ID: 46431670 02-03-2013 Tiragem: 40595 Pág: 6 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 27,01 x 30,75 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 Mais de 1500 bolsas recusadas devido a dívidas das famílias ao Estado Número de candidaturas rejeitadas nas universidades por dívidas das famílias dos estudantes ao fisco e à Segurança Social subiu 3,5 pontos percentuais face ao ano anterior. Mas baixou o total de indeferimentos DANIEL ROCHA Ensino superior Samuel Silva Mais de 1500 estudantes de universidades públicas não tiveram direito a bolsa de estudo pelo facto de as suas famílias terem dívidas ao fisco ou à Segurança Social, revela um estudo sobre os motivos de indeferimento das candidaturas dos alunos feito pelos Serviços de Acção Social (SAS). O outro motivo de recusa do apoio que mais cresceu foi o do aproveitamento escolar, cujas regras se tornaram este ano mais apertadas. A existência de dívidas por parte dos pais dos estudantes ou de outros elementos do agregado familiar representa 10% dos motivos de indeferimento de bolsas de estudo neste ano lectivo. Este é o quarto argumento mais vezes invocado pelos SAS na hora de recusar o apoio do Estado. Face ao ano lectivo anterior, este motivo cresceu 3,5 pontos percentuais e terá excluído das bolsas mais de 1500 estudantes só nas universidades públicas. Estes dados dizem apenas respeito às universidades públicas, faltando ainda contabilizar os institutos politécnicos e todas as instituições do sector privado, o que deverá fazer subir para 3000 o total de casos de estudantes excluídos do sistema de acção social devido às dívidas dos pais. Esta cláusula do regulamento de bolsas em vigor desde 2011/2012 foi uma das mais criticadas pelos estudantes. Em Setembro, o movimento associativo do ensino superior lançou uma petição contra a exclusão no direito à bolsa por motivos familiares, mas o Governo manteve-se irredutível na necessidade de manter essa regra. O mais importante motivo para recusa de bolsas continua, todavia, a ser o excesso de rendimento dos agregados familiares (36% do casos), seguindo-se a falta de aproveitamento escolar (13,9%). Esta última regra foi uma das que mudaram no regulamento de acção social do actual ano lectivo: os estudantes têm agora a obrigação de ter aproveitamento a 60% das disciplinas no ano anterior, quando anteriormente precisavam de cumprir 50% do currículo. Por este motivo, mais de 4000 estudantes não tiveram direito a apoio, um que representa um crescimento de mais de 1300 Foram concedidas mais de 25 mil bolsas de estudo só nas universidades públicas casos em relação ao ano anterior. O estudo feito pelos administradores dos SAS das universidades portuguesas mostra uma evolução positiva no sistema de acção social. A percentagem de indeferimentos ficou-se pelos 27%, claramente abaixo do que aconteceu no último ano lectivo, quando o número de bolsas rejeitadas estava próximo dos 50%. Segundo o administrador dos SAS da Universidade do Minho, Carlos Silva, esta variação tem várias explicações, desde logo “a melhoria do sistema de gestão do processo, que faz com que menos alunos sejam indeferidos por razões administrativas”. De resto, o total de bolsas recusadas devido à falta de documentos sofreu uma forte quebra: este ano representa 14% dos casos de indeferimento, quando há um ano era responsável por 32% das situações. “Para esta razão muito contribui um melhor desempenho global dos SAS a nível nacional na análise dos processos e de uma melhoria significativa da interacção com a DirecçãoGeral do Ensino Superior e o facto de o sistema permitir a candidatura a bolsa de estudo em qualquer data do ano lectivo”, explica o responsável, sem recusar, porém, o papel da crise nesta situação. Com a diminuição dos rendimentos das famílias há mais alunos elegíveis para o apoio do Estado. Ainda assim, nas universidades foram concedidas 25.556 bolsas aos mais de 44 mil candidatos e o valor da bolsa média nas universidades situa-se nos 1896 euros anuais, praticamente o mesmo do ano anterior. Ontem, o Parlamento recusou os projectos de lei de PCP e BE que propunham o fim das propinas no ensino superior e um perdão de dívidas aos estudantes que não tenham feito os pagamentos às universidades e politécnicos nos últimos anos lectivos por causa das dificuldades financeiras das famílias. O BE propunha uma amnistia extraordinária, enquanto o PCP defendia um regime transitório de isenção do pagamento de propinas e o reforço da acção social. Ambos os diplomas foram rejeitados, com os votos contra de PSD, CDS e PS. Na Assembleia da República, foi também ontem votada uma proposta de alteração ao regime de financiamento do ensino superior, da autoria de deputados do PCP, que também foi chumbada. ID: 46431670 02-03-2013 Tiragem: 40595 Pág: 1 País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Diária Área: 5,10 x 5,10 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 Mais de 1500 alunos sem bolsas devido a dívidas das famílias Aumentou o número de candidaturas rejeitadas nas universidades públicas por dívidas ao Fisco e à Segurança Social. Mas baixou o total de indeferimentos p6