QUALIDADE DO GASTO PÚBLICO NO BRASIL Recursos hídricos e saneamento Gordon Hughes [email protected] Gastos públicos e água Água é um recurso chave para o Brasil : Decisões de gastos públicos são cruciais para a gestão e alocação deste recurso : Altamente “políticas” porque estas decisões afetam a distribuição de renda e riqueza : Até que ponto é possível minimizar os conflitos entre diferentes grupos de usuários - e.g. energia hidráulica vs irrigação vs consumo urbano Dimensão Geográfica – “bacias hidrográficas não estaduais” : Papel fundamental da ANA em promover mecanismos de alocação justos : Gastos deveriam seguir a alocação, não direcioná-la 2 Principais atores Ministérios Federais, etc : Agricultura, Minas e Energia, Saúde, Transportes, Comunicações, Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário, Integração Nacional, Cidades + ... : ANA, ANEEL, CONAMA/IBAMA Governos estaduais & municípios Entidades públicas & privadas : Companhias hidroelétricas, companhias de abastecimento de água, gerentes de infraestrutura,… : Instituições financeiras - CEF, BNDES 3 Princípios de alocação Abordagem tradicional : Os primeiros são beneficiados (apropriação prévia) : Sem custos, mas sem direitos de propriedade : Portanto, nenhum mecanismo para realocação de água para usos mais valiosos : Problemas em gerenciar a variabilidade (proteção contra a seca) A abordagem econômica : Alocar água para propósitos/setores onde seu valor é mais alto, custos operacionais & de infra-estrutura Estimando o valor dos benefícios da água em usos competitivos Leva diretamente ao princípio da recuperação de custos para infra-estrutura e outros serviços de gestão de recursos hídricos 4 Estimando o valor dos benefícios do uso da água Energia hidráulica : Dimensão do tempo & valor do armazenamento Irrigação : Geração de renda e redução da pobreza : distribuição : subsistência vs plantações para o mercado, tamanho da fazenda : Investimento de capital para usar a água de maneira eficiente Usos urbanos & industriais : Geralmente alta disponibilidade para pagamento, mas tendência de tratar estes usos como “cash cows” (ex. Ceará) Qualidade ambiental : Benefícios de lazer - recreação, proteção de eco-sistemas aquáticos 5 Projetos de custo-benefício & recursos hídricos Desenvolvimento de análise custo-benefício ligada à avaliação de projeto de recursos hídricos nos EUA : Infelizmente, os resultados são freqüentemente ignorados! : trade-offs entre usos competitivos de água envolve as mesmas questões que a valoração ambiental Exemplo : Análise CB da transferência de São Francisco : Objetivos básicos são distribucionais mas os maiores benefícios vêm dos usos urbanos/industriais : Como a contribuição para redução da pobreza deveria ser estimada e valorada? : Dificuldades de avaliar reduções de risco: abordagens alternativas para o alívio da seca e fornecimento de água no meio rural 6 Cobrando por água atacado Princípios básicos : Preços deveriam, pelo menos, cobrir administração, operação e custos de manutenção (A, O & CM) : investimentos apenas justificados se a soma descontada das receitas geradas pelo projeto de recursos hídricos exceder os custos de capital de infra-estrutura e o valor líquido da água em usos competitivos : Onde possível, oferecer concessões ou estabelecer companhias públicas para financiar e operar infra estrutura - e.g.CHESF ou COGERH : Papel dos gastos públicos – doações de capital focalizadas ou empréstimos de financiamento para objetivos sociais/ econômicos específicos 7 Cobrando por água atacado 2 Subsídios para volume de água não são um mecanismo eficiente para transferências de renda : Promovem uso excessivo de um recurso escasso : Maior parte dos benefícios vão para grandes fazendeiros, etc Benefícios externos específicos – talvez controle de enchentes, proteção contra a seca - podem justificar abdicação de um retorno sobre investimentos passados Entretanto, recursos geográficos de infra-estrutura hídrica (ex em uma bacia hidrográfica) deveriam ser auto-financiados para que não haja necessidade de transferências orçamentárias continuadas 8 Fornecimento de água Objetivo social para servir os 5% de domicílios urbanos sem água encanada de qualquer tipo : Estes tendem a estar entre os domicílios mais pobres : Custo poderia facilmente ser financiado através de serviços de abastecimento de água eficientes : Disponibilidade média para pagar pelo fornecimento de água facilmente excede o custo marginal de provisão do serviço : problema é em larga medida de mal gerenciamento, e não de gastos públicos Fornecimento de água em áreas rurais e peri-urbanas : Extensão da rede pode ser eficiente : Questão real para os gastos públicos é organização em vez de custo (incl papel do Min da Saúde / FNS) 9 Esgotos & tratamento de esgotos 1 O item caro na agenda urbana : importante pensar cuidadosamente sobre a justificativa para investimentos em saneamento : Muitas pessoas têm arranjos razoáveis sem esgotos – portanto não dispostas a pagar custo extra Se a justificativa para saneamento é saúde ou benefícios ambientais, então onde os gastos públicos deveriam ser alocados? : Vínculo com a incidência de doenças causadas pela água : Proteção de importantes recursos recreativos, como praias ou rios específicos 10 Esgotos & tratamento de esgotos 2 Muitos gastos orientados por padrões ambientais que criam incentivos perversos : Os domicílios estão dispostos a pagar pela coleta e tratamento do esgoto? : Se não estiverem, os benefícios de lazer advindos dos investimentos são grandes o suficiente para justificar o custo? Foco na assistência baseada no produto : : : : exemplo : ANA pagamentos “Compra dos Esgotos” Financiamento limitado em vez de completo Promoção de competição entre soluções alternativas Identificação clara e monitoramento dos objetivos ambientais, de saúde e outros para assistência 11 Lições : EUA & Europa Cobertura de esgoto & tratamento de esgoto levou 100 anos : Muitas metas para o Brasil são ambiciosas demais : Na prática, prioridade foi dada a lugares onde o retorno dos investimentos era maior Gastos recentes foram orientados por padrões federais ou da União Européia : Não houve consideração apropriada de custos & benefícios : Investimentos extremamente custosos e esbanjadores : Grandes transferências de fundos federais/União Européia para financiar investimentos – freqüentemente mal geridos e ineficientes 12 Conclusões Considerar como os benefícios da água como um recurso valioso são distribuídos : Incentivos ineficientes, distribuição desigual Recuperação de custos para o setor como um todo deveria ser o princípio básico Usar análise de custo-benefício para investimentos : Identificar quais são os objetivos e quem vai se beneficiar : Os beneficiários programados estão dispostos a pagar pelo serviço e como eles vão pagar? Subsídios públicos focalizados para objetivos sociais ou ambientais identificáveis – depois monitorar os resultados! 13