Saúde Foto LARISSA DE OLIVEIRA Especial Cuidado com as doenças de pele nas crianças PERIGO: os filhos de João e Elenir já tiveram doenças na pele por causa do esgoto e dos mosquitos LARISSA DE OLIVEIRA C oisa boa em ser criança é poder brincar na rua, certo? Mas nem sempre é bem assim. As vias, principalmente aquelas sem calçamento, trazem perigos que às vezes nem os pais dos pequenos desconfiam: as doenças de pele. A família de João dos Santos e Elenir Piero sabe bem disto. Morador da Rua 12 da Brás, o casal tem quatro filhos e um grave problema: um esgoto aberto desemboca À espera da casa prometida DANIELA LOPES Na casa de Ivanira Andrade, 23 anos, moradora da Rua 26, a água é escassa. “Nos viramos e pegamos água na cooperativa”, conta. Além disso, existe outro problema: a umidade extrema. O assoalho está com buracos e as paredes ruindo. No pátio, a situação fica aparente. Embaixo da casa, as vigas estão se desfazendo e há poças no chão. “É esgoto e cheira mal”, conta. Ivanira tem esperança que o problema seja resolvido. A família está inscrita num programa habitacional da Prefeitura. Mas a espera já traz consequências para a família. O pai de Ivanira faleceu há três meses com pneumonia dupla, segundo ela em razão da umidade em que vivem. “O quarto dele era o pior da casa”, explica. Como era cardíaco, a doença desenvolveuse rapidamente e a morte veio em duas semanas. Há dois anos, a família espera a casa prometida. “Meu pai não deixava a gente mexer na casa.” Segundo a filha, ele não faltava a uma reunião a respeito das casas na associação de moradores. “É um desrespeito o que aconteceu”. Na casa mora Wagner Andrade, de seis anos, que tem crises frequentes de bronquite e é atendido no Posto de Saúde da Brás. Para a tia de Wagner, Claudete, a umidade contribui para a doença do sobrinho. A Vila Brás está inserida em dois programas habitacionais em andamento: Resolução 460 e Programa de Subsídio Habitacional (PSH). No primeiro, estão previstas 54 casas das quais 38 estão prontas e 14 devem começar as obras em breve. O PSH prevê a construção de 51 unidades, sendo que sete estão concluídas e cinco em andamento. Segundo João Henrique Dias, Diretor de Produção Habitacional da Prefeitura, na Brás existem duas comissões compostas por moradores, que se reúnem mensalmente na associação de moradores e são os responsáveis dentro da Vila por responder as dúvidas da comunidade. De acordo com ele, as obras estão dentro do cronograma. Ivanira resume o clima de esperança em que vivem os moradores da Brás. “O vizinho ganhou a casa dele. Quem sabe agora vem a nossa?” bem na frente de casa, além da residência estar localizada ao lado de um banhado. “Quando alaga, todo o tipo de sujeira vem aqui pra dentro”, conta a mãe. As crianças sofrem na pele as consequências. “O mais velho, de 6 anos, já teve bicho de pé e erupções na pele por causa de mosquitos. Todos já tiveram verminoses”, relembra. Mas não é só em locais mais precários que o perigo existe. As doenças de pele que podem surgir do contato com locais e objetos sujos ou contaminados são numerosas. Vão desde alergias a micoses causadas por fungos, passando por vermes e parasitas. As crianças, por terem a pele sensível, são as que mais sofrem. Mesmo assim, é difícil segurar os pequenos dentro de casa. Natália do Santos teve impingem - um tipo de micose -, quando tinha um ano de idade, por ficar brincando na areia em frente de onde morava. Hoje, com cinco anos, não deixou de brincar na rua. “O vizinho me dizia que ela tinha que pisar no chão. Mas eu nunca gostei de deixá-la em contato com a terra”, diz a mãe, Marizete dos Santos. A menina defende: “É melhor do que ficar dentro casa”. Para não arriscar, melhor mesmo é prevenir. Cães e gatos podem transmitir doenças VINÍCIUS GHISE As zoonoses são doenças que podem ser adquiridas em contato com animais de estimação, como cachorro, gato e passarinho, ou ainda, pela ingestão de carne contaminada. Conforme noticiado anteriormente pelo Enfoque, os moradores da Brás convivem com animais abandonados, que se alimentam de lixo e outros resíduos. Em junho, a Prefeitura de São Leopoldo reassumiu a administração do Canil Municipal, que estava sob responsabilidade da Associação Leopoldense de Proteção aos Animais (Alpa). CUIDE-SE! 5 Foto RODRIGO PRUX O diretor do Canil, o veterinário Fábio Almeida, afirma que apenas os animais em situação de emergência estão sendo tratados. Segundo ele, a instituição está se organizando para realizar ações preventivas. “Uma das barreiras é a falta de verba. A decisão de reintegração do serviço à Prefeitura não estava prevista no orçamento”, revela. Como evitar doenças de pele Fazer a gurizada andar sempre calçada e lavar bem as mãos dos pequenos ajuda na prevenção de doenças. E um alerta: o Posto de Saúde da Brás não tem dermatologista. Mas na suspeita de qualquer doença de pele, um clínico geral deve ser consultado.