MODELAGEM ANALÍTICA PARA REINJEÇÃO DE ÁGUA PRODUZIDA COM EFEITOS NA INCRUSTAÇÃO DE SULFATO DE BÁRIO FLAVIA MARCELA RIGATTO PATRICIO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO – UENF LABORATÓRIO DE ENGENHARIA E EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO - LENEP MACAÉ – RJ JUNHO - 2006 MODELAGEM ANALÍTICA PARA REINJEÇÃO DE ÁGUA PRODUZIDA COM EFEITOS NA INCRUSTAÇÃO DE SULFATO DE BÁRIO FLAVIA MARCELA RIGATTO PATRICIO Projeto final de curso apresentado ao Laboratório de Engenharia e Exploração de Petróleo da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro como parte das exigências para a obtenção do título de bacharel em Engenharia de Exploração e Produção de Petróleo. ORIENTADORA: Profª. Themis Carageorgos, Ph.D. COORIENTADOR: Prof Pavel Bedrikovetsky, Ph.D. MACAÉ – RJ JUNHO – 2006 ii MODELAGEM ANALÍTICA PARA RE-INJEÇÃO DE ÁGUA PRODUZIDA COM EFEITOS NA INCRUSTAÇÃO DE SULFATO DE BÁRIO FLAVIA MARCELA RIGATTO PATRICIO Projeto final de curso apresentado ao Laboratório de Engenharia e Exploração de Petróleo da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro como parte das exigências para a obtenção do título de bacharel em Engenharia de Exploração e Produção de Petróleo. Data de apresentação: Banca Examinadora: _________________________________________________________________ Prof. Adriano dos Santos, Dc.S. Reservatório - LENEP/CCT/UENF _________________________________________________________________ Prof. Pavel Bedrikovetsky, Ph.D. Reservatório - LENEP/CCT/UENF _________________________________________________________________ Profª. Themis Carageorgos, Ph.D. Reservatório - LENEP/CCT/UENF (Orientadora) iii Dedicatória especial Dedico esta monografia a Deus e a meus preciosos pais que me fizeram perceber o grande poder que há na superação. iv SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ..............................................................................................................vii LISTA DE TABELAS...............................................................................................................ix NOMENCLATURA ...................................................................................................................x NOMENCLATURA ...................................................................................................................x RESUMO .................................................................................................................................xii CAPÍTULO 1 - I NTRODUÇÃO ..........................................................................................14 1.1. Apresentação do Problema .................................................................................14 1.2. Objetivo ...................................................................................................................17 CAPÍTULO 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................18 2.1. Caracterização da Água de Formação e do Mar .............................................18 2.1.1. Água do mar...................................................................................................18 2.1.2. Água Produzida .............................................................................................19 2.2. Características Físico-Químicas do Sulfato de Bário ......................................20 2.3. Incrustação de Sulfatos ........................................................................................22 2.4. Reinjeção de Água Produzida .............................................................................23 2.5. Métodos de Tratamento de Poços sujeitos a Incrustação..............................24 2.5.1. Métodos corretivos ........................................................................................25 2.5.2. Métodos preventivos .....................................................................................25 CAPÍTULO 3 - DESENVOLVIMENTO MATEMÁTICO PARA O PROCESSO DE I NCRUSTAÇÃO DE SULFATOS PROVOCADA PELA REINJEÇÃO DE ÁGUA PRODUZIDA ..................................................................................................................................................26 3.1. Modelo Matemático para Incrustação de Sulfatos provocada pela reinjeção de água produzida.............................................................................................................26 3.2. Modelo Analítico para Incrustação de Sulfatos nas Vizinhanças de Poços Injetores...............................................................................................................................29 3.3. Raio da Zona de Dano na Formação .................................................................36 CAPÍTULO 4 - DETERMINAÇÃO DO Í NDICE DE I NJETIVIDADE.................................41 CAPÍTULO 5 - ESTUDO DAS PROPORÇÕES DE ÁGUA DO MAR E PRODUZIDA NA MISTURA I NJETADA..............................................................................................................45 5.1. Alteração das Concentrações de Iniciais e Frações SW:PW e seus efeitos 45 5.2. Concentração máxima de bário recomendada no processo de reinjeção de água produzida ..................................................................................................................52 CAPÍTULO 6 - Efitos da Constante de Cinética e das Concentrações iniciais na Queda de Injetividade para PWRI simultanemante a Água dessulfatada ...................56 CAPÍTULO 7 - PLANEJAMENTO DA PLANTA DE DESSULFATAÇÃO PARA REINJEÇÃO DE ÁGUA PRODUZIDA SIMULTANEAMENTE À ÁGUA DO MAR DESSULFATADA.....................................................................................................................59 CAPÍTULO 8 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE I NCRUSTAÇÃO DE SULFATO DE BÁRIO A PARTIR DE DADOS DE I NJETIVIDADE .........................................................62 CAPÍTULO 9 - RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................64 CAPÍTULO 10 - CONCLUSÕES ......................................................................................66 CAPÍTULO 11 - REFERÊNCIA B IBLIOGRÁFICA...........................................................68 v APÊNDICE A – EQUAÇÕES GOVERNANTES PARA I NCRUSTAÇÃO DE BASO4 NO MEIO POROSO COM FLUXO RADIAL ...............................................................................72 APÊNDICE B – MODELO ANALÍTICO PARA FLUXO RADIAL UNIDIMENSIONAL SIMULANDO A FORMAÇÃO DE I NCRUSTAÇÃO DE BASO4 NO MEIO POROSO ......74 Apêndice C – Cálculo do Índice de Injetividade ...............................................................76 APÊNDICE D – CÁLCULO DO RAIO DA ZONA DE DANO ................................................1 vi LISTA DE FIGURAS FIGURA 1. ESQUEMA DA MISTURA ENTRE AS ÁGUAS PRODUZIDA E DA FORMAÇÃO EM UM RESERVATÓRIO DE PETRÓLEO. ........................................................................................... 15 FIGURA 2. FOTO DE CRISTAIS DE SULFATO DE BÁRIO RETIRADA COM MICROSCÓPIO ELETRÔNICO DE VARREDURA , MACKAY 2004........................................................................................ 21 FIGURA 3. PLANTA DE REINJEÇÃO DE ÁGUA PRODUZIDA LOCALIZADA EM CARMÓPOLIS SERGIPE............................................................................................................................. 24 FIGURA 4. ESQUEMA PARA A DEPOSIÇÃO DE SULFATO DE BÁRIO, NAS IMEDIAÇÕES DO POÇO INJETOR, DEVIDO À REINJEÇÃO DE ÁGUA PRODUZIDA ........................................................ 26 FIGURA 5. ESTRUTURA DA ZONA DE FLUXO ESPECIFICANDO AS FRENTES DE PROPAGAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DOS ÍONS BÁRIO E SULFATO E DA CONCENTRAÇÃO SAL DEPOSITADO NO PLANO (X,T)...................................................................................................................... 30 FIGURA 6. PERFIL DE CONCENTRAÇÃO DE BÁRIO PARA DIFERENTES NÚMEROS CINÉTICOS. ....... 31 FIGURA 7. PERFIL DA CONCENTRAÇÃO DEPOSITADA ADOTANDO DIFERENTES VALORES DE TEMPO EM VOLUME POROSO INJETADO (P. V.I.): T = 5? *105 ; 1,0*106 ; 5?*106 ; 1,1?*107 E ε K = 18,72. 33 FIGURA 8. PERFIL DA CONCENTRAÇÃO DEPOSITADA PARA DIFERENTES NÚMEROS CINÉTICOS E VALORES DE RAZÃO DE CONCENTRAÇÃO INICIAL DE SULFATO E BÁRIO : CURVA 1 – ε K = 3,7 E α = 0,01; CURVA 2 – ε K = 3,7 E α = 0,1; CURVA 3 – ε K = 18,72 E α = 0,01; CURVA 4 – ε K = 18,72 E α = 0,1. ................................................................................................................. 35 FIGURA 9. FUNÇÃO M(X) ASSUME SEU VALOR ASSINTÓTICO A UMA DISTÂNCIA , A PARTIR DO POÇO, DE 1,3 A 2,2 VEZES O RAIO DO POÇO. AS CURVAS 1, 2, 3 E 4 CORRESPONDEM A ε K = 18,74 E α = 0,02 ; ε K = 18,74 E α = 0,2 ; ε K = 4,7 α = 0,02 ; ε K = 4,7 E α = 0,2 , RESPECTIVAMENTE. ........................................................................................................... 38 FIGURA 10. EFEITO DO NÚMERO CINÉTICO NO RAIO DA ZONA DANIFICADA CONSIDERANDO DIFERENTES RAZÕES DE CONCENTRAÇÃO.......................................................................... 39 FIGURA 11. ANÁLISE DE SENSIBILIDADE DA INCLINAÇÃO DA IMPEDÂNCIA M, FAZENDO M VERSUS NÚMERO CINÉTICO PARA DIFERENTES VALORES DE RAZÃO DE CONCENTRAÇÃO α.41 FIGURA 12. ANÁLISE DE SENSIBILIDADE DA INCLINAÇÃO DA IMPEDÂNCIA M, DESTACANDO O EFEITO DA RAZÃO DE CONCENTRAÇÃO α NA INCLINAÇÃO DA IMPEDÂNCIA M PARA DIFERENTES VALORES DE NÚMERO CINÉTICO ε K................................................................ 42 FIGURA 13. CRESCIMENTO DA IMPEDÂNCIA PARA QUATRO DIFERENTES VALORES DE NÚMERO CINÉTICO : ε K = 0,94; 4,68; 18,72; 46,80. ........................................................................... 43 FIGURA 14. EFEITO DO NÚMERO CINÉTICO DA QUEDA DE INJETIVIDADE CONSIDERANDO QUATRO DIFERENTES VALORES DE NÚMERO CINÉTICO : ε K = 0,94; 4,68; 18,72; 46,80. .................... 43 vii FIGURA 15. QUEDA DE INJETIVIDADE VERSUS TEMPO REAL EM MESES - EFEITO DO NÚMERO CINÉTICO : ε K = 0,94; 4,68; 18,72; 46,80. ........................................................................... 44 FIGURA 16. ÍNDICE DE INJETIVIDADE VERSUS TEMPO DADO EM VOLUMES POROSOS INJETADOS (P. V.I.). AS CURVAS 1, 2, 3 E 4 CORRESPONDEM A DIFERENTES CONCENTRAÇÕES INICIAIS DE BÁRIO, SENDO ELAS 1,1 PPM ; 5 PPM ; 10 PPM E 20 PPM RESPECTIVAMENTE. ....................... 46 FIGURA 17. ÍNDICE DE INJETIVIDADE VERSUS TEMPO DADO EM MESES . AS CURVAS 1, 2, 3 E 4 CORRESPONDEM A DIFERENTES CONCENTRAÇÕES INICIAIS DE BÁRIO, SENDO ELAS 1,1 PPM ; 5 PPM ; 10 PPM E 20 PPM RESPECTIVAMENTE. ..................................................................... 46 FIGURA 18. EFEITO DA FRAÇÃO DE Á GUA PRODUZIDA NO FLUIDO INJETADO PARA O PERFIL DE CONCENTRAÇÃO DE BÁRIO. ............................................................................................... 47 FIGURA 19. PERFIL DE DEPOSIÇÃO DO SULFATO DE BÁRIO PARA DIFERENTES FRAÇÕES DE ÁGUA PRODUZIDA NO FLUIDO INJETADO – S1U (X) – SW:PW = 4:1; S2U (X) – SW:PW = 1:1; S3U (X) – SW:PW = 1:4. .................................................................................................... 48 FIGURA 20. PERFIL DE DEPOSIÇÃO DO SULFATO DE BÁRIO PARA DIFERENTES FRAÇÕES DE ÁGUA PRODUZIDA NO FLUIDO INJETADO – S1 (X) – SW:PW = 4:1; S2 (X) – SW:PW = 1:1; S3 (X) – SW:PW = 1:4. ................................................................................................................... 49 FIGURA 21. FUNÇÃO IMPEDÂNCIA M(X) VERSUS A FRAÇÃO DE ÁGUA DO MAR NO FLUIDO INJETADO........................................................................................................................... 50 FIGURA 22. FUNÇÃO IMPEDÂNCIA M(X) VERSUS A FRAÇÃO DE ÁGUA DO MAR NO FLUIDO INJETADO........................................................................................................................... 50 FIGURA 23. CRESCIMENTO DA IMPEDÂNCIA PARA TRÊS DIFERENTES FRAÇÕES DE SW:FW: (4:1), (1:1) E (1:4). ...................................................................................................................... 51 FIGURA 24. QUEDA DA INJETIVIDADE PARA TRÊS DIFERENTES FRAÇÕES DE SW:FW: (4:1), (1:1) E (1:4). .............................................................................................................................. 52 FIGURA 25. QUEDA DA INJETIVIDADE VERSUS TEMPO EM MESES PARA TRÊS DIFERENTES FRAÇÕES DE SW:FW: (4:1), (1:1) E (1:4) – DADOS DO RESERVATÓRIO A, MAR DO N ORTE. ............ 52 FIGURA 26. CONCENTRAÇÃO MÁXIMA DE BÁRIO RECOMENDADA NA ÁGUA PRODUZIDA DE MODO A CAUSAR DUAS VEZES A QUEDA DA INJETIVIDADE ORIGINAL. .......................................... 55 viii LISTA DE TABELAS TABELA 1. SOLUBILIDADE DAS PRINCIPAIS INCRUSTAÇÕES EM ÁGUA PURA A 25ºC.................. 21 TABELA 2. VALORES DOS COEFICIENTES CINÉTICO E DE DANO DE FORMAÇÃO OBTIDOS A PARTIR DE TESTES LABORATORIAIS E DE DADOS DE CAMPO – MONTEIRO, 2006.............. 32 TABELA 3. CONCENTRAÇÃO DE BÁRIO NA ÁGUA INJETADA CAUSANDO A QUEDA DE INJETIVIDADE PELA METADE DURANTE A INJEÇÃO DE ALGUNS VOLUMES POROSOS. DADOS DO RESERVATÓRIO A, MAR DO N ORTE.............................................................................. 53 TABELA 4. CONCENTRAÇÃO DE BÁRIO NA ÁGUA INJETADA CAUSANDO UMA QUEDA DE CINCO VEZES DA INJETIVIDADE INICIAL DURANTE A INJEÇÃO DE ALGUNS VO LUMES POROSOS. DADOS DO RESERVATÓRIO A, MAR DO NORTE. ................................................................ 54 ix NOMENCLATURA Letras Latinas Símbolos Descrições Unidades cBa Concentração molar de bário na solução aquosa mol/L cSO4 Concentração molar de sulfato na solução aquosa mol/L - C Concentração de bário adimensional D Coeficiente de dispersão h Espessura do reservatório II Índice de injetividade J Impedância adimensional - k0 Permeabilidade inicial absoluta da rocha D Ka Constante da taxa de reação química (2a ordem) m2/s m m3/(s∗Pa) krwor Permeabilidade relativa à água na presença de óleo residual Kps Constante do produto de solubilidade m Inclinação da impedância M Concentração em quantidade de matéria (Molar) MBaSO4 (M∗s)-1 - (mol/ l )2 - Peso molecular para Sulfato de Bário igual a 0,23339 mol/L Kg/mol p Pressão Pa P Pressão adimensional Q Vazão total r Coordenada radial m rd Raio de dano m rw Raio do poço m Rc Raio de Contorno m sor Saturação de óleo residual - S Concentração adimensional de BaSO4 - t Tempo tD Tempo em p.v.i. - T Tempo adimensional (p.v.i.) - U Velocidade total do fluxo V Diferença de concentrações m3/s meses m/s - x X Coordenada adimensional - Xw Coordenada adimensional do poço - Xd Coordenada adimensional da zona danificada - Y Concentração de sulfato adimensional - Letras Gregas Símbolos Descrições Unidades α Razão entre concentrações injetadas de Ba2+ e SO42- - αD Coeficiente de dispersão m β Coeficiente do dano à formação - εD Número difusivo adimensional (Schmidt) - εK Número cinético adimensional - φ Porosidade - λ Coeficiente cinético (M∗m)-1 µw Viscosidade da água kg/(m∗s) ρBaSO4 σ Densidade do sulfato de bário (Barita) igual 4193,9 Kg/m3 Concentração molar do sólido depositado mol/L xi RESUMO O problema de incrustação por sais insolúveis vem sendo estudado há alguns anos devido à sua ocorrência em reservatórios de petróleo de todo o mundo. A incrustação ocorre devido à incompatibilidade química entre as águas de injeção e de formação que se misturam e acarretam na deposição de sais insolúveis como o sulfato de bário e estrôncio. Tal deposição compõe um dano à formação e conseqüentemente afeta tanto o índice de injetividade quanto o de produtividade. Por este ser um problema importante na indústria do petróleo, esta monografia propõe uma modelagem matemática para a perda de injetividade, devido à incrustação de sulfatos, durante a injeção simultânea de águas quimicamente incompatíveis. Isto é, reinjeção de água produzida (PWRI1), com cátions de bário, e água do mar, rica em ânions sulfato. Foram elaboradas duas abordagens: na primeira a concentração de sulfato excede a concentração de bário, já na segunda foi considerada a utilização de uma planta de dessulfatação para a retirada de sulfato da água do mar e, portanto, reduzir a concentração deste íon que deixa de estar em excesso. Para modelar estes dois cenários, foi desenvolvido um modelo analítico, axisimétrico, e obtidas expressões explícitas para a concentração de sal depositada e para o declínio da injetividade. Tal modelo possui dois parâmetros físicos: o coeficiente cinético, λ, e o coeficiente de dano de formação, β ; e, para dimensionar o tamanho da zona danificada na formação foi introduzido um parâmetro teórico que é o raio do dano provocado pela incrustação de sulfatos, Rd. A partir do modelo deduzido foram determinadas as magnitudes de importantes parâmetros como: • Raio do dano provocado pela incrustação de sulfatos; • Quantidade máxima de bário permitida, de modo a amenizar a queda no índice de injetividade, durante a reinjeção de água produzida junto com água do mar; • Concentração máxima de sulfato tolerada na água dessulfatada, de modo que o dano na injetividade seja diminuido. 1 Produced Water Reinjected que significa Reinjeção de Água Produzida. xii E, além disto, foi feita uma análise de sensibilidade para observar a influência da concentração de bário e sulfato na água de injeção enfatizando as proporções de água do mar e água produzida na mistura a ser injetada, e ainda, comprovar o resultado obtido para a localização da zona depositada, e a conseqüente perda de injetividade. xiii CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO O presente trabalho discute a queda de injetividade devido à incrustação de sulfatos durante a injeção simultânea de água do mar e água produzida. Para tanto, foi desenvolvido um modelo analítico, axi-simétrico, e obtidas expressões analíticas para a concentração de sal depositada e para o declínio da injetividade. Foram determinadas as magnitudes de importantes parâmetros como o raio do dano provocado pela incrustação de sulfatos e a quantidade máxima de bário permitida, de modo a amenizar a queda no índice de injetividade, durante a reinjeção de água produzida junto com água do mar. Além disso, o modelo abordou a possibilidade de dessulfatação da água do mar, permitindo a determinação da concentração máxima de sulfato tolerada nesta água, de modo que o dano, na injetividade, seja minimizado. 1.1. Apresentação do Problema Durante as operações offshore 2, a água do mar é injetada nos reservatórios petrolíferos com a finalidade de manter a pressão destes em um nível desejado de modo a antecipar a produção de óleo. Quando essa água passa a ser produzida, seu descarte é problemático, podendo acarretar problemas ambientais visto que ela é rica em partículas de óleo e sais. Para solucionar ou ao menos minimizar este problema, a água produzida pode ser reinjetada, contudo é necessária a injeção de água adicional com a finalidade de garantir o balanço volumétrico injeção-produção. Em projetos de injeção de água offshore, a reinjeção da água produzida (PWRI) é completada pela injeção de água do mar devido à sua abundância e disponibilidade. Um esquema que mostra a mistura entre as águas injetada e da formação, em um reservatório, é apresentado na Figura 1. 2 Afastado da costa. 14 2- SO 4 Seawater 2+ Ba Produced water Sor σ( r,t1) σ(r,t )3 rw rd Figura 1. Esquema da mistura entre as águas produzida e da formação em um reservatório de petróleo. Com isso, a reinjeção de água produzida tornou-se um grande desafio na indústria do petróleo com destaque para a Bacia de Campos, uma vez que, seus maiores campos petrolíferos entraram em um segundo estágio de desenvolvimento, isto é, os campos inicialmente submetidos à injeção de água passaram a produzi-la. Entretanto, a injeção simultânea da água produzida, com cátions de bário, e da água do mar, rica em ânions de sulfato, resulta na precipitação de sais sulfatos que causam restrições ao fluxo, tal como descrito na fórmula 1.1 [Oddo e Tomson, 1994]. Esta restrição, também conhecida como dano de formação por incrustação de sulfatos, ocorre no poço injetor e em suas vizinhanças, onde a dispersão e a cinética química são particularmente altas devido às altas velocidades de fluxo dos fluidos em uma região onde a mistura das águas quimicamente incompatíveis é mais pronunciada [Sorbie e Mackay, 2000]. Tal cenário de incrustação de sulfatos com conseqüente perda de injetividade vem sendo reportado para campos no Mar do Norte, Golfo do México e Golfo Pérsico [Rosário, Bezerra et. al.]. Ba2 + (aq) + SO42 − (aq) → BaSO4(s) (1-1) O decaimento na injetividade, provocado pela incrustação de sulfato de bário depende de vários fatores, entre eles: • Concentração do cátion metálico na água injetada; • Coeficiente dano de formação; • Cinética da reação química; 15 • Concentração de sal depositado; • Permeabilidade da rocha; • Vazão de injeção. Portanto, a previsão da injetividade e conseqüente decisão sobre como fazer a reinjeção da água produzida com água do mar e inibidores de incrustação requer estudos laboratoriais baseados em modelagem matemática [Mackay, 2006]. Na literatura, encontram-se disponíveis diversos estudos laboratoriais sobre incrustação de sulfatos [Mackay,et al.,2001]. Este cenário de perda de injetividade poderia ser amenizado se a água produzida contivesse uma menor quantidade de bário, ou se a água do mar passasse pelo tratamento de uma planta de redução de sulfato (Processo de Dessulfatação). Por isso, para verificar a viabilidade do estudo sobre PWRI duas questões principais devem ser respondidas: • Qual é a concentração máxima de bário, na água produzida, que minimiza o dano na injetividade durante a reinjeção conjunta com a água do mar? • Qual é a concentração máxima de sulfato tolerada na água do mar após esta ser dessulfatada de forma a amenizar o dano na injetividade durante a sua co-injeção com a água produzida? Com o intuito de estudar este processo de reinjeção de água produzida assim como suas conseqüências foi proposto um modelo matemático para o fluxo dispersivo e com reação química que consiste em equações de balanço de massa para os íons bário e sulfato [Rocha, 2001; Woods & Parker, 2003; Bedrikovetsky, 2003; Bedrikovetsky, 2004]. Como premissas do modelo, foi assumido que a reação química para incrustação de sulfatos é irreversível, e o fluxo radial simétrico ocorre ao redor do poço injetor em um reservatório acamadado. Assim, a partir do sistema de equações de múltiplos reagentes químicos para fluxo axi-simétrico, desconsiderando a difusão durante a reinjeção de água produzida, foi obtida uma solução analítica usando o método das características [Alvarez, et al., 2006]. O modelo proposto, livre de dispersão, contém dois parâmetros físicos: coeficiente cinético que caracteriza a velocidade da reação química, e o coeficiente 16 dano de formação que reflete na queda da permeabilidade devido à precipitação do sal [Lopes, 2002, Bedrikovetsky, 2004]. Ambos coeficientes podem ser obtidos a partir de testes laboratoriais ou pelo histórico de produção do poço, compondo problemas inversos bem postos [Monteiro, 2006]. 1.2. Objetivo O objetivo principal desta monografia é a dedução de um modelo analítico para a previsão da perda da injeti vidade de poços submetidos à reinjeção de água produzida. Assim como a determinação da ordem de magnitude de algumas variáveis importantes para as decisões gerenciais de problemas ocasionados pela incrustação de sulfatos, tais como: o raio do dano provocado pela incrustação de sulfatos, a quantidade máxima de bário permitida na água de injeção para amenizar a perda na injetividade e a concentração máxima de sulfato tolerada na água dessulfatada, para que o dano na formação seja diminuido. 17 CAPÍTULO 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Em trabalhos anteriores foram deduzidas fórmulas analíticas para fluxo, linear e radial com injeção simultânea, de águas quimicamente incompatíveis, no meio poroso, observando o conseqüente dano de formação provocado pela incrustação de sulfato de bário [Lopes, 2002; Moraes, 2004]. A partir destes modelos deduzidos, tornou-se possível a determinação dos coeficientes de cinética química e de dano de formação a partir de dados laboratoriais e de campo [Monteiro, 2006]. Estes coeficientes apresentam a mesma ordem de magnitude e, portanto, validam não só o modelo proposto, como também podem ser utilizados como dados de entrada para uma melhor obtenção da previsão da injetividade. O presente trabalho baseou-se no banco de dados elaborado por Monteiro, adotando os valores típicos destes coeficientes para a elaboração de todos as previsões e determinação da zona danificada, assim como as concentrações de bário e sulfato ótimas. 2.1. Caracterização da Água de Formação e do Mar 2.1.1. Água do mar Nos projetos de desenvolvimento de campos petrolíferos, normalmente é prevista a injeção de água por este ser considerado um método de recuperação secundária eficaz e relativamente barato. Em especial, nos reservatórios offshore a água de injeção é a água do mar devido à sua disponibilidade e abundância. Ela apresenta elevada salinidade, na faixa de 30.000ppm, baixos teores de sólidos (1 a 3mg/l); teor de óleo e graxa (TOG) ausente e pequeno tamanho de partículas o que a favorece por somente necessitar de um processo de filtragem simples. Entretanto, nesta elevada salinidade destaca-se a alta concentração ânions de sulfato, cerca de 3000 ppm. E quando esta água entra em contato com a água de formação ou é misturada com a água produzida, pode provocar a deposição de sais solúveis e insolúveis, culminando na formação de incrustações. Por isto ela é denominada quimicamente incompatível com a água de formação ou produzida. 18 A figura abaixo apresenta um gráfico de barras que exibe a composição da água do mar e sua apreciável quantidade de sais. 2.1.2. Água Produzida A água de formação, também conhecida como água conata, é a água que está no reservatório desde a sua formação. Esta água é trapeada no momento da deposição dos sedimentos que irão compor o reservatório e seu arcabouço básico. Ela está em contato direto com diversos grãos minerais e, alguns deles apresentam em sua formulação química elementos que podem ser encontrados na água de formação. Por isso, como característica essencial, a água de formação apresenta concentrações consideráveis de cátions metálicos, tais como, bário, estrôncio e cálcio. No período inicial em que campos submetidos à injeção de água começam produzi-la sendo esta essencialmente a água de formação com grande parte das suas características inalteradas, como por exemplo, as altas concentrações de cátions metálicos. Passado algum tempo de produção a água produzida apresentará uma menor concentração destes sais metálicos, e a água injetada, em projetos offshore normalmente água do mar, chega ao poço produtor. Deste modo, a água produzida passa a ter características tanto da água de formação quanto da água do mar. Logo, esta água produzida conterá, além dos cátions metálicos, alguns ânions e até mesmo sais dissolvidos. 19 Esta água produzida pode apresentar tendências corrosivas devido à produção de H2S, além da formação de incrustação no caso em que ela venha a ser reinjetada. Somado a isto, pode possuir alto teor de sólidos devido a uma possível produção de sedimentos finos da formação 3 . Por isso tornam-se necessários tratamentos para adequar o teor de sólidos de modo a não afetar o meio ambiente, em caso de descarte, ou não danificar os equipamentos da planta de reinjeção e da coluna, caso haja reinjeção desta água. Como esta água é produzida juntamente ao óleo explotado do reservatório ela apresentará óleo residual implicando em altos teores de óleo e graxas, e isto implicara na necessidade de um tratamento especial desta água sendo essencial a passagem dela por uma planta de tratamento de superfície. Todas estas características fazem com que seja necessária uma filtragem complexa para sólidos e graxas, com necessidade de retrolavagem dos filtros. 2.2. Características Físico-Químicas do Sulfato de Bário O sulfato de bário, em sua forma mineral também conhecido como barita, se forma de acordo com a reação química que ocorre entre a água de injeção e a água da formação (Fórmula 1.1). Em geral, a barita é um cristal ortorrômbico, com densidade de 4,47 g/cm3 nesta morfo logia. Entretanto, formas diferentes são obtidas em distintas condições reacionais, podendo ser obtidos cristais dendríticos, em forma de agulha, estrela e rosetas [Dunn et al., 1998]. A Figura 2 apresenta uma foto dos cristais de sulfato de bário retirada no microscópio eletrônico de varedura [Mackay, 2004]. 3 Sedimentos com granulometria menor que 44 micrometros. 20 Cristais de Sulfato de Bário Matriz da Rocha Figura 2. Foto de cristais de sulfato de bário retirada com microscópio eletrônico de varredura, Mackay 2004. Sua solubilidade em água deionizada à 25ºC é de 0,0023 g/L. Essa grande insolubilidade faz com que métodos quantitativos de análise de sulfato e de bário se baseiem na sua precipitação [Ostroff, 1965]. Na Tabela 1 podem ser comparadas as solubilidades das incrustações mais comuns na indústria do petróleo, destacando-se o sulfato de bário como o mais insolúvel. É importante ressaltar que a solubilidade deste sal é diretamente influenciada tanto pela temperatura quanto pela força iônica da solução. E a variação da solubilidade devido a mudanças de temperatura pode ocasionar grandes problemas pois, mesmo não havendo supersaturação da solução na água injetada, esta pode se tornar supersaturada antes de atingir o reservatório, podendo ocorrer precipitação do sal no poço. Tabela 1. Solubilidade das principais incrustações em água pura a 25ºC. Tipo de Incrustação Fórmula Química Mineral Solubilidade (mg/L) Sulfato de Bário BaSO4 Barita 2,3 Carbonato de Cálcio CaCO3 Calcita 53 Sulfato de Estrôncio SrSO4 Celestita 114 Sulfato de Cálcio CaSO4 Gipsita 2000 21 O produto de solubilidade do sulfato de bário, nas mesmas condições, é de 1,1024x10-10 M2, sendo muito pequeno se comparado produto de solubilidade de outros sais de sulfato. [Harris, 2001]. 2.3. Incrustação de Sulfatos Incrustações podem ser definidas como compostos químicos de natureza inorgânica, podendo ser solúveis ou insolúveis, e que precipitam, acumulando na formação, canhoneados, telas de gravel packing, poço propriamente dito e equipamentos de superfície [Marques et al., 2001]. A água da formação e a água de injeção, quando submetidas a condições termodinâmicas adequadas, reagem entre si fazendo com que sejam depositados compostos insolúveis tais como o sulfato de bário, de estrôncio e de cálcio. Dentre estes compostos, o sulfato de bário é o de mais difícil remoção por ser o mais insolúvel. Além disso, a precipitação destas incrustações pode vir associada com a presença de íons de rádio que irão co-precipitar com o bário e estrôncio e gerar resíduos radioativos cuja remoção e descarte são perigosos e dispendiosos. As incrustações de sulfato de bário são comuns em vários campos de petróleo do mundo, daí a importância do conhecimento do seu mecanismo de formação, do tipo e a quantidade de deposição e a sua localização para, em função disto, se tomar medidas preventivas e/ou corretivas. É na fase inicial de desenvolvimento de um campo de petróleo, onde os investimentos são feitos, que se deve avaliar e prever os futuros problemas de incrustações, pois isto pode influenciar a estratégia do gerenciamento destas incrustações. É nesta fase que se decide, por exemplo, a compra de uma planta de dessulfatação para remover os íons sulfatos da água do mar a ser co-injetada com a água produzida, o esquema de completação dos poços, entre outros. Além disto, é fundamental que um planejamento seja feito visando à seleção de um inibidor de incrustação [Mackay, 2001]. A estratégia de se avaliar o potencial de incrustação na fase da concepção do projeto de desenvolvimento do campo é muito útil no caso de campos marginais ou de águas profundas, onde a identificação prévia dos problemas de incrustações e o estabelecimento de uma estratégia de prevenção pode ser vital para a viabilidade econômica do projeto. 22 2.4. Reinjeção de Água Produzida A injeção de água do mar em reservatórios de petróleo com a finalidade de manutenção da pressão deste é uma operação corriqueira. Contudo, atualmente, vários campos distribuídos por todo o mundo entraram em seu estágio de maturidade passando, assim, a produzir grandes volumes de água. Entretanto, com a atual corrente que busca reduzir problemas ambientais provocados por produtos químicos e descarte de água oleosa, o gerenciamento da água produzida tornou-se um desafio introduzindo, desta forma, outras metas no que tange o gerenciamento de incrustação envolvendo a reinjeção de água produzida [Mackay et al., 2003]. Este aumento com a preocupação ambiental sobre os efeitos do descarte da água produzida, faz com que as operadoras de petróleo considerem a possibilidade de reinjetar esta água produzida. Somados aos benefícios ambientais, há vários outros benefícios: • Maior compatibilidade química com água de formação, desde que do mesmo reservatório; • Custos menores após a implantação da planta de reinjeção; • Economia de espaço e peso devido à otimização das plantas de tratamento de água; • Redução de CAPEX4 e OPEX5; • Sistema de PWRI implantado por toda a vida do campo petrolífero. Porém, em um projeto de implantação de reinjeção de água produzida devem ser tomados vários cuidados, entre eles destaca-se a verificação das especificações desta água produzida a ser reinjetada. Esta água deve ser filtrada devido aos seus altos teores de sólidos (20 a 80 mg/l), e conter partículas maiores que 30 micras. Além de passar por um processo químico de separação devido aos altos teores de óleos e graxas (TOG). Como exemplo de implantação de um projeto de Reinjeção de água produzida pode ser citada a Planta de Carmópolis, localizada no estado de Sergipe. Em Carmopolis há o projeto de reinjeção de toda água produzida até 2014. Esta 4 5 Capital expenditure. Operacional expenditure. 23 planta possui uma capacidade de filtração de 3 tanques de 7500 m3 /dia somando um total de 22500 m3/dia, com os filtros tendo 3,66 m de diâmetro e 7,6 m de altura, ocupando uma área de 180 m2 (Figura 3). Com a implantação deste projeto foi substituída a captação de água doce que era de 9000m3/dia. Figura 3. Planta de reinjeção de água produzida localizada em Carmópolis - Sergipe. Um ponto importa nte a ser destacado é a preocupação especial com respeito à precipitação de sais inorgânicos no poço produtor, nos sistemas de injeção e até no poço injetor, nesse caso seria necessária injeção de antincrustantes ou até mesmo necessários 2 sistemas de injeção separados (água do mar e água produzida). 2.5. Métodos de Tratamento de Poços sujeitos a Incrustação Muitos estudos e trabalhos já foram realizados visando fornecer subsídios para a seleção do melhor método de tratamento de incrustações [Sorbie et al., 1994; Jordan et al., 1996; Mackay e Sorbie, 1998; Menzies et al., 1999, Poggesi et al., 2001]. Nestes trabalhos são expostas as vantagens de cada método para cenários 24 específicos. A escolha de qual método será utilizado deve passar por uma análise econômica, relação custo -benefício, que deve ser feita na fase de planejamento do desenvolvimento. Por tal temática não ser o objetivo principal do presente trabalho, apenas serão expostos os tipos de tratamentos contra incrustação, bem como sua classificação. 2.5.1. Métodos corretivos • Remoção química – utilização de solventes químicos; • Remoção mecânica – utilização de ferramentais como flexitubos. 6 2.5.2. • Métodos preventivos Injeção contínua de inibidores de incrustação através do sistema de gas lift 7 ou de uma linha capilar exclusiva 8; • Dessulfatação da água do mar; • Squeeze 9 de inibidor de incrustação; • Injeção de água do aqüífero isenta de ânions sulfato. 6 Tubos flexíveis quando submetidos a condições específicas de temperatura e pressão. Sistema para auxiliar a elevação de fluidos. 8 Uma via/linha exclusiva para a injeção de inibidor. 9 Injeção, sob pressão, de um inibidor (polímeros, fosfonatos, entre outros), em concentrações relativamente altas, dentro do reservatório. 7 25 CAPÍTULO 3 - DESENVOLVIMENTO M ATEMÁTICO PARA O PROCESSO DE INCRUSTAÇÃO DE SULFATOS PROVOCADA PELA REINJEÇÃO DE ÁGUA PRODUZIDA O impedimento na injetividade causado pela reinjeção de água produzida simultaneamente à água do mar ocorre devido à reação química entre os íons presentes nessas águas. Como produto desta reação há a formação de incrustação de sulfato de bário cuja deposição se dá na formação, causando redução da permeabilidade e conseqüente queda no índide de injetividade. 2- Ba2+ SO4 Seawater Produced water Sor σ(r,t1) σ(r,t 3) rw rd Figura 4. Esquema para a deposição de sulfato de bário, nas imediações do poço injetor, devido à reinjeção de água produzida. Um esquema para a precipitação deste sal durante a PWRI é apresentado na Figura 4. É importante observar que a deposição do sal se dá nas proximidades do poço injetor pois é nesta região que há maior velocidade e portanto maior cinética de reação química. 3.1. Modelo Matemático para Incrustação de Sulfatos provocada pela reinjeção de água produzida O sistema de equações que descreve o fluxo unidimensional considerando reação química de uma solução aquosa que contém íons bário e sulfato, na presença de óleo residual, e a conseqüente precipitação de sulfato de bário é descrito pelas equações de balanço de massa para os íons bário, sulfato e para o sal sulfato de bário. Com a finalidade de formular completamente o modelo, a lei de Darcy é acrescida ao sistema, introduzindo um parâmetro para redução da permeabilidade devido à deposição do sal [Philips, 1991; Rocha, et. al., 2001; Bedrikovetsky, et. al., 2003]: 26 ∂cBa ∂cBa ∂ 2 cBa φ + U = α U − λ UcBa cSO4 D ∂x ∂x 2 ∂t ∂cSO ∂ cS O4 ∂ 2cSO4 4 φ + U = α U − λ UcBa cSO4 D ∂x ∂x2 ∂t ρ φ BaSO4 ∂σ = λ Uc c Ba SO4 M BaSO4 ∂ t k ∂p U = − µ (1 +βσ ) ∂x (3-1) sendo: − cBa – a concentração do cátion bário; − cSO4 – a concentração do ânion sulfato; − σ – a concentração do sal sulfato de bário depositado; − λ – o coeficiente cinético; − β – o coeficiente dano de formação; − U – a velocidade de fluxo no meio poroso; − α D – o coeficiente de dispersividade; − φ – a porosidade; − µ – a viscosidade; − k – a permeabilidade. O parâmetro para redução da permeabilidade, β , foi introduzido através de uma forma hiperbólica para a queda de permeabilidade (Eq. 3.2). E a taxa de reação química, Ka, é dada pela lei das massas ativas [Bethke, 1996; Woods & Parker, 2003], sendo a reação de formação do sal sulfato de bário de segunda ordem. k (r ) = k0 1 +βσ ( r,t D0 ) (3-2) O modelo matemático (Eqs. 3.1) é formado por quatro equações e quatro incógnitas - cBa, cSO4, σ e p, e como as primeiras duas equações do modelo (Eqs. 3.1) são independentes de σ e p, elas podem ser separadas da terceira e quarta equações formando um novo modelo com duas equações e duas incógnitas independente das equações de balanço de massa para o sal depositado (terceira equação de 3.1) e da lei de Darcy modificada (quarta equação de 3.1). 27 Para efeito de simplificação de cálculo, foram desprezados os coeficientes de dispersão, α D, para os íons Ba2+ e SO42-. E, baseado no estudo realizado por Lopes, assumiu-se que a constante da taxa de reação química no meio poroso é proporcional à velocidade de fluxo [Fogler, 1998; Lopes, 2002], sendo o coeficiente de proporcionalidade λ chamado coeficiente cinético que é o parâmetro físico que caracteriza a velocidade da reação química. Além das considerações físicas previamente mencionadas, é importante mencionar que este modelo assume a irreversibilidade da reação química, de segunda ordem, entre os íons bário e sulfato e que a rocha, assim como os fluidos nela contido são incompressíveis. Para efeitos de simplificação matemática do modelo, também foram adotadas algumas premissas: a independência da constante cinética, λ, com relação à concentração do precipitante e a forma hiperbólica para a queda de permeabilidade (Eq. 3.2). Para que o sistema fosse solucionado somente uma vez e a solução encontrada pudesse ser aplicada para a previsão de vários casos específicos, introduzimos os seguintes parâmetros adimensionais: c 4 ρ BaSO 4 σ r Qt c 4πhk0 k rworp c 0Ba α X = , T = , C = 0Ba , Y = SO , S = , P = , α = , εD = D , 2 0 0 0 πhφrw c Ba µQ rw cSO 4 MBaSO 4 cBa cSO 4 rw 0 ε k = λ rw cSO 4 (3-3) 2 Substituindo os parâmetros adimensionais (Eqs. 3.3) no sistema (Eqs. 3.1) foi obtido o modelo em função de variáveis adimensionais (Eqs. 3.4). ∂C ∂C εk CY (1 − s or ) ∂ T + ∂X = − 2 X ∂Y ∂ Y εk α CY (1 − s or ) ∂T + ∂X = − 2 X (1 − s ) ∂S = εk CY or ∂T 2 X X ∂P 1 = − ∂ X M BaSO4 0 S 1 + β cBa ρBaSO 4 (3-4) Neste sistema adimensional percebe-se a existência de dois importantes parâmetros adimensionais: ε k e α ., a partir dos quais será realizada uma análise de sensibilidade das soluções encontradas e da magnitude do raio de dano de 28 formação. O número de cinética é referência de distância que um mol de um reagente se propague até desaparecer devido ao seu consumo pela reação química. Alguns cálculos a partir da tabela 2 mostram que o número de cinética varia entre 0,6 e 50. Para completar o modelo para o processo de reinjeção de água produzida com injeção simultânea de água do mar, abaixo seguem as condições iniciais e de contorno (Eqs. 3.5 e 3.6) T= 0: C= 0 , Y= Y0 (3-5) X = xDw : C= 1 , Y= 1 (3-6) 3.2. Modelo Analítico para Incrustação de Sulfatos nas Vizinhanças de Poços Injetores Posto isso o problema está completamente descrito e a solução analítica pode ser encontrada. Analisando o sistema adimensional, percebe-se que as duas primeiras equações (Eqs. 3.4), de balanço de massa dos íons bário e sulfato, compõem um novo sistema de duas equações diferenciais parciais (Eqs. 3.7). εk ∂C ∂C CY (1 − s or ) ∂T + ∂X = − 2 X (1 − s ) ∂Y + ∂Y = − ε k α CY or ∂T ∂X 2 X (3-7) A solução analítica do problema de injeção simultânea de duas águas quimicamente incompatíveis foi obtida pelo método das características [Álvarez, 2006] e todo desenvolvimento de forma detalhada encontra-se nos apêndices A e B. Com as soluções para as concentrações dos íons bário, sulfato e para a deposição do sal sulfato de bário, tornou-se possível a elaboração de um esquema que exibe a estrutura da zona de fluxo (Figura 5). A frente de água injetada se move ao longo do reservatório com velocidade adimensional (1 – sor)-1, e a posterior à frente de água injetada, ambas as concentrações dos íons são iguais aos seus valores iniciais. 29 T S(X,T0) Y(X,T0) C(X,T0) 1.0 0 T = T0 T r) -s o + (1 Xw X= C=Y=1 Xw X C=S=0 Y=1 Figura 5. Estrutura da zona de fluxo especificando as frentes de propagação da concentração dos íons bário e sulfato e da concentração sal depositado no plano (X,T). Ainda a partir das expressões explícitas para as concentrações de bário e sulfato, verifica-se que estas concentrações estão em regime permanente atrás da frente de injeção e são das pelas equações (Eq. B-9) e (Eq. B-10). O resultado obtido para a concentração do íon bário exibe uma dependência com a distância que o íon percorreu, com o número de cinética e com a razão das concentrações iniciais de sulfato e de bário. Na Figura 6 é possível observar o perfil de concentração de bário considerando que a concentração de sulfato excede a concentração de bário (α =0,02) para diferentes valores de número cinético, sendo eles: ε K = 0,94 para a curva 1; ε K = 4,68 para a curva 2; ε K = 18,72 para a curva 3 e ε K = 46,80 para a curva 4 e conclui-se, o que intuitivamente já era esperado, a concentração de bário decai de forma mais abrupta a medida que o número cinético aumenta e portanto a reação química é mais intensa. 30 Perfil Concentração de Bário 1 C1 ( X) C2 ( X) C3 ( X) 0.5 C4 ( X) 0 2 4 6 8 10 X Figura 6. Perfil de concentração de bário para diferentes números cinéticos. De acordo com a Tabela 2 os valores de coeficientes cinéticos mais típicos estão no intervalo de 1000 <λ< 4000 (M∗m)-1, assim os perfis de concentração típicos são representados pelas curvas 2 e 3. Ainda na Figura 6 é possível perceber que a concentração de bário não chega a ser zero até frente de água injetada, mas ela quase desaparece em uma distância de 1,4 a 2,5 vezes o tamanho do raio do poço. 31 Tabela 2. Valores dos Coeficientes Cinético e de Dano de Formação obtidos a partir de Testes Laboratoriais e de Dados de Campo – Monteiro, 2006. Testes Laboratoriais Coeficiente cinético -1 λ, (M∗ m) Coeficiente Dano de Formação β Lopes Jr., 2002 3003 – 3951 – 239 – 18585 1553 – 42200 10 – 100 20 – 100 Dez Testes 32000 – 184000 30 – 3000 Watt et al., 1992 798 – 963 – Dados de Campo Coeficiente cinético -1 λ, (M∗m) Coeficiente Dano de Formação β Campo de Marlim (Bacia de Campos) 200 – 12000 0,01 – 12 Campo Namorado (Bacia de Campos) 10 – 1000 30 – 3000 Mar do Norte 10 – 3500 – Yuan et al., 1989 Teste à 20°C Teste à 70°C Goulding P. S., 1987 Por sua vez, a concentração do sal depositado é dada pela equação (Eq. B11). E, na Figura 7 é apresentado o perfil de deposição do sal bem como a acumulação se dá com o tempo. Os perfis de precipitação mostrados são para diferentes valores de tempo adimensional, sendo o tempo máximo utilizado T=1,1∗107 correspondente a um volume poroso injetado quando o raio de contorno do reservatório é 500 m. A partir desta figura concluiu-se que a deposição se acumula principalmente nas vizinhanças do poço injetor, mais especificamente em Xd=1,6Xw , o que corresponde a um raio de dano igual a 1,28rw . 32 Perfil de Deposição 1 .10 8 S 1 ( X , T) S 2 ( X , T) S 3 ( X , T)5 .107 S 4 ( X , T) 0 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 X Figura 7. Perfil da concentração depositada adotando diferentes valores de tempo em volume poroso injetado (p.v.i.): T = 5? *105; 1,0*106 ; 5? *106 ; 1,1? *107 e ε K = 18,72. As concentrações dos íons estão em regime permanente atrás da frente de injeção enquanto que o sal depositado se acumula proporcionalmente com o tempo, (Eq. B-13). As concentrações de íons diminuem a medida que a frente de injeção avança evai se afastando do poço injetor. C( T) = (1 − α ) e 1− αe T −ε k (1−α ) X w + − Xw 1− sor (3-8) T − εk (1−α ) X w + − X w 1− sor A concentração dos sais até a frente de injeção decresce exponencialmente com o tempo tendendo a ser nula quando este tende a ser infinitamente grande. A expressão para essa concentração frontal é obtida a partir da equação (Eq. B-9) para o perfi l de concentração de bário atrás da frente de onda da água injetada. A concentração do depósito de sal decresce a partir da seguinte expressão: S ( Xw , T ) = εk T (3-9) 2 Xw (1− sor ) Tendendo a ser máxima no poço e nula após a frente de injeção, uma vez que não há como existir sal depositado sem haver a mistura efetiva das águas de injeção e de formação. A expressão para a concentração de sal depositado no poço é obtida a 33 partir da equação (Eq. B-11) que corresponde ao perfil de concentração de sulfato de bário. A equação (Eq. B-11) mostra a dinâmica do perfil do precipitante, para pequenos valores de tempo, que podem ser negligenciados, até que a frente de concentração atinja o contorno na zona danificada, e isto equivale a grandes valores de tempo. Portanto, tão logo seja iniciada a reinjeção, o volume de água injetada excederá bastante o volume da zona danificada, e então, a concentração do precipitante se torna proporcional ao tempo, (Eq. B-13). Obtendo-se para a concentração do sal precipitado: σ ( X,T ) = S u ( X ) Su ( X ) = MBaSO 4 c 0Ba T 2 (1 − s or ) ρBaSO 4 (3-10) εk C ( X ) Y ( X ) X Logo, o perfil de deposição é caracterizado por uma função de X → Su(X), e a Figura 8 apresenta perfis de deposição para diferentes números cinéticos e valores de razão de concentração inicial de sulfato e bário. Quanto maior for o número cinético, maior é a concentração de precipitante, e, neste caso, observou-se que as curvas 3 e 4 se sobrepõem às curvas 1 e 2, o que é forte indicativo de que o perfil de precipitação adimensional é quase independente da razão de concentração α . Isto se explica pois, no problema proposto o valor da razão de concentração é muito pequeno, α <<1, logo a concentração de sulfato excede a concentração de bário. Nesse caso, a solução σ(X,T) é proporcional à concentração de bário injetada c0 Ba, e a função adimensional S(X,T) é independente da razão de concentração α . Assim, as curvas 1 e 2 ; 3 e 4 na Figura 8 quase coincidem. 34 Perfil de Deposição 20 S1 u ( X) 15 S2 u ( X) S3 u ( X) 10 S4 u ( X) 5 0 1 1.5 2 2.5 3 X Figura 8. Perfil da concentração depositada para diferentes números cinéticos e valores de razão de concentração inicial de sulfato e bário: curva 1 – ε K = 3,7 e α = 0,01; curva 2 – ε K = 3,7 e α = 0,1; curva 3 – ε K = 18,72 e α = 0,01; curva 4 – ε K = 18,72 e α = 0,1. As fórmulas explícitas para as concentrações de ambos os reagentes e para o sal depositado (Eqs. B-9, B-10 e B-13) permitem derivar uma fórmula explícita para o índice de injetividade versus o tempo adimensional em volumes porosos injetados (p.v.i.). Seguindo [Pang & Sharma, 1994], introduzimos o conceito de impedância J(T) definindo-a como o inverso do índice de injetividade adimensional. J(T) = II ( 0) II ( T ) = Q ( 0) ∆P ( T ) (3-11) ∆p ( 0 ) Q ( T ) E, analisando matematicamente a equação (Eq. 3.11), verifica-se que a impedância aumenta enquanto o índice de injetividade diminui. Todos os cálculos envolvidos na dedução do índice de injetividade estão detalhados no apêndice C. O principal resultado obtido é a proporcionalidade da impedância com relação ao tempo: J(T) = 1 + mT m= β c0Ba M BaSO 4 R ρ BaSO4 2 (1 − s or ) ln c rw M ( ε k ,α ) = εk 2 Xd ∫ 1 M (ε k , α ) (3-12) C(X)Y(X) dX X X 35 É importante destacar que Xd é o limite da zona de dano de formação, definida no apêndice D. A deposição de sulfato de bário fora desta zona não afeta a injetividade, por isso o limite superior da integral (Eqs. 3.12) é Xd. Observando as equações (Eqs. 3.12) verifica-se que a inclinação da impedância m depende de dois parâmetros físicos ε K e β que caracterizam o sistema de incrustação de sulfato de bário, isto é, o meio poroso e o fluido. Sendo a inclinação da impedância, m, proporcional ao coeficiente dano de formação β , logo, torna-se conveniente separar m em dois coeficientes – β e M; tendo que o coeficiente M depende de ε K e independe de β . Partido das equações 3.12 segue que o fator de skin 10 (Eq. 3.13) é proporcional número de volumes porosos injetados, unidade de tempo em parâmetros adimensionais. Sf = m Rc ln tD 2 rw (3-13) 3.3. Raio da Zona de Dano na Formação A solução analítica deduzida na sessão anterior mostra que a área de precipitação do sulfato de bário é o espaço total entre a frente de água injetada e o poço injetor (Figura 5). Entretanto, os perfis de deposição do sal (B-13) decrescem abruptamente a partir do poço em direção ao reservatório (Figura 7), e, isto está intimamente relacionado ao impacto na injetividade, pois quanto mais extensa a zona onde houver redução de permeabilidade, maior é o declínio da injetividade. Por observações de cálculos realizados verificou-se que a precipitação de sal que afeta o índice de injetividade ocorre na vizinhança do poço injetor. Por isso foi definido o parâmetro rd que corresponde ao raio da zona danificada na formação, sendo que este raio varia de 1 a 4 vezes o tamanho do raio do poço (Figura 8). Este parâmetro foi definido de modo que o efeito da deposição do sal em um ponto do reservatório afastado do injetor (r>rd) possa ser negligenciado devido à sua influência quase nula na queda de injetividade do poço. 10 Fator de película. 36 O raio da zona danificada está matematicamente definido no apêndice D como o raio mínimo da zona fora da qual o precipitante depositado quase não afeta a injetividade. Isto é, a remoção do precipitante da zona danificada, com raio rd, restauraria a injetividade para um nível 1 – δ do valor inicial não danificado que corresponde a J(T)=1. A precisão δ depende da precisão da simulação de reservatório em cada caso particular; podendo ser 0,01 ; 0,1 ; ou o valor que mais reflete os níveis alcançados nas restaurações anteriores. Xd ∫ 1 X c C(X)Y(X) C(X)Y(X) dX = (1 − δ ) ∫ dX X X X X 1 (3-14) Como pode ser observado no apêndice D, foi introduzida um coeficiente de impedância M, que corresponde à resistência hidráulica entre a parede do poço e o ponto do reservatório com raio igual a r D=(x D)1/2 . Esta constante M, depende da coordenada adimensional X, portanto ela foi tratada como uma função integral M(X) cuja dependência matemática se dá, principalmente, com relação aos parâmetros físicos ε K e α . Posto isso, foi elaborada a Figura 9 que mostra o gráfico da função M(X) versus o raio de contorno (X=Xc) para o caso de um campo real (reservatório A, Mar do Norte) com as seguintes características: espessura do reservatório h = 152,4 m; metade da distância média entre o injetor e o produtor - raio de contorno Rc = 500 m; o raio poço rw = 0,15 m; concentração de sulfato na água injetada cSO4 = 3000 ppm; porosidade φ = 0,18; vazão Q = 55000 bbl/dia. E, a partir deste gráfico, assumindo o critério exposto anteriormente (Eq. 3.14), foi possível constatar a magnitude da zona danificada, verificando que esta condiz com a estimativa realizada a partir do perfil de deposição (Figura 7). 37 Função M(X) 2 ( ) M2 ( X , ε k , α ) M3 ( X , ε k , α ) M4 ( X , ε k , α ) M1 X , ε k , α 1.5 1 rd=2.2 r w rd=1.3 r w 0.5 0 2 4 6 8 10 X Figura 9. Função M(X) assume seu valor assintótico a uma distância, a partir do poço, de 1,3 a 2,2 vezes o raio do poço. As curvas 1, 2, 3 e 4 correspondem a ε K = 18,74 e α = 0,02 ; ε K = 18,74 e α = 0,2 ; ε K = 4,7 α = 0,02 ; ε K = 4,7 e α = 0,2 , respe ctivamente. A curva 1 foi obtida considerando como coeficiente de cinética λ=4000(Mm)-1. Já as curvas 2, 3 e 4 diferem do caso real somente pela modificação do coeficiente de cinética de reação química e pelas diferentes concentrações iniciais de bário e sulfato adotadas, o que modifica o parâmetro α . Contudo, em todas as situações, a concentração de sulfato excedia a de bário. É importante destacar que a curva 1 quase coincide com a 2, assim como a curva 3 quase coincide como a 4, a partir disto conclui-se que para pequenos valores de razão concentração α , este parâmetro afeta muito pouco a função impedância M(X). A independência da função M(X) com relação à razão de concentração α pode ser explicada para casos em que o valor da razão de concentração for muito pequeno, ou seja, α << 1. Quando a concentração de bário for muito menor que a concentração de sulfato, a razão de concentração é desprezada e reação química não reflete modificações expressivas na concentração do íon sulfato. Isto pode ser explicado pois, se considerarmos o termo de ordem zero da expansão assintótica do perfil de bário (B-9), observa -se que para valores de α muito pequenos o perfil de bário torna-se proporcional à concentração inicialmente injetada deste íon. Conseqüentemente, ao fixarmos a concentração de sulfato na equação (Eq. B-13) obtemos a proporcionalidade entre a função M(X) e a concentração inicial de bário injetada c0 Ba, (C-8). Com isso, a função M(X) se torna independente da razão de 38 concentração α . Por isso, na Figura 8 como foram atribuídos valores muito pequenos para α nas curvas 1 e 2; 3 e 4 estas quase coincidem. É importante ressaltar que o parâmetro δ adotado foi de 0,01, logo a função M(X) difere de seu valor assintótico de 0,01 em Xd = 1,8 considerando ε K = 18,74, sendo obtido um raio de dano rd = 1,3 rw . Já para ε K = 4,7, adotando-se o mesmo valor para δ , a função M(X), em Xd = 4,8, corresponde a um raio de dano de rd = 2,2 rw , ficando constatado, mais uma vez, que o tamanho da zona danificada na formação é igual a algumas vezes o tamanho do raio do poço. Uma vez observada a pouca influência do parâmetro α no raio da zona danificada, foi elaborada a Figura 10 que apresenta o tamanho da zona danificada como um parâmetro adimensional, Xd, versus o número cinético, adotando dois valores extremos de razão de concentração – 0,02 e 0,2. 70 60 50 Xd 40 30 20 10 0 0 5 10 15 20 εk alfa = 0.02 alfa = 0.2 Figura 10. Efeito do número cinético no raio da zona danificada considerando diferentes razões de concentração. Como já mencionado nas sessões anteriores, quanto maior o número cinético mais rápido ocorre a precipitação e menor é a zona de acumulação do precipitado. Para casos onde a concentração de sulfato excede significantemente a concentração de bário, o raio da zona danificada é quase independente da concentração de bário no fluido injetado. A Figura 10 ilustra este fato uma vez que uma grande variação da razão de concentração quase não afeta a formação da 39 região danificada e portanto não afeta a inclinação de impedância, m, por isso as curvas com α = 0,2 e 0,02 coincidem. Uma vez que para os cálculos realizados os raios da zona danificada foram iguais a algumas vezes o tamanho do raio do poço, foi utilizado, para adimensionalizar a coordenada radial r, a constante referente ao raio do poço rw (Eqs. 3.3). Logo, o tempo adimensional é medido em volume de fluido injetado, em que a unidade corresponde a: V1 = πrw 2h φ (3-15) o qual tem ordem de magnitude de um metro cúbico por metro de espessura do reservatório. O conhecimento da magnitude da zona danificada é muito importante para o programa de desenvolvimento de estimulação do poço pois, a determinação do volume necessário de ácido ou solvente para a remoção da incrustação é determinado pelo valor do raio de dano rd. E, uma vez sabido este valor, é cabível a utilização da equação (Eq. 3.16) para estimar o volume de solvente para remoção da incrustação ou volume de ácido a ser utilizado em operações de estimulação. Vd = π ( rd 2 −r w2 ) h φ (3-16) O uso da equação exata (Eq. 3.16) é particularmente importante para poços injetores horizontais onde o comprimento pode ser até cem vezes maior do que nos poços verticais, e conseqüentemente um volume muito maior de solvente/ácido deve ser utilizado. Outra importante operação em que o conhecimento da zona danificada é importante é o canhoneio11, já que os canhoneados devem atravessar esta zona e colocar poço em contato com a formação de preferência em sua zona virgem. 11 Operação na qual são disparadas cargas contra o revestimento para promover o contato entre o poço e a formação. 40 CAPÍTULO 4 - DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE INJETIVIDADE Como já exposto no capítulo anterior, a queda de injetividade é caracterizada pela inclinação da impedância M, (Eq. 3.12), sendo que esta inclinação depende do número cinético ε K e da razão de concentração α . Para mostrar a tendência desta dependência foi elaborada a Figura 11 que apresenta o aumento de M versus o número cinético considerando as razões de concentração α = 0,01; 0,05; 0,1 e 1 curvas 1, 2, 3 e 4 respectivamente-. E, novamente, as curvas de M quase coincidem para valores de razão de concentração pequenos, α <0,1. Fato este já explicado no capítulo anterior como sendo a pequena variação da concentração de sulfato, de modo que o sistema de equações governantes comporta-se como linear e a solução fica proporcional à concentração de bário injetada. Inclinação de Impedância 2 ( ) M2 ( ε k ) M3 ( ε k ) M4 ( ε k ) M1 ε k 1.5 1 0.5 0 0 10 20 30 40 50 εk Figura 11. Análise de sensibilidade da inclinação da impedância M, fazendo M versus número cinético para diferentes valores de razão de concentração α . Quanto maior for o número cinético, ε K, mais intensa é a reação química, logo a inclinação da impedância M aumenta. Observando com cuidado a Figura 11 percebe-se que a inclinação M aumenta mais rápido para pequenos valores de número cinético, onde ε K não exceda 5 – 7; já para valores grandes de ε K, a inclinação tende ao seu valor assintótico. E mais ainda, a inclinação da impedância M é quase independente do número cinético para valores que excedam 20 – 30. Fisicamente esta dependência se explica pois, com uma baixa taxa de reação 41 química, os íons penetram mais na formação e continuam a precipitação de sal, logo a região danificada é maior, por outro lado, a medida que a taxa de reação química aumenta, a reação ocorre de forma tão rápida que a concentração de bário, que limita a precipitação do sal, se torna tão pequena que inviabiliza a formação de mais incrustação. A dependência de M com relação à razão de concentração é mostrada na Figura 12 considerando os seguintes valores de número cinético: ε K = 0,94; 4,68; 18,72 e 46,80. O pequeno efeito, antes mencionado, para valores de razão de concentração pequenos, ou seja α <0,1; e os expressivos efeitos do número cinético, ε K, quando este é menor do que 10, também podem ser vistos na Figura 12. Inclinação de Impedância 2 M5 ( α ) 1.5 M6 ( α ) M7 ( α ) 1 M8 ( α ) 0.5 0 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 α Figura 12. Análise de sensibilidade da inclinação da impedância M, destacando o efeito da razão de concentração α na inclinação da impedância M para diferentes valores de número cinético ε K. Finalmente após várias análises da influência dos parâmetros físicos do modelo na queda da injetividade, foram gerados três gráficos que mostram o aumento da impedância e a previsão da queda da injetividade em volumes porosos injetados e em tempo descrito em meses. Esta previsão é baseada nos dados do reservatório A, localizado no Mar do Norte, considerando uma razão de concentração de 0,02, coeficiente de dano de formação β =100 e raio da zona danificada igual a 0,02 m. O crescimento da impedância, a medida que o tempo avança, é mostrado na Figura 13. A previsão da queda do índice de injetividade 42 versus t D em volume poroso injetado é exibido na Figura 14. E, na Figura 15 é apresentado a mesma curva para a previsão da queda do índice de injetividade, porém versus o tempo real, em meses. Como já observado nos capítulos anteriores, quando maior o número cinético, mais rápido é o crescimento da impedância, portanto mais acentuado é o declínio da injetividade. Crescimento da Impedância 2500 J 1 ( T) 2000 J 2 ( T) 1500 J 3 ( T) J 4 ( T) 1000 500 0 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 tD ( T) Figura 13. Crescimento da impedância para quatro diferentes valores de número cinético: ε K = 0,94; 4,68; 18,72; 46,80. 1 Queda de Injetividade 1 II 1 ( T) II 2 ( T) II 3 ( T) 0.5 II 4 ( T) 0 0 0 0.002 0.004 0 0.006 t D ( T) 0.008 0.01 0.01 Figura 14. Efeito do número cinético da queda de injetividade considerando quatro diferentes valores de número cinético: ε K = 0,94; 4,68; 18,72; 46,80. 43 Queda de Injetividade 1 II1 ( T) II2 ( T) II3 ( T) 0.5 II4 ( T) 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 t ( T) meses Figura 15. Queda de injetividade versus tempo real em meses - efeito do número cinético: ε K = 0,94; 4,68; 18,72; 46,80. 44 CAPÍTULO 5 - ESTUDO DAS PROPORÇÕES DE ÁGUA DO M AR E PRODUZIDA NA M ISTURA INJETADA Neste capítulo serão analisados os efeitos provocados pela variação de alguns parâmetros do modelo analítico para reinjeção de água produzida simultaneamente à água do mar. Serão discutidas as influências de diversas proporções de mistura de água produzida com a água do mar, tanto nos perfis de concentração e deposição quanto no declínio do índice de injetividade. Nesta análise foram variados o coeficiente de cinética de reação química, λ; a fração de água produzida na mistura injetada e a concentração inicial de bário na água produzida, cBa0. Também será feita uma abordagem para estabelecer uma concentração de bário recomendada na água utilizada no processo de reinjeção, de modo que o dano na formação seja amenizado. 5.1. Alteração das Concentrações de Iniciais e Frações SW 12:PW13 e seus efeitos A alteração da fração de água produzida na água injetada afeta de forma direta o índice de injetividade, por este motivo foi estabelecida uma proporção de água do mar e da água produzida de N:1. E, para uma determinada concentração de bário na água produzida, cBa1, e uma concentração de sulfato cSO41 na água do mar, as concentrações de bário e sulfato na água injetada são determinadas por: 0 cBa = N C1SO4 C 1Ba 0 ,cSO4 = N +1 N +1 (5-1) Em projetos de injeção de água, naturalmente, índice de injetividade decai com o passar do tempo. Em função disto, foram elaboradas as Figura 16 e 17 que são previsões realizadas utilizando o modelo analítico, e têm o intuito de mostrar qual influência a concentração de bário na água injetada tem sobre o declínio da injetividade. Nestas figuras, observa -se que quanto maior a concentração de bário 12 13 Seawater – água do mar. Produced Water- água produzida. 45 injetada, maior é a concentração depositada e em conseqüência maior é a queda do índice de injetividade. Queda de Injetividade 1 II1 ( T) II2 ( T) II3 ( T) 0.5 II4 ( T) 0 0 0.0074 0.0148 0.0222 0.0296 0.037 tD ( T) Figura 16. Índice de injetividade versus tempo dado em volumes porosos injetados (p.v.i.). As curvas 1, 2, 3 e 4 correspondem a diferentes concentrações iniciais de bário, sendo elas 1,1 ppm; 5 ppm; 10 ppm e 20 ppm respectivamente. Queda de Injetividade 1 II1 ( T) II2 ( T) II3 ( T) 0.5 II4 ( T) 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 t ( T) meses Figura 17. Índice de injetividade versus tempo dado em meses. As curvas 1, 2, 3 e 4 correspondem a diferentes concentrações iniciais de bário, sendo elas 1,1 ppm; 5 ppm; 10 ppm e 20 ppm respectivamente. 46 Os gráficos nas Figura 16 e 17 podem ser utilizados para comparar as diferentes razões de mistura da água produzida e do mar durante a injeção, verificando a influência de cada proporção no índice de injetividade. O dados utilizados para os cálculos dessas previsões são baseados em um caso real, reservatório A no Mar do Norte, previamente apresentado no capítulo 3. O raio da zona danificada foi obtido através da equação (Eq. D-1), sendo o valor calculado: rd = 0,40 m. Buscando observar a influência de proporções distintas para a mistura de água do mar e água produzida no perfil de concentração de bário, foi gerada a Figura 18. No primeiro caso (curva 1) a proporção utilizada foi 4:1, no segundo caso (curva 2) a proporção foi 1:1 e no terceiro caso (curva 3) a proporção foi 1:4. Perfil Concentração de Bário 1 C1 ( X) C2 ( X) 0.5 C3 ( X) 0 1 2 3 4 5 6 X Figura 18. Efeito da fração de água produzida no fluido injetado para o perfil de concentração de bário. A concentração inicial de bário na água produzida é de cBa0 = 80 ppm e a concentração inicial de sulfato na água do mar é de cSO40 = 2800 ppm. A partir destes valores e com o auxílio da equação (Eq. 5.1) foram calculadas as concentrações de cada íon na água de injeção levando em consideração as proporções anteriormente mencionadas. Para essa simulação foi utilizado um valor típico para o coeficiente cinético λ = 4000 (M∗m)-1. Estes valores de concentração na água de injeção e de coeficiente cinético correspondem aos seguintes valores de número cinético e razão de concentração para os três casos discutidos: ε K = 13,92 e 47 α = 0,005 para o primeiro caso; ε K = 8,7 e α = 0,02 para o segundo caso e ε K = 3,48 e α = 0,08 para o terceiro caso. Quanto menor é a fração de água do mar, menor é a concentração de sulfato, portanto em todos os casos, a concentração de sulfato excede a concentração de bário, α << 1; e a solução do modelo fica proporcional à concentração de bário injetada. Como a taxa de reação química é proporcional à concentração de sulfato, conseqüentemente, quanto menor for a fração de água do mar no fluido de injeção, menor será o decaimento da concentração de bário, o que é comprovado pela disposição das curvas 1, 2 e 3 na Figura 18. Para os três casos anteriormente mencionados foram graficados os perfis para Su(X) e para a deposição de sulfato de bário, S(X,T), sendo adotado um volume poroso injetado de tD=1 p.v.i. (Figura 19 e 20). Nestas figuras é possível observar que quanto maior a fração de água do mar na mistura injetada, proporção 4:1, maior é a deposição nas redondezas do poço injetor, e portanto, há uma maior exposição ao dano de formação. Perfil de Deposição 15 S1 u ( X) 10 S2 u ( X) S3 u ( X) 5 0 1 2 3 4 5 6 X Figura 19. Perfil de deposição do sulfato de bário para diferentes frações de água produzida no fluido injetado – S1u (X) – SW:PW = 4:1; S2u (X) – SW:PW = 1:1; S3u (X) – SW:PW = 1:4. 48 Perfil de Deposição 8 .10 7 . 7 S 1 ( X) 6 10 S 2 ( X) 4 .10 7 S 3 ( X) 2 .10 7 0 1 2 3 4 5 6 X Figura 20. Perfil de deposição do sulfato de bário para diferentes frações de água produzida no fluido injetado – S1(X) – SW:PW = 4:1; S2(X) – SW:PW = 1:1; S3(X) – SW:PW = 1:4. Com relação ao impacto na injetividade provocado pela deposição do sal, verifica-se, novamente, que esta é mais pronunciada nas vizinhanças do poço injetor. Tal fato, já explicado fisicamente, também pode ser comprovado pela análise matemática da solução explícita para a concentração de sal depositada. O termo X3/2 que aparece no denominador do argumento da integral em (Eq. C-6) indica que quanto maior o X, menor será a influência no índice de injetividade. É importante destacar que está análise matemática expressa apenas uma tendência, uma vez que não é conhecida, explicitamente, a relação entre o índice de injetividade e X, pois a integral apresentada na equação (Eq. C-6) não possui solução analítica. Os efeitos da fração N, fração de água do mar na mistura injetada, na constante de impedância M e na inclinação da impedância m são exibidas nas Figura 21 e 22. A forte dependência da constante de impedância M com relação à concentração de sulfato é devido, principalmente, ao número de cinética cujo termo depende da concentração inicial de sulfato e apresenta uma proporcionalidade direta com M (Eqs. 3.12). Por outro lado, conforme explicado no capítulo 3 sessão 3.3, M praticamente independe da razão de concentração α quando há excesso de sulfato, portanto não haverá uma dependência expressiva de M com relação à proporção de concentrações na mistura injetada. Entretanto, como a dependência entre M e N é forte, a medida que a fração N aumenta, a constante de impedância também aumenta. E mais ainda, para altos valores de N e excesso do ânion sulfato, a 49 constante de impedância é determinada pela concentração de bário, uma vez que em um cenário de excesso de sulfato será a concentração de bário o fator limitante para a ocorrência da reação química de formação do sulfato de bário. 2 1.5 MN ( N) 1 0.5 0 0 2 4 6 8 10 N Figura 21. Função impedância M(X) versus a fração de água do mar no fluido injetado. A influência da fração N na inclinação da impedância m é baixa para os casos em que há excesso de algum íon na mistura de injeção; e para baixos valores de N há excesso de bário, em contra partida, para altos valores de N há excesso de sulfato. Por isso, m assume valores pequenos para baixos e altos valores de N, o que explica sua dependência não monótona exibida na Figura 22. 1.5 .10 4 1 .10 4 5 .10 5 mN ( N) 0 0 2 4 6 8 10 N Figura 22. Função impedância m(X) versus a fração de água do mar no fluido injetado. 50 Para finalizar a análise da influência da fração de água de mar na mistura injetada foram elaborados gráficos de índice de injetividade e da impedânia J considerando diferentes proporções de água do mar e água produzida. Para efetuar o cálculo de tais gráficos foi considerado o valor máximo de raio de dano calculado, rd=0,39 m. A Figura 23 exibe o crescimento da impedância versus o tempo em volumes porosos injetados t D. O gráfico do índice de injetividade versus o tempo em volumes porosos injetados tem seu declínio apresentado na Figura 24. E finalmente, a queda do índice de injetividade versus o tempo real, em meses, é apresentado na Figura 25. É importante destacar que a partir da análise destes gráficos conclui-se que quanto maior a fração de água do mar no fluido injetado, menor é o índice de injetividade. Crescimento da Impedância 1500 J 1 ( T) 1000 J 2 ( T) J 3 ( T) 500 0 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 tD ( T) Figura 23. Crescimento da impedância para três diferentes frações de SW:FW: (4:1), (1:1) e (1:4). 51 Índice de Injetividade 1 II1 ( T) II2 ( T) 0.5 II3 ( T) 0 0 0.005 0.01 0.015 0.02 tD ( T) Figura 24. Queda da injetividade para três diferentes frações de SW:FW: (4:1), (1:1) e (1:4). Índice de Injetividade 1 II1 ( T) II2 ( T) 0.5 II3 ( T) 0 0 0.75 1.5 2.25 3 t ( T) meses Figura 25. Queda da injetividade versus tempo em meses para três diferentes frações de SW:FW: (4:1), (1:1) e (1:4) – Dados do reservatório A, Mar do Norte. 5.2. Concentração máxima de bário recomendada no processo de reinjeção de água produzida Buscando responder ao primeiro questionamento exposto no capítulo 1 e baseado nas análises anteriores, as quais comprovam que diferentes proporções de 52 águas influenciam consideravelmente no índice de injetividade de um poço quando este é submetido a PWRI simultaneamente à água do mar, foi feito um estudo sobre a concentração de bário recomenda na água a ser reinjetada. As equações (Eqs. 3.12) juntamente aos correspondentes gráficos das Figura 16 a 22 permitem a definição de qual é a concentração máxima de bário na água injetada que amenizará a queda do índice de injetividade. Os resultados estão apresentados na Tabela 3. A primeira coluna representa o período em que a injetividade decresce duas vezes de seu valor inicial em função do volume poroso injetado; a segunda coluna mostra o mesmo período correspondente em tempo real; e a terceira coluna apresenta os valores de concentração de bário recomendada. Para a elaboração de tal tabela, foram realizados cálculos para os dados do reservatório A, Mar do Norte, detalhados no Capítulo 3 sessão 3.3, e para um valor fixo de concentração inicial de sulfato cSO40=3000 ppm. A Tabela 3 corresponde ao caso em que a injetividade tem uma queda de duas vezes a injetividade original do poço, durante a injeção simultânea de água produzida e do mar. O mesmo procedimento foi seguido para a elaboração da Tabela 4 que exibe as concentrações de bário recomendadas para que o índice de injetividade decaia cinco vezes do índice de injetividade original. Tabela 3. Concentração de bário na água injetada causando a queda de injetividade pela metade durante a injeção de alguns volumes porosos. Dados do reservatório A, Mar do Norte. Tempo adimensional (p.v.i.) Tempo Real (meses) Máx C Ba2+ (ppm) 0,010 1 3,25 0,037 3 1,10 0,074 6 0,55 0,015 12 0,27 0,440 36 0,09 53 Tabela 4. Concentração de bário na água injetada causando uma queda de cinco vezes da injetividade inicial durante a injeção de alguns volumes porosos. Dados do reservatório A, Mar do Norte. Tempo adimensional (p.v.i.) Tempo Real (meses) Máx C Ba2+ (ppm) 0,010 1 15.90 0,037 3 4.30 0,074 6 2.15 0,150 12 1.06 0,440 36 0.361 Como o intuito de expressar a concentração de bário recomendada em função do número cinético ε k , foi elaborada a Figura 26, esta figura tem grande utilidade uma vez que há um banco de dados elaborado por Monteiro que caracteriza diversos reservatórios apresentando os valores de número de cinética típicos. Conhecidos estes valores, torna-se simples determinar o valor da concentração de bário recomendada através da Figura 26. Ainda na Figura 26 é possível observar que quanto mais intensa a reação química, maior o dano de formação gerado considerando uma determinada concentração de bário. Por isso, quanto mais intensa a reação química, menor deve ser a concentração máxima de bário recomendada na água a ser reinjetada, já que com uma menor concentração de um dos reagentes a reação química que origina a deposição do sulfato de bário fica limitada. 54 1 m=1 max Cba (ppm) 0,8 m=4 0,6 0,4 0,2 0 0 2000 4000 6000 λ (M m)-1 8000 10000 Figura 26. Concentração máxima de bário recomendada na água produzida de modo a causar duas vezes a queda da injetividade original. Após a determinação da concentração máxima de bário recomendada verificou-se que mesmo uma pequena concentração deste íon pode ocasionar um significante dano na injetividade, uma vez que, durante a injeção de 1 p.v.i., o número de volumes porosos injetados da zona danificada é (Rc/rd)2, o que corresponde a aproximadamente 1,1? *107 . Logo, durante o fluxo simultâneo dos dois reagentes, em regime permanente, através da rocha, milhões de volumes porosos passam pela zona danificada, por isso deve ser tomado muito cuidado com a composição da água produzida utilizada para PWRI. Por exemplo, água produzida com 0.04 ppm de bário resulta em uma perda de duas vezes na injetividade após a injeção de um volume poroso, se a concentração de bário for igual a 0.159 ppm, a injetividade diminuirá cinco vezes após um p.v.i.. 55 CAPÍTULO 6 - EFEITOS DA CONSTANTE DE CINÉTICA E DAS CONCENTRAÇ ÕES INICIAIS NA QUEDA DE INJETIVIDADE PARA PWRI SIMULTANEMANTE A ÁGUA DESSULFATADA Neste capítulo será abordada a influência da concentração inicial de bário e dos coeficientes do modelo proposto no declínio da injetividade quando for realizada a reinjeção de água produzida simultaneamente à água do mar dessulfatada Baseado nas equações (Eqs. 3.12) utilizamos a inclinação da impedância, m, como um indicador da queda do índice de injetividade. Como pode ser observado na Figura 27 foram realizados três previsões, uma pessimistas, outra típica e por fim uma otimista para casos com diferente concentrações de bário na mistura a ser injetada. Como limite máximo foi adotada uma concentração de 100 ppm de bário na mistura, o que é um limite fora dos que podem ser encontrados nos casos reais, portanto o gráfico pode ser utilizado para vários reservatórios com diferentes águas de formação. 500 400 ( ) ( ) ( ) m1 CBappm 300 m2 CBappm m3 CBappm 200 100 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 CBappm Figura 27. Dependência da inclinação da impedância com a concentração de bário na água de reinjeção. 1- Caso Pessimista; 2- Caso Típico; 3- Caso Otimista. Para poder ser observado os casos típicos de concentrações de bário nas águas de formação foi feito um zoom mostrando apenas a escala até 10 ppm de bário (Figura 28). Esta escala destaca valores típicos de concentração de bário que 56 há na água produzida após um centro período de produção. Esta acentuada na queda da concentração se deve à formação da incrustação de sulfato de bário. 100 80 ( ) ( ) ( ) m1 CBappm 60 m2 CBappm m3 CBappm 40 20 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 CBappm Figura 28. Dependência da inclinação da impedância com a concentração de bário na água de reinjeção – Zoon para mostrar as concentrações menores. 1- Caso Pessimista; 2- Caso Típico; 3- Caso Otimista. Tipicamente, para vários campos petrolíferos nacionais, tal logo quanto a água chega, a concentração de bário já assume valores bem baixos, da ordem de 25 ppm. Desta forma, ao observarmos estes valores na Figura 28 encontramos o seguinte valor para a inclinação da impedância para o caso otimista: m=0,94, isto é a injetividade irá decair 1,94 vezes após a injeção de um volume poroso. Para uma concentração de bário de 100 ppm, a inclinação da impedância é 360, ou seja o índice de injetividade cai bastante e rapidamente. Esta análise retrata bem o que ocorre no processo de injeção de um campo de petróleo. Inicialmente a injetividade cai abruptamente, pois somente está sendo produzida a água de formação então a concentração de bário na água reinjetada será grande, após um certo tempo, a concentração de bário na água produzida cai, refletindo a formação da incrustação, e então a água a ser reinjetada, agora possui uma menor concentração de bário e a queda do índice de injetividade estabiliza. Após esta análise foi elaborada a Figura 29 que exibe o índice de injetividade considerando uma concentração inicial de bário de 5 ppm e água do mar dessulfatada com concentração de ânions de sulfato de 80 pmm. Foi gerado o 57 gráfico para apenas este caso pois durante 90% da vida do campo ele produzirá água com baixa concentração de bário. O outro cenário mais crítico ocorre apenas nos três primeiros meses, portanto não é tão determinante para a queda do índice de injetividade acumulado durante o passar dos anos. Índice de Injetividade 1 II1 ( T) II2 ( T) 0.5 II3 ( T) 0 0 0.2 0.4 0.6 Tpvi( T) Figura 29. Queda do Índice de Injetividade versus tempo em p.v.i. 58 0.8 1 CAPÍTULO 7 - PLANEJAMENTO DA PLANTA DE DESSULFATAÇÃO PARA REINJEÇÃO DE ÁGUA PRODUZIDA SIMULTANEAMENTE À ÁGUA DO MAR DESSULFATADA Com o intuito de responder a segunda pergunta apresentada no capítulo da introdução, determinamos a concentração máxima de sulfato na água do mar desulfatada de modo que a queda na injetividade seja amenizada durante o processo de reinjeção da água produzida simultaneamente a água do mar dessulfatada. A Tabela 5 apresenta as concentrações de sulfato recomendadas na água do mar dessulfatada para que a injetividade diminua duas e cinco vezes após a injeção de um volume poroso para seis campos petrolíferos. Os cálculos correspondem ao estágio inicial de produção, quando a água de formação é produzida e reinjetada. Por exemplo, para que a injetividade reduza cinco vezes após a injeção de um volume poroso no campo C, a concentração de sulfato recomendada deveria ser mantida em um nível de 0,166 ppm no caso pessimista e no nível de 21,2 ppm caso otimista. Tabela 5. Concentração Máxima de Sulfato na água do mar, em ppm, de modo que a injetividade diminua de duas (m=1) e cinco (m=4) depois de 1 p.v.i. Previsão Otimista -1 λ=500 (M∗m) Campo β=50 Previsão Realista -1 λ=4000 (M∗m) β=100 Previsão Pessimista -1 λ=10000 (M∗m) β=500 m=1 m=4 m=1 m=4 m=1 m=4 A CBa = 68 ppm 6.15 24.90 0.46 1.86 0.046 0.184 B CBa = 46 ppm 9.00 36.70 0.64 2.60 0.059 0.237 C CBa = 124 ppm 3.45 13.90 0.29 1.16 0.032 0.126 D CBa = 70 ppm 6.00 24.15 0.45 1.81 0.045 0.181 E CBa = 44 ppm 9.40 38.40 0.67 2.70 0.063 0.253 F CBa = 80 ppm 5.25 21.20 0.41 1.63 0.042 0.166 59 Considerando que uma planta de dessulfatação tem a capacidade de reduzir a concentração de sulfato da água do mar de aproximadamente 3000 para 80-40 ppm, o mesmo modelo analítico foi aplicado para a obtenção da inclinação da impedância m admitindo a concentração de sulfato na água de injeção de 40 e 80 ppm. Esta inclinação foi calculada para seis campos da Bacia de Campos: A, B, C, D, E e F (Tabela 6), e através do valor de m, foi realizada a previsão da perda de injetividade. Assim como no cálculo da tabela anterior, os resultados obtidos neste caso também correspondem ao estágio inicial de produção. Três casos foram considerados: otimista, realista e pessimista. Como exemplo, para uma concentração de 80 ppm de sulfato na água do mar, a injetividade irá diminuir 28,1 vezes no caso otimista e 2623 vezes no caso pessimista, após a injeção de 1 p.v.i. no campo C. Tabela 6. Inclinação de Impedância m para Campos da Bacia de Campos (T=1 p.v.i.) Previsão Otimista Impedância -1 λ=500 (M∗m) β=50 Previsão Realista -1 λ=4000 (M∗m) β=100 Previsão Pessimista -1 λ=10000 (M∗m) β=500 CSO4 =40 ppm 0 CSO4 =80 ppm 0 CSO4 =40 ppm 0 CSO4 =80 ppm 0 CSO4 =40 ppm 0 CSO4 =80 ppm A CBa = 68 ppm 24,2 46,0 262 460 2334 2845 B CBa = 46 ppm 16,8 31,7 187,6 322 1712 2701 C CBa = 124 ppm 42,0 80,5 417,6 764,3 3445 6223 D CBa = 70 ppm 24,9 47,2 268,7 472 2390 3945 30,4 179,8 308,7 1645 2590 53,5 300 531 2623 4423 Campo E CBa = 44 ppm F CBa = 80 ppm 16,22 28,1 0 Para os casos típicos de campos petrolíferos maduros 14, após a produção da água de formação, a concentração de bário na água produzida diminui para 2-5 ppm devido à mistura das águas injetada e de formação e a conseqüente incrustação de sulfato. A completa previsão da concentração de bário contida na água produzida dever ser realizada através da simulação de reservatório, e essa abordagem está fora da abrangência desse trabalho. Também, são altas as incertezas com relação a 14 Campos submetidos à injeção de água e após um certo tempo de produção de hidrocarboneto iniciam a produzir, também, a água previamente injetada. 60 previsão da concentração de bário contida na água produzida dentro do atual nível de informações para os campos discutidos. Assim, fixamos concentrações típicas para tais campos. A Tabela 7 apresenta a inclinação da impedância para quatro combinações de dois casos de concentração de bário na água produzida – 2 e 5 ppm – e de concentração de sulfato na água do mar – 40 e 80 ppm. A perda máxima de injetividade calculada depois de 1 p.v.i. foi de 105,59 vezes, a qual é uma ordem de magnitude menor que na Tabela 6, onde as concentrações de bário foram consideradas como sendo iguais as da água de formação. Tabela 7. Inclinação de Impedância m para baixas concentrações de bário na água produzida (T=1 p.v.i.). Concentração de Bário Previsão Otimista -1 λ=500 (M∗m) β=50 0 0 Previsão Realista -1 λ=4000 (M∗m) β=100 Previsão Pessimista -1 λ=10000 (M∗m) β=500 CSO4 =40 ppm CSO4 =80 ppm CSO4 =40 ppm 0 CSO4 =80 ppm 0 CSO4 =40 ppm 0 CSO4 =80 ppm 0 2 ppm 0.19 0.38 2.62 4.55 26.73 42.4 5 ppm 0.48 0.94 6.51 11.34 66.34 105.59 Já a Tabela 8 apresenta a concentração de sulfato recomendada considerando que a concentração da água a ser reinjetada possua uma concentração de 2 a 5 ppm de bário. Tabela 8. Concentração de sulfato recomendada para que a injetividade tenha um declínio de duas e cinco vezes a injetividade inicial. Concentração de Bário Previsão Otimista -1 λ=500 (M∗m) β=50 Previsão Realista -1 λ=4000 (M∗m) β=100 Previsão Pessimista -1 λ=10000 (M∗m) β=500 m=1 m=4 m=1 m=4 m=1 m=4 2 ppm 235 1450 14 68 1.1 5 5 ppm 86 407 6 23 0.5 1.8 61 CAPÍTULO 8 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE INCRUSTAÇÃO SULFATO DE BÁRIO A PARTIR DE DAD OS DE INJETIVIDADE DE O modelo para fluxo com reação química (Eqs. A-5) para injeção simultânea de água do mar e água produzida, com conseqüente redução da injetividade, contém três constantes físicas independentes: a razão entre a concentração inicial dos íons bário e sulfato, α , o coeficiente cinético, λ e o coeficiente dano de formação, β . A razão de concentração, α , pode ser determinada a partir da análise da água injetada, enquanto que os coeficientes cinético e de dano de formação são parâmetros fenomenológicos que caracterizam o sistema rocha-fluido e não podem ser previstos teoricamente quando trata -se de rochas e fluidos reais. Esses dois coeficientes devem ser determinados a partir de dados laboratoriais ou dados de poço – histórico de produção. Porém, somente uma constante pode ser determinada sendo utilizados dados de queda de injetividade; esta constante é denominada inclinação da impedância m. A dependência da inclinação da impedância com relação a λ e β é dada pela equação (Eqs .3.12). Logo, dispomos de apenas uma equação para um problema com duas incógnitas as quais caracterizam o sistema de incrustação de sulfato de bário a partir dos dados da queda de injetividade. Uma outra abordagem para solucionar este problema é fazer uso de dados obtidos através de testes laboratoriais simulando o fluxo simultâneo de água do mar e água produzida. A concentração de bário na saída permite o cálculo do coeficiente cinético λ, e a variação de pressão medida na amostra permite a determinação do coeficiente de dano de formação, β [Bedrikovetsky, et al., 2004]. Contudo, esta medida de concentração do efluente é cara e se o fluido a ser analisado demorar a chegar no local da análise esta pode ter seu resultado comprometido. Por isso foi proposto um outro método em substituição à análise química. Este é composto pela realização de medidas de pressão no meio do comprimento da amostra juntamente com a medição de pressão nas suas extremidades tornando-se possível calcular o coeficiente cinético λ e o coeficiente dano de formação β . Esse método foi utilizado para o problema de filtração 62 profunda 15 e foi desenvolvido por Bedrikovetsky et al., sendo intitulado Método dos Três Pontos [Bedrikovetsky, 2001; Lakatos, 2002]. Outra forma de se resolver o problema é a realização do Teste de Crescimento de Pressão16 (pressure build up test) no poço injetor, pois a avaliação do comportamento da pressão no poço durante o teste permite calcular o perfil de permeabilidade ao redor do poço [Bedrikovetsky, 2003]. Com este resultado de permeabilidade e a utilização da equação (Eq. 3.2) é possível a determinação dos coeficientes λ e β . 15 Processo de dano de formação provocado pela migração de partículas e o conseqüente entupimento dos poros da formação. 16 Teste para a avaliação de formações produtoras de petróleo, baseado no registro contínuo de pressões no fundo do poço após o fechamento de um poço que tenha estado produzindo por um determinado período. 63 CAPÍTULO 9 - RESULTADOS E DISCUSSÕES O modelo matemático para injeção simultânea de água do mar e água produzida com conseqüente redução da injetividade depende de três parâmetros adimensionais: número cinético ε K, coeficiente dano de formação β e razão de concentração α . Sendo que os coeficientes cinético ε K, e de dano de formação β são parâmetros fenomenológicos que caracterizam o sistema rocha-fluido e não podem ser previstos teoricamente para rochas e fluidos reais. E devido à falta de dados de campo, os dois coeficientes devem ser determinados a partir de testes laboratoriais que já podem ser implementados. O modelo analítico mostra que durante a injeção simultânea de águas incompatíveis, a concentração da frente move com a velocidade da água injetada. E as concentrações de ambos reagentes são iguais a zero adiante dessa frente e decaem de forma exponencial atrás dessa zona de mistura, estando em regime permanente. Logo, toda concentração de íons injetados precipitam devido a reação química atrás da frente da água injetada. Desta forma, o precipitante se acumula em cada ponto do reservatório depois que a frente de concentração passa por esse ponto, e além disto, a concentração depositada é proporcional ao volume de água injetada. Com relação ao índice de injetividade, observou-se que a função impedância J(T), definida como o inverso do índice de injetividade, também é proporcional ao volume de água injetada e o coeficiente de proporcionalidade, a inclinação da impedância, determina o quanto rápido a injetividade irá cair. Por sua vez, a inclinação da impedância é proporcional ao coeficiente dano de formação, e pode ser determinada a partir de dados da queda de injetividade do poço. Para definir o quanto a injetividade cairá foi introduzido um parâmetro teórico denominado raio da zona danificada. Nesta zona, nas imediações do poço injetor, a acumulação depositada diminui consideravelmente a injetividade. Fora desta região a deposição é pequena e, portanto, não causa declínio na injetividade. Para conhecer a área desta região que causa o dano mais severo à formação, basta 64 realizar o cálculo da área através do tamanho da zona danificada. Alguns cálculos realizados com base em dados de um reservatório mostram que o tamanho da zona danificada é igual a algumas vezes o tamanho do raio do poço. Essa informação é importante para o cálculo da quantidade de fluido (solvente/ácido) necessário para remoção da incrustação, assim como para o dimensionamento da profundidade dos canhoneados, caso seja necessário este tipo de estimulação. As análises nos valores da concentração de bário da água produzida mostram que esta concentração, na água injetada, é dez ou mais vezes menor que a concentração de sulfato. Nesse caso, a concentração depositada e a inclinação da impedância são proporcionais a concentração de bário injetada. Estes também são proporcionais a fração de água na mistura injetada com a água produzida, e uma pequena fração de bário na água produzida é o suficiente para ocorrer um significante declínio na injetividade. Esses fatos são importantes para plane jar o gerenciamento/tratamento da água produzida/injetada, incluindo a decisão de como será feita a mistura da água do mar com a água produzida, o tratamento da água produzida e a freqüência de operações para remoção da incrustação. 65 CAPÍTULO 10 - CONCLUSÕES A modelagem analítica da deposição de sulfato de bário durante a injeção simultânea de água produzida e água do mar permite fazer as seguintes conclusões: 1. O sistema de injeção simultânea de duas águas incompatíveis é completamente definido por dois parâmentros empíricos: o coeficiente dano de formação e o número cinético. 2. Embora a área de precipitação seja o espaço total entre a frente de água injetada e o poço injetor, a precipitação que afeta a injetividade do poço ocorre em uma vizinhança do injetor que varia de 1,5 a 4 vezes o tamanho do raio do poço. 3. O raio da zona danificada definido é uma importante característica da re-injeção de água produzida com água do mar, permitindo calcular o volume de ácido necessário no caso de acidificação, e volume de solve nte no caso de remoção da incrustação. 4. A concentração depositada em cada ponto do reservatório é proporcional ao volume de água injetada. 5. O aumento do inverso do índice de injetividade (impedância) é proporcional ao volume de água injetada. 6. A inclinação da impedância é proporcional ao coeficiente dano de formação e depende do número cinético. Os dados da queda de injetividade do poço permitem calcular os dois parâmetros do modelo. 7. Se a concentração de sulfato injetado exceder de muito a concentração de bário injetada, o perfil de deposição e o aumento da impedância são proporcionais à concentração de bário injetada. O perfil de deposição adimensional e o tamanho da zona danificada são independentes da razão de concentração α . 8. Portanto, estas previsões podem ser utilizadas para o gerenciamento da previsão de incrustação por sulfatos nos campos mencionados. 66 67 CAPÍTULO 11 - REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA [Alvarez et al, 2006]. Alvarez, A.C. et al, 2006, “A fast inverse solver for the filtration function for flow of water with particles in porous media”, Journal of Inverse Problems, v.22, p. 69-88. [Araque-Martinez & Lake, 1999]. Araque-Martinez, A. and Lake, L.W., 1999, “A Simplified Approach to Geochemical Modelling and its Effect on Well Impairment”, SPE paper 56678 apresentado no SPE Annual Technical Conference and Exhibition, sediado em Houston, Texas, Outubro – 36. [Bedrikovetsky, 2001]. Bedrikovetsky P.G. et al., 2001, “Characterization of Deep Bed Filtration System from Laboratory Pressure Drop Measurements”, Journal of Petroleum Science and Engineering, No. 3. p. 167−177. [Bedrikovetsky, et. al., 2003]. Bedrikovetsky, P. G. , Lopes Jr., R.P., F. F. Rosário, M. C. Bezerra, E. A. Lima, 2003, “Oilfield Scaling : Mathematical and Laboratory Modelling”, SPE paper 81127 apresentado em SPE Latin American and Caribbean Petroleum Engineering Conference sediado em Port-of-Spain, Trinidad, West Indies, Abril - 27–30. [Bedrikovetsky, 2003]. Bedrikovetsky, P.G. et al., 2003, “Characterization of Deep Bed Filtration from Pressure Measurements”, SPEPF No 3. p. 119−128. [Bedrikovetsky, 2004]. Bedrikovetsky, P.G. et al., 2004, “Barium Sulphate Oilfield Scaling: Mathematical and Laboratory Modelling”, SPE paper 87457 apresentado em SPE 6 th International Symposium on Oilfield Scale, sediado em Aberdeen, UK, Maio - 26−27. [Bethke, 1996]. Bethke, C.: Geochemical Reaction Modelling, Oxford University Press, 1996. p. 397. [Daher, 2005]. Daher, J. S. et al., 2005, “Evaluation of Inorganic Scale Deposition in Unconsolidated Reservoir by Numerical Simulation”, SPE paper 95107 apresentado em SPE 7th International Symposium on Oilfield Scale, sediado em Aberdeen, UK, Maio - 11−12. 68 [Dunn et al., 1998]. Dunn, K., Daniel, E., Shuler, P., et. al.:. “Mechanisms of Precipitation and Dissolution of Barite: A Morphology Approach”, em J. of Coll and Interface Sci.. 1998. p. 214, 427-437. [Harris, D.C., 2001]. Harris, D.C.: “Exploring Chemical Analysis”, em Freeman and company. 2001. W.H., New York. [Jordan et al., 1996]. Jordan, M.M., Sorbie, K.S., Graham, G.M., Taylor, K., Hourston, K.E. and Hennessey, S., 1996, “The Correct Selection and Application Methods for Adsorption and Precipitation Scale Inhibitors for Squeeze Treatments in North Sea oilfields”, SPE paper 31125 apresentado em SPE Formation Damage Control Symposium , sediado em Lafayette, LA, Fevereiro - 14-15. [Lakatos, 2002]. Lakatos I, Lakatos J., 2002, “Effect of pH on Solubility of Barium Sulfate in Presence of Different Polyamino Carboxylic Acids”, pp. 59-76 em Lakatos I. (ed.) “Focus on Remaining Oil and Gas Reserves”, Progress in Mining and Oilfield Chemistry, Vol. 4., Akadémiai Kiadó, Budapest. [Lopes, 2002]. Lopes, R.P.J. “Cinética de precipitação de sulfato de bário em meio poroso: modelagem matemática e laboratorial”, Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual do Norte Fluminense, Macaé, Rio de Janeiro, 89 p. 2002. [Mackay e Sorbie, 1998]. Mackay, E.J. e Sorbie, K.S., 1998, “Modelling Scale Inhibitor Squeeze Treatments in High Crossflow Horizontal Wells”, SPE paper 50428 apresentado em SPE International Conference on Horizontal Well Technology sediado em Calgary, Alberta, Canada, Novembro - 1-4. [Mackay, 2001]. Mackay, E.J., 2001, “SQUEEZE Modelling: Current Best Practice and New Capabilities”, SPE paper 68326 apresentado em SPE International Symposium on Oilfield Scale sediado em Aberdeen, UK, Janeiro - 30-31. [Mackay, 2001]. Mackay, E.J. e Graham, G.M., 2002, “The Use of Flow Models in Assessing the Risk of Scale Damage”, SPE paper 80252 apresentado em SPE International Symposium Oilfield Chemistry, sediado em Houston, Texas, USA, Fevereiro 20−21. 69 [Mackay, 2002]. Mackay, E.J., 2002, “Modelling of In-Situ Scale Deposition: The Impact of Reservoir and Well Geometries and Kinetics Reaction Rates”, SPE paper 74683 apresentado em SPE Oilfield Scaling Symposium , sediado em Aberdeen, UK, Janeiro - 30−31. [Mackay, 2002]. Mackay, E.J, Jordan, M.M. and Torabi, F., 2002, “Predicting Brine Mixing Deep Within the Reservoir, and the Impact on Scale Control in Marginal and Deepwater Developments”, SPE paper 73779 apresentado em SPE International Symposium and Exhibition on Formation Damage Control, sediado em Lafayette, LA, Fevereiro - 20−21. [Mackay et al., 2003]. Mackay, E.J., Collins, I.R., Jordan, M.M., Feasey, N., 2003, “PWRI: Scale Formation Risk Assessment and Management”, SPE paper 80385 apresentado em SPE 5th International Symposium on Oilfield Scale, sediado em Aberdeen, UK, Janeiro - 29−30. [Marques et al., 2001]. Marques, L.C.C., Pereira, A.Z.I., Meirelles, R.O. e Gonçalves, M.A.C., 2001, “How Petrobras Has Faced Oilfield Scale Problems: Evolution of Concepts and Lessons Learned in Campos Basin, Brazil”, SPE paper 68327 apresentado em SPE International Symposium on Oilfield Scale sediado em Aberdeen, UK, Janeiro - 30-31. [Menzies et al., 1999]. Menzies, N.A., Mackay, E.J. e Sorbie, K.S., 1999, “Modelling of Gel Diverter Placement in Horizontal Wells”, SPE paper 56742 apresentado em SPE Annual Technical Conference and Exhibition sediado em Houston, Texas, Outubro - 3-6. [Moraes, 2004]. Moraes, G.P. “Modelo Matemático para Queda da Produtividade de Poços devido à Incrustação” Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual do Norte Fluminense, Macaé, Rio de Janeiro, 78 p. 2004. [Nikolaevskii, 1990]. Nikolaevskii, V.N., 1990, “Mechanics of Porous and Fractured Media”, World Scientific Publishing Co., Singapure. [Ostroff, 1965]. Ostroff: “Introduction to Oilfield Water Technology”, em Prentice-Hall. 1965. 70 [Pang & Sharma, 1994]. Pang, S. e Sharma, M.M., 1994, “A Model for Predicting Injectivity Decline in Water Injection Wells,” SPE paper 28489 apresentado em SPE 69th Annual Technical Conference and Exhibition, sediado em New Orleans, LA, Setembro - 25−28. [Philips, 1991]. Philips, O.M.: Flow and Reactions in Porous Media, Cambridge University Press, 1991. [Poggesi et al., 2001]. Poggesi, G. Hurtevent, C. and Brazy, J.L., 2001, “Scale Inhibitor Injection via the Gas Lift System in High Temperature Block 3 Fields in Angola”, SPE paper 68301 apresentado em SPE 3rd International Symposium on Oilfield Scaling sediado em Aberdeen, UK, Janeiro - 30-31. [Sorbie, et al., 1994]. Sorbie, K.S., Yuan, M. e Jordan, M.M., 1994, “Application of Scale Inhibitor Squeeze Model to Improve Field Squeeze Treatment Design”, SPE paper 28885 apresentado em European Petroleum Conference sediado em London, U.K., Outubro - 25-27. [Rocha, et. al. 2001]. Rocha, A., Frydman, M., Fontoura, S., Rosario, F.F. and Bezerra, M.C, 2001, “Numerical Modelling of Salt Precipitation during Produced Water Reinjection”, paper SPE 68336 apresentado em SPE Third International Symposium on Oilfield Scale, sediado em Aberdeen, UK, Janeiro - 30−31. [Watt, et al., 1992]. Watt, R.M.S., Sorbie, K.S. and Todd, A.C., 1992, “Kinetics of BaSO4 Crystal Growth and Effect in Formation Damage”, SPE paper 23814 apresentado em SPE International Symposium on Formation Damage Control, sediado em Lafayette, Louisiana, Fevereiro 26−27. [Woods & Parker, 2003]. Woods, A.W. and Parker, G., 2003, “Barium Sulphate Precipitation in Porous Rock Through Dispersive Mixing”, SPE paper 80401 apresentado em SPE 5th International Symposium on Oilfield Scale sediado em Aberdeen, UK, Janeiro - 29−30. 71 APÊNDICE A – EQUAÇÕES GOVERNANTES PARA INCRUSTAÇÃO DE B ASO4 NO MEIO POROSO COM FLUXO RADIAL O sistema de equações governantes para fluxo axial simétrico da solução aquosa dos íons bários e sulfatos com precipitação de sulfato de bário consistem de três equações de balanço de massa, para o cátion bário, para o ânion sulfato e para o sulfato de bário; e da lei de Darcy modificada acrescida da redução de permeabilidade devido à deposição do sal [Rocha, 2001; Woods, 2003; Bedrikovetsky, 2004]: 2 πrh φ(1 − sor ) 2 πrh φ(1 − sor ) ∂cBa ∂ ∂c + QcBa − 2 πrhD Ba = −2 πrhK a c Ba c SO4 ∂t ∂r ∂r ∂cSO4 ∂t + ∂cS O4 ∂ Qc SO4 − 2 πrhD ∂r ∂r = −2 πrhK a c Ba cS O4 (A-1) ρBaSO4 ∂σ φ (1 − s or ) = K a c Ba c SO4 M BaSO4 ∂t U= Q k k ∂p = − 0 rwor 2πrh µ ( 1+βσ) ∂ r A constante da taxa de reação química Ka é proporcional a velocidade do fluxo, [ Lopes, 2002; Bedrikovetsky, 2004]. K a = λU (A-2) Assumindo que os coeficientes de dispersão para os íons Ba2+ e SO42- são semelhantes e proporcionais à velocidade de fluxo [Nikolaevskii, 1990], temos: D Ba ≅ D SO4 ≅ D = α D U (A-3) Introduzindo os seguintes parâmetros adimensionais: c C = Ba , 0 cBa P= Y= 4πhk 0k rwor p , µQ cS O4 0 S O4 c , α= ρ σ S = BaSO4 0 , M BaSO4 cBa c0Ba , c0SO4 εD = αD , rw 2 r X = , rw 0 ε k = λrw cSO 4 T= Qt , 2 πhφrw (A-4) Substituindo as coordenadas adimensionais e os parâmetros (A-4) no sistema de equações governantes (A-1), obtêm-se: 72 ∂C ∂C ∂ ∂C ε k + = εD 2 X − CY ∂T ∂X ∂X ∂X 2 X ∂Y ∂Y ∂ ∂Y ε (1 − s or ) + = ε D 2 X − k αCY ∂T ∂X ∂X ∂X 2 X ∂S ε (1 − s or ) = k CY ∂T 2 X X ∂P 1= − M BaSO4 ∂X S 1 + βc 0Ba ρ BaSO 4 (1 − s or ) (A-5) As duas primeiras equações do sistema (A-5) podem ser separadas da terceira e quarta equação. Desconsiderando a dispersão hidrodinâmica, essas equações se tornam: ∂C ∂C ε + = − k CY ∂T ∂X 2 X ∂Y ∂Y ε (1 − s or ) + = − k α CY ∂T ∂X 2 X (1 − s or ) (A-6) O deslocamento da água com ânions SO42- pela água re-injetada rica em íons Ba2+ e SO42- é descrita pela seguinte condição inicial: T = 0 : C = 0 , Y = Y0 (A-7) A re-injeção de água contendo íons Ba2+ e SO42- em um reservatório, saturado por água rica em Ba2+, corresponde à condição de contorno na entrada, onde as concentrações são fixas para ambas espécies químicas: X = Xw : C = 1 , Y = 1 (A-8) 73 APÊNDICE B – MODELO ANALÍTICO PARA FLUXO RADIAL UNIDIMENSIONAL SIMULANDO A FORMAÇÃO DE INCRUSTAÇÃO DE BASO4 NO MEIO POROSO Ambas concentrações são iguais aos seus respecti vos valores iniciais na zona adiante à frente de água injetada (1 − sor )( X − Xw ) > T > 0 C = 0,Y = Y0 , (B-9) Transformando as equações (A-6) para forma de característica atrás da frente de água injetada [Araque-Martinez & Lake, 1999], temos: dT = (1 − s or ) dX dC ε = − k CY dX 2 X 1 dY ε = − k CY α dX 2 X (B-10) Introduzindo a seguinte combinação linear das duas concentrações: V(X) = C(X) − Y(X) α (B-11) Subtraindo a segunda equação de (B-10) pela terceira equação de (B-10), resulta na seguinte equação para V(X): dV =0 dX (B-12) A condição de contorno na entrada para V(X) segue a partir de (B-8): X = Xw V =1 − 1 α (B-13) Como obtido a partir de (B-12), V é constante, logo V ( X) = 1− 1 α (B-14) Assim, a diferença de concentração (B-11) é constante ao longo das características. Expressando a concentração Y(X) a partir de (B-14): 74 Y ( X ) = 1 + α C ( X ) − 1 (B-15) e substituindo Y(X) na segunda equação de (B-10), obtemos uma equação diferencial ordinária: dC ε = − k C 1 + α ( C − 1) dX 2 X (B-16) A equação diferencial ordinária de primeira ordem (B-16), com a condição de contorno (A-8), é resolvida pelo método de separação de variáveis: C( X) = ( −εk (1−α) (1 − α ) e 1 − αe ( −εk (1−α) X − Xw X − Xw ) (B-17) ) Substituindo a solução (B-17) em (B-15), obtemos o perfil de concentração para o sulfato. (1 − α ) e −εk (1−α)( X − Xw ) +1− α Y ( X) = α 1 − αe −εk (1−α)( X − Xw ) (B-18) A substituição de (B-17) e (B-18) na equação cinética, terceira equação do sistema (B-5), resulta em uma fórmula explícita para o sal depositado: S ( X,T ) = ε k C ( X ) Y (X ) T − (1 − sor )( X − X w ) 2 X ( 1− sor ) (B-19) E, para tempos grandes, temos: T >> (1 − s or )(X d − X w ) (B-20) A fórmula (B-19) pode ser simplificada: S ( X,T ) = ε k C ( X ) Y (X ) 2 X ( 1− sor ) (B-21) T Assim, a concentração depositada é proporcional ao tempo adimensional. 75 Apêndice C – Cálculo do Índice de Injetividade O cálculo para variação de pressão entre o contorno e o poço é expresso através da expressão do gradiente de pressão como obtido a partir da lei de Darcy modificada (C-1). Será considerado que há uma região próxima ao poço com permeabilidade modificada “skin zone” e raio rd. A partir da zona de permeabilidade alterada até a zona de investigação Rc, há uma zona com permeabilidade não afetada. A queda de pressão é calculada adicionando a expressão do gradiente de pressão para ambas regiões. ∆P = Xd ∫ 1 c ∂P ∂P dX + ∫ − dX ∂X ∂ X Xd X − (C-1) Substituindo a concentração depositada adimensional (B-4) para fluxo em regime permanente, obtém-se: 2 M R ∆P = ln c + βc0Ba BaSO4 ρBaSO4 rw Xd ∫ 1 S(X) dX X (C-2) A concentração depositada é calculada a partir do sistema (B-5): Xd ∫ 1 S(X) εk T dX = X 2 (1 − sor ) Xd ∫ 1 C(X)Y(X) dX X X (C-3) A expressão final para a queda de pressão é: 2 X R βε k c 0Ba MBaSO 4 d C(X)Y(X) ∆P = ln c + T∫ dX r 2 1 − s ρ ( ) X X w or BaSO4 1 (C-4) Introduzindo a função impedância adimensional que corresponde ao inverso do índice de produtividade adimensional J(T) = U0 ∆p ∆p0 U (C-5) A expressão para a impedância segue a partir de (C-4 e C-5). 76 βε kc 0Ba 0 II (T ) = 1 + II M BaSO4 R ρBaSO4 2 (1 − s or ) ln c rw 2 Xd T∫ C(X)Y(X) 1 X X dX (C-6) Assim, a impedância é uma função linear com o tempo. J(T) = 1 + mT m= βεk c0Ba M BaSO4 R ρBaSO4 2 (1 − s or ) ln c rw 2 Xd ∫ C(X)Y(X) 1 X X dX (C-7) Retirando as constantes da inclinação da impedância m, introduz-se uma constante M mais generalizada: m= βc0Ba M BaSO4 R ρBaSO4 2 (1 − sor ) ln c rw 2 M( ε k , α ) = ε k Xd ∫ 1 M (C-8) C(X, ε k, α)Y(X, εk, α) dX X X A fórmula (C-7) permite a determinação do coeficiente dano de formação, β , a partir de dados de fluxo e variação de pressão. 77 APÊNDICE D – CÁLCULO DO RAIO DA ZONA DE DANO Foi calculado o raio da zona de dano de formação rd de modo que o aumento da variação de pressão entre o poço injetor r = rw e a zona de contorno danificada r = rd é igual a 0.9 ou 0.99 do aumento da variação de pressão total entre o injetor e o contorno r = Rc: rd ∫− rw c ∂p ∂p dr = (1 − δ ) ∫ − dr ∂r ∂r rw R (D-1) A queda de injetividade é determinada pela inclinação da impedância m, (C7). Logo, foi definido o raio da zona danificada rd em termos de M: a remoção da deposição a partir de uma vizinhança do poço com raio igual a rd, resulta na restauração da injetividade para J = 1 – δ . M ( X, ε k ,α ) = εk Xd ∫ 1 X C(X)Y(X) dX X X Xw ∫ Xc C(X)Y(X) dX = (1 − δ) X X (D-2) C(X)Y(X) dX X X ∫ 1 onde o va lor da precisão δ pode ser tomado como 0.01 ou 0.1. Para se calcular a integral em (D-2), será efetuado o produto das concentrações dentro da integral (D-2), a partir das equações (B-17 e B-18): 2 e ∫ ( X X 1 − αe Xw + ε k (1 − α ) − εk (1 −α) X 2 ∫ Xw e ( X X 1 − αe ( −2 εk (1−α ) X M ( X, εk ,α ) = εkα (1 − α ) ( X − Xw ( − εk (1− α) ) X − Xw ) X − Xw ( − εk (1−α ) ) ) X − Xw ) ) 2 dX + (D-3) dX O cálculo da integral do primeiro termo em (D-3) foi efetuado usando uma −ε k (1 −α) nova variável u = e ε k α (1 − α ) X 2 ∫ Xw e ( −2 εk (1− α ) X X 1− αe X ( , ao invés de X: X − Xw −ε k (1−α ) ( ) X − Xw ) ) 2 dX = c 1αe εk (1−α ) Xw e−εk (1−α ) ∫ e 1 X −ε k (1−α ) X w u (1− c2 u ) ln2 ( u ) 2 du (D-4) A integral do segundo termo em (D-3) é: ε k (1 − α ) 2 X ∫ Xw e −εk (1−α ) ( X X 1 − αe ( X − Xw − εk (1−α ) ( ) X − Xw − εk (1− α) X ) ) e dX = c1 1 ∫ (1 − c u) ln ( u ) du 2 − ε 1− α X e k( ) w (D-5) 2 sendo as duas constantes c1 e c2 iguais a: c1 = −2 ε k 2 (1 − α ) e εk (1− α) 3 c 2 = αe εk (1− α) Xw (D-6) Xw Finalmente, a integral em (D-3) se torna: X εk ∫ Xw e−εk (1−α ) C(X)Y(X) dX = c1 ∫ X X −ε (1−α) e k X Xw 1 du + c1c2 (1 − c2 u) ln2 ( u ) 2 e −εk (1−α ) e X u ∫ (1 − c u ) −εk (1−α ) X w 2 2 du ln 2 ( u ) (D-7)