UNIÃO DINÂMICA DE FACULDADE CATARATAS FACULDADE DINÂMICA DAS CATARATAS CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL PROPOSTA DE TRATAMENTO DE EFLUENTE GERADO EM EMPRESA DE REFRIGERAÇÃO BARBARA NATALLY DE SANTI Foz do Iguaçu - PR 2009 I BARBARA NATALLY DE SANTI PROPOSTA DE TRATAMENTO DE EFLUENTE GERADO EM EMPRESA DE REFRIGERAÇÃO Trabalho Final de Graduação apresentado à banca examinadora da Faculdade Dinâmica de Cataratas – UDC, como requisito parcial para obtenção de grau de Engenheiro Ambiental. Orientador(a): Lourenço Foz do Iguaçu – PR 2009 MSc. Edneia S. O. II TERMO DE APROVAÇÃO UNIÃO DINÂMICA DE FACULDADES CATARATAS PROPOSTA DE TRATAMENTO DE EFLUENTE GERADO EM EMPRESA DE REFRIGERAÇÃO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL EM ENGENHARIA AMBIENTAL Aluno(a): Barbara Natally de Santi Orientador(a): MSc. Edneia S. O. Lourenço Conceito Final Banca Examinadora: Prof(ª). Ederson Laurindo Prof(ª). Marlene C. O. Laurindo Foz do Iguaçu, 17 de novembro de 2009. III Dedico este trabalho a meu esposo Cleber Prim e Minha Filha Heloisa pelo apoio incondicional, incentivo e sonho conjunto. IV AGRADECIMENTOS À Deus, que sempre esteve presente em minha vida. A minha orientadora MSc. Edneia Santos O. Lourenço pela dedicação, paciência e atenção. As minhas amigas Sandra Iareski, Stela Becker e Verônica Maia da Cruz pelo carinho, amizade, companheirismo nessa jornada tão difícil. Ao meu amigo Régis Ilkiu pelo apoio e troca de experiência. Amiga Verônica quero te agradecer por me acolher nos momentos difíceis e pelas inúmeras vezes a qual me ajudou, sem medir esforços, uma amizade que quero levar para sempre. Aos meus pais em especial pelo amor, dedicação, compreendimento e incentivo. Ao meu esposo Cleber Prim por estar ao meu lado nos momentos difíceis, ajudando - me diariamente a superando todas as dificuldades assim como as demais conquistas. A minha filha Heloisa pela paciência e carinho, mesmo nos momentos os quais não estava presente. A minha avó Zélia de Santi pelo carinho. A minha amiga Mônica Rauch Rodrigues pelo apoio e incentivo. A todos os meus familiares e amigos pelo apoio. V “A grandeza de um ser humano não está no quanto ele sabe, mas no quanto ele tem consciência que não sabe. O destino não é freqüentemente inevitável, mas uma questão de escolha. Quem faz escolha, escreve sua própria historia, constrói seus próprios caminhos”. Augusto Cury VI SUMÁRIO Página RESUMO................................................................................................................... 09 ABSTRACT ............................................................................................................... 10 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11 2 REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................... 13 2.1 Consumo de água e a geração de efluente ............................................ 13 2.2 Estudo de impacto ambiental ................................................................. 14 2.3 Licenciamento ambiental ........................................................................ 16 2.4 Legislação ambiental .............................................................................. 18 2.5 Águas residuárias ................................................................................... 18 2.6 Carvão ativado........................................................................................ 19 2.7 Reator ..................................................................................................... 20 2.8 Caracteristicas físicas dos efluentes....................................................... 21 2.8.1 Turbidez........................................................................................... 21 2.8.2 Temperatura .................................................................................... 21 2.8.3 Sólidos sedimentáveis ..................................................................... 21 2.9 Características químicas dos efluentes .................................................. 22 2.9.1 pH .................................................................................................... 23 2.9.2Óleos e graxas ................................................................................. 23 2.9.3 DBO ................................................................................................. 24 2.9.4DQO ................................................................................................. 24 2.10 Óleos lubrificantes ................................................................................ 25 2.11 Poluição ambiental relacionada a óleo lubrificante ............................... 25 2.12 Caixa de retenção de óleo .................................................................... 26 2.13 Resíduos industriais ............................................................................. 27 3 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 28 3.1 Caracterização da área de estudo .......................................................... 28 3.2 Caracterização do efluente gerado ......................................................... 31 3.3 Metodologia ............................................................................................ 32 3.3.1 Parâmetros físicos ........................................................................... 33 3.3.2 Parâmetros químicos ....................................................................... 33 3.4 Cálculos de definição de caixas separadoras ......................................... 34 4 RESULTADOS E DISCUSSAO ........................................................................... 35 4.1 Volume do efluente ................................................................................. 35 4.2 Caracterização do efluente ..................................................................... 36 4.3 Caixas separadoras ................................................................................ 40 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 43 6 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 45 VII LISTA DE FIGURAS Página Figura 1 - Área de lavagem de equipamentos de refrigeração ................................. 29 Figura 2 - Tubulações A e B de entrada do efluente ................................................ 30 Figura 3 - Área de lavagem ...................................................................................... 30 Figura 4 - Aparelhos de refrigeração ........................................................................ 31 Figura 5 - Sistema de caixas separadoras ............................................................... 42 Figura 6 - Aspecto visual das etapas de tratamento................................................. 43 VIII LISTA DE SIGLAS CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente DBO - Demanda Bioquímica de Oxigênio DQO - Demanda Química de Oxigênio mg.L-1 - Miligrama por Litro o C - Graus Celsius IAP - Instituto Ambiental do Paraná LQCA - Laboratório de Química e Conforto Ambiental NBR - Norma Brasileira pH - Potencial Hidrogeniônico SS - Sólidos Sedimentáveis UDC - União Dinâmica de Faculdades Cataratas 9 SANTI, Barbara Natally. Proposta de tratamento de efluente gerado em empresa de refrigeração. Foz do Iguaçu, 2009. Trabalho Final de Graduação (Bacharelado em Engenharia Ambiental) - Faculdade Dinâmica de Cataratas. RESUMO As atividades de refrigeração geram um efluente poluidor na lavagem de peças, pois utilizam solventes e desincrustantes de ácidos. Os aparelhos também contém óleo lubrificante, o qual, no processo de lavagem, acabava indo para a burraco negro, causando provável contaminação no solo. O objetivo desse estudo foi propor a implantação de caixas separadoras com o intuito de adequar o efluente para o lançamento nos corpos receptores. Para conhecer a origem do efluente gerado, foram realizadas análises dos parâmetros físicos e químicos como: DBO5, DQO, sólidos sedimentáveis, óleos e graxas, pH, turbidez e temperatura. Para análise destes dados, foram coletadas três amostras de cada tubulação, e para cada amostra foram realizadas três repetições de análise, a fim de assegurar a validade dos resultados. Os valores encontrados indicaram que o efluente não esta apto a ser lançado no corpo receptor conforme a Resolução do CONAMA no 357, que trata das classificações e diretrizes ambientais para o enquadramento de corpos hídricos de águas superficiais. Apresentando valores de DQO (18.000,00 e 16.800,00 mg.L-1) estando muito acima do padrão, dificultando o tratamento somente por caixas separadoras, sendo necessário a implantação de um tratamento alternativo tais como um reator eletro- coagulação- flotação e carvão ativado. Palavras-Chave: Refrigeração; Caixa Separadora; Efluente Industrial. 10 SANTI, Barbara Natally. Treatment propose of generated effluent in a refrigeration company. Foz do Iguaçu, 2009. Final Project Graduation (Bachelor of Environmental Engineering) - Faculdade Dinâmica de Cataratas. ABSTRACT The activities of refrigeration generate an effluent polluting agent in the laudering of parts, therefore they use solvent and descaling acids. The devices also contain lubricating oil, which, in the laudering process, went to black hole, causing probably soil contamination. The objective of the present work was to propose the implantation of sorting boxes with intention to adjust the effluent one for the launching in the receiving bodies. To know the generated origin of the effluent one were carried out analysis of physical and chemical parameters as: DBO5, DQO, sedimentable solids, oils and greases, pH, turbidity and temperature. For analysis of these data, were collected three samples of each piping and for each sample were realized three repetitions of analysis, in order to secure the validity of results. The values found indicate the effluent isn´t suitable to be launched in receive body, according to resolution of CONAMA n° 357, dealing with classific ations and environmental guidelines for framework of hydric bodies of superficial water. Presenting values of DQO (18.000,00 and 16.800,00 mg.L-1) being very above of the standard, difficult the treatment only for sorting boxes, being necessary the implantation of an alternative treatment such as an electro reactor – coagulation – flotation and activated coal. Keywords: Refrigeration – Sorting Boxes – Industrial Effluent 11 INTRODUÇÃO Desde a revolução industrial que teve inicio no século XVIII, as indústrias têm causado diversos danos ao meio ambiente, em virtude da poluição que é gerada durante os processos de produção. A maior parte dos processos industriais gera algum tipo de resíduo, seja na forma líquida, sólida ou gasosa. Nas últimas décadas os efeitos ocasionados em decorrência da poluição gerada pela indústria têm se tornado cada vez mais evidente. Com intuito de reduzir os efeitos dessa poluição, a grande maioria dos governos tem adotado leis e normas rigorosas. O tratamento inadequado dos efluentes líquidos pode causar diversos danos ao meio ambiente tais como; eutrofização da água, mortandade de peixes e animais, entre outros aspectos ambientais negativos. Dessa forma, uma empresa tratar de maneira adequada os resíduos líquidos gerados em seu processo 12 de produção não é apenas uma questão jurídica, mas, sim de responsabilidade sócio-ambiental. Com a finalidade de adequar a empresa as leis e normas ambientais vigentes, será elaborado uma proposta de sistema de tratamento de efluentes para a mesma, certo que no momento o efluente gerado não passa por nenhum tipo de tratamento. Devido a empresa gerar efluente líquido, oriundo da lavagem de ferramentas, aparelhos domésticos e peças, e no momento não existir nenhum tratamento para o resíduo, este trabalho vai de encontro com a necessidade da empresa se adequar a normas ambientais vigentes. Vale ressaltar que em virtude da empresa não possuir a licença ambiental junto ao órgão ambiental responsável (Instituto Ambiental do Paraná - IAP), o sistema proposto poderá ser utilizado no processo de licenciamento da empresa, quando a mesma se submeter ao processo. 13 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Consumo de Água e a Geração de Efluente O crescimento desordenado da população das grandes cidades tem contribuído para dificultar a aplicação de soluções simples e baratas em saneamento D’Avignon e La Rovere (2002). Em virtude desse fato têm aumentado gradativamente os níveis de poluição trazendo grandes preocupações à sociedade. Para Tabosa e Rubio (2003) o aumento da preocupação com o meio ambiente e, em especial, com o uso dos recursos hídricos resultou na valorização da água potável como bem de consumo. Frente a potencial escassez deste recurso, os órgãos ambientais têm aplicado a legislação ambiental com maior rigor. Ao mesmo tempo, a tarifa da água potável vem sofrendo aumentos progressivos, especialmente para os consumidores de maiores quantidades, que é o caso das indústrias. 14 Motta et al. (2006) compreende que apesar da crescente participação da indústria na demanda total de água e do impacto causado pelo lançamento de efluentes nas bacias hidrográficas, o papel da água no setor industrial ainda é um assunto pouco estudado no Brasil. Tal fato pode ser explicado pela limitada disponibilidade de dados consistentes sobre o uso da água no setor. Tabosa e Rubio (2003) relatam que em nível internacional, a principal tendência nas empresas e indústrias é a implementação de sistemas para a Recirculação ou Reuso da água gerada em seus processos produtivos. Estes sistemas funcionam de maneira integrada com o processo que gera o efluente visando à redução de desperdícios. Para tornar essa nova tendência mais abrangente é necessário um processo de alta eficiência e baixo custo para o tratamento dos efluentes líquidos. 2.2 Estudo de Impacto Ambiental Para Fogliatti et al. (2004) o impacto ambiental pode ser caracterizado de diversas maneiras, quanto ao seu valor que pode ser positivo quando produz um resultado benéfico para um determinado fator ambiental ou negativo quando produz efeito maléfico ao ambiente; ao espaço de sua ocorrência ele pode ser local quando o projeto afeta apenas a área em que a atividade está sendo desenvolvida, ou regional quando os efeitos do projeto são sentidos em áreas no seu entorno; ao seu tempo de ocorrência: imediato quando surge no instante de implantação do projeto, médio ou longo prazo quando o efeito se manifesta após um determinado período da implantação do projeto e cíclico quando se manifesta em 15 intervalos de tempo; reversível quando a ação desenvolvida cessa o seu efeito e irreversível quando seu efeito se torna permanente; à incidência do impacto pode ser direto quando fica limitado a zona de influencia direta e indireta do projeto e indireta quando através de agentes externos , é estendido para fora da zona de influencia do empreendimento. Para Costa et al. (2005) a identificação, análise e avaliação dos impactos ambientais gerados por atividades potencialmente poluidoras, são os objetivos dos Estudos de Impactos Ambientais (EIA), e também as propostas de medidas mitigadoras a serem adotados para os impactos que não poderão ser evitados e dos planos de monitoramento que devem ser instados com a finalidade de se verificar a real eficácia das medidas propostas. A compreensão de objetivos e propósitos da avaliação de impactos ambientais é essencial para apreender seus papéis e funções. Dessa forma é indispensável realizar a previsão de possíveis efeitos ambientais significativos de uma atividade proposta, antes de se tomar qualquer decisão, para direcionar o EIA, SÁNCHEZ (2006). Fogliatti et al. (2004), afirma que, os EIA devem atender sempre as diretrizes impostas pelos regulamentos e normas em vigor e seguir, com o maior rigor possível, as instruções ou termos de referência fornecidos pelas autoridades ambientais competentes sobre a realização do empreendimento sobre o ponto de vista dos danos ambientais provocados pelo mesmo. 16 2.3 Licenciamento Ambiental Com o surgimento da Lei 6.938/81 que estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente, o licenciamento ambiental adquiriu um caráter amplo de aplicação em se tratando das atividades com potencial poluidor do meio ambiente. A Política Nacional do Meio ambiente sofreu várias modificações através da constituição de 1988 e das leis e resoluções subseqüentes, o processo de licenciamento ambiental sofreu algumas alterações e complementações com a Resolução n° 237, do Conselho Nacional do Meio Ambi ente – CONAMA de 19 de dezembro de 1997. Está resolução veio com intuito de preencher várias lacunas existentes nos processos de licenciamento, como por exemplo na competência dos órgãos componentes do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA. Através da Resolução n° 237, Conselho Nacional do M eio Ambiente (CONAMA), dispõe Licenciamento Ambiental – procedimento administrativo pelo qual órgão ambiental competente licencia a localização, a instalação, a ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais considerados efetiva ou potencialmente poluidores ou daqueles que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao uso. Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental. 17 Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco. Durante o processo de licenciamento os órgãos ambientais competentes emitem três tipos de licenças, cada uma delas de acordo com a fase em que se encontra o empreendimento, são elas: Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação (LO). A Resolução SEMA n°31 de 1998, do estado do Paraná, descreve esses atos administrativos da seguinte maneira: A licença prévia é concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação. Licença de Instalação autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes da qual constituem motivo determinante. Licença de Operação autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação. De acordo com Fogliatti et al. (2004) o órgão ambiental competente funções das características do empreendimento e das atividades modificadoras do ambiente a serem implantadas, o tipo de estudo ambiental ou documento técnico 18 que deve ser apresentado pelo empreendedor, para a obtenção da licença ambiental requerida. Embora o Licenciamento Ambiental seja, regulamentado por vários dispositivos legais, muitas falhas e restrições podem ser apontados ainda no desenvolvimento do EIA/RIMA no Brasil. Vale ressaltar que um grande empecilho está na escolha do método mais adequado para a avaliação dos impactos ambientais, pois existem vários, cada qual apresenta vantagens e desvantagens, tornando a escolha muito delicada. 2.4 Legislação Ambiental Para o tratamento adequado do efluente gerado, tendo que se adequar a Resolução no 357 de 17 de março de 2005, Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), dispõe-se sobre classificações e as diretrizes ambientais para o enquadramento de corpos hídricos de águas superficiais, como estabelece as condições previstas para lançamento de efluentes, para o lançamento dessa atividade industrial determina o artigo no 34 para lançamento direto ou indireto de efluente em corpos hídricos. 2.5 Águas Residuárias Basicamente existem dois tipos de poluição das águas, a poluição pontual e a difusa, Von Sperling (2005) as define da seguinte maneira: 19 Poluição Pontual; os poluentes atingem o corpo d’água de forma concentrada no espaço. Um exemplo é a descarga em um rio de um emissário transportando os esgotos de uma comunidade. Poluição difusa; os poluentes adentram o corpo d’água distribuídos ao longo de parte de sua extensão. Caso típico da poluição vinculada pela drenagem pluvial. Sperling (2005), relata que em uma estação de tratamento, normalmente não há interesse em determinar os vários compostos dos quais as águas residuárias são constituídas. Isto ocorre devido à dificuldade de executar os diversos testes de laboratório, e também pelo fato dos resultados não serem utilizáveis como elementos de projeto e operação. Dessa forma muitas vezes são preferíveis a utilização de parâmetros indiretos que traduzam o potencial poluidor do dejeto em questão. Estes parâmetros podem ser divididos em três categorias: físicos, químicos e biológicas. Segundo Mariano (2005), para separação de óleo, água e sólidos suspensos é utilizado o tratamento primário, após o tratamento o efluente contendo óleo pode ser lançado em corpos receptores. 2.6 Carvão Ativado O carvão ativado é utilizado para purificar a água, eliminando pequenas moléculas orgânicas presentes em baixa concentração na água. Possui característica de remover até 20mg/L -1 dos contaminantes presentes na água e melhorar o seu sabor, cor e odor. A remoção de contaminantes pelo carvão ativado é um processo de adsorção física (BAIRD, 2002). 20 2.7 Reator As indústrias vêm enfrentando grandes problemas quanto o lançamento de seus efluentes. Como em muitos casos os efluentes não podem ser lançados em corpo receptor (MARIANO, 2005). Há a necessidade de uma alternativa simples e viável as pequenas empresas produtoras de poluidoras de material em suspensão. Por isso, é um grande desafio aprimorar técnicas de tratamento de água residuária em estabelecimentos de pequeno porte, que diminuam os riscos de contaminação e ao mesmo tempo privilegiar um baixo custo de implantação e operação. (TEIXEIRA, 2003 apud FOCO e TÉRAN, 2007). Dentre os vários processos, podem-se mencionar os tratamentos físicos, que são caracterizados por métodos de separação de fases: sedimentação, decantação, filtração, centrifugação ou flotação dos resíduos. Esses métodos correspondem à transferência dos resíduos para uma nova fase. No processo de eletro-coagulação-flotação (ECF), pequenas partículas e outros poluentes podem 3+ ser desestabilizados por íons Al produzidos a partir dos ânodos e em seguida removidos por flotação com gás hidrogênio gerado a partir dos cátodos, na eletrólise. A duração do processo de flotação é marcantemente mais curta comparada ao de sedimentação depois da coagulação (BERNARDO, 1993 apud FOCO e TÉRAN). 2.8 Características físicas dos efluentes 21 As características físicas são de pouca importância sanitária e relativamente fáceis de determinar, porém são determinantes na escolha do método a ser escolhido no tratamento. As principais características físicas a serem analisadas nos efluentes são cor, sabor e odor, temperatura e turbidez (SPERLING, 2005). 2.8.1 Turbidez É uma característica com presença de partículas em suspensão, com suspensões grosseiras aos colóides. Podendo ser causada por diversos materiais como partículas, por presença de um número elevado de microorganismos tanto no esgoto domestico ou industrial (RICHTER e NETTO, 1991). 2.8.2 Temperatura A temperatura da água tem uma relevância de grande importância as sobre as reações químicas, com a redução dos gases que alteram o sabor e odor (RICHTER e NETTO, 1991). A temperatura tendo uma elevação aumenta o percentual que podem causar o mau cheiro, diminui a solubilidade dos gases como oxigênio dissolvido (SPERLING, 2005). A temperatura segundo Resolução do CONAMA no 357 não deve ser maior que 40oC. 22 2.8 3 Sólidos sedimentáveis São todas as impurezas das água, exceto os gases dissolvidos, que contribuem para a carga de sólidos presentes nos recursos hídricos. Podem ser classificados de acordo com seu tamanho e estado (sólidos em suspensão e sólidos dissolvidos), pelas características químicas (sólidos voláteis e sólidos fixos) e por sua decantabilidade (SPERLING,2005). Os parâmetros para o corpo receptor não devem ultrapassar 1mg/l conforme a Resolução CONAMA no357. 2.9 Características químicas dos efluentes As análises químicas determinam mais preciosamente as características da água e são de grande importância sanitária quanto econômico (RICHTER e NETTO, 1991). Segundo Sperling (2005), as principais características químicas de qualidade de água são pH, alcalinidade, acidez, dureza, ferro e manganês, cloretos, nitrogênio, fósforo, oxigênio dissolvido, matéria orgânica, micropoluentes inorgânicos e micropoluentes orgânicos. É possível avaliar o grau de poluição de uma fonte de água, a partir das seguintes análises quimicas; determinação de cloretos, nitratos, nitritos e teor de oxigênio dissolvido (SPERLING, 2005). 23 2.9.1 pH A importância de se conhecer o pH (potencial hidrogênio) de uma amostra permite verificar o poder de corrosão, a quantidade de reagentes necessários a coagulação, crescimento de microorganismos e processo de desinfecção tendo a finalidade de reduzir a quantidade dos microorganismos, sendo que a água em relação ao pH estão dentro da normas vigentes (MACÊDO, 2005). É utilizado universalmente para representar as condições ácidas ou alcalinas da amostra (RICHTER e NETTO, 1991). Os valores do pH tem ação direta na eficiência do tratamento de efluentes, podendo assim influenciar no equilíbrio de compostos químicos (SPERLING, 2005). Para lançamentos em corpo receptor o efluente devera estar entre 5 e 9, conforme os padrões do CONAMA no357. 2.9.2 Óleos e Graxas Substâncias raramente encontradas em águas naturais, apenas localizadas em substâncias orgânicas de origem animal, vegetal ou mineral. Os óleos e graxas são oriundos de despejos industriais ou esgotos domésticos. Em processo de decomposição, essas substâncias reduzem o oxigênio, elevando assim a DBO e DQO (CETESB, 2009). 24 2.9.3 DBO A DBO é normalmente considerada como a quantidade de oxigênio consumido num determinado período, a 20oC. Processos de tratamento de efluentes reduzem a DBO de 70 a 95% (BRITO, 2003). 2.9.4 DQO As vantagens no processo são tanto fração biodegradável, quanto a fração inerte do efluente. A faixa média de esgoto doméstico de DBO/ DQO é de 1,7 a 2,4 já o esgoto industrial se enquadra numa faixa mais extensa (MACÊDO, 2005). A relação DBO/DQO baixa indica a utilização de tratamento biológico e relação elevada importante em termo de poluição, indicam o tratamento físico-químico (SPERLING, 2005). A DQO é indispensável nos estudos de caracterização de efluentes industriais, muito importante quando analisada em conjunto com a DBO para ter uma melhor observação na biodegradabilidade dos dejetos (CETESB, 2009). A alta concentração de matéria orgânica esta associada á DQO. Esta concentração é confirmada pelo teor de sólidos presentes no efluente, os sólidos dão uma indicação indireta do teor de matéria orgânica e inorgânica presentes nos efluentes (GOMES, 2003). 25 2.10 Óleos Lubrificantes Os lubrificantes são substâncias cuja função é reduzir os atritos entre superfícies em movimentos. Também podem servir a propósitos secundários, sendo os mais comuns a remoção e a transferência de calor, remoção de resíduos e contaminantes, proteção das superfícies contra corrosão e oxidação e como meio dielétrico (EYRES,1983 apud MARTINS, 2007). Os óleos lubrificantes são compostos em várias formas e a maioria deles são compostos por duas frações: fluido base e aditivos químicos (JIRASRIPONGPUN, 2002 apud MARTINS, 2007). O principal componente no lubrificante é o fluído de base, e apesar de óleos saturados e gorduras serem utilizados primeiramente, atualmente a maioria dos produtos são compostos por óleos minerais (EYRES,1983 apud MARTINS, 2007). 2.11 Poluição Ambiental Relacionada ao Óleo Lubrificante O óleo lubrificante representa um problema ao meio ambiente, sendo ele por lançamento direto ou indireto em corpos receptores, grande problema quando mau utilizado ou disposição ao solo (MONTEIRO, 1985 apud MARTINS, 2007). Quando o óleo é lançado em corpos receptores podem perturbar o fenômeno da autodepuração, porque o óleo é menos denso que a água e tem uma capacidade de cobrir a superfície com uma manta que isola a atmosfera, impedindo a absorção de oxigênio pela massa líquida (MARIANO, 2005). 26 O óleo também e indesejável nos sistemas de tratamento esgotos sendo causador de entupimentos nos difusores porosos de sistemas de aeração, fazem parte do lodo nos decantadores primários e secundários e digestores, e sua característica não biodegradável (MARIANO, 2005). O óleo pode gerar contaminação no solo podendo gerar uma contaminar o lençol freático, e podendo gerar tantos outros problemas como diminuição da permeabilidade e da capacidade de troca de cátions, destruição da microflora por deteriorar as propriedades físicas e químicas e prejudicar a vegetação (MONTEIRO, 1985 apud MARTINS, 2007). 2.12 Caixa de Retenção de Óleo O despejo de efluente com óleo e graxa além de sedimentos nas galerias fluviais são um grande problema uma vez que o efluente alcance os corpos receptores. Os sumidouros correspondem à fossa séptica sem impermeabilizantes, que permitem a absorção do efluente no solo, podendo promover a contaminação do lençol freático (MARTINS, 2007). A limpeza da caixa poderá ser quinzenal para não ocorrer o acúmulo de efluente, sendo manuseada por uma empresa especializada, a limpeza manual pode prejudicar a separação do efluente, o acumulo do efluente pode alterar as dimensões adequadas da caixa e promovem o entupimento dos dutos (GOMES, 2003). Após o efluente passar pela caixa separadora é possível constatar há redução dos elementos consideráveis tóxicos ou poluentes, mas a eficiência é limitada , não sendo capaz de eliminá-los totalmente (MARTINS, 2007). 27 São três modelos de caixas usadas em posto de combustíveis, caixa de areia, caixa separadora e caixa de inspeção, a caixa separadora é mais eficiente na redução de sólidos e compostos químicos dos efluentes (MARTINS, 2007). 2.13 Resíduos Industriais Os resíduos industriais constituem-se em graves problemas ambientais, e são apontados como grandes desafios para áreas responsáveis pela operação do sistema de destino final (ROJAS et.al, 2007). Em função deste panorama, crescem as iniciativas de programas de preservação e gerenciamento ambiental, como também estudos de medidas para o controle e remediação de áreas contaminadas, além de estudos tecnológicos capazes de minimizar o volume e a toxicidade dos resíduos industriais (ROJAS et.al, 2007). Qualquer resíduo que seja lançado no solo ou corpos receptores sem tratamento preliminar, pode causar problemas graves ao meio ambiente podendo ser irreparáveis (FINGER et al. 2006). 28 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Caracterização da Área de Estudo A empresa está localizada na Avenida José Maria de Brito, 1636 Jardim Central, desde a sua constituição em Agosto de 1986, na cidade de Foz do Iguaçu/ Paraná. A empresa presta assistência técnica para 16 marcas, com diversos tipos de produtos, tais como: eletrodomésticos, câmeras frias e refrigeradores. Também são oferecidos serviços de manutenção em refrigeração para lojas, bares, restaurantes, colégios, hotéis e faculdades. A empresa atende em média sessenta clientes diariamente, mas desse número apenas um terço é necessário a manutenção de lavagem, nos diversos serviços que a empresa oferece. 29 Para atender a demanda de trabalho a empresa conta com seis técnicos em refrigeração, quatro auxiliares de refrigeração, três telefonistas, dois vendedores e um responsável pelo setor financeiro da empresa, no total são 16 funcionários. A Figura 1 mostra a área de lavagem onde são lançados os efluentes sem tratamento. Figura 1: Área de lavagem de equipamentos de refrigeração. O efluente gerado é lançado para as duas tubulações, localizadas ao fundo da área de lavagem, como mostra a Figura 2. 30 A B Figura 2: Tubulações A e B de entrada do efluente A Figura 3 mostra a área reservada para lavagem dos equipamentos. Essa área apresenta uma pequena declividade, sendo necessário o auxilio de rodo doméstico para auxilia o escoamento dos líquidos gerados. Figura 3: Área de lavagem. 31 A Figura 4 mostra os aparelhos os quais são feitos as manutenções pela empresa. Figura 4: Aparelhos de refrigeração. 3.2 Caracterização do Efluente Gerado Na empresa são realizados serviços de manutenção em diversos aparelhos, para tanto muitas vezes é necessário a limpeza dos mesmos, sendo preciso utilizar solventes e raramente o uso de detergentes. Para executar limpezas mais profundas são utilizados produtos mais fortes, como desincrustante de ácido para a total retirada da sujeira, ferrugem e até mesmo de óleos lubrificantes dos aparelhos. Todo o efluente sendo lançado diretamente num burraco negro, sendo ele de aproximadamente 20 m2 de área total. 32 3.3 Metodologia Em virtude do efluente possuir óleos e graxas comumente liberados na lavagem das ferramentas, aparelhos e peças, o sistema a ser adotado será o de caixa separadora. O sistema é composto por três caixas separadoras, onde as duas primeiras tem a função reter óleo e graxa e demais sólidos suspensos, a terceira recebe a água, que em seguida é conduzida por tubulação até a galeria pluvial. O efluente passará de uma caixa para outra apenas por gravidade, não sendo necessário a utilização de bombas elétricas. Foi instalado um hidrômetro na saída de água para o uso da lavagem das peças e ferramentas, dessa forma, é possível saber o volume de efluente gerado, tornando possível o dimensionamento do sistema de acordo com a demanda de efluente. Esse monitoramento foi realizado num período de 120 dias, para obter uma média mais precisa. Para caracterizar as propriedades e o potencial poluidor do efluente, foram determinadas as análises no laboratório de química e conforto ambiental (LQCA) da UDC (União Dinâmica de Faculdades Cataratas) no município de Foz do Iguaçu. A partir dos resultados das análises será possível desenvolver o sistema de caixas separadoras que mais se adéqüem a necessidade da empresa. Foram analisados os parâmetros físicos e químicos do efluente, tais como, DBO, DQO, pH e óleos e graxas, temperatura, turbidez e sólidos sedimentáveis. As análises foram feitas em triplicata, dos pontos A e B onde o resultado obtido foi através da média dos valores de cada análise. 33 3.3.1 Parâmetros Físicos A temperatura foi medida através de um termômetro digital de 15 cm tipo espeto Thermometer. Para a turbidez foi utilizado método nefelométricos que consiste na medição eletrônica através de um turbidímetro marca Dellab, modelo DLM-2000 B seguindo procedimento descrito por Macêdo (2005). 3.3.2 Parâmetros Químicos Para a determinação do pH foi a medição eletrônica através de um potenciômetro (PHmetro), marca PH tec, modelo PHS, seguindo o procedimento descrito por Macêdo (2005). Para sólidos sedimentáveis foi utilizado o método Cone de Imhoff, teste de 1 hora metodologia de Macêdo (2005). A DBO5 foi determinada através da diferença de oxigênio dissolvido pelo método da diluição e inclinação por 5 dias a 20 oC. Para determinação de oxigênio dissolvido foi utilizado a metodologia de Macêdo (2005). Para determinação da DQO foi utilizado o método Hach Standard Methods 5220D , que o mesmo possui um tempo de análise de 2 horas a 150oC. 34 3.4 Cálculos de Definição da Caixa Separadora Para a determinação do dimensionamento da caixa separadora foi feito o seguinte cálculo. Q= Volume Tempo Q= litros/dia 35 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Volume do efluente gerado Utilizando a metodologia empregada foi possível verificar o volume de efluente gerado nos meses de junho, julho, agosto e setembro (Tabela 1). Tabela 1 – Volume do efluente gerado na limpeza dos aparelhos. Medição Volume (L.Mês-1) Junho 63000 Julho 62000 Agosto 65000 Setembro 68000 36 Através da média dos volumes mensais foi determinado o volume diário do efluente gerado, da seguinte maneira, fez se a soma dos volumes e dividindo pelos 26 dias de trabalho. Q= Volume Tempo Q= 64.500 26 Q= 2.448 l/dia Q= 2.448 X 1,95 X 1,15 Q= 5 l/s V= Q X T V=5 X 2 V= 10 l/s Declividade 8%=1/12 4.2 Caracterização do efluente Os resultados dos parâmetros físicos e químicos da amostra coletada do efluente no ponto A, denominada de amostra A, são apresentados na Tabela 2. 37 Tabela 2 - Resultados do ponto A. Média Padrões de Lançamento CONAMA 357/05 C 28,4 <40 pH - 3,12 Entre 5 e 9 DQO mg.L-1 18.000,00 - DBO5 mg.L-1 90 - SS mg.L-1 7 Até 1 Óleos e Graxas mg.L-1 2,45 20* e 50** Turbidez UNT 253 - Parâmetro Unidade Temperatura * Óleos mineiras o ** Óleos vegetais e gorduras animais Os resultados dos parâmetros físicos e químicos da amostra coletada do efluente no ponto B, denominada de amostra B, são apresentados na Tabela 3. Tabela 3 - Resultado do ponto B. Média Padrões de Lançamento CONAMA 357/05 C 27,4 <40 Ph - 4,62 Entre 5 e 9 DQO mg.L-1 16.800,00 - DBO5 mg.L-1 80 - SS mg.L-1 10 Até 1 Óleos e Graxas mg.L-1 2,95 20* e 50** Turbidez UNT 246 - Parâmetro Unidade Temperatura * Óleos mineiras o ** Óleos vegetais e gorduras animais 38 A temperatura das amostras apresentou valores dentro do padrão estabelecido pela resolução do CONAMA 357/05 para lançamento em corpos receptores. As atividades da empresa de refrigeração não utilizam fontes de calor para influenciar na temperatura do efluente, nem mesmo contato com a luz solar, o que não interferiu mantendo-se próximo da temperatura ambiente. Os valores de pH dos efluentes variam entre 3,12 e 4,62 apresentando um meio ácido, isto era esperado, pois é utilizado ácido no processo de lavagem. Finger et al. (2006) ao desenvolver um estudo para verificar geração de resíduos em uma fábrica de tintas da cidade de Ponta Grossa – PR, verificou que os valores de DBO e DQO das 4 amostras de efluente bruto analisados obtiveram resultados entre 5.262 e 27.262 mg.L-1 para DQO e 8.854 e 13.631 mg.L-1 para DBO. Posteriormente Rojas et al. (2007), ao analisar quimicamente um solo contaminado com crescentes quantidades de resíduo industrial borra oleosa ácida proveniente da região metropolitana de Porto Alegre – RS, obteve resultado máximo de 20.791 mg.L-1 de DQO e 1.006 de DBO. Os valores apresentados neste estudo (16.800,00 e 18.000,00 mg.L1 – DQO; 80 e 90 mg.L-1 – DBO) foram inferiores aos obtidos por Fincher et al. (2006) e Rojas et al. (2007) para as análises de DQO e inferiores a ambos os autores para as análises de DQO. As altas concentrações de matéria orgânica estão associadas à DQO (GOMES et al.,2003). O efluente provavelmente não acha resíduos de matéria orgânica pela intensidade de óleos e graxas e os produtos químicos. 39 Os sólidos sedimentáveis estão muito acima dos padrões de lançamento de efluentes na Resolução do CONAMA 357/05, isto pode ter ocorrido devido os aparelhos como, ar condicionada, lavadoras conter partículas nos interiores e com a lavagem retirando-as. O elevado teor de óleos e graxas pode comprometer o processo de oxidação ocorrido na decantação, além de provocar entupimento, mau funcionamento do sistema e descontrole do pH (GOMES et al.2003). O óleo lubrificante encontrado nos aparelhos no qual a empresa faz manutenção é um grande problema para o meio ambiente, principalmente quando são lançados de modo direto ou indireto em corpos receptores sem tratamento preliminar (MARTINS, 2007). Gonçalves et al.(2006), Ao realizar estudos de reuso de água em lava jato em Curitiba-PR, verificou que o valor óleos e graxas 59,9 mg.L-1. Os valores deparado nesse estudo foram 2,45 e 2,95 mg.L-1 de óleos e graxas, sendo um valor muito inferior ao encontrado por Gonçalves et al.(2006), isto porque a maioria dos aparelhos que a empresa faz as manutenções de lavagem contém óleos lubrificantes. Segundo Gonçalves et al.(2006), para resolver a questão de óleos e graxas na água usar o sistema de caixas separadoras é o método mais eficaz e de baixo custo de implantação. Após o tratamento primário o efluente contendo óleo pode ser lançado em corpos receptores (MARIANO, 2005). O resultados dos sólidos sedimentáveis 7 e 10 mg.L-1, sendo determinados elevados em relação ao permitido pela Resolução CONAMA no357, devido as partículas retiradas do interiores dos aparelhos, após a utilização do 40 sistema os sólidos ficaram na parte inferior da caixa, sendo removidos quase totalmente. Uma alternativa para a redução de sólidos sedimentáveis poderia ser a utilização de sulfato de alumínio como coagulante.Gomes (2003) em seu estudo após a utilização do coagulante em efluentes, conseguiu atingir uma remoção de ate 95%. De acordo com CETESB (2009), os óleos e graxas em seu processo de decomposição, baixa o oxigênio dissolvido, consequentemente elevam o valor dos parâmetros da DBO e DQO. A turbidez apresentou um valor alto, resultado de grande presença de sólidos no efluente, supostamente pela grande quantidade de óleos e graxas, o uso de produtos químicos e elevado valor de sólidos sedimentáveis,confirmando o relato de Richter e Netto (1991), que a presença de sólidos no efluente aumentam a turbidez . Provavelmente o efluente do ponto A apresente resultados mais elevados em função de uma maior declividade em relação ao ponto B. Devido essa declividade o ponto A pode estar recebendo uma maior quantidade de efluente, o qual é responsável pelo transporte dos sedimentos e óleos e graxas para o referido ponto, consequentemente elevando os valores de DBO, DQO, turbidez, SS e pH. 4.3 Caixas Separadoras É muito importante para a empresa a implantação das caixas separadoras, pois a empresa até o presente momento esta lançando o efluente em buraco negro. De acordo com Martins (2007), fossas sem impermeabilizantes 41 permitem a absorção do efluente no solo, podendo promover a contaminação do lençol freático. O sistema será composto por três caixas separadoras (Figura 5), onde as duas primeiras terão a função de reter óleos e graxas e demais sólidos suspensos, a terceira receberá a água, que em seguida será conduzida por tubulação até a galeria pluvial. O efluente passará de uma caixa para outra apenas por gravidade, não sendo necessário a utilização de bombas elétricas. A área de lavagem será composta por canaletas para ser lançado o efluente até as caixas separadoras e toda a área revestida por pisos e paredes impermeáveis. A caixa estruturada de alvenaria, e cano de PVC para as passagens dos efluentes de uma caixa para outra e o piso uma pequena declividade para a retirada de lodos e partículas suspensas através de um registro que será localizado na parte do fundo. Para a retirada do óleo será instalado um registro na parte de cima das caixas. Para o armazenamento do lodo e óleos será instalado três caixas de PVC, sendo colocadas todas na parte de trás das caixas separadoras. O sistema será composto apenas por três caixas separadoras, porque o efluente de refrigeração é poluidor, mas o volume do efluente utilizado nas atividades não é tão elevado. 42 Figura 5 – sistema de caixas separadoras Com o sistema de caixa separadora constata-se que o efluente reduz os elementos tóxicos e poluentes, mas a eficiência é limitada, não sendo capaz de eliminá-los totalmente (MARTINS, 2007), fazendo necessária a implantação de alternativas que venham a reduzir a elevada DQO e DBO, como reator e carvão ativado. Foco e Téran (2007), realizaram um trabalho onde um efluente industrial da cidade de Limeira/SP, foi tratado a partir da utilização de um reator eletro-coagulação- floculação, onde verificou-se uma remoção de 93% no aspecto de cor, 96% da turbidez e 85% óleos e graxas. O aspecto visual do efluente industrial ao longo do processo de variando desde o efluente bruto (primeiro da esquerda) até o efluente tratado, pode ser observada através da figura 6. 43 Fonte: Foco, 2007. Figura 6: Aspecto visual das etapas de tratamento. O carvão ativado possui característica de remover até 20mg/L -1 dos contaminantes presentes na água e melhorando sua qualidade, sendo um processo de adsorção física (Baird, 2002). 44 5 CONSIDERACÕES FINAIS Verificou-se que os valores obtidos de DQO estão muito elevados (18.000,00 e 16.800,00 mg.L-1) dificultando o tratamento somente por caixas separadoras, sendo assim será necessário a implantação de um tratamento alternativo como, por exemplo, um reator eletro- coagulação- flotação e carvão ativado. Em relação ao pH, os índices demonstram um meio ácido, que podem comprometer as tubulações receptoras. Esta acidez deve-se ao uso de produtos utilizados para lavagem que contém ácidos. Óleos e graxas encontrados no efluente provavelmente sejam pelos óleos lubrificantes contidos nos aparelhos que recebem manutenção pela empresa. 45 O uso de caixas separadoras é relevante, pois até o presente momento a empresa de refrigeração não adota nenhum tipo de tratamento, colocando em risco o solo, a água e consequentemente a saúde humana. 46 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAUJO, L.M.N; MORAIS.A. Estudo dos principais parâmetros indicadores da qualidade da água na bacia do rio Paraíba do sul. BAIRD, Colin. Química Ambiental. 2º. ed. Porto Alegre: Editora Bookman,2002. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981: Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. Brasil: MMA, 1981 BRITO, N.N.Tratamento de efluentes de matadouros e frigoríficos. Limeira, 2003. CETESB- Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Rios e Reservatórios. 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