UNIVERSIDADE POTIGUAR – UNP PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO SÔNIA MARIA DE ARAÚJO COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL À LUZ DO MODELO CONCEITUAL DAS TRÊS DIMENSÕES DE MEYER E ALLEN: UM ESTUDO DE CASO NO IFRN – CAMPUS NATAL/CENTRAL NATAL 2010 SÔNIA MARIA DE ARAÚJO COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL À LUZ DO MODELO CONCEITUAL DAS TRÊS DIMENSÕES DE MEYER E ALLEN: UM ESTUDO DE CASO NO IFRN – CAMPUS NATAL/CENTRAL Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Potiguar – UnP, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Administração. Área de Concentração: Estratégica de Pessoas. Gestão ORIENTADORA: Prof.ª Nilda Leone, Dr.ª NATAL 2010 A663c Araújo, Sônia Maria de. Comprometimento organizacional à luz do modelo conceitual das três dimensões de Meyer e Allen: um estudo de caso no IFRN – Campus Natal/Central / Sônia Maria de Araújo. – Natal, 2010. 88f. Dissertação (Mestrado em Administração). – Universidade Potiguar. Pró-Reitoria de Pesquisa, Extensão e PósGraduação. Bibliografia: f. 79-87. 1. Administração – Dissertação. 2. Comprometimento organizacional. 3. Gestão de pessoas. I. Título. RN/UnP/BSFP CDU: 658(043.3) SÔNIA MARIA DE ARAÚJO COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL À LUZ DO MODELO CONCEITUAL DAS TRÊS DIMENSÕES DE MEYER E ALLEN: UM ESTUDO DE CASO NO IFRN – CAMPUS NATAL/CENTRAL Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Potiguar – UnP, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Administração. Aprovada em: _____/_____/_____ BANCA EXAMINADORA ____________________________________________ Prof.ª Dr.ª Nilda Maria de C. G. Leone Orientadora ____________________________________________ Profª Drª Patrícia Whebber Souza de Oliveira Membro Interno _____________________________________________ Prof. Dr. Carlos Alberto Freire Medeiros Membro Externo - UFRN Dedico a Marcelo Cavalcante Dantas (In Memoriam), que apesar da ausência física, continua presente na nossa vida. AGRADECIMENTOS Ao finalizar este trabalho, preciso mencionar o apoio que recebi nesse período. Inicialmente agradeço a Deus, o Grande Arquiteto do Universo, por ter me permitido mais uma jornada entre tantas, neste orbe. Aos meus pais, Gabriel (In Memoriam) e Maria José. Ao meu querido filho, João Paulo, pela compreensão da minha ausência em alguns momentos marcantes da sua vida. Ao meu sogro, Gildo da Costa Dantas, por sua inestimável contribuição. Aos meus colegas da turma do mestrado pela amizade e companheirismo, em especial a Cida, Arthur, Valdelúcio e Juscelino pela colaboração que me deram nos momentos mais difíceis. Ao IFRN, órgão no qual sou servidora, pela oportunidade que me foi dada para o meu aperfeiçoamento profissional. Aos professores, Apresentação, Fernanda, Lídia, Patrícia, Rodrigo e Tereza, por ter dividido comigo suas experiências e seus conhecimentos. De forma especial a minha orientadora, Professora Nilda Leone, pela paciência, atenção, amizade e sabedoria na condução desse processo, que foram fundamentais para que eu pudesse vencer todas as etapas, das quais resultou essa produção aliada ao meu crescimento profissional e pessoal. Aos funcionários do PPGA, em especial a Nadja, pela sua atenção e amizade. Aos técnico-administrativos do IFRN, por terem aderido de forma significativa a este trabalho ao responderem o questionário para a coleta dos dados desta pesquisa. E a todos que tiveram comigo durante mais uma jornada de uma longa e eterna caminhada e que não estão citados nominalmente. No universo não existem fantasias nem milagres, mas tudo obedece a um processo da Ciência Cósmica regido por leis invariáveis, que regem o aperfeiçoamento das coisas e dos seres. Ramatís. RESUMO O presente estudo tem como abordagem central o comprometimento organizacional. E tem por objetivo identificar em qual dimensão do modelo de conceitualização de Meyer e Allen (afetiva, instrumental e normativa) encontram-se os servidores técnico-administrativos do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) – Campus Natal/Central. Para tanto, realizou-se uma pesquisa quantitativa exploratória e descritiva, mediante um estudo de caso, coletando-se os dados através de dois questionários, sendo um sócio demográfico com cinco variáveis e o outro composto de 18 indicadores fechados, todos extraídos do modelo de Meyer, Allen e Smith. No Brasil, esse modelo obteve validação por Medeiros e Enders, (1997), Ricco (1998) e Bandeira et al (1999). Participaram da pesquisa 208 servidores técnico-administrativos de todos os setores e níveis hierárquicos. Como retorno, obteve-se 177 questionários, o que corresponde a 85% do total dos questionários entregues. Para analisar os dados, foi utilizada a estatística descritiva e a multivariada, que apontaram a existência do comprometimento organizacional entre os pesquisados nas três dimensões (afetiva, instrumental e normativa), evidenciando a predominância da dimensão afetiva, que reflete o envolvimento dos servidores baseado em vínculos emocionais e na identificação com os objetivos organizacionais. Palavras-chave: Comprometimento Organizacional. Modelo Conceitual das Três Dimensões. Gestão de Pessoas. ABSTRACT The present study is to approach the central organizational commitment. And aimed to identify which size of model conceptualization of Meyer and Allen (affective, instrumentale and normative) are servers technical-administrative Federal Institute of Education, Science and Technology of Rio Grande do Norte (IFRN) – Campus Natal/Central. To this end, we carried out a quantitative exploratory and descriptive, using a case study, data was collected through two questionnaires, one of five sociodemographic variables and the other composed of 18 indicators closed, all drawn from the model of Meyer Allen and Smith. In Brazil, this model received validation by Medeiros and Enders (1997), Ricco (1998) and Bandeira et al (1999). Study participants technical-administrative 208 servers from all sectors and levels. In return we obtained 177 questionnaires, representing 85% of the total questionnaires distributed. To analyze the data we used descriptive statistics and multivariate, which indicated the existence of organizational commitment among those surveyed in three dimensions (affective, continuance and normative), indicating the predominance of the affective dimension, which reflects the involvement of servers based on emotional ties and identification with organizational goals. Keywords: Organizational Commitment. Dimensions. People Management. Conceptual Model of the Three LISTA DE QUADROS Quadro 01: Estudos sobre comprometimento organizacional .............................. 28 Quadro 02: Definições de comprometimento organizacional com orientação afetiva ................................................................................................ 29 Quadro 03: Definições de comprometimento organizacional instrumental........... 31 Quadro 04: Definições de comprometimento organizacional de obrigação ou responsabilidade moral ..................................................................... 31 Quadro 05: Validação da escala de comprometimento organizacional no Brasil . 34 Quadro 06: Os três componentes mais comuns do comprometimento organizacional ................................................................................... 36 Quadro 07: Seis hipotéticos tipos de laços psicológicos entre os indivíduos e a organização – e algumas analogias ............................................... 40 Quadro 08: Técnicos Administrativos do IFRN Campus-Natal/Central 2010 ....... 54 Quadro 09: Indicadores do Instrumento de Meyer; Allen; Smith (1993) ............... 55 Quadro 10: Variáveis analíticas versus dimensões do comprometimento organizacional ................................................................................... 56 Quadro 11: Planejamento do questionário em atendimento aos objetivos do estudo 58 Quadro 12: Níveis de concordância e grau de comprometimento organizacional 62 Quadro 13: Síntese das dimensões do comprometimento organizacional........... 69 Quadro 14: Frequências absolutas e relativas dos conglomerados ..................... 71 Quadro 15: Média e desvio para as dimensões do comprometimento ................ 72 Quadro 16: Grau de comprometimento organizacional dos grupos ..................... 73 LISTA DE TABELAS Tabela 01: Coeficiente de Alpha Cronbach ......................................................... 58 Tabela 02: Gênero do pesquisado ...................................................................... 59 Tabela 03: Estado civil do pesquisado ................................................................ 60 Tabela 04: Faixa etária do pesquisado ............................................................... 60 Tabela 05: Grau de escolaridade do pesquisado ................................................ 61 Tabela 06: Tempo de serviço do pesquisado no IFRN ....................................... 61 Tabela 07: Perfil demográfico do pesquisado ..................................................... 61 Tabela 08: Grau de concordância dos servidores técnico-administrativos do Campus Natal/Central sobre os indicadores do Comprometimento organizacional na Dimensão afetiva ................... 63 Tabela 09: Grau de concordância dos servidores técnico-administrativos do Campus Natal/Central sobre os indicadores do comprometimento organizacional na Dimensão instrumental ......................................... 64 Tabela 10: Grau de concordância dos servidores técnico-administrativos do Campus Natal/Central sobre os indicadores do comprometimento organizacional na Dimensão normativa ............................................ 66 Tabela 11: Estatística descritiva das dimensões do comprometimento organizacional ................................................................................... 67 Tabela 12: Análise de Variância – ANOVA ......................................................... 68 Tabela13: Média e desvio padrão das três dimensões do comprometimento organizacional dos grupos quanto ao perfil demográfico do entrevistado ....................................................................................... 75 LISTA DE FIGURAS Figura 01: Demonstrativo do resultado da Análise de Variância – (ANOVA) ....... 68 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01: Dendograma – método Ward ............................................................ 71 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 14 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ........................................................................... 14 1.2 PROBLEMA ............................................................................................. 17 1.3 JUSTIFICATIVA....................................................................................... 18 1.4 OBJETIVOS ............................................................................................ 21 1.4.1 Geral ....................................................................................................... 21 1.4.2 Específicos ............................................................................................. 21 2 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................... 22 2.1 COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL – HISTÓRICO E CONCEITOS 22 2.2 ENFOQUES TEÓRICOS DO COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL................................................................................. 28 2.2.1 Enfoque afetivo ...................................................................................... 28 2.2.2 Enfoque instrumental ............................................................................ 30 2.2.3 Enfoque normativo ................................................................................ 31 2.2.4 Enfoque comportamental ..................................................................... 32 2.2.5 Enfoque sociológico ............................................................................. 32 2.2.6 Enfoque multidimensional .................................................................... 32 2.3 MODELO ADOTADO: O MODELO DAS TRÊS DIMENSÕES DE MEYER E ALLEN .................................................................................... 2.4 ESTUDOS SOBRE COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL NO BRASIL E SEUS RESULTADOS ...................................................... 2.5 34 36 ESTUDOS SOBRE COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL NA GESTÃO PÚBLICA E SEUS RESULTADOS .......................................... 45 3 METODOLOGIA...................................................................................... 53 3.1 TIPO DE PESQUISA ............................................................................... 53 3.2 UNIVERSO/AMOSTRA ........................................................................... 54 3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ............................................ 54 3.4 VARIÁVEIS ANALÍTICAS ........................................................................ 55 3.5 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS ............................................... 56 4 ANÀLISE DOS DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ..... 59 4.1 ANÁLISE DOS DADOS A PARTIR DA ESTATÍSTICA DESCRITIVA ..... 59 4.1.1 Perfil demográfico dos servidores técnico-administrativos .............. 4.1.2 Identificação da existência de diferentes dimensões do 59 comprometimento organizacional e qual a dimensão predominante 62 4.1.2.1 Dimensão afetiva ..................................................................................... 63 4.1.2.2 Dimensão instrumental ............................................................................ 64 4.1.2.3 Dimensão normativa ................................................................................ 65 4.1.2.4 Síntese das dimensões do comprometimento organizacional ................. 69 4.2 ANÁLISE DOS DADOS A PARTIR DA ESTATÍSTICA MULTIVARIADA .. 70 4.2.1 Objetivo 4 – Identificar grupos de técnico-administrativos de acordo com as dimensões do comprometimento organizacional 5 e suas características demográficas ................................................... 70 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES .................................................... 78 REFERÊNCIAS ....................................................................................... 80 APÊNDICE .............................................................................................. 89 14 1 INTRODUÇÃO No atual cenário, o comprometimento organizacional é uma das temáticas mais discutidas no meio acadêmico, destacando-se não somente nas pesquisas científicas, como também na visão dos gestores de pessoas. Os estudos de BorgesAndrade (1989), Brandão (1991), Bastos (1994). Gama (1993), Medeiros (2003), Leite (2004), focalizam o comprometimento organizacional pela sua importância como diferencial competitivo para todo e qualquer tipo de organização que necessita adotar uma gestão estratégica de pessoas para conseguir sobreviver frente às mudanças cada vez mais rápidas e instáveis. A presente pesquisa tem como tema o comprometimento organizacional que pretende estudar suas dimensões entre os servidores que ocupam o cargo de técnico-administrativo de uma instituição pública, utilizando para isso um instrumento de pesquisa de dois pesquisadores canadenses Meyer e Allen (1991). Com isso, buscam-se identificar as três dimensões propostas pelo modelo: a afetiva, a instrumental e a normativa. A pesquisa está estruturada em quatro partes. A primeira aborda a introdução estando nela inserida a contextualização, o problema, a justificativa além dos objetivos. A segunda parte traz o referencial teórico sobre o tema a ser investigado. Na terceira encontra-se a metodologia utilizada para a elaboração desta pesquisa, apresentado o instrumento utilizado na coleta dos dados e na quarta parte estão as análises dos dados e a interpretação dos resultados. Por fim, são apresentadas a conclusão e as recomendações finais. 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO Atualmente, diante das mudanças impostas ao mundo do trabalho, identificar o comprometimento organizacional dos empregados tornou-se um dado de grande relevância para o sistema de gestão estratégica de pessoas. Esse é um recurso imprescindível para que as organizações possam responder às exigências de um mercado cada dia mais competitivo. 15 O estudo desse construto vem adquirindo crescente importância para a sobrevivência e o crescimento das organizações. Brandão; Bastos (1993) consideram o comprometimento organizacional como uma das características individuais de impacto no desempenho do trabalho, que vem recebendo maior atenção desde a década de 70 e que tem sido estudado mais intensamente como preditor de absenteísmo e rotatividade e é visto como uma relação psicológica entre pessoas e organização. Nesta pesquisa, a organização escolhida para a realização deste estudo foi o IFRN (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte), Campus Natal/Central. Até há pouco tempo era denominado de CEFET-RN (Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte). Essa Instituição vem prestando serviços à comunidade há mais de cem anos. Possui um quadro funcional em constante crescimento, com servidores docentes e técnico-administrativos, além de mão-de-obra terceirizada em serviços gerais. Sua história começa no ano de 1909, com o início do ensino profissional no Brasil, no âmbito federal, quando o então presidente da República, Nilo Peçanha, assinou um decreto criando 19 Escolas de Aprendizes em todo o território nacional. Nos anos 70, tornam-se Escolas Técnicas Federais, e depois Centros Federais de Educação Tecnológica. A partir do ano de 2009, a Instituição deixa de ser Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte e passa a ser denominada e transformada em Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, em obediência á Lei 11.892 de 29/12/2008. Com a transformação para Instituto, foi necessário adotar um novo modelo gerencial baseado em uma abordagem sistêmica, para ter condição de dar apoio à Reitoria, às Pró-Reitorias e às Diretorias das onze unidades de ensino, distribuídas pelos diversos municípios do Estado do Rio Grande do Norte. Assim sendo, foi criado o Projeto Político Pedagógico Institucional (PPI) que é o documento que apresenta as diretrizes quanto à política de ensino, pesquisas e extensão de acordo com a função social e a missão do Instituto. Atualmente o Campus Natal/Central tem a seguinte estrutura administrativa: Direção Geral; Coordenações de: (Avaliação e Controle Interno, Comunicação Social, Eventos, Gestão de Pessoas e Museu de Minérios); Departamentos de: (Gestão de Tecnologia da Informação, Apoio Acadêmico, Pesquisa e Inovação, Extensão, Administração Orçamentos e Finanças) e das Diretorias de Educação e 16 Tecnologia em (Construção Civil, Gestão e Tecnologia da Informação, Recursos Naturais, Industrial e a de Educação e Cidadania). Desde a promulgação da Constituição do Brasil em 1988, o concurso público constitui a única forma de recrutamento e seleção, ficando a cargo do Governo Federal a decisão de contratação. Da mesma forma ocorre a progressão na carreira. As organizações públicas vêm apresentando um cenário de grandes mudanças face às diretrizes do sistema capitalista em constantes transformações. Dessa forma, trabalhadores e gestores são desafiados a atuar nesse processo. De acordo com Motta (1997), nos dias atuais, o gerenciamento tanto de uma empresa privada quanto de uma organização pública, é gerenciar a mudança, enfrentando alterações rápidas e complexas. No Brasil, a reforma está em vigor desde a década de 90. O Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado (1995) é na verdade um projeto que propõe estratégias para transformar a cultura burocrática e patrimonialista das instituições públicas brasileiras (Bresser Pereira, 1988). Ferreira (1999) define cinco objetivos principais do plano de reforma: Melhoria da qualidade dos servidores; Flexibilização administrativa; Valorização do servidor; Aumento da participação da sociedade; Modelo de gestão centrada no estabelecimento de metas e objetivos. A administração pública gerencial inspira-se na administração de empresa, mas não pode ser confundida com esta última. Enquanto a administração de empresas está voltada para o lucro privado, para a maximização dos interesses dos acionistas esperando-se que, através do mercado, o interesse coletivo seja atendido, a administração gerencial está explícita, diretamente voltada para o interesse público (PLANO DIRETOR DA REFORMA DO APARELHO DO ESTADO). Nesse novo contexto, a gestão de recursos humanos assume um papel preponderante, pois tem o desafio de trabalhar na ampliação da qualificação e titulação dos servidores para atender às demandas decorrentes da nova institucionalidade. Diante dos desafios e das inúmeras transformações pelas quais o Instituto vem passando, assumindo novas demandas, precisando se alinhar às exigências do mercado em constante transformação faz-se necessário um estudo para verificar o 17 comprometimento organizacional dos servidores técnico-administrativos do Campus Natal/Central. A função de técnico-administrativo é regida através do Art. 37 do Regime Jurídico Único. Art. 37. O corpo técnico-administrativo é constituído pelos servidores integrantes do quadro permanente de pessoal do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, regidos pelo Regime Jurídico Único, que exerçam atividades técnicas, administrativas, educacionais, de pesquisa e de extensão, assim como operacionais e de apoio. O tema é atual, uma vez que uma das grandes preocupações, nos meios acadêmicos e empresariais, é a de conseguir selecionar e manter indivíduos competentes, dedicados, engajados e envolvidos com os problemas da organização. Isso significa que há hoje uma busca por pessoas que não trabalham só pelo salário ou benefícios imediatos, mas pelo prazer e o significado do trabalho para elas (MEDEIROS; ENDERS, 1988). 1.2 PROBLEMA O estudo do comprometimento organizacional, conforme Muller et al (2005), possui uma premissa presente em quase todas as pesquisas, a de que o comprometimento sozinho não garante o sucesso da empresa, mas que um elevado grau de comprometimento com a organização contribui para que as empresas alcancem seus objetivos. Ainda afirma que o elevado nível de comprometimento organizacional torna-se um facilitador para que a empresa possa atingir seus objetivos organizacionais e consequentemente tornando-se mais competitiva. As organizações públicas, apesar de serem administradas com algumas especificidades, estão hoje adotando modelos de gestão da organização privada, e, portanto, precisando de servidores mais comprometidos e alinhados com os novos modelos de gestão. Em se tratando de uma empresa pública, onde a estabilidade é um grande atrativo, é perceptível a mudança do perfil dos novos servidores. Com a valorização do capital humano, as pessoas que são as detentoras desse capital irão 18 disponibilizá-lo a uma organização que possa atender suas expectativas. O conceito de comprometimento organizacional adotado nesta pesquisa será o desenvolvido por Meyer e Allen em 1991, que apresenta uma dimensão tridimensional: afetiva, instrumental e normativa. No comprometimento afetivo, o servidor permanece na organização porque gosta e se identifica com ela; em se tratando de comprometimento instrumental, o empregado permanece na organização porque necessita dela mesmo não tendo identificação nenhuma com a mesma e no comprometimento normativo, o servidor desenvolve apenas um sentimento de dever com a organização. De todos os modelos de conceitualização de mais de um componente de comprometimento, o modelo de maior aceitação entre os pesquisadores é o modelo de três componentes do comprometimento estabelecidos por Meyer e Allen (esse modelo de Meyer e Allen é internacionalmente aceito, tendo sido validado no Brasil por Medeiros e Enders (1996), Ricco (1998) e Bandeira et al (1999). O Comprometimento Organizacional corresponde ao vínculo ou estado psicológico associado à relação indivíduo/organização que ao mesmo tempo em que estimula o colaborador a desprender esforços à organização, reduz a probabilidade desse a abandonar (CAMARGO; ALMEIDA, 2006). O comportamento individual se modifica através do comprometimento organizacional, elevando o nível de pontualidade e de assiduidade como também a proatividade o que irá proporcionar uma melhoria no desempenho do indivíduo na organização. Neste modelo, o propósito deste estudo será identificar com qual dimensão do modelo tridimensional do comprometimento organizacional proposto por Meyer e Allen (1991) se identificam os servidores técnico-administrativos do IFRN Campus Natal/Central, com a formulação da seguinte questão: Como são identificadas as dimensões do comprometimento organizacional (afetiva, instrumental e normativa), dos servidores técnico-administrativos do IFRN Campus Natal/Central? 1.3 JUSTIFICATIVA A necessidade de se desenvolver pesquisa sobre o comprometimento do 19 indivíduo em uma organização seja pública ou privada se deve ao fato dele ser peça fundamental no desempenho organizacional. Esse interesse demonstrado pelos pesquisadores explica-se pela necessidade das organizações em manter os empregados envolvidos, pois estar comprometido pode ser caracterizado pela expressão “vestir a camisa da organização” (BORGES-ANDRADE, 1999b). Com a crescente expansão do termo comprometimento, dentro das organizações e da visão de que ações que influenciam o comprometimento podem ser utilizadas como mais uma estratégia para o sucesso das organizações, os gestores de recursos humanos buscam práticas inovadoras para promover eficazmente o comprometimento dos servidores com a organização. Para Dressler (1996), o comprometimento organizacional é condição básica para a sobrevivência das organizações em tempos de mudanças e grande competitividade. Para ele, no cenário atual, as organizações procuram entender como se desenvolve o comprometimento organizacional, mediante o contrato psicológico, visando a uma vantagem competitiva importante para sua perpetuação. Mudanças políticas, sociais e econômicas têm impactado sobre o ambiente de trabalho e em particular nas relações entre os indivíduos e as organizações. De acordo com o autor, os imperativos da qualidade e serviços que marcaram os anos 80 e 90 fizeram com que as empresas seguissem um novo modelo gerencial. Esse novo modelo demanda mais do que nunca empregados que sejam comprometidos, que tenham identificação com os objetivos da organização e que gerenciem a empresa como se fosse deles. Na concepção de Bastos (1994), como as organizações não conseguem existir sem as pessoas, essas últimas precisam permanecer satisfeitas em seu ambiente de trabalho para que possam apresentar um desempenho satisfatório. O comprometimento pode ser estimulado pelas organizações através de programas que envolva aspectos de realização pessoal, oportunidade de crescimento, recompensas financeiras e reconhecimento, dentre outros. A satisfação está relacionada com a questão do desempenho e do nível de comprometimento organizacional. As pessoas são, na verdade, a razão do fracasso ou do sucesso das organizações. Portanto, conhecer o nível de comprometimento dos seus funcionários é imprescindível para que seja possível elaborar uma gestão estratégica de pessoas. Fanton (2002) coloca que a satisfação é um dos fatores que elevou o volume das pesquisas sobre comprometimento organizacional, tanto 20 por buscar os antecedentes que explicam distintos níveis de comprometimento, como por utilizar as consequências desse comportamento para produzir aspectos do desempenho do indivíduo no trabalho. Senge (1998) afirma que a única maneira de desenvolver vantagem competitiva é através da utilização da inteligência e comprometimento das pessoas. Na mesma linha de pensamento, Dressler (1996 p. 8) afirma: “cada vez mais, funcionários comprometidos são a chave para o diferencial competitivo da empresa”. Conforme Drucker (1995), atualmente as relações entre as organizações estão mudando com a mesma rapidez das relações entre as pessoas e as organizações que com elas trabalham. Nesse sentido, é importante conhecer os processos psicossociais e comportamentais que levam ao comprometimento organizacional. De acordo com Brandão (apud CORREIA; MORAES; MARQUES, 1998), o servidor público é “estigmatizado como inoperante, ocioso e descomprometido”. Isso reforça a importância de se conhecer o comprometimento dos indivíduos na gestão pública para que sejam desenvolvidos programas e políticas de recursos humanos que venham garantir uma melhor eficiência e produtividade. Borges-Andrade, Afanasieff & Silva (1989) apontam que o estudo do comprometimento em instituições públicas se revela importante, não apenas pelo interesse teórico, mas, sobretudo, por razões práticas. “Essas instituições são financiadas com recursos públicos e suas atividades visam benefícios para o bem comum. Assim, é de interesse identificar quais são as condições que favorecem o comprometimento dos empregados de tais instituições e programá-las para que os investimentos feitos nessas instituições tenham retorno para a sociedade”. Como a instituição pesquisada ainda não tinha nenhum estudo sobre o construto, e, mediante a importância dessa temática, para o atual cenário de mudança pelo qual a organização está passando, nada mais significativo investigar sobre o comprometimento organizacional dos servidores técnico-administrativos. Do ponto de vista prático, a presente pesquisa servirá de indicador para o desenvolvimento de políticas estratégicas de recursos humanos visando à melhoria do desempenho, das relações sociais e do reconhecimento enquanto profissional que contribui de forma significativa para o crescimento da organização. 21 1.4 OBJETIVOS 1.4.1 Objetivo geral Identificar o grau de comprometimento organizacional dos servidores técnicoadministrativos do IFRN Campus Natal/Central, utilizando o modelo de conceitualização das três dimensões (afetiva, instrumental e normativa) proposto por Meyer e Allen (1991). 1.4.2 Objetivos específicos Identificar o perfil demográfico dos servidores técnico-administrativos do IFRN; Identificar diferentes dimensões de comprometimento organizacional (afetiva, instrumental e normativa) entre os servidores técnico-administrativos do IFRN; Verificar o comprometimento organizacional predominante no grupo de técnico-administrativos, de acordo com o modelo de conceitualização dos três componentes; Identificar e caracterizar os grupos de técnico-administrativos de acordo as dimensões do demográficas. comprometimento organizacional e as suas características 22 2 REFERENCIAL TEÓRICO Para uma compreensão acerca do tema, o referencial teórico foi dividido em seis seções com a seguinte distribuição: na seção 2.1, são apresentadas referências sobre o histórico e conceitos; na seção 2.2, são tratados os enfoques teóricos; na seção 2.3, faz-se referência ao modelo adotado: o modelo tridimensional do Meyer e Allen; na seção 2.4, relatam-se estudos realizados no Brasil e na seção 2.5, relatamse alguns estudos realizados na gestão pública. 2.1 COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL: HISTÓRICO E CONCEITOS A palavra comprometer, derivada do latim compromittere, conforme Ferreira (1986), possui vários significados na Língua Portuguesa: Obrigar por compromisso; dar como garantia; empenhar; comprometer a palavra; expor a perigo; arriscar, aventurar; tomar compromisso ou obrigar-se; assumir responsabilidade grave. Já o significado da palavra comprometimento, denota a ideia de ações que dificultam ou impedem a realização de um determinado objetivo, como também a noção de agregar, envolver, forte adesão ou vínculo a alguma coisa ou ideia. Sobre a etiologia da palavra comprometimento, Bastos (1994) explica, sobre o sentido de ambiguidade desse termo, quando utilizado na linguagem do cotidiano, em que o termo está associado a múltiplos significados. Na linguagem acadêmica, o conceito está associado a um sentido positivo e se refere à noção de envolvimento, engajamento, agrupamento, ajustamento. Por outro lado, o termo possui um significado negativo quando se refere à ideia de ocorrência de ações que impedem ou dificultam e impossibilitam a consecução de um determinado objetivo. O conceito de comprometimento pode ser entendido quando: Utilizamos comumente esta expressão para denotar um vínculo ou ligação forte entre duas pessoas. Dizemos que duas pessoas são comprometidas quando cremos que elas têm probabilidade de permanecerem juntas, vinculadas, associadas. Da mesma forma se dá com o comprometimento com o trabalho. Quando dizemos que um trabalhador é comprometido com sua carreira, queremos dizer que ele parece ter um vínculo muito forte com 23 a profissão, e que esta é algo importante em sua vida. (...) Como é evidente, a relação de comprometimento incorpora elementos racionais, emocionais e comportamentais. Um instrumento por excelência para a investigação dos níveis de comprometimento é a pesquisa de atitudes (BASTOS, 1996, p.1). Conforme assinala Bastos (1994), o termo “comprometimento” origina-se do inglês commitment, constando de quatro eixos de significados: a noção de confiar, a de encarregar, comissionar, designar, perpetrar ou desempenhar, e o significado de envolver, juntar e engajar. Quando adotado na linguagem acadêmica, o termo ignora o seu significado negativo, mantendo o seu significado de adesão, de engajamento e de forte envolvimento do individuo com a organização ou com o seu trabalho (BASTOS et al.,1997). Na literatura sobre o comprometimento organizacional existem no mínimo, três conceitos mais frequentes para o termo comprometimento: o primeiro assume a conotação de compromisso e envolvimento, assinalando a maneira ou a forma de como os indivíduos se comportam em relação a algo; o segundo corresponde ao antônimo de descomprometimento, alertando assim, para o grau de atenção e zelo que o individuo deve dispor quando vai realizar alguma coisa; o terceiro expressa o sentido de lealdade fazendo uma referência à questão de sentimentos e desejos (BASTOS, 1994). Segundo Meyer; Allen (1997), o conceito de comprometimento organizacional tem evoluído nas últimas quatro décadas e provocado muitas controvérsias a respeito da natureza dos vínculos empregado-organização. Vários estudos têm defendido a realização de investigação no que se refere às dimensões do comprometimento organizacional (BASTOS, 1993; MEYER; ALLEN, 1997; MOWDEY, 1998). As pesquisas sobre o construto “comprometimento” começaram a mais de 30 anos, no cenário internacional, em diferentes áreas do conhecimento. As elaborações sobre commitment passaram a ocorrer de forma estruturada a partir dos anos sessenta. Por mais de trinta anos foram gerados diversos estudos, veiculados em publicações das áreas de Psicologia, Psicologia Social, Sociologia e Administração de Empresas. A ideia de commitment tem sido desenvolvida segundo perspectivas divergentes, resultando em conceitos que focalizam os valores (protestant work ethic), a carreira (career salience), o lugar relativo do trabalho em face de outras atividades (central life interest) ou a organização (organizational commitment) (BIAZZI, 1996). 24 Segundo Medeiros (1997), os estudos sobre o comprometimento organizacional apresentam três correntes nas quais predominam o construto. Respectivamente são: o enfoque afetivo calcado nos estudos de Porter et al (1982), no qual fica evidenciado o envolvimento emocional do indivíduo com a organização, refletindo o desejo de permanência por iniciativa própria. O enfoque instrumental que é caracterizado pelo comprometimento do indivíduo com a organização, em detrimento da necessidade de permanecer, teve predominância nos estudos desenvolvidos por Becker (1960). E o comprometimento denominado de normativo o qual teve apoio nos estudos desenvolvidos por Wiener (1982), vem mostrar a obrigação que o indivíduo sente em permanecer na organização. De acordo com Medeiros; Enders (1988), o comprometimento refere-se a uma forte crença e aceitação dos valores e objetivos da organização, à disposição para exercer um esforço considerável em beneficio dela e a um forte desejo de se manter como membro da mesma. Para Siqueira (2004), o Comprometimento Organizacional é entendido como o contrato psicológico que é celebrado entre a organização e o empregado. Ele é informal e implícito e ocorre, segundo a percepção do empregado, referindo-se aos direitos e deveres de cada uma das partes. Segundo Stecca (2001), o conceito de comprometimento, na linguagem acadêmica, conserva o significado de engajamento, sem aspectos negativos, com o sentido de forte envolvimento do indivíduo com seu ambiente de trabalho, expondo o desejo de permanecer na organização e se empenhando em favorecer a mesma. Os pesquisadores Bastos; Brandão; Pinho (1996) entende o comprometimento, como o grau em que o indivíduo adota ou internaliza as características ou perspectivas da organização. Podendo o comprometimento ser gerado em três bases: Complacência ou trocas: as atitudes e o comportamento ocorrem atreladas as recompensas específicas; Identificação ou afiliação: o indivíduo acata a influência para manter uma relação satisfatória, pelo desejo de afiliação e sentimento de orgulho por pertencer, respeitar valores; Internalização: o envolvimento se apoia na identidade entre valores e objetivos pessoais e organizacionais. 25 Robbins (2005, p. 67-68), em seus estudos, vai afirmar que o comprometimento é o grau em que o empregado se identifica com uma determinada empresa e seus objetivos, desejando manter-se parte da organização. Assim sendo, as normas parecem ser o meio racional no processo de identificação indivíduo/organização, através dos objetivos individuais e organizacionais. Para Davenport (2001, p.38-40), o comprometimento refere-se ao elo, entre a pessoa e a organização, de base emocional ou intelectual, e é dividido por ele em três categorias: Atitudinal: pessoas que se identificam e se envolvem com a organização e gostam de fazer parte dela. Comungam dos mesmos interesses da empresa, o que os motiva é trabalhar por ela. Programático: pessoas que fazem parte da empresa porque os custos de deixá-la são muito altos. Mesmo insatisfeitas, preferem não se arriscar, continuam na empresa, mas não investem efetivamente seu capital humano. Baseada na lealdade: pessoas que se sentem amarradas à organização por um senso de obrigação; esses trabalhadores desejam fazer aquilo que creem ser o certo para a organização. Segundo Medeiros; Albuquerque (2005), o conceito de Meyer; Allen (1991) é o que melhor define comprometimento. Para esses pesquisadores, o comprometimento é entendido como um construto formado pela dimensão afetiva, onde há o estabelecimento de vínculo afetivo com a organização e demais trabalhadores, permanecendo o trabalhador na instituição porque quer e não porque é obrigado; dimensão normativa em que o trabalhador permanece na instituição porque se sente obrigado e a dimensão instrumental do trabalhador permanece na instituição devido à necessidade desse emprego e da remuneração. De acordo com Bastos (1997), comprometer-se significa sentir-se vinculado a algo e ter desejo de permanecer neste curso de ação. Já, Bandeira et al (2000), o comprometimento pode ser definido como um forte vínculo do individuo com a organização, que o estimula a fornecer algo de si – sua força e fidelidade. O comprometimento, então, torna-se um elo que une a identidade da pessoa à da empresa. O ponto comum das definições de comprometimento organizacional baseia-se em ser o mesmo estado psicológico, que caracteriza a relação do individuo com a organização. E o que os diferencia é a natureza desse estado e as suas dimensões. 26 Os estudos sobre comprometimento veem sofrendo alterações em razão do entendimento de como o conceito são aceito pelos pesquisadores, além do momento histórico, de acordo com as necessidades de mercado e pela própria evolução das teorias administrativas. Dessa forma, de acordo com cada momento histórico, novos conceitos e entendimento são somados aos estudos sobre comprometimento organizacional. Kelman (1958) estudou o comprometimento como um vínculo psicológico entre o indivíduo e sua organização em três componentes: envolvimento instrumental motivado por recompensas, identificação baseada num desejo de afiliação e interiorização pela congruência entre os valores individuais e organizacionais. Na década de 60 surge o trabalho de Becker (1960), apontando que o comprometimento instrumental vem introduzir a ideia de investimentos realizados pelos indivíduos para ficar na organização em troca dos benefícios recebidos por ela. Nos anos 80, Mowday; Porter; Steers (1982) definem o comprometimento como uma forte relação entre o individuo e sua organização dentro de três características principais: tendência em realizar esforços consideráveis pela organização; forte crença e aceitação dos objetivos e valores da organização e um desejo de se permanecer na empresa. Eles enumeram dez diferentes definições oriundas de pesquisas sobre comprometimento organizacional, que são referência nos trabalhos que envolvem o tema, constataram diferentes definições, com os seguintes enfoques: Os compromissos nascem quando uma pessoa, ao fazer uma escolha, liga interesses a uma linha consistente de atividades. A forma de relacionamento de um membro com o sistema como um todo. Vontade que o individuo tem disponível ao desenvolver suas atividades e a lealdade com o sistema social. A maneira pela qual as metas da organização e as do indivíduo se tornam crescentemente integradas ou harmônicas. A contribuição natural para atingir os resultados organizacionais está relacionada à ideia de pertencer a um grupo, isto é, o reflexo da participação do individuo no grupo fornece predições relativas a certos aspectos para o desenvolvimento do seu trabalho e motivação para o mesmo. 27 A identidade da pessoa e da organização se liga através das atividades e da orientação para o desempenho do seu trabalho. Os valores e metas apresentados pela organização se unem por meio de uma ligação partidária e efetiva. A modificação estrutural que ocorre como resultado de transações indivíduo-organização e mudanças em metas e valores de uma organização. Os indivíduos apresentam comportamentos de compromissos que são socialmente aceitos, superando expectativas formais e/ ou normativas. Os indivíduos se vinculam à organização, por meio de ações estabelecidas através de sua crença nas atividades realizadas, assim como o seu próprio envolvimento com a organização (MOWDAY et al.,1982 apud MORAES; MARQUES, 1996). A vertente de pesquisa do comprometimento organizacional defendida por Meyer e Allen (1984), que traz uma distinção conceitual entre o comprometimento afetivo e o instrumental, o primeiro significando um elo emocional, e o segundo aos custos percebidos associados à saída do individuo da organização. Em 1990 esses autores demonstraram em suas pesquisas que o comprometimento normativo seria um sentimento de dever para com a organização, que se refletiria numa obrigação de permanência na mesma. Em 1991, os mesmos autores fazem uma adequação para o termo componentes do comprometimento do que como tipos de comprometimento. Becker (1992) incorpora aos seus estudos sobre comprometimento o conceito de focos e componentes na mesma análise, colaborando assim para o entendimento do comprometimento como conceito multidimensional. Para Thévenet (1992 apud SÁ; LEMOINE, 2000), o comprometimento existe em duas dimensões: adesão e oportunidade. Adesão se relacionaria com a orientação psicológica do comprometimento e a oportunidade com a capacidade da organização em oferecer algo em troca pelo envolvimento do funcionário. Meyer; Allen (1991) desenvolveu um modelo de aferição do comprometimento, baseado nas dimensões afetiva, instrumental e normativa. Esse modelo multidimensional tem sido utilizado pela maioria das pesquisas sobre comprometimento organizacional. Em sua pesquisa Soldi; Zanelli (2006) alegam que atualmente identificam-se seis correntes de pesquisas sobre as bases do comprometimento, a saber: afetivoatitudinal, instrumental, normativo, sociológico, comportamental e afiliativo. Os mesmo autores argumentam que a pesquisa de Bastos (1994) foi pioneira no Brasil 28 na medida em que sistematizou padrões de comprometimento de trabalhadores de diversas organizações em três focos: organização, carreira e sindicato. A evolução dos estudos sobre o comprometimento organizacional e suas mudanças, pode ser comprovada pelo Quadro 01. ANO AUTORES IDEIA PRINCIPAL O comprometimento é motivado por recompensas, ou seja, 1958 KELMAN meramente instrumental. Comprometimento instrumental. Enfatiza os investimentos que os 1960 BECKER funcionários fazem para ficar na empresa. Comprometimento afetivo como forte relação entre o indivíduo e sua MOWDAY organização. Sob 3 características: tendência em realizar esforços, 1982 PORTER E forte aceitação dos valores organizacionais, desejo de permanecer na STEERS empresa. Comprometimento visto como conceito multidimensional. Incorpora 1992 BECKER aos estudos o conceito de focos e componentes na mesma análise. Comprometimento é visto sob duas dimensões: adesão e 1992 THEVENET oportunidade. MEYER E Estudam o comprometimento num modelo tridimensional. Analisam 1991,1997 ALLEN sob os enfoques: afetivo, instrumental e normativo. O comprometimento é visto no foco com a organização em cinco 1996 BASTOS grandes enfoques. Na opinião destes autores, atualmente são seis as correntes de SOLDI E 2006 pesquisa sobre as bases do comprometimento: afetivoatitudinal, ZANELLI instrumental, normativo, sociológico, comportamental e afiliativa. Quadro 01: Estudos sobre comprometimento organizacional. Fonte: Souza (2007, p. 30). 2.2 ENFOQUES TEÓRICOS DO COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL A literatura que trata do tema comprometimento organizacional aponta diversos enfoques dentre eles: Afetivo, Instrumental, Sociológico, Comportamental, Normativo e os enfoques muldimensionais. 2.2.1 Enfoque afetivo O enfoque afetivo é representado pelos trabalhos desenvolvidos por Mowday, Porter e Steers (1979), tendo seu ápice com a validação do instrumento OCQ (Organizational Commtment Questionnaire), que serve para medir o 29 comprometimento organizacional afetivo. Os estudos do OCQ resultaram na publicação, em 1982, de um livro sobre o construto. Segundo, esses autores, o comprometimento vai muito além de uma postura de lealdade passiva para com a organização, de um desejo de permanecer e se esforçar pela empresa. Para os pesquisadores Mathieu; Zajac (1990) e Cohen (2007), o vínculo afetivo é caracterizado como: Forte crença e aceitação dos objetivos e valores da organização; Tendência a manifestar um esforço considerável em favor da organização; Manifestação de um forte desejo de permanecer como membro. Meyer, Allen e Smith (1993) entendem o comprometimento afetivo como sendo um envolvimento que para ocorrer é necessário que haja identificação com os objetivos e os valores organizacionais. Representando algo além da simples lealdade passiva, envolvendo uma relação ativa, na qual o individuo deseja dar algo de si para contribuir com o bem estar da organização. Os estudos de Meyer; Allen (1997) apresenta algumas definições de outros autores sobre o comprometimento afetivo, como se pode observar no Quadro 02. ANO 1968 DEFINIÇÃO DE COMPROMETIMENTO COM ORIENTAÇÃO AFETIVA AUTOR KANTER A ligação de fundo emocional de afetividade e emoção com o grupo (p. 507). O processo pelo qual as metas da organização e aqueles indivíduos tornam-se crescentemente, integrados ou congruentes (p. 176-177). Uma atitude ou uma orientação em direção à organização, a qual 1971 SHELDOM une ou liga a identidade da pessoa com a organização (p.143). Um indivíduo, com afetiva ligação com as metas e valores da organização, para o papel de alguém em relação às metas e 1974 BUCHANAN valores, e para a organização para sua própria consideração, além do valor puramente instrumental (p. 533). MOWDAY, PORTER A relativa força de identificação individual com o envolvimento em 1982 & STEERS uma organização, particular (p. 27). Quadro 02: Definições de comprometimento organizacional com orientação afetiva. Fonte: Meyer; Allen (1997, p.12). 1970 HALL, SCHNEIDER & NYGREN Para Siqueira; Gomide Junior (2004), o vínculo afetivo com a organização tende a se tornar mais fortalecido à medida que os empregados percebem que a empresa está comprometida com eles. Segundo Medeiros (2003), o enfoque afetivo dominou a literatura do comprometimento organizacional por maior tempo. 30 2.2.2 Enfoque instrumental Constitui o segundo maior enfoque, adotado em pesquisas sobre o tema, que teve origem com os estudos de Becker (1960), em que ele aponta que o indivíduo com este tipo de comprometimento, se engaja em linhas consistentes de atividade, havendo uma ligação entre o individuo e a organização, quando esta responde de forma satisfatória nos aspectos como salário, status e liberdade. Segundo Moraes et al (1998), o enfoque instrumental reflete o grau em que o indivíduo se sente prisioneiro pelos altos custos que terá, caso deixe a organização, associados a abandono do trabalho, traduzindo em função de forte percepção, quanto às recompensas. Pode ser decorrente do sentimento de que já investiu demais e perderia muito se a abandonasse. Para Siqueira; Gomide Junior (2004), este enfoque é reforçado pelos privilégios ocupacionais, benefícios oferecidos aos empregados antigos, como o plano de aposentadoria, consequente dos investimentos feitos pelos empregados, e pela possibilidade de perder, caso se desligasse da organização. Bastos; Brandão; Pinho (1997) afirma que o enfoque instrumental, indica um apego psicológico em que o empregado se sente como um prisioneiro de um lugar pelos altos custos associados à sua saída e ele se sente recompensado com o que lhe é oferecido, e o seu desligamento implicaria em sacrifícios significativos de ordem econômica, social e psicológica. O comprometimento instrumental reflete o grau em que o individuo se sente prisioneiro pelos custos associados ao abandono do trabalho e pelo que a remuneração representa para o sustento de sua vida, como também pela baixa expectativa de conseguir outro emprego ou trabalho (BANDEIRA, et al,1999). Meyer; Allen (1991) aponta algumas definições sobre comprometimento instrumental, conforme quadro a seguir: 31 ANO DEFINIÇÕES DE COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL BASEADO NOS CUSTOS AUTOR 1968 KANTER Proveito associado com a participação e um “custo” associado com ir embora da organização (p. 504). 1960 BECKER Sendo o comprometimento uma herança, quando uma pessoa tem um interesse, une divergentes interesses com uma linha de atividade (p. 32). 1972 HREBINIAK & ALUTTO Um fenômeno estrutural que ocorre como um resultado de indivíduo organizado, transações e alterações no lado das apostas ou investimentos extras (p. 556). Quadro 03: Definições de comprometimento organizacional instrumental. Fonte: Meyer; Allen (1997, p.12). 2.2.3 Enfoque normativo O enfoque normativo do comprometimento organizacional tem suas raízes na interseção entre a teoria organizacional de Etzioni (1975) e a Psicologia Social. Este é o ultimo enfoque unidimensional, que na visão de Bastos (1993) se trata como sendo o conjunto de pressões normativas internalizadas pelo indivíduo para que se comporte conceitualmente com os objetivos e interesses da organização. Wiener; Vardi (1990) enfatizam que estas pressões internalizadas irão se manifestar em padrões de comportamento que têm como características o sacrifício, a persistência e a preocupação pessoal. O comportamento normativo é um comprometimento de obrigação. É entendido também, como uma viga da motivação e ocorre uma aproximação dos valores e metas organizacionais (ALLEN; MEYER, 1999). Meyer; Allen (1997) citam algumas definições de outros autores sobre o comprometimento normativo, de acordo com o demonstrativo do Quadro 04. DEFINIÇÕES DE COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL BASEADO NA OBRIGAÇÃO OU RESPONSABILIDADE MORAL Condutas de comprometimento são socialmente aceitas, WIENER & 1977 condutas/comportamentos que excederam formalidades e/ou expectativas GECHMAN normativas relevantes para o objeto do comprometimento (p. 48). A totalidade de pressões normativas internalizadas, para agir de uma 1982 WIENER maneira que encontra metas organizacionais e interesses (p. 421). O empregado comprometido considera isto moralmente correto para MARSH & 1977 permanecer na companhia, apesar de tudo de quanto é o aumento de MANNARI “status” ou satisfação que a firma lhe dá por anos (p. 59). Quadro 04: Definições de comprometimento organizacional de obrigação ou responsabilidade moral. Fonte: Meyer; Allen (1997, p.12). ANO AUTOR 32 2.2.4 Enfoque comportamental Esse comprometimento tem como determinante o sentimento de autoresponsabilidade, o que leva o individuo a ter uma ligação de forma comportamental com a organização. Bastos (1993) menciona que esse tipo de comprometimento é estabelecido com um vínculo do indivíduo com atos ou comportamentos, estabelecendo que as cognições relativas a tais atos se tornem mais resistentes a mudanças que venham a acontecer. 2.2.5 Enfoque sociológico O comprometimento organizacional, quando analisado por esta ótica, é tido “como uma resultante das relações da autoridade, que são estabelecidas pelo empregador com vistas a controlar e subordinar os trabalhadores no contexto do trabalho” (PEREIRA; BRITO 1994 apud NEPOMUCENO, 2004, p. 23). Neste enfoque “o apego do trabalhador não está na dependência do “amor” nem do “dinheiro” e sim na percepção de legitimidade do regime de governo do empregador. (HALABY, 1986, p.635). Sendo assim, o empregado não está vinculado à organização pela afetividade nem pelo dinheiro, mas pela consequência da relação entre autoridade e subordinação. 2.2.6 Enfoque multidimensional Os modelos multidimensionais do comprometimento organizacional começaram a ser notados depois que alguns pesquisadores perceberam que os enfoques unidimensionais, mais do que tipos de comprometimento eram componentes presentes no elo psicológico entre o indivíduo e a organização. 33 Alguns autores utilizam expressões distintas para descrever a presença de mais um componente no comprometimento como: Mowday; Porter; Steers (1982) denominam de tipologias do comprometimento. Becker (1992) chama as diversas dimensões como bases do comprometimento. Já, para Meyer; Allen (1991), as dimensões são componentes do comprometimento. Na verdade, todos eles estão se referindo às dimensões como diferentes conceituações do constructo do comprometimento organizacional. No entendimento de Bastos (1994), os estudos sobre o comprometimento analisam tanto o foco do comprometimento, que pode ser com a carreira, a organização, com o próprio trabalho, com o sindicato e a natureza do vínculo com a organização. As pesquisas com foco no comprometimento com a organização têm usado o modelo clássico proposto por Meyer; Allen (1979) que apresenta as dimensões afetiva, normativa e instrumental como componentes do comprometimento organizacional. Em seus estudos posteriores Bastos (1997) afirma que comprometer-se significa: sentir-se vinculado a algo e ter desejo e permanecer neste curso de ação. Segundo Medeiros (2003), o primeiro autor a estabelecer o comprometimento com diferentes componentes foi Kelman, em 1958, quando ele distinguiu o vinculo psicológico de um individuo com a organização em três bases independentes: Compliance (submissão) ou envolvimento instrumental; Identication (identificação) ou envolvimento baseado num desejo de afiliação e Internalization (internalização) ou envolvimento causado pela divergência dos valores organizacionais com os pessoais. Para Gouldner (1960), o comprometimento não era um constructo unidimensional. Em suas conclusões, Gouldner (1960, p. 471-2) identifica duas dimensões para o comprometimento: integração que é “o grau em que um indivíduo é ativo e se sente parte, em vários níveis, de uma organização em particular”; introjecção que é o “grau em que a própria imagem de um indivíduo inclui uma variedade de características e valores organizacionais aprovados”. Em 1961, Etzioni (apud MOWDAY, 1982) diz que o envolvimento do empregado pode assumir três formas distintas: o envolvimento moral, firmado na internalização dos objetivos, valores e normas da organização; envolvimento calculativo o qual é firmado em relações de troca que é desenvolvida entre o indivíduo e a organização e envolvimento alienativo o qual é firmado na repressão e na coerção. 34 Medeiros; Enders (1999) identificou uma estrutura com quatro fatores, obtendo um quarto componente, o qual denominou de afiliativo. Essa nova dimensão tem como característica a falta de vínculo do individuo com a organização, ocasionada talvez pela falta de integração do indivíduo com o grupo em que trabalha se comportando com o moral baixo por se sentir excluído da equipe. 2.3 MODELO ADOTADO: O MODELO DAS TRÊS DIMENSÕES DE MEYER E ALLEN O presente estudo tomou como foco o comprometimento organizacional, utilizando o modelo tridimensional elaborado e desenvolvido por Meyer; Allen (1984, 1988, 1990, 1991, 1997), em que são diferenciadas e analisadas as três bases do comprometimento: afetiva, instrumental e normativa. Nesse modelo, essas diferentes bases não podem ser confundidas com tipo de comprometimento. Elas são dimensões de comprometimento que estão presentes em qualquer vínculo com força diferenciada. Dentre os modelos de mais de um componente do comprometimento organizacional, o mais aceito entre os pesquisadores foi o modelo de conceitualização dos três componentes do comprometimento, de Meyer; Allen (1991). John Mathieu, considerado o autor principal da meta-análise de maior reconhecimento sobre o tema, diz que os pesquisadores Meyer e Allen são as maiores referencias da década de 90, na pesquisa do comprometimento organizacional. O modelo de conceitualização de três componentes do comprometimento organizacional de Meyer; Allen (1991) foi validado no Brasil por Medeiros e Enders (1997), seguido por Ricco (1998) e Bandeira, Marques e Veiga (1999). O Quadro 05 é um demonstrativo da validação do modelo adotado nessa pesquisa. Meyer; Allen (1991) Medeiros; Enders (1997) Bandeira et al. (1999) Afetivo α ═ 0,68 α ═ 0,68 Normativo α ═ 0,70 α ═ 0,73 Instrumental α ═ 0,61 α ═ 0,62 Quadro 05: Validação da escala de comprometimento organizacional no Brasil. Fonte: Adaptado de Rowe (2008). 35 No modelo de Meyer; Allen (1991), as dimensões do comprometimento organizacional apresentam-se em três formas: A) Affective commitiment, ou comprometimento afetivo: reflete um apego, um envolvimento, identificação com a organização. Segundo Allen; Meyer (1990, p. 3), a dimensão afetiva exprime, “Empregados com um forte comprometimento afetivo permanecem na organização porque eles querem (...)”; B) Comprometimento visto como custos associados a deixar a organização que os autores denominam de Continuance commitment, denominado de instrumental pela literatura brasileira. Conforme Allen; Meyer (1990, p. 3), “Empregados com (...) comprometimento instrumental permanecem porque eles precisam (...)”; C) Comprometimento como uma obrigação em permanecer na organização, os autores denominam de obrigation e posteriormente fizerem uma reconceitualização de normativo (normative commitment). De acordo com Allen; Meyer (1990, p. 3), “Empregado com (...) comprometimento normativo permanecem porque eles sentem que são obrigados” Meyer; Allen (1991) aponta que um empregado vivencia concomitantemente comprometimento para com a organização baseado em vínculos emocionais (comprometimento afetivo), em sentimento de obrigação para com a organização (comprometimento normativo) e em percepção de que cada um dos custos de sua saída da organização são demasiadamente alto (comprometimento instrumental). Comprometimento afetivo é notado como um apego, como um tipo de envolvimento, onde acontece identificação com a organização. De acordo com Meyer; Allen (1997), os funcionários com um forte comprometimento afetivo permanecem na organização porque eles querem e assim desejam. Este componente pode ser relacionado com a identificação – o indivíduo aceita influência para estabelecer uma relação satisfatória com o grupo ou a organização. Comprometimento instrumental: é entendido como os custos associados ao deixar a organização. Segundo Meyer; Allen (1997), funcionários comprometidos instrumentalmente permanecem na organização por que precisam. Este componente pode ser relacionado com a conformidade – as atitudes e comportamentos são adotados com o objetivo de recebimento de recompensas. Comprometimento normativo: é o que está relacionado a um nível alto de comprometimento por parte do funcionário em relação à organização. Segundo 36 Meyer; Allen (1997), os funcionários com comprometimento normativo permanecem na organização porque eles se sentem obrigados. A maioria das pesquisas concentra seus esforços nos enfoques afetivo, instrumental e normativo. Elas partem de um ponto comum: da premissa de que o vinculo do indivíduo com a organização existe e é inevitável, mas enfoques diferem apenas na forma como o vinculo se desenvolve e se mantém no ambiente da organização. Para Meyer; Allen (1990), o cerne dessa questão é sintetizado na seguinte afirmação: empregados com um forte comprometimento afetivo permanecem na organização porque eles querem; aqueles com comprometimento instrumental permanecem porque eles precisam e aqueles com comprometimento normativo permanecem porque eles sentem que são obrigados. Os pesquisadores Rego e Souto (2002) caracterizaram as três dimensões do comprometimento organizacional, demonstradas no Quadro 06. Categorias Caracterização A pessoa permanece na organização Estado Psicológico Grau em que o colaborador se sente ... sente que quer emocionalmente ligado, identificado como Desejo permanecer também envolvido com a organização. Grau em que o colaborador possui um ... sente que deve Normativo sentido da obrigação (ou dever moral) de Obrigação permanecer permanecer na organização. Grau em que o colaborador se mantém ligado à organização, devido ao reconhecimento dos custos, associados ... sente que tem Instrumental com a sua saída dela. Esse necessidade de Necessidade reconhecimento pode advir da ausência permanecer de alternativas de emprego ou do sentimento de que os sacrifícios pessoais gerados pela saída serão elevados Quadro 06: Os três componentes mais comuns do comprometimento organizacional. Fonte: Rego; Souto (2002, p. 03). Afetivo 2.4 ESTUDOS SOBRE COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONA NO BRASIL E SEUS RESULTADOS No Brasil ainda não foi realizada nenhuma meta-análise, mas três importantes agendas de pesquisa foram construídas: Bastos (1994) (1995) (2000) e Medeiros 37 (2002). Medeiros sinaliza os principais avanços sobre as pesquisas nacionais, sobre o construto, indicando os caminhos que a pesquisa deve percorrer no futuro. Os estudos sobre comprometimento organizacional começaram a ser desenvolvidos a partir dos anos 90. Bastos (1994) foi pioneiro dos estudos nesta área. Sua pesquisa de doutorado, que deu início a diversas outras investigações, sistematizou padrões de comprometimento de trabalhadores pertencentes a várias organizações, identificou oito grupos de sujeitos com padrões distintos nas suas atitudes em relação aos três focos ou alvos: a organização, a carreira e o sindicato. Freitas (1999) afirma que, no Brasil, muitos pesquisadores têm se interessado por essa temática, pela contribuição que ela pode oferecer para aumentar o vínculo do empregado com a organização. Bastos (2000), analisando novamente diferentes organizações, identifica quatro padrões de comprometimento, tendo como foco a organização e a carreira/profissão, que são: o duplo comprometimento (alta centralidade do trabalho na vida, possibilitando o individuo usar suas qualificações e habilidades), duplo descomprometimento (é encontrado de forma mais presente e com alta intensidade o conflito capital e trabalho ocorrendo com mais frequência com os trabalhadores que tiveram menos treinamento e promoções), unilateralidade com a organização ( são os que preferem trabalhar em equipe, com um elevado senso coletivo e a escolha da profissão foi norteada por fatores externos) e unilateralidade com a profissão (a escolha da profissão se deu por fatores internos tendo a percepção do trabalho como sendo diversificado). Sá (2000) desenvolveu um estudo de caso, investigando o comprometimento organizacional e a qualidade de vida no trabalho, em um dos departamentos da CEMIG. Neste trabalho, a autora utilizou os modelos de Hackman e Oldham (1975) e o instrumento de Mowday et al (1982), modelo este adaptado por Moraes et al (1995). Aplicou entrevistas e questionários, constatando que o comprometimento comportamental com um maior nível de significância do que o comprometimento afetivo. Quanto à análise que tinha como objetivo verificar se a qualidade de vida interfere no comprometimento organizacional, verificou-se que nem todas as variáveis são correlatas. Bastos; Borges-Andrade (2002), em um estudo sobre comprometimento com o trabalho: padrões em diferentes contextos organizacionais, tendo como amostra, 1.019 trabalhadores de vinte organizações brasileiras, identificaram oito padrões de 38 comprometimento e analisaram a distribuição desses padrões quatro contextos organizacionais, diferenciando quanto ao nível e ao tipo de inovação organizacional, implementada como demanda dos processos de transformação econômica e tecnológica. Os resultados apontaram padrões com baixo comprometimento organizacional nas organizações burocráticas e um padrão mais alto de comprometimento organizacional nas organizações inovadoras. Em 2002, Fanton, em seu estudo sobre comprometimento organizacional e qualidade de ensino, analisou a existência da congruência entre comprometimento organizacional e a qualidade de ensino dos docentes da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel/PR. O autor utilizou dois instrumentos de pesquisa com a versão adaptada no Brasil do OCQ (organizational commitment Questionare) como também a avaliação de desempenho institucional que foi aplicada aos discentes desde 1999. Os resultados apontaram, que os docentes com mais de seis anos de trabalho e com menos de dois anos são os mais comprometidos com a organização, com maior comprometimento afetivo e com a carreira. Na avaliação institucional todos os docentes apresentam uma avaliação média homogênea, esses resultados permitiram o autor afirmar que existe congruência entre qualidade de ensino e comprometimento organizacional. Medeiros (2003), em sua tese de doutorado da Universidade de São Paulo, denominada de Comprometimento organizacional e suas relações com características organizacionais e desempenho nas empresas hoteleiras, procurou identificar as relações entre características organizacionais, dimensões latentes do comprometimento organizacional e o desempenho das organizações. Neste estudo, o autor utilizou 60 indicadores do comprometimento organizacional, tirados dos instrumentos do Meyer; Allen (1993) e o de O‟Reilly; Chatman (1986) como também de outros indicadores construídos com a revisão teórica. Neste estudo ficou demonstrado que determinadas características organizacionais influem de forma positiva nas dimensões latentes do comprometimento afetivo. Estudos realizados por Naves; Coleta (2003) através de uma pesquisa de campo em empresas hoteleiras, precisamente, em um grupo de hotéis convencionais da cidade de Uberlândia/MG, para analisar a relação dos tipos de cultura organizacional com a natureza do vínculo estabelecido entre o indivíduo e a organização. As variáveis independentes consistiam em pessoais, profissionais e os tipos de cultura organizacional. A variável dependente foi representada pelas três 39 dimensões do comprometimento organizacional. A pesquisa foi realizada com 223 de um universo de 251 funcionários, de quatro hotéis, sendo três hotéis convencionais e um hotel residência. Para analisar o comprometimento organizacional, foi utilizado o instrumento de Meyer, Allen e Smith (1993), com 18 indicadores. Os resultados apontaram que existe uma relação dos tipos de cultura com os tipos de comprometimento organizacional. A cultura de função foi apontada como o principal preditor do comprometimento normativo e instrumental, enquanto a cultura de tarefa é o principal preditor do comprometimento afetivo. As mulheres são mais comprometidas instrumentalmente do que os homens. O estudo verificou também que os indivíduos casados apresentaram um maior grau na dimensão afetiva do que os solteiros. Silva (2003) estudou as práticas utilizadas pela área de Recursos Humanos nas empresas para a obtenção do comprometimento por parte de seus funcionários. A realização da pesquisa se deu em uma empresa de operação logística no estado de Minas Gerais e usou o instrumento desenvolvido por Meyer e Allen (1991), adaptado ao modelo elaborado e validado por Bandeira (1999). Na aplicação da pesquisa foram distribuídos 88 questionários, ficando constatado que as práticas de recursos humanos, que foram investigadas, influenciaram a dimensão afetiva e normativa do comprometimento. Tendo o pesquisador observado que os índices mais elevados estão nas práticas de gestão do conhecimento e remuneração. Souza (2003) analisou os impactos das fusões e aquisições no comprometimento organizacional dos empregados em trajetória de organização bancária. Para esse estudo utilizou o modelo do Meyer; Allen (1991). Os resultados apontaram níveis altos de comprometimento instrumental e afetivo e foi detectado o comprometimento com a carreira. Soldi (2003) desenvolveu, através de pesquisa, um estudo sobre o comprometimento de trabalhadores terceirizados e efetivos no qual o objetivo era avaliar e comparar o grau de comprometimento, adotando o questionário adaptado do Meyer e Allen (1997), com perguntas fechadas para cada um dos tipos de comprometimento (afetivo, instrumental e normativo). Participaram da pesquisa 123 efetivos e 166 terceirizados. Os resultados apontaram que os efetivos apresentam graus mais elevados de comprometimento afetivo, enquanto que os terceirizados apresentam graus mais elevados de comprometimento instrumental e normativo. 40 Rego (2003) apresentou uma pesquisa em que as três dimensões – afetiva normativa e contínua podem não caracterizar fielmente o comprometimento estabelecido entre colaboradores e organização. Dentro da dimensão afetiva, o autor acredita que duas outras categorias estejam encobertas: o comprometimento afetivo e o futuro comum. O fato de um colaborador sentir uma ligação afetiva com a organização não significa que ele deseje passar o resto de sua vida nesta organização. Para exemplificar essa bipartição do comprometimento afetivo, Rego (2003) faz uma analogia citando o caso dos jogadores de futebol profissional no Brasil. Esses atletas nascem e crescem dentro de um determinado clube, dão o máximo de si e têm „amor à camisa‟, o que não os impede de irem jogar em times estrangeiros, que ofereçam aos atletas melhores salários e benefícios. Ou seja, apresentaram extremo comprometimento afetivo para com o clube em que se desenvolveram, mas, no entanto, não desejam permanecer por toda sua carreira no mesmo clube (organização), pretendem buscar novas oportunidades de crescimento e melhores salários. Sendo assim, para o autor, em um primeiro momento da carreira, o que seria gerador de comprometimento é a identificação com o clube, o „amor à camisa‟, porém em um segundo momento, esse fator já não é o bastante e o que viria a promover o comprometimento no colaborador é o seu crescimento profissional e o desenvolvimento de sua carreira, alcançando melhores salários e benefícios. Até esta pesquisa, estudavam-se apenas os vínculos de Comprometimento, sem levar em consideração essa dimensão, que se refere à ausência de Comprometimento. No Quadro 07, o autor faz uma analogia de seis hipotéticos laços psicológicos. DIMENSÕES Comprometimento afetivo O QUE PENSA UM JUGADOR DE FUTEBOL “gosto muito desse clube. Mas, se me surgir melhor oferta...” O QUE PENSA UM O QUE PENSA UM MEMBRO MEMBRO DO CASAL DE UMA ORGANIZAÇÃO “Viverei com ele (a) enquanto esse amor durar”. Futuro comum “ficaria feliz se pudesse “Quero viver com ele jogar o resto da minha (a) o resto da minha carreira neste clube”. vida” Comprometimento normativo “Tenho o dever de ser leal a meu clube”. Sacrifícios avultados “Esta organização tem um grande significado para mim”. Ficaria “muito satisfeito se fizesse o resto de minha carreira nesta organização”. “Irei me manter com ele Sinto que devo ser leal e (a) porque permanecer nesta tenho o dever de organização lealdade”. “Teria muitos custos “Não abandono esta “Teria muitos custos se o /sacrifícios se organização devido às perdas (a) abandonasse”. fosse para outro clube”. que me prejudicariam”. 41 Não tenho grandes alternativas de colocação em outras equipes. Escassez de alternativas “Não tenho alternativas. “Sinto que tenho poucas E, pensando bem, nem alternativas se deixar minha estou tão mal”. organização”. “Aceitaria qualquer emprego para deixar de trabalhar nesta organização”. Quadro 07: Seis hipotéticos tipos de laços psicológicos entre os indivíduos e a organização – e algumas analogias. Fonte: Rego (2003, p. 29). “Daria tudo para mudar de clube”. Ausência psicológica “Daria tudo para poder abandoná-lo(a)”. Abreu (2004) fez uma pesquisa sobre os graus de comprometimento dos gerentes e especialistas que ocupam posições importantes em uma grande siderúrgica brasileira. Nesse estudo o autor realizou uma análise com cinco dimensões do comprometimento no trabalho, sendo duas focadas no comprometimento organizacional e na carreira, e três nos componentes afetivo, instrumental e normativo. Os resultados indicaram comprometimento com a organização e com a carreira, isto é, um comprometimento duplo. Entretanto, ficou revelado um alto grau no comprometimento com a carreira. Genelhu (2004), em seu estudo sobre a retenção de talentos via comprometimento para a dissertação de seu mestrado, realizou um estudo quantitativo e qualitativo na unidade da PUC Minas. Para fins desse estudo, o comprometimento organizacional, com base na distinção da natureza psicológica de três vínculos: o desejo (afetivo), a necessidade (instrumental), a obrigação moral (normativo), como também o comprometimento com a profissão ou a relação do indivíduo com a sua vocação. Houve a aplicação de 88 questionários, com os resultados apontando que o professor é mais comprometido com sua profissão. Moraes (2005) em sua pesquisa, o comprometimento e a motivação são compreendidos a partir das três dimensões do comprometimento: afetiva, instrumental e normativa; e motivação intrínseca, internalizada e extrínseca. Trata-se de um estudo de caso quali-quantitativo, contendo as seis dimensões descritas e de uma entrevista focalizada com roteiro semiestruturado. Os resultados apontam que ocorre articulação entre comprometimento organizacional e motivação, havendo correlação entre a motivação extrínseca e o comprometimento instrumental e a motivação intrínseca com o comprometimento afetivo. Cavalcante (2005), em pesquisa, analisou a relação entre a percepção das políticas de gestão de uma empresa varejista e os níveis e padrões de 42 comprometimento de seus funcionários com o trabalho e com a organização nas bases afetiva e instrumental. A pesquisa foi efetuada com 200 funcionários, sendo os dados coletados via questionários. Confirmou-se que quanto mais próxima do modelo community for a percepção das políticas de gestão, maior será o nível de comprometimento com a organização na base afetiva. Não existiu correlação entre o comprometimento instrumental e a percepção das políticas de gestão, possivelmente pelo fato de este tipo de comprometimento está relacionado com o mercado de trabalho, que é um fator externo. Borges (2005), em sua pesquisa, verificou a relação entre as políticas de recursos humanos e os construtos comprometimento organizacional e qualidade de vida no trabalho em uma grande empresa mineradora. Os resultados apontam que há relação entra as políticas que são desenvolvidas no RH e o comprometimento. Dias (2005), examinou as relações existentes entre valores organizacionais, modelos e práticas de gestão de pessoas e comprometimento organizacional. A população pesquisada foi de 54 empresas de ferro-guisa do parque industrial de Minas Gerais. Foi utilizado o método de pesquisa survey e questionários. O estudo focalizou indicadores de valores organizacionais e questões de comprometimento organizacional do modelo do Meyer e Allen (1997). Os resultados apontaram que existe uma relação significativa, positiva e moderada entre os três construtos. Moraes; Godói; Batista (2005) realizou um estudo que focalizava o estado da arte do comprometimento organizacional no Brasil nos períodos de 1994 a 2003 e identificaram um total de 46 pesquisas sobre a temática, observando um crescimento significativo na publicação de artigos, destacando-se os anos de 1999, 2002 e 2003. Os autores acrescentam que a maior parte dos artigos publicados nos anais no ENANPAD são estudos de casos descritivos, utilizando modelos anteriormente validados. Behr (2005), em sua pesquisa sobre as relações entre comprometimento e subjetividade, o estudo buscou identificar similaridades e disparidades no comprometimento de funcionários que desempenha atividades distintas dentro de uma organização. O resultado da pesquisa apontou funcionários satisfeitos e comprometidos afetivamente e que comportamentos e emoções são resultantes da cultura e dos valores organizacionais. Menezes (2006) desenvolveu e validou padronizou uma nova escala de comprometimento organizacional a partir da perspectiva comportamental, a Escala 43 de Intenções Comportamentais de Comprometimento Organizacional (EICCO). Para a validação da escala foi realizado um corte transversal, envolvendo neste primeiro momento do pré-teste 1.107 sujeitos, e na etapa correspondente a validação final da escala, 302 sujeitos. A versão inicial da escala foi constituída de 17 itens, os quais foram submetidos a trabalhadores de 7 empresas públicas e privadas do Estado da Bahia. Já a versão final da escala foi aplicada em 10 empresas publicas e privadas, também do Estado da Bahia e buscou validar 27 itens ligados a cinco fatores do comprometimento com a organização. A versão final da Escala de Intenções Comportamentais de Comprometimento Organizacional foi validada com 20 itens, tendo duas bases investigativas: afetiva e instrumental. Souza (2007) estudou os fatores de comprometimento e as relações sociais exteriorizadas pelos funcionários de médio porte, utilizou na metodologia o questionário validado por Meyer e Allen mais um teste de evocação de palavras, a leitura da expressão indutora foi: “Se eu lhe digo a palavra “lealdade” quais as seis primeiras palavras que lhe vem em mente”? Os resultados apresentados pelo teste de evocação de palavras apresentam como categoria mais votada: respeito, amizade e trabalho e a categoria com menos citação: natureza, e a categoria com uma única citação: time de futebol. A dimensão normativa está presente em 90% dos empregados da empresa pesquisada. Batista (2007), em seu estudo sobre o comprometimento organizacional e o profissional dos profissionais docentes de Instituição de Ensino Superior, os resultados revelaram que as dimensões do comprometimento organizacional em suas dimensões afetiva, instrumental e normativa estão correlacionadas com o comprometimento profissional. Barros (2007), o comprometimento organizacional em suas bases afetiva, instrumental e normativa, bem como a intenção de permanência dos mesmos na organização, correlacionando-os entre si e com as variáveis de caracterização pessoal e funcional. Os resultados revelaram que existe uma relação significativa entre os três construtos investigados. Foram encontradas evidências da importância das práticas de gestão de pessoas e do comprometimento organizacional de base normativa como preditores da intenção de permanência. Moreira (2007), em seu estudo replicou uma nova medida, a Escala de Intenções Comportamentais de Comprometimento Organizacional (EICCO), validada por Menezes (2006) que avalia atitudes e comportamentos com base em intenções 44 comportamentais. A pesquisa foi realizada em uma distribuidora de derivados de petróleo, sendo aplicados 72 questionários em terminais da Petrobrás Distribuidora localizados em distintos estados, que receberam a denominação de terminais X e terminais Y. O estudo constatou que tanto no terminal X quanto no terminal Y existe um alto nível de comprometimento. Sendo que os funcionários do terminal X apresentaram um maior comprometimento nos fatores de desempenho e produtividade e defesa da organização. Quanto ao terminal Y, houve a revelação de um maior comprometimento nos fatores participação, empenho extra e permanência e saída da organização. Nos dois terminais foi encontrado um maior comprometimento afetivo do que instrumental. Heizer (2007) desenvolveu uma pesquisa em uma organização do ramo de informática situada em Belo Horizonte, utilizando uma nova medida de atitudes e comportamentos, validada por Menezes (2006) e replicada por Moreira (2007), a Escala de Intenções Comportamentais de Comprometimento Organizacional. O universo dessa pesquisa foi de 124 pessoas, com dados coletados através de questionários, sendo que 47 foram devolvidos. A pesquisa apontou tendência a grande comprometimento organizacional, exceto em situações que afetam de forma direta a questão financeira e interesse profissional. As dimensões nas quais os funcionários apresentam maior comprometimento organizacional são em ordem de importância: Participação, Defesa, Desempenho, Empenho e Permanência. O fator “Defesa” tem maior peso no elemento afetivo, enquanto que os demais fatores têm maior peso no elemento instrumental. Silva (2008) desenvolveu um estudo que teve como o objetivo caracterizar o comprometimento de estagiários com as organizações privadas por meio do Centro de Integração Empresa-Escola de Santa Catarina. A amostra dessa pesquisa foi de 22 estagiários. Os resultados apontaram que os estagiários se comprometem de forma instrumental e permanecem no local do estágio por serem remunerados e veem no futuro a possibilidade de efetivação. A pesquisa também identificou que os estagiários apresentam um comprometimento normativo, cumprindo as normas e regras de pontualidade, assiduidade e realizam todas as tarefas que lhes são atribuídas, pelo sentimento que estes possuem em permanecer na organização para retribuir o que a organização fez ou faz por eles (estagiários). Santos (2008), o estudo realizado em uma agência de fomentos de Minas Gerais teve por objetivo conhecer as políticas de gestão de pessoas adotadas pela empresa e 45 analisar como elas interferem no comprometimento dos seus funcionários. O modelo adotado foi o de Meyer e Allen (1991). A amostra foi composta de cinco categorias ocupacionais: gerentes, consultores internos, analistas, assistentes e auxiliares. Os resultados apontaram que as políticas de gestão de pessoas estudadas influenciam o comprometimento organizacional nas dimensões afetiva e normativa estabelecendo fraca correlação na dimensão instrumental. 2.5 ESTUDOS SOBRE COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL NA GESTÃO PÚBLICA E SEUS RESULTADOS O presente estudo tem como cenário uma organização pública federal. Para tanto se faz necessário, além do entendimento do construto comprometimento organizacional, cumpre abordar alguns estudos realizados no que concerne à organização pública. Borges-Andrade (1989) traduziu e adaptou a abordagem proposta por Mowday et al (1982), o qual tem como enfoque a dimensão afetiva do trabalhador com as metas organizacionais, para o contexto brasileiro especificamente para a gestão pública, numa pesquisa pioneira realizada na EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. O principal objetivo foi identificar entre as variáveis: pessoais, grupais, de papel, organizacionais e ambiente externo, aquelas que seriam preditoras do comprometimento organizacional. Para que fossem evidenciadas as diferenças entre as unidades da empresa, o autor considerou como perfis-meio as unidades da sede e como perfis-fim as unidades descentralizadas. Os resultados apontaram que nas unidades organizacionais do perfil-meio os mais velhos se mostraram mais comprometidos, o que indicou uma relação diretamente proporcional entre idade e comprometimento. Foi apontado que a oportunidade de crescimento na carreira, progressão funcional tiveram um peso considerável no comprometimento de seus funcionários. Nas unidades descentralizadas, ou seja, perfil-fim as variáveis que justificam o comprometimento organizacional, segundo os respondentes são: justiça na promoção, oportunidade de crescimento na carreira, percepção da importância da 46 empresa no país, essas variáveis estão presente entre os servidores que dão suporte à pesquisa. Estas variáveis também estão presentes no perfil-meio. Borges-Andrade; Afanasieff e Silva (1989) assinalam que o estudo do comprometimento em instituições públicas se revela importante, não apenas por interesse teórico, mas, sobretudo por razões práticas. Para eles, as instituições são financiadas com recursos públicos e suas atividades visam benefícios para o bem comum. Assim, é de interesse identificar quais são as condições que favorecem o comprometimento dos empregados de tais instituições e implementá-las para que os investimentos feitos tenham retorno para a sociedade. Brandão (1991) na Universidade Federal da Bahia (UFBA) desenvolveu uma pesquisa com os servidores com o objetivo de compreender os fatores que poderiam determinar o nível de comprometimento organizacional. Nesse estudo foi usado o modelo proposto por Borges-Andrade et al (1989). As oportunidades de crescimento na carreira e a imagem da organização foram as variáveis que apresentaram um maior valor explicativo. Em relação inversa ficou a facilidade de ingresso. Neste estudo houve a inclusão de outras variáveis como personalidade, pesquisando valores e significados do trabalho, apresentando três variáveis: centralidade do trabalho na vida, interesse despertado pelas tarefas e a supervisão. Os resultados apontaram que o nível de comprometimento dos servidores revelou-se relativamente elevado. Os servidores que entendem a instituição como importante e lhes permitem condições apropriadas para o trabalho e para o seu crescimento profissional são os mais comprometidos. Das variáveis pessoais, aqueles que possuem uma maior escolaridade tendem a serem menos comprometidos. Borges-Andrade (1993) estudando o comprometimento organizacional na administração pública e em seus seguimentos meio e fim, com a finalidade de verificar antecedentes para a identificação dos empregados com a organização empregadora e a disposição dos mesmos em defendê-las e de nelas permanecer. Com uma amostra composta de 748 funcionários de duas instituições federais, sendo uma da administração direta e outra da administração indireta. Os resultados apresentam duas variáveis relacionadas positivamente: oportunidade de desenvolvimento ocupacional e status da organização. Na administração direta os resultados dos seguimentos meio e fim apresentam maior diferença. Nas duas administrações, nos seguimentos fim, o status da organização e a experiência gerencial anterior são as variáveis mais similares. 47 Essa pesquisa teve como base o modelo proposto por Borges-Andrade et al (1989) e as variáveis que tiveram um maior valor explicativo foram a imagem da organização e as oportunidades de crescimento na carreira. A variável com o menor valor explicativo foi a facilidade de ingresso. Gama, (1993) desenvolveu sua dissertação na Fundação João Pinheiro, uma instituição pública do Governo do Estado de Minas Gerais. Nesse estudo ele constatou que os servidores administrativos e os pesquisadores da Fundação apresentaram um nível satisfatório de comprometimento considerando o ambiente organizacional. A instituição buscava sair de uma crise, no momento em que a pesquisa foi aplicada. O estudou demonstrou que o aumento do comprometimento organizacional é diretamente proporcional ao aumento das oportunidades de crescimento profissional, a segurança no emprego e a satisfação com a supervisão recebida além de outros aspectos. Segundo o pesquisador, a atitude de comprometimento constatada nesse período foi favorável, principalmente entre os que se dispuseram a defendê-la. Ao concluir sua pesquisa, ele ressalta. [...] ser comprometido não é ser submisso às normas, pois, mesmo quando compartilha missão, objetivos, valores e até quando critica a instituição, o indivíduo pode ser comprometido. Longe de ser algo imposto aos empregados, o comprometimento é uma necessidade natural e psicológica, de todas as pessoas (GAMA, 1993, p.190). Bastos; Brandão (1993) relata em sua pesquisa desenvolvida junto com os técnicos administrativos, os resultados apontaram níveis moderadamente elevados de comprometimento, e os produtos das análises de regressão revelam que os antecedentes mais significativos são as oportunidades de crescimento profissional, a centralidade do trabalho na vida do servidor e a qualidade da supervisão recebida. A pesquisa teve uma amostra de 313 servidores de distintos cargos e segmentos da administração, a coleta dos dados foram obtidos através de entrevistas. A mensuração do comprometimento organizacional foi feito mediante escala proposta por Mowday; Porter; Steers (1982), com 15 itens e escores variando de 1 (baixo comprometimento) a 7 pontos (alto comprometimento). O nível de comprometimento apresentou-se relativamente alto. A pontuação variava de 1 a 7, pouco mais de 1/3 apresentou escores entre 5 e 6, e 30% do grupo se situaram em faixa mais elevada tendo uma variação entre 6 e 7. Enquanto 40% dos pesquisados apresentaram níveis medianos ou baixos de comprometimento. 48 Bastos (1993) em seu estudo compara o comprometimento organizacional entre os setores público e privado, revelando níveis mais baixos de comprometimento na administração pública direta. A amostra dessa pesquisa foi de 1.017 trabalhadores de vinte organizações baianas. O principal instrumento utilizado foi a versão reduzida da escala de Mowday; Porter; Steers (1982). A técnica estatística utilizada foi a análise de Cluster que pode possibilitar a identificação e a caracterização de sete grupos de tipos de comprometimento: o antissindicalista, o sindicalista, o profissional, o descomprometido, o comprometido, o localista e o descomprometido com a carreira. O melhor preditor apresentado foi a política de promoção e treinamento dos valores como centralidade do trabalho na vida e da política de remuneração. Pereira (1993), na sua pesquisa sobre estudo do “organizational commitment” na administração de recursos humanos de uma instituição pública universitária federal brasileira, analisou a trajetória da administração pública baseada em estilos de autoritarismo e clientelismo, repassando para o servidor a ineficácia da prestação de serviço por ele prestado. Os resultados sugerem que os servidores participantes da amostra expressam um alto interesse em dedicar esforços para com a organização, ao nível de análise do enfoque atitudinal-afetivo, todavia existe a necessidade de salientar suas apreciações em torno da qualidade da supervisão recebida, da relevância do trabalho que executa e do nível de responsabilidade recebida. As indicações dos resultados reproduzem o quadro de individualização do servidor público e sua carência por melhor relacionamento social. Dias (1993) pesquisou na Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais – EMATER-MG, o comprometimento organizacional entre seus servidores. Os resultados apontaram que os fatores extrínsecos foram os que mais interferiram na predição do comprometimento. As variáveis como: crescimento na carreira e a progressão profissional, possibilidade de crescimento e a oferta de treinamento entre os pesquisados tiveram maior destaque como preditores do comprometimento. Os níveis mais elevados da empresa apontaram os treinamentos oferecidos, remuneração, e relacionamento com os grupos, como sendo as variáveis mais significativas. Nos Escritórios Locais, a variável satisfação com a probabilidade de crescimento e nos Escritórios Regionais a variável satisfação com compensação são os maiores fatores para a explicação do comprometimento organizacional. 49 Bastos (1994), em seu estudo sobre comprometimento com a organização, a carreira e o sindicato é um dos primeiros pesquisadores que se envolveu com a gestão pública. Nessa pesquisa, ele aponta um baixo comprometimento com a organização e um grande número de “descompromissados” como também a predominância de comprometidos com a carreira. Quanto ao sindicato, o mesmo estudo aponta uma predominância de profissionais sindicalizados. Desenvolveu sua pesquisa em vinte organizações do setor público e privado situados na Bahia, utilizando-se tanto de questionários quanto de entrevista. Utilizou a análise de Cluster, identificando sete grupos de tipos de comprometimento: o antissindicalista, o sindicalista, o profissional, o profissional-sindicalista, o descomprometido, o comprometido localista e o descomprometido com a carreira. Oliveira; Paz (1996) verificou as relações possíveis entre percepção de justiça salarial e comprometimento organizacional, 135 questionários foram aplicados, tendo um retorno de 65%, em uma organização publica. Os dados depois de analisados mostraram que o comprometimento afetivo e o calculativo têm sua explicação em outras variáveis, como a imagem externa da organização e políticas de recursos humanos. Eles comprovam que quanto menor o nível de escolaridade maior o comprometimento calculativo e que o comprometimento afetivo ocorre mais entre 26 e 45 anos. Moraes; Marques (1996) realizaram um estudo de caso comparativo nas Universidades Federais mineiras, com o objetivo de pesquisar os níveis e os preditores do comprometimento afetivo e comportamental dos servidores técnicoadministrativos de quatro universidades: Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Universidade Federal de Viçosa – UFV , Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF, e Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP. Como também identificar as variáveis preditoras dos modelos de comprometimento tanto afetivo quanto comportamental. Os resultados apontaram que a UFV apresentou um escore do comprometimento afetivo, com índices relativamente maiores que os das demais universidades. A pesquisa revelou que a satisfação com o ambiente social e as recompensas influencia de forma acentuada o comprometimento organizacional. Bastos; Brandão; Pinho (1997) neste estudo, dando continuidade ao processo de análise conceitual, insere-se na perspectiva de retomar o conceito de comprometimento organizacional partilhado pelos trabalhadores. A investigação voltou-se para explorar, em maior profundidade, o conceito de comprometimento com a organização, em suas análises, feitas sobre o conceito expresso por servidores 50 universitários no cotidiano do trabalho. A pesquisa foi feita em quatro universidades federais (UnB, UFBa, UFMG, UFU) com aplicação de questionário aberto a 240 servidores, e no segundo momento entrevista com uma subamostra com 40 participantes. Os resultados obtidos no estudo, em vários sentidos, parecem contribuir para fortalecer uma perspectiva multidimensional ao se estudar o comprometimento organizacional. Duas outras conclusões são dadas como importantes. A primeira refere-se à impossibilidade de se considerar comprometimento apenas como atitude. Comportamentos e disposições atitudinais são partes integrantes e integradas do conceito de comprometimento no cotidiano dos servidores estudados. A segunda refere-se à possibilidade de múltiplos processos geradores de comprometimento. Afirmam os autores que encontraram respaldo para dois grandes eixos na definição do próprio conceito: normativo e afetivo. Bandeira; Marques; Veiga ( 1999) na pesquisa feita na ECT/MG, Empresa de Correios e Telégrafos, procuraram verificar até que ponto é possível conseguir comprometimento organizacional no setor de serviços em uma empresa do setor público. O modelo adotado para a pesquisa foi o das três dimensões de Meyer; Allen (1984, 1991, 1997). A contribuição desse estudo foi a inserção do movimento das pesquisas sobre o construto observando a nova tendência norte-americana de pesquisar as múltiplas dimensões do comprometimento organizacional. Pereira; Oliveira (2000) realizou um estudo empírico sobre comprometimento organizacional na área de Administração Pública Municipal, utilizando a abordagem afetiva proposta por Mowday at al. ( 1982). Foi identificado um bom nível de comprometimento organizacional dos servidores lotados na Secretária da Fazenda da Prefeitura Municipal de Viçosa-MG, aliado a importantes dados que fornecem à instituição subsídios para os ajustes necessários em relação a sua política de Administração de Recursos Humanos. Rangel (2001) estudou o comportamento dos agentes públicos em cargos comissionados da Prefeitura Municipal de Vitória, com a intenção de identificar o grau e o tipo de comprometimento de cada funcionário. O estudo ainda identificou se o vínculo empregatício exerce alguma influencia sobre o comprometimento organizacional. A amostra da pesquisa foi de 237 comissionados e foi usado o instrumento do Meyer e Allen (1991). Os resultados apontaram um maior grau de comprometimento organizacional nas dimensões instrumental e normativa entre os funcionários efetivos e um maior grau de comprometimento organizacional na dimensão afetiva entre os funcionários não efetivos. 51 Siqueira (2001) em seu estudo relatou as evidencias referente à validação de três medidas brasileiras de comprometimento organizacional – (ECOA) afetivo, (ECOC) calculativo, e (ECON) normativo. Demonstrou as relações das três medidas com os critérios do comportamento organizacional: satisfação no trabalho, comportamentos de cidadania organizacional e intenção de rotatividade. Participaram dessa pesquisa 217 trabalhadores de empresas públicas e particulares na grande São Paulo. Os resultados apontaram a capacidade das medidas de aferir os três tipos de comprometimento. Borges; Lima; Vilela; Guedes (2002) com um estudo intitulado: Os Funcionários não estão Comprometidos? Com funcionários de uma biblioteca publica, objetivando questionar que aspectos da estrutura da organização e do comportamento organizacional podem estar afetando o comprometimento. A pesquisa empírica demonstra: dificuldades motivacionais, insatisfação salarial, cultura organizacional frágil, convivência de diversos vínculos empregatícios e ausência de um plano de carreira atualizado, são os aspectos que não permitem que atitudes comprometidas se concretizem no comprometimento organizacional dos participantes da amostra do estudo. Leite (2004), em sua pesquisa sobre o comprometimento organizacional na gestão pública: Um estudo de caso em uma Universidade Estadual. Essa pesquisa teve como público alvo os servidores técnico-administrativos e revela que o comprometimento organizacional é alto entre eles, tanto do quadro permanente quanto do temporário, com a predominância do componente afetivo. Para mensuração do comprometimento organizacional, o autor utilizou duas escalas, a OCQ – questionário de comprometimento organizacional de Mowday (1982) e a de Bastos et al (2003) ainda na fase de validação. Para analisar as bases do comprometimento foram utilizadas também duas escalas: a de Meyer, Allen e Smith (1993) que considera as bases afetiva, instrumental e normativa, e a de Bastos et al (2003) que considera apenas as bases afetiva e instrumental. Os resultados também mostram que apesar de estatisticamente ter pouco significado, os servidores temporários possuem um score de comprometimento maior que aqueles do quadro permanente. O autor verifica também que alguns benefícios e vantagens oferecidas pelo serviço público, como por exemplo, a estabilidade no emprego e no cargo pode levar a um comportamento de acomodação e desinteresse. Já para os servidores temporários, o quadro é de competitividade e expectativas futuras de permanecer na Instituição, impulsionando-os a “mostrar serviço” a fim de se manterem no emprego. 52 Rego; Souto (2004) em seu estudo demonstraram como as percepções de justiça explicam o comprometimento organizacional nas dimensões afetiva, instrumental e normativa. Esse estudo foi feito em duas etapas: a primeira etapa no Brasil e a segunda em Portugal. Na primeira etapa, o cenário foi a cidade do Rio de Janeiro onde a pesquisa foi realizada em quatro instituições públicas. O comprometimento organizacional foi verificado mediante um questionário de 28 indicadores o qual fora usado por Rego (2003). Na segunda etapa, as pesquisas foram realizadas em Portugal com empresas públicas e privadas. As razões pelas quais os indivíduos se comprometem com suas organizações e a combinação de dados de culturas diferentes foram mostrada nesse estudo. Rowe; Bastos (2007) analisaram a natureza e a intensidade dos vínculos de comprometimento do docente universitário com seu trabalho fazendo uma comparação do cenário publico e privado. Participaram desse estudo 551 docentes de 184 instituições. Foi utilizada a escala proposta por Medeiros (2003), com 28 itens e sete fatores para o estudo do comprometimento organizacional. Para o estudo do comprometimento com a carreira foi utilizada a escala de sete itens proposta e validada por Blau (1985). O resultado apontou diferenças significativas entre os docentes de instituições de ensino públicas e privadas, quanto ao comprometimento com o trabalho. Os docentes de IES públicas são mais comprometidos com sua carreira, e os docentes de IES privadas apresentam um maior nível de comprometimento instrumental. Flauzino; Borges-Andrade (2008) em seu estudo publicado na RAP analisou o comprometimento organizacional dos servidores públicos ligado à atividade-fim de saúde, educação e segurança. Foi adotada a concepção do comprometimento afetivo de Mowday; Porter; Steers (1979) e a escala reduzida proposta por Bastos (1994). Os resultados indicaram que o instrumento modificado permite identificar o comprometimento dos servidores e que este está vinculado à missão organizacional percebida e não à missão real. A amostra foi de 902 respondentes: 371 pertenciam a órgão militar, 266 à instituição educacional e 265 à instituição da saúde. Entre os servidores pesquisados, encontraram altos níveis de comprometimento nos que trabalham na área da segurança, quando comparados com as áreas de saúde e educação. Segundo os autores, apesar de terem encontrando moderado comprometimento afetivo dos servidores públicos, é necessária a ampliação da quantidade e diversidade de organizações estudadas para haver a identificação de um padrão nacional e não apenas restrito a uma unidade da federação. 53 3 METODOLOGIA A descrição metodológica presente neste trabalho está dividida em cinco partes: tipo de pesquisa, universo e amostra, instrumento de coleta de dados, variáveis analíticas e o tratamento dos dados. 3.1 TIPO DE PESQUISA Para a realização deste trabalho foi adotada a pesquisa classificada como estudo de caso, com abordagem quantitativa, de caráter exploratório e descritivo. Trata-se de um estudo de caso, pois retrata sobre a realidade específica de uma determinada organização e é quantitativa porque apresenta uma análise dos dados obtidos através da aplicação do questionário junto aos servidores técnicoadministrativos de uma determinada instituição de ensino. A pesquisa é de caráter exploratório e descritivo. Exploratório porque busca identificar as relações, ainda pouco conhecidas sobre o comprometimento organizacional no IFRN, fazendo uso do modelo conceitual das três dimensões proposto por Meyer; Allen (1991) validado no Brasil por Medeiros et al (1993) seguido por Ricco (1996) e Bandeira; Marques; Veiga (1999), na tentativa de aprimorar os conhecimentos sobre o assunto. Esse tipo de pesquisa, de acordo com Vergara (2000, p. 47) “é realizada em área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado. Por sua natureza de sondagem, não comporta hipóteses que, todavia, poderão surgir durante ou não ao final da pesquisa”. O caráter descritivo busca relacionar variáveis do comprometimento organizacional, descrevendo os resultados obtidos na pesquisa e associando com os respondentes, no caso os servidores técnico-administrativos do IFRN Campus Natal-Central. Essa tipologia, segundo Vergara (2000, p. 47), “expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno”. O presente estudo tem como objetivo identificar as dimensões do comprometimento organizacional dos servidores técnico-administrativos do IFRN Campus Natal-Central, a partir do modelo conceitual de Meyer; Allen (1991), utilizado como instrumento de pesquisa. 54 3.2 UNIVERSO E AMOSTRA Compõem o universo e amostra da pesquisa todos os servidores técnicoadministrativos lotados no IFRN Campus Natal/Central, caracterizando como um estudo censitário. Segundo Sedi (1979, p. 37), em um estudo censitário, “são colhidos dados de todas as unidades, o universo de pesquisa e os resultados são válidos imediatamente para todo o universo”. A aplicação dos questionários da presente pesquisa foi feita pela própria pesquisadora, nos departamentos administrativos da Instituição, no período de fevereiro a maio de 2010. Foram distribuídos 208 questionários e recolhidos 177, perfazendo um percentual correspondente a 85%. 14% dos servidores encontravamse ausentes no momento da pesquisa, por motivos diversos tais como: afastamento para qualificação, cooperação técnica, e licenças. Universo da Pesquisa – Técnicos Administrativos Ativo Permanente Licenciados, cedidos, afastamento para qualificação e outros Total Quantidade 243 35 208 Quadros 08: Técnicos Administrativos do IFRN Campus-Natal/Central 2010. Fonte: Diretoria da Gestão de Pessoas do IFRN. 3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS O instrumento de pesquisa utilizado para a coleta de dados foi um questionário estruturado composto por duas partes. A primeira parte do instrumento é composta por questões fechadas, nas quais foram coletados dados sobre algumas características gerais e demográficas dos respondentes tais como: gênero, estado civil, faixa etária, grau de escolaridade e tempo de serviço. A segunda parte do questionário contempla as 18 questões fechadas sobre o construto com os indicadores utilizados por Meyer; Allen; Smith (1993). Os dados dessa pesquisa são denominados de primários, já que eles em sua totalidade foram coletados pela pesquisadora. Todos os respondentes receberam orientações sobre o preenchimento do questionário. Foram distribuídos 208 55 questionários e recolhidos 177, perfazendo um percentual correspondente a 85%, conforme dito anteriormente. O Quadro 09 mostra os indicadores do comprometimento organizacional, elencados da seguinte forma: os seis primeiros são indicadores do comprometimento afetivo, os seis seguintes indicadores do comprometimento instrumental e os seis últimos correspondem aos indicadores do comprometimento normativo. COMPROMETIMENTO AFETIVO 01. Eu seria muito feliz em dedicar o resto da minha carreira nesta organização. 02. Eu realmente sinto os problemas da organização como se fossem meus. 03. Eu não sinto um forte sendo de integração com a minha organização (R)* 04. Eu não me sinto emocionalmente vinculado a esta organização (R)* 05. Eu não me sinto como uma pessoa de cada na minha organização (R)* 06. Esta organização tem um imenso significado para mim. COMPROMETIMENTO INSTRUMENTAL 01. Na situação atual ficar com a minha organização é na realidade uma necessidade quanto um desejo. 02. Mesmo se eu quisesse seria muito difícil, para mim, deixar minha organização agora. 03. Se eu decidisse deixar minha organização agora, minha vida ficaria bastante desestruturada. 04. Eu acho que teria poucas alternativas se deixasse esta organização. 05. Se eu já não tivesse dado tanto de mim nesta organização, eu poderia considerar trabalhar em outro lugar. 06. Uma das poucas consequências negativas de deixar esta organização seria a escassez de alternativas imediatas. COMPROMETIMENTO NORMATIVO 01. Eu não sinto nenhuma obrigação em permanecer na minha empresa (R)* 02. Mesmo se fosse vantagem para mim, eu sinto que não seria certo deixar minha organização agora. 03. Eu me sentiria culpado se deixasse minha organização agora. 04. Esta organização merece a minha lealdade. 05. Eu não deixaria minha organização agora, porque eu tenho uma obrigação moral com as pessoas daqui. 06. Eu devo muito a esta organização. Quadro 09: Indicadores do Instrumento de Meyer; Allen; Smith (1993). Os indicadores (R)* possuem valor invertido no sentido da frase. 3.4 VARIÁVEIS ANALÍTICAS Segundo Barros; Lehfeld (2007, p. 98), „variável é todo aquele elemento ou característica que varia em determinado fenômeno'. Esse elemento pode ser observado, registrado e mensurado. As variáveis são, portanto, aspectos 56 observáveis de um fenômeno as quais podem apresentar variações, mudanças e diferentes valores em relação a dado fenômeno e entre fenômenos. As variáveis utilizadas neste estudo correspondem às variáveis demográficas referentes à caracterização dos respondentes e às dimensões do comprometimento organizacional, provenientes do modelo de conceitualização dos três componentes (afetivo, instrumental e normativo) de Meyer e Allen e Smith (1993), conforme demonstra o Quadro 10. VARIÁVEIS ANÁLITICAS DIMENSÕES DO COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL Afetivo: é percebido como um apego, como um envolvimento, onde AFETIVA ocorre identificação com a organização. Instrumental: é percebido como os custos associados ao deixar a INSTRUMENTAL organização. Normativa: está relacionado a um alto nível de comprometimento NORMATIVA por parte do funcionário em relação à organização. Gênero, estado civil, faixa etária, nível de escolaridade e tempo de VARIÁVEIS DEMOGRÁFICAS serviço. Quadro 10. Variáveis analíticas versus dimensões do comprometimento organizacional. Fonte: Elaborado por Araújo (2010). 3.5 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS O tratamento dos dados para esta pesquisa foi desenvolvido em duas partes. Na primeira parte do questionário foram trabalhados os dados correspondentes à caracterização dos respondentes quanto às variáveis de (gênero, estado civil, faixa etária, grau de escolaridade e tempo de serviço). Para tratar os dados das características pessoais dos indivíduos, foi aplicada a estatística descritiva, através de uma tabulação do cálculo de percentuais e frequência das respostas apresentadas pelos servidores técnico-administrativos. Na sequência, foram elaborados gráficos para demonstrar o perfil demográfico dos respondentes. A estatística descritiva é constituída de um conjunto de técnicas que servem para analisar, descrever e interpretar os dados numéricos de uma determinada população ou de uma amostra. A análise descritiva foi desenvolvida a partir do processamento dos dados pelo software STATISCA versão 7.0 e o EXCEL 2007. Na segunda parte do questionário, utilizado com 18 questões do tipo Likert, com indicadores numerados na escala de 1 a 5 (concordo totalmente, concordo, 57 discordo e discordo totalmente). Os indicadores foram agrupados em sequência, sendo que cada uma das dimensões do comprometimento organizacional, a afetiva, instrumental e a normativa, cada uma ficou com seis itens conforme o instrumento elaborado e proposto por Meyer; Allen; Smith (1993). Foi feita análise multivariada com aplicação da técnica análise de conglomerados utilizando o software livre estatístico R, versão 2.9.2. A análise de conglomerados (cluster analysis) é uma técnica multivariada de classificação, que tem como objetivo reduzir a dimensionalidade dos dados. Agrupa um conjunto de dados em subconjuntos utilizando um critério fixado que pode variar ligeiramente em virtude do método de agrupamento utilizado. Para comparar as variáveis demográficas foi feita a Análise de Variância (ANOVA), um teste paramétrico usado para verificar se existe uma diferença significativa entre as médias e se os fatores estão influenciando na variável resposta. Os dados foram tratados, sendo observados os resultados de cada variável, analisadas individualmente, o que proporciona a possibilidade da realização de comentários e correlações pertinentes, identificando as variáveis mais importantes para o desenvolvimento e conclusão final do estudo. Verificou-se o grau de confiabilidade dos 18 indicadores do comprometimento organizacional os quais estão demonstrados no quadro 12, através do coeficiente Alpha de Cronbach, que tenha variação de 0 a 1, sendo tidos como confiáveis os dados que apresentam coeficiente seja igual ou superior a 0,7. A Tabela 01 aponta o Alpha de Cronbach = 0,83262, indicando um coeficiente de consistência entre os dados, afirmando que os mesmos são confiáveis. Hair et al. (2005, p.111) afirma que “a segunda medida de confiabilidade, mais comumente usada é a consistência interna, a qual avalia a consistência entre as variáveis de uma escala múltipla” mais conhecida como Alpha de Cronbach. O limite inferior comumente aceito para o Alpha de Cronbach é de 0,70, afirmam os mesmos autores. 58 VAR00001 VAR00002 VAR00003 VAR00004 VAR00005 VAR00006 VAR00007 VAR00008 VAR00009 VAR00010 VAR00011 VAR00012 VAR00013 VAR00014 VAR00015 VAR00016 VAR00017 VAR00018 Reliability Coefficients N of Cases = 177,0 Alpha = 0,8362 Fonte: Pesquisa, 2010. Tabela 01: Coeficiente Alpha de Cronbach RELIABILITY ANALYSIS – SCALE (ALPHA) Scale Scale Mean Variance Itemif Item if Item Total Deleted Deleted Correlation 57,0226 92,8518 ,5166 57,2938 94,9132 ,4232 57,0508 96,5713 ,3174 56,7175 94,5107 ,4760 56,6215 95,4639 ,4344 56,5254 95,1826 ,5296 56,9096 95,0941 ,5041 57,0452 92,9979 ,5056 57,0565 94,1218 ,4159 57,9209 94,4596 ,3970 58,0226 98,8290 ,2561 57,8362 98,8764 ,2419 57,2486 95,5629 ,3478 57,7119 91,5358 ,5491 58,0678 92,8477 ,4882 56,7119 95,8540 ,4219 57,8192 93,1376 ,4670 56,9831 93,2895 ,4686 Corrected Alpha if Item Deleted ,8236 ,8284 ,8341 ,8259 ,8279 ,8244 ,8251 ,8241 ,8289 ,8300 ,8363 ,8372 ,8327 ,8216 ,8249 ,8285 ,8261 ,8260 N of Items = 18 No Quadro 11 a seguir, pode-se observar o planejamento em relação às diversas ferramentas estatísticas que serão utilizadas, para atender aos objetivos previamente propostos neste estudo. OBJETIVOS QUESTÕES NO INSTRUMENTO DE PESQUISA Geral: Identificar o grau de comprometimento organizacional dos técnico-administrativos 1 a 18 da parte II do questionário Específico 1. Traçar o perfil demográfico dos servidores técnico-administrativos. 1 a 5 da parte I do questionário FERRAMENTAS ESTATÍSTICAS A SEREM UTILIZADAS Estatística descritiva Análise de variância Análise de Cluster Estatística descritiva Específico 2. Identificar diferentes dimensões de Estatística descritiva comprometimento organizacional (afetiva, 1 a 18 da parte II Análise de variância instrumental e normativa) entre os servidores do questionário (ANOVA) técnico-administrativos do IFRN; Específico 3. Verificar o comprometimento Estatística descritiva organizacional predominante no grupo de técnico1 a 18 da parte II Analise de variância administrativos, de acordo com o modelo de do questionário (ANOVA) conceitualização dos três componentes; Específico 4. Identificar e caracterizar os grupos 1 a 5 da parte 1 de técnico-administrativos de acordo as Análise multivariada e 1 a 18 da parte II dimensões do comprometimento organizacional Análise de Cluster do questionário e as suas características demográficas. Quadro11: Planejamento do questionário em atendimento aos objetivos do estudo. Fonte: Elaborado por Araújo (2010). 59 4 ANÁLISE DOS DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS Para cumprir de forma sistemática os objetivos desta pesquisa, a análise dos dados foi dividida a partir da estatística descritiva e a multivariada. 4.1 ANÁLISE DOS DADOS A PARTIR DA ESTATÍSTICA DESCRITIVA Para análise dos dados sobre as dimensões do comprometimento organizacional dos servidores técnico-administrativos utilizou-se a estatística descritiva, demonstrada através de tabelas e gráficos. Para verificar a existência de diferenças significativas entre as três dimensões do comprometimento organizacional foi realizada a Análise de Variância (ANOVA). 4.1.1 Perfil demográfico dos servidores técnico-administrativos A seguir serão apresentados os resultados que permitem responder ao primeiro objetivo específico que trata de identificar o perfil demográfico dos servidores técnico-administrativos da instituição pesquisada. Inicialmente, procurouse identificar o gênero dos entrevistados, demonstrados na Tabela 02. Tabela 02: Gênero do Pesquisado Gênero Frequência absoluta % Feminino 67 37,85 Masculino 110 62,15 Total 177 100 Fonte: Dados da Pesquisa, 2010. Na Tabela 02, verifica-se a predominância do gênero masculino com um percentual 62,15%, enquanto o gênero feminino apresenta o percentual de 37,85%. Os dados demonstram que no cenário da instituição pesquisada ainda se mantém um número significativo de homens. 60 Tabela 03: Estado Civil do Pesquisado Estado civil Frequência absoluta % Casado 109 Solteiro 44 Divorciado 14 Desquitado 2 Viúvo 1 Outros 7 Total 177 Fonte: Dados da Pesquisa, 2010. 61,58 24,86 7,91 1,13 0,56 3,95 100,00 A Tabela 03 correspondente ao estado civil. Os dados demonstram que mais da metade dos respondentes se encontra na categoria dos casados com um percentual de 61,58%. A segunda categoria foi a dos solteiros com 24,86%. As outras categorias somaram 13,56%. Tabela 04: Faixa Etária do Pesquisado Faixa Etária Frequência absoluta 4 Até 25 anos 44 Entre 26 e 35 anos 39 Entre 36 e 45 anos 70 Entre 46 e 55 anos 20 Acima de 55 anos Total 177 Fonte: Dados da Pesquisa, 2010. % 2,26 24,86 22,03 39,55 11,30 100,00 Na Tabela 04, quanto à faixa etária dos servidores técnico-administrativos pesquisados, verificam-se diferenças quanto às faixas de idades. Predomina o quantitativo de servidores com idade entre 46 e 55 anos com percentual de 39,55%. A segunda faixa etária com o percentual de 24,86% corresponde aos que têm a idade entre 26 a 35 anos. A terceira apresenta 22,03% correspondendo aos servidores com idade entre 36 a 45 anos. A quarta faixa etária são os servidores que estão acima dos 55 anos, o que corresponde a 11,30%. A quinta faixa está representada por servidores com até 25 anos com um percentual pouco significante o que corresponde a 2,26%. A distribuição dos dados por grau de escolaridade dos técnico-administrativos encontra-se na tabela 05. 61 Tabela 05: Grau de escolaridade do pesquisado Grau de estudo Frequência absoluta % Ensino médio incompleto 5 2,82 Ensino médio completo 26 14,69 Ensino superior incompleto 38 21,47 Ensino superior completo 46 25,99 Pós graduação 62 35,03 Total 177 100,00 Fonte: Dados da Pesquisa, 2010. A Tabela 05 mostra o grau de escolaridade dos servidores técnicoadministrativos. Esses dados indicam que o maior percentual foi de pós-graduados (especialização) com 35,03%, seguido dos graduados com o percentual de 25,99% e somente 2,82% dos pesquisados possuem o ensino médio incompleto. Tabela 06: Tempo de serviço no IFRN Tempo Frequência absoluta Menos de 1 ano 8 Entre 1 e 5 anos 49 Acima de 5 anos 120 Total 177 Fonte: Dados da Pesquisa, 2010. % 4,52 27,68 67,80 100,00 A Tabela 06 refere-se ao tempo de serviço dos servidores técnicoadministrativos pesquisados. Nota-se uma predominância daqueles que estão na Instituição há mais de 5 anos, totalizando 67,80%, enquanto que 27,68% estão entre 1 ano e 5 anos e 4,52% estão a menos de 1 ano. A seguir, síntese do perfil demográfico. Tabela 07: Perfil demográfico predominante do pesquisado Perfil demográfico Predominante % Gênero Masculino Estado civil Casado Faixa etária Entre 46 a 55 anos Grau de escolaridade Pós-graduação Tempo de serviço Acima de 5 anos Fonte: Dados da Pesquisa, 2010. 62,15 61,58 39,55 35,03 67,80 Na Tabela 07, encontra-se a síntese do perfil demográfico dos servidores técnico-administrativos. Verifica-se que, dentre o universo de 177 pesquisados, há predominância do gênero masculino, com 62,15%. A maioria é casada, com 62 percentual de 61,58% e estão na faixa etária entre 46 e 55 anos. O grau de escolaridade com maior percentual de 35,03% está entre aqueles que possuem pósgraduação. Quanto ao tempo de serviço com percentual de 67,80% encontram-se os servidores que estão há mais de 5 anos na Instituição. 4.1.2 Identificação das diferentes dimensões do comprometimento organizacional e qual a dimensão predominante Para atender ao segundo e terceiro objetivos específicos, que buscam identificar a existência como também a predominância de dimensões do comprometimento organizacional entre os servidores técnico-administrativos do IFRN, os dados foram processados através da estatística descritiva e da Análise de Variância (ANOVA). Os dados foram organizados e demonstrados por tabelas para cada uma das dimensões afetiva, instrumental e normativa. Cada tabela contém o grau de concordância para cada um dos indicadores, das dimensões do comprometimento organizacional. A tabela 08 com os indicadores da dimensão afetiva, a tabela 09 com os indicadores da dimensão Instrumental e a tabela 10 com os indicadores da dimensão normativa. Para estabelecer uma melhor compreensão das Tabelas das dimensões afetiva, instrumental e normativa foi elaborado um quadro fazendo referência aos níveis de concordância do comprometimento organizacional, conforme o quadro 12, que servirá de análise dos resultados. Níveis de concordância Grau de comprometimento 1 a 2 respostas de concordância Baixo 3 a 4 respostas de concordância Moderado 5 a 6 respostas de concordância Elevado Quadro 12. Níveis de concordância e grau de comprometimento. Fonte: Elaborada por Araújo (2010). 63 4.1.2.1 Dimensão afetiva É marcada por seis indicadores, conforme demonstrado na Tabela 08 que indica o grau de concordância dos respondentes. Tabela 08: Grau de Concordância dos Servidores Técnico-administrativos Campus Natal/Central sobre os indicadores do Comprometimento Organizacional na dimensão Afetiva 01 Eu seria muito feliz em Grau de Concordância dedicar o resto da minha carreira no IFRN. 02 Eu realmente sinto os problemas do IFRN como se fossem meus. Concordo totalmente 38 21 21.47 (%) 11.86 (%) 71 75 Concordo 40.11 (%) 42.37 (%) 37 30 Não sei 20.90 (%) 16.95 (%) 21 43 Discordo 11.86 (%) 24.29 (%) Discordo 10 8 totalmente 5.65 (%) 4.52 (%) 177 177 Total 100.00 (%) 100.00 (%) Fonte: Dados da Pesquisa, 2010. 03 Eu não sinto um forte senso de integração com o IFRN. 04 Eu não me sinto emocionalmen te vinculado ao IFRN. 05 Eu não me sinto como uma pessoa de casa no IFRN. 06 O IFRN tem um imenso significado pessoal para mim. 14 7.91(%) 25 14.12 (%) 16 9.04 (%) 90 50.85 (%) 32 18.08 (%) 177 100.00 (%) 7 3.95 (%) 17 9.60 (%) 12 6.78 (%) 91 51.41 (%) 50 28.25 (%) 177 100.00 (%) 6 3.39 (%) 15 8.47 (%) 12 6.78 (%) 84 47.46 (%) 60 33.90 (%) 177 100.00 (%) 62 35.03 (%) 85 48.02 (%) 18 10.17 (%) 9 5.08 (%) 3 1.69 (%) 177 100.00 (%) A Tabela 08 refere-se à dimensão afetiva. Os dados referentes à afirmativa 1 “Eu seria muito feliz em dedicar o resto da minha carreira no IFRN”, da afirmativa 2 “Eu realmente sinto os problemas do IFRN como se fossem meus” e da afirmativa 6 “O IFRN tem um imenso significado para mim”, com percentuais de 40,11%, 42,37% e 48,02%, respectivamente, apresentam grau de concordância para o comprometimento afetivo. Enquanto a afirmativa 3 “Eu não sinto um forte senso de integração com o IFRN”, a afirmativa 4 “Eu não me sinto emocionalmente vinculado ao IFRN” e a afirmativa 5 “Eu não me sinto como uma pessoa de casa no IFRN” com percentuais de 50,85%, 51,41% e 47,46%, respectivamente, embora apresentem grau de discordância para o comprometimento afetivo, para efeito de análise, devese observar que no instrumento de pesquisa, essas afirmativas 3, 4 e 5 possuem o valor invertidos no sentido da frase, ou seja, quando se responde discordo, na verdade está concordando com as afirmações. Diante dos resultados apresentados, fica demonstrado no quadro 12 a existência de um elevado grau da dimensão afetiva, por parte dos servidores da 64 instituição pesquisada. De acordo com Meyer; Allen (1997), quando afirmam que o comprometimento afetivo é um vínculo do empregado para com a organização, que é caracterizado por um sentimento de pertencer, de sentir-se bem na organização, de ver os problemas dela como se fossem seus, apresentando desta forma uma forte ligação emocional. Segundo Brandão; Bastos (1993), o comprometimento afetivo revela-se um vínculo profundo entre os servidores públicos, no seu desejo de permanecer na organização e de poder contribuir para que ela supere suas dificuldades e recupere seu prestígio perante a sociedade. Pereira (1993) em sua pesquisa, em uma universidade federal brasileira, com os técnicos-administrativos, o resultado aponta que os servidores expressaram um alto interesse em dedicar esforços para com a organização ao nível do enfoque atitudinal-afetivo. 4.1.2.2 Dimensão instrumental É marcada por seis indicadores, conforme demonstrado na Tabela 09 que indica o grau de concordância dos respondentes. Tabela 09: Grau de Concordância dos Servidores Técnico-administrativos do Campus Natal/Central sobre os indicadores do Comprometimento organizacional na dimensão Instrumental Grau de Concordância Concordo totalmente 01 02 03 04 Na situação atual ficar com o IFRN é na realidade uma necessidade quanto um desejo. Mesmo se eu quisesse seria muito difícil, para mim, deixar o IFRN agora. Se eu decidisse deixar o IFRN agora, minha vida ficaria bastante desestruturada. Eu acho que teria poucas alternativas se deixasse o IFRN. Se eu já não tivesse dado tanto de mim ao IFRN, eu poderia considerar trabalhar em outro lugar. Uma das poucas consequências negativas de deixar o IFRN seria a escassez de alternativas imediatas. 45 25.42 (%) 60 33.90 (%) 32 18.08 (%) 30 16.95 (%) 10 5.65 (%) 177 100.00 (%) 19 10.73 (%) 30 16.95 (%) 30 16.95 (%) 75 42.37 (%) 23 12.99 (%) 177 100.00 (%) 6 3.39 (%) 35 19.77 (%) 40 22.60 (%) 74 41.81 (%) 22 12.43 (%) 177 100.00 (%) 45 25.42 (%) 60 33.90 (%) 32 18.08 (%) 30 16.95 (%) 10 5.65 (%) 177 100.00 (%) 24 36 13.56 (%) 20.34 (%) 110 76 Concordo 62.15 (%) 42.94 (%) 15 27 Não sei 8.47 (%) 15.25 (%) 24 30 Discordo 13.56 (%) 16.95 (%) Discordo 4 8 totalmente 2.26 (%) 4.52 (%) 177 177 Total 100.00 (%) 100.00 (%) Fonte: Dados da Pesquisa, 2010. 05 06 65 Na Tabela 09, encontra-se referência ao comprometimento organizacional na dimensão Instrumental, analisada, a partir dos resultados que foram obtidos. Verificase que a maioria dos respondentes assinalou concordo nas afirmativas. A afirmativa 01 “Na situação atual ficar com o IFRN é na realidade uma necessidade quanto um desejo recebeu o maior percentual representando 62,15%”. Bastos (1977) define esta dimensão como forma de apego psicológico, que reflete o grau em que o indivíduo se sente prisioneiro de um lugar pelos custos associados em abandoná-lo. As afirmativas 3 e 6: “Se eu decidisse deixar o IFRN agora, minha vida ficaria bastante desestruturada e “uma das poucas consequências negativas de deixar o IFRN agora, seria a escassez de alternativa imediata”. Essas duas afirmativas tiveram na sua soma 67.80% de concordância, demonstram a existência de um grau moderado da dimensão instrumental entre os servidores técnico-administrativos da instituição pesquisada. A dimensão Instrumental entre os servidores técnico-administrativos, segundo o modelo tridimensional do Meyer; Allen (1991), indica que o funcionário permanece na organização porque precisa. Becker (1960), o indivíduo permanece na empresa devido aos custos e benefícios associados à sua saída. De acordo com Romzek (1990), o comprometimento instrumental tem menor intensidade em servidores públicos, por não terem liberdade para estabelecer benefícios e trocas que amplie seus vínculos com a organização, pois sua remuneração é fixada por leis que regem as instituições públicas. Para Siqueira; Gomide Júnior (2004), essa dimensão é a resultante dos benefícios, planos de aposentadoria e outros privilégios decorrentes dos investimentos do empregado, e pela possibilidade percebida de perder, ou de não ter como repor as vantagens dos investimentos, caso venha a se desligar da organização. 4.1.2.3 Dimensão normativa É marcada por seis indicadores, conforme demonstrado na Tabela 10 que indica o grau de concordância dos respondentes. 66 Tabela 10: Grau de Concordância dos Servidores Técnico-administrativos do Campus Natal/Central sobre os indicadores do Comprometimento Organizacional na dimensão Normativa 01 Eu não sinto nenhuma Grau de obrigação em Concordância permanecer no IFRN. 02 Mesmo se fosse vantagem para mim, eu sinto que não seria certo deixar o IFRN agora. Concordo totalmente 12 11 6.78 (%) 6.21 (%) 61 42 Concordo 34.46 (%) 23.73 (%) 21 26 Não sei 11.86 (%) 14.69 (%) 72 59 Discordo 40.68 (%) 33.33 (%) Discordo 30 20 totalmente 16.95 (%) 11.30 (%) 177 177 Total 100.00 (%) 100.00 (%) Fonte: Dados da Pesquisa, 2010. 03 04 Eu me sentiria O IFRN merece culpado se a minha deixasse o IFRN lealdade. agora. 11 6.21 (%) 33 18.64 (%) 32 18.08 (%) 68 38.42 (%) 33 18.64 (%) 177 100.00 (%) 53 29.94 (%) 79 44.63 (%) 27 15.25 (%) 12 6.78 (%) 6 3.39 (%) 177 100.00 (%) 05 06 Eu não deixaria Eu devo muito o FRN agora, ao IFRN. porque eu tenho uma obrigação moral com as pessoas daqui. 15 8.47 (%) 43 24.29 (%) 33 18.64 (%) 64 36.16 (%) 22 12.43 (%) 177 100.00 (%) 43 24.29 (%) 72 40.68 (%) 19 10.73 (%) 36 20.34 (%) 7 3.95 (%) 177 100.00 (%) Analisando a Tabela 10 sobre o enfoque normativo para Meyer; Allen (1997), os funcionários com comprometimento normativo permanecem na organização porque eles se sentem obrigados. A afirmativa 1 “Eu não sinto nenhuma obrigação em permanecer no IFRN”, com 40.86% dos respondentes que assinalaram discordo para a dimensão normativa. No entanto, para efeito de análise deve-se observar que no instrumento de pesquisa, essa afirmativa possui um sentido invertido na frase, ou seja, quando se responde discordo, na verdade está concordando com as afirmações. A afirmativa 2 “Mesmo se fosse vantagem para mim, eu sinto que não seria certo deixar o IFRN agora”, o índice de concordância foi de 34,46%. A afirmativa 4 “O IFRN merece a minha lealdade” com 44,63%, demonstra claramente o sentimento de fidelidade, obrigação moral e de dever e de culpa perante a organização (BASTOS, 1994). Já na afirmativa 6 “Eu devo muito ao IFRN”, com o percentual de 40,68%, fica evidenciada a presença do comprometimento normativo, segundo o qual os empregados internalizam o sentimento de dever moral em permanecer na organização. De acordo com as análises acima, há sinalização da existência de um grau moderado da dimensão normativa entre os servidores técnico-administrativos da instituição pesquisada. 67 A existência da dimensão Normativa entre os servidores técnico- administrativos, segundo o modelo tridimensional do Meyer; Allen (1991) indica a obrigação que os trabalhadores sentem em permanecer na organização, porque sentem que são obrigados. Para Bastos (1994), o comprometimento normativo reflete certos comportamentos por parte dos trabalhadores, não porque querem ou porque calculam que obterão benefícios, mas sim porque acreditam que é certo e moral fazê-lo. Para Bastos (1992, 1993, 1994), pressupõe que essa dimensão consiste em um conjunto de pressões normativas que são internalizadas pelos empregados, no sentido de orientar seu modo de se comportar e agir de forma congruente com os interesses organizacionais. A seguir a Tabela 11 descreve a comparação das médias correspondentes as três dimensões do comprometimento organizacional. Tabela 11: Estatística descritiva das dimensões do comprometimento organizacional com o desvio padrão Estatística descritiva Tipo de comprometimento Média Mínimo Máximo Desvio padrão 0.735 Afetivo 3.75 1.00 5.00 0.699 Instrumental 3.16 1.17 4.83 0.751 Normativo 3.20 1.5 5.00 Fonte: Dados da Pesquisa, 2010. A Tabela 11, resultado da Análise de Variância (ANOVA) demonstra que a dimensão afetiva apresentou média 3.75, posicionando-se como a mais alta se comparada às demais dimensões que apresentaram médias muito próximas 3.20 (normativa) e 3.16 (instrumental). Portanto, pela Análise de Variância comprova-se a existência das três dimensões: afetiva, instrumental e normativa, entre os servidores técnico-administrativos do IFRN – Campus Natal/Central. Essa análise confirma o resultado da estatística descritiva. 68 Figura 01: Demonstrativo do resultado da Análise de Variância – (ANOVA) Na Figura 01, considerando-se o resultado da Análise de Variância (ANOVA), fica evidenciado que para um nível de significância de 5%, existe diferença significativa entre os três tipos de comprometimentos estudados, além disso, podese observar que essa diferença está ocorrendo entre o comprometimento afetivo com instrumental e normativo, ou seja, a média do comprometimento afetivo é maior que os outros dois tipos de comprometimentos. Além disso, podemos notar na figura 1 que o desvio padrão mostra na tabela acima, que a variabilidade entre os três comprometimentos possui um comportamento semelhante. Na Tabela 12, encontra-se o resultado da Análise de Variância, resultado do comparativo das médias dos três tipos de comprometimento organizacional cuja análise foi feita para verificar a existência de diferenças entre elas. Tabela 12: Análise de Variância – ANOVA Resposta: Média dos comprometimentos GL SQ QM Fo Tipo de 2 38.809 19.405 36.564 Comprometimento Resíduos 528 280.214 0,531 Valor-p 1.343e-15 69 Pelos dados apresentados na Tabela 12 da Análise de Variância, verificou-se que para um nível de significância de 5%, usando a tabela de Análise de Variância, dado que o Valor-p é muito baixo 1,343 e -15 tem-se a evidência de que existe diferença significativa entre os três tipos de comprometimentos estudados. O resultado das análises estatísticas demonstrou a existência das três dimensões: afetiva, instrumental e normativa, confirmada pela Análise de Variância, definiu-se a predominância da dimensão afetiva entre os técnico-administrativos do IFRN – Campus Natal-/Central. 4.1.2.4 Síntese das dimensões do comprometimento organizacional O Quadro 13 a seguir, apresenta a síntese dos indicadores correspondentes às três dimensões do comprometimento organizacional com seus respectivos percentuais e médias obtidas através da ANOVA. Afirmação DIMENSÃO AFETIVA 01. Eu seria muito feliz em dedicar o resto da minha carreira no IFRN 02. Eu realmente sinto os problemas do IFRN como se fossem meus 03. Eu não sinto um forte senso de integração com o IFRN (R) 04. Eu não me sinto emocionalmente vinculado com o IFRN (R) 05. Eu não me sinto como uma pessoa de casa no IFRN (R) 06. O IFRN tem um grande significado pessoal para mim. DIMENSÃO INSTRUMENTAL 01. Na situação atual ficar no IFRN é na realidade uma necessidade quanto um desejo 02. Mesmo se eu quisesse, seria muito difícil deixar o IFRN agora 03. Se eu deixasse o IFRN agora, minha vida ficaria muito desestruturada. 04. Eu acho que teria poucas alternativas se deixasse o IFRN. 05. Se eu não tivesse dado tanto de mim ao IFRN, eu poderia considerar trabalhar em outro lugar. 06. Uma das poucas consequências negativas de deixar o IFRN seria a escassez de alternativas imediatas. DIMENSÃO NORMATIVA 01. Eu não sinto nenhuma obrigação em permanecer no IFRN (R) 02. Mesmo que fosse vantagem para mim, eu sinto que não seria certo deixar o IFRN agora. 03. Eu me sentiria culpado em deixar o IFRN agora 04. O IFRN merece a minha lealdade. 05. Eu não deixaria o IFRN agora, porque tenho uma obrigação moral com as pessoas daqui. 06. Eu devo muito ao IFRN. Predominante % Concordo Concordo Discordo Discordo Discordo Concordo 40,11 42,37 50.85 51,41 47,46 48.02 Concordo 62,15 Concordo 42,94 Concordo 33,90 Discordo 42,37 Discordo 41,81 Concordo 33.90 Discordo 40,68 Concordo 34.46 Discordo Concordo 38.42 44,63 Discordo 36,16 Concordo Quadro 13: Síntese das dimensões do comprometimento organizacional. Fonte: Dados da Pesquisa, 2010. 40.68 Média da ANOVA 3,75 3,16 3,20 70 O Quadro 13 refere-se à síntese da análise descritiva dos dados das três dimensões do comprometimento organizacional (afetiva, instrumental e normativa) dos servidores técnico-administrativos do IFRN. O resultado das análises apontou a existência das três dimensões do comprometimento organizacional, destacando que a dimensão afetiva é predominante entre esses servidores. A confirmação dos resultados dessa análise foi feita através da Análise de Variância (ANOVA) que demonstrou as médias de cada uma das dimensões. A afetiva apresentou média 3.75, seguida da normativa com 3.20 e por fim a instrumental com media 3.16. 4.2 ANÁLISE DOS DADOS A PARTIR DA ESTATÍSTICA MULTIVARIADA Nesse estudo foi realizada a análise de agrupamento, com o objetivo de dividir os 177 indivíduos pesquisados em grupos, de forma que, os indivíduos pertencentes a um mesmo grupo, fossem similares entre si quanto às três dimensões afetiva, instrumental e normativa do comprometimento organizacional. As etapas desta metodologia visam transformar um conjunto heterogêneo de unidades, em grupos que se caracterizam pela homogeneidade interna e pela heterogeneidade externa (MINGOTI, 2005). Para definir o número final de grupos, foi utilizado o Gráfico de Dendograma, método de Ward, que verifica se existem pontos de saltos na Distância Euclidiana, ou seja, onde estiver ocorrendo um ponto de salto relativamente grande em relação aos demais valores de distância, será a decisão para o número final de grupos. 4.2.1 Identificar grupos de técnico-administrativos de acordo com as dimensões do comprometimento organizacional e as suas características demográficas Respondendo ao quarto objetivo, foram organizados quatro grupos a partir das médias percentuais dos respondentes, apresentadas no Quadro 12. Foram definidos quatro grupos, de acordo com a homogeneidade e heterogeneidade dos 71 indivíduos pertencentes ao mesmo grupo, no que diz respeito às dimensões afetiva, instrumental e normativa do comprometimento organizacional. Gráfico 01: Dendograma – Método Ward Fonte: Pesquisa, 2010. Através do Gráfico 01 definiu-se que o número final de grupos é de quatro, ou seja, indivíduos pertencentes ao mesmo grupo são homogêneos e heterogêneos entre os quatro grupos quanto às três variáveis do comprometimento organizacional, estudadas na instituição pesquisada. Com isso, o número de indivíduos em cada grupo ou conglomerados fiou composto da seguinte maneira. Grupos 1 2 3 4 Frequência absoluta % 37 20,90 68 38,42 44 24,86 28 15,82 Total 177 100,00 Quadro 14: Frequências absolutas e relativas dos grupos Fonte: Dados da Pesquisa, 2010. No Quadro 14 encontra-se a frequência absoluta e relativa de cada grupo de conglomerados. O grupo 1 formado por 37 indivíduos apresentando um percentual de 20,90%. Seguido do grupo 2 com 68 indivíduos, obteve o percentual de 38,42%, apresentando maior percentual entre todos os outros. Já, o grupo 3 formado por 44 indivíduos, tem percentuais de 24,86%. Enquanto o grupo 4 com 28 indivíduos, com percentual de 15,82%, teve o menor percentual. 72 A seguir será apresentado o Quadro 15 com o demonstrativo das médias e o desvio padrão para as dimensões do comprometimento organizacional para cada um dos grupos. Média e desvio padrão para as dimensões do comprometimento organizacional Dimensão Dimensão Dimensão Grupos afetiva instrumental normativo 4,32 2,90 3,57 1. Afetivo-Normativo 0,45 0,46 0,44 3,64 3,14 2,79 2. Afetivo-Instrumental 0,42 0,45 0,44 3,95 4,00 4,12 3. Comprometidos nas três dimensões 0,53 0,42 0,51 2,67 2,28 2,44 4. Descomprometidos nas três dimensões 0,68 0,45 0,51 Quadro 15: Média e desvio padrão para as dimensões do comprometimento organizacional Fonte: Dados da Pesquisa, 2010. Grupo 1, formado por 37 (trinta e sete) indivíduos, o que corresponde a 20,90%, apresentou as seguintes médias: afetiva = 4,32, instrumental = 2,90 e normativa = 3,57. Grupo 2 é o que se apresenta com maior frequência 68 (sessenta e oito) indivíduos, o que corresponde a 38,42, apresentou as seguintes médias: afetiva = 3,64, instrumental = 3,14 e a normativa = 2,79. Grupo 3 é formado por 44 (quarenta e quatro) indivíduos o que corresponde a 24,86%, apresentou as seguintes médias: afetiva = 4,12, instrumental = 3,95 e a normativa com = 4,00. Grupo 4 é o que se apresenta com a menor frequência relativa, sendo formado por 28 (vinte e oito) indivíduos, o que corresponde a 15,86%, apresentou as seguintes médias: afetiva 2,67, instrumental 2,28 e a normativa 2,44. Através do desvio padrão, verifica-se que o grupo 1 tem maior variabilidade na dimensão afetiva enquanto o grupo 3 apresentou maior variabilidade na dimensão instrumental e normativa. A seguir, no Quadro 16, a classificação dos graus de comprometimento organizacional, seguida pelas análises dos respectivos grupos. 73 3,5 a 5,0 Grau elevado 2,5 a 3,5 Grau moderado 1,0 a 2,5 Grau baixo Quadro 16 – Grau de comprometimento organizacional dos grupos Fonte: Dados da Pesquisa, 2010. Grupo 1: Afetivo/Normativo – este grupo apresentou um elevado grau de comprometimento organizacional na dimensão Afetiva (4,32); e na dimensão Normativa (3,57) e um grau moderado na dimensão Instrumental (2,90). Observa-se que de acordo com o desvio padrão este grupo apresenta maior variabilidade na dimensão afetiva. Neste grupo, há uma pequena predominância do gênero feminino com 51,35%, em duas faixas etárias: de 46 e 55 anos (32.43%), de 26 a 35 anos (27,03); o grau de escolaridade com especialização e o tempo de serviço é superior a cinco anos. De acordo com as características apresentadas neste grupo, presumese que ele é formado por indivíduos que possuem valores centrados na família e no trabalho pela predominância de casados, demonstrando uma forte relação de afetividade com a organização, que valorizam o trabalho como parte integrante de suas vidas, como também as centralizam na família. De acordo com Borges-Andrade (1989), as variáveis que resultaram em um maior valor explicativo (afetiva e normativa) referem-se à imagem da organização e às oportunidades de crescimento na carreira. Conforme Medeiros (1997), este é o grupo que tem, em sua formação, indivíduos que internalizam os valores e as normas da organização, como também são centrados no trabalho. Grupo 2: Afetivo/Instrumental – este grupo apresentou um elevado grau de comprometimento organizacional na dimensão afetiva ( 3,64), um grau moderado de comprometimento organizacional na dimensão instrumental (3,14) e na dimensão normativa (2,79). Neste grupo observa-se a predominância do gênero masculino com (64,71%), casados, com duas faixas etárias: de 26 e 35 anos com (32,35%) e de 46 a 55 anos com 30,88% , com pós graduação e com um tempo de serviço há mais de 5 anos na Instituição. Talvez este grupo seja o que possui mais características que se aproximam dos conceitos originais de Porter; Smith (apud MOWDAY; STEERS; PORTER, 1979) a cerca do que é ser comprometido. Grupo 3: Comprometido nas três dimensões – apresentou grau elevado de comprometimento organizacional na dimensão afetiva (4,12) instrumental (3,95) e normativa (4,00). O grupo apresentou um desvio padrão com maior variabilidade nas 74 dimensões afetiva e normativa. Esse grupo é formado predominantemente pelo gênero masculino com 77,27%, casados, na faixa etária entre 46 e 55 anos, com a escolaridade referente ao superior incompleto, e com um tempo de serviço superior a 5 anos na Instituição . Segundo Medeiros (1997), os indivíduos que formaram esse grupo são aqueles em que o trabalho tem um grande valor em suas vidas e, portanto, estão mais centrados no trabalho do que na organização. Grupo 4: Descomprometido nas três dimensões – esse grupo apresentou um baixo grau de comprometimento nas três dimensões: a afetiva com (2,67), seguida da Instrumental com (2.28) e por último a normativa com (2.44). Nesse grupo, 50% dos indivíduos são do gênero masculino e 50% do gênero feminino, casados e estão posicionados em duas faixas etárias: de 26 a 35 (35,71%) e de 46 a 55 anos (32,14%). O grau de escolaridade predominante foi para especialização (46,43%). Nesse grupo a maioria dos servidores estão na Instituição a mais de 5 anos. Esse é o grupo com a menor frequência absoluta (28) cujos componentes são classificados como descomprometidos nas três dimensões e são os que atribuem o menor valor do trabalho em suas vidas. Analisando-se o desvio padrão, observa-se que o grupo 4 teve maior variabilidade na dimensão afetiva, enquanto o grupo 3, teve maior variabilidade nas três dimensões do comprometimento organizacional. Na tabela 13 a seguir, encontram-se distinguidas as médias e o desvio padrão através do perfil demográfico apresentado pelos docentes, separados pelos grupos em cada uma das três dimensões do comprometimento organizacional. 75 Tabela 13: Média e desvio padrão das três dimensões do comprometimento organizacional nos grupos quanto ao perfil demográfico do entrevistado Dimensões do Comprometimento Organizacional Afetivo Instrumental Normativo Perfil demográfico Grupos Grupos Grupos 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 Gênero 3,72 4,22 2,46 2,92 3,13 3,85 2,20 3,46 2,70 3,97 2,42 4,29 Feminino 0,37 0,29 0,49 0,74 0,53 0,43 0,35 0,52 0,43 0,46 0,52 0,56 4,36 3,59 4,09 2,88 2,87 3,15 3,98 2,36 3,68 2,84 4,01 2,46 Masculino 0,53 0,47 0,54 0,55 0,39 0,46 0,43 0,36 0,43 0,43 0,51 0,47 Estado civil 3,67 4,09 2,68 2,95 3,12 3,98 2,22 3,70 2,93 4,00 2,43 4,17 Casado 0,38 0,427 0,53 0,66 0,44 0,41 0,42 0,47 0,45 0,38 0,55 0,49 4,50 3,64 4,28 2,65 2,78 3,08 4,06 2,38 3,30 2,65 3,72 2,47 Solteiro 0,65 0,34 0,42 0,73 0,43 0,40 0,49 0,40 0,35 0,49 0,31 0,57 4,57 3,49 4,12 --- 2,85 3,42 3,74 --- 3,41 2,50 4,21 --Outros 0,35 0,59 0,65 --- 0,57 0,66 0,30 --- 0,34 0,41 0,40 --Faixa etária 4,67 3,75 --- 3,00 2,67 2,83 --- 2,67 2,83 3,08 --- 2,17 Até 25 anos --0,35 ------- 0,23 ------- 0,12 ----3,76 4,17 2,95 2,85 3,12 4,00 2,23 3,62 2,74 3,50 2,23 Entre 26 e 35 4,23 anos 0,48 0,28 0,00 0,47 0,45 0,44 0,24 0,45 0,31 0,43 0,24 0,42 Entre 36 e 45 4,44 3,60 4,09 2,87 2,85 3,31 3,83 2,08 3,52 2,70 4,04 2,62 anos 0,46 0,57 0,58 0,76 0,65 0,52 0,37 0,68 0,36 0,45 0,68 0,55 Entre 46 e 55 4,21 3,56 4,18 2,20 2,80 3,08 3,95 2,33 3,73 2,89 3,99 2,52 anos 0,48 0,38 0,53 0,70 0,39 0,40 0,42 0,32 0,52 0,47 0,46 0,62 4,49 3,60 3,77 2,75 3,25 3,03 4,20 2,37 3,33 2,80 4,13 2,67 Acima de 55 anos 0,31 0,53 0,53 0,74 0,27 0,38 0,50 0,56 0,42 0,50 0,50 0,47 Grau de escolaridade Ensino Médio --3,67 3,58 3,16 --- 3,00 4,33 2,25 --- 2,83 3,91 2,83 Incompleto ----- 0,35 0,23 ----- 0,23 0,82 ----- 0,12 0,23 Ensino Médio 4,25 3,36 4,05 1,92 3,19 3,19 4,04 2,41 3,54 2,97 3,85 2,41 Completo 0,49 0,54 0,44 0,35 0,31 0,51 0,37 0,59 0,29 0,48 0,61 0,83 Ensino Superior 4,08 3,60 4,02 2,00 3,08 3,33 3,91 2,17 3,67 2,61 4,09 3,17 --incompleto 0,12 0,43 0,54 --- 0,12 0,54 0,43 --- 0,00 0,38 0,51 3,72 4,15 2,61 2,72 3,03 3,99 2,50 3,48 2,94 4,08 2,47 Ensino Superior 4,41 Completo 0,46 0,31 0,61 0,67 0,50 0,33 0,43 0,31 0,43 0,28 0,55 0,45 4,34 3,69 4,50 2,81 2,83 3,07 3,81 2,10 3,61 2,75 3,89 2,35 Pós-Graduação 0,47 0,44 0,42 0,69 0,48 0,42 0,46 0,46 0,52 0,55 0,45 0,54 Tempo de serviço 4,50 3,87 --- 2,83 3,08 3,00 --- 2,33 3,50 2,77 --- 2,83 Menos de 1 ano 0,71 0,14 ----- 0,12 0,51 ----- 0,24 0,59 ----4,48 3,75 4,50 2,93 2,89 3,17 3,75 2,18 3,48 2,77 4,00 2,28 Entre 1 e 5 anos 0,38 0,31 0,47 0,56 0,35 0,39 0,59 0,52 0,38 0,40 0,47 0,48 4,25 3,54 4,09 2,42 2,88 3,17 3,96 2,37 3,60 2,80 3,99 2,56 Acima de 5 anos 0,46 0,47 0,53 0,72 0,52 0,48 0,41 0,38 0,47 0,46 052 0,53 Grupo 1 Analisando este grupo observa-se que os servidores do gênero masculino apresentaram maiores médias na dimensão afetiva e normativa. Enquanto o gênero feminino se destacou com maior média na dimensão instrumental. 76 Quanto ao estado civil, dos pesquisados nota-se que outros obteve maior media na dimensão afetiva, casado obteve maior média na dimensão normativa e na dimensão instrumental. Na faixa etária, pode-se notar que a dimensão afetiva obteve a maior média, com os servidores com até 25 anos, na dimensão instrumental a maior média ficou com os que estão acima de 55 anos e na dimensão normativa a maior média foi obtida pelos servidores que estão entre 46 e 55 anos. Quanto ao grau de instrução a maior média na dimensão afetiva, foi obtida pelos pesquisados que tem pós-graduação, os que têm ensino médio completo são mais comprometidos na dimensão instrumental, enquanto os que têm ensino superior incompleto, seguido dos que tem ensino superior completo são mais comprometidos na dimensão normativa. Em relação ao tempo de serviço, os pesquisados que tem menos de 1 ano, seguido dos que tem entre 1 e 5 anos foram os que apresentaram maiores médias, na dimensão afetiva, já na dimensão instrumental a maior média também ficou entre os servidores com menos de 1 ano na instituição, enquanto na dimensão normativa a maior média foi obtida pelos servidores com mais de 5 anos de serviço. Grupo 2 No grupo 2 encontra-se os funcionários que tiveram maior média na dimensão afetiva, do gênero feminino, casada, com idade entre 26 e 35 anos, seguida de até 25 anos, com ensino superior completo e com menos de 1 ano na Instituição. Na dimensão instrumental, os funcionários com maior média são do gênero masculino, seguido do gênero feminino, estado civil outros, na faixa etária entre 36 e 45 anos, com ensino superior incompleto e com tempo de serviço de 1 a 5 anos e a mais de 5 anos na instituição. Quanto a característica dos indivíduos com maior média na dimensão normativa, foram os funcionários do gênero masculino, casado, com idade até 25 anos, com ensino médio completo, e o tempo de serviço corresponde a todas as faixas, ou seja, servidores com menos de 1 ano e entre 1 e 5 anos, como também os que se encontram a mais de 5 anos na Instituição. 77 Grupo 3 O grupo 3 é formado por funcionários que tiveram maior média na dimensão afetiva, são indivíduos do gênero feminino, solteiro, com idade entre 46 e 55 anos, seguidos dos que tem entre 26 a 35 anos, com pós graduação e entre 1 e 5 anos se serviço prestado na Instituição. Na dimensão Instrumental, os funcionários com maior média são do gênero masculino, estado civil solteiro, na faixa etária acima de 55 anos, com ensino médio incompleto e a mais de 5 anos de tempo de serviço na instituição. Quanto à característica dos indivíduos com maior média na dimensão normativa, foram os funcionários do gênero masculino, estado civil outros, com idade acima de 55 anos, ensino superior incompleto, seguido do ensino superior completo e com tempo de serviço entre 1 e 5 anos seguido dos que estão a mais de 5 anos na Instituição. Grupo 4 Por último o Grupo 4 no qual os funcionários que tiveram maior média na dimensão afetiva são do gênero masculino, casado, na faixa etária de até 25 anos, com ensino médio incompleto e tempo de serviço de 1 e 5 anos na Instituição. Na dimensão instrumental, os funcionários com maior média são do gênero masculino, solteiros, na faixa etária de até 25 anos, com ensino superior completo e com tempo de serviço acima de 5 anos na Instituição. Quanto à característica dos servidores com maior média na dimensão normativa são do gênero masculino, solteiro, com idade acima de 55, ensino superior incompleto e o tempo de serviço na instituição é menos de 1 ano seguido dos que estão a mais de 5 anos. 78 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Esta pesquisa teve como principal objetivo identificar as dimensões do comprometimento organizacional (afetiva, instrumental e normativa) dos servidores técnico-administrativos do IFRN Campus Natal/Central. Para atingir o objetivo geral, foi necessário traçar o perfil demográfico dos técnico-administrativos; identificar a existência de diferentes dimensões do comprometimento organizacional, como também verificar qual a dimensão predominante entre eles, e finalmente, verificar os grupos desses servidores de acordo com as dimensões do comprometimento organizacional e às suas características demográficas. O primeiro objetivo específico pretendeu identificar o perfil demográfico dos servidores técnico-administrativos. Para atender a esse objetivo, foi utilizada a estatística descritiva, apontado os seguintes resultados: predominância do gênero masculino, estado civil casado, com pós-graduação, na faixa-etária de 46 a 55 anos de idade e com mais de 5 anos na instituição. O segundo e o terceiro objetivo específico tiveram como intenção identificar a existência de diferentes dimensões do comprometimento organizacional e verificar qual a dimensão predominante entre os servidores em estudo da Instituição pesquisada. Os resultados da pesquisa apontaram a existência das três dimensões do comprometimento organizacional: afetiva, instrumental e normativa entre os servidores técnico-administrativos do IFRN. A pesquisa indicou grau elevado nas três dimensões do comprometimento organizacional, entre os pesquisados, o que caracteriza forte identificação com os objetivos e valores da Instituição. Demonstrando dessa forma à existência de um vínculo emocional, que poderá ser justificado pela estabilidade do emprego, as oportunidades que a Instituição oferece para elevação da escolaridade, a tradição e o respeito que ela tem perante a comunidade. A dimensão afetiva é a predominante entre os servidores pesquisados. Quanto à dimensão normativa, os dados apontaram a sua existência entre os pesquisados, o que poderá ser explicado pelo fato desses servidores apresentarem uma forte ligação com a missão da Instituição, como também, para executarem suas atividades, necessitam estarem atrelados às normas, regulamentos e às legislações 79 pertinentes ao serviço público. Em se tratando da dimensão instrumental, os dados apontaram também a sua existência entre os pesquisados, que são aqueles que permanecem na Instituição devido aos benefícios adquiridos, como também aos custos associados a sua saída, mesmo tendo interiorizado a cultura e possuírem laços de afetividade com a Instituição. O quarto objetivo específico retratou identificar e caracterizar grupos de técnico-administrativos de acordo as dimensões do comprometimento organizacional e as suas características demográficas foi feita análise multivariada a qual identificou a existência de quatro grupos entre os servidores: Grupo 1 – Afetivo/Normativo; Grupo 2 – Afetivo/Instrumental; Grupo 3 – Comprometido nas três dimensões; Grupo 4 – Descomprometido nas três dimensões. Conclui-se que os objetivos da pesquisa foram atingidos pelos resultados obtidos. Em se tratando de uma pesquisa exploratória, esse estudo traz várias recomendações, entre as quais se destaca: Um estudo comparativo do comprometimento organizacional dos servidores técnico-administrativos, utilizando outras técnicas estatísticas, fazendo correlações com fatores antecedentes, consequentes e correlatos; A aplicação desse estudo nos novos Campi para poder se obter o desenho do comprometimento organizacional do Instituto; Novas pesquisas relacionando o comprometimento organizacional e o desempenho dos servidores técnico-administrativos que possa complementar este estudo; Do ponto de vista prático, os resultados apontados neste estudo poderão nortear políticas de gestão estratégica de pessoas, que venham ampliar o nível de comprometimento organizacional entre os servidores técnico-administrativos da Instituição pesquisada. 80 REFERÊNCIAS ABREU, L. C. 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O questionário é composto de duas partes: Parte 1: com 5 questões Parte 2: com 18 questões Trata-se de um estudo com finalidade acadêmica para subsidiar a elaboração da dissertação de mestrado do Programa de Pós Graduação em Administração da UNP tendo como orientadora a Dra. Nilda Leone. Como o tempo é escasso para todos nós, solicitamos a sua colaboração, pois dela depende o êxito deste estudo. Informamos também: Não se identifique Sigilo absoluto das respostas As informações serão analisadas de forma agrupada. PARTE 1 – Geral (CARACTERIZAÇÃO) 1. SEXO ( ) MASCULINO ( ) FEMININO ( ( ) CASADO (A) ) VIÚVO (A) 2. ESTADO CIVIL ( ( ( ) SOLTEIRO (A) ) DESQUITADO (A)/DIVORCIADO (A) ) OUTROS 3. GRAU DE ESCOLARIDADE ( ( ( ) FUNDAMENTAL II ) SUPERIOR INCOMPLETO ) PÓS-GRADUAÇÃO ( ( ) FUNDAMENTAL II incompleto ) SUPERIOR COMPLETO No caso de ter concluído curso superior. Indicar a graduação ___________________________ Se for pós-graduado, indicar a área: ( ) Especialização _____________________________ ( ) Mestrado _____________________________ ( ) Doutorado _____________________________ 4. FAIXA ETÁRIA ( ( ( ) ATÉ 25 ANOS ) DE 36 A 45 ANOS ) ACIMA DE 55 ANOS ( ( ) DE 26 A 35 ANOS ) DE 46 A 55 ANOS ( ) DE 1 A 5 ANOS 5. TEMPO DE SERVIÇO ( ( ) MENOS DE 1 ANO ) ACIMA DE 5 ANOS PARTE 2 – Específica Até que ponto você concorda ou discorda com as afirmações a seguir. (Escreva com o número desejado ao lado de cada proposição) 1 DISCORDO TOTALMENTE 2 DISCORDO 3 NÃO SEI 4 5 CONCORDO CONCORDO TOTALMENTE 01. Eu seria muito feliz em dedicar o resto da minha carreira no IFRN. 02. Eu realmente sinto os problemas do IFRN como se fossem meus. 03. Eu não sinto um forte sendo de integração com o IFRN. 04. Eu não me sinto emocionalmente vinculado ao IFRN. 05. Eu não me sinto como uma pessoa de casa no IFRN. 06. O IFRN tem um grande significado pessoal para mim. 07. Na situação atual ficar no IFRN é na realidade uma necessidade quanto um desejo. 08. Mesmo se eu quisesse, seria muito difícil, deixar o IFRN agora. 09. Se eu decidisse deixar o IFRN agora, minha vida ficaria bastante desestruturada. 10. Eu acho que teria poucas alternativas se deixasse o IFRN . 11. Se eu já não tivesse dado tanto de mim ao IFRN, eu poderia considerar trabalhar em outro lugar. 12. Uma das poucas consequências negativas de deixar o IFRN seria a escassez de alternativas imediatas. 13. Eu não sinto nenhuma obrigação em permanecer no IFRN. 14. Mesmo se fosse vantagem para mim, eu sinto que não seria certo deixar o IFRN agora. 15. Eu me sentiria culpado se deixasse o IFRN agora. 16. O IFRN merece a minha lealdade. 17. Eu não deixaria o IFRN agora, porque tenho uma obrigação moral com as pessoas daqui. 18. Eu devo muito ao IFRN.