magnitude ao tempo integral na segunda fase, então a forma de onda é chamada de desequilibrada. Dito de forma mais simples, se a área sob a primeira fase de uma forma de onda bifásica não é a mesma que a área sob a segunda fase, a forma de onda é chamada desequilibrada. Se a área sob a primeira fase de uma forma de onda bifásica for igual à área sob a segunda fase, a forma de onda é descrita como equilibrada. Exemplos de formas de ondas bifásicas equilibradas e desequilibradas são mostrados na figura 10C. A partir de uma perspectiva clínica, o uso de formas de onda desequilibradas pode resultar em 29 diferenças notáveis na sensação de estimulação sob eletrodos de superfície (HAAR, 2003; ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001). 6.2.3 FORMA DE ONDA Uma abordagem descritiva muito comum para a caracterização de formas de ondas pulsadas e CA é o uso de termos para indicar a forma geométrica das fases do pulso, ou do ciclo como elas aparecem no gráfico da corrente (ou voltagem), versus tempo. Designação de formas freqüentemente encontradas na literatura profissional e comercial inclui retangular, quadrada, triangular, dente de serra e pontiaguda. Alternativamente, as formas podem ser baseadas na função matemática que daria origem a um gráfico (ou parte de um gráfico) de forma similar. Dois exemplos de tais designações são formas de onda baseadas em mudanças sinusoidal ou exponencial na corrente (ou voltagem) durante o tempo. A figura 10D ilustra várias formas de onda comuns (MILLMAN; TAUB, 1965; NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). 6.2.4 TERMOS QUALITATIVOS PARA DESCREVER CORRENTES PULSADAS OU ALTERNADAS Os termos descritivos definidos anteriormente neste capítulo, são de valor limitado, a menos que um sistema seja desenvolvido para ligar esses termos de uma maneira consistente. A figura 11 mostra um gráfico organizacional, que pode ser usado para nomear descrições qualitativas para formas de onda de corrente pulsada ou CA. A partir do exame das formas de onda, primeiro determina-se que tipo de corrente é mostrada. Depois, o número de fases da forma de onda é determinado, seguindo pela simetria e pelo equilíbrio de carga para formas de onda bifásicas. Finalmente, uma designação de forma pode ser nomeada para todo pulso ou muitas vezes para a primeira fase de pulsos bifásicos. 30 Figura 11 Diagrama do sistema para combinar designações de corrente descritivas na nomeação de formas de ondas de correntes alternadas ou pulsadas (ROBINSON, SNYDER-MACKLER, 2001). A nomeação da forma de onda de corrente então se origina da esquerda para a direita, ao longo do gráfico. A Figura12 mostra várias formas de onda de correntes e indica a descrição qualitativa dessas correntes usando o sistema mostrado na Figura11. Observe que esse sistema proposto para nomear correntes eletroterapêuticas pode não ser suficiente para descrever todos os tipos de correntes possíveis, mas permite que os fisioterapeutas e outros profissionais descrevam consistentemente a maioria das correntes usadas na prática contemporânea. 31 Figura 12 Representação gráfica de várias formas comuns de corrente de pulso classificado com designações “descritivas” apropriadas. As formas de onda representadas em (B) e (D) foram anteriormente chamadas galvânica de pulso de alta voltagem e farádica, respectivamente (ROBINSON, SNYDERMACKLER, 2001). 6.3 CARACTERÍSTICAS QUANTITATIVAS DE CORRENTES PULSADAS E ALTERNADAS As formas de onda de corrente pulsada ou CA podem ser caracterizadas quantitativamente por suas características dependentes da amplitude e do tempo (Tabela 2). A amplitude é uma medida da magnitude de corrente, com referência à linha base de corrente zero em qualquer momento no tempo em um gráfico de 32 corrente versus tempo. Alternativamente, a amplitude pode ser uma medida da força motriz, (voltagem) aplicada para induzir uma corrente quando uma forma de onda é traçada como um gráfico de voltagem versus tempo Figura 13. As propriedades dependentes de amplitude dos pulsos de corrente (ou pulsos de voltagem) podem ser caracterizadas pela medida do seguinte (ELECTROTHERAPY STANDARDS COMMITTEE, 1990). Tabela 2 - Características quantitativas de correntes pulsadas e alternadas. Características Características Características Dependentes da Amplitude Dependentes do Tempo Dependentes da Amplitude e do Tempo Amplitude máxima Duração de fase Carga de fase Amplitude entre picos Duração de pulso Carga de pulso Amplitude eficaz Tempo de transição Amplitude média Tempo de extinção Intervalo interpulso Período Freqüência Fonte: Robinson, Snyder-Mackler, (2001) e ELECTROTHERAPY STANDARDS COMMITTEE, (1990). Amplitude Máxima: a corrente (voltagem) máxima alcançada em um pulso monofásico ou para cada fase em um pulso bifásico. Amplitude entre picos: a corrente (voltagem) máxima medida do pico da primeira fase até o pico da segunda fase de um pulso bifásico. 33 Figura13 Forma de onda CA sinusoidal e suas características dependentes da amplitude. As amplitudes podem ser expressas como amplitudes máximas para cada fase ou amplitude de pulso entre picos (A). Alternativamente, amplitudes eficazes (RMS) ou médias podem ser usadas para descrever a magnitude de correntes ou voltagens (B) (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). Desses dois métodos de medir amplitude de corrente (voltagem), a amplitude máxima de cada fase é recomendada. Outras maneiras para descrever amplitude de corrente, tal como amplitude eficaz (RMS ou eficaz) ou corrente média por unidade de tempo, depende da forma de onda particular examinada (LANGFORD-SMITH, 1953). Por exemplo, o valor da amplitude eficaz, para uma forma de onda sinusoidal pura equivale aproximadamente a 70% do valor da amplitude máxima, enquanto que, a corrente média para a mesma forma de onda é de aproximadamente 64% do valor máximo. Ilustrações dessas medidas de amplitude de corrente são dadas na Figura13. As medidas de corrente média e de corrente eficaz em conta a forma do pulso, podem refletir mais precisamente, a força estimulante da forma de onda, que as medidas de amplitude máximas. A amplitude das correntes aplicadas usando estimuladores é às vezes referida como a intensidade de estimulação. Portanto, os controles nos geradores clínicos que regulam a amplitude de corrente induzida (voltagem) são freqüentemente rotulados de ¨intensidade¨. Já que o termo intensidade é também freqüentemente usado para descrever carga de pulso, é recomendado que ele não seja usado de modo algum para descrever, características de amplitude de forma de onda de corrente pulsada ou CA. 34 Uma variedade de características, dependentes do tempo é usada para quantificar o pulso de corrente com mostra a Figura 14. As características de correntes pulsadas dependentes do tempo incluem o seguinte: Duração da fase: o tempo decorrido entre o início e o término de uma fase. Duração do pulso: o tempo decorrido entre o início e o término de todas as fases em um pulso único; em estimuladores clínicos a duração de pulso é muitas vezes incorretamente classificada de ¨largura do pulso¨. Período: o tempo decorrido de um ponto de referência em uma forma de onda de pulso ou ciclo de CA, até o ponto idêntico no próximo pulso sucessivo, a recíproca de freqüência (Período=1/f). Para corrente pulsada o período é igual à duração do pulso mais o intervalo interpulso. Intervalo interfase: o tempo decorrido entre duas fases sucessivas de um pulso, também conhecido como o intervalo intrapulso. Tempo de transição: o tempo para a borda de entrada de a fase aumentar na amplitude, a partir da linha base de corrente zero até a amplitude máxima de uma fase. Tempo de extinção: o tempo para o bordo de fuga, para fase retornar à linha base de corrente zero, a partir da amplitude máxima da fase. Essas características de pulso dependentes do tempo são geralmente expressas em microssegundo (mseg, ms, 10¯6 s, milionésimos de um segundo), ou milissegundos (mseg, ms, 10¯3 s, miléssimos de um segundo), quando se tratar de aplicações de correntes pulsáteis na eletroterapia clínica. Uma das características quantitativas de pulsos mais importantes do ponto de vista fisiológico é a carga carregada por um pulso individual, ou fase de um pulso. A carga de fase é definida como o tempo integral de corrente para uma fase única. Isto é, a carga de fase é representada pela área sob uma forma de onda de fase única. Figura 14. Como tal, a carga de fase é determinada pela amplitude da fase e pela duração da fase. A magnitude da carga de fase fornecerá uma indicação da influência relativa que um pulso e terá produzido mudanças nos sistemas biológicos. A carga de pulso de um pulso único é o tempo integral para a forma de onda de corrente sobre todo o pulso (Figura 14). Para um pulso bifásico típico, a carga de pulso é a soma da área sob cada fase. Para formas de ondas monofásicas, 35 a carga de pulso e a carga de fase são iguais. As cargas de fase e as de pulso são expressas em coulombs, e as cargas de pulsos comumente encontradas nas estimulações elétricas é denominada de microcoulomb (mC, 10¯6, milionésimos de um Coulomb) ( MILLMAN; TAUB; 1965; ROBINSON, SNYDER-MACKLER, 2001). Figura 14 Características dependentes do tempo das formas de ondas pulsada ou alternada. (ROBINSON, SNYDER-MACKLER, 2001). 6.3.1 CARACTERÍSTICAS DE UMA SÉRIE DE PULSOS Além daqueles termos usados para quantificar as características de pulsos individuais, vários termos importantes são usados para descrever uma série de pulsos, a maneira usual na qual as correntes elétricas são induzidas nos tecidos biológicos para seus efeitos terapêuticos. Entre esses termos estão os dois a seguir. 36 Intervalo interpulso: o tempo entre o término de um pulso e o início do próximo pulso em uma série; tempo entre pulsos sucessivos, Figura 14. Freqüência(f): o número de pulsos por unidade de tempo para corrente pulsada expressa como pulsos por segundo (pps), o número de ciclos de CA por segundo expresso em ciclos por segundo (cps) ou Hertz (Hz), muitas vezes em estimuladores clínicos a freqüência do controle de estimulação é classificada de “variação”. Já que a voltagem e a corrente são diretamente proporcionais, muitos dos termos usados para descrever as características das correntes dependentes da amplitude e do tempo, também podem ser usados para descrever as características do pulso de voltagem que induzem essas formas de onda de corrente (KAHN, 1994; NELSON; HAYES; CURRIER, 2003, ROBINSON, SNYDER-MACKLER, 2001; SCOTT, 1972). 6.3.2 MODULAÇÃO DE CORRENTE 6.3.2.1 MODULAÇÃO DE AMPLITUDE E DE DURAÇÃO No uso de estimulação elétrica para tratamento de distúrbios neuro-muscular, as características das correntes relacionadas com a amplitude e com o tempo são muitas vezes variadas de uma maneira determinada. As mudanças nas características da corrente podem ser seqüenciais, intermitentes ou variáveis em natureza e são referidas como modulações. Várias das características quantitativas da corrente pulsada e da CA são moduladas em aplicações clínicas selecionadas. Variações na amplitude máxima de uma série de pulsos são chamadas modulações de amplitude Figura 15A. Mudanças regulares no tempo sobre o qual, cada pulso em uma série se altera, são referidas como modulações de duração pulso ou da fase Figura 15B. As modulações de freqüência consistem de variações cíclicas, no número de pulsos aplicados por unidade de tempo Figura15C. Modulações na amplitude, na duração do pulso ou na freqüência também podem ser fornecidas aleatoriamente. Uma outra modulação encontrada mais freqüentemente na estimulação elétrica clínica é a modulação de rampa (oscilação). As modulações de rampa são caracterizadas, por aumento (rampa de subida) ou diminuição (rampa de descida) da amplitude de pulso, da 37 duração do pulso, ou ambos, durante o tempo. No passado, as modulações de rampa eram referidas como tempo de transição e tempo de queda. Contudo, esses dois termos são usados hoje para descrever características de pulso único, não as variações nas características de uma série de pulsos. (GRACANIN, 1984; ROBINSON, SNYDERMACKLER, 2001; ELECTROTHERAPY STANDARDS COMMITTEE, 1990). Figura 15 Exemplo de modulações automáticas de características de estimulação: (A) Modulação de amplitude. (B) Modulação de duração do pulso. (C) Modulação de freqüência (ROBINSON, SNYDER-MACKLER, 2001). 6.4 CORRENTE EXCITOMOTORA A eletroterapia excitomotora usada para melhorar o desempenho muscular, teve uma grande evolução nos últimos 20 anos. Antes disto a estimulação elétrica era usada apenas para estimular eletricamente atrofia por denervação dos músculos esqueléticos, sendo necessário o uso de correntes específicas para músculos denervado. 38 Durante este período houve uma grande proliferação de equipamentos, com uma gama de características de correntes de estimulação. Com isto, os equipamentos que realizavam tratamentos padronizados estão desatualizados. Atualmente, os equipamentos proporcionam ao terapeuta, a opção de programar as formas de onda de corrente mais adequada para produzir os efeitos tissulares associados às respostas desejadas. Conhecendo as características das respostas celulares dos nervos e dos músculos a um impulso elétrico e os princípios da função neurofisiológica, o terapeuta pode utilizar-se de um processo sistêmico de escolha das melhores características de estimulação para alcançar a resposta desejada. (GRACANIN, 1984; KAHN, 1994; LONGO; FUIRINI, 2001). 6.4.1 FORMA DE ONDA PARA ESTIMULAÇÃO NEURO-MUSCULAR Existe uma grande variedade de correntes excitomotoras, com diferenças pequenas em suas forma de ondas, o que oferece ao terapeuta uma grande variedade de escolha ao selecionar as características de estímulo mais adequadas, para a obtenção das respostas terapêuticas desejadas. Com a escolha das opções que as correntes oferecem, terapeuta pode teoricamente aumentar a efetividade por meio do ajuste das características da corrente de estimulação e, desse modo, otimizar o resultado terapêutico e garantir o conforto e a satisfação do paciente (ELECTROTHERAPY STANDARDS COMMITTEE, 1990; LOW; REED, 2001, NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). 6.4.2 REDUZIR A DEBILIDADE DA FORÇA MUSCULAR O aumento da força muscular é conseguido mais facilmente, por meio de contrações musculares tetânicas intensas. A força de contração muscular é produzida com o número máximo de unidades motoras respondendo e disparando na maior taxa de ativação possível.(TRIMBLE; et. al 1991, PECKHAM; KNUTSON, 2004) Uma forma de onda, com uma corrente de pico alto, permite uma estimulação mais profunda, aumentando potencialmente o número de unidades motoras ativadas, e uma alta freqüência de pulso maximiza a taxa de disparo das unidades motoras recrutadas (KANOSUE; YOSHIDA; AKAZAWA, 1979; DELUCA, et.al 1982, PARKER, et al.2003). A duração do pulso deve 39 ser curta, pois as fibras alvo são axônios motores que possuem o mais baixo limiar de ativação (da classe de maior tamanho, A alfa). Quanto maior a amplitude tolerada, maior será o número de unidades motoras ativadas, em profundidades progressivamente maiores a partir do eletrodo de superfície. É improvável que uma duração de pulso muito curta, particularmente aquelas menores que 200 micros segundos, evoquem impulso nas fibras condutoras de dor C e A delta, que podem reduzir a tolerância do paciente para um aumento da amplitude do estímulo. (LI; BAK, 1976). Uma duração de pulso mínimo, o suficiente para ativar as fibras nervosas motoras, parece ser a ideal. O problema é que, em teoria, essa duração pode ativar seletivamente apenas os axônios motores maiores, deixando inativas muita unidades motora de composição normalmente mista que compõem o músculo humano. Portanto, são utilizadas para aumentar a força muscular, por meio da corrente excito-motora, durações de pulso maiores do que a mínima necessária para evocar uma resposta (KAHN, 1994; NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). Os pulsos bifásicos de uma corrente excitomotora atendem a exigências do sistema nervoso, uma taxa rápida de mudança e uma alta freqüência de pulso dentro de cada burst, o que reduz o risco de acomodação dos axônios. A curta duração de cada pulso, explica por que a carga total da corrente aplicada ao tecido mantém-se baixa e ainda assim atinge uma alta taxa de ativação das unidades motoras. Além disso, os pulsos bifásicos balanceados dos bursts da corrente excitomotora têm componente contínuo, igual à zero. Isto é, não apresentam efeitos polares ou de CC. Os efeitos polares de uma corrente podem resultar em reações tissulares (irritação da pele), que limitam o uso repetitivo da estimulação elétrica ou podem resultar em contra-indicações para as correntes excito-motoras em alguns pacientes (desequilíbrio eletrolítico). A corrente excito-motora aplicada de forma adequada e com essas características da corrente, geralmente conhecida como corrente russa ou estimulação de média freqüência, é principalmente utilizada para aumentar a força muscular (DELITTO; SNYDER-MACKLER, 1990; KOTS; BABKIN; TIMENTSKO, 1982). 6.4.3 RESPOSTAS EXCITATÓRIAS 40 A excitação de nervos periféricos por meio da estimulação elétrica transcutânea é um fenômeno já bem conhecido. A estimulação afeta diretamente as células nervosas (ALON; ALLIN; INBAR, 1983; GEDDES, 1984; GORMAN; MORTIMER, 1983 GUTMAN,1980; HULTMAN; SJOHOLM; KRYNICKI, 1983 JOHNSON; KASPER,1986 REILLY1992; VANDERTHOMMEN et al, 2002). Foram estabelecidas curvas de intensidade e duração (i/t) para cada um dos três grupos principais de fibras: para aquelas que transmitem sensações táteis, proprioceptivas e de pressão, para os impulsos motores, e para os estímulos dolorosos ou nocivos. Uma resposta típica dessas três categorias excitatórias esta representada na figura16. O conceito simplificado de que as fibras nervosas de maior diâmetro são excitadas antes daquelas de menor diâmetro, está baseado na afirmação errônea de que todas as fibras nervosas estão a uma mesma distância dos eletrodos de estimulação (KNAFLITZ; MERLETTI; DELUCA, 1990; STILLWELL, 1984). Na verdade, a combinação exata diâmetro - distância em relação ao eletrodo de estimulação raramente é conhecida, portanto, as fibras nervosas de tamanho pequeno e médio são excitadas muitas vezes antes das fibras grandes. Na verdade, ao contrário da ordem de recrutamento na contração voluntária, que vai das fibras pequenas para as grandes, a excitação aliciada eletricamente é provavelmente aleatória e inclui uma combinação de fibras nervosas pequenas, médias e grandes (KNAFLITZ; MERLETTI; DELUCA, 1990; GRILL; MORTIMER, 1995). 41 Figura 16. Relação entre a duração da fase e a amplitude da corrente de pico como determinantes da excitação nervosa periférica (chamada de curva i\t) (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). Dentro de uma interpretação clínica e funcional dessas respostas excitatórias pode confirmar as seguintes observações: 1-As estimulações sensoriais, motora e dolorosa são percebidas como as três respostas excitatórias básicas à estimulação transcutânea. 2-A excitação ocorre na seguinte ordem: estimulações sensoriais, motoras e dolorosas. Essa ordem não se altera, a despeito da duração da fase, da forma, da freqüência do pulso ou do tamanho de eletrodo, contanto que os três grupos de fibras nervosas estejam aproximadamente à mesma distância do eletrodo de estimulação (REILLY, 1992; ALON; KANTOR; HO, 1994; KANTOR; ALON; HO, 1994; ALON, 1985; ALON; ALLIN; INBAR, 1983; KNAFLITZ; MERLETTI; DELUCA, 1990). 3-A discriminação perceptiva entre as três respostas é alcançada mais facilmente, se a duração do pulso for ajustada entre 20 e 200 microssegundos (ALON; ALLIN; INBAR, 42 1983). O tamanho de eletrodo também afeta essa discriminação perceptiva (ALON; KANTOR; HO, 1994; ALON, 1985; ALON; KANTOR; HO, 1996). 4-Se não considerar a percepção discriminativa ótima, nem a eficiência eletrônica, pode-se afirmar que qualquer combinação de duração de fase (em microssegundo ou milissegundo) e amplitude (em miliampères) pode ser usada para se conseguir a excitação. Tal combinação de duração e intensidade (amplitude) representa a geração de uma carga de pulso suficiente para excitar o nervo (GEDDES, 1984; REILLY, 1992; KANTOR; ALON; HO, 1994; GORMAN; MORTIMER, 1983). Uma vez excitado, os impulsos nervosos vão propagar-se e causarão a resposta fisiológica indireta (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). Diante destes efeitos, nota-se uma grande evolução da eenm na área de urologia, principalmente na reeducação da incontinência urinária ou fecal (DAVILLA; GUERETTE, 2004), como também na utilização de correntes excitomotoras no controle das espasticidades deformantes (SCHEKER; OZER, 2003). 6.4.4 APLICAÇÃO DE PULSOS ELÉTRICOS NOS TECIDOS Para aplicar pulsos elétricos nos tecidos é preciso um circuito completo de modo que: Dois eletrodos de material adequado sejam fixados à pele. Os efeitos serão evidentes, onde a densidade de corrente for mais elevada, ou seja, nos tecidos superficiais sob o eletrodo menor (ativo). Conseqüentemente, os nervos sensitivos cutâneos serão afetados primeiro, e com densidades de correntes maiores os nervos motores localizados mais profundamente serão estimulados. Contudo, as fibras sensoriais e motoras são fibras de grande diâmetro, mielinizadas, de condução rápida, portanto mais prontamente estimuladas que as fibras nociceptivas de pequeno diâmetro. Se uma baixa densidade de corrente é aplicada à pele, os nervos sensoriais da pele, que normalmente transmitem toque, temperatura e pressão, são os primeiros a ser estimulado. Isso causa uma leve sensação de percussão, que pode dever-se principalmente à estimulação rapidamente repetida dos receptores de toque. Densidades de correntes mais 43 altas farão com que a corrente afete mais nervos, levando a um formigamento mais intenso e irá afinal se alastrar para os nervos motores causando contração muscular. À medida que correntes ainda mais altas são aplicadas, um número maior de unidades motoras é afetada. Resultando em contrações musculares mais fortes e mais disseminadas. Aumentos adicionais de corrente farão com que as fibras nervosas dolorosas sejam estimuladas, resultando em percepção de dor. Esses três tipos de fibras nervosas são afetadas na mesma ordem, com qualquer forma de pulso estimulador. Claramente, o posicionamento dos tecidos determinará o local de maior densidade de corrente e, portanto teremos que saber qual tipo de nervo será estimulado. Quais nervos serão afetados; por exemplo, para estimular de modo efetivo um músculo normalmente inervado, porém sem causar dor, o eletrodo ativo é aplicado no ponto motor. Esse é um ponto sobre a superfície da pele onde pode ser conseguida máxima contração muscular, pois fica perto do ponto onde o tronco nervoso motor entra no músculo. A corrente aplicada nesse ponto, geralmente na junção do terço proximal com dois terços distais do ventre muscular influenciará um grande número de fibras nervosas próximas, provocando inúmeras alterações tanto sensitivas quanto motoras (MARQUESTE et al, 2002). Então será necessária uma densidade de corrente menor, do que se o ventre muscular fosse estimulado em algum outro lugar figura17 (LOW; REED, 2001). Figura 17. Ponto Motor (LOW; REED, 2001). 6.4.5 TECIDOS PENETRAÇÃO DOS PULSOS ELÉTRICOS ATRAVÉS DOS 44 A impedância da pele é muito grande para a corrente direta e pulsos com tempo superior a 10 ms, mas é bem menor para pulsos mais curtos. Desse modo a pele pode ter uma impedância de cerca de 1000 ohms para um pulso de 10 ms, porém somente 50 ohms para um pulso de 0,1ms. Isso acontece porque a pele age como um capacitor, que oferece menos impedância para comprimentos de pulso curtos, do mesmo modo que ocorre com correntes de alta freqüência. A distribuição da corrente pelos tecidos com pulsos mais curtos é, portanto mais homogênea, de modo que efetivamente a corrente penetra mais. Por conseguinte os nervos mais profundos, ou seja, os nervos motores são mais facilmente estimulados, com os pulsos mais curtos. Com pulsos mais longos, a maior parte da corrente é “usada” na pele, estimulando nervos cutâneos (LOW; REED, 2001). 6.4.6 PULSOS ELÉTRICOS PARA ESTIMULAÇÃO NERVOSA Pode-se ver que algumas correntes usadas para estimulação e descritas inicialmente são mais apropriadas para excitar um impulso nervoso do que outras. Portanto, para estimular nervos motores e sensoriais, ou seja, nervos de diâmetro largo e condução rápida, os pulsos devem ser de ondas quadradas e de curta duração (0,5 – 0,1ms). Para conseguir discriminar entre nervos de dor e de maior profundidade são apropriados pulsos mais curtos homogêneos (0,05 – 0,02ms). Pulsos bifásicos simétricos têm a vantagem de evitar qualquer risco de dano químico, trabalhos recentes questionam resultados exagerados na resposta nervosas motoras (MARQUESTE et al, 2004). Eles são às vezes denominados pulsos despolarizados. As freqüências mais apropriadas para estimulação muscular, dependem do tipo de fibra predominante e são consideradas em torno de 30 Hz para as fibras musculares tônicas e 80 Hz para as fásicas. Para outros propósitos, como a estimulação de nociceptores, pulsos mais largos podem ser apropriados. Similarmente se forem necessários efeitos polares, para promove a cicatrização de ferida, é obvio que serão escolhidos correntes diretas (LOW; REED, 2001, REILLY, 1992; ROBINSON, SNYDERMACKLER, 2001). 45 7. COLOCAÇÃO DE ELETRODOS E SEUS FUNDAMENTOS A energia elétrica para terapia precisa ser aplicada aos tecidos do corpo com pelo menos dois eletrodos para formar um circuito completo. A transição de uma corrente elétrica de condução nos fios (movimento dos elétrons), para uma corrente de convecção nos tecidos (movimento iônico) é complexa e muito importante na determinação dos efeitos resultantes (GUTMAN, 1980; LOW; REED, 2001). 7.1 RELAÇÃO TECIDO E ELETRODO As alterações que ocorrem entre o material condutor e o líquido condutor nos tecidos e dentro deles, consistem em interações eletroquímicas dinâmicas complexas. Quando a corrente aplicada é homogeneamente alternada (bifásica), não ocorrem alterações químicas significativas, também quando a corrente total, embora unidirecional, é muito pequena (baixa intensidade e/ou pulsos muito curtos) os efeitos químicos são insignificantes. É necessária uma camada de líquido que contenha íons para passar corrente do eletrodo para os tecidos, normalmente a pele. Pode ser água ou gel condutor. Este meio serve para assegurar uma via condutora uniforme, entre os eletrodos e a epiderme e secundariamente para fazer com que as alterações eletroquímicas ocorreram fora da epiderme. Como a superfície da epiderme é muito irregular, um eletrodo chato pressionado contra ela poderia ficar em contato apenas em alguns pontos, levando a uma alta densidade de corrente nesses pontos. Além disso, a superfície da epiderme tem uma alta resistência elétrica, por ser constituída em grande parte de queratina seca e apresentar sebo oleoso. Essa resistência é diminuída umedecendo a superfície da pele (LOW; REED, 2001). 7.2 PELE DIMINUINDO A RESISTÊNCIA ELÉTRICA NA SUPERFÍCIE DA 46 Como já foi comentada, a resistência elétrica da epiderme é alta. Ela pode ser reduzida lavando-se a superfície para remover parte da queratina e oleosidade e deixar a pele úmida. O aquecimento da pele também ajuda a reduzir sua resistência, aumentando a velocidade do movimento das partículas e íons, também talvez aumentando a atividade das glândulas sudoríparas e do fluxo sanguíneo. Esse aquecimento, lavagem e umidificação da pele permitirão que correntes maiores fluam aplicando-se a mesma voltagem. Em todos os casos é preciso lembrar que é essencial manter a mesma junção pele eletrodo durante todo o tratamento. Se a adesão dos eletrodos na superfície se alterarem, ou se a pressão da esponja ou compressa diminuir, isso pode levar a uma resistência mais elevada, conseqüentemente, a fixação dos eletrodos na superfície do corpo é muito importante para manter uma resistência baixa uniforme e constante nesta junção (LOW; REED, 2001). 7.3 VERIFICAÇÃO DE ÁREAS DE RESISTÊNCIA ANORMAL A pele deve ser inspecionada ante do tratamento para verificar se existem áreas de baixa resistência, como cortes e abrasões, ou qualquer outra circunstância que possa levar a uma distribuição desigual da corrente. Às vezes a compressa ou eletrodo podem ser convenientemente movidos para evitar esta área, mas se isto não for possível, e a área de baixa resistência for pequena, o suficiente, poderá ser protegido com uma camada de vaselina, ou a fixação de um pequeno pedaço de fita crepe. O tecido epidérmico anormal como verrugas ou cicatrizes, pode apresentar áreas de resistência elevadas ou baixas, que pode alterar a distribuição da corrente caso sejam extensas. Do mesmo modo, a gordura de emolientes pode precisar ser removida (KITCHEN, 2003). 7.4 TIPO DE ELETRODO USADO EM ELETROTERAPIA 7.4.1 SISTEMAS DE ELETRODOS 47 1-Eletrodos metálicos maleáveis em forma de lamina, podendo ser de alumínio, zinco, chumbo e etc. Estes são colocados na pele com uma interposição de algodão ou espumas viscosas, impregnadas com água, isto proporciona uma via uniforme de baixa resistência que contém íons para a corrente enquanto o material absorvente serve simplesmente para manter a água no local. A água tratada comum é adequada na maioria dos casos, mas em alguns locais com água leve pode ser preciso acrescentar um pouco de sal ou bicarbonato de sódio. Todo o conjunto é fixado no local com uma tira, bandagem ou por sucção. A espessura da compressa e, portanto, a quantidade de água necessária, depende da irregularidade da superfície da pele e se ocorrerão alterações químicas significantes. Nesse caso, cerca de 1,25cm é considerada uma espessura apropriada (GUTMAN, 1980; LOW; REED, 2001; NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). Caso contrário, uma espessura molhada mais fina (0,5-1,0 cm) parece ser suficiente para a maioria dos tratamentos. Em um sistema no qual a corrente passa através do corpo, a corrente total de cada um dos eletrodos precisa ser igual, porém o fator importante é a densidade da corrente, ou seja, corrente por unidade de área. Desse modo, se duas compressas têm tamanhos diferentes, mais efeito perto da menor, que é chamada eletrodo ativo. O outro é chamado de indiferente ou dispersivo. Para limitar os efeitos a uma área, como o ponto motor de um músculo, o eletrodo ativo pode ser um pequeno disco de metal coberto com gaze ou espuma viscosa e preso a um cabo. Esse é geralmente chamado de eletrodo de caneta (LOW; REED, 2001). 2- Este sistema envolve eletrodos que se conformarão à superfície do corpo mais facilmente que os eletrodos de metal descritos acima, e hoje não mais utilizados. São feitos de borracha siliconada impregnada de carbono. Podem ser usados com esponjas viscosas impregnadas com água ou presos à pele por meio de uma fina camada de gel condutor (utilizando correntes despolarizadas) e fixo no lugar com uma tira ou fita adesiva. Um sistema mais ou menos similar para aplicação mais demorada, envolve uma goma de Karaya (obtida de um tipo de árvore da Índia), que quando úmido é tanto adesivo quanto 48 condutivo (eletrodos auto adesivos). Alguns polímeros produzidos sinteticamente agem do mesmo modo (PATTERSON, 1983). Em geral, a borracha siliconada impregnada com carbono e eletrodos similares usando gel condutor, são convenientes para o uso de longo prazo e repetidas aplicações pelo paciente, enquanto os métodos de condução com compressa de água, com eletrodos de metal ou borracha siliconada, são mais apropriados para tratar áreas grandes com correntes mais altas e geralmente usados no departamento de fisioterapia. Os eletrodos de metal são um pouco mais eficientes em passar corrente para os tecidos que os de borracha siliconada e outros tipos similares, já que têm uma impedância mais baixa (NELSON et al, 1980). Contudo, os de borracha silicinada impregnada com carbono parecem ser, em geral, melhores que muitos eletrodos de polímeros que se acham à venda, alguns deles exibindo impedância acentuadamente elevada (NOLAN, 1991). Deve-se observar que, no local onde o eletrodo é acoplado à pele por meio de uma compressa molhada, a densidade da corrente é determinada pela área da compressa, mas onde o eletrodo está em contato direto com a pele, é determinado pela área do eletrodo (PATTERSON, 1983). Observou-se que eletrodos de borracha siliconada têm resistência significativa em comparação com a junção eletrodo-tecido, de modo que, mais corrente tomará o caminho mais curto. Portanto, onde ele estiver diretamente acoplado, à pele por meio de gel, a densidade de corrente provavelmente será muito maior, perto do local onde o fio de metal entra no eletrodo. 3-O terceiro sistema é por meio de um banho (ou imersão) de água, onde a parte do corpo é imersa com um eletrodo. A corrente é passada do eletrodo para os tecidos através da água (LOW; REED, 2001). 7.5 O FLUXO DE CORRENTE NO TECIDO CORPÓREO A quantidade de corrente que flui nos tecidos e a via por onde ela flui, dependem da impedância da via. A impedância inclui a resistência ôhmica, a resistência capacitiva (ou Reatância) e a resistência indutiva. Esta última é insignificante nos tecidos, mas as duas primeiras têm uma influência importante nos tecidos da estimulação elétrica. Geralmente, tecidos aquosos como o sangue, o músculo e o nervo têm baixa resistência 49 ôhmica; osso e gordura têm resistência mais alta e a epiderme possui a mais elevada de todas. A resistência ôhmica é determinada, portanto basicamente pela espessura e pela natureza da pele sob o eletrodo e, em extensão muito menor, pela distância entre os eletrodos. Onde duas regiões de baixa resistência são separadas por uma região de alta resistência, por ex., perto de um isolante, forma-se um capacitor e ocorrem efeitos capacitivos. Portanto, onde um eletrodo é separado do nervo e do músculo pela pele e pela gordura há um capacitor. O conceito dessas vias elétricas está na figura 18. Figura 18. Vias elétricas da corrente aplicada ao tecido (LOW; REED, 2001). Para a corrente direta (unidirecional) e pulsos de corrente que mudam lentamente, a resistência da pele é alta e assim a maior parte da energia elétrica é liberada na pele e nos tecidos subcutâneos, e então os nervos cutâneos são afetados. À medida que a corrente se alastra pela via de baixa resistência dos tecidos profundos, ela pode ter menor efeito. Contudo, a resistência capacitiva diminui para pulsos curtos ou correntes alternadas (Bifásicas) de freqüências mais altas, e desse modo a corrente pode passar pela pele com mais facilidade liberando relativamente mais energia para os tecidos profundos. Isso explica por que os comprimentos de pulso curtos (fases) conseguem penetrar na pele com mais facilidade. O efeito ocorre com pulsos simples e com pulsos alternantes de freqüência apropriada, ou seja, uma corrente de média freqüência de 4000 hz é uma série 50 de fases de 0,125ms (meio ciclo) e se comporta de mesmo modo que pulsos simples separados com esta duração. Tomados juntos, os efeitos descritos acima sugerem que alguns nervos de baixo limiar localizados profundamente, como os nervos motores, seriam mais eficientemente estimulados por pulsos mais curtos, digamos de cerca de 1\20 de um milissegundo (0,05ms) devido à capacitância da pele. Por outro lado, para estimular fibras de dor amielinicas de alto limiar (fibras C) na pele, parece adequado usar pulsos mais largos de alguns poucos milissegundos (LOW; REED, 2001). 7.6 TAMANHO DE ELETRODO Fundamentalmente, a escolha do tamanho do eletrodo depende do tamanho do músculo a ser estimulado e da intensidade de contração a ser desencadeada. Os eletrodos pequenos podem ser usados para localizar o ponto de estimulação, de pequenos músculos ou para aplicar um estímulo sobre o nervo que supre um músculo. Os eletrodos mais largos são necessários para estimular músculos maiores ou grupos musculares e para agir como terminais de dispersão. Embora o alastramento da corrente elétrica sobre a superfície dos eletrodos possa ser irregular (por ex. a intensidade é geralmente maior no ponto onde a corrente entra no eletrodo), é geralmente válido dizer que quanto mais largo o eletrodo, menor a intensidade da corrente por unidade de área. Assim, eletrodos pequenos tendem a produzir contrações musculares mais fortes. Contudo, deve-se lembrar que o estímulo final recebido pelo tecido também depende de outros fatores, como o ponto no qual a corrente entra no eletrodo e a natureza e eficiência do meio de contato (McDONOUGH; KITCHEN, 2003). 7.7 DISPOSIÇÃO DOS ELETRODOS Já se observou que o que importa para a produção de um efeito nos tecidos é a densidade da corrente. Aumentado o tamanho dos eletrodos, diminui-se densidade. Como a água na compressa tem uma resistência ôhmica muito baixa, a área efetiva de aplicação é a 51 da compressa (isto vale para os eletrodos de borracha siliconada onde o gel faz o papel da água e a área do eletrodo é a área efetiva). A posição do eletrodo, obviamente determina o caminho em que a corrente transita no tecido. Em muitas situações é usado um pequeno eletrodo para dar uma densidade de corrente localizada alta, como para estimular o ponto motor de um músculo ou um ponto de acupuntura. Nessas circunstâncias, o eletrodo dispersivo (ou indiferente) pode ser colocado em qualquer área conveniente da pele, que esteja razoavelmente próxima. Quanto mais distante ele for colocado, mais corrente será necessária e ocorrerá uma localização menos efetiva. Se os dois eletrodos tiverem o mesmo tamanho, a densidade de corrente sob cada um será similar e, portanto ocorrerão efeitos, como a estimulação sensorial, embaixo dos dois. Se os eletrodos forem colocados perto um do outro, os efeitos serão localizados na região entre eles, ou seja, colocar os eletrodos nas duas extremidades do eixo longo do ventre de um músculo, causará a estimulação local daquele músculo, ou a estimulação de nervos sensoriais em uma área local da pele para alívio da dor. Se os eletrodos forem colocados perto de mais, a corrente se localizará nas margens adjacentes e na pequena área de pele entre eles em vez de passar pela área total do eletrodo e epiderme em contato (LOW; REED, 2001). Outro fator que deve ser levado em consideração e a relação do conforto da eenm e sua eficiência em desenvolver a contração muscular, para isto ser obtido, há necessidade de dimensionar o tamanho de eletrodo e a posição a ser colocado (LYONS et al, 2004). 52 8. DIFERENÇA ENTRE ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA NEURO- MUSCULAR E EXERCÍCIO É bem conhecido que a força muscular pode ser aumentada usando principalmente qualquer método de exercício, desde que a freqüência de exercício e intensidade de carga exceda suficientemente o nível normal ou atual de ativação daquele músculo (KOMI 1986). Na estimulação elétrica, a atividade fica restrita ao músculo estimulado. O músculo é menos influenciado por outros efeitos relacionado ao treinamento que ocorrem durante o exercício. A estimulação elétrica sobreposta ultrapassa os mecanismos centrais de controle neuronal. Desde que os estímulos (pulsos) sejam de intensidade e duração suficientes para despolarizar a membrana nervosa, são gerados potenciais de ação, as unidades motoras são ativadas de modo sincronizado e ocorre contração muscular (GILLETTE et. al 2004). Há atualmente evidências esmagadoras de que um fator importante na determinação das propriedades do músculo esquelético seja a quantidade de atividade neuronal, ou de impulsos relativos à atividade que seja usual para aquele músculo. A estimulação elétrica manipula o padrão de saída da atividade inerente, em contraste, durante o exercício voluntário, unidades motoras individuais são ativadas de modo gradual e hierárquico (McDONOUGH; KITCHEN, 2003). Hoje temos evidencias claras e seguras na comparação de exercício muscular provocado por eenm e exercícios voluntários contra uma resistência e temos uma resposta mais efetiva com o exercício voluntário em comparação com a eenm, no que diz respeito a atividades metabólica (BAX; STAES; VERHAGEN, 2005). Segundo, PAILLARD et. al. (2005). Em seu trabalho ela associa várias situações de avaliação, com força muscular (isométrica e dinâmica) e variações posturais. Realizar exercício voluntário e exercício voluntário associado a eenm e nota variações significativas, no que diz respeito às modificações fisiológicas induzidas pela associação. O uso de eenm na recuperação do quadríceps femoral no pós-operatório de ligamentoplastia do cruzado anterior, onde o exercício muscular é de suma importância, mas muitas vezes limitado por uma ação mecânica no momento, usa-se a combinação de exercício isométrico associado a eenm (FITZGERALD; PIVA; IRRGANG, 2003). com resposta muito satisfatório segundo 53 8.1 EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA A ordem de ativação das unidades motoras através da estimulação elétrica depende de pelo menos três fatores: - Diâmetro do axônio motor - Distância entre o axônio e o eletrodo ativo - Efeito dos impulsos provenientes de aferentes cutâneos que foram ativados pelo estímulo artificial. A ordem hierárquica de recrutamento das unidades motoras na estimulação elétrica é o reverso da seqüencial natural (TRIMBLE; ENOKA, 1991). Devido aos seus axônios de diâmetro largo e de baixo limiar, as unidades motoras mais largas, normalmente inativas, são recrutadas primeiro e podem experimentar uma mudança mais profunda em seu uso. Essas unidades motoras de contração rápidas, geradoras de alta tensão e facilmente fadigáveis, são geralmente encontradas nas camadas superficiais do músculo e estão próximas aos eletrodos de estimulação. A estimulação também é conduzida antidromicamente, ou seja, em direção à medula espinhal ao longo dos nervos motores e através dos nervos sensitivos aferentes. Tem sido mostrado que isso causa uma reversão da ordem normal de recrutamento das unidades motoras (GARNETT, et al., 1978; CHAE, 2003). Observa-se que a estimulação elétrica imposta tem certas vantagens no aumento da atividade muscular em comparação com o exercício: A ordem hierárquica rígida do recrutamento é contornada. A estimulação elétrica pode conseguir níveis de atividade mais altos do que qualquer regime de exercício e, portanto, o potencial adaptativo do sistema é desafiado até seus limites. O aumento de atividade é restrito ao músculo alvo, com pouco ou nenhum efeito sistêmico secundário (HOWE; TREVOR, 2003). 54 A contribuição dos estimuladores elétricos funcionais em pacientes que apresentam paralisias nos membros superiores e ou inferiores, mas com integralidade dos nervos periféricos (hemiplegias por AVE), têm uma história de 40 anos de evolução. Temos hoje técnicas e equipamentos que têm a capacidade de restaurar as funções com grande habilidade, pois os desenvolvimentos tecnológicos têm produzido novos sistemas altamente sofisticados (PECKHAM; KNUTSON, 2005). As respostas obtidas com eenm em pacientes portadores de artrites de joelho, associado a osteodistrofia, com dor intensa e sem a possibilidade de desenvolver exercícios voluntários, foi significativa, pois os pacientes submetidos à estimulação tiveram uma redução do quadro algico em 22% em comparação com a situação antes do uso de eenm. A resposta analgésica aparece após 15 min de aplicação da eenm (GAINES; METTER; TALBOT, 2004). Segundo trabalho realizado por (DUPONT; RICHMONDE; LOEB, 2003). No uso de eenm com baixa freqüência 2 A 10 pulsos por segundo, mostraram situações diferentes na manutenção da musculatura, quando o músculo perde o controle neural e a comparação entre 2 pulsos por segundo, mostrou um pouco mais de resposta na manutenção se comparado com 10 pulsos por segundo. 8.2 EFEITO DA ELETROESTIMULAÇÃO X TREINAMENTO FÍSICO NA DIFERENÇA DA FORÇA DO QUADRICEPS HUMANO. Nos estudos mais recentes com relação a combinação de eletroestimulação e treinamento físico, os resultados têm mostrado uma eficiência considerável, com foi descrito no trabalho de (FLACTION; CYWINSKI, 2000). O trabalho foi embasado no condicionamento de esquiadores e para a prevenção de lesões do esqui. O quadríceps é o mais importante músculo para o esquiador, já que ele controla as mudanças na rigidez do joelho no plano sagital (MORRISEY; et al., 1987). Além disso, a força isométrica do quadríceps na extensão do joelho é maior em esquiadores em declive quando comparada a atletas de variados esportes. (ERIKSSON et al. 1978). A 55 lesão do ligamento colateral medial com ou sem lesão do ligamento cruzado anterior representa 61% de todas as lesões do esqui (Home, 1982). As outras lesões significativas do joelho são a disfunção e desarranjo patelo-femoral (MORRISEY, 1987). Ou quadro de osteoartrites do joelho (TALBOT et al, 2003). Tudo isso pode ser prevenido através do fortalecimento da musculatura do quadríceps. Para o desempenho dos esquiadores, por outro lado, a força dos músculos da perna também é de grande importância. Entre muitos fatores que afetam o desempenho dos esquiadores, o principal grupo muscular que mantém a posição dos esquiadores no espaço, como o quadríceps, auxilia o equilíbrio necessário ao se executar uma volta (LEACH, 1994). Além disso, a força do quadríceps da perna esquerda deve ser preferivelmente igual aquela da perna direita, a fim de executar voltas do esqui igualmente em ambos os sentidos (MULLER, 1986) e prevenir as possíveis lesões à articulação do joelho. Em suas revisões (HAINAUT, 1992) relatou em muitos estudos, sobre o aumento da força isométrica e do torque do quadríceps, resultado de estimulação elétrica neuro-muscular e comparado com exercício físico. Para o nosso conhecimento, nenhum dos estudos já revistos, que se saiba até hoje, dirigiu-se aos efeitos da estimulação elétrica neuro-muscular no desequilíbrio da força do quadríceps na população saudável. O alvo deste estudo é avaliar os efeitos da estimulação elétrica neuro-muscular, no desequilíbrio da força de extensão do joelho em homens saudáveis e comparar estes com treinamento tradicional da força. Segundo Flaction e Cywinski (2000) os resultados obtidos em seu trabalho, indicam que a estimulação elétrica neuro-muscular sozinha ou quando combinado com o treinamento físico, pode reduzir significativamente o desequilíbrio da força dos músculos do quadríceps em homens jovens e saudáveis. O treinamento físico sozinho, entretanto, não reduziu significativamente o desequilíbrio pré-existente em uma população similar. Em outras palavras, o treinamento da força do quadríceps pelo levantamento de peso não reduziu significativamente o desequilíbrio pré-existente, como ocorreu com a estimulação elétrica neuro-muscular, resultado semelhante de (MALATESTA et al, 2003). Isto poderia ser explicado devido ao SNC, durante o levantamento de peso feito pela atividade voluntária que inconscientemente pensariam em “poupar” a perna mais fraca. Durante a estimulação elétrica neuro-muscular, entretanto, o controle do SNC nas contrações é 56 anulado pelo estímulo externo. Estes resultados, um tanto surpreendente, porém importantes, poderiam também ser devido a uma amostra muito pequena de assuntos experimentais. Seria interessante validar estes resultados através de um estudo em uma população maior que 30 indivíduos (FLACTION; CYWINSKI, 2000). 8.3 ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA À LONGO PRAZO DO MÚSCULO ESQUELÉTICO As pesquisas feitas em animais e estudos humanos recentes confirmam que é possível modificar as propriedades do músculo esquelético dos mamíferos, através de estimulação elétrica à longo prazo. O músculo esquelético tem uma habilidade incrível de mudar suas propriedades em resposta a demanda, de modo que atualmente se reconhece que o uso apropriado de estimulação crônica de baixa freqüência (até 150Hz), pode modificar a maioria dos elementos celulares de um músculo em uma seqüência ordenada. Esse modelo tem fornecido um meio para que os pesquisadores relacionem as mudanças funcionais, com mudanças no nível molecular e tem possibilitado que sejam feitas pesquisas que explorem a extensão da plasticidade muscular. A observação do curso de tempo das mudanças, tem levado ao estudo da expressão genética de diferentes elementos funcionais, nas fibras musculares e a transformação de seu fenótipo (PETTE; VRBORÁ, 1999). A habilidade de modificar propriedades dos músculos esqueléticos, pela estimulação crônica de baixa freqüência está atualmente bem estabelecida, tanto em músculos de pequenos animais como em humanos, e várias revisões têm resumido os efeitos principais (ENOKA, 1988; LIEBER, 1986; PETTE; VRBORÁ, 1992; SALMONS; HENRIKSSON, 1981; LABORDE et al, 2004). A variação nos parâmetros usados em estudos sobre animais, as diferenças inerentes a cada espécie e as diferentes condições dos animais antes da estimulação, têm tornado difícil comparar os resultados dos diferentes estudos. Contudo, os achados são bastante complementares e tem sido estabelecido um padrão geral de transformação. 57 Embora saibamos que o controle neuronal e os padrões de ativação são diferentes para cada atividade e cada músculo, e mesmo para as unidades motoras constituintes, não sabemos ainda como explorar melhor essa habilidade para mudar as propriedades musculares. O curso de tempo para reversão das alterações induzidas, quando a estimulação é descontinuada parece ser diferente para cada propriedade muscular, mas em termo gerais, é comparável ao curso de tempo em que ocorreu a transformação (McDONOUGH; KITCHEN, 2003). 58 9. MUDANÇA NAS PROPRIEDADES CONTRÁTEIS Estas modificações nas propriedades dos músculos estruturais dos mamíferos, através de estimulação elétrica de longo prazo foi demonstrado pela primeira vez por (BULLER et.al) em 1960. Pela reversão do fornecimento nervoso, entre um músculo de contração predominantemente rápida com um de contração lenta em gatos, foi demonstrado que não só as propriedades contráteis alteraram, mas mudanças seqüenciais externas também ocorreram nas propriedades metabólicas e histológicas. Assim, as fibras de disparo rápido tipo II foram convertidas em fibras de dispara lento tipo I. Mudanças similares ocorreram quando músculos de animais foram submetidos à estimulação de longo prazo e baixa freqüência (SALMONS; VBROVA, 1969). Outros estudos em animais demonstraram que o processo de transformação leva entre 6-8 semanas e é seqüencial, começando com mudanças na membrana muscular e circulação capilar e complementa com uma mudança das miosinas isoenzimas do tipo rápido para o lento (PETTE; VBROVA, 1985). Embora haja evidências ostensivas que a variação da atividade natural dos neurônios é um fator chave para provocar estas mudanças, e que a natureza destas variações difere entre músculos, não se sabe como melhor afetar e explorar esta habilidade para alterar as propriedades musculares. Estes efeitos também demonstrados em humanos (SCOTT et. al., 1985). Neste estudo, a estimulação de baixa freqüência (10Hz) do nervo lateral poplíteo foi aplicada por 3 períodos de uma hora diariamente por 6 semanas, a uma intensidade suficiente para produzir uma contração visível do tibial anterior e movimentação do pé. Isto levou a um aumento significativo na resistência a fadiga nos músculos estimulados quando comparado com os controles não estimulados, sugerindo uma mudança nas propriedades das fibras fásicas Figura 19. Um trabalho posterior de (RUTHERFORD et al.1988), em indivíduos normais, comparou o efeito de estimulação de longo prazo, baixa freqüência, com um padrão de estimulo não uniforme incorporando uma faixa de 5 a 40 Hz. Este estudo demonstrou mudanças similares nas características de fadiga em resposta a ambos os padrões de estimulação. Contudo, músculos estimulados com um padrão de baixa freqüência perderam 59 força muscular, enquanto músculos estimulados utilizando um padrão misto de estimulação se tornaram mais fortes. Estudos mais recentes investigaram ambas a força voluntária máxima e mudanças nas características contráteis em vários grupos de indivíduos normais, variando de indivíduos muito jovens a idosos ativos. Estudos comparativos também foram efetuados para monitorar estas mudanças em grupos de pacientes com doenças neuromusculares (ST PIERRE; GARDINER, 1987). Acima de tudo, parece que alterações nas propriedades contráteis podem ser acompanhadas de perda de força ou alterações na atividade dos neurônios. 60 Figura 19. Representação esquemática dos efeitos da estimulação crônica de baixa freqüência em fibras musculares rápidas (KITCHEN, 2003). 61 As freqüências dos potenciais de ação das unidades motoras foram gravadas eletromiograficamente e utilizadas para determinar a freqüência da estimulação elétrica do músculo (KIDD; OLDHAM, 1988 a, b). Esta forma de estimulação foi chamada de eletroterapia eutrófica, para indicar seu efeito de crescimento ou de alimentação. A aplicação de eletroterapia eutrófica para os músculos intrínsecos da mão de paciente com atrite reumática foi relatado (KIDD et al. 1989), onde a estimulação padronizada foi derivada de uma unidade motora exausta do primeiro músculo interósseo dorsal, de uma mão normal. Melhorias significativas na habilidade funcional e resistência foram relatadas. Técnicas similares foram aplicadas ao músculo quadríceps de idosos, com atrofia pelo desuso, com um benefício óbvio menor, embora a estimulação padronizada aparentasse ser mais efetiva, que a estimulação convencional com freqüência uniforme para restaurar a função em alguns pacientes. Eletroterapia eutrófica foi aplicada em casos de paralisia de Bell sem recuperação (FARRGHER et al. 1987). Freqüência média de disparo das unidades motoras, em músculos faciais particulares foi utilizada para ditar a freqüência (5-8Hz) de pulsos retangulares com largura de pulso igual a 0,08ms, aplicado ao nervo facial com, 2seg on/2seg off, por até 8 horas, por várias semanas. Notou que ocorreu uma melhora na motricidade da mímica facial, a partir da estimulação elétrica. Em resumo, o nervo motor aparentemente envia dois tipos de informação codificada para as fibras musculares. Um tipo causa contração muscular imediata, a outra é eutrófica, causando adaptação no caso de um longo período de tempo e é não uniforme e padronizada. Pela estimulação apropriada de músculos com pulsos crônicos de baixa freqüência, a adaptação pode ocorrer com um aumento resultante na força e resistência (MARQUESTE; HUG; DECHERCHI; JAMMES, 2003). Há uma incerteza considerável em relação dos padrões ótimos de estimulação e isto pode ser o fator chave. Há, contudo, outras características desta terapia, tais quais o efeito de carga e de uso normal do músculo durante a estimulação, bem como aceitabilidade e cooperação do paciente (BAKER, 1987) que precisa ser resolvido. 62 9.1 ALTERAÇÕES METABÓLICAS Em estudos animais, o aumento da resistência à fadiga tem sido associado a aumentos na capacidade aeróbica-oxidativa e a uma diminuição acentuada na atividade de enzimas glicilíticas, outra mudanças também foram notadas quando incorporados estímulos elétricos funcionais de alta freqüência e avaliado a taxa de glicogênio muscular (JOHNSON et al, 2003). As transformações de fibras musculares de contrações rápidas em fibras de contrações lentas, através da estimulação crônica a 10 hz estão bem documentadas. Estão associados com mudanças nas características contráteis, desvios dos padrões de enzimas metabólicas, captação de Ca+2 pelo retículo sarcoplasmático e eventuais mudanças nas cadeias pesadas e leves da miosina. Essas alterações nas propriedades metabólicas, histoquímicos e estruturais foram extensivamente revistas (ENOKA, 1988; HENRISSON, 1981; PETTE; VRBOVÁ, 1992,1999; SALMONS). e estão representadas esquematicamente na Figura 19. Outras modificações metabólicas são notadas quando é aplicado corrente excitomotora em focos de fraturas, foi notada modificação no que diz respeito a ganho na mineralização óssea e modificação na propriedade biomecânica do osso (PARK; SILVA, 2004). 9.2 DIFERENTES PADRÕES DE ESTIMULAÇÃO Tem-se pesquisado muito menos sobre a transformação do músculo lento em rápido (fora o antigo trabalho feito no músculo sóleo (VRBOVÁ, 1963), porém, nos últimos anos, aumentou o número de trabalho sobre o efeito dos diferentes padrões de estimulação no músculo humano). Por meio de vários estudos, os pesquisadores têm se preocupado em considerar o efeito de fatores externos, nas mudanças que são observadas em resposta à estimulação. Esses fatores externos podem ser de importância ao se considerar o possível efeito da estimulação, à longo prazo nos músculos humanos. Em estudos animais, é comum que todo o músculo seja estimulado usando eletrodos implantados. Em estudos humanos, por sua 63 vez, os músculos são geralmente estimulados usando eletrodos de superfície e desse modo é importante estar ciente da porcentagem do músculo que está sendo estimulada. Como já foi observadas, a posição e carga do músculo durante a estimulação, provavelmente, afetam as mudanças que ocorrem. Estudos sobre metabolismo das proteínas musculares efeitos por (WILLIAMS; GOLDSPINK 1986; 1988) mostram a importância do alongamento nas proteínas musculares. (COTTER; PHILLIPS, 1986), mostraram que a transição de músculo rápido para lento era acelerada no músculo tibial anterior do coelho com a imobilização na posição neutra, (WILLIAMS et al.,1986) encontraram maiores aumentos das fibras do tipo I e tipo IIa, quando um músculo era imobilizado na posição alongada (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). 64 10. OS ESTIMULADORES ELÉTRICOS NEUROMUSCULAR DA ATUALIDADE No final dos anos 70, depois de uma rápida proliferação de unidades de TENS para o controle da dor. O interesse na eletroterapia excitomotora foi aumentado pelos registros de pesquisa, na União Soviética, que afirmou que a ativação elétrica regular do músculo era mais efetiva que o exercício de fortalecimento do músculo esquelético em atletas de elite. Essa pesquisa resultou em melhorias no desenvolvimento e no design de uma classe de estimuladores elétricos para estimulação elétrica neuromuscular (eenm). Ambas as correntes, alternadas e pulsadas, são usadas nos aparelhos de eenm. A corrente originalmente usada pelos pesquisadores soviéticos era uma corrente alternada simétrica, sinisoidal de 2500 hz, que era modulada em burst a cada 10 ms para fornecer 50 bursts por segundo. Essa forma de estimulação foi promovida comercialmente como “estimulação russa” (Figura 20A). Os aparelhos de eenm de hoje usam uma variedade de forma de onda. Muitos estimuladores marcados para eenm produzem (a) o modulo por burst de AC de 2500Hz recém descrito, (b) as correntes pulsadas bifásica, simétricas, equilibradas, retangulares (Figura 20B) ou (c) a corrente pulsada bifásica assimétrica, equilibrada, retangular (Figura 20C). Até hoje nenhuma forma de onda única foi considerada superior para todas as aplicações de eenm em todas as populações de pacientes. A pesquisa tem demonstrado que os indivíduos podem ter preferência por determinadas formas de ondas em aparelhos de eenm, a seleção da forma de onda deve ser baseada na habilidade para evocar o nível de contração desejada, assim como a tolerância do paciente com o procedimento. 65 Figura 20. Exemplo de corrente usadas com estimuladores disponíveis na atualidade designados para aplicações elétricas neuromuscular (LOW; REED, 2001). Ambos, os portáteis, unidades operadas por bateria, e os estimuladores alimentados por energia elétrica são disponíveis para aplicações de eenm. Em geral, as unidades de eenm portáteis têm saídas máximas de energia mais baixa que os alimentados por energia elétrica. Por esta razão, os estimuladores portáteis podem não ter capacidade suficiente para ativar ao máximo os grandes grupos musculares tais como o quadríceps. Além disso, os estimuladores de eenm portáteis têm características de desempenho que são limitadas pela vida da bateria, portanto, as baterias devem ser substituídas ou recarregadas freqüentemente. Os estimuladores portáteis têm uma vantagem distinta sobre os modelos alimentados por energia elétrica, em aplicações em que a estimulação evoca contração dos 66 músculos tibial anterior e fibulares durante a fase de oscilação da marcha. Trabalhos recentes mostram a ação de um estimulador portáteis e clínicos no desenvolvimento do torque muscular no quadríceps femoral, este torque foi medido, a partir de um dinamômetro da Biodex, não mostrou diferença na avaliação do torque muscular entre os estimuladores portáteis e o clínico, mostrando a evolução dos estimuladores portáteis, mas no que diz respeito a evolução do desempenho funcional do músculo não foi feito comparações (LYONS; et al, 2005). Os aparelhos de eenm geralmente têm dois canais de saída, mas alguns modelos estão disponíveis com quatro canais. Os estimuladores designados para ativação do músculo normalmente inervado geralmente têm controle de amplitude independente para cada canal de saída. Os controles são comumente disponíveis para fornecer estimulação em todos os canais simultaneamente (modo sincrônico), alternadamente (modo recíproco), ou para que um ou dois canais estejam fornecendo estimulação enquanto os outros canais de saída estejam desligados e vice-versa. Algumas unidades de eenm têm “modo retardado” que inicia a estimulação em um canal e depois começa a estimulação em um segundo canal depois a estimulação em um breve atraso de um até vários segundos. Geralmente os controles de duração de saída de freqüência e de fase (ou pulso) são comuns para cada canal. A modulação de freqüência e a modulação de duração de fase (ou pulso) geralmente não estão incluídas nos estimuladores de eenm. As outras três características que distinguem os estimuladores designados para eenm são, controles on time/ off time, controles de rampa e controle de “ajuste de saída”. Os controles on time/off time permitem que o usuário controle o número de segundos da contração muscular (on time) e o número de segundos do repouso (off time). O controle de rampa ajusta o número de segundos do on time sobre o qual a amplitude alcança gradualmente o ajuste máximo, (rampa de subida) ou diminui o ajuste máximo (rampa de descida) para saída zero. Alternativamente, o tempo de estimulação pode ser controlado em muitas unidades de eenm, por um interruptor remoto operado manualmente (gatilho). Tais interruptores são particularmente úteis nos casos em que uma contração muscular funcional é desejada. Os controles de ajuste de saída permitem que o usuário ajuste a amplitude de 67 estimulação, para o nível desejado antes de colocar o aparelho em uma seqüência on time/off time. Muitas unidades de eenm alimentadas por energia elétrica contêm medidores analógicos ou digitais que refletem algum aspecto de amplitude de estimulação. A medição deve estar disponível para cada canal de saída e deve refletir a corrente real aplicada durante a estimulação (corrente enviada). A observação dos medidores durante a aplicação da estimulação permite que o usuário saiba quando a estimulação começa em um canal de saída e quando a estimulação alcançou o valor de ajuste máximo. Essa informação é válida já que a amplitude de saída não deve ser ajustada durante a rampa de subida ou durante o off time, especialmente quando os níveis máximos de estimulação tolerados estão sendo alcançados. Em unidades de eenm portáteis, nenhum medidor de amplitude de saída está presente. Em vez disso, pequenas lâmpadas são usadas para indicar quando a estimulação começa e acaba. Quando usar tais aparelhos de eenm portáteis, o usuário deve calcular quando as amplitudes máximas de estimulação foram alcançadas antes que o ajuste de amplitude adicional seja feito. Algumas unidades de eenm incluirão tanto lâmpadas “canal ligado” como o medidor de saída. Uma característica final comum para os aparelhos de eenm bem projetados é o interruptor de segurança, que permite que o estimulador seja desligado no momento de uma resposta de estimulação inesperada. Freqüentemente tais interruptores são fornecidos para os pacientes durante o tratamento, porque eles têm probabilidade de se tornar cientes de uma resposta indesejada bem antes do clínico que está operando o aparelho. As recomendações sobre os padrões de desempenho e requisitos de segurança para os estimuladores elétricos neuromusculares estão sendo desenvolvidas pela Association for the Advancement of Medical Instrumentation ¹ (KITCKEN, 2003, ROBINSON; SNYDERMACKLER, 2001, LOW; REED, 2001, NELSON; HAYES; CURRIER, 2003, ELECTROTHERAPY STANDARDS COMMITTEE. ELECTROTHERAPEUTIC, 1990). 68 11. RESULTADO O trabalho conseguiu reunir uma vasta bibliografia, mas tivesse o cuidado de organizar de uma forma crescente as informações sobre o tema, principalmente os dados fundamentais, trazendo uma evolução gradual dos parâmetros contemporâneos das correntes elétricas e também das correntes excitomotoras. resolvendo Com isto foram aglutinadas informações básicas e fundamentais duvidas básicas e específicas que normalmente limitam o uso amplo das correntes excito-motoras. Como a pesquisa também se preocupou com as respostas teciduais, foi desenvolvido um estudo amplo com relação às reações teciduais, quando submetidos a corrente excitomotora, isto trouxe uma grande contribuição, pois resgatamos vários trabalhos publicados recentemente, mostrando resultados eficientes com relação as variações de correntes excitomotora. A contribuição faz com que o profissional tenha uma possibilidade maior em suas condutas terapêutica, aumentando o espectro de ação, coisa que atinge diretamente o objetivo do trabalho. 69 12. DISCUSSÃO Um dos grandes problemas que existe na aplicação de correntes excitomotoras são as resistências oferecidas pelos tecidos corpóreos. Segundo LICHT, 1970 a resistência é a propriedade de um material resistir ou se opor ao fluxo de corrente que passa por ele. Diferentes materiais possuem uma capacidade de resistência intrínseca diferente, dependendo de suas características químicas. Além de respeitar a resistências dos tecidos corpóreos é necessário compreender a relação de dois fatores importantes para uma boa utilização das correntes excitomotora que são: 1- Condutância que segundo NELSON; HAYES; CURRIER, 2003, termo usado para definir a facilidade com que a corrente flui pelo material; ela é o inverso da resistência. A unidade da condutância é o ohm. Numa aplicação onde temos uma boa condutância a corrente elétrica tem uma ação mais efetiva, pois o paciente não relata desconforto com isto usamos tempo de aplicação maior como também intensidade alta. 2- Capacitância e Impedância, segundo ROBINSON; SNYDERMACKLER, 2001 é a propriedade de um sistema de condutores e isolantes que permite que o sistema armazene carga. As correntes produzidas nos tecidos biológicos são influenciadas não só pela resistência do tecido, mas também pela capacitância do tecido. Este fator deve ser compreendido pelo fisioterapeuta, pois quando iniciamos uma aplicação de correntes excitomotora, normalmente o paciente relata certo desconforto que vai diminuindo com o passar do tempo. Isto é explicado erroneamente como acomodação da corrente, mas a explicação mais correta está embasada na alteração da capacitância e da indutância, que de acordo com YOUNG; FREEDMAN, 2003, um elemento de circuito elétrico, o capacitor, é feito de duas placas finas de metal separadas por um isolante (ou dielétrico). Se uma voltagem fixa for aplicada através do capacitor, a corrente não passa pelo aparelho por causa da presença do material isolante. Contudo, a diferença de potencial entre as duas placas do capacitor exerce uma força sobre as moléculas dentro do isolante, originando a energia potencial dentro dessas moléculas. Com isto o capacitor permite a passagem da corrente elétrica. A impedância neste momento está diminuída e a explicação mais correta é dado por NELSON; HAYES; CURRIER, 2003; ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 70 2001 que compara a capacitância e impedância de circuitos elétricos com o corpo humano, da seguinte forma. O termo impedância (Z) descreve a oposição às correntes alternadas assim como o termo resistência descreve a oposição às correntes contínuas. A impedância leva em conta tanto à oposição capacitiva quanto a resistiva para o movimento de partículas carregadas. Quando se trata de estimulação elétrica clínica, é mais apropriado expressar a oposição à corrente com relação à impedância, porque os tecidos humanos são bem modelados com redes complexas de resistores e de capacitores (F-C). Já que a impedância depende da natureza capacitiva dos tecidos biológicos, sua magnitude depende da freqüência da estimulação aplicada. Em geral, quanto mais alta a freqüência de estimulação, mais baixa será a impedância dos tecidos. Este posicionamento dos autores acima citados, mostra a maior eficiência das correntes de média freqüência com relação a profundidade de ação e a maior intensidade de corrente numa aplicação de correntes excitomotoras, se compararmos com correntes excitomotoras de baixa freqüência. Outro fato muito importante com relação às citações acima, seria se as freqüências mais altas de correntes elétricas excitomotora desenvolvem menor impedância. Isto também deve ser levado em conta, pois a largura de pulso da corrente excitomotora de média freqüência é menor que a largura de pulso das correntes excitomotora de baixa freqüência, com isto os limiares de estimulação de dor é atingidos com menor intensidade de corrente de baixa freqüência. Enquanto as correntes excitomotoras de média freqüência pode usar intensidade de corrente muito maiores sem atingir os limiares de dor ou desconforto. (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). Na recuperação da capacidade muscular, utilizando correntes excitomotoras é necessária uma aplicação de conceitos eletrofisiológicos, para que tenhamos um resultado seguro e garantido. Hoje temos a condição de avaliar estes resultados e compreendemos os recursos, mas as colocações devem ter respaldos. De acordo com TRIMBLE; et. al 1991, PECKHAM; KNUTSON, 2004, o aumento da força muscular é conseguido mais facilmente, por meio de contrações musculares tetânicas intensas. A força de contração muscular é produzida com o número máximo de unidades motoras respondendo e disparando na maior taxa de ativação possível. 71 Segundo KANOSUE; YOSHIDA; AKAZAWA, 1979; DELUCA, et. al 1982, PARKER, et al.2003, a duração do pulso deve ser curta, pois as fibras alvo são axônios motores que possuem o mais baixo limiar de ativação (da classe de maior tamanho, A alfa). Quanto maior a amplitude tolerada, maior será o número de unidades motoras ativadas, em profundidades progressivamente maiores a partir do eletrodo de superfície. É improvável que uma duração de pulso muito curta, particularmente aquelas menores que 200 micros segundos, evoquem impulso nas fibras condutoras de dor C e A delta, que podem reduzir a tolerância do paciente para um aumento da amplitude do estímulo. Tudo isto está claro com relação ao tipo de corrente que tem uma melhor ação excitomotora, deve ser modulada, de média freqüência a forma de pulso deve ser a retangular simétrica e balanceada, pois o RMS seria maior se comparado ao RMS de uma corrente do tipo senoidal que seria inferior. De acordo com DELITTO; SNYDER-MACKLER, 1990; KOTS; BABKIN; TIMENTSKO, 1982. A corrente excito-motora aplicada de forma adequada e com essas características da corrente, geralmente conhecida como corrente russa ou estimulação de média freqüência, é principalmente utilizada para aumentar a força muscular. Com relação às comparações entre exercícios físicos e estimulações elétricas excitomotora a colocação de GILLETTE et. al 2004 é bem clara e oportuna. Na estimulação elétrica, a atividade fica restrita ao músculo estimulado. O músculo é menos influenciado por outros efeitos relacionado ao treinamento que ocorrem durante o exercício. A estimulação elétrica sobreposta ultrapassa os mecanismos centrais de controle neuronal. Desde que os estímulos (pulsos) sejam de intensidade e duração suficientes para despolarizar a membrana nervosa, são gerados potenciais de ação, as unidades motoras são ativadas de modo sincronizado e ocorre contração muscular. Segundo McDONOUGH; KITCHEN, 2003, há atualmente evidências esmagadoras de que um fator importante na determinação das propriedades do músculo esquelético seja a quantidade de atividade neuronal, ou de impulsos relativos à atividade que seja usual para aquele músculo. A estimulação elétrica manipula o padrão de saída da atividade inerente, em contraste, durante o exercício voluntário, unidades motoras individuais são ativadas de modo gradual e hierárquico. Por outro lado quando os autores comparam exercícios 72 associados com correntes elétricas excitomotoras, não é feito uma divisão se a corrente é de média freqüência modulada em baixa, ou de baixa freqüência. PAILLARD et al 2005, em seu trabalho ela associa várias situações de avaliação, com força muscular (isométrica e dinâmica) e variações posturais. Realizar exercício voluntário e exercício voluntário associado a eenm e nota variações significativas, no que diz respeito às modificações fisiológicas induzidas pela associação. O uso de eenm na recuperação do quadríceps femoral no pós-operatório de ligamentoplastia do cruzado anterior, onde o exercício muscular é de suma importância, mas muitas vezes limitado por uma ação mecânica no momento, usa-se a combinação de exercício isométrico associado a eenm com resposta muito satisfatório. A situação é um pouco confusa quando é comparado resultado de eficiência muscular usando corrente elétricas, mas não defini se é corrente de média freqüência ou de baixa freqüência. Também em outras situações não são definido se foi usado apenas a corrente como forma de estimulação ou foi realizado ação voluntária mais a ação elétrica. Pois são coisas muito diferentes e pode apresentar resposta também diferente, quando associamos a corrente com ação voluntária a corrente passa a ser um estimulo proprioceptivo, ou seja, a corrente está aumentando a demanda de estímulo nervoso. Quando é realizado o estímulo elétrico apenas, o potencial é desenvolvido apenas pela estimulação elétrica e isto vai depender da qualidade do estimulo elétrico, para estimular maior ou menor numero de unidades motoras como já foi explicitado. Toda esta discussão visa obter um maior conhecimento para que possamos dominar a corrente excitomotora e tira dela os melhores resultados possíveis, mas para isto devemos atualizar os parâmetros das correntes elétricas excitomotoras e domina-os, pois o conjunto dos mesmos é que dará subsídios para que realizemos uma excelente eletro estimulação. 73 13. CONCLUSÃO Este trabalho trouxe um grande levantamento com relação à eletroterapia excitomotora, principalmente dentro dos itens básicos, que dão as informações para a calibragem do equipamento, respeitando a fisiopatologia que se quer trabalhar. Com isto, os profissionais que necessitam de informações técnicas, para que possam realizar uma conduta terapêutica segura e embasada em conceitos contemporâneos, atualizados e direcionados. O levantamento bibliográfico realizado sobre as correntes excito-motora, mostrou uma grande complicação, com relação aos itens pertinentes as correntes geradoras de contração muscular. Existem diversas teorias, que tentam dar suporte a utilização das correntes excito-motoras, mas algumas destas teorias apresentam contradições, no que diz respeito a fundamentos de eletricidade, de fisiologia, de neurofisiologia e de fisiopatologia. Assim sendo, foi necessário fazer um levantamento utilizando material de origem segura e de fonte reconhecida pela comunidade científica. A partir daí, conseguimos fazer um levantamento seguro, desenvolvemos uma evolução dos dados, de acordo com a necessidade diária do fisioterapeuta, dando todas as informações básicas e não deixamos nenhuma fase da terapia com falha ou falta de informação técnica específica. Com isto, podemos finalizar o trabalha, concluindo que existe sempre a necessidade de refazer este tipo de estudo, pois a evolução tecnológica e os avanços da ciência biológica não para, e isto só, já é um motivo para que seja refeito o trabalho recém concluído. 74 REFERÊNCIAS ALON, G.; ALLIN, J.;INBAR, G.E. Optimization of pulse charge during transcutaneous electrical stimulation. Aust J. Physiother, v.29, p. 195-201, 1983. ALON, G. High voltage stimulation: Effects of electrode size on basic excitatory responses. Phys Ther, n.65, p.890-895, 1985. ALON, G.; KANTOR, G.; HO, H.S. Effects of electrode size on basic excitatory responses and on selected stimulus parameters. J. 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A seleção da corrente excito-motora a ser usada, não passa por uma avaliação com relação patologia, tipo de corrente e ou forma de pulso a ser usado. Com isto as respostas terapêuticas na maioria das vezes estão prejudicadas, ou até mesmo não existe, podendo ocorrer em algumas situações contra indicações óbvias, como por exemplo, paralisias ou outros déficits motores de origens centrais. OBJETIVOS: Este estudo tem com objetivo principal, levantar quais as maiores dúvidas encontradas na utilização das correntes excito-motoras e procurar estes itens em literaturas de fácil acesso, atualizadas e seguras, para que obtenhamos uma organização dos principais itens relacionados com a corrente excito-motora. 82 METODOLOGIA: Realizamos uma entrevista, com 70 profissionais na região Campinas e São Paulo, estes entrevistados tinha um perfil pré-definido por nós: 1- Mais de 5 anos de exercício da profissão. 2- Atuar na área de ortopedia, traumatologia e neurologia geral (central e periférica). 3- Ter condições e acesso a equipamentos e eletroterapia. A partir destes dados foi estudada a forma que iríamos realizar a entrevista. Para que não torna-se uma coisa repetitiva, chegamos a uma forma simplificada de pergunta, mas que deixaria o entrevistado, livre para responder da forma que convir. A pergunta formulada foi: 1-Você utiliza corrente excito-motora? ( ) sim Tem alguma dificuldade com relação a este recurso? R:.............................................................................. ( ) não Por que não usa este recurso? R:................................................................................ RESULTADO: Após este levantamento, realizamos uma organização das respostas obtidas, e criamos alguns grupos que responderam coisas semelhantes, tais como: 1- O grupo A, de 10 profissionais, respondeu que não usa o recurso, por não ter nenhum conhecimento do mesmo. 2- O grupo B, de 8 profissionais respondeu, que não usa o recurso, por não ter segurança para com o manuseio do equipamento. 83 3- O grupo C, de 22 profissionais respondeu que usa, mas com algumas restrições, por ter dificuldade em acompanhar as evoluções e as novas modificações ocorridas nos equipamentos. 4- O grupo D, de 13 profissionais respondeu que usa, mas poderia utilizar ainda mais se houvesse uma interação maior entre os profissionais que utilizam o equipamento e as empresas que constrói o equipamento e ainda uma maior facilidade no acesso a literatura específica. 5- O grupo E, de 7 profissionais responderam que usa o recurso, mas embasados em protocolos conseguidos por intermédio dos fabricantes e estão um pouco inseguros, pois precisaria de informações básicas sobre corrente elétricas. 6- O grupo F, de 6 profissionais respondeu que usa o recurso e apenas precisaria de mais informações com relação as formas mais modernas de pulso e de correntes, pois isto é um pouco difícil de se obter. 7- O grupo G, de 4 profissionais respondeu que usa o recurso, mas estão ainda carentes com relação às modificações que as correntes excito-motoras, provoca na musculatura esquelética e também com relação aos novos tipos de eletrodos. Diante destas respostas obtidas, começamos a pensar na pesquisa bibliográfica a ser realizada, tendo com princípios básicos: bibliografia de fácil acesso e atualizadas, trabalhos recentes e de boa fonte, ou seja, que tenhamos segurança com relação a sua veracidade. DISCUSSÃO: Realizamos a pesquisa bibliográfica sempre tendo com norte, as respostas obtidas e utilizando a experiência que temos na área e direcionando o trabalho, visando sempre os profissionais que necessitam do recurso terapêutico e tendo com objetivo principal responder as duvidas encontradas na pesquisa realizada. 84 CONCLUSÃO: Este levantamento nos trouxe uma serie de informações, que já se suspeitava, mas era difícil imaginar a complexidade que existe em torno das correntes excito-motora. Este recurso fascina as pessoas leigas, pois um pequeno estímulo é capaz de provocar uma contração muscular, sem a ajuda voluntária, mas existe a necessidade de interpretar este simples ato e esta interpretação é de responsabilidade dos profissionais que a usa, para fins terapêuticos, necessitando ter um conhecimento amplo e seguro com relação as correntes excitomotora.