CUIDADO COM OS PUXA-SACOS
Por Fernando Martins
É época de campanha política. Agora, mais do que nunca, interessados
"companheiros" aparecem de todos os lados, oferecendo ajuda e se
prontificando para todas as tarefas. Em geral, são dois espécimes distintos.
Existem os que trabalham "de graça" e os que são remunerados durante a
campanha.
Acontece que, hoje em dia, nem relógio trabalha de graça. Por algum
motivo particular ou especial, o interessado apoiador, aquele que propôs
trabalhar sem custos, algo quer. O que tanto os candidatos, quanto os eleitores,
devem perceber é o quanto custará a farra. Lá no final da festa, se eleito for,
eles aparecerão novamente, sendo que, desta vez, com a conta. É um cargo,
um benefício, uma regalia...
Não é difícil reconhecer e distinguir profissionais de oportunistas. Em
geral, os oportunistas não agregam tantos méritos em seu currículo. Se assim
fossem, certamente, estariam bem empregados ou bem sucedidos como
empreendedores. No primeiro bote, procuram atuar como confidentes ou como
parceiros nas tramóias de campanha, para, num segundo momento, criarem
uma relação de estrita dependência, entre eles e o político, é claro.
Só que o potencial de estrago deles é bem maior do que se imagina. É
muito comum ver assessores desse perfil agarrados aos pés de políticos por aí.
Costumam colocar o agente político numa redoma, isolando-os de tudo e de
todos. Para aterrorizar e convencer o político de permanecer lá dentro, colocam
caraminholas nas cabeças deles, dizendo que fulano é da oposição, criam
fofocas, inventam situações, falam mal de sicrano etc. O que vale é criar
fantasias no sentido de causar pânico ou medo no chefe, prometendo protegê-lo
pelo isolamento com a proposta: "Xá comigo, que eu resolvo!".
Costumo avaliar a boa mão-de-obra e o profissionalismo de uma forma
especial. Se você quiser saber se aquela tal pessoa é boa para aconselhar,
basta acompanhar uns poucos passos dela. Se as opiniões de defesa não
forem isentas ou se tudo estiver sempre "azul", estranhe e coloque a pulga atrás
da orelha. Certamente, não é fonte fidedigna, até porque nem Jesus Cristo
agradou a todos.
Já vi muitos seres deste tipo causarem problemas irreversíveis em
pessoas de boa índole e reputação. Ressalvados os bons e competentes
assessores, o resultado, um dia desses, acaba acontecendo: o fracasso nas
urnas ou, até mesmo, um impeachment. E aí, para se evitar o estrago, basta se
orientar com cautela e boa fé nas decisões e com desconfiança nas
informações fáceis e duvidosas. Uma dica é seguir o ditado: "Quando a esmola
é grande, o Santo desconfia".
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