Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Introdução à Farmacoeconomia: Notas de Aula do Curso de ATS Giácomo Balbinotto Neto (PPGE/UFRGS) Ricardo Letizia Garcia (UERGS) Bibliografia Economia da Saúde Fundamentos Economia: É o estudo de como indivíduos e sociedades exercem a opção de escolha na alocação dos escassos recursos entre as alternativas que competem pelo seu uso, e como estes escassos recursos são distribuídos entre os membros da sociedade. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 1 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Economia da Saúde Fundamentos A Economia é a ciência da escassez e da escolha. A Economia analisa o modo pelo qual os indivíduos estruturam e priorizam seu consumo pessoal na tentativa de maximizar o bem-estar dentro de um contexto de recursos escassos. Walley, Haycox and Bolland (2004, p.1) Economia da Saúde Fundamentos Economia da Saúde: É o estudo de como indivíduos e sociedades exercem a opção de escolha na alocação dos escassos recursos destinados à área da saúde entre as alternativas que competem pelo seu uso, e como estes escassos recursos são distribuídos entre os membros da sociedade. Economia da Saúde Fundamentos Understanding what economics can and canott do is the first and posibly most important step in using economics as a toll of public policy. Economics cannot provide solutions to all problems of medical care acess and delivery. If can offer a framework to study the implications of individual decision making and help define the alternative mechanism available to improve resource allocation. When using economics to study medical care, it is important to avoid extremes. Arging that economics does not matter (or at least should not matter) when it comes to medical care issues is as ill advised as arging that economics is all that matters. We cannot avoid the economic implications of our actions in this important arena any more than we can avoid the moral implications. James Henderson (1999, p. 31) Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 2 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Economia da Saúde Fundamentos Recursos são escassos e finitos Ser humano = Infinito necessitar e querer. O Custo da oportunidade. Economia da Saúde Fundamentos Escassez Não há e nunca haverá recursos suficientes para satisfazer todas as necessidades e o querer do ser humano. Exemplo Clássico: Área da saúde !!! Economia da Saúde Fundamentos Recursos Escassos e Finitos Processo de Escolha: O que fazer ? O que deixar de fazer? Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 3 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Economia da Saúde Fundamentos Recursos Escassos e Finitos Processo de Escolha O que fazer ? O que deixar de fazer? Economia da Saúde Fundamentos Os futuros tomadores de decisção irão necessitar treinamento e conhecimento em: – – – – – – – Ciências naturais Estatística; Epidemiologia; Ciências comportamentias Ètica; Analise de decisção Economia. Economia da Saúde Fundamentos If we have unlimited demands but limited resources, we have to make choices. When we try to choose which demands should be satisfied from our scarce resources, we have to set priorities. Thisis the true of organizations as well as individuals, and migth be specially true in healthcare system. Walley, Haycox and Bolland (2004, p. 2) Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 4 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise Econômica em Saúde “ Quando duas ou mais estratégias são comparadas considerando-se suas conseqüências e custos”. Economia da Saúde A Economia da Saúde a aplicação dos métodos de análise econômica aos cuidados médicos e é usada para ajudar os tomadores de decisão nas escolhas que fazem. Ela analisa a oferta e demanda por cuidados médicos, bem como provê uma estrutura para que possamos compreender as decisões e conseqüências que são tomadas nesta área. Walley, Haycox and Bolland (2004, p.3) Análise Econômica em Saúde Health economics is not inherently difficult to understand. Its simple premisse is that decision making concerning health care choices should be based upon evaluation and comparion of both the costs and benefits arising from all the therapeutic options available, and that the best decision making requires a sensitive balance of both of these dimensions. Walley, Haycox and Bolland (2004, p.16) Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 5 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise Econômica em Saúde Dúvidas do dia-a-dia: Procedimento A B Cura 95% 90% Custa 300 20 Qual importância – cura x valor $ ? Análise Econômica em Saúde Dúvidas do dia-a-dia: Industria de insumos Cenário Durabilidade Custo Prótese A 8 anos 4.000 Prótese B 12 anos 9.000 Economia da Saúde Informações necessárias para a realização de uma análise econômica – – – – – – População a ser estudada; Estratégias a serem comparadas; Medida da conseqüência/beneficio; Ponto de vista da análise: público, privado, Local da análise: município, estado, país; Período da análise. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 6 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Questões Eficácia Ele pode funcionar sob circustâncias ideais? Efetividade Eficiência compensam custos? Ele funciona na prática? Os benefícios os Avaliação Econômica Avaliação de Tecnologias em Saúde Farmacoeconomia Avaliaç Avaliações econômicas procuram auxiliar sobre decisões de alocaç alocações de recursos e não tomá tomá-las. las. Drummond, Michael F. et al, JAMA 1997;277:19:15521997;277:19:1552-1557 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 7 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Avaliações Econômicas em Saúde Avaliação econômica é: uma análise comparativa dos alternativos cursos de ação tanto em termos de custos como de consequências. Drummond (1997) O Plano de Custo Efetividade Custo Higher Rejeita o tratamento A Piora ? Better A Efeito ? Efeito Adota o tratamento A Custo Custo Avaliação de Tecnologias em Saúde ATS refere-se a uma avaliação sistemática das propriedades, efeitos e impactos da tecnologia de cuidados médicos. Ela visa avaliar as conseqüências diretas e indiretas das tecnologias adotadas. Seu objetivo principal é informar aos formuladores de políticas em saúde. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 8 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Economia da Saú Saúde: de: Aceitaç Aceitação e Regulaç Regulação Regulação Alta Australia Canada UK França Espanha Baixa baixa Alemanha Japão Italia Holanda EUA Alta Aceitação Aplicação da FarmacoeconomiaConsequências de uma Má Decisão • Abandono precoce de uma linha de pesquisa; • Redução de escolha clínica (importante em resistência, efeitos colaterais – antivirais, antibióticos, anti-inflamatórios); • Redução de competição; • Redução de continuação de pesquisa (inovação incremental – usos específicos, outras indicações, grupos especiais, melhor conveniênica e tolerabilidade); Fonte: Phrma ; Neumann PJ. Health Affairs 2000;19 Pressões sobre os custos em saúde e o surgimento da farmaeconomia Novas Tecnologias Aumento na demanda Gastos com saúde Aumento das expectativas Regulamentação Governamental Envelhecimento da população Probelmas estruturais Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 9 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Origens da Farmacoeconomia O primeiro trabalho de análise econômica de medicamentos foi publicado em 1979 (Bootman et al., 1979). Apesar disto, o termo farmacoeconomia surgiu na literatura em 1986 com a publicação do artigo "Post Marketing Drug Research and Development" (Townsend, 1987; Bootman et al., 1996). Origens da Farmacoeconomia A Austrália foi o primeiro país a aplicar e elaborar diretrizes para a avaliação econômica de medicamentos. Posteriormente, outros países, como Canadá, Inglaterra, Espanha e Itália iniciaram estudos nesta área. Origens da Farmacoeconomia Na definição estabelecida por Townsend (1987) e usualmente difundida, a farmacoeconomia representa a descrição e análise de custos da terapia medicamentosa para o sistema de saúde e sociedade. Neste conceito amplo, o termo engloba todos os aspectos econômicos dos medicamentos: o seu impacto na sociedade, na indústria químicofarmacêutica, nas farmácias, nos formulários nacionais, o que significa dizer que, quase, todas as áreas relacionadas a medicamentos são vinculadas a questões econômicas (Sacristán Del Castilho, 1995). Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 10 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Origens da Farmacoeconomia A relação entre medicamentos e economia é estudada pela farmacoeconomia, a qual representa uma área da economia da saúde, que foi utilizada intuitivamente durante muitos anos, emergindo como disciplina no final da década de 1980, devido ao agravamento da crise financeira do setor da saúde e dos custos com medicamentos. Secoli & Zanini (1999). 31 Origens da Farmacoeconomia Na avaliação econômica global de um medicamento distingue-se a avaliação clínica, baseada na eficácia ou efetividade, e a avaliação farmacoeconômica, baseada na eficiência, em que se inclui o cálculo de custos. Desta forma, qualquer método que traga informações sobre custos e efeitos de um medicamento pode ser utilizado como base para a realização de uma avaliação farmacoeconômica Sacristán Del Castilho (1995). 32 Origens da Farmacoeconomia Economic evaluation of pharmaceutical products, or pharmacoeconomics, is a rapidly growing area of research. Pharmacoeconomic evaluation is important in helping clinicians and managers make choices about new pharmaceutical products and in helping patients obtain access to new medications. Over the last few years, the scientific rigor of this field has increased greatly. At the same time, new types of analysis, based on prospective data collection, have been developed. Kevin A. Schulman and Benjamin P. Linas Annual Review of Public Health, Vol. 18: 529-548 (Volume publication date May 1997) Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 11 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Questões Farmacoeconômicas - qual a melhor droga para um determinado paciente? - qual a melhor droga para uma indústria farmacêutica desenvolver ou para um país investir? - quais drogas devem ser incluídas num protocolo médico? - qual o custo por qualidade de vida por uma droga? - a qualidade de vida do paciente irá sofrer uma melhoria pela adoção de uma determinada terapia? - quais são os resultados para o paciente das várias modalidades de tratamento? Quais são os Usuários das Avaliações Econômicas Administradores em Hospitais ou de planos de saúde; Companhias Farmacêuticas; Governo/Formuladores de Política Econômica; Pesquisadores. Definição de Farmacoeconomia Pharmacoeconommics is a branch of health economics which paraticulary focues upon the costs and benefits of a drug therapy. A knowledge og pharmacoeconomics is therefore vital for clinical pharmacologists who are involved in promoting rational prescribing or in clinical trials which incorporate na economic component. Walley & Haycox (1997, p. 343) Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 12 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Definição de Farmacoeconomia Pharmaecoeconomics is the branch of economics related to the most economical and eficient use of phamraceuticals; economics approaches are applied to pharmaceuticals to guide the use of limited resources to yield maximum value to patients, health care payers and society in general. Arenas-Guzman , Tosti, Ray e Haneke (2005, p. 34) Definição de Farmacoeconomia Pharmacoeconomics may be considered to involve the study of how to generate the most benefit, enhance the patient survival and quality of life, and the effect of lowest overall cost. Or it may be considered to involve evaluation of a drug’s clinical, economic, and humanistic attributes , and their effect on health-resources utilization and costs. Celia C, D’Errico (1998, p. S51) Definição de Farmacoeconomia Farmacoeconomia é a aplicação das ferramentas da teoria econômica no campo da assistência farmacêutica, como a gestão de serviços farmacêuticos, a avaliação da prática profissional e a avaliação econômica de medicamentos. A farmacoeconomia examina os custos e as conseqüências econômicas da farmacoterapia para o paciente, o sistema de saúde e a sociedade. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 13 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Definição de Farmacoeconomia Farmacoeconomia é uma ferramenta que auxilia na identificação de produtos e serviços farmacêuticos cujas características possam conciliar as necessidades terapêuticas com as possibilidades de custeio. A farmacoeconômica utiliza instrumentos de análise econômica para examinar os resultados ou o impacto dos diversos tratamentos alternativos e intervenções relacionadas com os cuidados em saúde. 40 Definição de Farmacoeconomia Pharmacoeconomics hs been defined as the description and analysis of the cost of drug therapy to health care systems and society. Pharmacoeconomics research identifies, measures, and compares the costs (i.e, resources consumed) and consequences (clinical, economic, and humanistic) of pharmaceutical products and services. Within this framework are included the research methods related to costs minimization, cost-effectiveness, costbenefit, cost-of illness, cost-utility, and decision analysis, as well as quality-of-life, and other humanistic assesments. In essence, pharmacoeconomic analysis uses tools for examining the impact (desirable and undesirable) of alternative drug therapies and other medical interventions. Bootman, Townsend e McGhan (1996, p. 7) Definição de Farmacoeconomia By definition, pharmaeconomics evaluations include any study designed to acess the costs (i.e., resources consumed) and consequences (clinical and humanistic) of alternative therapies. This includes such methodologies as cost-benefit, cost-utility and costeffectiveness. Bootman, Townsend e McGhan (1996, p. 9) Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 14 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Definição de Farmacoeconomia Pharmaecoecnomics is a specific form of health economics that is restricted to pharmaceutical products. Pharmacoeconomics can be described as a social science concerned with the impact of pharmaceutical products and services on individuals, health systems and society,as well as the description and analysis of the costs. One of the primary gols of pharmecoeconomics is to determine which healthcare alternatives provide the best healthcare outcome per dollar spent. Pharmecoeconomics aims to improve the allocation of resources for pharmaceutical products and services. Wertheimer & Chaney (2003, p. 2) Definição de Farmacoeconomia Pharmacoeconomics adopts and applies the principles and methodologies of health economics to the field and pharmaceutical policy (supply and demand for medicines). Walley, Haycox and Bolland (2004, p.1) Definição de Farmacoeconomia Pharmaeconomics decribes and analyses the costs of drug theerapy to health care system and society. It identifies, measures, and compares the costs, and consequences of phamaceutical products and services, with its research methods related to cost-minimization, cost-effectiveness, cost-benefit, cost-of-illness, costutility, decision analysis of life assesments. K.C. Carriere & Rong Huang (2001, p.19) Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 15 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Definição de Farmacoeconomia Pharmaeconomics is a process used to identify, measure, and compare the costs and consequences of relevant medical interventions (e.g. drug, services, diagnostic tests) and their impact on patients, health care systems, and society. Susan K. Maue & Richard Segal (2001, p. 145) Definição de Farmacoeconomia Farmacoeconomia é uma disciplina que avalia o impacto dos produtos e serviços farmacêuticos nos resultados de saúde e custos para os sistemas provedores de saúde e ara a sociedade. 47 Definição de Farmacoeconomia A farmacoeconomia representa um valioso instrumento de apoio para tomada de decisões, que envolvem avaliação e direcionamento de investimentos baseados numa distribuição mais racional de recursos, permitindo aos profissionais conciliar necessidades terapêuticas com possibilidades de custeio individual, das empresas provedoras de serviços ou de sistemas de saúde. Isto tem permitido incorporar um novo critério - o econômico - na escolha de alternativas terapêuticas. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 16 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Definição de Farmacoeconomia A International Society for Pharmacoeconomics and Outcomes Research - ISPOR define farmacoeconomia como o campo de estudo que avalia o comportamento de indivíduos, empresas e mercados com relação ao uso de produtos, serviços e programas farmacêuticos, e que freqüentemente enfoca os custos e as conseqüências desta utilização (Pashos et al., 1998). Definição de Farmacoeconomia O termo farmacoeconomia é utilizado, também, de forma mais restrita como sinônimo da avaliação econômica de medicamentos. Nesta acepção, as análises consideram o custo e resultados na escolha entre alternativas terapêuticas (Sacristán Del Castilho, 1995; Velásquez, 1999). Definição de Farmacoeconomia Na avaliação econômica global de um medicamento distingue-se a avaliação clínica, baseada na eficácia ou efetividade, e a avaliação farmacoeconômica, baseada na eficiência, em que se inclui o cálculo de custos. Desta forma, qualquer método que traga informações sobre custos e efeitos de um medicamento pode ser utilizado como base para a realização de uma avaliação farmacoeconômica (Sacristán Del Castilho, 1995). Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 17 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Definição de Farmacoeconomia O custo representa o valor de todos os insumos (trabalho, materiais, pessoal, entre outros) utilizados na produção e distribuição de bens ou serviço (Finkler, 1982; Bombardier & Eisenberg, 1985). Ele representa o elemento comum dos métodos da farmacoeconomia, que engloba os recursos considerados relevantes na aplicação do tratamento. Definição de Farmacoeconomia ... Pharmecoeconomics identifies and attributes monetary dimensons to health interventions comparing their results to the results of similar interventions and the results of diferent interventions (which could well be the simple observation of health status). So, pharmacoeconomics allows the determination of the health gain can be achieved after investigating a speficic ammount of resources. In other words, pharmacoeconomics provides scientific criteria for decisions on the necessary amount of resources for a given area, during a given time, to provide more efficient and rational money allocation. Tatsch & Vianna (2006, p.51) A Relevência da Farmacoeconomia Pressões Políticas Administração dos cuidados de saúde Orçamentos Hospitalares Pesquisa Farmacoeconômica Marketing farmacêutico Planos de Saúde Governo Federal Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 18 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Para que Farmacoeconomia? • Novas Tecnologias oferecem benefícios potenciais e custos adicionais • Pagadores estão cada vez mais preocupados com Cuidados da Saúde e Custos Farmacêuticos • Análise Custo-Efetividade pode prover para pagadores: – Reembolso – Seleção de Tratamento – Seleção de População de Pacientes Objetivos da Farmacoeconomia A farmacoeconomia busca prover os pagadores(governos ou planos de saúde), médicos e pacientes com uma informação explicita sobre o retorno, o investimento e as relação entre os dois. Miller (2005, p.2), Pharmacoeconomics Objetivos da Farmacoeconomia A farmacoeconomia adota e aplica os princípios e metodologias da economia da saúde ao campo dos fármacos e da política farmacêutica. A avaliação farmacoeconômica utiliza, então, uma ampla gama de técnicas usadas na avaliação da economia da saúde num contexto específico da administração da saúde e medicina. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 19 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Objetivos da Farmacoeconomia A farmacoeconomia busca informar aos tomadores de decisão o custo-efetividade relativo das tecnologias em saúde e pode prover uma abordagem racional ao racionamento. Contudo, tais decisões podem estar limitadas por dois fatores: (i) disponibilidade orçamentária (affordability) – se não houver recursos para financiar uma nova intervenção, independentemente de quão eficiente ela seja, então ela não pode ser fornecida. (ii) motivos políticos: pode ser difícil recusar-se a aceitar uma droga, mesmo se ela se mostrar ineficiente. Objetivos da Farmacoeconomia Avaliar significa expor um valor assumido a partir do julgamento realizado com base em critérios previamente definidos. Ao avaliar, identificamos uma situação específica reconhecida como problema e utilizamos instrumentos e referências para emitir o juízo de valor, inerente a este processo. Objetivos da Farmacoeconomia Today and in the future, health professionals must consider two factors in prescribing of recomending drug therapy that have not traditionally been considered. First, that resources are limited, and they must be spend wisely (efficently); sencondly, that health professional are responsible for the health of a population, and not just their individual pacients. In other words, the opportunity costs of their drug therapy decisions must be considered. Pharmacoeconomics can help clarify and quantify these factors. Lon N. Larson (2001, p.17) Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 20 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Avaliação Econômica Em Saúde - Atributos (a) (b) (c) (d) (e) (f) (g) (h) (i) (j) (k) (l) (m) Cobertura; Acessibilidade; Eqüidade Horizontal e Vertical; Eficácia; Efetividade; Eficiência Técnica e Econômica; Impacto; Qualidade Técnico-científica; Satisfação dos Usuários; Aceitabilidade; Continuidade; Segurança; Respeito ao direito de pessoas. Avaliação Econômica Em Saúde A avaliação econômica é o processo pelo qual os custos de programas, sistemas, serviços ou atividades de saúde são comparados com outras alternativas e suas conseqüências, verificando se ocorreu melhoria na atenção à saúde da população atendida ou uma utilização mais adequada dos recursos. Avaliação Econômica Em Saúde A análise econômica está direcionada à tomada de decisão em busca de maior eficiência. Em geral, a ineficiência[1] na alocação de recursos decorre da utilização e/ou gasto inadequado de recursos financeiros com insumos não prioritários em detrimento dos insumos necessários. A ineficiência também pode estar relacionada com a utilização dos recursos disponíveis em uma produtividade abaixo da esperada ou existe uma ociosidade quanto à utilização dos recursos disponíveis. [1] Efetividade – é a conseqüência produzida por um produto ou tecnologia aplicada em condições reais. Deste modo, a efetividade está relacionada aos resultados produzidos num contexto social específico, que devem ser os mais amplos possíveis; Eficiência – é o resultado da relação obtida entre custos e produtos; Eficácia – são os resultados obtidos no curto prazo; Benefício – é qualquer ganho ou efeito positivo. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 21 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Avaliação Econômica Em Saúde É preciso considerar que nem todos os benefícios decorrentes de serviços, programas ou atividades de saúde desenvolvidas podem ser quantificados. Farmacoeconomia: Conceito Dominante A farmacoeconomia é dominada por um simples conceito teórico: o de custo-efetividade. O conceito de custo efetividade implica que nós desejamos alcançar algum objetivo pré-determinado ao menor custo, ou, alternativamente, nós desejamos maximizar os benefícios para os pacientes gerados por uma dada quantidade limitada de recursos. Para alcançar isto, nós usamos os instrumentos de avaliação econômica para selecionar (escolher) as opções mais eficiente entre todas as alternativas disponíveis para maximizar o benefício da população atendida. • FARMACOECONOMIA • definição depende do objetivo • 1 - interesse social “otimizaç otimização do uso de recursos com medicamentos” medicamentos” • 2 - política nacional de medicamentos “interesses internos do paí país (disponibilidade de medicamento, autonomia, gestão de saúde e influências sobre a qualidade do atendimento à saúde) e avaliaç avaliação das decisões e procedimentos de paí países exportadores” exportadores” • • 3 - investimento financeiro (reflete o interesse dos donos e dos acionistas das indústrias farmacêuticas) “ferramenta auxiliar para aumentar o retorno dos investimentos, ou seja, o aumento do lucro” lucro” • Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 22 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Características da Avaliação Farmacoeconômica Uma avaliação que considera tanto os efeitos (consequências e resultados) e os custos de duas ou mais alternativas. As Perspectivas dos Estudos Farmacoeconômicos – Determina quais custos são relevantes para a análise: – – – – – – – Sociedade; Pagador; Hospital; Paciente; Para o governo; Para a indústria farmacêutica; Para o pesquisador. As Perspectivas dos Estudos Farmacoecnômicos A perspectiva é um ponto fundamental quando consideramos qualquer avaliação econômica, isto é, qual é o ponto de vista considerado no estudo conduzido - o do serviço de saúde – onde somente os custos diretos são considerados – ou do ponto de vista social, onde são estudados também os custos indiretos. De um modo geral, a perspectiva social é considerada a mais apropriada. Walley, Haycox and Bolland (2004, p.10) Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 23 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 As Perspectivas dos Estudos Farmacoeconômicos Pharmacoeconomic outcomes may be measured from three perspectives: societal, institutional, or individual. The perspective chosen is often determined by the nature of the query. For example, it may be desirable to determine the cost of a health care intervention to society as a result of an inquiry into a potential reduction in gross national product. Alternatively, managed care institutions need cost evaluations of health care interventions as a method of formulary development. Finally, individuals may want to know the cost of a health care intervention to determine the change in their quality of life; the cost of medications and other health care interventions may mean not having enough left over for other activities. Just as each of these perspectives asks a different question, each answer requires the evaluation of a different set of costs. Tomadores de Decisão Empregadores Hospitais Médicos Planos de Saú Saúde Governo Aplicação dos estudos farmacoeconômicos Os dados oriundos dos EFs têm ampla possibilidade de utilização na sociedade e compreendem: 1) autorização da comercialização de medicamentos, 2) fixação de preços, financiamento público de medicamentos, 3) suporte nas decisões sobre investigação e desenvolvimento na indústria farmacêutica, 4) definição de estratégias de marketing na indústria farmacêutica, 5) incorporação de medicamentos em guias farmacoterápicos e suporte na tomada de decisões clínicas. [cf. Secoli; Padilha; Litvoc; Maeda (2005)] 72 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 24 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Aplicação dos estudos farmacoeconômicos Na fixação do preço de medicamentos, cada vez mais, são incorporados resultados de EFs, com a finalidade de situar o valor terapêutico do medicamento justificando o seu preço no mercado. Esta estratégia é utilizada para negociação de preços com as autoridades sanitárias, de forma que um determinado medicamento, quando comparado a outra alternativa, possa apresentar um menor preço dependendo das suas vantagens terapêuticas. Os resultados dos EFs podem servir para negociação de preços com ambulatórios, hospitais e setores de assistência médica suplementar. [cf. Secoli; Padilha; Litvoc; Maeda (2005)] 73 Aplicação dos estudos farmacoeconômicos Os EFs podem auxiliar na decisão quanto ao grau de financiamento público de medicamentos e quais serão estes agentes. Nos sistemas de saúde de cobertura universal existem listas de medicamentos que, muitas vezes, são totalmente financiadas como, por exemplo, os medicamentos imunossupressores para pacientes transplantados. [cf. Secoli; Padilha; Litvoc; Maeda (2005)] 74 Aplicação dos estudos farmacoeconômicos A indústria farmacêutica é um dos setores da sociedade que mais tem incorporado os EFs como suporte nas decisões de investigar e desenvolver novos medicamentos. Os EFs ajudam na definição de estratégias de marketing, auxiliam na modificação de preços, na inclusão de medicamentos em formulários e recomendações terapêuticas. [cf. Secoli; Padilha; Litvoc; Maeda (2005)] 75 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 25 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Aplicação dos estudos farmacoeconômicos Outra finalidade desses EFs é auxiliar as Comissões de farmácia e terapêutica existentes nos serviços públicos e hospitais, na decisão de incorporar medicamentos nos guias farmacoterápicos. Estas comissões são responsáveis pela elaboração e manutenção atualizada de guias de medicamentos. [cf. Secoli; Padilha; Litvoc; Maeda (2005)] 76 Aplicação dos estudos farmacoeconômicos A aplicação clínica dos EFs pode, também, beneficiar pacientes, profissionais envolvidos na assistência e a sociedade como um todo, incrementando a qualidade da assistência prestada e racionalizando os recursos. O suporte nas decisões farmacoterápicas pode ser em relação à inclusão do medicamento no guia; à seleção de uma determinada terapia para um paciente; e à normatização da utilização de medicamentos caros, entre outros. [cf. Secoli; Padilha; Litvoc; Maeda (2005)] 77 Aplicação dos estudos farmacoeconômicos + requerido ; - não requerido [cf. Kolbelt (2002. p.15)] País Negociação de Preço Decisão de Reembolso Decisão sobre a inclusão em formulários Bélgica - + + Dinamarca - + + Finlãndia + + França + + - Alemanha - - + - Itália - + - Holanda - + + Noruega + + - Portugal - + - Espanha - + + Suécia - + Suiça + + - Reino Unido - - + Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 78 26 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Aplicação dos estudos farmacoeconômicos http://oberon.sourceoecd.org/vl=10151448/cl=16/nw=1/rpsv/cgi-bin/wppdf?file=5lgsjhvj7q7g.pdf 79 Condução dos estudos farmacoeconômicos http://oberon.sourceoecd.org/vl=10151448/cl=16/nw=1/rpsv/cgi-bin/wppdf?file=5lgsjhvj7q7g.pdf 80 Condução dos estudos farmacoeconômicos http://oberon.sourceoecd.org/vl=10151448/cl=16/nw=1/rpsv/cgi-bin/wppdf?file=5lgsjhvj7q7g.pdf 81 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 27 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Condução dos estudos farmacoeconômicos http://oberon.sourceoecd.org/vl=10151448/cl=16/nw=1/rpsv/cgi-bin/wppdf?file=5lgsjhvj7q7g.pdf 82 Condução dos estudos farmacoeconômicos http://oberon.sourceoecd.org/vl=10151448/cl=16/nw=1/rpsv/cgi-bin/wppdf?file=5lgsjhvj7q7g.pdf 83 Condução dos estudos farmacoeconômicos http://oberon.sourceoecd.org/vl=10151448/cl=16/nw=1/rpsv/cgi-bin/wppdf?file=5lgsjhvj7q7g.pdf 84 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 28 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Condução dos estudos farmacoeconômicos http://oberon.sourceoecd.org/vl=10151448/cl=16/nw=1/rpsv/cgi-bin/wppdf?file=5lgsjhvj7q7g.pdf 85 Condução dos estudos farmacoeconômicos http://oberon.sourceoecd.org/vl=10151448/cl=16/nw=1/rpsv/cgi-bin/wppdf?file=5lgsjhvj7q7g.pdf 86 Condução dos estudos farmacoeconômicos http://oberon.sourceoecd.org/vl=10151448/cl=16/nw=1/rpsv/cgi-bin/wppdf?file=5lgsjhvj7q7g.pdf 87 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 29 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Custos em Farmacoenomia Custo de Oportunidade Custos de Oportunidade Custos associados às oportunidades deixadas de lado, caso a empresa não empregue seus recursos da maneira mais rentável. Custo de Oportunidade Reflete o volume de recursos humanos, materiais ou monetários. usados, sejam Admitindo que existam dois programas (A e B) de saúde diferentes e os recursos disponíveis permitem a execução de apenas um deles. Assim, o custo de oportunidade de A é dado pelos benefícios econômicos que o programa B poderia determinar se fosse implantado. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 30 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Custo de Oportunidade em Farmacoeconomia Os custos de oportunidade em farmacoecoeconomia referem-se aos benefícios perdidos quando selecionamos uma terapia alternativa, comparando-a com uma outra melhor alternativa existente. O que importa aqui não é o quanto a intervenção em saúde custa, mas o que nós devemos abrir mão quando usamos tal intervenção. Medição dos Custos em Farmacoeconomia 1) Diretos – são pagos diretamente pelo serviço de saúde, incluindo os custos de mão-de-obra (staff costs), capital e aquisição de drogas (medicamentos); 2) Indiretos – custos que experimentados pelo paciente (ou também a família e amigos) ou a sociedade. Eles incluem a perda de rendimentos ou a perda de produtividade. Eles são de difícil medição, mas afetam a sociedade como um todo. 3) Intangíveis – estes referem a dor e ao stress que os pacientes fazem face. Estes custos podem ser impossíveis de mensurar em termos monetários e não são muitas vezes considerados na economia. Custos em Farmacoeconomia Custos diretos são aqueles relacionados diretamente aos serviços de saúde, que implicam dispêndios imediatos, de identificação objetiva, correspondendo aos cuidados médicos e não médicos. (Bombardier & Eisenberg, 1985; 1989; Lew et al., 1996). Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 31 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Custos em Farmacoeconomia Os custos diretos relativos aos cuidados médicos contemplam produtos e serviços desenvolvidos para prevenir, detectar e/ou tratar uma doença, por exemplo, os honorários profissionais. Os custos diretos não médicos são decorrentes da doença, resultam do processo de adoecimento, mas não envolvem os serviços médicos, por exemplo, custo de alimentação, transporte, residência temporária, entre outros. Custos em Farmacoeconomia Custos Diretos: – Todos os custos incorridos pelos pacientes (ou seus pagadores) em decorrência de assistência ( e promoção ) à sua saúde. – Diretos – estão diretamente relacionados com a doença e o seu equacionamento Podem ser custos diretos médicos (diagnóstico, tratamento, reabilitação, próteses) e não médicos (transporte, alimentação, deslocamento); Custos em Farmacoeconomia • Custos Diretos: – Fixos • Não variam com o volume de serviços prestados. – Variáveis • Variam com o volume de serviços prestados. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 32 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Custos em Farmacoeconomia Custos fixos e custos variáveis • Custo fixo – Não depende do nível de produção • Custo variável – Depende do nível de produção Custos em Farmacoeconomia • Custos Diretos – Médico-Hospitalares: – Atendimento,Hospitalização (Hotelaria), Home health care, consultas médicas e não médicas, ambulância, serviços voluntários, serviços de suporte (lavanderia, restaurante, administração, segurança...) equipamentos (custo do capital), medicações, próteses,órteses, tratamentos especiais (RT, QT, Banco de Sg), cirurgias, exames subsidiários, uso e taxas de salas, intervenções preventivas, pesquisa e desenvolvimento, treinamento e educação continuada da equipe e educação do paciente. – Não Médico-Hospitalares: – Transporte para consultório ou hospital, adaptações no lar, serviço social, contratação de advogados, reparos domésticos (alcolismo) Custos Diretos da Esquizofrenia 31% Asilos 2% Drogas 2% Médicos de consultório 8% Custos de Suporte 15% Hospitalização de curto tempo 4% Outros Serviços Profissionais 38% Organizações de saúde mental Source: Rice, D., Miller, L. (1998) 99 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 33 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Custos em Farmacoeconomia Custo de uso do capital Custo de uso do capital = depreciação econômica + (taxa de juros)(valor do capital) Custos em Farmacoeconomia Os custos indiretos são relacionados à perda da capacidade produtiva do indivíduo ante o processo de adoecimento ou mortalidade precoce. Eles representam dias de trabalho perdidos, incapacidade de realizar as atividades profissionais, tempo gasto em viagens para receber cuidado médico e morte prematura decorrente da doença. (Bombardier & Eisenberg, 1985; Eisenberg, 1989; Villar, 1995; Lew et al., 1996). Custos em Farmacoeconomia Custos Indiretos Valor econômico de toda e qualquer consequência que não pode ser considerada como custo direto. Indiretos – referem-se à perda de renda e/ou produtividade trazida pela doença ou enfermidade. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 34 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Custos em Farmacoeconomia Custos Indiretos Custos indiretos propriamente ditos: perda de produtividade, redução do tempo disponível para lazer, tempo disponível para lazer, tempo do paciente e membros da família ou amigos na procura do e no atendimento de sua condição/doença. http://www.pitt.edu/~tjs/coi/Costofillness.PDF 104 As Abordagens na Medição dos Custos Indiretos Há três abordagem para se medir os custos indiretos nos estudos de farmacoeconomia: 1) abordagem do capital humano (human capital approach); 2) abordagem da fricção (friction approach); 3) abordagem da disposição a pagar (willingness approach). Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 35 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Definição de Capital Humano Capital humano é o conhecimento, as habilidades e a experiência que tornam um indivíduo mais produtivo e, assim, capaz de auferir rendas maiores durante a vida Definições de Capital Humano Gary Becker (1962) - capital humano é qualquer atividade que implique num custo no período corrente e que aumente a produtividade no futura pode ser analisada dentro da estrutura da teoria do investimento. A Abordagem do Capital Humano (Human Capital Approach) Na abordagem do capital humano, os custos indiretos geralmente são avaliados com base na morbidade, incapacidade ou mortalidade prematura. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 36 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 A Abordagem do Capital Humano (Human Capital Approach) Na abordagem do capital humano estima-se o valor presente das renda futuras de um indivíduo. Esta abordagem tem sido usada principalmente em aplicações legais que requerem estimativas dos danos causados. Ela estima também a perda em termos do PIB (produto interno bruto) resultante da mortalidade e da morbidade ou ainda dos ganhos de produção resultantes da poupança e da extensão da vida dos indivíduos. A Abordagem do Capital Humano (Human Capital Approach) A incapacidade pode ser temporária ou permanente. Ela é aplicada aos indivíduos que fazem parte da população econômicamente ativa de um país. A incapacidade permanente refere-se a perda permanete do produto do trabalho no mercado ou doméstico devido a uma doença. A quantificação da perda de rendimento geralmente é baseada no pressuposto de que as pessoas incapacitadas, se elas pudessem trabalhar, iriam ter a mesma experiência que a população em condições similares. A Abordagem do Capital Humano (Human Capital Approach) Os custos indiretos na abordagem do capital humano são vistos como os rendimentos presentes e futuros, perdidos pelo indivíduo como resultado de uma doença. Os indivíduos são assumidos que poderiam produzir durante a tempo que permanecem no mercado de trabalho e poderiam ser valorados do mesmo modo que os indivíduos que estão no mercado de trabalho em condições saudáveis, ceteris paribus. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 37 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 A Abordagem do Capital Humano (Human Capital Approach): Críticas - A teoria do capital humano não mede da disposição dos indivíduos a evitar os riscos de acidentes, morte ou doenças e nem mede o que um indivíduo estaria disposto a pagar para reduzir os riscos dos mesmos. Isto é feito pela abordagem willingness to pay. Willingness-to-Pay Approach Nesta abordagem, a vida é avalida de acordo com o que os indivíduos estão dispostos a pagar por uma mudança que reduza a probabilidade de morte ou doença. Esta abordagem é útil para indicar como os indivíduos valorizam a vida e a saúde quando deriva-se preferências sociais para políticas públicas. Averting Behavior Approach O método de averting behavior examina as medidas preventivas tomadas para evitar a exposição ao risco ou mitigar os efeitos das doenças. Os investimentos realizados em medidas preventivas são usadas como uma proxy para a disposição a pagar (willingness-to-pay) para evitar uma doença particular. 114 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 38 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Abordagem dos Salários Hedônicos (Hedonic Valuation Approach) Os estudos que utilizam a abordagem dos salários hedônicos usam a análise de regresão para estimar a relação entreuma melhoria ambiental ou a redução no risco de morte ou de contração de uma doença e outras variáveis independentes. Os estudos referentes aos salários hedônicos buscam descrever a relação entre as taxas salariais e os riscos de um emprego (isto é, o prêmio requerido para compaensar os trabalhadores pelo risco adicional incorrido em sua ocupação). 115 Alguns Fatos – Mortes ocupacionais por 100.000 trabalhadores – Fonte: Filer, Hamermersh & Rees (1996, p.378) Indústria 1978 1993 Mineração 43,8 26,0 Construção 30,5 13,7 Manufatura 5,9 3,9 Trasp. & UP 18,7 12,9 Seguro & Imóveis 5,4 1,52 Serviços 3,0 2,4 116 Taxas de Acidentes nos EUA, 1996 Agriculture Mining Coal Oil and gas extraction Construction Manufacturing Food and kindred products Lumber and wood products Transportation and public utilities Local passenger traffic Trucking and warehousing Transportation by air Wholesale trade Retail trade Finance Service Business service Auto repairs Nonfatal Injuries per 100 FullTime Worker 8.7 5.4 8.0 5.0 9.9 10.6 15.0 14.2 8.7 10.3 10.4 17.9 6.6 6.9 2.4 6.0 3.9 5.9 Fatal Injuries per 100,000 Workers 22 27 40 27 14 4 4 26 13 16 21 15 5 3 2 2 3 6 117 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 39 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Qual é a hipótese básica da teoria dos salários compensatórios? A idéia básica da teoria dos salários compensatórios é que as características dos empregos tem influência sobre a determinação dos salários e empregos num determinado mercado de trabalho. 118 Função de Salários Hedônicos uc salários ub FSH Pc ua πx 0 Pb Pa πz πy πi – curvas de isolucro com lucro zero. Probabilidade de acidente 119 Função de Salários Hedônicos Os pontos Pa, Pb e Pc nos dão as combinações saláriorisco que irão prevalecer no mercado de trabalho. Conectando os pontos, nós obtemos a função salarial hedônica que resume a relação entre os salários que os trabalhadores desejam e as características do emprego. 120 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 40 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Função de Salários Hedônicos Visto que os trabalhadores são avessos ao risco e não gostam de correr riscos, a função salarial hedônica é positivamente inclinada A inclinação da função salarial hedônica nos dá o aumento salarial oferecido pelo mercado devido a um acréscimo no risco do emprego. 121 Aplicações – O Valor da Vida Bibliografia recomendada: Thaler & Rosen (1976) – The Value of Saving a Life: Evidence From the Labor Market. Borjas (1996) – Labor Economics (1996, cap.6) Viscusi, W. Kip (1993), JEL. Especificação Empírica wi = α + ∑ψ M m x im + γ p i + outras _ var iaveis m =1 w: taxa salarial ou o log dela; X: características individuais; p: probabilidade de acidente; Dados: uma cross section de uma amostra de trabalhadores. Uma curva linear assume uma taxa constante com relação ao dilema [tradeoff] em todos os níveis de risco. ∂w/ ∂p estimativas do dilema risco-salário. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 41 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 O Cálculo do Valor da Vida Firma Prob. de acidente Anuais Fatal ρx X ρx + 0,001 Y Rendas wx wx+ $5.000 O Cálculo do Valor da Vida – Resumo de Estudos Selecionados [Viscusi, Vernon & Harrington (2005)] Autor/Ano Valor Implícito da Vida ($ milhões)[em US$ 1988/3] usando o deflator do PIB Smith (1976) 4.0 Thaler & Rosen (1976) 0.7 Viscusi (1979) 3.6 Brown (1980) 1.3 Olson (1981) 4.5 Viscusi (1981) 5.7 Arnould & Nichols (1983) 0.8 Dillingham (1985a) 2.2 – 4.6 Dillingham (1985b) 5.9 O Cálculo do Valor da Vida – Resumo de Estudos Selecionados [Viscusi, Vernon & Harrington (2005)] Autor/Ano Valor Implícito da Vida ($ milhões)[em US$ 1988/3] usando o deflator do PIB Gerking, DeHann & Schulze (1988) 3.0 Moore & Viscusi (1988) 6.4 Moore & Viscusi (1990) 2.2 Moore & Viscusi (1990) 6.4 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 42 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Friction Costs O método dos custos de fricção foi introduzido por Koopmanschap at al. (1992) como uma melhoria do método do capital humano. Os custos de fricção mede somente a perda de produção do indivíduo doente até o momento que um novo trabalhador (previamente desempregado) o substitui. Além disso, os custos de contratação e treinamento devem ser também incluídos. O pressuposto subjacente do método de fricção é que a economia não está sempre operando na situação de pleno emprego. 127 Friction Costs O método dos custos de fricção é um método de estimação dos custos de produtividade que busca calcular as perdas de produção durante o período de substituição do trabalhador doente, isto é, entre o início de sua ausência no trabalho e a sua substituição definitiva. 128 Friction Costs Referem-se aos custos de substituição de um indivíduo doente por um saudável. Friction costs incluem os custos associados com o montante de tempo associado a susbstitução de um trabalhador doente, aos custos de treinamnetos para um trabalhador novo ou temporário e os custos referentes a redução de produtividade durante a ausência do trabalho do trabalahdor adoentado. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 43 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 FC X HC Holanda (1988, bilhões de gilders) Koopmanschap at al. (1995) Categoria de custos Capital Humano Custos de Fricção Ausência do trabalho 23,8 9,2 Invalidez 49,1 0,15 Mortalidade 8,0 0,15 Total 89,9 9,5 % da renda nacional líquida 18% 2,1% 130 Custos em Farmacoeconomia CUSTOS DIRETOS CUSTOS INDIRETOS - - consultas ambulatoriais; Diagnósticos; Tratamento; Reabilitações; Próteses; Medicações; Admissões hospitalares; Exames laboratoriais; Pagamento com transporte. dias não trabalhados; Perda temporária de produtividade; Perda permanente de produtividade; Perda de produtividade de um indivíduo ou grupo de pessoas, em função da morbimortalidade ocasionada por enfermidades; Custos em Farmacoeconomia CATEGORIAS DE CUSTOS CUSTOS DIRETOS São os recursos consumidos diretamente no tratamento ou na intervenção. Podem ser médicos ou não-médicos. CUSTOS MÉDICOS hospitalizações,medica mentos, exames, próteses, honorários etc CUSTOS INDIRETOS Custos indiretos estão relacionados as perdas para a sociedade resultantes da doença ou seu tratamento (impacto na produção) ex. perda de produtividade CUSTOS Ñ-MÉDICOS transporte do paciente, etc Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 44 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Custos em Farmacoeconomia Custos em Farmacoeconomia Custos em Farmacoeconomia É interessante perceber que em muitos casos os custos indiretos ultrapassam os custos diretos no custo total de algumas enfermidades. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 45 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Custos em Farmacoeconomia Tabela – Mediana do Custo da Doença de algumas enfermidades nos EUA (valores em bilhões de US$) Diagnóstico Custos Diretos Custos Indiretos Custos Totais (variação) Rinite Alérgica 1 3 4 (1 a 5) Artrite Reumatóide 53 2,3 55 Asma 4 3 5 Epilepsia 2 9 10 (10 a 11) Enxaqueca 4 9 13 (3 a 18) Esquizofrenia 9 5 14 (1 a 38) Incontinência Urinária 22 1 23 Custos c/ a Lombalgia Crônica Custos Médios Diretos p/ Paciente Custos Médios Indiretos p/Paciente Remédios, consultas, reabilitação p/paciente (médico-hospitalar) Nº de dias afastado da atividade profissional Procedimentos Ambulatoriais (médico-hospitalar) Total = R$ 834,20 Queda da produtividade do trabalho Contratação de serviços domiciliares (não médico-hospitalar) Pagamento e benefícios com o auxíliodoença Alimentação, Transporte no dia de consulta (não médico-hospitalar) Pagamento c/ aposentadoria p/invalidez Total = R$ 871,00 Reformas na casa para adaptação ao paciente (não médico-hospitalar) Total = R$ 318,00 CUSTOS DIRETOS e INDIRETOS R$ 2.023,00 p/ paciente Custos c/ o Tratamento do HIV/AIDs O custo deve considerar além do tratamento, a perda de produção decorrente da redução da vida ativa dos portadores do vírus; Estudos demonstraram que a razão custos indiretos / custos diretos no tratamento dos pacientes de HIV/aids foi de 100,86% em 1996. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 46 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Custos em Farmacoeconomia Custos Intangíveis: referem-se aos custos psicológicos da doença (ansiedade e depressão), custo psicológico associado à perda de trabalho ou incapacidade de trabalhar, da dependência física, do isolamento social, dos conflitos familiares, da dor, da alteração de suas atividades da vida diária, da pior qualidade de vida. Custos em Farmacoenomia Os custos intangíveis são custos de difícil mensuração monetária. Embora muito importantes para os pacientes, ainda necessitam de significado econômico. São os custos do sofrimento, da dor, da tristeza, da redução da qualidade de vida (Bombardier & Eisenberg, 1985; Eisenberg, 1989; Villar, 1995; Lew et al., 1996). Custos Tangíveis versus Intangíveis CUSTOS TANGÍVEIS (mensuráveis) - Gastos com hospital; Gastos com o Tratamento; Próteses; Medicações; Exames laboratoriais; CUSTOS INTANGÍVEIS (não mensuráveis) - Custos psicológicos (com o preconceito por seqüelas deixadas pela doença); Ansiedade, dor, sofrimento, incapacidade, perda de qualidade de vida, desconforto... associados ao tratamento. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 47 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Custos Tangíveis versus Intangíveis CUSTOS TANGÍVEIS (mensuráveis) - Gastos com hospital; Gastos com o Tratamento; Próteses; Medicações; Exames laboratoriais; CUSTOS INTANGÍVEIS (não mensuráveis) - - Custos psicológicos (com o preconceito por seqüelas deixadas pela doença); Ansiedade, dor, sofrimento, incapacidade, perda de qualidade de vida, desconforto... associados ao tratamento. Custos Social versus Privado • Custo Social – custo de determinada atividade para a sociedade no seu todo, e não apenas para indivíduos ou instituições envolvidas na sua realização. Na saúde, o custo social pode ser menor que o custo privado, dado que mais indivíduos podem ser beneficiados por um programa de saúde que apenas que aqueles que consumiram o serviço; • Custo Privado – é definido como o custo apropriado individualmente relativo ao consumo ou produção de um bem ou serviço. Custos em Farmacoeconomia Para o cálculo de custos, é necessário verificar a freqüência com que tais eventos ocorrem em uma população 1. Exemplo: Custo de um Tratamento da Cefáleia Crônica (hipotético). Preço do Medicamento R$ 0,20 / comprimido Número de tomadas diárias 6 Custo diário de tratamento R$ 1,20 Duração média do tratamento 2 dias Custo total do medicamento R$ 2,40 1 se ocorrer em 100% dos casos, significa que o valor deve ser integralmente aplicado nos custos de tratamento. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 48 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Custos em Farmacoeconomia Caso não ocorra em 100% dos casos, o valor deve ser ponderado pela freqüência de utilização do recurso. Ex: parte dos pacientes precisará consultar um médico, frente a intensidade da dor e ao insucesso do tratamento. Consultas médicas para avaliação de cefaléia crônica 1 Custo da consulta R$ 25,00 % de pacientes que precisam de consulta 5% Custo ponderado da consulta médica Medicações suplementares R$ 1,25 R$ 3,00 / dose Número de doses diárias 2 Tempo de tratamento 5 dias % de pacientes que usam esta medicação 50% Custo da medicação suplementar R$ 15,00 Freqüência de pacientes que vão precisar deste tratamento 5% Custo ponderado da medicação suplementar R$ 0,75 Custo da falha de tratamento R$ 2,00 Custos em Farmacoeconomia O custo médio final do tratamento da cefaléia crônica, considerando todos os custos envolvidos no tratamento: Custo total do Medicamento R$ 2,40 Custo da falha de Tratamento R$ 2,00 Custo médio final do Tratamento R$ 4,40 Os Resultados em Farmacoeconomia Outcome é um termo clássico que traduz resultados, impactos ou conseqüências de intervenções na saúde, podendo ser expressos em unidades monetárias, clínicas e humanísticas. Os outcomes podem ser multidimensionais, dependendo da perspectiva da análise. Por exemplo, os profissionais de saúde preocupam-se com os outcomes clínicos dos tratamentos. As empresas financiadoras de serviços de saúde têm focado suas decisões nos outcomes aferidos em unidades monetárias. Por outro lado, os pacientes, cada vez mais participativos do processo de decisão em relação à saúde, mostram-se interessados nos outcomes humanísticos (Detsky & Naglie, 1990; Bootman et al., 1996). Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 49 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Os Resultados em Farmacoeconomia As investigações de outcomes são realizadas no intuito de identificar, medir e avaliar os resultados finais dos serviços de saúde. Na terapia medicamentosa, usualmente são adotados os outcomes relacionados à mortalidade, razão de cura, adesão do paciente, qualidade de vida, entre outros. Os Resultados em Farmacoeconomia Eficácia diz respeito aos benefícios, conseqüências, resultados, outcome do medicamento quando utilizado em condições ideais, situação que, habitualmente, ocorre nos ensaios clínicos em que há seleção dos pacientes mediante estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão, controle rigoroso da evolução clínica do paciente e vigilância rigorosa do cumprimento do plano terapêutico. Os Resultados em Farmacoeconomia A efetividade é entendida como a medida dos outcomes, quando o medicamento é utilizado na prática clínica diária, ou seja, nas condições habituais reais. Destaca-se que a efetividade é freqüentemente menor que a eficácia (Jolicoeur et al., 1992; Sacristán Del Castilho, 1995; Bootman et al., 1996). Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 50 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Os Resultados em Farmacoeconomia Eficiência representa a relação entre os recursos financeiros (custos) e os outcomes utilizados em determinada intervenção. Assim sendo, a farmacoeconomia busca determinar, entre alternativas terapêuticas, qual é a mais eficiente, e qual destas produzem os melhores outcomes, segundo os recursos investidos. Trata-se, portanto, de uma área de conhecimento em que são comparadas as eficiências das estratégias usadas na saúde (Jolicoeur et al., 1992; Sacristán Del Castilho, 1995; Bootman et al., 1996; Ugá, 1995). Os Resultados em Farmacoeconomia A condução das análises farmacoeconômicas segue o modelo de análise econômica proposta inicialmente por Bombardier & Eisenberg (1985) e depois adotada por outros, em que são consideradas as seguintes dimensões: custo, perspectiva e tipo de análise (Guyatt et al., 1986; Eisenberg, 1989; Jolicoeur et al., 1992). O Que é Avaliação Econômica em Saúde? A avaliação econômica não é apenas econômica. Ela combina: Economia; Epidemiologia; Bioestatística; Farmácia; Medicina. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 51 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Economia Economia da Saúde Avaliação Econômica Estatisitica Analise de Custos Efetividade Análise Econômica em Saúde CUSTO POR QALY GANHO PARA ALGUMAS INTERVENÇÕES EM SAÚDE ( £, 1989-90) INTERVENÇÃO CUSTO/QALY Colesterol e tratamento com dieta 220 Implante de marcapasso 1.100 Cirurgia de prótese articulação coxofemural 1.130 Troca valvar em estenose aórtica 1.140 Transplante Renal 4.710 Screening para câncer de mama 5.780 Hemodiálise em Hospital 21.970 Tratamento com eritropoetina para pacientes em diálise e com anemia 126.290 Os Custos da Doença (Cost of Illness) Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 52 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Definição de Saúde Health is a state of complete physical, mental and social well being and not merely the absence of disease or infirmity. World Health Organisation (1948) Denominações Cost of Illness (CoI) Burden of Illness (BoI) Burden of Illness (BoI) Os estudos BoI reportam os números de pacientes afetados por uma doença, os dias usados em hospitais, visitas médicas, cuidados de enfermagem, uso de medicamentos, etc. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 53 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Burden of Illness (BoI) BoI não consistem em avaliações econômicas – eles não medem os efeitos sobre uma intervenção – e nem examinam as mudanças marginais nos custos e resultados dos cuidados em saúde. Eles não ajudam os tomadores de decisão a usar os recursos de modo mais eficiente, mas descrevem os níveis correntes de uma doença e os custos que surgem e resultam dela. Burden of Illness (BoI): Medição Risco ou incidência cumulativa, é uma medida da ocorrência de novos casos da doença de interesse em uma população. O risco é a proporção de indivíduos livres de eventos que, em média, irão contrair uma doença em um determinado período de tempo. R = (novos casos/pessoas em risco). O risco de uma doença situa-se entre [0, 1]. Burden of Illness (BoI): Medição Prevalência: existência da doença numa população; descreve o número de casos registrados numa população durante um dado período de tempo. A prevalência é a proporção de uma população que tem a doença de interesse em um determinado momento. A prevalência varia entre [0, 1]. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 54 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Burden of Illness (BoI): Medição Incidência: descreve o número de novos casos de uma doença que ocorre numa população num dado período de tempo. A taxa de incidência mede a rapidez com que se desenvolvem novos casos da doença em interesse. Burden of Illness (BoI): Medição Sobrevida: é a probabilidade de permanecer vivo por um período de tempo. Para uma doença crônica, por exemplo, a sobrevida e em cinco anos são usadas como indicador da gravidade da doença e do prognóstico. Burden of Illness (BoI): Medição Coeficiente de letalidade: é a propensão de uma doença em causar a morte dos pacientes afetados. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 55 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Burden of Illness (BoI): Medição Mortalidade – número de mortes causados por um doença; Morbidade – descreve a ocorrência de uma doença numa população (consultas primárias, número de admissões em hospitais); Cost of Illness (CoI): Origens Os primeiros estudos utilizando a abordagem COI remotam aos anos 1920. Os estudos modernos utilizando a COI tiveram impulso com os trabalhos seminais de Fein, Mushkin, Weisbrod, Rice e outros no final dos anos 1950 e início dos 1960. 167 Cost of Illness (CoI): Origens Em 1966, Dorothy Rice publicou um trabalho que propos um método para se estimar os custos da informação disponível com base nos dados existentes. Este trabalho tornou-se um padrão para trabalhos futuros utilizando a metodologia CoI. Ele estimava os custos da doença utilizando duas categorias analíticas: os custos diretos e indiretos. 168 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 56 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Cost of Illness (CoI) CoI utiliza os dados referente ao uso dos recursos em saúde para traduzi-los em termos monetários (colocando uma unidade de custos em cada elemento de gastos). Os Custos da Doença (Cost of Illness) Os estudos dos custos da doença (Costof-illness studies) são usados e demandados, de um modo geral, pelos formuladores de política governamental e não governamental, pesquisadores e companhias farmacêuticas. Os Custos da Doença (Cost of Illness) As análises do tipo custo da doença são importantes para criar um conjunto de informações necessárias tanto à decisão sobre prioridades de investimento em saúde quanto para verificar o impacto da implantação de ações e programas no setor da saúde. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 57 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Os Custos da Doença: Definições Custos da doença: são custos econômicos impostos por uma doença devido a prevenção, tratamento e perda de produto em termos de economia. Elementos chaves: - custo para o setor saúde e perda de produto; - custo do tratamento e prevenção (vetor de controle); - custos do tratamento por caso e agregados para o país. - custos em termos de idade: crianças e adultos. Os Custos da Doença (Cost of Illness) Usos: – Mostra a importância relativa das doenças; – Informa sobre as escolhas de tratamento; – Informa sobre os custos da prevenção e tratamento, bem como no desenvolvimento de novas abordagens (vacinas) Os Custos da Doença (Cost of Illness) Dados: – Definições consistentes; – Custos por episódio de tratamento ou por ano ou por estágio ou ainda por tipo de doença; – Incidência / prevalência; – Opções potenciais e correntes, custo e efetividade. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 58 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Prevalência e Custos de Doenças nos EUA http://www.pitt.edu/~tjs/coi/Costofillness.PDF 176 Os Custos da Doença: Estágios A essência dos métodos empregados na avaliação dos custos das doenças (cost of illness - COI studies) é: – – – – – Reconhecimento dos casos; Identificação dos custos; Listagem dos custos; Medição dos custos; Avaliação. dos custos gerados por uma doença. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 59 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Os Custos da Doença: Reconhecimento dos Casos Isto é feito com base em estatísticas nacionais, se disponíveis, ou por extrapolação para toda a população, a partir de um survey (amostra); Este estágio sofre das limitações de dados epidemiológicos sobre os quais é baseado, tal como a dificuldade de definição da doença, conhecimento incompleto sobre a história natural da doença, não notificação de casos etc. Os Custos da Doença: Identificação dos Custos Este estágio consiste em identificar os custos gerados por todo os caso da doença. Implicações da CoI - provê dados que permitem uma avaliação econômica posterior; - leva a um aumento da consciência dos formuladores de política econômica sobre determinadas doenças; - pode levar a decisões incorretas e,m termos de política econômica, visto que ela se concentra apenas nos custos e não nos custos e benefícios. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 60 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Críticas ao CoI A metodologia COI tem sido criticada devido ao fato de que leva em conta apenas os custos dos recursos e não os ganhos de utilidade da redução da doença. Os estudos que utilizam a abordagem COI não comparam os usos alternativos dos recursos, e portanto, não podem ser adequados para medirem os custos de oportunidade. 181 Críticas ao CoI A abordagem CoI estima os custos médicos diretos associados com uma doença, bem como os custos indiretos resultantes da perda de rendimentos. Contudo eles não incluem e não levam em conta os custos intangíveis resultantes da dor e sofrimento, o valor da perda do tempo de lazer e os benefícios das medidas preventivas para reduzir o risco das doenças. 182 Os Estudos dos Custos da Doença e suas Perspectivas 183 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 61 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Métodos de Avaliação Econômica: Uma Introdução Métodos Farmacoeconômicos Economia Consequência dos custos Custo benefí benefí cio Custo efetividade Custo Minimizaç Minimização Custo utilidade Humanistico Qualidade de vida Preferência dos pacientes. pacientes. Satisfaç Satisfação dos pacientes. pacientes. 185 AVALIAÇÃO FARMACOECONÔMICA A avaliação econômica é um excelente instrumento para auxiliar o gestor na tomada de decisão, mas é preciso ter cuidado nas conclusões, pois, diferentemente de um experimento de laboratório, em programa ou projetos sociais não é possível controlar todas as variáveis. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 62 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 AVALIAÇÃO FARMACOECONÔMICA Quais são os tipos de análises econômicas? Análise de custo-mínimo (ACM) Análise de custo-benefício (ACB) Análise de custo-efetividade (ACE) Análise de custo-utilidade (ACU) AVALIAÇÃO FARMACOECONÔMICA MÉTODO CUSTOS DESFECHO1 FOCO ACM R$ R$ (unidade monetária) Simplicidade e Rapidez ACB R$ R$ (unidade monetária) Eficiência Alocativa ACE R$ Unidades Naturais (anos de vida ganho) Custos para obter uma unidade de desfecho ACU R$ Unidade Natural (QALYs) Custo para obter uma unidade QALY 1 – todas as mudanças possíveis nas condições de saúde que podem ocorrer para uma população definida ou pode estar associado com a exposição para uma intervenção. Isto inclui mudanças na qualidade e quantidade de vida como um resultado de detecção ou tratamento de doenças quando presentes. AVALIAÇÃO FARMACOECONÔMICA TIPO DE ANÁLISE MEDIDA DOS CUSTOS MEDIDA DOS EFEITOS CustoBenefício CustoEfetividade Custo-Utilidade QUALYs Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 63 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 AVALIAÇÃO FARMACOECONÔMICA BENEFÍ BENEFÍCIO * Dias de hospitalização evitados, * Dias de trabalho que deixaram de ser perdidos *Materiais, mão-de-obra, equipamentos que puderam ser redistribuídos EFETIVIDADE * Anos de vida ganhos * Vidas salvas * Redução de colesterol * mm Hg de pressão arterial reduzidos * Número de casos prevenidos * Tempo de sintomas UTILIDADE * Anos de Vida Ajustados por Qualidade (AVAC ou QALY) Análise de Custo-Mínimo Análise Custo Mínimo (ACM) DESCRIÇÃO Tipo de Avaliação: Minimização de Custos Medida de Custos: Unidades Monetárias Medida de Efeitos: Efeitos iguais Análises: C A - CB Vantagem: Simplicidade na aplicação Limitação: Nº reduzido de terapias com efeitos similares Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 64 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise Custo Mínimo (ACM) A ACM compara duas alternativas de medicamentos, que tenham o mesmo resultado, e escolhe aquela com menor custo, ou seja, é apenas a busca da alternativa mais barata (os efeitos sobre a saúde que resultam das tecnologias comparadas são similares). Análise Custo Mínimo (ACM) Avaliação baseada na minimização de custos pode ser considerada um caso particular de análise custo-efetividade, em que a regra de decisão é a de selecionar o medicamento que minimiza os custos da terapêutica. Análise Custo Mínimo (ACM) É a forma mais simples de avaliação econômica (somente os custos são submetidos a comparações), pois as eficácias ou efetividades das alternativas comparáveis são assumidas como sendo equivalentes entre si. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 65 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise Custo Mínimo (ACM) Para o uso desta análise é necessário que existam evidências que as diferenças de resultado entre as alternativas são inexistentes ou pouco importantes. Análise Custo Mínimo (ACM) Este tipo de análise é útil na comparação de doses e vias de administração diferentes do equivalente genérico para os quais os efeitos são absolutamente semelhantes, selecionandose o de menor custo. Análise Custo Mínimo (ACM) Simulação de uma Analise de Minimização para 2 antibióticos com perfis de eficácia e segurança equivalentes para uma mesma situação. Item de custo Eficácia Antibiótico A 96% Antibiótico B 95% Tempo de Reposta 5 dias 7 dias Preço de 1 fr-amp R$ 59,00 R$ 56,00 Posologia 1 frasco/ampola a cada 4 h (6 aplicações /dia) 1 frasco/ampola a cada 6 h (4 aplicações /dia) Custo do Medicamento R$ 1.770,00 R$ 1.568,00 Custo de Internação R$ 100,00 * 5 dias = R$ 500,00 R$ 100,00 * 7 dias = R$ 700,00 Custos de Exames Custos de Infusão Custos Totais 1 hemograma /dia a R$ 5,00 p/exames = R$ 25,00 R$ 10 x 6 apl x 5 dias = R$ 300 R$ 2.595,00 1 hemograma /dia a R$ 5,00 p/exames = R$ 35,00 R$ 10 x 4 apl x 7 dias = R$ 280 R$ 2.583,00 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 66 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise Custo Mínimo (ACM) CUSTO DO TRATAMENTO DA CEFÁLEIA CRÔNICA (exemplo hipotético) Hipótese Inicial: 100% de eficácia no tratamento Item de custo Preço do Medicamento Antibiótico A Antibiótico B R$ 0,20 p/comprimido R$ 0,15 p/comprimido Número de comprimidos diários 6 comprimidos 9 comprimidos Custo Diário R$ 1,20 R$ 1,35 Duração Média do Tratamento 2 dias 2 dias CUSTOS TOTAIS (A) R$ 2,40 R$ 2,70 ANTIBIÓTICO A deverá ser escolhido segundo o critério do custo mínimo. Análise Custo Mínimo (ACM) CUSTO DO TRATAMENTO DA CEFÁLEIA CRÔNICA (exemplo hipotético) Hipótese: Falha no tratamento Item de custo Antibiótico A Antibiótico B Consulta médica para avaliação da cefaléia crônica 1 consulta 1 consulta Custo da consulta R$ 25,00 R$ 25,00 % de pacientes que precisam da consulta médica 5% 3% Custo Ponderado da Consulta R$ 1,25 R$ 0,75 Medicações Suplementares R$ 3,00 p/dose R$ 3,00 p/dose Número de Doses Diárias 2 2 Duração Média do Tratamento 5 dias 5 dias % de pacientes que usam esta medicação 50% 50% Custo da medicação suplementar R$ 15,00 R$ 15,00 Freqüência de Pacientes que vão precisar do tratamento 5% 5% Custo Ponderado da Medicação Suplementar R$ 0,75 R$ 0,75 CUSTOS DA FALHA DE TRATAMENTO (B) R$ 2,00 R$ 1,50 CUSTO MÉDIO FINAL DO TRATAMENTO (A + R$ 4,40 R$ 4,20 ANTIBIÓTICO B deverá ser escolhido segundo o critério do custo mínimo. B) Análise Custo Mínimo (ACM) LIMITAÇÕES Esta avaliação só pode ser aplicada quando já está demonstrada equivalência entre os tratamentos. Nestas situações é suficiente comparar os custos, a fim de selecionar a opção mais barata. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 67 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise Custo Mínimo (ACM) Aplicações: (a) realização de pequenas cirurgias ambulatoriais ou em hospitais. O resultado deve ser o mesmo número de cirurgias realizadas com a mesma probabilidade de sucesso. (b) Tratamento domiciliar versus tratamento c/internação para pacientes psiquiátricos. Análise de Custo-Benefício Análise Custo-Benefício (ACB) DESCRIÇÃO Tipo de Avaliação: Custo - Benefício Medida de Custos: Unidades Monetárias Medida de Efeitos: Unidades Monetárias Análises: (CA - BA) - (CB - BB) Vantagem: Permite comparar diferentes tipos de alternativas farmacológicas Limitação: Dificuldade de converter resultados de saúde em unidades monetárias Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 68 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise Custo-Benefício (ACB) Nesta análise o que se procura é identificar a opção de tratamento que permite reduzir custos ou aumentar lucros, especificamente olhando a resposta financeira obtida por cada opção; Há uma semelhança entre a filosofia adota neste tipo de análise e uma aplicação financeira (na qual se comparam as opções disponíveis no mercado para se descobrir qual proporcionará a maior taxa de lucro). Análise Custo-Benefício (ACB) Nesta avaliação econômica os custos do atendimento médico são comparados com os benefícios econômicos do atendimento, onde tanto o custo e o benefício são expressados em unidade monetária. Os benefícios tipicamente incluem redução no custo de cuidados de saúde no futuro. É aplicável quando a opção terapêutica é avaliada tão somente em termos de suas vantagens ou desvantagens econômicas. Análise Custo-Benefício (ACB) Objetiva identificar e avaliar sistematicamente todos os custos e benefícios associados a diferentes alternativas, e, assim, determinar qual a alternativa que maximiza a diferença entre benefícios e custos, os quais são expressos em termos monetários. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 69 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise Custo-Benefício (ACB) EMPRESA: vacinar ou não os seus funcionários contra a gripe? Inicialmente terá que avaliar todos os custos e benefícios associados as alternativas existentes, e, assim, determinar qual a alternativa que maximiza a diferença entre benefícios e custos. A empresa sabe que o benefício esperado com a vacinação de 1.000 funcionários será a redução do número de faltas durante o período de inverno. Análise Custo-Benefício (ACB) A empresa também sabe que a incidência da gripe é de 100 casos/1.000 indivíduos/ano, e que esta leva, em média, a 5 dias de falta no trabalho. CUSTOS DA ALTERNATIVA SEM VACINAÇÃO 100 funcionários * 5 dias de falta no trabalho = 500 dias parados p/ano; 500 dias p/ano * R$ 70,00 (valor de um dia útil de trab) = R$ 35.000,00 pago de salários sem contrapartida por ano Análise Custo-Benefício (ACB) Caso a eficácia da Vacina for de 100%: CUSTOS DA ALTERNATIVA COM VACINAÇÃO Custo da vacina = R$ 20,00 Custo total = R$ 20,00 * 1.000 funcionários = R$ 20.000,00 Custo Total do Programa de Vacinação Assumindo que a eficácia da vacina é de 100 %, o ganho com a escolha desta alternativa será de R$ 15.000,00. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 70 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise Custo-Benefício (ACB) Caso a eficácia da Vacina for de 60%: CUSTOS DA ALTERNATIVA COM VACINAÇÃO Custo da vacina = R$ 20,00 Custo total = R$ 20,00 * 1.000 funcionários = R$ 20.000,00 Custo da Vacinação 40 funcionários * 5 dias de falta no trabalho = 200 dias parados p/ano; 200 dias p/ano * R$ 70,00 (valor de um dia útil de trab) = R$ 14.000,00 pago de salários sem contrapartida por ano CUSTO TOTAL DO PROGRAMA DE VACINAÇÃO: R$ 34.000,00 Conclusão: para níveis de eficácia menores de 60% não compensa um programa de vacinação Análise Custo-Benefício (ACB) Indicador : Valor Presente Líquido VPL = Σ Bt – Ct / (1 + d)t VPL = 0 (indica viabilidade e as ações podem ser ordenadas de acordo com as magnitudes do VPL). VPL = Valor Presente Líquido; Bt = Benefício do período t; Ct = Custo no período t; d = taxa de desconto social. Análise Custo-Benefício (ACB) Exemplo: Impacto do Programa de Atenção Primária em Saúde em Comunidades de Difícil Acesso • Custos da implantação do programa: Diretos (construção de unidades sanitárias, material de consumo, contratação de pessoal) e Indiretos (ex: construção de estradas vicinais, transporte de profissionais em saúde ...) Benefícios da implantação do programa: Diretos (eliminação de gastos com o tratamento de doenças evitáveis) e Indiretos (aumento da capacidade produtiva da comunidade decorrente da queda da taxa de mortalidade e morbidade da população). Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 71 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise Custo-Benefício (ACB) Escolhas de Programas utilizando como Critério o VPL Programa A Período 0 Programa B Benefício (R$) Custos (R$) Benefício (R$) Custos (R$) --- 100 --- 60 Período 1 50 20 --- 30 Período 2 50 20 60 10 Período 3 50 20 60 10 Período 4 50 20 60 10 Análise Custo-Benefício (ACB) Indicador : Relação Benefício-Custo B / C = [ Σ Bt / (1 + d)t ] / [ Σ Ct / (1 + d)t ] Viabilidade será indicada com B/C = 1 e ações podem ser indicadas de acordo com as magnitudes de B/C. B / C = Relação benefício / custo; Bt = Benefício do período t; Ct = Custo no período t; d = taxa de desconto. Análise Custo-Benefício (ACB) Indicador : Taxa Interna de Retorno Σ Bt – Ct / (1 + TIR)t = 0 Viabilidade será dada quando TIR = d. TIR = Taxa Interna de Retorno; Bt = Benefício do período t; Ct = Custo no período t; d = taxa de desconto. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 72 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise Custo-Benefício (ACB) A Análise Custo Benefício é de difícil realização porque requer que custos e benefícios sejam mensurados (ou convertidos) em termos monetários; Exemplo: realização de tratamento psiquiátrico em hospitais tradicionais ou sem a hospitalização. Análise Custo-Benefício (ACB) Para a sua utilização, é necessário levar em conta que as alternativas sob estudo não trazem em si riscos éticos insuportáveis. Ex: quando uma opção altamente econômica ou lucrativa tem o potencial de aumentar a morbimortalidade, sem que haja razões justas para a sua adoção, não é ético ou mesmo lícito adotá-la. A alternativa mais barata, com potencial danoso, só poderá ser escolhida se for a única opção ou em caso de decisões em prol de uma maioria de indivíduos, que poderia ser prejudicada pela adoção de uma alternativa mais cara. Análise de Custo Efetividade Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 73 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise Custo-Efetividade (ACE) DESCRIÇÃO Tipo de Avaliação: Custo-Efetividade Medida de Custos: Unidades Monetárias Medida de Efeitos: Unidades Clínicas Habituais Análises: (CA / EA) - (CB / EB) Vantagem: Unidades dos efeitos são utilizadas na prática clínica diária Limitação: Comparação entre alternativas onde os resultados são expressos nas mesmas unidades físicas. Análise Custo-Efetividade (ACE) A ACE é uma avaliação na qual programas alternativos, serviços, ou intervenção são comparadas em termos do custo por unidade do efeito clínico. Exemplos: - custo por vidas salvas; custo por milímetro de mércurio de diminuição de pressão arterial. Análise Custo-Efetividade (ACE) A ACE identifica as alternativas com melhor desfecho para a saúde da população por unidade monetária gasta. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 74 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise Custo-Efetividade (ACE) Medidas de efetividade utilizadas em estudos de Aval. Econ.: Anos de vida salvos; • Episódios de doença evitados; • Dias sem sintomas; • Redução de taxa de recidiva; • N.º de doentes efetivamente tratados; • Proporção de doentes sem necessidade de dispositivos de apoio ; • Efeitos adversos gastropáticos evitados; • Consumo de terapêuticas concomitantes. Análise Custo-Efetividade (ACE) Exemplo: na comparação de 3 alternativas farmacológicas da hipertensão arterial: a) diurético; b) betabloqueador; b) inibidor de enzima conversora da angiotensina, as medidas comuns de efetividade poderão ser: - redução na pressão arterial em mmHg (indicador intermediário) ou - número de eventos cardiovasculares evitados (indicador final). Análise Custo-Efetividade (ACE) Indicadores de Saúde A escolha entre um indicador intermediário ou final de efetividade dependerá dos objetivos a serem propostos pela avaliação, bem como do tempo do estudo destinado a medir as variações nas conseqüências sobre o estado de saúde dos indivíduos. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 75 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise Custo-Efetividade (ACE) Indicadores de Saúde Ex: em pacientes aidéticos, a redução da carga viral é um exemplo de indicador intermediário, no entanto, essa diminuição promove um aumento na esperança de vida desses enfermos (indicador final de efetividade). Análise Custo-Efetividade (ACE) A medição dos benefícios terapêuticos numa análise custo-efetividade dependerá do objetivo da farmacoterapia. Exemplo: a avaliação de um novo medicamento para a hipercolesterolemia poderá utilizar como indicador clínico a redução da taxa de colesterol em mg/dL. Análise Custo-Efetividade (ACE) Alguns exemplos de unidades de medida dos resultados na análise custo-efetividade, envolvendo os problemas relacionados aos medicamentos, são: - o número de internações hospitalares evitadas em decorrência da adesão do paciente ao tratamento farmacológico; - anos de vida ganhos em função de reações adversas a medicamentos preveníveis e - resistências bacterianas evitadas devido a uma antibioticoterapia adequada. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 76 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise Custo-Efetividade (ACE) Na ACE, a efetividade é expressa em unidades não monetárias, definindo o objetivo da análise. Exemplos: - vidas salvas (anos de vida ganho); - dias de incapacidade evitada; - casos tratados; É aplicável quando a opção terapêutica é avaliada em termos do resultado clínico. Análise Custo-Efetividade (ACE) É teoricamente menos ambicioso do que a ACB. Distingue-se da ACB pelo fato de os resultados ou conseqüencias das terapêuticas serem medidas em unidades físicas (ex. anos de vida ganhos ou casos detectados); O método da ACE justifica-se quando os benefícios são dificilmente monetarizáveis. Análise Custo-Efetividade (ACE) O método procura responder a dois tipos de pergunta: (a) Que medicamento é capaz de realizar objetivos pré-fixados ao menor custo possível (ex. o custo mais baixo por vida salva)? (b) Que tipo de terapêutica permite maximizar os benefícios de um dado recurso financeiro? Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 77 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise Custo-Efetividade (ACE) Deve-se notar que alguns autores denominam a ACE de análise custo-eficácia. Contudo, no domínio da saúde a distinção que se faz entre eficiência e efetividade implica que o termo custo-efetividade seja o mais apropriado. Análise Custo-Efetividade (ACE) LIMITAÇÕES ACE não pode ser utilizada para comparar intervenções com diferentes desfechos. Permite comparar, por exemplo, o tratamento de aborto incompleto ou o procedimento tradicional. No entanto, mesmo que existam evidências, torna-se necessário que elas sejam relevantes para o contexto (ex. Existe o preparo da equipe de saúde para executar o novo tratamento?) Análise Custo-Efetividade (ACE) O método tem por objetivo identificar a opção terapêutica que consegue obter o melhor resultado clínico por unidade monetária aplicada. Exemplo: relação custo-efetividade do tratamento da hipertensão arterial. ITEM DE ANÁLISE Anti-hipertensivo A Anti-hipertensivo B Custo de tratamento R$ 2,00 / dia R$ 1,00 / dia Eficácia (redução da PA – unidade de pressão reduzida) 10 mmHg 4 mmHg Relação custo/eficácia R$ 0,20 / mmHg reduzido R$ 0,25 / mmHg reduzido Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 78 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise Custo-Efetividade (ACE) Exemplo: comparação entre custo e efetividade de 3 medicamentos no nº de vidas salvas em um tratamento hipotético. Medicamentos Custo para tratar 100 pacientes Nº de vidas salvas / 100 pacientes Razão Custo Efetividade (custo p/vida salva) A R$ 30.000,00 10 R$ 3.000,00 B R$ 20.000,00 4 R$ 5.000,00 C (medicamento dominante) R$ 18.000,00 18 R$ 1.000,00 Análise Custo-Efetividade (ACE) Exemplo: comparação entre custo e efetividade de 3 medicamentos no prolongamento da vida de portadores de uma doença crônica (hipotético). Medicamentos Custo para tratar 1 paciente Anos de vida adicionais (mediana) Razão Custo Efetividade (custo p/ ano de vida ganho) A R$ 30.000,00 10 R$ 3.000,00 B R$ 6.000,00 3 R$ 2.000,00 C R$ 17.600,00 3,3 R$ 5.333,33 Análise Custo-Efetividade (ACE) Maior custo Descartar Novo tratamento é mais efetivo e de maior custo Maior efetividade Menor efetividade Em geral, o tratamento vigente Cenário ideal Estratégia Dominante Menor custo Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 79 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise Custo-Efetividade (ACE) Relação Custo-Efetividade de alguns tratamentos e procedimentos. Tratamento Custo p/ano de vida ganho Interrupção do Fumo (consultas médicas) US$ 1.300 – 1.900,00 Coquetel de drogas contra a AIDS US$ 15.000 – 20.000,00 Diálise do rim US$ 50.000,00 Mamografia para mulheres com idade entre 55 e 64 anos US$ 110.000,00 Fonte: OMS (2000) Análise Custo-Efetividade (ACE) Vantagens: -Não requer a monetização dos benefícios da saúde. - Resultados são intuitivos e fáceis de interpretar (custo por ano de vida salvo). • Desvantegens: - Somente podem comparar terapias cujos efeitos são mensuráveis nas mesmas unidades. Clinical Sciences Research Institute, Warwick Medical School, UK Analise de Custo-Utilidade Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 80 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise de custo utilidade: Avalia os custos e consequências de diferentes intervenções em termos da qualidadade de vida do paciente e do tempo de sobrevivência. 241 Análise Custo-Utilidade (ACU) Tipo de Avaliação: Custo Utilidade Medida de Custos: Unidades Monetárias Medida de Efeitos: QALY Análises: (CA / QALYA ) - (CB /QALYB) Vantagem: Permite a integração dos efeitos de um único valor de utilidade Limitação: Problemas de validade nos instrumentos de medida de utilidade. Análise Custo-Utilidade (ACU) Quality Adjusted Life Year (QALY): é uma unidade que captura a noção de que um ano a mais de sobrevivência em perfita saúde. Pelo uso da QALY, os conceitos de mortalidade e morbidade são combinados numa única unidade. Este método de medição é útil quando as avalições das intervenções implicam na extensão da vida e na melhoria de sua qualidade. 243 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 81 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise Custo-Utilidade (ACU) Tipo de análise custo-efetividade na qual os desfechos (mudanças possíveis nas condições de saúde da população) são mensurados em termos do seu valor social. Custo é expressado por algum incremento de medidas de qualidade de vida. Exemplos: - custo por qualidade de vida anual ajustada; - custo por dias saudáveis de vida ganha. Análise Custo-Utilidade (ACU) - combina dados de quantidade e qualidade de vida em um mesmo resultado (AVAQ ou QUALY) equivale a um bom ano de vida, ou anos de vida saudáveis AVAQ integra mortalidade, morbidade e preferências em um número compreensível • AVAQ = • Anos de Vida Ganhos x Índice de Qualidade Análise Custo-Utilidade (ACU) São mais refinadas do que a ACE, pois a efetividade é expressa não só em termos de duração da vida, mas da qualidade de sobrevida obtida através dos diversos tipos de intervenções médicas. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 82 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise Custo-Utilidade (ACU) • Aplicável quando a opção terapêutica é avaliada em termos do aumento ou redução dos indicadores de qualidade de vida dos usuários; • ACU combina qualidade e quantidade de vida na mensuração do desfecho; • O desfecho mais comumente utilizado é Quality Adjusted Life Years (QALYs) • O uso de medicamentos quimioterápicos em certos tipos de neoplasias é um exemplo de aplicação da ACU. Análise Custo-Utilidade (ACU) QALY (Quality Adjusted Life of Years) • Unidade de medida bidimensional do bem-estar de um indivíduo ou de um grupo de pessoas que ajusta os anos de vida seguindo a utilidade avaliada como conseqüência de estados imperfeitos de saúde; • O conceito leva em conta tanto a quantidade como qualidade de vida resultante de uma intervenção médica. Análise Custo-Utilidade (ACU) QALY (Quality Adjusted Life of Years) QALY é um parâmetro que independe da natureza da enfermidade ou tratamento, que é a satisfação do paciente. Assim, pode servir de comparação entre tratamentos completamente diferentes. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 83 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise Custo-Utilidade (ACU) QALY (Quality Adjusted Life of Years) Os valores numéricos pontuados na medida QALY são obtidos a partir dos instrumentos (questionários) destinados a medir, num dado momento no tempo, a qualidade de vida relacionada com a saúde das pessoas. Análise Custo-Utilidade (ACU) • Utilidade (Economia): Refere-se ao nível de satisfação ou de utilidade que o consumidor obtém do consumo de produtos ou serviços. • Utilidade (Economia da Saúde): Reflete as preferências dos pacientes diante da incerteza do evento (conseqüências de um tratamento ou intervenção médica); Análise Custo-Utilidade (ACU) • Utilidade: Tipo específico condições de incerteza; de preferência sob • Valor: é uma preferência medida sob condições de certeza, de modo a não expressar a atitude subjetiva de risco. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 84 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise Custo-Utilidade (ACU) Medida de Utilidade • Um tratamento que oferece 1 de vida saudável = 1 QALY = Um tratamento que oferece 2 anos de vida com saúde regular (0,5) = 1 QALY • Um tratamento que oferece 0,5 ano de vida saudável para 2 pacientes = 1 QALY Análise Custo-Utilidade (ACU) Escolha Entre dois Antidepressivos ITEM ANTIDEPRESSIVO A ANTIDEPRESSIVO B Custo-dia tratamento R$ 1,30 R$ 2,50 Escore de QOL 0,5 0,8 Extensão da vida (mediana) 20 anos 30 anos Índice QALY 10 24 Custo Anual do Tratamento R$ 474,50 R$ 912,50 Relação CustoUtilidade R$ 47,45/QALY R$ 38,02/QALY ANTIDEPRESSIVO B, embora custando mais, apresenta uma maior Rentabilidade sob a ótica do CUSTO-UTILIDADE. Análise Custo-Utilidade (ACU) Comparação entre Custo e Utilidade de duas modalidades de tratamento ITEM Custo p/ indivíduo ano VACINAÇÃO CONTRA TRATAMENTO ANTIA GRIPE DEPRESSIVO R$ 20,00 R$ 900,00 Número de Indivíduos a tratar Custo Social Total 10.000.000 3.000.000 R$ 200.000.000,00 R$ 270.000.000,00 Anos de vida Ganhos 2 anos p/indivíduo 10 anos p/indivíduo 20.000.000 30.000.000 Anos de vida Totais Escore de QOL QALY totais Custo p/ QALY ganho 0,9 0,6 18.000.000 18.000.000 R$ 11,11 R$ 150,00 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 85 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Métodos de Avaliação Econômica Tratamento de uma Doença Coronária com duas Estratégias (Exemplo A) CUSTO, BENEFÍCIO, EFETIVIDADE e UTILIDADE Tratam Custos . (R$) Expectativ a de Vida Utilidade QALY Benefícios (R$) A 10.000,0 0 5,6 anos 0,80 4,48 2.000,00 B 5.000,00 4,1 anos 0,90 3,69 1.000,00 Métodos de Avaliação Econômica Tratamento de uma Doença Coronária com duas Estratégias (Exemplo A) Custo Mínimo: Tratamento B (R$ 5.000,00) Custo Benefício: Indiferente o Tratamento A ou B (R$ 5/ R$ 1) Custo Efetividade: Tratamento B (R$ 5.000 /4,1 anos) = R$ 1.219,00 p/ano de vida salva Custo Utilidade: Tratamento B (R$ 5.000 /3,69 QALYs) = R$ 1.355,01 p/QALY ganho Métodos de Avaliação Econômica Análise Incremental Razão Adicional do Custo Benefício (A-B) = (R$ 10.000,00 - R$ 5.000) / (R$ 2.000,00 – R$ 1.000,00) = 5 Razão Adicional do Custo Efetividade (A-B) = (R$ 10.000,00 - R$ 5.000) / (5,6 anos – 4,1 anos) = R$ 3.333,33 p/ano de vida salva Razão Adicional do Custo Utilidade (A-B) = (R$ 10.000,00 - R$ 5.000) / (4,48 QALY – 3,69 QALY) = R$ 6.329,11 p/QALY Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 86 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Métodos de Avaliação Econômica Tratamento de uma Doença Coronária com duas Estratégias (Exemplo B) CUSTO, BENEFÍCIO, EFETIVIDADE e UTILIDADE Tratam Custos . (R$) Expectativ a de Vida Utilidade QALY Benefícios (R$) A 10.000,0 0 5,6 anos 0,9 5,04 2.000,00 B 5.000,00 4,1 anos 0,6 2,46 1.000,00 Métodos de Avaliação Econômica Tratamento de uma Doença Coronária com duas Estratégias (Exemplo B) Custo Mínimo: Tratamento B (R$ 5.000,00) Custo Benefício: Indiferente o Tratamento A ou B (R$ 5/ R$ 1) Custo Efetividade: Tratamento B (R$ 5.000 /4,1 anos) = R$ 1.219,00 p/ano de vida salva Custo Utilidade: Tratamento A (R$ 10.000 /5,04 QALYs) = R$ 1.984,13 p/QALY ganho Relação entre QALY e Gasto Per Capita com saúde Gastos per capita c/saúde RELAÇÃO INVERSA entre QALY’s perdidos (p/1.000 habitantes) e gastos per capita c/saúde ECON. CONSOLIDADAS AMÉRICA LATINA ORIENTE MÉDIO EX-SOCIALISTAS ÁFRICA ÍNDIA Fonte: Banco Mundial (1993) QALY’s perdidos Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 87 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise Custo-Utilidade (ACU) QUALIDADE DE VIDA é um conceito amplo que envolve não apenas saúde, mas também a percepção global do paciente de um determinado número de dimensões: (a) Características físicas, biológicas, anatômicas e hereditárias; (b) O Estado Funcional e a capacidade de desempenhar as atividades do cotidiano; (c) O Estado mental, incluindo a autopercepção da saúde e do estado de ânimo; (d) O potencial de vida individual (longevidade e o prognóstico dos eventuais estados mórbidos); (e) Os fatores ambientais, que incluem a situação sócio-econômica, a educação, os hábitos de higiene, a alimentação e o meio ambiente entre outros. Análise Custo-Utilidade (ACU) A AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA pode ser feita através de questionários elaborados para captar o grau de satisfação de um indivíduo com o seu estado atual. Os questionários podem ser aperfeiçoados para avaliação de grupos específicos de pacientes, como cardiopatas, reumáticos, diabéticos... Os questionários contém um certo número de quesitos a serem preechidos pelo paciente, assistido ou não por um pesquisador, no qual alguns parâmetros são colocados de forma objetiva para que o mesmo assinale a sua percepção instantânea. Análise Custo-Utilidade (ACU) Instrumentos Genéricos tem a vantagem de permitir comparações entre pacientes com diferentes patologias. A desvantagem é de que não consegue demonstrar alterações em aspectos específicos. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 88 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise Custo-Utilidade (ACU) Instrumentos Genéricos para avaliar a qualidade de vida: (a) Os Perfis de Saúde - Short-Form Health Survey (SF-36); - Nottingham Health Survey (NHP); - Sickness Impact Profile (SIP); - McMaster Health Index Questionnaire (MHQ). (b) Índices de Saúde ou Medidas de Saúde Refletem a preferência dos pacientes por um determinado estado de saúde ou por um determinado tratamento, relacionando em escalas quantitativas diversos cenários possíveis e variáveis, desde a saúde perfeita até a morte. ACU – Instrumentos p/ Avaliação da Qualidade de Vida Instrumentos Genéricos para avaliar a qualidade de vida: (b) Medidas de Saúde – dividem-se em medidas diretas (questiona o indivíduo diretamente sobre sua preferência) e indiretas de utilidade (b.1) Medidas Diretas: - Técnica de Escolha pela Chance; - Técnica de Escolha pelo Tempo; - Escala Visual Analógica. ACU – Instrumentos p/ Avaliação da Qualidade de Vida (b.1) Medidas Diretas: Técnica de Escolha pela Chance Ex: dois tratamentos (A e B) para pacientes c/ lombalgia Alternativa A: um único estado de saúde intermediário (condição de certeza). Ex. Lombalgia crônica Alternativa B: dois estados de saúde possíveis caso o paciente se submeta a um procedimento terapêutica (condição de incerteza) - Estado de Saúde X com probabilidade p de ocorrer (melhora da saúde com a diminuição sensível da dor); - Estado de Saúde Y com probabilidade (1-p) de ocorrer (piora da saúde com reação ao tratamento levando a morte do paciente); Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 89 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 ACU – Instrumentos p/ Avaliação da Qualidade de Vida (b.1) Medidas Diretas: Técnica de Escolha pela Chance Ex: dois tratamentos (A e B) para pacientes c/ lombalgia Com base nas respostas dadas pelo paciente, a probabilidade p de ocorrência do estado de saúde X é modificada (ex. 0,92 para 0,95) até que se determine o ponto de indiferença p* (ponto no qual o paciente fica indirente entre o tratamento A e B). Este ponto de indiferença p* é a utilidade que o paciente atribui ao seu estado atual de saúde numa escala em que a utilidade varia de 0 a 1. ACU – Instrumentos p/ Avaliação da Qualidade de Vida (b.1) Medidas Diretas: Técnica de Escolha pelo Tempo Ex: dois tratamentos (A e B) para pacientes c/ lombalgia crônica O paciente deve responder quantos anos de vida esta disposto a ceder em troca de evitar um determinado estado de saúde crônica. Alternativa A: oferecido ao paciente um estado de saúde crônico (ex. dor lombar, disfunção sexual, paralisia ou perda de mobilidade dos membros inferiores…); Alternativa B: oferecido ao paciente um estado de saúde, melhor por um período de tempo menor (ex. sem dor p/ 10 anos seguido da morte ou com mobilidade p/5 anos seguido por morte). ACU – Instrumentos p/ Avaliação da Qualidade de Vida (b.1) Medidas Diretas: Técnica de Escolha pelo Tempo Ex: dois tratamentos (A e B) para pacientes c/ lombalgia crônica O período da Alternativa B vai aumentando (10,11,12,13 anos) até que se determine o ponto de indiferença entre as alternativas A (viver com condição crônica) e B (perder alguns anos de vida em troca da melhoria da saúde). A partir desse ponto de indiferença o paciente poderia enfrentar um possível procedimento terapêutico mesmo que isso significasse viver menos. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 90 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 ACU – Instrumentos p/ Avaliação da Qualidade de Vida (b.1) Medidas Diretas: Escala Visual Analógica linha desenhada com extremidade 0 e 1 0 = Morte; 1 = Saúde Perfeita Paciente marca três pontos na linha: 1º) marca o melhor estado de saúde desejável; 2º) marca o seu próprio estado de saúde; 3º) marca o pior estado de saúde aceitável; Cadda ponto corresponderá ao valor de utilidade atribuído a cada um dos estados de saúde indicados. ACU – Instrumentos p/ Avaliação da Qualidade de Vida (b.2) Medidas Indiretas: são menos complexas, mais rápidas de obter resultados e com menor custo. Utiliza sistema de multiatributos, que, através de questionários, permite descrever e calcular preferências para diversos estados de saúde. Entre os instrumentos mais conhecidos estão: - EuroQol – 5D; Quality of Well-Being Scale; Health Utilities Index; SF-36 ACU – Instrumentos p/ Avaliação da Qualidade de Vida Health Utilities Index Desenvolvido em várias pesquisas populacionais em saúde e em levantamento estatísticos sociais no Canadá; É composto por oito atributos, com seis níveis de capacidade possíveis para cada atributo. Pode descrever um total de 972.000 estados únicos de saúde. São atributos desse sistema: Visão, Audição, Fala, Deambulação, Destreza, Emoção, Cognição e Dor. De acordo com o nível de resposta em cada atributo é feita a descrição do estado de saúde. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 91 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 ACU – Instrumentos p/ Avaliação da Qualidade de Vida EUROQoL: inclui valores do estado de saúde e tem grande potencial para aplicação em avaliações econômicas. Apresenta duas seções: EQ-5D e EQ-VAS. A primeira (EQ-5D) contém cinco itens cobrindo os domínios de mobilidade, cuidados próprios, atividade habitual, dor/desconforto e ansiedade/depressão. Cada item é graduado em uma escala de 1 (sem problemas) a 3 (incapacidade/ problemas graves). Os escores situam-se entre -0,59 a 1,00, onde 1,00 é considerado saúde perfeita e escores menores que 0 são definidos como piores que a morte. A segunda seção (EQ-VAS) inclui uma EVA em que o paciente gradua seu estado geral de saúde de 0 (pior imaginável) a 100 (melhor imaginável). 274 ACU – Instrumentos p/ Avaliação da Qualidade de Vida EuroQol (EQ – 5D) Tem a capacidade de transpor as resposta a inquéritos para uma escala que represente as valorizações em termos de utilidade. O EuroQol é um sistema de valorização com 5 atributos: a) mobilidade; b) autonomia; c) capacidade de desenvolver atividades usuais; d) dor/desconforto; e) ansiedade/depressão. Cada atributo tem três níveis, o que origina 243 estados de saúde possíveis. No final, o sistema distingue 245 estados de saúde a quantificar. ACU – Instrumentos p/ Avaliação da Qualidade de Vida SF-36 (Medical Outcomes Study (MOS) 36Item Short Form): instrumento mundialmente empregado em estudos envolvendo qualidade de vida. Apresenta oito domínios: capacidade funcional, aspectos físicos, aspecto emocional, saúde mental, aspectos sociais, vitalidade, dor e percepção geral de saúde. O escore é de 0-100, com valores maiores indicando melhor qualidade de vida. 276 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 92 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 ACU – Instrumentos p/ Avaliação da Qualidade de Vida SF-36 Instrumento de qualidade de vida utilizado em diversos ensaios clínicos. A partir dele desenvolveu-se SF-6D, um instrumento utilizado como ponte entre o SF-36 e as medidas de utilidade, permitindo comparações com dados produzidos a partir do HUI. É composto por seis dimensões de saúde (funcionamento físico, limitação global, funcionamento social, dor no corpo, saúde mental e vitalidade). Descreve um total de 9.000 estados de saúde com níveis de capacidade variando de 2 a 6. ACU – Instrumentos p/ Avaliação da Qualidade de Vida Instrumentos Específicos para avaliar a qualidade de vida: São destinados a determinadas doenças (diabetes, doença pulmonar crônica, artrite …) ou a determinadas funções (capacidade funcional ou função sexual …). A grande vantagem é o fato de serem clinicamente mais sensíveis; porém, não permitem comparações entre patologias distintas e são restritos aos domínios de relevância do aspecto a ser avaliado. Análise Custo-Utilidade (ACU) DALY (Disability Adjusted Life of Years) Anos de Vida Corrigidos pela Incapacidade Os Anos de Vida Corrigidos ou Ajustados pela Incapacidade do Indivíduo (DALY) aplica ponderações considerando os diferenciais de idade. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 93 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise Custo-Utilidade (ACU) DALY (Disability Adjusted Life of Years) Anos de Vida Corrigidos pela Incapacidade Ao invés de buscar o valor subjetivo atribuído pelos indivíduos a cada um dos estados de saúde, é construído uma medida a partir da mortalidade estimada para cada doença e seu efeito incapacitante, ajustado pela idade das vítimas; e uma taxa de atualização, para calcular o valor de uma perda futura. Análise de Decisão em Saúde: Árvore de Decisão ANÁLISE DE DECISÃO EM SAÚDE • A Análise de decisão pode ser definida como uma abordagem sistemática para a tomada de decisões em condições de incerteza. É uma técnica que permite aos tomadores de decisão compararem desfechos em diferentes estratégias. • No campo da saúde esta análise tem sido aplicada para avaliar diferentes estratégias diagnósticas e terapêuticas. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 94 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 ÁRVORES DE DECISÃO A Árvore de decisão incorpora todos os elementos chaves e valores que são importantes para os pacientes e, ao mesmo tempo, simples o suficiente para ser compreensível e operacional. O objetivo de uma análise de decisão é identificar a via preferível entre dois ou mais cenários clínicos. A via preferida pode ser selecionada como o melhor desfecho com base na resposta clínica, utilidade ou custo-benefício. ÁRVORES DE DECISÃO • Diagrama que representa um conjunto de possíveis eventos ou cursos de ação que podem ocorrer como resultado de uma decisão, tal como a introdução de um programa de administração de um medicamento. • A Árvore de decisão é dividida em: Ramos e Nós. Ramos: representam diferentes cursos de ação; Nós: representam situações de escolha. ÁRVORES DE DECISÃO Exemplo simplificado de modelo de análise de decisão para comparar 2 estratégias terapêuticas. Estratégica Terapêutica 1 MORTO (0,25) VIVO SEM MORBIDADE VIVO COM MORBIDADE 0 (0,50) 1 (0,25) 0,5 Decisão MORTO (0,25) VIVO SEM MORBIDADE Estratégica Terapêutica 2 VIVO COM MORBIDADE (0,25) 0 1 (0,50) Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 0,7 95 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 ÁRVORES DE DECISÃO • VALOR ESPERADO DA ESTRATÉGIA 1 = 0,625 • VALOR ESPERADO DA ESTRATÉGIA 2 = 0,55 • A estratégia com maior valor esperado será a mais desejável. ÁRVORES DE DECISÃO • No Hospital Z, pneumonia por Bacterium sp são tratadas atualmente com Velhociclina a um custo total de $ 200 por ciclo de tratamento. A eficácia é de 80%, mas é verificada hepatotoxicidade em 5% dos pacientes tratados. • Nos 20% dos casos em que a Velhociclina falha, é necessário empregar Superciclina. Antibiótico com 99,9% de eficácia, mas com um custo de $2.500 por ciclo de tratamento. Ainda assim, 0,1% dos pacientes falecem em conseqüência da infecção. ÁRVORES DE DECISÃO • A indústria farmacêutica K apresenta um novo antibiótico chamado Novociclina, sugerido para a mesma indicação da Velhociclina, mas com uma eficácia de 95%, sem efeitos colaterais. No entanto, o custo de tratamento é de $ 600 por ciclo. • Questão: vale a pena substituir Velhociclina por Novociclina? Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 96 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 ÁRVORE DE DECISÃO - Velhociclina Sem hepatot oxicidade (95%) A- $ 200 Com hepatotoxicidade (5%) cura (80%) B- $ 2.950 $ 2.750 cura (99,9%) Velhociclina C- $ 2.700 Sem hepatotoxicidade (95%) óbit o (0,1%) falha (20%) Superciclina D- $ 3.200 $ 500 $ 1.500, cura (99,9%) Com hepatotoxicidade (5%) $ 2.750 óbito (0,1%) $ 500 E- $ 5.450 F- $ 5.950 ÁRVORE DE DECISÃO - Novociclina cura (95%) A- $ 600 Novociclina cura (99,9%) $ 1.500 Superciclina falha (5%) óbito (0,1%) $ 500 B- $ 3.100 C- $ 3.600 ÁRVORE DE DECISÃO – Análise Custo-Efetividade Levantamento de Custos – Aquisição do medicamento – Exames e tratamento da hepatotopatia – Tratamento com Superciclina – Óbito Velhociclina $ 200 $2.750 $2.500 $ 500 $5.950 Novociclina $ 600 $2.500 $ 500 $3.600 Estudo Probabilístico – Eficácia – Risco de hepatotoxicidade – Eficácia da Superciclina – Falha terapêutica com óbito 80 % 5 % 99,9% 0,1% 95 % 99,9% 0,1% Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 97 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Valores esperados sobre a Árvore de Decisão Velhociclina – A- 0.80 (cura) x 0,95 (s/hepat.) x – B- 0,80 x 0,05 (c/hepat.) x – C- 0,20 (falha) x 0,95 x 0,999 (cura) x – D- 0,20 x 0,95 x 0,001(óbito) x – E- 0,20 x 0,05 (c/hepat.) x 0,999 (cura) x – F- 0,20 x 0,05 (c/hepat.) x 0,001 (óbito) x $ 200 = $2.950 = $2.700 = $3.200 = $5.450 = $5.950 = TOTAL $ 152,00 $ 118,00 $ 512,49 $ 0,61 $ 54,40 $ 0,06 $837,56 $ 600 = $3.100 = $3.600 = TOTAL $ 570,00 $ 154,85 $ 0,18 $ 725,03 Novociclina – A- 0,95 (cura) – B- 0,05 (falha) – C- 0,05 x x x 0,999 x 0,001(óbito) x Valores esperados sobre a Árvore de Decisão Levantamento de Custos – Aquisição do medicamento – Exames e tratamento da hepatotopatia – Tratamento com Superciclina – Óbito Velhociclina Novociclina $ 200 $2.750 $2.500 $ 500 $ 600 $2.500 $ 500 $5.950 $3.600 – Eficácia 80 % 95 % – Risco de hepatotoxicidade – Eficácia da Superciclina – Falha terapêutica com óbito 5 % 99,9% 0,1% 99,9% 0,1% Estudo Probabilístico Valores esperados sobre a Árvore de Decisão Levantamento de Custos – Aquisição do medicamento – Exames e tratamento da hepatotopatia – Tratamento com Superciclina – Óbito Velhociclina $ 200 $2.750 $2.500 $ 500 Novociclina $ 600 $2.500 $ 500 $5.950 $3.600 – Eficácia 80 % 90 % – Risco de hepatotoxicidade – Eficácia da Superciclina – Falha terapêutica com óbito 5 % 99,9% 0,1% 99,9% 0,1% Estudo Probabilístico Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 98 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 ÁRVORES DE DECISÃO Variação de Informação (Análise Sensibilidade) Se a Novociclina mostrar eficácia de 95% Velhociclina $ 837,56 X Novociclina $ 725,03 Se a Novociclina mostrar eficácia de 90% Velhociclina $ 837,56 X Novociclina $ 850,05 Análise de Custos e o Discounting Análise de Custos e o Discounting Muitas decisões tomadas hoje irão ter uma repercurção no proximo e/ou nos próximos anos. Assim, nós necessitamos de um método para comparar a desejabilidade dos resultados quque incluem conseuências que ocorrem em diferentes pontos do tempo. 297 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 99 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise de Custos e o Discounting As justificativas teóricas para utilizar o discounting estão baseadas em dois fatos ou pressupostos: – Preferências intertemporal (time preference): os indivíduos preferem consumir no presente do que no futuro, mas eles podem fazer uma escolha entre consumir mais no presente e menos no futuro. – Custos de oportunidade (opportunity cost): o uso de recurso no presente tem impacto sobre o uso de recursos no futuro. 298 Análise de Custos e o Discounting Discounting é uma técnica que permite comparações entre custos e benefícios que ocorrem em diferentes pontos do tempo. Isto é particularmente importante onde os custos geralmente ocorrem imediatamente, enquanto os benefícios ocorrem em estágios posteriores, tal como por exemplo em programas preventivos de vacinação ou num tratamento de uma doença crônica no longo prazo. 299 Análise de Custos e o Discounting Discounting não corresponde a uma correção para a inflação. Ao invés, ela reflete as preferências temporais, o desejo de obter benefícios antecipadamente ao invés de posterga-los, e o custo de oportunidades do capital, isto é, os retornos que poderiam ser obtidos se os recursos fossem investidos em qualquer outra atividade. 300 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 100 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise de Custos e o Discounting A questão do “Discounting” Valor Presente dos custos que acontecem em diferentes momentos no tempo. Análise de Custos e o Discounting A questão do “Discounting” Quando o discouting deve ser considerado? Quando a estratégia em estudo envolve custos que acontecerão não apenas no momento presente, mas também no futuro. Análise de Custos e o Discounting A questão do “Discounting” Real ($) hoje tem maior valor que o mesmo Real ($) no futuro Não é uma correção da inflação! Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 101 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Discounting Process Dado um fluxo de custos C1, C2, …, CT,o valor presente é calculado como: PV = ∑ T t=1 Ct (1 + r ) t , onde 1/(1+r) t é chamado de fator de desconto. 304 Controvérsias sobre o Discoonting Embora exista uma aceitação universal sobre a necessidade do discounting, existem pelo menos três pontos controversos: – Qual a taxa de descontro apropriada para usar; – Se devemos descontar tanto os benefícios como os custos; – Se devemos usar a mesma taxa de desconto para os custos e benefícios. 305 Análise de Custos e o Discounting Year 1 Curative Program (A) 5 Preventive Program (B) 15 2 10 10 3 15 4 306 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 102 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise de Custos e o Discounting PVA = 5/(1.05) + 10/(1.05)2 + 15/(1.05)3 = 26.79 PVB = 15/(1.05) + 10/(1.05)2 + 4/(1.05)3 = 26.81 307 Condução dos estudos farmacoeconômicos http://oberon.sourceoecd.org/vl=10151448/cl=16/nw=1/rpsv/cgi-bin/wppdf?file=5lgsjhvj7q7g.pdf 308 Condução dos estudos farmacoeconômicos http://oberon.sourceoecd.org/vl=10151448/cl=16/nw=1/rpsv/cgi-bin/wppdf?file=5lgsjhvj7q7g.pdf 309 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 103 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise de Custos Os Custos que devem ser considerados ou incluídos em uma analise econômica em uma analise econômica dependem de: Perspectiva da análise (ponto de vista) Alternativas que estão sendo comparadas na análise (alternativa fazer nada é válida? ) Tipo de análise (Custo-beneficio) Análise de Custos Potenciais problemas: 1) Incerteza nas estimativas e definição de limites de confiança (analise de sensibilidade) 2) Definição e inclusão dos custos referentes a pesquisa e desenvolvimento( ex: Nos caso de programas a serem repetidamente implementados, nem sempre!) 3) Ganhos de produtividade com o crescente aprendizado (maior custo hoje e queda com o continuo aprendizado e o passar do tempo) 4) Rápidas mudanças tecnológicas (mudanças nos insumos e processos) Análise de Custos • Potenciais problemas: 5) 6) 7) 8) Definição da capacidade que o sistema irá operar ( custo de uma RM varia se está em uso pleno ou em uso de apenas 30% de sua capacidade) Definição do modelo com o uso típico de recursos ou potencial (e possível) uso mais eficiente de recursos (ex: médico e enfermeira) Definição sobre incluir ou não custos indiretos em uma analise (diferentes implicações para os tomadores de decisão) Definição sobre quais custos diretos devem ser incluídos na análise (papanicolau e ida ao médico apenas para prevenção do Ca ginecológico ou ida ao médico para um programa de prevenção global) Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 104 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Modelos de Markov Aplicados a Economia da Saúde Modelos de Markov Em matemática, uma cadeia de Markov de tempo discreto é um processo estocástico de tempo discreto que apresenta a propriedade de Markov, chamada assim em homenagem ao matemático Andrei Andreyevich Markov. A definição desta propriedade, também chamada de memória markoviana, é que os estados anteriores são irrelevantes para a predição dos estados seguintes, desde que o estado atual seja conhecido. ANDREI MARKOV Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 105 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 O Uso dos Modelos de Markov O modelo de Markov é classificado com sendo um modelo dinâmico que busca estudar a transição de um estado para o outro. Segundo Kuntz & Wenstein (2004, p.141) eles são os mais usados nas avaliações econômicas de saúde. Definição de Modelo Um modelo nada mais é do que uma representação simplificada da realidade. Quando um grupo de fenômenos observáveis é confirmada a evidência de uma regularidade, tenta-se estabelecer a correspondente teoria matemática. Esta teoria pode ser considerada como o modelo matemático do conjunto de fatos empíricos que constituem os dados. O que é um modelo? [cf. Kuntz & Wenstein (2004,p.142) No contexto da avaliação econômica das intervenções médicas, um modelo é qualquer estrutura matemática que representa a saúde e os resultados econômicos dos pacientes ou da população sob cenários alternativos. Ex: modelos de Markov, árvore de decisão. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 106 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 A Construção de um Modelo de Markov Escolher um conjunto de estados de saúde mutuamente exclusivos. Determinar as possiveis transações entre estes estados de saúde. Determinar a extensão válida do ciclo clínico. Aplicações do Modelo de Markov a avaliações de procedimentos médicos Weinstein et al. (1987) – coração; Eddy (1987, 1989) - câncer de mama; Fahs at al. (1992) - câncer cervical em pessoas idosas; Krahn et al. (1994) - câncer de próstata; Tostenson et al. (1990) - Terapia de reposição hormonal; Tostenson at al. (1990) - osteoporose; Sonnenberg & Beck (1993). O Uso dos Modelos de Markov Os modelos de Markov são estruturas analíticas que representam elementos chaves de uma doença e que, geralmente. são usadas nas avaliações econômicas. [Sonnenberg & Beck (1993)]. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 107 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 O Uso dos Modelos de Markov Os modelos markovianos são particularmente úteis para doenças nas quais os eventos podem ocorrer repetidamente ao longo do tempo, tais como para pacientes com câncer recorrente (câncer de mama) ou a progressão doenças crônicas (esclerose múltipla). O Uso dos Modelos de Markov Num modelo de Markov, a doença em questão é dividida em um conjunto finito de estados de saúde, e os indivíduos podem se mover entre os estados ao longo de um período de um período discreto de tempo de acordo com uma probabilidade de transição. Diagrama do Estado de Transição Saúdavel Doente Morte Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 108 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 O Uso dos Modelos de Markov Quando fixamos estimativas referente ao uso de recursos e resultados (utilidade) a cada estado de saúde, e rodando o modelo com relação a um longo período de tempo, é possível gerar-se custos de longo prazo e resultados para hipotéticos conjunto de pacientes que receberão os tratamentos para uma dada doença. O Uso dos Modelos de Markov A natureza cíclica dos modelos markovianos é também útil para descrever eventos previsíveis que ocorrem ao longo do tempo tais como testes de câncer coloretal a cada cinco anos. O Uso dos Modelos de Markov O método markoviano consiste em designar valores numéricos a uma série de estados de saúde ao longo do tempo permitindo sintetizar dados sobre os custos, efeitos e qualidade de vida relacionada a saúde de alternativas estratégias clínicas através do cálculo da expectativa de vida, QALY e custos ao longo da vida. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 109 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Os Principais Elementos do Modelo Markoviano Um modelo markoviano é um modelo que descreve um conjunto mutuamente exclusivo e coletivamente exaustivo de estados de saúde. Os Principais Elementos do Modelo Markoviano Cada pessoa no modelo deve residir em um e somente um estado de saúde em qualquer ponto do tempo. A incrementos fixos de tempo [conhecidos como ciclos de Markov, que podem ser semanas, meses ou anos], as pessoas transitam entre estados de saúde de acordo com um conjunto de probabilidades de transição. Os Principais Elementos do Modelo Markoviano As probabilidades de transição podem ser tanto constantes ao longo do tempo ou dependentes do tempo. Os estados do saúde podem ser transitórios (as pessoas podem revisitar o estado a qualquer tempo), transitório (a pessoa pode ficar no estado somente por um período), ou absorvente (uma vez que a pessoa entra no estado ele nunca pode sair dele). Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 110 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Os Principais Elementos do Modelo Markoviano Todas os indivíduos que residem num determinado estado de saúde são indistinguíveis uma da outra – tanto no que diz respeito aos atributos clínicos correntes como aos demográficos e históricos. Os Principais Elementos do Modelo Markoviano Para operacionalizar a estrutura de Markov são designados valores a cada estado de saúde que representa custos e utilidade do gasto de um ciclo naquele estado. A construção de um modelo markoviano A estrutura e complexidade de um modelo markoviano irá depender da aplicação clínica, da disponibilidade de dados e de vários pressupostos simplificadores. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 111 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 A construção de um modelo markoviano 1- Especificar os estados markovianos Os estados de saúde devem refletir não somente todos os estados relevantes de saúde associados com a doença e o tratamento ao longo do tempo, mas devem incluir também toda a história clinica relevante. A construção de um modelo markoviano 0 doente 1 saudável 2 saudável morte morte Adoece novamente 3 saudável morte Adoece novamente A construção de um modelo markoviano Exemplo para o caso do tratamento do câncer de mama (4 estados): 1 - câncer localizado; 2 - recorrência localizada; 3 - metástase (disseminação do câncer) 4 - morte (desfecho). Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 112 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 A construção de um modelo markoviano 2- Escolher a extensão do ciclo markoviano, o qual deve ser um incremento constante de tempo. A escolha da extensão do ciclo irá depender do do timing dos eventos no processo de doença e da expectativa de vida da população (devem ser usados ciclos curtos com baixas expectativas de vida). A construção de um modelo markoviano No caso do câncer de mama, o ciclo markoviano é de 1 ano. A construção de um modelo markoviano 3 - Especificação das probabilidades de transição. Seja A = (aij) uma matriz (n x n) na qual um indivíduo no estado de saúde i irá transitar (passar) para o estado de saúde j dentro de um ciclo (no caso aqui 1 ano). Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 113 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 A construção de um modelo markoviano Por definição: Σ aij = 1 para todo o i. A construção de um modelo markoviano As probabilidades de transição podem ser iguais a zero, significando que uma determinada transição não é permitida, ou que não existe tal possibilidade tanto em termos teóricos como empíricos. As probabilidades de transição podem ser também funções do tempo. Para probabilidades de transição que variam com o tempo, haverá diferentes matrizes A k para cada ciclo k. A construção de um modelo markoviano A probabilidade é um número que toma valores situados entre 0 e 1. Ela refere-se à possibilidade de que um determinado resultado venha a ocorrer. Se p = 0 (o evento não ocorre). Se p = 1 o evento corre com certeza. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 114 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 A construção de um modelo markoviano -rt p = 1- e a taxa r pode ser usada para estimar a probabilidade p de transição de um evento que ocorre a um determinado intervalo de tempo t. e = logaritmo natural. A construção de um modelo markoviano Para o caso do tratamento do câncer de mama é assumido aqui que todas as probabilidades de transição são constantes e iguais a seguinte matriz quadrada: 0,945 0,006 0,014 0,035 0 0,913 0,052 0,035 0 0 0,607 0,393 0 0 A= 0 1 A construção de um modelo markoviano A primeira linha da matriz A indica que uma mulher pode transitar do estado 1 (detecção do câncer de mama) para qualquer outro dos três estados, ou permanecer naquele estado por um ano com uma probabilidade de 0,945. A última linha de quarta coluna representa o estado de morte (desfecho). Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 115 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 A construção de um modelo markoviano A matriz markoviana representa um prognóstico de um câncer de mama localizado sem tratamento. Uma diferente matriz de transição deveria ser especificada para refletir o prognóstico de uma mulher com câncer de mama que está disposta com um tratamento sob investigação. A construção de um modelo markoviano Suponha que exista um tratamento que mostre uma redução na recorrência do câncer de mama em 50% para aquelas mulheres nas quais foi feito um diagnóstico inicial de câncer de mama. Isto implica que que as probabilidades de transição de um estado de câncer localizado, tanto para o câncer recorrente como para o estado de metástase deveria ser dividido por dois. A construção de um modelo markoviano Assim, ma nova matriz de transição, para este novo tratamento seria: 0,955 0,003 0,007 0,0035 0 0,913 0,052 0,035 0 0 A= 0 0 0,607 0,393 0 1 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 116 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 A construção de um modelo markoviano 4 - Alocação de custos e utilidade para cada estado de saúde. Se a utilidade de 1 é designada ao todos os estados exceto a morte a qual é designada pelo valor 0, então o modelo irá calcular a esperança de vida. A construção de um modelo markoviano Se as utilidades representam ajustamentos relacionados a qualidade de vida (QALYs ) para cada estado de saúde, então o modelo irá calcular a expectativa ajustada de qualidade de vida. Para calcular a expectativa de vida descontada ou a utilidade de qualidade de vida, os valores são divididos por: k (1+r) , onde r é a taxa de desconto correspondente a extensão do ciclo de Markov e k é índice do ciclo.. A construção de um modelo markoviano Os valores de utilidade podem ser úteis no cálculo de outras medidas de resultados. Se todos os valores são iguais a zero, exceto para um único estado (metástase) então o resultado do modelo de Markov seria uma média temporal de um indivíduo na velocidade do coorte (grupo) no estado de metástase (tempo de residência (residency time)). Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 117 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 A construção de um modelo markoviano Suponha que o estado de metástase seja dividido em dois estados: (i) um estado temporário onde os pacientes ficam somente seu primeiro ano com metástase e (ii) o segundo como sendo o estado o segundo ano em diante , até a morte. Se todas as utilidades fossem fixadas em zero, exceto para o primeiro estado de metástase, então o resultado do modelo iria representar a proporção do grupo inicial que experimentou a metástase. A construção de um modelo markoviano Para calcular a expectativa de vida ajustada a qualidade e os custos ao longo da vida pra o tratamento de câncer de mama, nós adotamos os seguintes valores mostrados na tabela a seguir. A construção de um modelo markoviano Custo ($) Utilidade Câncer localizado 500 0,95 Câncer recorrente 5000 0,80 20.000 0,40 0 0,00 Estado Markoviano Metástase Morte Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 118 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 A construção de um modelo markoviano Agora nós temos um modelo relativamente simples para simular o prognóstico de uma mulher diagnosticada com um câncer localizado. Markov Cycle Tree Os eventos que podem acontecer durante o ciclo podem ser modelados como sendo uma arvore de decisão conhecida como Markov Cycle Tree. Markov Cycle Tree Os pacientes que iniciam um ciclo no estado 1 passam através desta árvore uma vez durante o ciclo e a trajetória de probabilidades da arvores estão representadas pelas probabilidades de transição do estado 1 para cada um dos 4 estados. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 119 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Markov Cycle Tree Morte Estado 4 0,035 0,700 Metástase Estado 3 C/ recorrência 0,021 Estado 1 Localizada 0,030 0,965 Estado 4 Sobrevivênci a 0,971 Estado 1 Sem recorrência Suponha o caso de uma doença na qual a probabilidade recorrência seja 51% por ano. A probabilidade de transição é calculada como: - 0.51 p rebleed = 1 - e = 1 - 0.6 = 0.4 Esta é probabilidade de recorrência por ano. A probabilidade por mês é dada por: - 0.51/12 p rebleed = 1 - e = 1 - 0.96 = 0.04 Limitações dos Modelos Markovianos O uso de um modelo markoviano representa um processo que assume que o comportamento do processo em qualquer ciclo depende somente daquele ciclo [Sonnenber & Beck (1993)], isto é, a transição para um dado estado é independente da transição anterior, ou em outras palavras, isto equivale a probabilidade de morte devido a um ataque cardíaco é independente do número de vezes que a pessoa teve ataques cardíacos no passado. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 120 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Limitações dos Modelos Markovianos Contudo, esta limitação pode ser superada expandindo-se o número de estados de saúde, de modo que cada estado represente um único estado de saúde. Isto permite que a taxa de eventos dependa da história clinica, mas aumenta o número de parâmetros a serem estimados e pode comprometer a capacidade de memória do programa disponível. Se o número requerido de estados tornar-se muito grande, torna-se preferível usar uma simulação estocástica (Monte Carlo). QALY (Quality-adjusted life-year) QALY (Quality-adjusted life-year) The policy objective underlying the QALY literature is the maximization of the community’s health. An individual’s “health” is measured in terms of QALYs and the community’s health is measured as the sum of QALYs. A. Wagstaff (1991) 363 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 121 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 QALY (Quality-adjusted life-year) O conceito de QALY baseia-se na crença de que o objetivo de qualquer intervenção com relação aos cuidados de saúde pode ser dicotomizada entre dois fatores: (i) aumento nos anos de vida e (ii) melhoria na capacidade de desfrutar a vida (= boa saúde). Aplicando-se ponderadores de qualidade a cada ano adicional de vida experimentado após o tratamento, o QALY busca incorporar ambos os elementos acima numa única medida. QALY (Quality-adjusted life-year) A aproximação mais frequentemente usada para fornecer um indicador total do “valor” ou “utilidade” para intervenções em cuidados de saúde são os QALYs. Este conceito é uma das contribuições mais importantes da teoria econômica para a análise dos benefícios no sector da saúde e tenta ultrapassar as limitações das medidas clínicas. QALY (Quality-adjusted life-year) A suposição básica do QALY é que há dois resultados principais associados com os cuidados de saúde: (a) expectativa de mortalidade ou de vida, expressa em termos de anos-vida ganhos; (b) qualidade de vida com saúde, que pode ser transformada numa escala de 0 a 1 e ser usada para “pesar anos-vida”, ponderando cada ano remanescente da vida de uma pessoa pela qualidade de vida esperada no ano em questão (os limites da escala são 1 = saúde “total” e 0 = “estado equivalente à morte”; os estados da saúde vistos como sendo piores do que a morte pode existir e sãolhes dados um valor negativo) “. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 122 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 QALY (Quality-adjusted life-year) O valor de um resultado de saúde para um indivíduo é calculado como o produto de dois fatores: o aumento na utilidade do estado de saúde da pessoa e o número de anos em que se verifica essa melhoria. QALY (Quality-adjusted life-year) QALY: Utilidade x Tempo de Vida Exemplo: Pessoas com insuficiência renal têm menor qualidade de vida, portanto, para estas pessoas, 10 anos de sobrevida poderiam ser equivalentes a 5 QALYs ; Exemplo: Pelo uso de anti-hipertensivos um indivíduo terá sua qualidade de vida reduzida a 0,03 por 30 anos. Considerando que o tratamento garantirá uma sobrevida de 10 anos com um nível de qualidade de 0,9, o QALY ganho por esse indivíduo é de 8,1. QALY (Quality-adjusted life-year) Status de saúde saúde A • •C morte Saúde como um fenômeno de multi-atributo B • •D Anos de vida Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 123 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 QALY (Quality-adjusted life-year) Matematicamente, o QALY é calculado como a soma do produto de anos de vida e a qualidade de vida em cada um desses anos. A um ano de vida em ótima saúde é atribuído o valor 1 (um) e o valor 0 (zero) para o óbito (Dasbach & Teutsch, 1996). QualityAdjusted Life Years-Gained QUALITY OF LIFE (Weights) 1.0 Com programa A Sem programa B 0.0 Morte sem programa Death Quantidade de anos de vida A – corresponde a quantidade de QALYs ganhos devido a ganhos em qualidade (ganhos que o indivíduo ganha durante o temo que teria de vida. B – ganhos devido a extensão de sua vida (anos adicionais) QALY (Quality-adjusted life-year) QUALITY WEIGHTING (Perfect 1 Health) quality gain QALY GAIN without treatment B (Death) 0 0 1 2 with treatment B quantity gain 3 4 5 6 7 8 TIME (Years) Clinical Sciences Research Institute, Warwick Medical School, UK Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 124 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Quality-Adjusted-Life-Years (QALYs) utilidade 1 com intervenção (2,25 QALYs) 0,75 1,5 QUALYs ganhos 0,5 Sem intervenção (0,75 QALYs) 0 anos 1 2 3 Com programa Health-related quality of life (Weights) Saúde perfeita 1.0 A Qu alit y-A dju sted B Life Y Sem programa ear sG aine d Morte0.0 intervenção Morte sem programa Duração (anos) Morte com programa QALY (Quality-adjusted life-year) O estado de saúde pode ser medido de duas formas: 1) forma direta: é o indivíduo que valoriza seu estado de saúde feito sob a forma de loteria, indagando-se sobre a escolha de um estado desejável, a probabilidade de melhorálo e a morte. 2) forma indireta refere-se a preferências do público em geral. A qualidade de vida é estimada usando dados que combinam diversas dimensões para computar uma série de valores atribuídos matematicamente no modelo multiattribute-utility (MAU) Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 125 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Calculando QALYs: Um Exemplo Com tratamento X Estimativa de sobrevivência: 10 anos Estimativa da qualidade de vida (relativa a saúde perfeita) = 0,70 QALYS = 10 X 0,7 = 7,0 Sem tratamento X Estimativa de sobrevivência: 5 anos Estimativa da qualidade de vida (relativa a saúde perfeita) = 0,50 QALYS = 5 X 0,50 = 2,5 QALY ganho com o tratamento X = 7 – 2,5 = 4,5 QALY Se os custos do tratamento X é $18.000, então o custo por QALY é $4000/QALY ($18.000/4,5) Calculando QALYs: Os Escores de Utilidade 1) visual analogue scale; 2) standard gamble; 3) time trade off. The Standard Gamble Requer a escolha entre duas alternativas sob condições de incerteza. Os que respondem aos questionamentos devem selecionar entre duas alternativas. Captura as atitudes dos indivíduos com relação ao risco. 378 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 126 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 The Standard Gamble saudável (p) Escolha B Morte (1-p) Escolha A Estado i von Neuman and Morgenstern, 1944 379 380 Estimated costs of treating selected conditions. Gold, et al, 2005 (unpublished) Condition/Treatment Cost per QALY Cost per person Number of people to treat TOTAL COST Erectile Dysfunction $6,400/QALY $480 5 million 3 billion Physician Counseling for Smoking $7,200/QALY $128 4 million 0.5 billion $9,900/QALY $31,000 250,000 7 billion Outreach for Flu and Pneumonia Total Hip Replacement $13,000/QALY $17.50 20 million 0.35 billion Major Depression $20,000/QALY $2,000 2 million 4 billion Gastric Bypass Surgery $20,000/QALY $81,000 70,000 6 billion Treatment for Osteoporosis $38,000/QALY $950 5 million 5 billion Screening For Colon Cancer $40,000/QALY $350 8.4 million 3 billion Implantable Cardioverter Defibrillator $75,000/QALY $35,000 50,000 1.75 billion 1 billion Lung-Volume Reduction Surgery $98,000/QALY $50,000 20,000 Tight Control of Diabetes $154,000/QALY $1400 4.8 million 7 billion Elevated Cholesterol $200,000/QALY $1350 8 million 11 billion Resuscitation After Cardiac Arrest $270,000/QALY $45,000 130,000 6 billion Left Ventricular Assist Device $900,000/QALY $100,000 100,000 10 billion Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 127 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Recomendações para a Adoção de Novas Tecnologias More Costly 00 /Q AL Y Ca ,0 Da $1 00 E (Intervention is less effective a nd m ore costly) $2 Decrease in QALYs 0,0 00 Y AL /Q Ba Increase in QALYs Db A ,0 00 Y /QA 0,0 Cb $1 00 $2 L (Intervention is more effective and less costly) Y AL /Q 00 Bb Less Costly Ontario Cost/QALY criteria 383 QALY league table Quando os recursos são escasso, a fixação de prioridades é importante para alocar os recursos orçamentários limitados ao programas mais desejados. Numa tabela de QALys (QALY League Table), diferentes programas são classificados (rank) de acordo com seus custos pela razão por QALY, e os fundos são alocados progressivamente numa ordem ascendente de custos marginais por classificação de QALY até que o orçamento disponível seja exaurido. 384 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 128 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 QALY league table In te r v e n tio n $ / QALY G M - C S F in e ld e r ly w ith le u k e m ia 2 35,958 E P O in d ia ly s is p a t ie n ts 1 39,623 L u n g tr a n s p la n t a tio n 1 00,957 E n d s ta g e r e n a l d i s e a s e m a n a g e m e n t 5 3 ,5 1 3 H e a r t tr a n s p la n t a tio n 4 6 ,7 7 5 D id r o n e l in o s t e o p o r o s is 3 2 ,0 4 7 P T A w ith S te n t 1 7 ,8 8 9 S T IP : S h o rt - te rm i n p a tie n t p s y c h o t h e r a p y 7 ,6 7 7 B re a s t c a n c e r s c r e e n i n g 5 ,1 4 7 V ia g r a 5 ,0 9 7 T r e a t m e n t o f c o n g e n it a l a n o re c ta l m a lfo rm a tio n s 2 ,7 7 8 QALY league tables Chole sterol testing a nd diet thera py only (all adults, aged 40-69) Neurosurgic al inte rvention for head injury GP advice to stop smoking Neurosurgic al inte rvention for suba rachnoid hae morrhage Anti-nyperte nsive the rapy to prevent stroke (a ge s 45-64) Pace maker implantation Hip repla cement Chole sterol testing a nd tre atment CAB G (le ft main ve sse l, severe angina) K idne y tra nspla nt B rea st cance r scre ening Hea rt transplantation Chole sterol testing a nd tre atment of a dults (ages 25-39) Home haemodialysis CAB G (single vessel, modera te angina) Continuous ambulatory peritonea l dialysis Hospital ha emodialysis Erythropoietin for anae mia in dialysis patients (if 10% re duc tion in mortality) Neurosurgic al inte rvention for malignant intracra nial tumours Cost/QALY (£ Aug 1990) 220 240 270 490 940 1100 1180 1480 2090 4710 5780 7840 14150 17260 18830 19870 21970 54380 107780 Source: A Maynard (1991) Decisão Evidence < £3,000 per QALY £3,000 - £20,000 per QALY > £20,000 per QALY I Strong Support Strong support Limited support II Strong support Supported Limited support III Supported Limited support Limited support IV Not proven Not proven Not proven 387 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 129 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 DALY (Disability Adjusted Life of Years) Anos de Vida Corrigidos pela Incapacidade DALY (Disability Adjusted Life of Years) O DALY constitui um indicador composto na medida em que combina dados de mortalidade (anos de vida perdidos por óbito precoce) com dados de morbidade (grau e tempo de incapacidade devido a uma dada patologia). Estimam-se os anos de vida perdidos devido à mortalidade precoce tomando como padrão as expectativas de vida média de 80 anos para homens e 82,5 anos para mulheres. DALY (Disability Adjusted Life of Years) O tempo vivido sob incapacidade é calculado por meio de um conjunto de ponderações que supostamente refletem uma redução na capacidade funcional, por sua vez resultante de estudos de carga-de-doença específicos para cada morbidade. Para cada óbito ou caso registrado, computam-se os dalys correspondentes a serem acumulados para a estimativa das cargas-de-doença referentes a patologias específicas ou a agregados geopolíticos, como regiões, países ou continentes. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 130 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 DALY (Disability Adjusted Life of Years) A principal novidade da proposta do DALY consistia na integração dos indicadores AVI — "anos vividos com incapacidade (YLD — years lived with disability) e AVP — "anos de vida perdidos" (YLL — years of life lost) em uma única medida de "carga de doença". O conceito de 'incapacidade' passa a ser portanto crucial para o novo indicador proposto. Recuperando o modelo de progressão linear (doença, patologia, manifestação, deficiência, incapacidade, desvantagem) da International Classification of Impairments, Disabilities and Handicaps, o conceito do DALY baseia-se na definição de incapacidade com "impacto da deficiência sobre o desempenho individual". DALY (Disability Adjusted Life of Years) Anos de Vida Corrigidos pela Incapacidade Ao invés de buscar o valor subjetivo atribuído pelos indivíduos a cada um dos estados de saúde, é construído uma medida a partir da mortalidade estimada para cada doença e seu efeito incapacitante, ajustado pela idade das vítimas; e uma taxa de atualização, para calcular o valor de uma perda futura. DALY (Disability Adjusted Life of Years) Anos de Vida Corrigidos pela Incapacidade O DALY, em lugar de buscar o valor subjetivo atribuído pelos indivíduos a cada um dos estados de saúde, é construído a partir da mortalidade estimada para cada doença e seu efeito incapacitante, ajustado pela idade das vítimas; e uma taxa de atualização, para calcular o valor de uma perda futura. O conceito de incapacidade foi definido com a arbitragem exclusiva de especialistas internacionais, segundo eles, buscando o máximo de objetividade (Brunet-Jailly, 1997). Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 131 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 DALY (Disability Adjusted Life of Years) Anos de Vida Corrigidos pela Incapacidade Exemplo: cálculo do DALY p/ acidentes de trânsito Soma-se o número de anos perdidos em óbitos prematuros devido aos acidentes e o total de anos vividos com incapacidades de conhecida severidade e duração determinadas pelo acidente. Obs. O óbito prematuro é definido com base na expectativa de vida da população masculina e feminina; Obs. Para calcular o total de anos vividos com incapacidades, parte-se da idade média de início da doença, a média de duração da incapacidade (meses ou anos) e a severidade dos casos com ou sem tratamento (o cálculo da severidade de baseia em um conjunto de indicadores de 22 condições classificadas em 7 níveis, ponderadas de 0 a 1). DALY (Disability Adjusted Life of Years) Anos de Vida Corrigidos pela Incapacidade O DALY foi utilizado no Relatório Anual do Banco Mundial de 1993, comparando a carga de doenças nas diversas regiões do mundo e o custo-efetividade de uma variedade de intervenções que buscam a sua redução. O propósito é redirecionar os recursos das intervenções médicas com maior custo por DALY ganho, de modo a garantir ações que reduzam a carga de doenças, sem aumentar os recursos da saúde. Análise de Sensibilidade (Sensivity Analysis) Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 132 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise de Sensibilidade (Sensivity Analysis) • Fenômenos biológicos (ou não) têm probabilidade de ocorrência Análise de Sensibilidade • Alguns parâmetros críticos da análise têm suas estimativas variadas dentro dos limites da incerteza • (limites,intervalo com 95%¨de confiança ) Análise de Sensibilidade (Sensivity Analysis) A análise de sensibilidade visa testar até que ponto as oscilações nas variáveis relevantes do estudo podem afetar as conclusões. Este tipo de análise parte do pressuposto que, na prática, nem sempre é possível conhecer todos os valores (monetários, percentuais) necessários para realizar uma avaliação farmacoeconômica, pois ocorre um certo grau de incerteza nas suposições e estimativas feitas pelo pesquisador (Eisenberg, 1989; Jolicoeur et al., 1992; Drummond, 1994; Sacristán et al., 1994; Villar, 1995; Bootman et al., 1996; Velásquez, 1999). Análise de Sensibilidade (Sensivity Analysis) Na análise de sensibilidade é aconselhável selecionar variáveis do estudo, de custo ou de outcome, para que, dentro de critérios plausíveis, sejam modificados os valores e recalculados indicadores como custo/efetividade. Nesta análise são incluídos, geralmente, os custos mais importantes ou informações relativas à efetividade. Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 133 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise de Sensibilidade (Sensivity Analysis) A análise de sensibilidade é utilizada para assegurar a solidez das conclusões do estudo, as quais são consideradas fortes se as modificações realizadas nas variáveis selecionadas não produzirem mudança nos resultados originais. (Drummond, 1994; Sacristán et al., 1994; Villar, 1995; Bootman et al., 1996). Análise de Sensibilidade Economics operates in the realm of the behavioural science and, as such, is beset by uncertainty. Any estimate of costs and benefits will therefore also be affected by uncertainty concerning the exact values of such costs and benefits.There will also be areas where clinical evidence is either limited or entirely missing. When conducting a pharmacoeconomic analysis it is therefore often necessary to make assumprtion to supplement the structure of evidence obtained from clinical trials and other sources. All pharmacoeconomic analysis must therfore include a sensivity analysis to assess the robustness of teh study results in relation to variations in the certainty of assumptions made. Sensivity analysis can be used to assess the robustness of the results of any economic analysis. The economic appraisal can be said to be robust if the result are not influenced to any great extend by feasible variations in the exact value of any of the key uderlying assumptions. Walley, Haycox and Bolland (2004, p.1) Análise de Sensibilidade A análise de sensibilidade consiste em testar o ní nível do impacto da alteraç alteraç ão dos valores estimados para variá variáveisveis- chaves sobre os resultados do estudo. estudo É interessante avaliar, por exemplo, o impacto de mudanças das estimativas mais frágeis, referentes a variáveis como as taxas de incidência de doenças (cujo registro é reconhecidamente insatisfatório) ou a taxa social de desconto (estipulada pelas agências governamentais) sobre os resultados da análise de custo/benefício. No caso em que as alterações mudem de forma significativa os resultados do estudo, a validade das conclusões deve ser relativizada. [cf. Uga (1995, p.216)] Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 134 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Análise de Sensibilidade A análise de sensibilidade é utilizada para assegurar a solidez das conclusões do estudo, as quais são consideradas fortes se as modificações realizadas nas variáveis selecionadas não produzirem mudança nos resultados originais. (Drummond, 1994; Sacristán et al., 1994; Villar, 1995; Bootman et al., 1996). Condução dos estudos farmacoeconômicos http://oberon.sourceoecd.org/vl=10151448/cl=16/nw=1/rpsv/cgi-bin/wppdf?file=5lgsjhvj7q7g.pdf 404 Resumo Farmacoeconomia - constitui-se num método útil para estabelecer valor de intervenções em saúde da tentativa de avaliar o impacto da utilização do fármaco nos custos médicos totais. No momento de registro e lançamento de um novo fármaco o valor econômico e clínico verdadeiro não é completamente conhecido. Métodos farmacoeconômicos auxiliam os tomadores de decisão em saúde. 405 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 135 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Conclusão O campo de pesquisa de farmacoeconomia está em evolução e torna-se cada vez mais necessário na avaliação de tecnologias em saúde. O objetivo de uma avaliação econômica não dever ser cortar custos e sim usar os recursos escassos de forma mais eficiente para melhor qualidade no cuidado à saúde da população. 406 Algumas palavras finais ... It is important to remember that the discipline of pharmacoeconomics is still in its infancy and wide range of fundamental, theoretical and practical issues remain to be resolved.The manner in which technical issues are adressed is likely to shape the future structure of pharmacoeconomics. In particular, a topic of major concern is the technical development and appropriate role of economic modeling withing pharmacoeconomics. Walley, Haycox e Bolland (2004, p. 170) 407 Conclusões O objetivo economia não é poupar dinheiro, mas sim o de fazer o máximo com os recursos disponíveis. Todos nós fazemos ecolhas, e a avaliação econômica torna tais escolhas explÍcitas. 408 Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 136 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 Algumas palavras finais ... Pharmaecoeconomics is a young science and needs much futher development. It needs to keep its theoretical base within welfare economics and health economics needs to work more closely within clinicians and other health professionals. There will be technical developments in pharmaecoecnomics – some of which will be little more than fashions, some dead ends, but many will develop the science and allow it to progress. Unlikely many aspects of medical science, pharmacoeconomics exist not in academic isolation but will be shaped by changes in social and economic policies. As a social science improves, pharmacoecnomics will become, quite appropriately, na increasingly important factor driving health policy in the future. Walley, Haycox e Bolland (2004, p. 174) 409 410 The Nature of Men Proporções do Homem Segundo Vitruvius Leonardo da Vinci Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 137 Introdução à Farmacoeconomia ATS/PPGE-UFRGS 2/12/2006 412 Fim Profs. Ricardo Letizia Garcia & Giácomo Balbinotto Neto 138