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JOÃO MONLEVADE, SEXTA-FEIRA, 28 DE MAIO DE 2010
ANO XXX
1120
ESPECIAL SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO
Acidentes não preocupam acionistas,
diz coordenador de processos
Um coordenador de processos
da TL1 disse ao seu pessoal que
mortes por acidente de trabalho
não preocupam os acionistas da
ArcelorMittal. Ele quis dizer,
portanto, que o que importam são
os resultados. Só que mortes
também são resultados... péssimos.
A postura desse coordenador
traduz a forma como a empresa
tem lidado, no dia a dia, com a
questão da segurança e saúde no
trabalho. O resultado pode ser
visto em relatório da Gerência de
Área de Segurança e Saúde, onde é
dito que, no período de 2000 a
2008, somente não houve acidentes fatais em 2006 e no ano passa-
do. Mas, no gráfico de ocorrências,
a quantidade de casos não reflete a
realidade, porque não contabiliza
dois acidentes fatais ocorridos em
2008.
No relatório, a empresa diz que
a maioria dos acidentes ocorre no
último trimestre do ano e aponta
como principais fatores causadores
do problema “novos planos e
expectativas, preparativos de festas
e comemorações, uso de álcool em
excesso, viagens, deferência na
gestão do orçamento familiar,
período chuvoso”. Nada no relatório aborda as práticas gerenciais
que têm contribuído para a ocorrência de acidentes, como sobre-
carga de trabalho, polivalência
(quando o trabalhador é obrigado
a desempenhar diversas funções,
muitas vezes sem a necessária
capacitação), desempenho de
atividade solitariamente em locais
confinados. Em razão desse tipo
de gerenciamento, por sinal, já
ocorreu um acidente fatal em
2010.
Tem sido comum, inclusive, o
trabalhador ser forçado a deixar
de lado o intervalo de repouso e
refeição em nome da produtividade. Só que análise do Ministério
do Trabalho revela que, sem esse
repouso, os trabalhadores ficam
mais propensos a se acidentar.
ArcelorMittal
obrigada a
reconhecer que morte
de Wandinho foi
acidente de trabalho
Em razão de iniciativa do Sindicato, a Superintendência Regional do Trabalho determinou que a ArceloMittal reconheça como acidente de trabalho a morte do jornalista Wander José da Silva (Wandinho),
ocorrida em 17 de maio de 2008. Ele morreu na BR381, próximo a Bela Vista de Minas, na volta de
uma caminhada de saúde realizada pela empresa.
Wandinho caiu de um barranco após descer de uma
caminhonete e tropeçar no meio-fio.
O jornalista estava a serviço da assessoria de Comunicação da empresa e, inclusive, se encontrava
uniformizado. Apesar disso, a ArcelorMittal não classificou a ocorrência como acidente de trabalho, em
mais uma tentativa de mascarar estatísticas de acidentes.
Wandinho era pessoa jurídica e o caso reflete o comportamento da empresa frente a trabalhadores com esse
tipo de contrato de trabalho. Já houve também situações
de acidentes mais leves em que o trabalhador é que arcou
com as consequências, por ter omitido os fatos, colaborando com a imoralidade da atitude da ArcelorMittal.
A decisão da Superintendência do Trabalho foi um
ganho importante para a categoria.
Zé Marreta -1120
O PORQUÊ DOS ACIDENTES
Por que ocorrem acidentes? Só por culpa do trabalhador? Não. Estas são algumas das razões:
- Falta de planejamento
- Falta de uma gestão comprometida com a segurança e a saúde no trabalho
- Descumprimento da legislação referente ao tema;
- Desconhecimento dos riscos no local de trabalho;
- Inexistência de orientação ou treinamento adequado;
- Inexistência de avisos ou sinalização (sonora ou
visual) sobre riscos;
- Falta de organização e limpeza;
- Utilização de equipamentos ultrapassados e defeitos;
- Iluminação deficiente ou ineficiente;
- Utilização de escadas, rampas e acessos sem proteção coletiva adequada;
- Falta de boa ventilação ou exaustão de ar contaminado;
- Presença de radiação no local;
- Presença de ruído, vibração, calor ou frio excessivos;
- Excesso de horas extras;
- Mão de obra insuficiente;
- Atitudes desrespeitosas de gestores;
- Concorrência desleal entre empreiteiras, com propostas de custo baixo apenas para ganhar serviço
Caso de intoxicação ainda sem resposta
O caso de intoxicação alimentar ocorrido no restaurante da ArcelorMittal Monlevade em janeiro deste
ano, que vitimou vários trabalhadores, continua em
aberto. A empresa alega não ter ainda recebido os
laudos técnicos solicitados à Visa (Vigilância em
Saúde).
ELEIÇÃO DE CIPA NA METALFUND
Será no dia 10 de junho, a partir das 11 horas, a
eleição da CIPA para a gestão 2010/2011 na Metalfund.
Consciência e compromisso, companheiros!
Metalúrgicos/Monlevade
Empresa não segue
norma mundial e tenta
enganar auditoria
Em razão do acidente
fatal que vitimou o companheiro José Cirineu no
mês passado, representantes do alto escalão da
ArcelorMittal na Europa
e de unidades do grupo
no Brasil estarão na usina
de Monlevade no período
de 31 de maio a 4 de
junho, para realizar uma
auditoria.
Por isso, a direção da
unidade monlevadense
está obrigando os trabalhadores a participarem
de um curso de segurança e saúde no trabalho, e
quem não comparecer ao
treinamento fica impedido de ter acesso ao seu
local de trabalho. Funci-
onários das empreiteiras
têm se submetido a
jornada estafante em
razão do tal curso; quem
está trabalhando no turno
das 23h15 às 7h15 acaba
tendo que ficar até 13
horas por conta da empresa e, no mesmo dia,
retomar o trabalho às 23.
A iniciativa dessa
“capacitação”, naturalmente, é uma farsa
porque visa apenas dar
aos auditores a falsa
ideia de que, aqui, estão
sendo respeitadas as
normas mundiais do
grupo ArcelorMittal.
O fato é que, no
Brasil, essas normas têm
ficado apenas no papel.
O outro lado
das paradas
No TL1, houve este mês uma parada de produção de
quase 10 dias, para manutenção, em razão de falha de
uma empresa de construção civil que executou serviços
no setor. No alto-forno também houve parada, que teria
sido provocada pela necessidade de corrigir erro técnico.
O que importa nesses casos é o seguinte: essas paradas são, em grande parte, fruto da política de terceirização excessiva e da prática igualmente excessiva de horas extras. Só que a terceirização excessiva e as horas
extras excessivas produzem algo mais do que paradas:
doenças e acidentes de trabalho. Ressalte-se que a empresa tem demitido sindicalistas e cipistas, agravando
esse cenário.
INFORMATIVO DO SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS SIDERÚRGICAS, MECÂNICAS, MATERIAL ELÉTRICO, ELETRÔNICO,
DESENHOS/PROJETOS E INFORMÁTICA DE JOÃO MONLEVADE, RIO PIRACICABA, BELA VISTA DE MINAS E SÃO DOMINGOS DO PRATA-MG.
Rua Duque de Caxias, 165 - José Elói - Fone: (31) 3851-1222 - Telefax: (31) 3851-2985 - DISQUE DENÚNCIA: 0800 283 2985 - João Monlevade - MG
Email: [email protected] - Site: www.metalurgicosmonlevade.com.br
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Zé Marreta 1110_01_2010