UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” LOGÍSTICA EMPRESARIAL TRANSPORTE DE MATERIAIS PARA OBRA DE EMPRESA DE SERVIÇO PÚBLICO Por: José Fernando de Macedo Prof. Orientador: Jorge Tadeu RIO DE JANEIRO Jan/2.010 2 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” LOGÍSTICA EMPRESARIAL TRANSPORTE DE MATERIAIS PARA OBRA DE EMPRESA DE SERVIÇO PÚBLICO OBJETIVO: Esta publicação visa cumprir o requisito parcial para obtenção do grau Especialista em Logística Empresarial. Por: José Fernando de Macedo de 3 AGRADECIMENTO Agradeço à minha família pela compreensão e paciência com a minha ausência para me dedicar às horas de estudo, necessárias para esta formação. Agradeço aos professores pela condução dos ensinamentos e aos colegas de turma pelo convívio e apoio no transcorrer do curso. 4 DEDICATÓRIA Dedico à minha esposa, que assumiu a condução da casa e a educação dos nossos filhos nos momentos em que precisei me dedicar às aulas e aos trabalhos exigidos pelo curso. 5 RESUMO Em geral os contratos de prestação de serviços de obras de rua, ou melhor, de construção e manutenção de sistemas de transmissão e/ou distribuição de energia elétrica, gás canalizado, água e outros similares contém cláusulas sobre o transporte dos materiais necessários aos serviços que serão e precisam ser executados. Também, de maneira geral, estes serviços são terceirizados e as empresas Contratadas (Empreiteiras) precisam adquirir e/ou alugar veículos para transportar estes materiais, inserindo estes custos nas planilhas de orçamento das propostas a serem apresentadas nas diversas licitações. O presente trabalho procura tratar da análise destes custos e de apresentar uma proposta de alteração na sistemática de transporte, avaliando as diferenças, não apenas financeiras como também de confiabilidade e redução de possíveis riscos e perdas. 6 METODOLOGIA Apesar da vasta bibliografia sobre transporte rodoviário de cargas, não identifiquei algo específico sobre o trabalho a ser desenvolvido na presente monografia, por isso foquei minha ações na pesquisa de campo e no desenvolvimento de um estudo de caso. Os métodos utilizados foram de observação da rotina de um armazém de uma empresa de serviço público (aqui chamada de DISTRIBUIDORA), da avaliação dos materiais que fariam parte deste estudo, ou seja, daqueles produtos que são de grande porte ou peso e daqueles que têm alto valor agregado ou grande interesse para furto. A partir daí passei a estudar os custos das duas formas de transporte de materiais para obras para avaliar se haveria ou não economia numa mudança de sistemática futura. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO 1 DEFINIÇÃO DE ABRANGÊNCIA 10 CAPÍTULO 2 COMO FUNCIONA HOJE 13 CAPÍTULO 3 MUDANÇA PROPOSTA 21 CAPÍTULO 4 ANÁLISE COMPARATIVA 29 CAPÍTULO 5 CONCLUSÃO 39 BIBLIOGRAFIA 42 8 INTRODUÇÃO Esta monografia pretende apresentar visão logística, através da análise econômica entre duas formas de atuação, para fornecimento de materiais nas obras de uma Empresa de Serviços Públicos, doravante chamada de DISTRIBUIDORA. Este estudo visa identificar oportunidades de melhorias no processo de contratação de empresas terceirizadas de construção e manutenção de redes e ramais do sistema da DISTRIBUIDORA e de instalações de clientes, no que tange especificamente à utilização do modal de transporte rodoviário de cargas (produtos) do seu armazém central para as obras de rua. Cabe salientar que o transporte de cargas é um aspecto significativo de uma obra em vias públicas, sendo a parte de maior visibilidade da atividade logística, e apresenta importante custo logístico direto e indireto. No transcorrer deste curso de pós-graduação em Logística Empresarial pude ter contato com professores e colegas de turma, a grande maioria com grande experiência, nos mais diversos ramos da logística, especialmente no de distribuição de produtos no varejo. As próprias aulas ministradas abordaram fortemente este aspecto e pude discutir e levantar a questão de que há poucos cursos voltados para o setor de serviços públicos, especialmente o de infra-estrutura urbana, como gás, eletricidade, água e outros. Claro que vários dos conceitos apresentados e debatidos podem ser aplicados em quaisquer ramos de atuação, desde que haja implícita ou explicitamente uma vertente logística para aquela atividade específica. 9 A escolha do tema “Transporte de materiais para obras de empresa de serviço público” visa também contribuir de alguma forma para que aqueles que tenham os mesmos problemas ou as mesmas dúvidas possam encontrar, no mínimo, um princípio de estudo que possa conduzi-los a uma solução mais eficaz para seus problemas logísticos. Procurei fazer um trabalho não teórico ou didático, mas sobretudo prático e que demonstre uma tese que defendo e acredito. 10 CAPÍTULO I DEFINIÇÃO DE ABRANGÊNCIA O Grupo Investidor de origem internacional, doravante chamado simplesmente Grupo, que desde o final da década de 90 faz a operação dos sistemas de Empresas DISTRIBUIDORAS nos Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. As atividades são desenvolvidas nestes Estados por de três empresas do Grupo, sendo duas delas no Estado do Rio de Janeiro e uma no Estado de São Paulo. A maior delas, em clientes e volume de vendas é responsável pelo abastecimento da Região Metropolitana do Município do Rio de Janeiro, que abrange a Capital do Estado, os municípios da Baixada Fluminense (Duque de Caxias, Nova Iguaçu, São João do Meriti, Belfort Roxo e outros), os Municípios da Grande Niterói (Niterói e São Gonçalo) e outros municípios da Região Metropolitana, como Paracambi, Japerí, Itaboraí e Tanguá, entre outros. A outra empresa do Rio de Janeiro supre os clientes situados fora da Região Metropolitana do Município do Rio de Janeiro, atendendo cidades da Região Serrana, como Petrópolis e Friburgo, da Região Sul Fluminense, como Resende, Volta Redonda, Piraí, Barra do Piraí, Barra Mansa, entre outros, e da Região Norte Fluminense, como Campos, Macaé, Cabo Frio e outras. A terceira empresa do Grupo abastece, com seu sistema de distribuição, a Região Sul do Estado de São Paulo. As três empresas têm, em conjunto, aproximadamente 900.000 mil clientes, distribuídos entre os mercados Residencial, Comercial, Industrial e de Serviços Públicos. 11 Por ser a empresa de maior número de clientes (cerca de 70% do total) e maior volume de gás natural vendido (cerca de 60% do total) dentre as empresas do Grupo, no Brasil, vou focar minha análise na empresa que atende aos clientes da Região Metropolitana do Município do Rio de Janeiro, que chamarei simplesmente de DISTRIBUIDORA, sendo, também, a que tem o maior volume de movimentação de materiais para obras. Outro aspecto a ser considerado no presente estudo é sobre os materiais de estoque que no meu entendimento justificariam promover uma mudança na forma de contratação dos serviços e transporte para as obras de construção e manutenção de redes, ramais e instalações de clientes do seu sistema de distribuição. Neste caso estou falando dos materiais de estoque que devem passar para uma nova sistemática de entrega nas obras, visto que o atual estoque da DISTRIBUIDORA é composto de cerca de 1.500 itens, dos mais variados tamanhos, pesos, formas e valores. Para este estudo levarei em conta apenas os materiais de grande porte (tamanho/volume e peso) e aqueles de elevado valor agregado ou que sejam de possível interesse para desvios ou furtos. Outro fato que justifica o estabelecimento deste limite de abrangência é que os tipos de materiais listados abaixo são os de maior movimentação no estoque e que no caso de ocorrência de “stock out” (ruptura de estoque) pode provocar a paralisação de obras, atraso na ligação e conquista de clientes, atraso na prestação de serviços a clientes e principalmente no atendimento aos serviços de urgência e emergência. Alguns exemplos de materiais considerados neste estudo: - Tubos de aço; - Tubos de polietileno (PE); - Tubos de aço galvanizado; 12 - Tubos de cobre; - Válvulas de aço, com DN a partir de 3”; - Válvulas de PE, com DN a partir de 3”; - Estações de Regulagem; - Estações de Medição; - Estações de Regulagem e Medição; - Acessórios de cobre (quando em grandes volumes); - Caixas de ferro fundido, acima de 22x22cm; Não fazem parte deste estudo os materiais utilizados pelas equipes de primeiro atendimento de emergência, devido ao seu regime de trabalho (24 horas) em relação ao horário de funcionamento do armazém (8 horas, em horário administrativo, de 2ª à 6ª feira). 13 CAPÍTULO II COMO FUNCIONA HOJE 2. DESCRIÇÃO DO PROCESSO ATUAL 2.1 ASPECTOS GERAIS Aumentar a produtividade, reduzir custos e incrementar a vantagem competitiva são metas que estão sempre no horizonte de qualquer empresa bem sucedida. Com o apoio logístico estas metas ficam mais próximas de serem alcançadas, através da adequada coordenação do fluxo de informações e do fluxo de insumos e produtos ao longo da cadeia produtiva. Nestes aspectos o gerenciamento do sistema de transporte de materiais, seja através de veículos próprios ou de terceiros, deve ser feito de forma a atender aos objetivos e necessidades das operações de construção e manutenção do sistema de distribuição e de atendimento a clientes e, para otimização das atividades de transporte de materiais, é preciso utilizar ferramentas de roteirização, programação, controle de fretes, etc. O sistema de recebimento, armazenagem e distribuição de materiais da DISTRIBUIDORA conta, hoje, com um único armazém central, localizado em sua sede, na Região Portuária, do Município do Rio de Janeiro. A gestão do armazém é feito por um Operador Logístico terceirizado, que é responsável por toda a operação dos materiais da DISTRIBUIDORA, desde o recebimento físico, contábil e fiscal até o fornecimento às Empreiteiras que realizam as obras de rua e em clientes. 14 Esta estrutura é a original da Empresa e remonta de um tempo anterior à desestatização de suas atividades de distribuição e desde esta época visa atender as necessidades de demanda oriundas dos principais processos de negócios da DISTRIBUIDORA. As Empreiteiras, empresas contratadas para prestação de serviços nas linhas do sistema de distribuição e instalações de clientes, formam hoje o principal conjunto de clientes desta malha de distribuição de materiais de estoque e cada uma delas constitui um ponto para guarda de materiais para aplicação nas atividades para as quais foram contratadas. Atualmente o transporte de materiais para obras é feito por cada empreiteira, que tem frota própria ou alugada de veículos necessários para atender os seus respectivos contratos com a DISTRIBUIDORA. Explicando, quando a DISTRIBUIDORA abre uma licitação, envia para todos os concorrentes uma especificação técnica, que traz todos os aspectos técnicos e operacionais do serviço a ser contratado e informando as necessidades de transporte de materiais para suas obras. Nestas especificações é exigido que as empresas, caso venham a ser contratadas, forneçam toda a infra-estrutura de transporte necessária para levar os materiais do armazém da DISTRIBUIDORA para as obras, incluindose aí pessoal e equipamentos de movimentação na obra, já que no armazém estes equipamentos pertencem à DISTRIBUIDORA e são operados pelo Operador Logístico. 2.2 RECEBIMENTO E ARMAZENAGEM Todo o processo inicia no planejamento de materiais, que é feito a partir das previsões feitas pelas áreas usuárias de materiais, passando por um processo de consolidação e análise pela área de Logística da DISTRIBUIDORA, que define o tamanho da compra e o momento em que os materiais devem ser 15 entregues pelos diversos fornecedores, visando garantir o suprimento às obras, assim como o re-suprimento do estoque. O sistema informático utilizado para gerenciamento dos materiais da DISTRIBUIDORA é o SAP R3, versão 4.7, e nele são inseridas as informações de previsão feitas pelas áreas usuárias, assim como todas as informações de estoque e movimentação de materiais. Todas as pessoas envolvidas no processo de gestão de materiais foram treinadas e têm acesso ao sistema, de acordo com os perfis definidos para cada área ou posto de trabalho. Na chegada do produto ao armazém é feita a conferência do pedido, da documentação e da carga. Na conferência física são verificadas a integridade física do material e a quantidade comprada, através do documento chamado “pedido de compra”, confrontando com a nota fiscal emitida pelo fornecedor e com a contagem feita pelo pessoal do armazém. Qualquer diferença identificada, seja na quantidade e/ou na integridade do material ou da embalagem, é sinalizada neste momento, antes do produto entrar no armazém, o que nestes casos só ocorre após análise dos profissionais responsáveis e a necessária aceitação. A diferença de quantidade, caso haja, é anotada na documentação de entrega e comunicada ao fornecedor, sendo enviado para a área de Contas a Pagar apenas o valor relativo à quantidade efetivamente recebida e aprovada na inspeção de recebimento. Depois disso é emitido pela área de Logística, para a área de Qualidade de Fornecedores, o Boletim de Inspeção, para que o material seja avaliado quanto ao cumprimento dos requisitos descritos na respectiva Especificação Técnica do Material (EM) e somente após a aprovação técnica o material é liberado para o estoque, seguindo a partir daí todos os procedimentos técnicos de estocagem. 16 2.3 ATENDIMENTO DAS PETIÇÕES DE MATERIAIS Petição é o nome dado à solicitação de material de estoque feito pela área usuária, em geral pelo responsável pelo projeto ou pela obra, através do sistema SAP. Este documento do sistema contém todas as informações necessárias para conhecimento da necessidade da área, como: - Item de estoque (código e descrição breve); - Quantidade desejada; - Centro de custo e conta orçamentária para débito; - Data da necessidade; - Empreiteira que fará a retirada; - Endereço da obra ou o título do projeto. O horário de funcionamento do armazém da DISTRIBUIDORA é das 8:00 às 17:00 horas, de 2ª Á 6ª feira, não havendo regime de plantão para outros horários. No procedimento normal, as petições são feitas pelos técnicos das áreas usuárias, ou pessoal de suporte, de acordo com as necessidades do projeto, diretamente no SAP. Depois disso o próprio técnico comunica à pessoa responsável pela logística da Empreiteira para que faça a retirada dos materiais no armazém da DISTRIBUIDORA, informando-lhe quando e o número da petição correspondente. Na véspera da data de início da obra ou da necessidade dos materiais, o responsável da Empreiteira envia um correio eletrônico para o Operador Logístico da DISTRIBUIDORA, solicitando o agendamento da retirada. 17 Cabe salientar que de acordo com a pesquisa que realizei, nem sempre a Empreiteira sabe exatamente que material irá retirar no armazém da DISTRIBUIDORA, e isso causa alguns transtornos, que falarei mais adiante. O Operador Logístico acessa o sistema, confirma por e-mail o agendamento com a Empreiteira e emite a lista de “picking” para separação dos materiais da petição. Na maioria dos casos, no momento da confirmação do agendamento ele informa quais os materiais constam na petição. A separação da petição é feita, sempre que possível, em áreas pré-definidas, onde é utilizado o método “percurso por petição”, no qual um separador é responsável pela coleta de todas as linhas da petição dos materiais de pequeno porte. Os materiais de grande porte são retirados pela Empreiteira diretamente no local de armazenagem. A expedição segue o agendamento feito com as Empreiteiras, com exceção das petições originadas por motivo e urgência ou emergência, que têm prioridade em relação às demais. No caso de ocorrência de urgência ou emergência fora do horário de funcionamento do armazém, a retirada é feita pelo Responsável Técnico de Atendimento de Urgências, do Centro de Controle de Atendimento de Urgências da DISTRIBUIDORA, que também é responsável pela anotação no livro de ocorrências disponível no armazém, dos itens e quantidades de materiais retirados do estoque e pela posterior emissão da petição, para que o pessoal do armazém possa dar a devida baixa no estoque. Não há histórico de retiradas emergenciais em um número excessivo de ocorrência ou em quantidades muito grandes de materiais, mas nos casos de ocorrências de situações de urgência ou emergência, no primeiro dia útil seguinte à retirada dos materiais, o Operador Logístico faz uma contagem de cada item retirado, para posterior conferência da informação registrada no livro de ocorrências e assim garantir a acuracidade do estoque. 18 2.4 VANTAGENS E DESVANTAGENS IDENTIFICADAS 2.4.1 Desvantagens identificadas - Os técnicos da DISTRIBUIDORA, responsáveis pelo projeto/obra emitem a petição de materiais sem ter certeza que a quantidade necessária existe em estoque; - As Empreiteiras são comunicadas por e-mail sobre o início da obra e da necessidade de retirada de materiais para a mesma muitas vezes apenas com o número da petição e/ou com a listagem de materiais, em geral sem as quantidades; - As Empreiteiras somente tomam conhecimento dos materiais a retirar na chegada ao armazém e muitas vezes o veículo para realizar a retirada não é o adequado. - Às vezes a Empreiteira chega com um caminhão ao armazém da DISTRIBUIDORA para retirar peças pequenas e às vezes chega com carros pequenos (furgões, carros de passeio e outros) para retirar materiais de grande porte (tubos de PE de grande diâmetro, tubos de aço e outros); - Há pouco controle de materiais de sobra de obras, conseqüentemente há baixíssima aplicação da Logística Reversa; - Com a baixa aplicação da Logística Reversa, há compra de excessiva de alguns produtos e em alguns casos falta de produtos no estoque (“stock out”). - Os materiais são retirados em grandes quantidades, em geral de uma só vez para toda a necessidade da obra, e como o controle de sobras de obra é pequeno, estas ficam, em geral, estocadas nas Empreiteiras; 19 - Como as retiradas são grandes, a Empreiteira leva os produtos para seu depósito e daí os leva para as obras, de acordo com a necessidade e o andamento da obra; - A Empreiteira precisa de depósito com dimensões razoáveis para comportar o volume de materiais retirados de uma só vez para as diversas obras sob sua responsabilidade e para armazenar as sobras de obras, que em geral não são devolvidas à DISTRIBUIDORA, sendo os custos de aluguel destes locais repassados para os preços ofertados nos contratos com a DISTRIBUIDORA; - A Empreiteira é obrigada a fazer seguro contra danos, roubo e incêndio com valores elevados, para cobrir possíveis danos ou perdas de produtos em seu depósito; - Os produtos ficam armazenados na Empreiteira por longo tempo e a nota fiscal de saída da DISTRIBUIDORA perde a validade, especialmente porque o endereço de entrega é o da obra, aumentando assim o risco fiscal, tanto para a DISTRIBUIDORA como para a Empreiteira; - O tempo de utilização das viaturas é parcial, havendo considerável ociosidade, sendo o seu custo integral no contrato da Empreiteira com a DISTRIBUIDORA. Este fato provoca aumento da frota de veículos para o transporte de materiais para obras e, conseqüentemente, maiores custos agregados ao respectivo contrato; - O controle dos produtos utilizados nas obras é insuficiente e assim possibilita e aumenta o risco de perda por desvios. - Falta de cuidados da Empreiteira no manuseio e armazenagem dos materiais, fato este constatado em visita feita a duas delas, onde observei materiais armazenados de forma inadequada e com riscos de danos, conforme pode ser observado nas fotos a seguir: 20 Materiais novos misturados com outros de sobra de obras. Materiais novos armazenados irregularmente e sem padrão de identificação. 2.4.2 Vantagens identificadas - Para obras pequenas, a retirada total dos materiais permite que o planejamento possa rodar o programa de controle de estoque (SAP) e possa repor estes produtos com reduzido risco de ocorrência de “stock out”; - Garantia que todo o material necessário para a obra foi disponibilizado e que não haverá interrupção por falta de produto; - Os casos de falta de produto no estoque são identificados logo no início de cada obra e assim há tempo suficiente para sua reposição e disponibilização antes de sua necessidade na obra. 21 CAPÍTULO III MUDANÇA PROPOSTA 3. DESCRIÇÃO DO NOVO PROCESSO 3.1 ASPECTOS GERAIS DA MUDANÇA A pressão para a redução dos custos ainda é, e continuará sendo por longo tempo, uma prioridade na lista de iniciativas das Empresas e a Logística poderá ajudar sensivelmente no alcance deste objetivo. A empresa francesa “Système U Est” promoveu uma pesquisa1 sobre o nível de ocupação dos caminhões e concluiu que “40% do volume disponível do veículo, bem como 30% da carga não estavam sendo utilizados”. Levando-se em conta estes dados estatísticos, me parece claro que, com a sistemática atual, há gastos extraordinários no transporte de produtos para as obras da DISTRIBUIDORA. A adoção da sistemática atual não permite transparência sobre os valores efetivamente pagos pelo serviço de transporte realizado pelas Empreiteiras, ou seja, pouco se conhece das reais despesas operacionais com transporte de cargas. Ao pensar nos possíveis métodos de redução dos custos de transporte, entendo que é necessário planejar não só a compra de produtos, como também a forma de tratar sua movimentação desde o armazém até chegar às obras de rua. 1 Revista Logística, edição de julho/2007 22 A proposta de alteração descrita, a partir deste ponto, pressupõe principalmente uma mudança de comportamento dos técnicos responsáveis pelos projetos e/ou obras, assim como uma mudança na cultura atualmente existente sobre a questão de transporte de materiais para obras. O grande objetivo da mudança proposta é a redução dos custos operacionais, embora eu acredite que há diversas outras vantagens adicionais e que vou procurar demonstrar ao longo do trabalho. O sistema de petição seria tecnicamente o mesmo, porém as quantidades retiradas seriam menores, para cobrir a necessidade da obra num curto espaço de tempo. Explicando, a proposta é que haja a contratação de um transportador profissional para os materiais de grande porte, de valor agregado alto e de possível interesse para furtos ou roubos, conforme definido no capítulo I – Definição de abrangência - abandonando nestes casos o transporte das Empreiteiras, não profissional. O primeiro impacto desta mudança é que os materiais não iriam mais para os depósitos das Empreiteiras, para depois serem levados para as obras, o que reduziria consideravelmente os estoques em poder de terceiros, neste caso de materiais já contabilizados e ativados. O técnico responsável pela obra passaria a ter um controle mais efetivo dos materiais utilizados e necessários para cada fase da obra, pois precisaria acompanhar mais de perto a evolução da mesma e o cumprimento do cronograma previsto. Esta é uma mudança cultural muito grande, levando-se em conta que hoje ele faz uma lista de necessidades, emite a petição para a totalidade do materiais previstos e praticamente transfere para a Empreiteira o controle do uso dos materiais na obra. 23 Para que todo o processo funcione seria necessário que o transportador a ser contratado disponibilizasse uma pessoa para trabalhar na roteirização das entregas (um roteirizador), que num primeiro momento pode parecer aumento de custo, mas no transcorrer da análise procurarei demonstrar sua importância para o novo processo e o retorno financeiro obtido. Como somente seriam transportados materiais de grande porte, o veículo teria um motorista e um ajudante, o que não provocaria aumento de custos, já que atualmente praticamente todas as Empreiteiras disponibilizam um ajudante para fazer a retirada dos materiais do armazém da DISTRIBUIDORA. Outra mudança necessária seria no horário de funcionamento do armazém da DISTRIBUIDORA, que passaria a ser das 7:00 às 16:00 horas, para com isso permitir que o carregamento seja feito mais cedo e que os materiais cheguem nas obras em um horário compatível com a necessidade do uso. Há muitas nuances que poderiam ser levantadas, como as distâncias a serem percorridas, as possibilidades de acidentes e de engarrafamentos de trânsito, as possíveis alterações no projeto devido a obstáculos no subsolo e outras, porém estes problemas já existem atualmente e o tratamento não sofreria mudanças significativas, por isso não levarei em conta estes aspectos. 3.2 – PETIÇÃO E EXPEDIÇÃO O técnico da DISTRIBUIDORA passa a emitir a petição de materiais, no SAP, de acordo com cada fase da obra e com as mesmas informações previstas no item 2.3 – capítulo II, acrescentando o local exato da descarga e fornecendo um ponto de referência conhecido; O Operador Logístico faz a separação dos itens de menor porte da lista de materiais, de acordo com as datas de necessidade informadas nas diversas petições, repassa para o transportador todas as listas para entrega no dia seguinte e acrescenta a informação das dimensões dos materiais, necessárias para o planejamento do carregamento e da entrega (volume e peso); 24 O Operador Logístico envia um e-mail para o Técnico responsável pela obra e para a Empreiteira, confirmando o agendamento da entrega dos materiais para o dia seguinte e confirmando o local de entrega; O roteirizador faz a programação de entrega, procurando otimizar a carga de acordo com os trajetos mais econômicos, com os veículos apropriados e a melhor arrumação de entrega, procurando obter a máxima utilização da capacidade de carga. Nestes transportes são levados também os materiais de pequeno porte, visando aproveitar a viagem; O carregamento é feito pela manhã, no horário de abertura do armazém e como a separação dos materiais foi feita no dia anterior, o trabalho de carregamento fica mais ágil. É importante lembrar que os materiais de grande porte são retirados pela Empreiteira diretamente no local de armazenagem Para melhor utilização e aproveitamento dos veículos, deverá haver, sempre que possível ou necessário, entrega também na parte da tarde, sendo o carregamento feito de acordo com as quantidades a retirar. Assim como ocorre atualmente, com a mudança na sistemática em caso de ocorrência de situações de urgência ou emergência sempre dará prioridade à expedição relativa à respectiva petição, ou seja, não importa o momento, sempre se dará atenção e prioridade a estes casos. 3.3 VANTAGENS E DESVANTAGENS PREVISTAS 3.3.1 Vantagens identificadas - A área de Logística da DISTRIBUIDORA passa a ter controle sobre as necessidades das áreas e sobre os prazos para disponibilização dos materiais para as obras, podendo medir e controlar o nível de serviço prestado; 25 - O técnico da DISTRIBUIDORA, responsável pelo projeto/obra passaria a ter maior controle sobre o cronograma executivo da obra e as petições seriam feitas com quantidades de materiais compatíveis com a capacidade de execução da Empreiteira; - Os problemas de percurso, ou melhor, os problemas identificados durante a execução da obra seriam prontamente resolvidos, uma vez que haveria maior interação entre a Empreiteira e o responsável da DISTRIBUIDORA; - O transportador terá sempre conhecimento prévio do tipo e quantidade de materiais a serem transportados; - A ocupação do veículo seria otimizada e assim se poderia conseguir uma redução sensível no tamanho da frota envolvida no transporte de materiais da DISTRIBUIDORA para as obras de rua; - Poderiam ser incluídos materiais de pequeno porte nas entregas/transporte de materiais de grande porte e/ou alto valor agregado, minimizando um possível impacto negativo de outras viagens para o mesmo local; - Com esta nova metodologia de serviços, ficaria garantida a aplicação dos materiais diretamente na obra para a qual foram requisitados, redução dos riscos de danos aos mesmos por manuseio e armazenagem inadequados e seria ampliada a adoção da logística reversa, que por si só acarretaria em redução das compras e do valor contábil aplicado na obra. - Outro aspecto importante é que com a entrega dos materiais diretamente na obra, as Empreiteiras não precisariam de grandes áreas de armazenagem, reduzindo assim o preço dos aluguéis que teriam que pagar, assim como reduziria para estas os valores de seguros e com a segurança patrimonial, o que traria impactos de redução de preços no contrato. 26 - O fato de atualmente os materiais serem retirados em grande quantidade e levados para as empreiteiras provoca possibilidades de falhas no controle das sobras de obras, especialmente para aqueles materiais de maior valor agregado e os que atraem maior interesse para desvios ou roubos, como tubos e acessórios de cobre, e com a nova sistemática passaríamos a ter maior controle e correríamos um risco menor; Obs.: Para reforçar esta teoria, foram pesquisados dois processos de devolução de produtos ao armazém da DISTRIBUIDORA e os valores totais apurados, relativos aos materiais da DISTRIBUIDORA em poder da Empreiteira, ultrapassaram os R$1,2MM (um milhão e duzentos mil reais), o que para mim se traduz em compras que foram feitas para repor estoque, que não precisariam ter sido feitas e que oneraram o valor do estoque. - A rotatividade de mão de obra das Empreiteiras é alto, o que dificulta garantir que o pessoal envolvido no transporte de materiais da DISTRIBUIDORA tenha um treinamento sobre os cuidados no manuseio de cada material, o que poderia ser garantindo com a contratação de uma empresa transportadora; - Teríamos uma redução na quantidade de viagens de cada Empreiteira, pois como atualmente elas levam os materiais de obra para seus depósitos e só a partir daí é que os leva para as obras, eliminaríamos de pronto a primeira perna do transporte ao levarmos os materiais diretamente para as obras; - Teríamos uma variedade maior de veículos a utilizar, podendo adotar no transporte de materiais de alto valor agregado e/ou de interesse para furtos, caminhões tipo baú, fechados, substituindo as kombis e os caminhões abertos que são usados atualmente e que deixam à mostra os produtos, o que possibilita possíveis ações da criminalidade; - O pagamento relativo ao transporte de materiais para obras seria otimizado, pois passaríamos a pagar somente pelo uso efetivo do veículo, eliminando o custo de veículos das Empreiteiras parados. Segundo relatos de entrevistas, 27 depois de fazer a entrega o veículo fica à disposição da equipe quase sempre para fazer o transporte do pessoal para a base da Empreiteira; - Esta função passaria a ser exercida por carros leves, da própria Empreiteira, reduzindo assim o risco de acidentes pessoais uma vez que foram identificadas situações de transporte de pessoas junto com materiais e no caso de ocorrência de um acidente de trânsito haveria aumento do risco de haver feridos, principalmente atingidos por materiais soltos (há vários casos) ou mal amarrados. - Teríamos uma redução drástica do risco fiscal, uma vez que os materiais que estivessem cobertos por esta nova sistemática passariam a ser transportados 100% acompanhados da respectiva nota fiscal de transporte. A eliminação do risco fiscal só não é garantida porque a Empreiteira ainda teria participação no transporte de materiais de pequeno porte e não podemos afirmar que seria possível fazer a eliminação de seu estoque (paralelo ao da DISTRIBUIDORA); - Outro aspecto de fundamental importância é que atualmente os materiais da DISTRIBUIDORA são transportados sem cobertura por seguro e, contratando um transportador profissional, este custo já virá incluído no preço do frete e em caso de danos, roubos ou furtos, a DISTRIBUIDORA seria ressarcida pelos bens subtraídos; - Por fim, há o transporte do bota-fora de obras, que é a retirada de terra e entulho proveniente da escavação para construção de redes e ramais do sistema de distribuição de gás canalizado, sendo que o impacto deste tipo de transporte é basicamente ambiental, para garantia da disposição final dos resíduos em local apropriado e licenciado. Como a finalidade do presente estudo é de custos financeiros, não levarei em conta este item. 3.3.2 Desvantagens previstas - Precisa de aumento de controle das fases da obra e dos materiais já requisitados, pelas áreas usuárias; 28 - Precisa de excelente sincronia entre as áreas de Projeto e Logística, para garantir a reposição de materiais no estoque em tempo hábil, evitando a falta de materiais no estoque, quando de sua necessidade na obra; - Possibilidade de interrupção da obra por falta de material, caso não haja uma boa previsão das necessidades pelas áreas usuárias; - Possibilidade de falta de material no início da obra por falta de aviso do cronograma pela área usuária ao pessoal de Logística; - Possibilidade de viagem perdida pelo transportador devido a um possível descompasso de informações entre as áreas de Projetos e de Logística. 29 CAPÍTULO IV ANÁLISE COMPARATIVA 4.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS A DISTRIBUIDORA conta com 16 Empreiteiras para execução de suas obras de construção e manutenção de redes, ramais e instalações de clientes, sendo que destas apenas 6 fazem os dois tipos de serviços e as demais trabalham basicamente em execução e manutenção de instalações de clientes. Vou concentrar meu estudo nas 6 empresas, pois estas trabalham efetivamente com obras que precisam de materiais de estoque de grande porte/volume ou peso e, conseqüentemente, de caminhões para fazer o transporte dos mesmos. Dentre essas 6 empresas escolhi 3 para realizar a pesquisa de campo, de forma a obter dados para embasar a teoria que defendo, ou seja, de que é mais vantajoso financeira e operacionalmente para a DISTRIBUIDORA substituir o modelo atual, onda as próprias Empreiteiras fazem o transporte de materiais de estoque para as obras, seja utilizando veículos próprios ou alugados, por outro modelo, onde a DISTRIBUIDORA contrataria um transportador de carga fracionada e através de um processo de roteirização, este transportador faria as entregas de materiais diretamente nas obras, de acordo com a necessidade e acompanhando o cronograma de execução. De uma maneira geral os veículos das Empreiteiras são alugados e poucos são próprios – para simplificar o cálculo, vou levar em conta que todos são alugados, visto que há custos de amortização, manutenção, impostos e outros. Há várias teorias para formação de preços do transporte rodoviário de carga fracionada, mas a mais recorrente leva em conta aspectos como percurso, veículo utilizado e o tipo de carga entre outros. 30 A título de ilustração, apresento uma fórmula de cálculo existente no site da FIPE, que demonstra como são apurados os custos do transporte rodoviário de carga. Lá existe uma planilha onde constam todos os custos de uma empresa virtual que são agrupados segundo uma fórmula que fornece o custo total. A fórmula é a seguinte*: CUSTO TOTAL = CUSTO PESO + CUSTO VALOR + GRIS + IMPOSTOS IMPOSTOS = percentual referente ao PIS e ao COFINS aplicado sobre o custo peso GRIS = custo referente ao gerenciamento de risco que é obtido através de um percentual aplicado sobre o valor da tonelada da mercadoria transportada CUSTO VALOR = custos referentes à retenção ou transferências de perdas incorridas no transporte da mercadoria que é obtido através de um percentual aplicado sobre o valor da tonelada da mercadoria transportada CUSTO PESO = A + B.X + C É o custo relacionado ao peso da mercadoria, onde: A = [ ( CF / H ) . TCD ] / CAP É o custo do tempo gasto para carregar, descarregar e esperar carga B = { [ CF / ( H . V ) ] + CV } / CAP É o custo relacionado à transferência da mercadoria que deve ser multiplicado por X, que é a distância percorrida C = c . ( DAT / TEXP ) São as despesas indiretas da transportadora (despesas administrativas e de terminais). * www.fipe.org.br 31 onde: CF = custo fixo (R$) H = número de horas trabalhadas por mês (h) TCD = tempo gasto para carregar, descarregar e esperar carga (h) CAP = capacidade média de carga efetiva (t) V = velocidade média do veículo (km/h) CV = custo variável (R$/km) DAT = despesas administrativas e de terminais (R$) TEXP = tonelagem expedida (t) c = coeficiente do uso de terminais Essas fórmulas valem sempre, cabendo apenas algumas ressalvas: 1 - no transporte de carga lotação não cabe a aplicação da variável c pois a carga não passa pelos terminais da empresa e as despesas indiretas são chamadas apenas de despesas administrativas; 2 - na operação urbana, os custos referentes a impostos, gerenciamento de riscos, custo valor e despesas indiretas já estão computados nos custos de transferência, portanto não entram na fórmula. 4.2 CUSTOS DE TRANSPORTE ATUAL Apresento, a seguir, a pesquisa de preços que fiz junto às Empreiteiras e ao setor de Logística da DISTRIBUIDORA. 4.2.1 Frota das Empreiteiras Para começar, fiz um levantamento, com duas Empreiteiras, dos veículos (tipo e quantidade) usados por elas para fazer o transporte dos materiais para as obras da DISTRIBUIDORA e através de entrevista com o pessoal do armazém obtive os dados de frota das outras 4 Empreiteiras envolvidas neste processo. 32 De uma maneira geral, os veículos utilizados no transporte de materiais para as obras da DISTRIBUIDORA estão listados na tabela 1, onde também apresento o resultado da pesquisa. Tabela 1 Veículo kombi caminhão caminhão munck Empr A Quant atual 2 5 1 Empr B Quant atual 4 6 2 Outras 4 Quant atual 10 12 4 Total Quant atual 16 23 7 Obs.: As demais Empreiteiras são menores que “A” e “B” e as suas frotas foram estimadas, a partir de consulta feita ao pessoal do armazém da DISTRIBUIDORA. 4.2.2 Custo da frota atual nos contratos: A cobrança dos fretes é mensal e os valores da tabela 2 são médios e foram obtidos na pesquisa de campo, sendo estes custos repassados integralmente à DISTRIBUIDORA, ou seja, como não são empresas de transporte, seus veículos ficam totalmente agregados nos contratos. Tabela 2 Veículo kombi caminhão caminhão munck total Total Quant atual 16 23 7 valor pago (mês) R$ 2.100,00 R$ 3.500,00 R$ 8.500,00 mão de obra (mot + ajud) R$ 1.700,00 R$ 2.700,00 R$ 2.700,00 combust + outras desp R$ 1.000,00 R$ 1.200,00 R$ 1.500,00 valor total (mês) R$ 76.800,00 R$ 170.200,00 R$ 88.900,00 R$ 335.900,00 valor total (ano) R$ 921.600,00 R$ 2.042.400,00 R$ 1.066.800,00 R$ 4.030.800,00 Obs.1: a Kombi não utiliza ajudante; Obs.2: o valor pago e os custos de mão de obra e combustíveis são médios e por veículo 4.3 ANÁLISE DE DADOS LOGÍSTICOS 4.3.1 Análise da frota atual, frente ao número de petições atendidas Para poder avaliar se o dimensionamento da frota das Empreiteiras está adequado, solicitei ao pessoal da área de Logística da DISTRIBUIDORA um levantamento do número de petições atendidas, somente dos materiais envolvidos com o escopo desta monografia e o resultado está na tabela 3. 33 Tabela 3 Mês mai/09 Dados Entregas Efetuadas 562 jun/09 jul/09 729 748 ago/09 736 set/09 out/09 849 312 Avaliando os dados obtidos, entendo que se eu fizesse uma análise baseado apenas na média simples das entregas efetuadas, este não seria o melhor critério para dar segurança ao cálculo do dimensionamento da frota ideal, assim como calcular pelo valor máximo provocaria gastos desnecessários, por isso vou utilizar o valor de 748 entregas, que é o maior entre os três mais comuns, em ordem de grandeza. Através de entrevistas com o pessoal responsável pelo fornecimento de materiais do armazém da DISTRIBUIDORA às Empreiteiras, foi estimado que 55% das retiradas são feitas por kombis, 35% por caminhões toco e 10% por caminhões munck. Ainda com relação ao atendimento das petições, pedi um acompanhamento durante o mês de janeiro de 2010 para obtermos uma estimativa do nível de ocupação, em volume, dos veículos que fazem a retirada de materiais no armazém da DISTRIBUIDORA. Os resultados estão demonstrados tabela 4. Tabela 4 veículo kombi caminhão caminhão munck nº de petições atendidas 411 262 75 quant média diária (20du) 20,6 13,1 3,8 volume ocupado médio 50% 50% 100% Com isso e considerando um melhor aproveitamento da ocupação média do volume disponível nas kombis e caminhões, na ordem de 85% do volume disponível, a frota equivalente ficaria conforme tabela 5. 34 Tabela 5 veículo kombi caminhão caminhão munck nº de petições atendidas 411 262 75 quant média diária (20du) 20,6 13,1 3,8 2 petições p/ veículo* 10,3 6,6 3,8 volume ocupado médio 0,85 0,85 1 frota equivalente 12,1 7,7 3,8 * exceto caminhão munk: 1 petição por veículo Pelo resultado, com uma frota de 12 kombis, 8 caminhões toco e 4 caminhões munck e fazendo uma boa roteirização das entregas nas obras, seria possível cobrir as necessidades de suprimento de materiais. 4.3.1 Reavaliação dos custos atuais Há um dado, porém, que deve ser levado em consideração no cálculo de avaliação econômico-financeira, que é o transporte de materiais de pequeno porte para atender necessidades específicas, onde na petição não houvesse outros materiais, de grande porte. Nestes casos, as Empreiteiras deveriam permanecer com uma Kombi ou trocála por outro tipo de veículo, como, por exemplo, um veículo tipo furgão (fiorino ou outro), por isso estou debitando, da tabela 2, 6 kombis (1 para cada Empreiteira) e reapresentando o resultado dos cálculos na tabela 6, a seguir: Tabela 6 veículo kombi caminhão caminhão munck total 4.4 total quant atual 10 23 7 valor pago (mês) R$ 2.100,00 R$ 3.500,00 R$ 8.500,00 mão de obra mot + ajud R$ 1.700,00 R$ 2.700,00 R$ 2.700,00 combust outras desp R$ 1.000,00 R$ 1.200,00 R$ 1.500,00 valor unitário (mês) R$ 4.800,00 R$ 7.400,00 R$ 12.700,00 valor total (mês) R$ 48.000,00 R$ 170.200,00 R$ 88.900,00 R$ 307.100,00 valor total (ano) R$ 576.000,00 R$ 2.042.400,00 R$ 1.066.800,00 R$ 3.685.200,00 CUSTOS ESTIMADOS DA MUDANÇA NO PROCESSO 4.4.1 Custo do seguro, no transporte Para avaliar o custo do seguro que seria acrescido no custo atual de transporte, novamente solicitei ao pessoal da área de Logística da 35 DISTRIBUIDORA um levantamento dos valores transportados, somente dos materiais envolvidos com o escopo desta monografia e o resultado está na tabela 7, a seguir. Tabela 7 Mês mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09 média Dados Valor Consumo (mês) R$ 1.951.047,50 R$ 1.925.273,25 R$ 1.934.136,35 R$ 1.825.111,75 R$ 1.643.413,59 R$ 2.529.930,21 R$ 1.968.152,11 Valor Consumo (dia) R$ 97.552,38 R$ 96.263,66 R$ 96.706,82 R$ 91.255,59 R$ 82.170,68 R$ 126.496,51 R$ 98.407,61 O transporte de materiais passaria a ter cobertura de seguro de responsabilidade civil, em valor condizente com as condições, potencial de risco e peculiaridades dos serviços executados e ainda seguro obrigatório – RCTRC (Responsabilidade Civil de Transporte Rodoviário de Cargas) e RCF-DF (Responsabilidade Civil Facultativa de Desvio de Cargas). A partir de consulta feita a um Operador Logístico do mercado, obtive a informação de que o seguro deve ser calculado utilizandose um fator de multiplicação percentual de 0,24% (0,2% da carga + 0,04% de impostos) do valor da carga transportada no período. Levando em conta e analisando a tabela 7, acima, e também o fato de que nos últimos dez anos não houve histórico ou relatos de acidentes, roubos ou furtos no transporte de materiais da DISTRIBUIDORA, neste caso considerei que o seguro deveria ser feito pelo valor médio anual transportado no período de um ano: Cálculo do custo do seguro (CS): R$1.968.000,00 x 0, 0024 = R$4.723,20 ( anual) ou R$393,60 (mensal) 36 4.4.1 Custo de contratação de um roteirizador para o no transporte Para avaliar o custo de contratação de um roteirizador para trabalhar na rotina de entregas de materiais nas obras da DISTRIBUIDORA, de forma a que se obtenha um bom fluxo de informações necessárias e programações econômicas de entregas diárias, consultei um Operador Logístico do mercado e obtive como informação que os salários deste profissional varia entre R$1.300,00 e R$1.900,00 e por isso utilizei no cálculo um valor intermediário, de R$1.600,00, e com base na média dos contratos da DISTRIBUIDORA com diversas Empreiteiras, usei o fator de 1,8 (um inteiro e oito décimos) para as taxas de administração (legislação social) e margem de lucro, tendo encontrado os valores apresentados na tabela 8. Tabela 8 Custo de contratação de 1 roteirizador salário médio R$ 1.600,00 administ + margem R$ 2.880,00 custo mensal R$ 4.480,00 custo anual R$ 53.760,00 4.4.2 Custo final dos serviços, com o novo processo Finalmente, a mudança alteração na forma de transporte de materiais da DISTRIBUIDORA para as obras de rua, proposta neste estudo, define os principais acréscimos em relação ao modelo atual: - Contratação de um roteirizador, ao custo anual de R$53.760,00; - Contratação de seguro de transporte, ao custo anual de R$4.723,20; A nova frota, necessária para cumprir as entregas seria composta de: - 12 kombis; - 8 caminhões toco; - 4 caminhões munck. 37 Tendo em vista que dentre os materiais de maior interesse para roubos estão os tubos de cobre, que estes são transportados atualmente em caminhões abertos ou sobre o teto da kombis e, acima de tudo, que eles têm alto valor agregado e alta liquidez, consideramos importante a mudança do tipo de transporte destes materiais, passando a ser feito através de caminhões baú, promovendo menor visibilidade dos produtos e, conseqüentemente, maior segurança para o transporte. Levando em conta que a capacidade de carga de um caminhão baú, com carroceria de 6 metros de comprimento, é aproximadamente quatro vezes maior do que a da Kombi, a nova frota teria o seguinte dimensionamento: - 2 kombis; - 3 caminhões trucados baú; - 8 caminhões toco abertos; - 4 caminhões munck. Com isso os novos valores do transporte de cargas ficariam conforme demonstrado na tabela 9. Tabela 9 veículo kombi caminhão baú caminhão caminhão munck seguro do transporte roteirizador total quant prev 2 3 8 4 - valor R$ 2.100,00 R$ 3.500,00 R$ 3.500,00 R$ 8.500,00 - mão de obra R$ 1.700,00 R$ 2.700,00 R$ 2.700,00 R$ 2.700,00 - comb+outros R$ 1.000,00 R$ 1.200,00 R$ 1.200,00 R$ 1.500,00 - valor mensal R$ 4.200,00 R$ 10.500,00 R$ 28.000,00 R$ 34.000,00 R$ 393,60 R$ 4.480,00 R$ 77.093,60 valor anual R$ 50.400,00 R$ 126.000,00 R$ 336.000,00 R$ 408.000,00 R$ 4.723,20 R$ 53.760,00 R$ 978.883,20 Observação: no caso de haver petições acima da capacidade da frota estimada acima, deverá ser previsto no contrato com o transportador o fornecimento de veículos adicionais, devendo a forma de pagamento estar prevista no contrato, conforme a necessidade. A título de conhecimento, as tabelas 10 e 11, a seguir, trazem uma média dos preços pesquisados no mercado de transportes de cargas, especificamente para atender necessidades pontuais. 38 Tabela 10: Custo do transporte avulso (por diária) veículo caminhão baú s/ plataforma caminhão toco s/ plataforma caminhão munck valor por diária R$ 510,00 R$ 485,00 R$ 783,00 Tabela 11: Custo do transporte avulso (por viagem) veículo caminhão baú s/ plataforma caminhão toco s/ plataforma caminhão munck valor por viagem R$ 330,00 R$ 285,00 R$ 490,00 39 CAPÍTULO V CONCLUSÃO Inicialmente gostaria de dizer que este trabalho foi feito em meio a um momento de muita exigência no meu trabalho e durante o período de aulas do próprio curso de pós-graduação, mas procurei dedicar o tempo possível e necessário para desenvolver um estudo que acredito seja consistente para demonstrar uma teoria que acredito ser possível de ser aplicada e com resultados bastante satisfatórios. A implementação de um bom gerenciamento de frota é fundamental para redução dos custos logísticos, mas além do fator financeiro, há ganhos operacionais de grande importância para a organização dos serviços, atendimento aos clientes internos e controle de estoques. Neste ponto, o presente estudo aponta para uma melhoria no planejamento das necessidades de materiais, com redução no volume de compras de novos materiais, a partir da implantação efetiva da Logística Reversa. Há, ainda, a questão fiscal, que atualmente passa por um risco bastante elevado, levando-se em consideração o volume de materiais de sobre de obra que permanecem em poder das Empreiteiras e que em teoria estão aplicados nas obras para as quais foram retirados do armazém da DISTRIBUIDORA. Estes são os principais pontos que destaco no presente trabalho, mas que não fazem parte diretamente do trabalho desenvolvido, que é o de fazer uma avaliação da economicidade possível de alcançar mudando a forma de entrega de materiais nas obras de rua de uma empresa de serviços públicos. Quanto ao objeto do trabalho, as simulações foram feitas com algumas simplificações, pois apesar de saber que têm relação com o assunto, não têm 40 peso ou significância no resultado final, haja vista que os valores encontrados com a mudança são muito menores em custo e número de veículos, conforme comento a seguir. Frota: Com a contratação de um transportador, ou seja, de uma empresa especialista em fazer transporte de produtos, a frota atual, de 46 veículos seria reduzida para 17 veículos, com uma redução 63%. Durante o trabalho, propus que cada uma das 6 Empreiteiras relacionadas com este estudo permanecesse com pelo menos uma Kombi, para retirar diretamente do armazém da DISTRIBUIDORA, as petições com pouca quantidade de materiais ou materiais de pequeno porte (peso e/ou volume) e baixo valor agregado. Mesmo assim a redução seria de 40 veículos atuais para 17 veículos depois da mudança, ou seja, uma redução de 57,5%. Valores financeiros: Levando em conta esta última consideração, as simulações de custos me apontaram para uma redução de 73,4% dos custos em relação aos valores pagos atualmente. Pela pesquisa feita junto às Empreiteiras e levando em conta a permanência de uma Kombi em cada uma delas, atualmente a DISTRIBUIDORA para em torno de R$3.685.200,00 (três milhões seiscentos e oitenta e cinco mil e duzentos reais) por ano, no conjunto de contrato com as Empreiteiras e passaria a pagar cerca de R$978.900,00 (novecentos e setenta e oito mil e novecentos reais) anuais para um único transportador, o que significa uma redução de R$2.706.300,00 nos valores pagos anualmente somente para o transporte de produtos para obras de rua. 41 Outras considerações: Os valores pagos atualmente não incluem pagamento de seguros para os materiais transportados, ou seja, em caso de ocorrência de danos por acidentes ou ainda de roubos/furtos de produtos, estes não estão cobertos e a DISTRIBUIDORA precisará usar de sua posição como Contratante para obter de volta o valor das cargas. Com a mudança, seria inserida no contrato com o transportador uma cláusula de seguro sobre o transporte, o que é de praxe, e qualquer transportador especialista está habituado, sendo este custo de baixíssimo impacto financeiro (cerca de R$4.723,20 por ano) e de alta relevância para recuperação de possíveis perdas. Outro ponto a considerar é da contratação de um roteirizador, que como disse no início, seria um custo adicional (em torno de R$53.760,00 por ano), mas que as simulações apresentadas demonstraram claramente sua importância e baixo impacto no custo total. Conclusão: a proposta de mudança na forma de fazer os transporte de materiais para obras de rua da DISTRIBUIDORA traz uma economia bastante significativa e sua aplicabilidade é relativamente fácil, havendo necessidade, porém, de uma mudança de cultura da empresa e suas contratadas. Por fim, quero salientar que este trabalho não é de um especialista e que para decidir por sua implementação é importante a contratação de uma Consultoria que possa se dedicar de forma integral ao estudo de caso e, aí sim, dar a devida estimativa de redução de valores financeiros e da frota. 42 BIBLIOGRAFIA Revista Logística – várias edições Site: www.webartigos.com; Site: www.fipe.org.br; Site: www.ogerente.com.br; Site: www.guiadelogistica.com.br; Entrevistas com Operador Logístico da Companhia de Eletricidade Light; Entrevistas com o Operador Logístico da Companhia Distribuidora de Gás;