A Inserção da Mulher no Mercado de Trabalho Rosiane Hernandes de Assis (ISE CERES – Instituto Superior de Educação Ceres) Orientadora: MSC Renata Cristina Gonçalves de Souza Zanusso. Resumo: No passado, as mulheres exerciam apenas o papel de esposas, mães e donas de casa, enquanto o trabalho era uma função extremamente masculina. Porém, houve a necessidade de as mulheres passarem a trabalhar para ajudarem seus maridos. Começou, então, uma luta contra preconceitos e discriminações que, com muito sacrifício e força de vontade, se transformaram, aos poucos, em conquistas femininas. De forma compassada, as mulheres conseguiram seus espaços e a igualdade entre os sexos. Hoje há muitas mulheres inseridas no mercado de trabalho como colaboradoras, mas, também, grande quantidade exercendo o papel de líder. Dessa forma, desenvolveram suas habilidades para a liderança e provaram que são capazes tanto quanto os homens na realização de qualquer que seja a tarefa. O presente trabalho busca provocar reflexões a respeito de toda caminhada feminina, já que existem poucos estudos relacionados ao tema. Além disso, o estudo tem como objetivo analisar o processo de inserção da mulher no mercado de trabalho, dessa forma, conhecer a história da inserção feminina no mercado e sua evolução, identificar as dificuldades e conquistas femininas durante o processo de inserção no mercado de trabalho e levantar as características femininas em cargos de liderança. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e a metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica. Palavras-chave: Mulher; Mercado de trabalho; Desafios e Conquistas Femininas; Liderança Feminina. Abstract: In the past, women only had the role of wives, mothers and housewives, while the work was an extremely masculine. However, there was a need for women to pass the work to help their husbands. He started a fight against prejudice and racism, with much sacrifice and willpower, turned slowly in female conquests. So paced, women have their space and gender equality. Today there are many women entered the labor market as collaborators, but also large quantities playing the role of leader. Thus, developed their skills for leadership and proven that they are capable as men in carrying out whatever task. This study aims to provoke thoughts about the whole female walk, since there are few studies about this issue. In addition, the study aims to give women a greater appreciation in the labor market. This is a qualitative research and the methodology used was literature. Keywords: Women, Labor Market, Women’s Challenges and Achievements, Women' s Leadership. A INSERÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO Rosiane Hernandes de Assis INTRODUÇÃO É possível observar o aumento significativo da participação feminina no mercado de trabalho. Ocorreram diversas mudanças na economia mundial nas ultimas décadas do século XX, causando impactos sobre as relações de comércio, de produção e de trabalho. No Brasil não foi diferente. A crescente urbanização e expansão da industrialização contribuíram para um ambiente propício à entrada de novos trabalhadores no mercado de trabalho, incluindo o sexo feminino. (VIEIRA, 2006, p.12). A inserção da mulher no mercado foi marcada por um período de preconceitos e dificuldades. Muitos problemas foram e ainda são enfrentados por mulheres, como por exemplo, salários menores que o dos homens pagos pelo mesmo trabalho, menores chances de capacitar-se profissionalmente, entre outros. (GOMES, 2005, p.6). Assim, as mulheres passaram a lutar por igualdade entre os sexos em busca da obtenção dos mesmos direitos masculinos. Com o passar do tempo, além da conquista pela igualdade em relação ao trabalho, as mulheres conseguiram também alguns benefícios, como, por exemplo, o divorcio, o direito a matrícula em cursos superiores, a ampliação da licença maternidade, entre outros. Atualmente, muitas empresas não abrem mão de terem mulheres em suas equipes de colaboradores. Essas empresas buscam um novo paradigma, baseado em flexibilidade, sensibilidade, intuição, capacidade para trabalhar em equipe e administrar a diversidade, características atribuídas às mulheres. (GOMES, 2005, p. 5) Dessa forma, torna-se importante provocar reflexões a respeito da evolução da mulher no cenário econômico, identificar o motivo que as levaram a buscar a participação no mercado, suas dificuldades e conquistas, bem como analisar as características da liderança feminina. O presente trabalho justifica-se por apesar desse ser um assunto atual, há poucos estudos em relação ao tema, tornando-se relevante à busca por uma maior exploração do assunto, na tentativa de proporcionar às mulheres maior valorização no mercado de trabalho. O estudo tem como principal objetivo analisar o processo de inserção da mulher no mercado de trabalho. Especificamente, o objetivo do trabalho é conhecer a história da inserção feminina no mercado e sua evolução, identificar as dificuldades e conquistas femininas durante o processo de inserção no mercado de trabalho e levantar as características femininas em cargos de liderança. Para a elaboração do trabalho, será usada a pesquisa qualitativa que, de acordo com Lakatos e Marconi (1991), consiste em ter o ambiente natural como sua fonte de dados e o pesquisador como seu principal instrumento, o que leva o contado direto do pesquisador com o ambiente e a situação que esta sendo investigada. Será utilizada a técnica de documentação bibliográfica para o levantamento de dados e de informações relevantes à pesquisa. Utilizando-se de artigos, revistas e sites da Internet que tratam sobre a mulher e o mercado de trabalho. 1 A EVOLUÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO Em tempos passados, era o homem que dominava os lares, e as mulheres não podiam sequer, pensar em ganhar dinheiro. Hoje, esse paradigma não é mais o mesmo. Há um grande número de mulheres que deixaram de ser apenas esposas, donas de casa e mães, ampliando seu espaço na economia nacional e provando de forma brilhante suas competências e habilidades no mercado de trabalho. Essa mudança é lenta, porém, as conquistas são constantes e progressivas. A participação da mulher no mercado de trabalho teve início com as I e II Guerras Mundiais. Os homens iam para as batalhas e as mulheres assumiam os negócios da família, conseqüentemente a posição de seus maridos no mercado. Quando a guerra acabou, muitos homens haviam morrido, e os que sobreviveram, ficaram impossibilitados de trabalhar, pois tinham sido mutilados. Dessa forma, houve a necessidade de as mulheres deixarem suas casas e filhos para passarem a fazer o trabalho que antes era realizado pelos homens (PROBST, 2003, p.1). Foi devido à necessidade de sustentar a família, pós Guerra, que as mulheres começaram a fazer parte do mundo do trabalho. Porém, seus trabalhos não tinham valor e eram menos prezados pela sociedade: [...] As que ficavam viúvas, ou eram de uma elite empobrecida, e precisam se virar para se sustentar e aos filhos, faziam doces por encomendas, arranjo de flores, bordados e crivos, davam aulas de piano etc. Mas além de pouco valorizadas, essas atividades eram mal vistas pela sociedade. (PROBST, 2003, p.1). Desta maneira, as mulheres começaram a participar do mercado de trabalho, de modo informal e muito timidamente iniciaram a sua produção. Junto com as conquistas das mulheres em seus espaços na força de trabalho, vieram também alguns benefícios, que apesar de algumas falhas no cumprimento destes, foram de grande valia, pois se tratavam de um início de grandes vitórias que ainda estavam por vir: [...] algumas leis passaram a beneficiar as mulheres. Ficou estabelecido na Constituição de 32 que “sem distinção de sexo, a todo trabalho de igual valor correspondente salário igual; veda-se o trabalho feminino das 22 horas às 5 da manhã; é proibido o trabalho da mulher grávida durante o período de quatro semanas antes do parto e quatro semanas depois; é proibido despedir mulher grávida pelo simples fato da gravidez”. Mesmo com essa conquista, algumas formas de exploração perduraram durante muito tempo. (PROBST, 2003, p.1). Após conquistarem alguns apoios e receberem incentivos, a mão de obra feminina ganhou mais força no mercado e pouco a pouco as mulheres ganham fatias de espaços no mundo todo. As mulheres passaram a conquistar espaço significativo no mercado de trabalho, deixando barreiras para trás e abrindo mão de seu papel de esposas, mães e donas de casa. A partir dos anos 80, ocorreram alguns fatos inovadores. As mulheres começaram a conquistar melhores empregos, ocupações e acesso a profissões de nível superior por mulheres escolarizadas, entre outras coisas (BRUSCHINI E PUPPIN, 1994, p.2). A rapidez da inserção da mulher no mercado de trabalho e sua crescente participação nesse contexto merecem reflexões e discussões sobre o assunto. Essa expansão da participação da mulher no cenário econômico, não se explica apenas por ser, a mulher, uma renda complementar da família, vai além disso. Acontecem grandes mudanças sociais que envolvem transformações nas expectativas de vida pessoal, nas relações familiares, auto realização, independência financeira, entre outras coisas. O que ocorre no cenário mundial é uma mudança social. Algumas explicações para essa grande participação feminina no mercado se devem ao fato da emancipação da mulher, independência financeira, desemprego e necessidade de complementar a renda familiar (GOMES, SANTANA e SILVA, 2005, p.5). Vários acontecimentos influenciaram a participação e o crescimento da presença feminina no mercado de trabalho. Para Castells (1999, apud GOMES, 2005, p. 4), a inserção do trabalho feminino se explica em quatro fatores: crescimento da economia informacional global, mudanças tecnológicas no processo de reprodução, desenvolvimento do movimento feminista. Sobretudo, Leite (1994, apud GOMES, 2005, p.4), afirma que o maior fator que influenciou essa participação feminina, foi uma necessidade básica que toda pessoa possui de trabalhar para conseguir uma realização pessoal, e, até mesmo uma fonte de prazer. Segundo Vandeli Guerra, analista do departamento de rendimento do IBGE, está acontecendo quebra de paradigmas que não empregavam mulheres. A mulher tem deixado de lado o sonho da maternidade e, essa redução do número de filhos é um dos fatores que tem ajudado a facilitar a presença feminina no mercado. A queda da taxa de fecundidade e o aumento do nível de instrução da população feminina têm acompanhado a evolução da mulher no mercado e a evolução de sua renda: [...] O que estamos constatando é uma quebra de tabus em segmentos que não empregavam mulheres. Nas Forças Armadas, por exemplo, elas estão ingressando pelo oficialato. Para consolidar sua posição no mercado, a mulher tem cada vez mais adiado projetos pessoais, como a maternidade. A redução no número de filhos é um dos fatores que tem contribuído para facilitar a presença da mão-de-obra feminina, embora não isto seja visto pelos técnicos do IBGE como uma das causas da maior participação da mulher no mercado. (PROBST, 2003 p. 6). Uma pesquisa realizada mostrou que o número de filhos é um grande fator de influencia na participação da mulher no mercado de trabalho, ou seja, quanto maior o número de filhos, menor a participação da mulher no mercado. Com relação à idade, foi identificado na pesquisa que, todas as faixas etárias femininas tiveram crescimento, porém, houve queda da participação relativa das mulheres jovens, sendo que as mulheres entre 35 e 49 anos ganharam espaço (SCORZAFAVE e FILHO, 2006, p.6). O IBGE detectou em 1990 um aumento na renda feminina, aumento no número de famílias chefiadas por mulheres, e, também, um aumento de escolaridade e média salarial. Porém, nos anos 90 havia ainda que conseguir diminuir a taxa de analfabetismo e estabilizar tendência de queda da taxa de fecundidade: [...] O Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE) divulgou dois estudos com o balanço dos ganhos e as dificuldades enfrentadas pelas brasileiras ao longo dos anos 90. A renda media das trabalhadoras passou de R$ 281,00 para R$ 410,00. As famílias comandadas por mulheres passaram de 18% do total para 25%. A média de escolaridade dessas “chefes de família” aumentou em um ano de 4,4 para 5,6 anos de estudos. A média salarial passou de R$ 365 para R$ 591 em 2000. Uma dificuldade a ser vencida é a taxa de analfabetismo, que ainda está 20%. Outra característica da década foi consolidar a tendência de queda da taxa de fecundidade [...] (PROBST, 2003.p.06). Outro aspecto relevante diz respeito à escolaridade feminina. Foi detectado um aumento de 2,7 na escolaridade médias das mulheres. O maior crescimento se deu no grupo de 8 a 11 anos de estudo, em seguida, o grupo de 12 ou mais anos de estudo. Relacionando a taxa de participação feminina no mercado e o grau de escolaridade, nota-se que há uma grande evolução nos grupos onde as mulheres estudaram de 4 a 7 anos. E, as que menos aumentaram foram as mais educadas. Isso porque, houve um aumento nos grupos com menor educação (SCORZAFAVE e FILHO, 2006, p.11). Ou seja, além de todo o esforço dessas mulheres em trabalharem, cuidar de suas casas, filhos e de si mesmas, como já citado, as famosas jornadas duplas, ainda mostram-se dispostas a estudarem, provando que realmente são capazes de realizar muitas coisas com eficiência e dedicação. Tal fato é outra explicação para o crescimento da participação feminina no mercado de trabalho, já que estudando mais, conseqüentemente estarão mais preparadas educacionalmente do que os homens. Algumas pesquisas apontam que maior parte das novas vagas tem sido ocupadas por mulheres, já que elas têm se importado mais com os estudos (PROBST, 2003, p.4). Prevalecendo nessa idéia de estudos, aqueles que detêm qualidades como capacidade para inovar e intuição estão mais bem preparados para ocupar cargos de chefia e liderança dentro de todo o tipo e organização, pois não se trata apenas de competência técnica e intelectual, mas, sobretudo, de competência interpessoal (GOMES, 2005, p.5). É importante levar em conta também o fato da mulher ser uma grande consumidora. As mulheres correspondem à metade da população brasileira e são uma força no mercado consumidor. São as maiores responsáveis pelas decisões de compra de alimentos, cosméticos, jóias, roupas e eletrodomésticos. Além disso, tem uma participação significante na aquisição de produtos como microcomputadores, previdência privada e seguro de vida, sem contar que são decisivas na hora de escolher bens de consumo duráveis. Dos cartões de créditos existentes no Brasil, 50% são de propriedade feminina. Uma pesquisa realizada em 2003 pela Ipsos-Marplan, com uma amostra de 35,8 milhões de pessoas, sendo que 53% eram mulheres, notou-se que, 84% das mulheres pesquisadas, faziam supermercado, 57% tinham telefone celular, 26% possuíam microcomputador e 22% tinham cartão de crédito. A pesquisa indicou também que 42% das pessoas que decidem a marca e o modelo do carro a ser adquirido são mulheres. (INSTITUTO ETHOS, 2004, p.13). Já não se pode mais dizer que as mulheres são inferiores que aos homens. Pelo contrário, já provaram que são tão capazes quanto eles, podem realizar todas ou mais atividades que estes, com a mesma eficiência ou até maior. Hoje, a mulher enfrenta as mesmas coisas que o homem, tem que ser tão competente quanto eles e saber lidar com todas as situações. Sem esquecer que ainda tem que enfrentar jornadas duplas sendo preciso, após o trabalho, ter tempo para se dedicarem a suas casas, marido, filhos, entre outras coisas. A vice-presidente executiva da Divisão de Consultoria Catho, Silvana Case, afirma que, temos que conciliar múltiplas atividades e provarmos a todo o instante, para homens e mulheres, que somos competentes (MACEDO, 2009, p.1). Além disso, as pressões do trabalho fora de casa se duplicaram. As mulheres dedicamse tanto ao trabalho quanto o homem e, quando voltam para casa, instintivamente dedicam-se com a mesma intensidade ao trabalho doméstico. Embora alguns homens ajudem em casa, não chegam nem perto da energia que a mulher tende a dar (PROBST, 2003, p.4). Em muitos aspectos, ainda, infelizmente, ocorrem comparações entre homens e mulheres. Essas comparações criam impacto em diferenças de cargos e salários. O que ocorre é uma divisão sexual do trabalho, pois as mulheres se concentram em determinados setores das organizações, por exemplo, no setor de recursos humanos e na área administrativa. Além disso, os autores dizem ainda que há algumas empresas onde existem cargos que só podem ser ocupados por mulheres. Por exemplo, a maquiagem. Nessa área existe, há uma atração "natural" de mulheres trabalhando (BRUSCHINI E PUPPIN, 1994, p.18). É importante citar que devido ao fato das mulheres serem inseridas no mercado como força complementar de renda familiar, ligou-se a idéia de que seus trabalhos poderiam ser de baixa remuneração, já que seriam complementos aos salários de seus maridos: [...] Até muito recentemente o trabalho das mulheres teve, em relação ao dos homens, um caráter complementar na sustentação da família, fazendo com que sua inserção fosse intermitente, em atividades de baixa qualificação e com conseqüente baixa remuneração. (AQUINO, MENEZES e MARINHO, 1995, p.2). Ainda, pode se notar que, apesar da grande representação nas organizações, infelizmente, as mulheres ocupam cargos operacionais, pois, as inserções masculinas e femininas no mercado de trabalho são vistas e interpretadas de formas diferentes, sendo o trabalho do homem considerado fundamental e o trabalho da mulher complementar, como já foi mencionado (AQUINO, MENEZES e MARINHO, 1995, p.2). Há quem acredite que as mulheres devam considerar o fato de seus salários serem menores que o dos homens, algo proveitoso a elas. É o que afirma Thomas Case, fundador da empresa Catho. Segundo ele, a diferença na remuneração entre homens e mulheres pode ser vista como algo positivo. Pois pode se tratar de uma faca de dois gumes, ou seja, pagando menos para mulheres, as empresas darão preferência por elas, assim, sua participação no mercado de trabalho cresce de forma acelerada (MACEDO, 2009, p.1). Apesar de tudo, as mulheres têm muito que comemorar, pois conquistaram destaques no âmbito competitivo dos negócios, e provaram que podem sim, trabalhar fora de casa conquistando seu próprio dinheiro e independência. Enfim, a vitória do século 20 é de grande orgulho para todas. 2 DIFICULDADES E CONQUISTAS FEMININAS ENCONTRADAS NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL Desde o inicio do processo de inserção da mulher no mercado de trabalho ela vem enfrentando preconceitos, discriminações e desafios. Devido a isso, muitas batalhas foram traçadas e as mulheres lutam ate hoje por direitos iguais. Por esse motivo, apesar das inúmeras dificuldades, há também diversas vitórias e conquistas alcançadas por elas. Aos poucos, as mulheres foram conquistando seu espaço no mercado de trabalho, provando sua capacidade e competência de forma brilhante. A caminhada feminina se iniciou há muitos anos e, desde então, as mulheres vêm escrevendo suas historias. Muito antes da era cristã, o trabalho feminino esteve voltado ao mundo domestico. Na idade média, elas eram separadas por categorias: as solteiras deveriam lavar e tecer, as mães tinha que cuidar das crianças, as de meia idade cuidar da cozinha e adolescentes e, as camponesas, além das tarefas domésticas, deveriam ajudar seus maridos na agricultura. (MEDEIROS, 2006, p.31). Fica claro que essas discriminações são muito antigas, e as mulheres lutam para quebrar as barreiras existentes há mais tempo do que se pode imaginar. As mulheres, no inicio do século XX não votavam, dessa forma não exerciam cargos públicos e tão pouco outras atividades econômicas. Além disso, não tinham direito a propriedades, sendo obrigadas a transferir seus bens herdados ao marido, forçando sua dependência econômico-financeira. Códigos civis e penais a consideravam menores e sem importância a lei. (D´URSO, 2009, p.1). Forçadas a seguir uma cultura imposta pelos homens, as mulheres sofriam absurdamente. Como se não bastassem, elas não podiam trabalhar, apenas exercer os afazeres domésticos, trabalharem na lavoura e a maternidade. A elas não era reconhecido o direito ao trabalho, tampouco a salários, estes, quando eram pagos, eram inferiores ao dos homens. (NASCIMENTO, 2008, p. 01). Atualmente, persistem muitos preconceitos contra o sexo feminino, dificultando assim, a carreira profissional. Dessa forma, terão ainda que lutar muito por direitos iguais, principalmente no que diz respeito a salários: [...] a inserção da mulher no mundo do trabalho vem sendo acompanhada, ao longo desses anos, por elevado grau de discriminação, não só no que tange à qualidade das ocupações que têm sido criadas tanto no setor formal como no informal do mercado de trabalho, mas principalmente no que se refere à desigualdade salarial entre homens e mulheres. (PROBST, 2003, p.2). Não há duvidas que o maior desafio feminino seja a conquista pela igualdade salarial. Segundo Gomes, a diferença salarial, a dupla jornada e o pouco espaço nas decisões são os maiores desafios encontrados pelas mulheres: [...] Muitos problemas foram e ainda são enfrentados pelas mulheres na inserção no mercado de trabalho. Entre eles, vale ressaltar os salários menores em Relação ao dos homens, a dupla jornada com o principio de que a vida domestica é trabalho feminino, falta de voz nos espaços de decisão, entre outras coisas. (GOMES, 2005, p.6) Devido a tantos preconceitos, as mulheres sofrem mais para a entrada no mercado de trabalho, correndo maior risco de desemprego, segregação ocupacional além da já citada discriminação salarial: [...] ainda permanece um quadro de maiores dificuldades à sua entrada no mercado de trabalho, que se manifesta em aspectos tais como a maior exposição ao risco do desemprego, a segregação ocupacional e a discriminação nos rendimentos. De fato, as taxas femininas de desemprego cresceram mais e permanecem mais elevadas do que as dos homens, e as mulheres despendem um tempo mais prolongado na procura por trabalho. Quanto à segregação ocupacional, as mulheres inda se ocupam, em maior medida, em atividades relacionadas a seu papel tradicional de responsáveis pelos cuidados domésticos, e a parcela das trabalhadoras inseridas na ocupação através de formas mais precárias é superior à registrada para os homens. Complementado o quadro, a remuneração auferida pelas mulheres permanece, em media, inferior à dos trabalhadores masculinos. (GALEAZZI, GARCIA, DRIEMEIER, TONI, KRELING, FOLLADOR, 2003, p.10). Outro ato de discriminação pode ser verificado nos cargos ocupados pelas mulheres. Ou seja, na maioria, cargos operacionais. É surpreendente, ao entrar em uma empresa e constatar que a maior parte dos colaboradores que lá trabalham, são mulheres. Porém, torna-se mais surpreendente, perceber que estas ocupam a menor parcela de cargos de chefia. Segundo um estudo realizado pela Hudson Institute, dos Estados Unidos, essa realidade está mudando. Os especialistas afirmam que o sexo feminino prevalecerá na liderança nesse milênio. Se houver a conquista dessa singularidade, será o fim da estrutura hierárquica empresarial feita pelo homem a partir da Era Industrial. (PROBST, 2003, p.6). Além da diferença salarial e a dificuldade em ocupar cargos de liderança, fazer carreira é uma grande dificuldade feminina. Pesquisas de emprego e desemprego realizadas pelo IBGE e pelo Dieese revelaram que as mulheres são as primeiras a serem demitidas nos momentos de crise, além de terem mais dificuldade de recolocação. As mulheres negras possuem desvantagens ainda maiores, pois além da discriminação em relação ao sexo, são vítimas do racismo. Na política apenas 8,2% são mulheres na Câmara dos Deputados e 14,8% no Senado. Nos legislativos estaduais, somente 12,5% do total de deputados. Apenas dois estados dentre 27 no país são governados por mulheres. De 5.561 municípios existentes no Brasil no início de 2004, apenas 6% são chefiados por mulheres, e, nas câmaras municipais, as vereadoras não ultrapassam 12%. (INSTITUTO ETHOS, 2004, p.17) No Brasil, a partir da segunda metade do século XIX até depois da primeira grande guerra, a visão econômica e cultural se alterou, o que causou grande mudança no comportamento feminino. Com a industrialização e urbanização, a mulher passou a ter mais informações, ocupando maior espaço nas ruas, trabalhando e estudando. (MEDEIROS, 2006, p.35) Fala-se nos dias de hoje em globalização, tecnologia, entre outras inovações, porém, a cultura é extremante significante para a sociedade. A cultura humana impõe que os homens são os que mandam e as mulheres, as subordinadas. Sobretudo, está ocorrendo a inversão de papéis, onde, as mulheres conquistam maior destaque no mundo os negócios e os homens assumem o cuidado no lar e na família: [...] o século 20 mostrou a chamada inversão de papeis, ou seja, as mulheres conquistando maior destaque no competitivo mundo dos negocio e os homens, por sua vez, assumindo a manutenção do lar e o cuidado com as crianças. (PROBST, 2003, p.7). Trata-se de uma cultura muito antiga, que deverá ser mudada para quebrar todos os paradigmas que possam diferenciar os sexos. Como conta gotas, depois de muito tempo, finalmente, hoje pode se dizer que a mulher esta conseguindo a igualdade tão desejada. São muitas as conquistas femininas. A permissão para uso de calças compridas, o direito não só de votar como de ser eleita para um governo são alguns exemplos que valem lembrar. Pode se dizer que a submissão ao homem cedeu espaço o lançamento de executivas, presidentas, governadoras, líderes, jornalistas, engenheiras, mestres e doutoras e até mesmo mecânicas, ou seja, conquistaram ate mesmo atividades que antes eram ditas masculinas. (GABRIELLE, 2008). Os desafios e as conquistas femininas se multiplicam com o passar dos anos. E hoje, grande parte das mulheres são tratadas com igualdade. Uma recente e grande conquista feminina se deu no ano de 2008, quando foi sancionada a lei que amplia a licença-maternidade de 4 para 6 meses, sendo a concessão dos últimos 60 dias opcional para a empresa. Essa proteção à maternidade retrata a preservação de um direito social. (D´URSO, 2009, p.2). Infelizmente, para a maioria das empresas, a maternidade ou a licença maternidade, é vista com os mesmos olhos. A licença maternidade, na maioria das vezes causa um certo mal estar nas empresas. Quanto maior for o cargo e a responsabilidade da mulher em questão, maior o transtorno na empresa. O empregador muitas vezes investiu na profissional e deseja que ela volte da licença com o mesmo empenho de antes. Por medo, algumas mulheres aceitam abrir mão dos meses que tem direito a licença, retornando antes ao trabalho. (MEDEIROS, 2006, p. 47). A conquista do aumento de tempo da licença maternidade foi algo de muita importância para a mulher. Para que esta volte ao emprego mais motivada bastará estar feliz com a situação. E, o maior motivo de felicidade nesse momento será seu filho. A extensão da licença-maternidade, de quatro para seis meses, permite que a relação mãe-bebê possa se consolidar e oferecer uma maior garantia de que tudo estará bem e tranquilo no momento da mãe voltar ao trabalho. Para retomar a vida normal sem traumas, trabalhando, cuidando do filho e vivendo uma vida em família, a mulher não precisa buscar a perfeição para o cuidado do filho, mas deve ter a certeza que está fazendo o seu melhor e não pode estar incondicionalmente 24 horas por dia ao lado dele. (ZANONI, 2009, p.1) A Volta ao trabalho será também de grande importância para a mulher após os seis meses longe de sua vida profissional. Quando terminar a licença maternidade e a mulher voltar ao trabalho, esta irá resgatar sua autoestima, aprenderá a se reorganizar e a retomar a rotina. Além disso, passará a priorizar o tempo que tem livre, oferecendo qualidade na sua relação com o filho. (ZANONI, 2009, p.1) Alguns autores lembram, não só o lado positivo dessas conquistas, mas também o lado negativo. Apesar de ter ganhado muito, a mulher também perdeu de forma significativa algumas de suas características. Adquiriram direitos praticamente iguais ao dos homens, porém perderam a sensualidade, a feminilidade e a sensibilidade, deixando-as mais duras e menos responsáveis consigo, com os filhos e com os maridos. Hoje as mulheres querem agir como homens, adquiriram hábitos masculinos, como por exemplo: fumar, beber, embriagar, usar drogas, tatuagens, falar palavrões. O sexo para elas se tornou algo banal e rotineiro, podendo ser feito mesmo fora do relacionamento conjugal. Envolvimento emocional é um termo proibido para elas. Além disso, com suas atitudes, estão deixando muitos homens relaxados e preguiçosos, alguns até efeminados, já que em muitas famílias são atribuídas, aos homens, as tarefas domésticas e as mulheres vão trabalhar. (NASCIMENTO, 2008, p. 01). Outro lado negativo é que, juntamente com o crescimento de sua participação no mercado e consecutivamente suas conquistas, também cresceu a questão de maus tratos contra as mulheres. Embora hoje as mulheres dirijam caminhões gigantescos, pilotem aviões, conduzam trens e ônibus, ensinem, mediquem e muitas vezes cuidem de seus filhos sem a ajuda dos pais, sirvam de companheiras, é respeitada fora de casa, ela é humilhada dentro dela, e muitas vezes não se dá conta de que sofre calada sem ter a quem recorrer. Muitas sociedades confundem submissão com sujeição e por isso oprimem cada vez as mulheres, como por exemplo, muitos homens que não sabem aceitar o valor da mulher nesta nova etapa. Além do mais, não é porque elas estão lutando por seu espaço que não precisam de amor e carinho, se elas foram em busca desta conquista foi para poder oferecer o melhor para aqueles que estão a sua volta. (FERNANDES, 2008, p.1). Existem muitos casos de violência contra a mulher em diversos países e, no Brasil não é diferente. No Rio de Janeiro, em 2003, foram registradas nas delegacias de policia 31 mil ocorrências de lesões corporais contra mulheres. Em São Paulo, esse número é ainda maior, 87 mil casos no mesmo ano. São mulheres de todas as idades, nível de instrução e classes sociais, porém a maioria é pertencente a uma população mais pobre. Os agressores, na maior parte das vezes são seus próprios maridos, namorados, pais, irmãos e filhos, ou seja, sempre homens. Os motivos que levam as agressões são o estresse, a insegurança e o alcoolismo, mas, a principal causa dessas violências está baseada na cultura machista, que garante aos homens poder sobre as mulheres. (INSTITUTO ETHOS, 2004, p.32) Vale a pena citar uma forma diferente de discriminação contra a mulher. Esta se trata de um empecilho imposto por ela mesma, a autodiscriminação. A imagem percebida pelas pessoas se traduz em características próprias para cada um dos sexos. Isso tem como conseqüência a autodiscriminação, onde as próprias mulheres estabelecem limites para seus espaços de atuação. Assim, elas se dirigem para aquelas profissões consideradas femininas e, normalmente, mais mal remuneradas. (INSTITUTO ETHOS, 2004, p.30). A luta feminina valeu a pena. Hoje, elas conseguiram muitos benefícios no mundo empresarial. De Acordo com LIMA (2009), atualmente, se tornou fácil encontrar empresas que investem em benefícios para mulheres. De forma que essas trabalhem cada vez mais motivadas e comprometidas com a corporação. É importante citar alguns exemplos de empresas que hoje oferecem benefício às mulheres. O Banco Itaú proporciona para suas funcionárias o programa Saúde da Mulher, com o objetivo de atender as necessidades das mulheres em quatro pontos: gestante mamãe e criança, comportamento e saúde preventiva. Outro exemplo a ser citado é a empresa Vivo, com o programa Nascer Bem, onde se desenvolvem iniciativas como o acompanhamento nutricional, cursos para pais boletins informativos, etc. Há ainda o programa Como e Vivo Bem, com dicas de reeducação alimentar para garantir ganho de peso adequado e oferta de nutrientes necessários para mãe e filho. Esses programas de benefícios às mulheres só têm contribuído para a melhora do desempenho feminino na organização, de tal forma a beneficiar também as empresas. (LIMA, 2009, p.1). Enfim, de forma lenta e compassada a mulher vem mostrando sua competência, e aos poucos driblando obstáculos. 3 O PERFIL DA LIDERANÇA FEMININA Analisando a inserção da mulher no mercado de trabalho, suas conquistas e vitórias ao longo de toda caminhada, vale a pena refletir a respeito do perfil da mulher como gestora, suas características, qualidades, entre outras coisas. Embora haja um crescente aumento da participação feminina nos cargos de liderança, elas ainda são a minoria. Para que ocorra uma mudança nesse sentido, é necessária a criação de um novo paradigma organizacional, baseado em um estilo de maior humanização das estruturas organizacionais, ou seja, dar maior atenção ao outro, intuição, empatia, flexibilidade, cooperação grupal, entre outras. E, essas são qualidades tradicionalmente atribuídas às mulheres. Assim, a gestão feminina traz contribuições significativas para esse novo paradigma, já que as mulheres possuem características como flexibilidade, sensibilidade, intuição, capacidade para trabalhar em equipe e administrar a diversidade. (BOTELHO, SCHONS, VIEIRA, CUNH, 2008, p.8 ) O aumento da participação de trabalhadoras assalariadas no setor público ou privado, e o número cada vez maior de mulheres ocupando posições de chefia em setores que eram, tradicionalmente, ocupados por homens, sugerem que essas mudanças podem estar sendo significativas a ponto de gerarem representações sociais sobre o que se poderia chamar de gerenciamento feminino ou estilo feminino de gerenciar. (GALINKIN E MOURÃO, 2008, p.92). É a partir dessa idéia da necessidade de um novo paradigma organizacional e de uma nova representação social denominada gerenciamento feminino ou estilo feminino de gerenciar que surge, então, as características para definir o perfil do líder feminino. O consultor Roberto Tranjan no seu livro “Pegadas”, afirma que características femininas são fundamentais para o melhor desempenho da empresa. Roberto garante que é necessário substituir disputas e competições típicas do ambiente de trabalho por características consideradas femininas como solidariedade, compartilhamento de conhecimento, cooperação e facilidade de relacionamento para se obter o sucesso profissional. (ROSENFELD, 2005). As características femininas têm ganhado destaques no gerenciamento de pessoas: [...] Na gestão do conhecimento empresarial, a mulher ganha cada vez mais importância estratégica, pois trabalha naturalmente com a diversidade processos multifuncionais, além de compartilhar suas experiências e habilidades com os demais componentes da empresa/equipe. Por ser o sexo “considerado sensível”, ela permite que as equipes de trabalho que atuam isoladamente e com heterogeneidades, se constituam numa equipe unida e atuando de forma sinérgica, com soluções criativas para resoluções de problemas, antes considerados insolúveis. (SILVA, 2007, p.17). Além de destaques no gerenciamento de pessoas, as mulheres têm sido consideradas como uma vantagem competitiva para as organizações. As características como impulso para acomodar situações, sensibilidade para a necessidade dos outros, preocupações comunitárias, etc., antes consideradas fraquezas femininas, passaram a ser vantagens no mundo corporativo atual. Sem se esquecer de que as mulheres valorizam mais o trabalho em equipe, são mais perseverantes e constantes, menos imediatistas e mais capazes de raciocinar no longo prazo. Ainda, sobrevivem melhor em tempos de aperto e possuem maior abertura e flexibilidade para o aprendizado constante. (SOUZA, 2009). A sensibilidade feminina permite que a mulher tenha facilidade na formação e controle das equipes. Essa sensibilidade permite que as mulheres montem equipes de trabalho marcadas pela diferença e heterogeneidade. E, equipes com essas características, atuam de forma sinérgica, fazendo com que haja soluções variadas e criativas para problemas aparentemente insolúveis. (PROBST, 2003, p.4). Muitas mulheres acreditam na existência de uma grande desigualdade entre liderança masculina e feminina. Telma da Texaco afirma que a mulher tem sentido muito mais apurado que o homem, já que este é muito mais racional. E, em sua opinião, a melhor coisa para diferenciar um negócio não é a racionalidade totalmente pura. Telma afirma que para lidar com clientes e com seus liderados é preciso uma mistura do tipo maternal, sem perder o senso de disciplina, o senso da responsabilidade: [...] os "meninos" (barbados com idade) chegam aqui com problemas particulares e vêm contar! Quando têm alguma mazela amorosa ou familiar eles não vão contar para um gerente homem... é a hora do colinho! Olha que sou descendente de alémães, cobro muito, dou duro. Mas já ouvi falar que a mulher tem a liderança emocional mais forte do que o homem. (BRUSCHINI E PUPPIN, 2004, p. 134). O autor Roberto Tranjan, afirma que O homem é mais preocupado com a competição do que as mulheres, e que essa competição é necessária para sobreviver, porém, não é necessária para prosperar. Complementa ainda que é por isso que as mulheres levam grande vantagem sobre os homens, já que ela é menos bloqueada e têm mais facilidade de quebrar paradigmas. (ROSENFELD, 2005). Essas diferenças supostamente encontradas entre homens e mulheres podem apenas ser um empecilho para a carreira feminina: [...] Ao mesmo tempo em que a literatura reconhece diferenciação em termos de atributos pertencentes às mulheres, Ângela acredita que essas diferenças podem ser mero pretexto para dificultar a carreira feminina, isto é, o reconhecimento das diferenças implicaria reforço das desigualdades. Nesse contexto, as mulheres mimetizariam os homens para ganhar aceitação organizacional, abre-se espaço para o surgimento da "dama de ferro" que assimila um alto nível de dureza e rigidez comportamental, típica das instituições militares. (BRUSCHINI E PUPPIN, 2004, p. 135). Na mesma pesquisa, onde se encontrou opiniões de que na liderança feminina e masculina existem grandes diferenças, houve também versões de mulheres que afirmavam não existir diferença alguma. Luciana, da Editora Record diz que não encara o estilo das altas executivas como diferente do dos homens, e não encontra nelas nenhuma marca feminina. Outro exemplo é Valéria, das Indústrias Gross. Ela relata que para cada cargo há que se ter determinadas características que atendam aquele perfil profissional. (BRUSCHINI E PUPPIN, 2004, p.133). Há autores que acreditam em uma mistura de pontos masculinos e femininos para a formação de um estilo próprio feminino de gerenciar: [...]A combinação de características masculinas: iniciativa, coragem, determinação, com características femininas: sensibilidade, intuição, cooperação, definem um estilo próprio de gerenciar por parte das empreendedoras. Esse estilo, aliado à intensa dedicação ao trabalho por parte das mulheres empreendedoras, contribui para as altas taxas de sobrevivência de empresas geridas por mulheres. É importante assinalar também, que ao tornar-se empreendedora, a mulher adquire um espaço de poder, o qual ela transforma de maneira compartilhada, em contraposição à tendência predominante de isolar e estratificar o poder. (MACHADO, 2008, p. 7). Muitas empresas, hoje, não abrem mão de terem a participação feminina em seus quadros de colaboradores. Exemplo disso é a mineradora Anglo American. O fato de essa empresa contratar mulheres ganhou força por causa de uma característica vital ao trabalho da companhia. Segundo Cristina Isola, gerente de recursos humanos da mineradora, o contato com o outro, a segurança e a integridade física são as chaves para a indústria. Tais características têm levado gestores da empresa, que antes não queriam a contratação de mulheres, mudaram suas concepções. (POLO, 2009, p.29). São muitas as características encontradas no estilo feminino de gerenciar. Para Galinkin e Mourão (2007), organização, compreensão, flexibilidade, sensibilidade, detalhismo e tranqüilidade, estão relacionadas à forma de trabalhar das mulheres gerentes. Já, para Machado (1999), as lideres femininas possuem como características, objetivos claros e difundidos, estruturas simples, cooperativas e ágeis, comportamento inovador na formulação de estratégias, estilos de liderança cooperativos e integradores. O detalhismo, presente em grande parte das mulheres é uma característica muito citada por autores. A preocupação com a qualidade do trabalho, evitando o "retrabalho" e exigindo maior planejamento e o excesso de organização a esse detalhismo e ao perfeccionismo, implicando em maior exigência de si e do outro, havendo o risco das decisões se tornarem mais demoradas e podendo, ainda, conotar uma postura mais controladora. (GALINKIN E MOURÃO, 2008, p.94). Fixando a idéia de que as mulheres são extremamente detalhistas, existe também o lado positivo desse predicativo. Um exemplo é a construtora Fiorese Fernandes. A empresa tem preferência em contratar engenheiras, já que a mulher tem o mesmo olho clínico do futuro comprador do imóvel. Segundo Pólo (2009, p.29) “nossa taxa de retorno praticamente inexiste porque elas não deixam sequer um pedacinho do rodapé faltando”, diz Caetano Fiorese, sócio da empresa. Outro traço marcante nas mulheres é a habilidade na relação interpessoal, demonstrando respeito a seus funcionários. A relação interpessoal faz com que o sistema feminino de liderar, se volte para a construção de uma rede de colaboração, influenciar pessoas usando menos esforços, treinamento dos indivíduos para que eles ofereçam o melhor de si, e, além disso, as mulheres têm habilidade na criação equipes que se distinguem na solução de problemas. (CABRAL, 2007, p.1) O estilo inovador revela a preocupação com o individuo: [...] A importância dada à qualidade de seus negócios ocorre porque o estilo estratégico predominante nas empreendedoras é o estilo inovador, pelo fato de estas preferirem estratégias do tipo ganha-ganha, que resultam em satisfação para todas as partes envolvidas no processo. Em função deste tipo de estratégia percebeu-se que a maioria das empresárias possui clareza de objetivos, os quais são difundidos entre todos na organização, a fim de satisfazer o interesse dos envolvidos, como também de proporcionar condições para o desenvolvimento de um estilo participativo no processo de decisão, predominando, desta forma, a valorização do indivíduo. (BEZERRA E VIANA, 2003, p.5). Nota-se que as empreendedoras articulam a sua visão gerencial de forma compartilhada com seus funcionários. Dessa forma, encoraja-se a participação e compartilhase a informação, além de demonstrar respeito pelas diferenças individuais entre os funcionários. Percebe-se, também, uma preocupação mais acentuada com os indivíduos envolvidos no desempenho de suas atividades produtivas. (BEZERRA E VIANA. 2003, p.5). Aspectos como compreensão, flexibilidade, sensibilidade e tranqüilidade, indicam a reprodução de traços sobre a feminilidade ou, ainda, a transposição de uma forma feminina de agir, aprendida no contexto das relações sociais, e culturalmente considerada como características femininas, para o ambiente de trabalho. Confirmando que a forma de administrar das gerentes está voltada para as relações interpessoais. (GALINKIN E MOURÃO, 2008, p.95). Roberto Tranjan, afirma que grande parte das empresas está focando o lado feminino em suas ações, já que este cultiva melhor as relações e não olha para os cliente apenas pensando em faturamento. Assim, conforme as empresas vão obtendo mais sucesso, absorvem mais as características femininas. (ROSENFELD, 2005). Enfim, aos poucos, as mulheres estão quebrando alguns paradigmas existentes no mundo dos negócios, conquistando a equiparidade com os homens, mostraram suas capacidades diante de uma liderança, e, o principal, liderando de forma brilhante, recebendo diversos elogios de muitos autores. CONCLUSÃO Conclui-se que a inserção da mulher no mercado de trabalho se deu por conta da necessidade desta em ajudar seus maridos, no sustento de suas casas, pós-guerra. Porém, além da necessidade de complementar a renda familiar, a mulher buscava, e busca até os dias de hoje, a independência financeira, e, a melhor forma para isso é passarem a trabalhar. A independência financeira buscada pela mulher se trata de uma questão de autoestima, e autorealização. Para isso, as mulheres enfrentam as jornadas duplas, tendo que trabalhar, estudar, cuidar de casa e de filhos, entre outras coisas. Algumas mulheres chegaram a adotarem características masculinas para conseguirem enfrentar o desafio de permanecerem no mercado de trabalho. Algo, que não havia necessidade, pois, o que faz com que elas permaneçam no cenário econômico é simplesmente suas próprias características. Para que chegassem ao patamar que se encontram hoje, as mulheres tiveram que lutar muito. Desde o século XX, as mulheres enfrentavam preconceitos como, por exemplo, o não direito ao voto, não trabalharem fora de suas casas, entre muitos outros. A conquista pelo direito de trabalhar fora de seus lares veio acompanhada, ainda, pelo preconceito salarial e diferenciação entre cargos ocupados por homens e mulheres, etc. Embora as mulheres tenham conquistado grande avanço, infelizmente ainda há a diferenciação entre os sexos e certo preconceito entre homens e mulheres. Atualmente, em busca de um novo paradigma, muitas empresas investem em mulheres para atuarem em seus quadros de colaboradores. Como principais características no perfil de liderança feminino, pode ser destacada a sensibilidade, a intuição, a organização, a flexibilidade, o detalhismo, a tranqüilidade, etc. Entretanto, o que mais chama a atenção para a forma de liderança da mulher é a grande preocupação com o individuo, ou seja, há uma forte transparência com seus colaboradores. A mulher busca a satisfação de todos os envolvidos na organização, compartilhando as informações e abrindo espaço para que os colaboradores compartilhem suas opiniões, reforçando assim, a valorização do individuo. Não há cargo nos dias de hoje que a mulher não possa ocupar. Já provaram serem tão competentes quanto os homens no que diz respeito ao mercado de trabalho. Agora, resta a mulher, comemorar a vitória, o sucesso e o grande destaque no mundo empresarial, pois, lutaram por isso, e são merecedoras de suas conquistas. A utilização da pesquisa qualitativa e da técnica de documentação bibliográfica foram suficientes para a elaboração do trabalho. O objetivo principal e os específicos foram totalmente atingidos. Espera-se alcançar com esse estudo, uma maior reflexão dos autores a respeito do assunto, para que se atinja a valorização adequada às mulheres, conforme a justificativa desse trabalho. REFERÊNCIAS AQUINO, E.M.L.; MENEZES, G.M.S.; MARINHO, L.F.B. Mulher, Saúde e Trabalho no Brasil: Desafios para um Novo Agir. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v11n2/v11n2a11.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2009. BEZERRA, R. S. G.; VIANA, M. N. Mulheres empreendedoras – uma discussão teórica. Disponível em: <http://www.fa7.edu.br/rea7/iniciacao_cientifica/arquivos/Rosana.doc>. Acesso em: 25 ago. 2009. BOTELHO, L. et al. Desafios gerenciais das mulheres empreendedoras: como exercer a liderança em espaços de identidade masculina? O caso da Alpha Tecnologia. Disponível em: <http://www.clee2008.ufsc.br/27.pdf>. 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