A Química Somando Forças: Ensino e Pesquisa com Empreendedorismo e Inovação Química das Substâncias Húmicas e Sequestro de Carbono em Solos, Sedimentos, Águas Interiores e Oceânicas M.A. Baldotto Universidade Federal de Viçosa, Rodovia LMG 818, km 6, CEP 35690-000, Florestal, Minas Gerais, Brasil *e-mail: [email protected] Palavras chave: química do solo e da água, poluição ambiental, matéria orgânica, estoque de carbono. íons metálicos com bactérias redutoras 1-5 confirmando as previsões termodinâmicas. INTRODUÇÃO As substâncias húmicas (SH) da matéria orgânica constituem-se na principal fonte de elétrons para as reações redox em solos, sedimentos, águas interiores e oceânicas, sendo, portanto, fundamentais para o entendimento do balanço de carbono nesses sistemas, uma vez que essas reações de oxidação e redução 1-5 governam as trocas entre as geosferas. Os radicais livres do tipo semiquinonas das SH são grupos doadores de elétrons e podem ser oxidados pelo iodo (I2) nas titulações redox iodimétricas. Portanto, o F potencial formal padrão do eletrodo ( EHº) informa sobre a tendência redox e a capacidade de oxidação (COx) das SH determinada pelas titulações redox iodimétricas possibilita estimar a estabilidade das substâncias húmicas de forma análoga à concentração de radicais livres semiquinonas (CRLS) determinada por ressonância paramagnética de elétrons (RPE), ou seja, 5 como um indicador de aromaticidade. O objetivo do presente trabalho foi determinar os estoques de carbono e as suas estabilidades, por meio de titulações redox e de análises espectroscópicas de SH, visando comparar e monitorar ecossistemas naturais e antropicamente manejados, relacionando essas propriedades com atributos das suas ambiências. RESULTADOS E DISCUSSÕES F Os valores do EHº estimados foram semelhantes entre os diferentes ecossistemas amostrados (Tabela 1). Dessa forma, as demais propriedades redox (K, pE e 4 F ∆Gº) calculadas a partir do EHº também pouco se alteraram e, como já mencionado, são propriedades eletroquímicas termodinâmicas, as quais constituem a “assinatura” ou “impressão digital” das SH. Pode-se inferir que a reação geral de redução: + SHox + q H + ne = SHred seja termodinamicamente favorecida nas condições de sistemas naturais (valor negativo de ∆Gº). Com relação às atividades de oxidantes e redutores nos ecossistemas (pe e K), uma comparação entre os valores de alguns pares redox comuns nos sistemas naturais e o par redox SHox/SHred pode ser observada no diagrama pE vs. pH da figura 1. Tabela 1. Média de propriedades redox das substâncias húmicas estudadas em solos, sedimentos e águas f.e.mcela pH5 pH7 457 420 q/n 0,32 F EºH V 0,777 log Kc 13,1 pEc (pH7) 10,8 Assim, termodinamicamente, as SH atuam como oxidantes e redutoras em ecossistemas, participando da geoquímica de metais e poluentes. Tais reações vêm sendo observadas experimentalmente, incubando tais SH, Figura 1. Diagrama pE = f (pH) mostrando alguns pares redox comuns em sistemas naturais e para a média dos dados compilados para o par redox de ácidos húmicos (AHox/AHred). Além das propriedades redox já apresentadas, estimadas por meio do fator intensidade (potencial redox), o fator quantidade, definido como a capacidade de transferir elétrons das substâncias húmicas para o iodo (COx) aumentou significativamente com índices de aromaticidade determinados por meio de 13 C, infravermelho, espectroscopias de RPE, RMN ultravioleta e intensidade fluorescência, mostrando que as estabilidades dos estoques de carbono (potencial de sequestro) podem ser estimadas pelas titulações redox iodimétricas. Os radicais livres semiquinonas constituemse, portanto, no principal grupo doador de elétrons das SH. Como esses grupos se estabilizam com a humificação (a partir de fenóis da lignina), a sua determinação (índice de aromaticidade, CRLS) resulta em um indicador de estabilidade dos estoques de carbono orgânico nos ecossistemas. CONCLUSÕES As titulações redox iodimétricas possibilitam avaliar, tanto aspectos eletroquímicos das substâncias húmicas, como a estabilidade dos estoques de carbono (potencial de sequestro) em ecossistemas naturais e com uso antrópico, fornecendo informações para seu monitoramento e manejo. AGRADECIMENTOS Aos fomentos de CNPq, FAPEMIG e FUNARBE, imprescindíveis aos projetos que resultaram nesse artigo. REFERÊNCIAS ∆Gº kcal mol-1 -17,9 e 1 Stumm, W.; Morgan, J. J.; Aquatic Chemistry: Chemical Equilibria and Rates in Natural Waters, 3th ed., Wiley: New York, 1996. 2 Piccolo, A.; Soil Sci. 2001, 166, 810. 3 Struyk, Z.; Sposito, G.; Geoderma 2001, 102, 329. 4 Baldotto, M. A.; Rosa, R. C. C.; Marciel, M. S.; Canela, M. C.; Canellas, L. P.; Rezende, C. E.; Velloso, A. C. X.; Quim. Nova 2009, 32, 891. 5 Baldotto, M. A.; Canela, M. C.; Canellas, L. P.; Dobbss, L. B.; Velloso, A. C. X.; R. Bras. Ci. Solo 2010, 34, 1543. XXVIII Encontro Regional da Sociedade Brasileira de Química – MG, 10 a 12 de Novembro de 2014, Poços de Caldas - MG