Universidade Estadual Paulista – UNESP Faculdade de Filosofia e Ciências Campus de Marília Anais VIII Encontro de Pesquisa na Graduação em Filosofia da UNESP Marília – 13/05 a 17/05 2013 Universidade Estadual Paulista – UNESP Faculdade de Filosofia e Ciências Campus de Marília Diretor: Prof. Dr. José Carlos Miguel Vice-Diretor: Prof. Dr. Marcelo Tavella Navega Comissão Organizadora Reinaldo Sampaio Pereira (Coordenador) João Antonio de Moraes (Doutorando em Filosofia) Tiago Brentam Perencini (Mestrando em Educação) Amanda Veloso Garcia (Graduanda em Filosofia) Pedro Bravo de Souza (Graduando em Filosofia) Bruno Cardoso de Melo (Graduando em Filosofia) Renato de Oliveira Pereira (Graduando em Filosofia) Augusto Rodrigues (Graduando em Filosofia) Renata Piovan (Graduanda em Filosofia) Promoção: Departamento de Filosofia – UNESP Conselho de Curso de Filosofia – UNESP Programa de Pós-graduação em Filosofia – UNESP Apoio: FAPESP Departamento de Filosofia – UNESP Conselho de Curso de Filosofia – UNESP Escritório de Pesquisa Editoração: Amanda Veloso Garcia João Antonio de Moraes Anais VIII Encontro de Pesquisa na Graduação em Filosofia da UNESP / Reinaldo Sampaio Pereira (Org.). – Marília, 2013. 93 f. ISSN 2317-5877 1. Filosofia. 2. Pesquisa. 3. Graduação. I.Título. Índice Programação do Evento ..................................................................................... 5 Resumos das Conferências ................................................................................. 8 Programação das Sessões de Comunicação .................................................... 13 Resumos das Sessões de Comunicação ............................................................ 25 ALEIKSEIVZ, Renato Alves.......................................................................... 26 ALENCAR FILHO, Fernando Luiz................................................................ 27 ALMEIDA, Jonas Rangel de. ......................................................................... 27 ARAMOR, Marlon Henrique. ........................................................................ 28 ARAUJO, Mauro Juarez Sebastião dos Reis. ................................................. 29 ARTHUR, Izabel Cristina. U .......................................................................... 29 ASSIS, Alexandre Gil. .................................................................................... 30 AZEVEDO, Laura Rosa Kugler de. ............................................................... 31 BARBOSA, Adria Kassia. .............................................................................. 31 BEZERRA, Edilene Alves. ............................................................................. 32 BRANZES, Karina Karem Rozendo de Lima. ............................................... 33 BRUNETTO, Guilherme Isaac. ...................................................................... 34 BRUNO, Eder Ferreira. .................................................................................. 34 CAMARGO, Vinícius Pereira de. .................................................................. 35 CASEIRO, Guilherme Varallo. ...................................................................... 36 CEZAR JUNIOR, Jó Rodrigues. .................................................................... 37 COELHO, Rafael Teruel ................................................................................ 37 COSTA, Júlio César Rodrigues. ..................................................................... 38 CRUZ, Murilo Galvão Amancio..................................................................... 39 CRUZ, Nayara Sandrin da. ............................................................................. 40 DEL LAMA, Fernando Araujo ....................................................................... 41 DUARTE, Bruna Maria Lemes; PEREIRA, Paulo Henrique Araujo Oliveira. ........................................................................................................................ 42 EZIDIO, Camila de Souza. ............................................................................. 42 FERREIRA, Fernanda de Assis. ..................................................................... 43 FERREIRA, Gustavo Bertolino ...................................................................... 44 GAETA, Caio Kraide...................................................................................... 45 GALVÃO NETO, Dario de Queiroz. ............................................................. 45 GARCIA, Amanda Veloso. ............................................................................ 46 HOFFMANN, Raul de Souza. ........................................................................ 46 JÁCOMO, Luiz Vicente Justino. .................................................................... 47 JATOBÁ, Jessyca Eiras. ................................................................................. 47 LAMPERT, Fábio. .......................................................................................... 48 LEITE, Franco Pereira. ................................................................................... 49 LUIZ, Felipe; VAZ, Vinicius Rezende Carretoni. .......................................... 50 MAGDALENO, Danieli Gervazio. ................................................................ 51 MARINHO, Felipe Galhardo Ruiz. ................................................................ 51 MEDINA, Lucas Ferreira. .............................................................................. 52 MELO, Bruno Cardoso de. ............................................................................. 53 MENEZES, Manoela Paiva. ........................................................................... 54 MIRANDA, Arilson Rodrigues. ..................................................................... 54 MORAES, Kellen Ferreira de. ........................................................................ 55 MORAIS, Nattany Ribeiro de; CASTRO, Rosane Michelli; TOTTI, Marcelo Augusto. .......................................................................................................... 56 NASCIMENTO, Paulo Henrique Costa ......................................................... 57 NASCIMENTO, Thiago Tavares Vidoca do. ................................................. 58 NASCIMENTO, Ulisses Santos do. ............................................................... 59 OLIVEIRA, Aline da Silva. ............................................................................ 59 OLIVEIRA, Antonio Martins de. ................................................................... 60 OLIVEIRA, Elói Maia de. .............................................................................. 61 OLIVEIRA, Fernanda Martins de................................................................... 62 OLIVEIRA, Leandro Gabriel dos Santos. ...................................................... 63 OLIVEIRA, Lorena Silva. .............................................................................. 64 PANTALEÃO, Nathália Cristina Alves. ........................................................ 65 PATRICIO, Maria Júlia de Oliveira Cyrino. .................................................. 65 PEDROZO, Elcio Fernando de Avila. ............................................................ 66 PEREIRA, Júlia. ............................................................................................. 67 PEREIRA, Renato de Oliveira. ....................................................................... 68 PEREIRA, Sidiney Silva; SALAZAR, Nathalia Gleyce dos Santos; SOUSA, Beatriz Lorena de. ........................................................................................... 69 PINTO, Silmara Cristiane; SANTOS, Genivaldo De Souza; GELAMO, Rodrigo Pelloso............................................................................................... 70 PIOVAN, Renata. ........................................................................................... 71 PRADO, Vinícius de Oliveira......................................................................... 72 QUADROS E TONON, Hugo Leonardo de. .................................................. 72 QUINTILHANO, Guilherme Devequi. .......................................................... 73 RAMIRO, Caio Henrique Lopes. ................................................................... 74 RAMOS, Thayane Queiroz. ............................................................................ 74 RODRIGUES, Victor César Fernandes. ......................................................... 75 ROSA, Sara Morais da. ................................................................................... 75 SAMPAIO, Thiago Henrique. ........................................................................ 76 SANT'ANNA, André Rosolem. ...................................................................... 77 SANTOS, Carlos Aparecido. .......................................................................... 78 SANTOS, Eraldo Souza dos. .......................................................................... 79 SHIRAKAVA, Rafael da Silva....................................................................... 80 SILVA, Andre Luiz Bravin da. ....................................................................... 81 SILVA, Camila da Cruz. ................................................................................. 82 SILVA, Geremias Gimenes da. ...................................................................... 83 SILVA, Guilherme Diniz da. .......................................................................... 84 SILVA, Guilherme José Santini da. ................................................................ 85 SILVA, Jonas dos Santos. ............................................................................... 85 SILVA, Jose Ronaldo. .................................................................................... 86 SILVA, Nilza Oliveira. ................................................................................... 87 SILVA, Pedro Henrique Ciucci da. ............................................................... 87 SOUZA, Pedro Bravo de. ............................................................................... 88 SOUZA, Renata Silva; BELTRÃO, Talita ..................................................... 88 TANUS, Heitor Godinho; REZINO, Larissa Farias. ...................................... 89 TEGA, Natália Marquezini. ............................................................................ 90 UZAI JUNIOR, Paulo; COELHO, Jonas Gonçalves. ..................................... 91 VIANA, Patrick. ............................................................................................. 91 VIDEIRA. Leonardo Gomes de Soutello. ...................................................... 92 ZEDRON, Camila Mauricio. .......................................................................... 93 Programação do Evento 13 de maio 14h - 18h: Sessão de Comunicações I 19h: ABERTURA Prof. Dr. Reinaldo Sampaio Pereira (Coordenador do Evento e do Conselho de Curso de Filosofia – Unesp/Marília) Prof. Dr. José Carlos Miguel (Direção FFC/UNESP) 19h30 - 22h30: Conferência “Perspectivas sobre processos de significação musical” Expositor: Prof. Dr. Luis Felipe de Oliveira (UFMS) Debatedor: Prof. Dr. Márcio Benchimol Barros (UNESP/Marília) 14 de maio 8h30 - 12h: Sessão de Comunicações II 14h - 18h: Minicurso “Dialética, retórica e lógica: diferentes modalidades de práticas discursivas” Expositor: Prof. Dr. Bento Prado de Almeida Ferraz Neto (UFSCar) 19h30 - 22h30: Debate “Problemática entre a Lógica e a Filosofia” Expositor: Prof. Dr. Ricardo Pereira Tassinari (UNESP/Marília) Debatedor: Prof. Dr. Antonio Trajano Menezes Arruda (UNESP/Marília) 15 de maio 8h30 - 12h: Sessão de Comunicações III 14h - 18h: Sessão de Comunicações IV 19h: Apresentação Artística - Grupo de Capoeira Angola 19h30 - 22h30: Conferência “Afroperspectividade: a legitimidade da Filosofia Africana ontem e hoje” Expositor: Prof. Dr. Renato Nogueira dos Santos Junior (UFRRJ) Debatedor: Profa Dra. Maria Eunice Quilici Gonzalez (UNESP/Marília) 6 16 de maio 8h30 - 12h: Sessão de Comunicações V 14h - 18h: Minicurso “Espírito positivo versus espírito livre” Expositor: Prof. Dr. José Carlos Bruni (FFSB/Faculdade de Filosofia de São Bento) 19h30 - 22h30: Conferência “A societas entre filosofia e eloquência em Cícero” Expositor: Prof. Dr. Sidney Calheiros de Lima (USP) “A concepção latinista em Vico” Expositor: Prof. Dr. Sérgio Nunes (UFPA) Debatedor: Prof. Dr. Ricardo Monteagudo (UNESP/Marília) 17 de maio 8h30 - 12h: Sessão de Comunicações VI 14h00 - 18h: Sessão de Comunicações VII 19h30 - 22h30: Conferência “O progresso científico e alguns obstáculos” Expositor: Prof. Dr. Jézio Hernani Bomfim Gutierre (UNESP) Debatedor: Prof. Dr. Kleber Cecon (UNESP/Marília) 7 Resumos das Conferências Conferência: Perspectivas sobre processos de significação musical Expositor: Prof. Dr. Luis Felipe de Oliveira (UFMS) Este texto discute as descrições dos processos de significação musical dentro do domínio da estética musical, da psicologia da música e dos estudos em cognição musical. Discute-se, em todas essas áreas, de maneira específica ou generalizada, implicita ou explicitamente, os processos de significação em música. Não iremos, aqui, apresentar uma reconstrução historicamente precisa sobre tudo o que se escreveu sobre o assunto, mas estabelecer algumas conexões entre autores que consideramos fundamentais nas investigações recentes sobre a compreensão do discurso musical. É partir da filosofia moderna que a música passa a carecer de prestígio entre os grandes pensadores e seu papel na história das idéias fica subjulgado a um plano inferior, pelo menos até o século XIX. Quando a música perdeu sua conexão cosmológica ela passou a ser considerada como uma manifestação aprazível cuja função seria a de representar e estimular os sentimentos, em uma linguagem das emoções ou um discurso eloqüente dos afetos, apesar de sua natureza efêmera e sua incapacidade em lidar com conceitos. Hanslick, em sua obra referencial na estética musical escrita em 1854, se incumbe do papel de refutar a tese então estabelecida de que a artes dos sons seria a representação dos sentimentos e busca apresentar uma nova formulação sobre o que seja a música e como a compreendemos. Oferecendo as bases para as futuras teorias formalistas da música, Hanslick sustenta que, em música, forma e conteúdo são uma e a mesma coisa, e que a compreensão musical opera pelo contemplar dessa forma, seguindo-se, pela ação da fantasia, as idéias genuinamente musicais. Esse texto de meados do século XIX é o ponto de partida para muitas outras pesquisas que se desenvolveram no século XX, que corroboram a tese de que a escuta musical se dá através de processos cognitivos. Leonard Meyer, partindo da tese enunciada por Hanslick, desenvolve uma teoria sobre como significado e emoção se apresentam nas obras musicais. Meyer, situando-se sobre uma base conceitual implicitamente lógico-semiótica, estabelece três tipos de significados musicais que podem ser ligados às três formas inferenciais descritas por C.S. Peirce em sua ciência geral dos signos. É sobre essa relação entre a teoria de Meyer e a filosofia de Peirce que descreveremos um modelo lógico-semiótico da significação musical. Minicurso: Dialética, retórica e lógica: diferentes modalidades de práticas discursivas Expositor: Prof. Dr. Bento Prado de Almeida Ferraz Neto (UFSCAR) O curso pretende oferecer uma exposição dos trabalhos conceituais que subjazem à invenção da lógica por Aristóteles, ao mesmo tempo em que explora 9 algumas dimensões ético-políticas do longo processo que deságua na criação dessa disciplina. Num primeiro momento, serão apresentadas duas outras artes da palavra – a retórica e a dialética –, caracterizando-as na forma de um embate entre duas perspectivas ao mesmo tempo ético-políticas e lógico-ontológicas; para a caracterização do ponto de vista da dialética, será utilizada a discussão sobre a retórica no diálogo Górgias de Platão; para a caracterização do ponto de vista da retórica, será utilizado um trecho da discussão sobre a ciência no diálogo Teeteto de Platão (o “discurso de Protágoras”), assim como o Tratado sobre o não-ser de Górgias. Num segundo momento, será apresentado o modo pelo qual Aristóteles, na esteira de reflexões platônicas vai subverter o quadro desse confronto, abrindo espaço para a constituição da lógica como arte da palavra. Essa apresentação se concentrará no plano lógico-ontológico, mostrando como é elaborada uma nova concepção da linguagem e de suas relações com a realidade que abrirá espaço para a distinção entre verdade e validade; para tanto, será explorado o diálogo O Sofista, de Platão, bem como o De Interpretatione de Aristóteles. Por fim, se retomará essa constituição da lógica do ponto de vista ético-político, não para caracterizar o ponto final desse processo de constituição (a perspectiva Aristotélica) e sim para indicar algumas transformações históricas relativas à dimensão “prática” da linguagem que são relevantes para esse processo; para tanto, será efetuado um contraste entre o Poema de Parmênides e a apresentação do ponto de vista parmenidiano que encontramos no diálogo O Sofista de Platão, utilizando também alguns elementos de outros filósofos gregos contemporâneos, como Heráclito e os Megáricos. Conferência: Problemática entre a Lógica e a Filosofia Expositor: Prof. Dr. Ricardo Pereira Tassinari (UNESP/Marília) Qual a relação entre Lógica e Filosofia? A Lógica é importante para a Filosofia ou lhe é apenas acessória? No sentido de responder a essas perguntas (ainda que de forma geral), mostraremos em nossa conferencia, a partir de uma análise da história da Lógica e de sua situação contemporânea, que a busca de compreensão da noção de inferência e da determinação das condições de sua validade, tema central da Lógica e um dos temas essenciais à Teoria do Conhecimento, leva a uma pluralidade de visões e sistemas, o que torna a Lógica, nos tempos atuais, parte essencial da Filosofia. Conferência: Afroperspectividade: a legitimidade da Filosofia Africana ontem e hoje Expositor: Prof. Dr. Renato Nogueira dos Santos Junior (UFRRJ) 10 O objetivo desta palestra é apresentar argumentos em favor da legitimidade da filosofia africana e afrodiaspórica – filosofia afroperspectivista. Para dar conta de uma abordagem crítica da geopolítica ocidental da filosofia hegemônica, vamos inserir o conceito de pluriversalidade com intuito de problematizar a universalidade ocidental e apresentar registros diversos e a diversalidade radical que viabiliza a existência da filosofia fora da Europa e dos Estados Unidos na contemporaneidade, assim como a existência de trabalhos filosóficos na antiguidade com especial atenção para a filosofia africana anterior aos présocráticos. Minicurso: Espírito positivo versus espírito livre Expositor: Prof. Dr. José Carlos Bruni (FFSB/Faculdade de Filosofia de São Bento) O minicurso focará um problema central da filosofia do século XIX: a disputa entre a concepção de espírito positivo de Auguste Comte e a de espírito livre de Friedrich Nietzsche. O objetivo deste confronto é de mostrar os pontos de total oposição, bem como os de secreta convergência. Enquanto Comte vê a Ciência como espelho fiel da realidade, Nietzsche acentua o caráter criador do espírito livre que se realiza na arte. Conferência: A societas entre filosofia e eloquência em Cícero Expositor: Prof. Dr. Sidney Calheiros de Lima (USP) Cícero, autor romano do século I a. C., apresenta a si mesmo como um pioneiro no tratamento da filosofia em latim. Defende seu projeto filosófico, em diversos momentos de sua obra, definindo-o como um serviço prestado à res publica. Para ele, criar as condições para que o debate filosófico se desse na língua própria dos romanos era a única ação política honesta que estava ao seu alcance no contexto da tirania de César. Era um dever político. Dentre os muitos aspectos do pensamento de Cícero que têm despertado o interesse dos estudiosos de filosofia, conta-se o fato de o autor ter defendido e promovido uma reaproximação entre filosofia e retórica, que teriam sido radicalmente separadas pelo parens philosophiae, Sócrates. No De fato, Cícero, personagem do diálogo, afirma que o gênero de filosofia que cultiva tem grande afinidade com a eloquência. Entre eloquência e filosofia haveria uma relação de societas. Ambas as disciplinas, por assim dizer, seriam mutuamente auxiliares. No De finibus, os interlocutores do diálogo, Cícero e Torquato, por meio de perguntas e respostas (uma forma rara de debate filosófico em Cícero), discutem a possibilidade de uma rhetorica philosophorum. Se é possível uma retórica própria dos filósofos, o autor não deixa de perceber, por outro lado, que utiliza a filosofia quando 11 empreende estudar e ensinar a arte do discurso persuasivo. É significativo que, no prefácio de uma obra do final da vida, o De diuinatione (44 a. C.), enumere, entre seus livros de filosofia, as três mais importantes dentre suas obras de Arte Retórica: De oratore, Brutus e Orator. A leitura de algumas passagens tomadas às obras mencionadas deverá contribuir para a compreensão da complexa relação que se estabelece, no pensamento ciceroniano, entre filosofia e eloquência; deverá ainda lançar luz sobre o método de investigação empregado por ele em algumas de suas obras. Um método cuja origem ele faz remontar ao mos socraticus e à Academia fundada por Platão. Conferência: O progresso científico e alguns obstáculos Expositor: Prof. Dr. Jézio Hernani Bomfim Gutierre (UNESP/Marília) Tradicionalmente, a filosofia da ciência tem no avanço científico um de seus temas centrais. Para muitos, este seria um traço essencial da ciência empírica e, enquanto tal, demandaria atenção por parte de todos aqueles que admitissem o relevo gnosiológico da ciência e se preocupassem com sua definição. Mas o progresso da ciência também assegura sua importância filosófica quando é visto como o resultado de métodos epistemologicamente apropriados. Durante muitos anos a filosofia do conhecimento teve como norte as questões clássicas sobre a normatividade científica, isto é, sobre os processos de escolha racional que deveriam ser adotados pela prática científica caso se pretendesse a consecução do progresso. No entanto, a presença constante da temática do progresso tem uma contrapartida muitas vezes ignorada. Ao estabelecer as condições do avanço científico, vários filósofos chegam ao ponto de alertar para os perigos que rondam a trajetória da ciência e seus sucessos. Nesse contexto, a teoria do conhecimento tradicional chega a pensar que a transgressão de regras metodológicas poderia levar ao desastre científico e sustar esse marcante fluxo de sucessos que parece ter sido ininterrupto ao menos desde o advento da Idade Moderna. Para a epistemologia contemporânea, menos comprometida com a definição de um conjunto rígido de normas, talvez não seja tão nítido a associação entre transgressões metodológicas e a tragédia epistemológica, mas também aqui podemos identificar condições em que o progresso científico é ameaçado. Seja como exemplificação epistemológica, seja como alerta para os perigos que rondam o debate científico real, serão expostos alguns dos possíveis obstáculos, sociais e práticos, contemporaneamente enfrentados pelo avanço da ciência. 12 Programação das Sessões de Comunicação 13 de maio Período da tarde Mesa-redonda: Filosofia Política I - Michel Foucault Mediador: Genivaldo de Souza Santos Local: Anfiteatro I Hora: 14h - 18h A QUESTÃO DO INDIVÍDUO EM MICHEL FOUCAULT: DA DISCIPLINA À BIOPOLÍTICA ALEIKSEIVZ, Renato Alves. Universidade Federal do Paraná (UFPR). O DISCURSO DEMOCRÁTICO PELA LIBERDADE Á LUZ DA GENEALOGIA DE MICHEL FOUCAULT BEZERRA, Edilene Alves. Universidade São Judas Tadeu (USJT) A RELAÇÃO ENTRE SABER E PODER EM FOUCAULT CASEIRO, Guilherme Varallo. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). PODER DISCIPLINAR EM MICHEL FOUCAULT LEITE, Franco Pereira. Universidade Estadual de Londrina (UEL). A GENEALOGIA DE FOUCAULT ENQUANTO MÉTODO ANALÍTICO DE LUTAS LUIZ, Felipe; VAZ, Vinicius Rezende Carretoni. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Mesa-redonda: Filosofia da Música Mediador: Wagner de Barros Local: Sala 64 Hora: 14h - 18h A CRÍTICA DE HANSLICK À IDÉIA DE MÚSICA ENQUANTO MEIO À LUZ DO CONCEITO NIETZSCHIANO DE DÉCADENCE ALENCAR FILHO, Fernando Luiz. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). ADORNO SOBRE SCHOENBERG: TOTALIDADE E ESTÉTICA GAETA, Caio Kraide. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). O PROBLEMA DOS CRITÉRIOS NA ANÁLISE MUSICAL: UMA ABORDAGEM ETNOMUSICOLÓGICA GARCIA, Amanda Veloso. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). O MOVIMENTO ÉTICO DA MÚSICA 14 QUADROS E TONON, Hugo Leonardo de. Universidade Estadual de Maringá (UEM). Mesa-redonda: Filosofia da Psicologia Mediador: João Paulo Martins Local: Sala 62 Hora: 14h - 18h POR QUE O PSICÓLOGO DEVE "FILOSOFAR"? - ANÁLISE DAS PRÁTICAS PSI E A MEDICALIZAÇÃO DA INFÂNCIA CRUZ, Murilo Galvão Amancio. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Assis). A CONCEPÇÃO TRÁGICA DE JASPERS E SUAS IMPLICAÇÕES CEZAR JUNIOR, Jó Rodrigues. Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). REFLEXÕES EPISTEMOLÓGICAS SOBRE O HOMEM DOS RATOS EM FREUD, LACAN E DELEUZE GALVÃO NETO, Dario de Queiroz. Universidade de São Paulo (USP). A INTERSUBJETIVIDADE EM MARTIN BUBER MIRANDA, Arilson Rodrigues. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa (SEDAC). RITUAIS DE POSSESSÃO COMO PROCESSO CATÁRTICO: O CASO HAOUKA ZEDRON, Camila Mauricio. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). INSCRIÇÃO E CORPORIEDADE: JUDITH BUTLER E FRANZ KAFKA SILVA, Aldones Nino Santos da. Universidade São Judas Tadeu (USJT). Mesa-redonda: Filosofia da Linguagem Mediador: Iraceles Ishii Local: Sala 41 Hora: 15h - 17h30 A ORIGEM DA LINGUAGEM BRUNETTO, Guilherme Isaac. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa (SEDAC). WITTGENSTEIN E A CRÍTICA À METAFÍSICA: O DIZÍVEL E O INDIZÍVEL PIOVAN, Renata. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). STRAWSON E GRICE VERSUS QUINE: DEFENDENDO A NOÇÃO DE ANALITICIDADE 15 VIDEIRA, Leonardo Gomes de Soutello. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). 14 de maio Período da manhã Mesa-redonda: Filosofia da Mente Mediador: Nicholas Gabriel Lopes Minotti Local: Anfiteatro I Hora: 08h30 - 12h FILOSOFIA DA LINGUAGEM E ATOS DE FALA: CONTRIBUIÇÕES PARA A TEORIA DOS ESTADOS MENTAIS SEGUNDO JOHN SEARLE DUARTE, Bruna Maria Lemes; PEREIRA, Paulo Henrique Araujo Oliveira. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). FILOSOFIA DA MENTE, CETICISMO E EXPERIÊNCIAS DE PENSAMENTO SANT'ANNA, André Rosolem. Universidade Estadual de Maringá (UEM). A INTENCIONALIDADE: RESPOSTA DE SEARLE À DENNETT UZAI JUNIOR, Paulo; COELHO, Jonas Gonçalves. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Bauru). ANÁLISE FILOSÓFICA ACERCA DO PROJETO DE MODELAGEM COMPUTACIONAL INCREMENTAL PANTALEÃO, Nathália Cristina Alves. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Mesa-redonda: Ensino de Filosofia I Mediador: Tiago Brentam Perencini Local: Sala 64 Hora: 08h30 - 12h O ENSINO DE FILOSOFIA: RESSIGNIFICAÇÕES DENTRO DO SISTEMA CAPITALISTA BRANZES, Karina Karem Rozendo de Lima. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). CONSTRUINDO UM PENSAR AMPLO, CRÍTICO E CRIATIVO 16 CAMARGO, Vinícius Pereira de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). FILOSOFIA E AFRICANIDADES: UMA REFLEXÃO SOBRE OS MÉTODOS DE ENSINO DIDÁTICOS FILOSÓFICOS NO ENSINO ÉTNICO RACIAL OLIVEIRA, Lorena Silva. Universidade Federal de Uberlândia (UFU). SOBRE A POSSIBILIDADE DE O QUESTIONAMENTO SER UM PROPULSOR AO PENSAR FILOSÓFICO MENEZES, Manoela Paiva. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). EXPERIÊNCIA E APRENDIZAGEM NO ENSINO DE FILOSOFIA PINTO, Silmara Cristiane; SANTOS, Genivaldo de Souza; GELAMO, Rodrigo Pelloso. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Mesa-redonda: Epistemologia e Filosofia da Ciência Mediador: Abraão Prustelo Damião Local: Sala 62 Hora: 08h30 - 12h A EXISTÊNCIA NO MUNDO REAL: O DESENVOLVIMENTO DO SEREM-SI AO SER-PARA-SI COSTA, Júlio César Rodrigues. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). A VIRADA NATURALISTA NA FILOSOFIA ARAMOR, Marlon Henrique. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). O PROGRESSO NA CIÊNCIA SEGUNDO THOMAS KUHN PATRICIO, Maria Júlia de Oliveira Cyrino. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP/Jacarézinho-PR). A SIGNIFICAÇÃO DO OUTRO: OPERAÇÕES E CAUSALIDADE PEDROZO, Elcio Fernando de Avila. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). CONHECIMENTO MODERNO EXIGE INTERDISCIPLINARIDADE SILVA, Jose Ronaldo. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa (SEDAC). 15 de maio Período da manhã Mesa-redonda: Filosofia da Educação Mediador: Renata Andrade 17 Local: Anfiteatro I Hora: 08h30 - 12h O INTELECTUAL E A ATITUDE CRITICA EM FOUCAULT: REPENSAR O PAPEL DO EDUCADOR ALMEIDA, Jonas Rangel de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). AUTONOMIA, CONFIANÇA E CONTROLE - ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A REGULAÇÃO ESTATAL DA EDUCAÇÃO NA UNIÃO EUROPEIA DOS SANTOS, Eraldo Souza. Universidade de São Paulo (USP). FOLCLORE E CULTURA INFANTIL: ESTUDOS À LUZ DAS TEORIZAÇÕES DE FLORESTAN FERNANDES E WALTER BENJAMIN MORAIS, Nattany Ribeiro de; CASTRO, Rosane Michelli; TOTTI, Marcelo Augusto. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). EDUCAÇÃO, COTIDIANO ESCOLAR E SOCIEDADE DE CONTROLE: AS CONTRIBUIÇÕES DE GILLES DELEUZE PARA PENSAR O PARADIGMA MULTIDIMENSIONAL DE ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR NASCIMENTO, Paulo Henrique Costa. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). ACONTECIMENTO DA MORTE, CUIDADO DE SI E EDUCAÇÃO VIANA, Patrick. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Mesa-redonda: Filosofia Política II Mediador: Luiz César Alves Moreira Filho Local: Sala 64 Hora: 08h30 - 12h A DEMOCRACIA EM ESPINOSA CRUZ, Nayara Sandrin da. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). A REVOLUÇÃO PASSIVA NO INÍCIO DO SÉCULO XX: A CRISE ORGÂNICA COMO CRISE DE HEGEMONIA FERREIRA, Fernanda de Assis. Universidade Federal de Uberlândia (UFU). "O QUE É A PROPRIEDADE?", A CRÍTICA ANARQUISTA DE PIERREJOSEPH PROUDHON MEDINA, Lucas Ferreira. Universidade São Judas Tadeu (USJT). O PAPEL DO LEGISLADOR NA SOCIEDADE ROUSSEAUNIANA NASCIMENTO, Ulisses Santos do. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). 18 Mesa-redonda: Filosofia da Informação e Teoria dos Sistemas Complexos Mediador: Mariana Vitti Rodrigues Local: Sala 45 Hora: 09h30 - 12h SISTEMAS COMPLEXOS: UM OLHAR A PARTIR DO DUPLOVÍNCULO BATESONIANO AZEVEDO, Laura Rosa Kugler de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). A RELAÇÃO ENTRE ACASO E NECESSIDADE NA PERSPECTIVA DA TEORIA DA COMPLEXIDADE COELHO, Rafael Teruel. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). UMA ABORDAGEM SEMIÓTICA DA INFORMAÇÃO MELO, Bruno Cardoso de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Período da tarde Mesa-redonda: Ensino de Filosofia II Mediador: Laura Rosa Kugler de Azevedo Local: Anfiteatro I Hora: 14h - 18h ENSINAR FILOSOFIA OU APRENDER A FILOSOFAR: FILOSOFIA EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS ROSA, Sara Morais da. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). CONSIDERAÇÕES NIETZSCHIANAS: O ERUDITISMO E A NÃOFILOSOFIA NO BRASIL SANTOS, Carlos Aparecido. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). O DIREITO DE FAZER FILOSOFIA SILVA, Camila da Cruz. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). O PROBLEMA DA ESCRITA E A INDICAÇÃO NO ENSINO DA FILOSOFIA SOUZA, Pedro Bravo de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). CONTRIBUIÇÕES EDUCACIONAIS PIBID 2 (FILOSOFIA - UEL) TANUS, Heitor Godinho; REZINO, Larissa Farias. Universidade Estadual de Londrina (UEL). 19 Mesa-redonda: Filosofia do Renascimento e Filosofia Moderna Mediador: Niege Pavani Local: Sala 64 Hora: 14h - 18h O DEVER MORAL DE DIZER A VERDADE EM KANT E SUA IMPLICAÇÃO JURÍDICA: HAVERIA UM DIREITO DE MENTIR? ARTHUR, Izabel Cristina. Universidade São Judas Tadeu (USJT). A PAZ PERPÉTUA DE IMMANUEL KANT: NOTAS ACERCA DOS ARTIGOS DEFINITIVOS PARA A PAZ PERPÉTUA ENTRE ESTADOS ASSIS, Alexandre Gil. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). CONTRIBUIÇÕES DO PROGRESSO CIENTÍFICO PARA A UNIVERSALIZAÇÃO DA HUMANIDADE E O NASCIMENTO DO MULTICULTURALISMO PEREIRA, Sidiney Silva; SALAZAR, Nathalia Gleyce dos Santos; DE SOUSA, Beatriz Lorena. Universidade Federal do Maranhão (UFMA). A QUESTÃO DO INFINITO NA FILOSOFIA DE GIORDANO BRUNO RODRIGUES, Victor César Fernandes. Universidade Federal Fluminense (UFF). A TRANSVALORAÇÃO DA MODERNIDADE EM NIETZSCHE SILVA, Nilza Oliveira. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa (SEDAC). Mesa-redonda: Filosofia da Religião e Filosofia Medieval e Escolástica Mediador: Luiz Vicente Jácomo Local: Sala 60 Hora: 14h - 18h UMBANDA EM MACAPÁ: FÉ, MISTICISMO E PRECONCEITO UM ABORDAGEM ANTROPOLÓGICA E FILOSÓFICA BARBOSA, Adria Kassia. Universidade do Estado do Amapá (UEAP). A DISTINÇÃO CONCEITO-OBJETO NA SUMMA THEOLOGIAE, IA, Q. 85 FERREIRA, Gustavo Bertolino. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). TOMÁS DE AQUINO ACERCA DOS ATRIBUTOS DIVINOS OLIVEIRA, Elói Maia de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). CONCEITO DE TEMPO EM SANTO AGOSTINHO SILVA, Jonas dos Santos. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa (SEDAC). O ARGUMENTO ONTOLÓGICO DE GÖDEL LAMPERT, Fábio. Faculdade de São Bento (FSB). 20 Mesa-redonda: História da Filosofia Mediador: Paulo Tadao Nagata Local: Sala 45 Hora: 15h - 17h30 PARA UMA HERMENÊUTICA ACERCA DA ORIGEM DA LINGUAGEM NA OBRA CIÊNCIA NOVA DE G. VICO EM CONTRAPONTO A ORIGEM DA LINGUAGEM NA OBRA DE PLATÃO: O CRÁTILO MORAES, Kellen Ferreira de. Universidade Federal de Uberlândia (UFU). A CERTEZA EM DESCARTES SILVA, Guilherme Diniz da. Faculdade de São Bento (FSB). ORIGENS DO CETICISMO FRANCÊS DO SÉCULO XVI: HUMANISMO, AVERROÍSMO E FIDEÍSMO SILVA, Guilherme José Santini da. Faculdade de São Bento (FSB). 16 de maio Período da manhã Mesa-redonda: Filosofia Política III Mediador: Diogo Sene Local: Anfiteatro I Hora: 9h30 - 12h O CONCEITO DE DEMOCRACIA EM ESPINOSA E O LUGAR DO VULGO NA SOCIEDADE PEREIRA, Renato de Oliveira. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). ENTRE DIREITO E FILOSOFIA: NOTAS SOBRE SOBERANIA E EXCEÇÃO NA CRÍTICA DE CARL SCHMITT AO ESTADO DE DIREITO LIBERAL RAMIRO, Caio Henrique Lopes. Universidade Estadual Paulista (UNESP). O DISCURSO DE JEAN-PAUL SARTRE SOBRE O COLONIALISMO FRANCÊS E A GUERRA DE INDEPENDÊNCIA DA ARGÉLIA (1954 – 1962) SAMPAIO, Thiago Henrique. Universidade Estadual Paulista (UNESP). 21 CONTROLE, SUJEIÇÃO E DISCIPLINAMENTO: UMA REFLEXÃO TEÓRICA SOBRE ALGUNS CONCEITOS PARADIGMÁTICOS DOS ESTUDOS EM SEGURANÇA PÚBLICA JÁCOMO, Luiz Vicente Justino. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Mesa-redonda: Filosofia Contemporânea Mediador: João Antonio de Moraes Local: Sala 64 Hora: 08h30 - 12h MERLEAU-PONTY E CÉZANNE: A FILOSOFIA E ARTE E O RETORNO AO ORIGINÁRIO JATOBÁ, Jessyca Eiras. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). A CONSTITUIÇÃO CRÍTICA DA RACIONALIDADE CIENTÍFICA NO PENSAMENTO DE MICHEL FOUCAULT: MEDICINA E POLÍTICA EM O NASCIMENTO DA CLÍNICA NASCIMENTO, Thiago Tavares Vidoca do. Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). UMA POSSÍVEL ANTROPOLOGIA EM SER E TEMPO QUINTILHANO, Guilherme Devequi. Universidade Estadual de Londrina (UEL). TRANSHUMANISMO E EXPERIÊNCIA HUMANA: UMA REFLEXÃO FILOSÓFICA NA PERSPECTIVA DOS SISTEMAS COMPLEXOS SOUZA, Renata Silva; BELTRÃO, Talita. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Mesa-redonda: Filosofia Antiga e Metafísica Mediador: Oscar Sillmann Local: Sala 45 Hora: 08h30 - 12h POLITICA EM ARISTÓTELES BRUNO, Eder Ferreira. Faculdade João Paulo II (FAJOPA). “SÓ SEI QUE NADA SEI” SILVA, Geremias Gimenes da. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa (SEDAC). A GERAÇÃO DO MUNDO EM LINGUAGEM MATEMÁTICA SILVA, Pedro Henrique Ciucci da. 22 AS CATEGORIAS DO SER NA METAFÍSICA DE ARISTÓTELES SILVA, Andre Luiz Bravin da. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa (SEDAC). 17 de maio Período da tarde Mesa-redonda: Filosofia da Arte e Estética Mediador: Débora Barbam Mendonça Local: Sala 64 Hora: 14h – 18h A RELAÇÃO ENTRE A POESIA TROVADORESCA E A LITERATURA DE CORDEL EZIDIO, Camila de Souza. Universidade Estadual de Maringá (UEM). O BELO E A ARTE EM PLATÃO HOFFMANN, Raul de Souza. Universidade do Sagrado Coração (USC). O TEATRO MODERNO SOB A ÓTICA DA FILOSOFIA EXISTENCIALISTA MAGDALENO, Danieli Gervazio. Universidade Estadual Paulista (UNESP). O SENTIDO NO DRAMA ATUAL OLIVEIRA, Antonio Martins de. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). ENTRE A FIGURA E O CONCEITO: A IMAGEM DE TEMPO COMO OPERADOR CATEGORIAL EM OCTAVIO PAZ PRADO, Vinícius de Oliveira. Universidade de São Paulo (USP). DESCONSTRUÇÃO DOS SENTIDOS TEGA, Natália Marquezini. Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Mesa-redonda: Ensino de Filosofia III Mediador: Paulo Henrique Araújo Oliveira Pereira Local: Sala 41 Hora: 14h – 18h O PAPEL DO MESTRE: SERÁ O PROFESSOR FUNDAMENTAL PARA A EMANCIPAÇÃO DO ALUNO? OLIVEIRA, Leandro Gabriel dos Santos. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). 23 EPICURISMO NAS ESCOLAS ARAUJO, Mauro Juarez Sebastião dos Reis. Universidade Federal Fluminense (UFF). SENSO COMUM E FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO MARINHO, Felipe Galhardo Ruiz. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). O PROBLEMA DA FILOSOFIA DAS CRIANÇAS OLIVEIRA, Aline da Silva. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). FILOSOFIA EM EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS: EM PROL DE UMA AUTONOMIA OLIVEIRA, Fernanda Martins de. Universidade Estadual de Londrina (UEL). Mesa-redonda: Teoria Crítica Mediador: Nathália Cristina Alves Pantaleão Local: Sala 45 Hora: 15h – 17h30 ADVENTO DA PSICANÁLISE E AUTOMATISMO NAS RELAÇÕES HUMANAS: LEVANDO A FILOSOFIA DE WALTER BENJAMIN ALÉM DE SI MESMA DEL LAMA, Fernando Araújo. Universidade de São Paulo (USP). OS MEIOS PSICOLÓGICOS DE MANIPULAÇÃO NA INDÚSTRIA CULTURAL: O RISO E O TRÁGICO PEREIRA, Júlia. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Franca). BARBÁRIE E CIVILIZAÇÃO: FREUD, ADORNO E A DIALÉTICA DO ESCLARECIMENTO SHIRAKAVA, Rafael da Silva. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). 24 Resumos das Sessões de Comunicação 25 A QUESTÃO DO INDIVÍDUO EM MICHEL FOUCAULT: DA DISCIPLINA À BIOPOLÍTICA ALEIKSEIVZ, Renato Alves. Universidade Federal do Paraná (UFPR). [email protected] No texto intitulado "O sujeito e o poder" Michel Foucault afirma que todo o objetivo do seu trabalho não foi analisar o fenômeno do poder. Antes, seu objetivo foi criar uma história dos diferentes modos pelos quais, em nossa cultura, os seres humanos tornaram-se sujeitos. Neste mesmo texto ele afirma que, em determinado período do seu trabalho, estudou a objetivação do sujeito naquilo que chamou de "práticas divisoras". Ou seja, por meio dessas práticas o sujeito é dividido no seu interior e também em relação aos outros. Esse processo acaba por objetivá-lo. Em outro texto Foucault afirma que "todo poder é físico". O poder assim se dá, ou melhor, age ao nível dos corpos dos indivíduos; o poder penetra no corpo, encontra-se exposto no corpo. Se o poder não foi o centro de interesse de Foucault, mas antes, foi a questão do indivíduo, o poder apareceu em suas análises com grande frequência. Sendo assim, pretende-se analisar como o indivíduo é constituído pelas relações de poder. Para tanto, voltaremos em alguns textos da década de 1970 - o período chamado de genealógico - tendo como objetivo mostrar a constituição do indivíduo, desde as primeiras análises sobre poder disciplinar, até culminar em suas primeiras formulações sobre a biopolítica. Portanto, nossa intenção é mostrar, assim como Foucault afirma nas páginas finais do primeiro volume da "História da sexualidade", como esse poder sobre a vida se desenvolve a partir do século XVII sob duas formas principais. São dois pólos de desenvolvimento que não são contrários entre si, mas constituem um desenvolvimento interligado por todo um feixe intermediário de relações. O primeiro pólo foi centrado no corpo como máquina. As análises do corpo, ou do indivíduo, centrado nessa concepção tem seu lugar principal em "Vigiar e punir", onde o corpo é tomado como tendo em vista seu adestramento, a ampliação e extorsão de suas forças, no crescimento paralelo de sua utilidade e docilidade. Tudo isso ancorado em procedimentos de poder que caracterizam as disciplinas: anátomo-política do corpo humano. O outro pólo se forma mais tarde, por volta do século XVIII e centrou-se no corpo-espécie. Essa nova forma de poder que se exerce sobre a vida só pode se dar mediante uma série de intervenções e controles reguladores, isto é, uma biopolítica da população. Palavras-chave: Disciplina; Biopolítica; Indivíduo; Corpo. 26 A CRÍTICA DE HANSLICK À IDÉIA DE MÚSICA ENQUANTO MEIO À LUZ DO CONCEITO NIETZSCHIANO DE DÉCADENCE ALENCAR FILHO, Fernando Luiz. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] Em Do Belo Musical, Hanslick ocupa-se com uma pormenorizada análise do que seja propriamente o belo na música. Para tanto, antes de enunciá-lo, vê-se o autor inescapavelmente compelido a criticar severamente a perda de autonomia da música que se verificava largamente em sua época, sendo a concepção de música programática a maior expressão dessa heteronomia. Já n´O Caso Wagner, Nietzsche nos presenteia com uma análise excepcionalmente original e minuciosa do procedimento wagneriano na música, identificando-o com o que ele conceitua como décadence artística, esta sendo mero sintoma de uma outra espécie primordial de décadence, a saber, a fisiológica. Considerando que, em seu tempo, a música wagneriana foi a expressão mais acabada da música de programa, persigo, então, o objetivo de traçar uma aproximação entre os escritos de Hanslick e Nietzsche, particularmente entre a crítica hanslickiana à música enquanto expediente para representar elementos extramusicais e expressar sentimentos e o entendimento nietzschiano de décadence. Palavras-chave: Nietzsche, Hanslick, Décadence, Música de Programa. O INTELECTUAL E A ATITUDE CRITICA EM FOUCAULT: REPENSAR O PAPEL DO EDUCADOR ALMEIDA, Jonas Rangel de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] O presente trabalho apresenta alguns resultados de pesquisa empreendida em filosofia da educação. O papel do intelectual ocupa lugar importante no pensamento de Foucault adquirindo durante sua vida e pensamento um relevo ético-político. Utilizando de forma e ampla e difusa Foucault entende que o aparecimento da figura do intelectual específico marca uma nova relação entre teoria e prática, estas decorrem de novas configurações de poder, da produção de relações poder que, ao modificarem todo tecido social, politiza o papel do intelectual a partir de sua ocupação especifica, condições de vida e trabalho, caracterizando essa relação como certa transversalidade. Contudo, a partir da problematização da ontologia do presente Foucault passa inscrever o intelectual ao mesmo tempo como elemento e ator no presente, mostrando por meio de uma analítica do poder como este se relaciona intimamente com a produção e 27 funcionamento do dispositivo geral de verdade em nossa sociedade. Portanto, exige uma reelaboração do papel do intelectual face aos dispositivos de verdade que procuram submeter à subjetividade, desse modo, tal relação ganha uma forma ética. Nesse sentido, para Foucault, o intelectual pode fazer uso de uma atitude critica diante de um quadro de governamentalização do Estado. A crítica não libera o intelectual do poder, mas, abre um campo possibilidades para a criação de resistência e praticas de liberdade. Não seria o intelectual uma das figuras na qual se apoiou o sujeito da ação pedagógica e, particularmente, o educador nas últimas décadas, dentre outras que se sobrepuseram a ele ao longo da história (o padre, o militar, o professor, o filósofo, etc). De acordo com Foucault as lutas contemporâneas são lutas pelo governo da subjetividade. Logo fazer uso de uma certa atitude critica permite, o educador resistir aos estados de dominação, isso é, ao bloqueio e o congelamento das relações de poder através de sua superprodução, cujo dispositivo de obediência determinar uma identidade única e fixa ao sujeito. Essa atitude não se limita às esferas do Estado, ela diz, respeito a relações de governo consigo mesmo e com os outros. Palavras-chave: Intelectual; Atitude Critica; Educador. A VIRADA NATURALISTA NA FILOSOFIA ARAMOR, Marlon Henrique. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] O objetivo deste trabalho é analisar a relevância filosófica da virada naturalista na filosofia. Segundo John Dewey, o método de investigação de Darwin, na obra Origem das Espécies, provocou uma revolução na maneira de pensar o mundo e uma virada naturalista na filosofia. Esse método que influenciou Pierce, James e o próprio Dewey, recusa o transcendentalismo no processo de conhecimento a priori e ao antropocentrismo. Uma das características centrais dessa virada é propor uma nova lógica, uma maneira diferente de olhar os problemas filosóficos propondo novas questões: é desejável olhar para o mundo de maneira horizontal e sistêmica; observar a espécie, como agentes situados e incorporados em um ambiente dinâmico. Nesse trabalho propomos uma analise e discussão na virada naturalista na filosofia em duas vertentes, a darwiniana, que enfatiza a competição, e a sistêmica, que ressalta a cooperação; apresentada por um dos seus interlocutores Alfred Russel Wallace. Finalmente apontaremos algumas das implicações éticas, argumentando que a Origem das Espécies introduziu uma inevitável transformação na lógica do pensamento e, portanto, em uma nova forma de moral, política e religião. 28 Palavras-chave: Darwin; Wallace; Virada Naturalista. EPICURISMO NAS ESCOLAS ARAUJO, Mauro Juarez Sebastião dos Reis. Universidade Federal Fluminense (UFF). [email protected] A paidéia epicúrea, através de uma série de exercícios (askésis) filosóficos que vão desde o conhecimento da phýsis e o aprendizado de como calcular os melhores prazeres a serem buscados, ao reconhecimento da importância da amizade (philía); visa libertar o homem de seus temores e vícios para que o mesmo alcance a aponía (ausência de dores), a ataraxía (imperturbabilidade da alma) e, enfim, a eudaimonia (felicidade). Levando-se em consideração o apelo atual da mídia ao consumo compulsivo de certos produtos (alegando que estes podem trazer a felicidade), bem como o papel social do professor, o objetivo do presente trabalho é explorar em que medida a paidéia epicúrea pode auxiliar na construção de uma abordagem filosófica no ensino médio brasileiro, uma vez que a mesma visa instruir o homem sobre como alcançar a felicidade. Palavras-chave: Epicurismo; Ensino de Filosofia; Papel Social do Professor. O DEVER MORAL DE DIZER A VERDADE EM KANT E SUA IMPLICAÇÃO JURÍDICA: HAVERIA UM DIREITO DE MENTIR? ARTHUR, Izabel Cristina. Universidade São Judas Tadeu (USJT). [email protected] Este trabalho tem por objetivo, analisar o debate filosófico travado entre o filósofo alemão, Immanuel Kant e o francês, Benjamim Constant, com a abordagem dos pontos de tensão dos argumentos por eles apresentados, respectivamente, sobre o dever de veracidade e um "direito" de mentir. A controvérsia entre os filósofos é iniciada por Constant que no capítulo 8, "Dos Princípios", de sua obra Das Reações Políticas (1797), faz uma crítica ao princípio da veracidade kantiana, expondo sua tese sobre os princípios primeiros e a exigência de princípios intermediários que viabilizariam a aplicação dos primeiros, pois, a seu ver, o princípio moral, que dizer a verdade é um dever, se fosse considerado de uma maneira absoluta e isolada, tornaria impossível toda a sociedade. E, sendo o dever inseparável da ideia de direitos, onde não há direitos não há deveres. Em sua concepção a verdade só deve ser dita a quem a ela tem direito. Kant, em seu texto "Sobre um Suposto Direito de Mentir por Amor a Humanidade", responde à crítica do filósofo francês e apresenta uma análise da 29 argumentação presente nas teses expostas pelo francês e aponta a ilogicidade do conceito de direito de mentir. Kant entende que ser veraz é um dever incondicional do homem para consigo mesmo, portanto, subjaz à moral e ao próprio direito. Constant coisifica a verdade, podendo então esta ser concedida a um e negada a outro. Em nossa análise, podemos constatar que a controvérsia entre Immanuel Kant e Benjamim Constant, baseia-se na concepção que cada um possui a cerca dos princípios norteadores da moral e do direito. Para Kant tais princípios são formulados e justificados a priori, pela razão prática pura e não podem sofrer qualquer influência empírica, ou seja, não podem ser afetados pelos fatos da experiência. Portanto, valem incondicionalmente e independem de resultados. O dever de veracidade, como imperativo categórico, ditado pela razão prática pura, não admite exceções e, deve nortear todas as declarações. Em Constant os princípios intermediários, possibilitariam a aplicabilidade dos princípios primeiros, com adaptação empírica, podendo a mentira ser utilizada como meio para evitar um dano. Concluímos que, embora, sejam o dever moral e o dever de direito distintos, é a autonomia da vontade, como princípio supremo da moralidade, como defende Kant, que fundamenta a Metafísica dos Costumes e, portanto, o próprio direito. Palavras-chave: Dever Moral; Verdade; Direito. A PAZ PERPÉTUA DE IMMANUEL KANT: NOTAS ACERCA DOS ARTIGOS DEFINITIVOS PARA A PAZ PERPÉTUA ENTRE ESTADOS ASSIS, Alexandre Gil. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] A segunda Seção do opúsculo À paz perpétua (1795) de Immanuel Kant, ao contrário da primeira, que foca os artigos preliminares para a paz perpétua entre os Estados, cuida de alguns artigos definitivos para se chegar a esse estado. São precisamente três artigos definitivos, a saber: 1º) "A constituição civil em cada Estado deve ser republicana", 2º) "O direito das gentes deve ser fundado sobre um federalismo de Estados livres", 3º) "O direito cosmopolita deve ser limitado às condições da hospitalidade universal". Acompanham tais artigos dois "Suplementos": um intitulado "Suplemento da Garantia da paz perpétua" e outro que consiste num "Artigo secreto para a paz perpétua". O propósito de nosso texto é expor uma reconstrução inicial de toda a argumentação contida nesse material e balizar dois pontos: como é sustentado o núcleo da teoria da paz nos artigos definitivos; como as condições morais e aprióricas da paz, tratadas em toda a segunda Seção, se articulam com a noção de República (então recém instituída nos Estados Unidos e na França) como uma inovação de Kant. O 30 pressuposto básico que norteou nosso estudo é que Kant não visa nenhum interesse político com suas postulações teóricas e dissocia a ideia de paz de um conteúdo religioso ou teológico. A dificuldade então surge na medida mesma em que o republicanismo, sendo uma ideia tão somente política, tem de ser pensado dissociado do interesse político, e de modo a ser admitida sua relevância política para a defesa moral da paz. Com a reconstrução dos argumentos de Kant procuraremos superar essa dificuldade buscando um nexo ou articulação entre os artigos e os suplementos que os acompanham. Palavras chave: Immanuel Kant; Paz; Republicanismo. SISTEMAS COMPLEXOS: UM OLHAR A PARTIR DO DUPLOVÍNCULO BATESONIANO AZEVEDO, Laura Rosa Kugler de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] O objetivo desse trabalho é discutir o seguinte problema: é possível caracterizar o conceito de duplo-vínculo a partir do conceito de sistemas complexos? Para isso, teremos como ponto de partida a elucidação de sistemas complexos exemplificada por Morin (2008) e o duplo-vínculo, por Bateson (1986). Sistemas complexos podem ser caracterizados como sendo constituídos de várias partes que interagem entre si, de forma auto-organizada, apresentando propriedades emergentes. As propriedades emergentes do sistema direcionam o comportamento de seus constituintes, possibilitando interações em diferentes camadas. Já com a hipótese de duplo-vínculo, Bateson defende a ideia de que existe uma codependência entre fatores de tal forma que cada uma deles afeta simultaneamente o outro. Sendo assim, argumentaremos que num sistema complexo podem ter componentes que primam pela ordem e pela desordem, sendo que o duplo-vínculo acontece nessa interação ordem/desordem resultando em propriedades emergentes desse sistema. Empregando esse pressuposto, pretendemos explicar em que medida o duplo-vínculo pode ser caracterizado a partir da dinâmica dos sistemas complexos. Palavras-chave: Sistemas Complexos; Duplo-vínculo; Auto-organização; Propriedades Emergentes. UMBANDA EM MACAPÁ: FÉ, MISTICISMO E PRECONCEITO UM ABORDAGEM ANTROPOLÓGICA E FILOSÓFICA BARBOSA, Adria Kassia. Universidade do Estado do Amapá (UEAP) [email protected] 31 O sentimento religioso, a crença no sobrenatural, a fé em um Deus criador: o homem está sempre em busca de algo que o leve a acreditar na possibilidade da transcendência. Apesar do enfraquecimento da religiosidade na vida das sociedades diante da valorização das ciências e do próprio homem, as religiões sobrevivem até as sociedades atuais. Dentre as religiões existentes no Brasil, as de origem africanas são as que mais sofrem várias formas de incompreensão, entretanto, estas, assim como outras manifestações religiosas, também possibilitam ao homem resolver suas angústias existenciais através da transcendência. O sentimento religioso é um fenômeno especificamente humano, portanto, o homem busca respostas no sobrenatural e no divino para resolver seus dilemas existenciais. Diante destas considerações, propomos um exame da Umbanda sob a ótica da Fenomenologia da Religião. Palavras-chave: Deus; Homem; Transcendência; Religião. O DISCURSO DEMOCRÁTICO PELA LIBERDADE Á LUZ DA GENEALOGIA DE MICHEL FOUCAULT BEZERRA, Edilene Alves. Universidade São Judas Tadeu (USJT) [email protected] A presente pesquisa procura explorar a problemática do discurso à luz da genealogia do poder em Michel Foucault. Ela parte da hipótese de que se pode, a partir de uma análise dos discursos produzidos em forma de processos administrativos disciplinares e judiciais decorrentes das reivindicações e manifestos dos alunos e funcionários da Universidade de São Paulo (USP), falar em uma produção do discurso democrático pela liberdade. A proposta da pesquisa é realizar uma análise do discurso democrático pela liberdade produzido pela própria Instituição a partir do método foucaultiano para investigar e exemplificar de que modo se dá a produção do discurso estruturalmente em nossa sociedade. Em seus estudos, Foucault enfatiza que em uma sociedade, especificamente a sociedade ocidental, se identifica uma estrutura de múltiplas formas de poder que atuam a partir de mecanismos e discursos constituídos historicamente. Essas relações de poder necessitam de uma produção do discurso para se estabelecer e funcionar que instaura para uma determinada época condições de possibilidade de um saber. Sendo assim, perguntar pelo funcionamento desse discurso, é perguntar pelo tipo de saber e efeitos produzidos por uma instituição pública educacional que assume, do ponto de vista foucaultiano, o papel de aparelho de controle, vigilância e exame do indivíduo, além do cálculo e da organização que faz do espaço público, atualizando, assim, mecanismos de disciplinarização e modos de biopoder. 32 Sempre que se falar de liberdade nesta pesquisa, falar-se-á em dois sentidos que, embora passíveis de serem abordados separadamente, interpenetram-se como dois momentos do mesmo fenômeno. O primeiro sentido é o de discurso. Dos efeitos delimitados por Foucault sobre o poder, o discurso se encontra entre os mais estudados e sistematizados, configurando o marco de sua guinada da análise da linguagem enquanto estrutura (arqueologia) e que serviu para o seu estudo enquanto estratégia (genealogia). O segundo sentido é o de relação. Em Foucault, a liberdade é a configuração de um tipo de relação de poder. Nessa perspectiva, interessa sempre descrever que tipo de relação de poder corresponde à liberdade e de que modo ela se materializa no discurso, além das sujeições e das práticas que produz. O discurso democrático pela liberdade, enquanto produção de um saber e como relação de poder deverá ser analisado segundo a primeira e a segunda fase do pensamento do autor. A saber, a arqueologia e a genealogia. Palavras-chave: Discurso; Relações de Poder; Liberdade. O ENSINO DE FILOSOFIA: RESSIGNIFICAÇÕES DENTRO DO SISTEMA CAPITALISTA BRANZES, Karina Karem Rozendo de Lima. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] Este estudo, baseado em levantamento bibliográfico acerca do ensino de filosofia no ensino médio, tem como objetivo discutir o papel do ensino de filosofia no contexto das contradições do capitalismo atual. A expansão do sistema capitalista esboçou a instituição de escolas como a conhecemos hoje, vinculada à produção de homens com conhecimentos e necessidades alinhadas ao desenvolvimento desenfreado do capital, acentuando-se a contradição crescente entre o indivíduo como ser que age intencional e conceitualmente sobre si e sobre a natureza, versus este homem alienado de si e do mundo. Como disciplina, a filosofia tem se distanciado do desenvolvimento cognitivo e afetivo de formação omnilateral à qual seria própria a si mesma, enquanto conhecimento concreto construído acerca do mundo humano, do conhecimento da estrutura da coisa em si e para si. Considerando a contradição do sistema escolar e o papel da filosofia no seu interior como expressão do conhecimento reflexivo, a filosofia, se tratada como disciplina conteúdista, esvazia-se de significado ao estudante e de sua própria natureza e realidade social, não se encontrando sua importância nem se enxergando enquanto sujeito da história. Concluímos que apesar das contradições, o ensino da filosofia no ambiente escolar poderá, se considerar como a desmistificação da vida cotidiana e a apropriação de vivências por parte 33 de professores e estudantes, elaborando sínteses, possibilitando um fruir do indivíduo de forma consciente e se reconhecendo como sujeitos históricos. Palavras-chave: Ensino Médio; Filosofia; Capitalismo; Significado. A ORIGEM DA LINGUAGEM BRUNETTO, Guilherme Isaac. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa (SEDAC). [email protected] Esta comunicação tem como interesse principal expor a ideia de RosenstockHuessy, contida em seu livro A Origem da linguagem, especificamente sobre o problema da origem da linguagem em âmbitos primitivos que está contextualizada na concepção primordial e central exercida pela morte, diferenciando-se assim da concepção moderna que possui uma ideia de construção subjetiva da linguagem. Utilizamos a linguagem para dar nome aos objetos, aos indivíduos, e como uma forma de comunicação de fatos. Para o autor, este "nome" que se tem de uma determinada objetividade não é apenas uma definição que compreende um significado particular, mas é algo coberto de uma história intrínseca ao objeto. Esta história era algo vivenciado primeiramente pelos indivíduos, ou seja, um conceito surgia de uma vivência que eles perpassavam. Esta vivência, no entanto, se constitui em um período que se desenvolve no espaço e no tempo. Como este conceito é transmitido após a morte, tem-se a percepção de que todo o indivíduo tem um precedente e terá também um sucessor. Desta maneira a origem da linguagem está contida na morte que proporciona esta ideia de continuidade de uma vivencia, de um conceito. Sendo assim, a linguagem já existe antes do indivíduo, o que propõe um interdito ao paradigma moderno da construção subjetiva da linguagem. Palavras-chave: Linguagem; Morte. POLITICA EM ARISTÓTELES BRUNO, Eder Ferreira. Faculdade [email protected] João Paulo II (FAJOPA). Conhecemos e reconhecemos a imensa contribuição de Aristóteles para o mundo da filosofia, e sabemos também que o mesmo inicia suas teorias políticas, durante seu contato com a educação de Alexandre "O Grande", e acreditava ele ser a Política a mais suprema das ciências, a qual as demais estão subordinadas, e da qual essas mesmas se servem numa cidade. O objetivo deste trabalho é 34 traçar em linhas gerais, as observações de Aristóteles a respeito do homem sobre seu caráter político, e sua forma de viver na Polis ou em uma sociedade organizada. Concebida então a ideia de organização do homem, como sendo de impulso natural, e dever da sociedade de se organizar conforme essa mesma natureza, esse mesmo trabalho objetiva também levar o leitor a compreensão de algumas questões dentre elas a de quem deve ser a missão de guiar a organização de uma sociedade. E ainda diante dessa mesma indagação apresentar ao leitor, que é apenas a busca de um determinado bem, que unida aos anseios dos homens que a organizaram, são capazes de nortear tal sociedade, partindo do princípio de que para Aristóteles essa organização socialmente adequada à natureza humana é a pólis, ou seja a cidade-Estado da Grécia Antiga. Palavras-chave: Política; Homem; Sociedade; Organização. CONSTRUINDO UM PENSAR AMPLO, CRÍTICO E CRIATIVO CAMARGO, Vinícius Pereira de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] O presente trabalho trata da relação professor-aluno. Pretendemos desenvolver estratégias que permitam ao professor de filosofia criar conjuntamente aos seus alunos um tipo de pensamento diferente do que temos encontrado contemporaneamente nas escolas que temos visitado em nossa pesquisa PIBID/CNPq. Acreditamos que o ensino de filosofia no nível médio brasileiro é caracterizado por a representação de um pensamento linear, onde os alunos tendem a decorar inúmeros conceitos transmitidos pelos professores e pelas apostilas. Isso provoca a carência de significado com os problemas filosóficos que os rodeiam, se resumindo o ensino de filosofia, em não raras vezes, ao acúmulo teórico de informações que se repete na Universidade, isso quando os professores não se deparam com outra barreira, sendo ela, a dificuldade de elaboração de raciocínio de seus alunos. Baseado nos trabalhos de Mathew Lippman, procuraremos mostrar como o ensino de filosofia pode se tornar mais atrativo à medida que o professor de filosofia é apenas um mediador no pensar dos seus alunos, oferecendo-lhes um espaço investigativo-dialógico na sala de aula, incitando-os a analisar e reelaborar um problema por vários ângulos Isso implica um novo posicionamento que deve ser tomado pelo professor-mediador em face dos seus alunos. Espera-se desse novo perfil de professor de filosofia um amplo conhecimento dos problemas e cotidiano de seus alunos e, sobretudo, que os incite a relacionar a filosofia aprendida nos livros como um arcabouço para pensar os seus próprios problemas existenciais. 35 Palavras-chave: Educação; Filosofia; Pensar; Criatividade; Crítico. A RELAÇÃO ENTRE SABER E PODER EM FOUCAULT CASEIRO, Guilherme Varallo. Universidade Estadual (UNESP/Marília). [email protected] Paulsita Como principal base desta pesquisa foi utilizado o curso proferido por Michel Foucault e gravado no Collège de France nos anos de 1975 e 1976. Este curso foi publicado em um livro denominado Em Defesa da Sociedade. Nele, ao contrário das precedentes tentativas de definição do que é o poder, como a de Reich, na qual o poder é considerado como essencialmente repressivo, ou a de Marx e dos filósofos do século XVIII, que o consideram como secundário à economia - aquilo que Foucault denomina como economismo do poder -, a concepção do autor francês é a de que o poder é múltiplo e só existe em ato e por isso não é possível fazer um conceito do poder. Sabe-se dele algumas coisas: que é uma relação de força e que produz saber. Como é uma relação de força, existe resistência e a análise deve ser feita em termos de guerra e de luta. Por produzir saber e este também ser considerado como uma forma de poder, o saber deve ser analisado através da mesma perspectiva belicosa. Através dessas análises o autor o autor conclui três coisas: que as relações de poder, tais como funcionam em sociedades como a nossa, têm essencialmente como fundamento a certa relação de força historicamente precisável na guerra e pela guerra. A política é recondução e a sanção do desequilíbrio das forças manifestado na guerra. Segundo: essas relações de poder e de força, existentes no interior dessa "paz civil" devem ser interpretadas como continuações da guerra, devem ser decifradas como episódios da própria guerra; terceiro: a decisão final só pode emergir da guerra. A batalha final suspenderia, afinal, o exercício do poder como guerra continuada. Em qualquer sociedade, as múltiplas relações de poder que perpassam, caracterizam e constituem o corpo social só podem se estabelecer e funcionar com a produção, acumulação e circulação do discurso verdadeiro. Este permite o exercício do poder, a partir e através dele. Isto é válido em toda a sociedade, mas essa relação entre poder, direito e verdade se organiza de modo bastante particular nas sociedades tratadas por Foucault. Nelas, o poder exige a produção da verdade pra que ele possa funcionar. Da mesma maneira, se é submetido à verdade enquanto norma decisória, enquanto propulsora de efeitos de poder, pois ela julga, condena, classifica, destina a um modo de vida ou de morte. Portanto, o percurso seguido por Foucault analisa as regras de poder e o poder dos discursos verdadeiros. Palavras-chave: Poder; Saber; Verdade. 36 A CONCEPÇÃO TRÁGICA DE JASPERS E SUAS IMPLICAÇÕES CEZAR JUNIOR, Jó Rodrigues. Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). [email protected] Este trabalho se dispõe a apresentar um modo específico de conceber a tragédia e o trágico a partir do horizonte da culpa. Nosso objetivo consiste em identificar e estabelecer as diferentes chaves de interpretação presentes na ideia de mundo grego e mundo cristão possibilitando, posteriormente, um debate acerca da interpretação cristã dos elementos estruturais da tragédia. A leitura do Édipo Rei e a discussão em torno à obra de Sófocles permite sugerir o desconforto proporcionado pela tradição com relação à recepção do legado grego. Afirmar que o processo agônico executado por Édipo, pelo fato de haver assassinado o próprio pai (parricídio) e por ter casado com sua mãe (incesto) implicaria uma noção de culpa incipiente advém anacrônico. Questões como o problema da liberdade e o destino humano, como determinação e autonomia, como manipulação e fantoche e indeterminação, possuem espaço na tragédia? É possível atribuir culpa na tragédia? Existiria, na tragédia, grega, possibilidade da culpa ontológica? O que é culpa? Este trabalho busca examinar as questões apresentadas com a intenção de demonstrar o quanto é contraditória e incompatível a concepção de culpa como identidade na tragédia antiga. Palavras-chave: Culpa; Trágico; Tragédia; Destino. A RELAÇÃO ENTRE ACASO E NECESSIDADE NA PERSPECTIVA DA TEORIA DA COMPLEXIDADE COELHO, Rafael Teruel. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] O presente trabalho objetiva discutir alguns dos conceitos fundamentais na Teoria da Complexidade, tais como os conceitos de ordem, desordem e autoorganização e emergência, partindo do pressuposto de que esta última seja, possivelmente, produto de eventos que envolvem aleatoriedades e necessidade. Aos olhos dos teóricos da complexidade, nossa realidade múltipla e dinâmica pode ser fruto não somente de determinismos, tampouco de aleatoriedades e acontecimentos casuais, mas sim da relação (aparentemente conflituosa) entre acaso e necessidade. Um universo totalmente desprovido de regularidades parece pouco viável, visto que seria inevitável o caos e a desordem; por outro lado, em uma realidade necessariamente determinista, a liberdade e a autonomia 37 não se tornam possíveis. É nesta perspectiva que os teóricos da complexidade investigam o papel das possíveis relações entre elementos antagônicos e conflitantes no processo de formação de organizações. Por fim, apresentaremos alguns pressupostos centrais de tal teoria salientadas na obra Ciência com consciência (2008) de Edgar Morin, como as noções de qualidades emergentes, princípio hologramático e produção recursiva com o intuito de clarificar a noção de complexidade. Palavras-chave: Acaso; Necessidade; Emergência; Complexidade. A EXISTÊNCIA NO MUNDO REAL: O DESENVOLVIMENTO DO SEREM-SI AO SER-PARA-SI COSTA, Júlio César Rodrigues. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] O Objetivo deste trabalho é investigar a relação entre o Ser-em-si e o Ser-parasi, que são as existências reais e não meramente abstratas na Filosofia de Hegel, abordando definições chaves para entender essa relação, começando pela Lógica, ciência do pensar, do pensamento puro, e então o mais puro e simples objeto, que é divida em três momentos: A. o Abstrato ou Intelectual, onde o pensamento primeiro se dá, através de definições rígidas de seu objeto, diferenciando-o daquilo que não é necessário neste momento; B. o Dialético ou Negativo-Racional, que é tudo aquilo que fora negado no momento anterior, ou seja, tudo o que não é o objeto do momento anterior; e C. Especulativo ou Positivo-Racional, uma união de ambos os momentos, tomando-os como necessários para o desenvolvimento um do outro, e da concretude composta e real, não simples e abstrata. Porém, são nessas características simples que o composto tem seu início, e o que temos de mais simples é: A. o Ser enquanto tal, simples e absoluto, abstraído de peculiaridades, imediato e indeterminado; B. o Nada, que se define do mesmo modo: simples e absoluto, completamente sem peculiaridades, imediato e indeterminado; e C. o Devir, que é a unidade destes momentos simples e abstratos e, portanto, composto e real: é o vir-a-ser e o deixar-de-ser do ser real. O desenvolvimento desse ser real se dá também através de três momentos: A. o Ser-em-si, início do ser real, que ainda não se realizou até sua finalidade, mas que tem em-si tudo o que precisa para fazê-lo, como a semente de uma árvore; B. o Ser determinado, que é o ser que é já existente mas não atingiu a sua meta e tampouco é o início, como a planta que já cresceu mas ainda não dá frutos; e C. o Ser-para-si, que é o ser que já tem todas as suas propriedades reais, ser que já atingiu sua finalidade, como a árvore que finalmente, depois de passar pelos dois passos anteriores, dá seus frutos. Mas 38 nessa relação parece haver um problema: o Ser-em-si, que ainda não é o que pode ser, se coloca por si na existência, ou seja, é ele próprio que se "germina" até o Ser-para-si; ora, se as características ainda não existem, como pode o Ser desenvolver estas sem saber delas (ora, se elas não existem, não as conhece)? Isso não parece possível: o Se, precisa conhecer o que desenvolver para fazê-lo, e esse conhecimento se dá mediante um impulso exterior a ele próprio: como um professor que o ensina a tocar violão, para então desenvolver essa habilidade. Palavras-chave: Hegel; Ser-em-si; Ser-para-si; Pensamento; Lógica. POR QUE O PSICÓLOGO DEVE "FILOSOFAR"? - ANÁLISE DAS PRÁTICAS PSI E A MEDICALIZAÇÃO DA INFÂNCIA CRUZ, Murilo Galvão Amancio. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Assis). [email protected] Este trabalho faz parte de uma pesquisa de iniciação científica, financiada pela FAPESP, em que problematizamos o campo de saberes psi através da filosofia de Canguilhem, Foucault e Deleuze. É inegável a influência da filosofia no saber psicológico. Ainda que vivamos em uma "era das neurociências" - e há quem diga que a filosofia de nada serve à psicologia -, temos desde o seu surgimento um casamento formidável entre esses dois campos do saber. É difícil buscar as origens da psicologia, isto é, de um campo de saber em torno da psique ou alma humana. Alguns buscam no laboratório de Wundt, do século XIX, outros nas instituições disciplinares que emergiram a partir do século XVIII. O fato é que se pudéssemos perguntar, desde a antiguidade, aos filósofos "Em que estes se preocupavam com a psique?" Encontraremos ali uma caixa de ferramenta útil à prática psicológica. Se metaforizarmos que o campo de saber da psicologia vive como um pêndulo em que, ora tende aos aspectos biológicos do ser, ora tende aos aspectos subjetivos; certamente afirmaremos que hoje o pêndulo está para o lado biológico. Como dito acima, vivemos a "era das neurociências", em que alguns pesquisadores afirmam situar no corpo, enquanto entidade anatômica, tudo aquilo que somos, sentimos, fazemos... O cérebro assume papel de destaque para que nossas emoções, sensações, prazeres sejam lidos de acordo com o número ou natureza de suas conexões, sinapses, etc. Utilizamos da filosofia de Canguilhem que questiona as dimensões do que seria considerado normal/anormal; saúde/doença; e de Foucault, que em toda sua obra, de alguma forma, coloca em questão as relações de poder/saber/verdade que as ciências, sobretudo a psiquiatria, engendram; para a partir destes autores problematizarmos a prática psi. Concluímos que vivemos uma sociedade mista de disciplina e controle em que a medicalização, isto é, a organização de um 39 saber médico em torno de questões sociais, políticas e econômicas, surge como efeito histórico e isso se deve em grande medida à falta de um olhar crítico e um pensamento filosófico sobre a ciência e aquilo que está imposto. Nesse sentido reafirmamos a necessidade do exercício do pensamento filosófico nas práticas psi a fim de potencializar os sujeitos e não reduzi-los ao orgânico, numa luta contra a patologização dos comportamentos e a medicalização. Palavras-chave: Foucault; Medicalização; Psicologia. A DEMOCRACIA EM ESPINOSA CRUZ, Nayara Sandrin da. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] Este trabalho tem como objetivo, analisar o conceito de democracia segundo Espinosa. Para entendermos o conceito do referido autor, analisaremos o estado de natureza, momento que antecede o Estado. Partindo desse pressuposto discutiremos a democracia, que na perspectiva do filosofo é o mais livre dos Regimes políticos. No estado de natureza, os homens permanecem em constante conflito, pois imaginam que sua sobrevivência consiste em enfraquecer os demais. Na visão do pensador, os indivíduos possuem direitos limitados apenas pela própria potência, ou seja, por direito natural o homem pode conquistar tudo que desejar, desde que tenha aptidão para tal. Porém, o autor ressalta que no estado de natureza, um só individuo jamais conseguirá precaver-se de todos os outros, portanto o direito natural "é nulo e consiste mais numa opinião que numa realidade, portanto não há nenhuma garantia de o manter (Espinosa, 2009, p.19)" Na concepção do pensador, é muito mais vantajoso que vivam em um Estado organizado e que em conjunto busquem desenvolver-se. Porém para Espinosa, não basta que os homens apenas vivam em sociedade, é preciso que o regime que estruture tal Estado, seja aquele que proteja o direito natural dos indivíduos, mantendo a liberdade dos mesmos. O único regime que preserva o direito natural e que não os mantém sob opressão é o Democrático, nele os cidadãos transferem sua potência a sociedade, e só esta detém a soberania suprema da qual todos tem que obedecer. Portanto, os indivíduos em conjunto deliberaram acerca de tudo. A soberania não é transferida a apenas um, ou um grupo restrito, como é o caso dos regimes Monárquico e Aristocrático, está distribuída na totalidade, sendo participada por todos. Na visão de Espinosa, a democracia é, portanto o melhor dos regimes é aquele em que é efetivamente desempenhada a função do estado, que é conduzir os homens a uma vida livre. Estes decidem abdicar o direito de serem senhores de seus atos, não como escravos sem participação no poder, mas como sujeitos ativos, que estão sob a jurisdição da 40 cidade por meio de leis comuns, decretadas coletivamente. Para o desenvolvimento desta pesquisa foram realizadas análises acerca de importantes obras de Espinosa como: Tratado Teológico Político, Tratado Político, Ética e alguns comentadores como Marilena Chauí. Este trabalho possuí certas limitações, pois se trata de um projeto em execução que se encontra em fase inicial, portanto não apresentaremos resultados e conclusões. Palavras-chave: Democracia; Direito Natural; Espinosa. ADVENTO DA PSICANÁLISE E AUTOMATISMO NAS RELAÇÕES HUMANAS: LEVANDO A FILOSOFIA DE WALTER BENJAMIN ALÉM DE SI MESMA DEL LAMA, Fernando Araujo. Universidade de São Paulo (USP). [email protected] Este trabalho pretende buscar, a partir do diagnóstico benjaminiano do declínio da experiência que rege a vida do homem na modernidade, algumas consequências para a sua vida psíquica. Cabe observar que esta não é uma questão posta e profundamente explorada por Benjamin; há, porém, algumas sugestões e indicações, as quais proponho explorar. Minha estratégia consistirá em, após uma breve explanação sobre as linhas fundamentais do diagnóstico benjaminiano, orientar nossa exposição para dois tópicos principais: no primeiro, trataremos de relacionar o surgimento da psicanálise com o advento da modernidade, já que esta carrega em seu bojo a condição de possibilidade para o surgimento daquela, a saber, a ascensão do indivíduo burguês e seu desprendimento em relação a uma tradição, outrora assegurada pela vida em comunidade; no segundo tópico, teceremos algumas considerações a respeito do ritmo de vida na modernidade, com sua temporalidade acelerada e guiado pela lógica do choque, e a barreira que ele impõe à livre imaginação criadora, no horizonte do automatismo provocado por ele no tocante às relações do homem com outros homens e com o mundo. Palavras-chave: Walter Benjamin; Experiência; Choque; Automatismo; Psicanálise. FILOSOFIA DA LINGUAGEM E ATOS DE FALA: CONTRIBUIÇÕES PARA A TEORIA DOS ESTADOS MENTAIS SEGUNDO JOHN SEARLE 41 DUARTE, Bruna Maria Lemes; PEREIRA, Paulo Henrique Araujo Oliveira. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] O objetivo deste trabalho é investigar de que maneira aspectos da filosofia da linguagem contribuem para a filosofia da mente, em especial para a teoria da Intencionalidade de John Searle. De acordo com Searle (1995), é possível uma aproximação entre estados Intencionais e atos de fala, no sentido de que estados Intencionais representam estados de objetos e estados de coisas do mundo. Partindo de tais pressupostos, analisaremos como a filosofia da linguagem é, segundo Searle, parte essencial da filosofia da mente, uma vez que atos de fala são essenciais para analisar a relação entre organismo e mundo. Por fim, procuramos defender que a capacidade de representação ocorre se os estados intencionais determinam condições de satisfação, assim como os atos de fala determinam. Palavras-chave: Intencionalidade; Atos de Fala; Filosofia da Mente. A RELAÇÃO ENTRE A POESIA TROVADORESCA E A LITERATURA DE CORDEL EZIDIO, Camila de Souza. Universidade Estadual de Maringá (UEM). [email protected] O presente trabalho tem como objetivo discutir a relação de influência que a poesia Trovadoresca surgida na idade média, tem sobre a poesia de Cordel, altamente difundida no nordeste do país. De maneira que os estudos sobre o tema se justificam, na medida em que estamos abordando dois períodos diversos dentro da nossa história, lembrando que a cultura de um povo é constituída mediante todas as manifestações sejam elas, filosóficas, literárias, artísticas ou cientificas. Além disso, bem sabemos que filósofos e poetas têm percorrido muitos caminhos da mesma inquietação, gerando assim uma linha tênue entre suas indagações. O termo trovadorismo indica um primeiro período da época medieval, no qual o poeta era chamado de trovador. Na França, o poeta recebia o "apelido" de trouvére, com o radical, trouver, que significa (achar); os poetas deviam ser capazes de compor, encontrar uma canção, uma cantiga ou cantar. Isso porque os poemas trovadorescos eram cantados, ou narrados com um fundo musical. Eram de duas espécies a lírico-amorosa e a satírica. A primeira espécie se divide entre cantiga de amor e cantiga de amigo. Já a segunda cantiga de escárnio e de maldizer. O presente trabalho tem como enfoque a escolha para análise de uma das espécies das cantigas, a saber, a de amor. Já a literatura de Cordel tem a fascinante característica de abarcar em si, vários gêneros literários, 42 como a comédia, a tragédia, o teatro, a poesia, enfim tudo o que há no mundo pode ser descrito em um cordel. Mas, de onde surge essa palavra que dá nome a esse tipo de poema? A literatura de cordel nos remete ao século XVI, no qual eram impressos os relatos orais sendo expostos em barbantes ou cordas, para venda ao público na França e também nas Américas. Essa forma de literatura tem seu principio na Espanha, com versos escritos em quatro ou dez estrofes ou até em prosa sendo postos a venda em feiras. De maneira que chegaram a Portugal, tais folhetos como eram chamados, falavam sobre tragédias,romances, crimes, dentre tantas outras coisas. Os folhetos foram trazidos para o nordeste brasileiro por meio dos colonizadores, e atingiram seu auge de popularidade em meio ao povo no século XIX. Desta forma o enfoque do trabalho como já dito é discorrer sobre as características que compõe a poesia medieval trovadoresca, assim como a poesia de cordel, deixando explícitos os pontos pelos quais perpassam sua intrínseca relação. Palavras-chave: Poesia; Cordel; Trovador. A REVOLUÇÃO PASSIVA NO INÍCIO DO SÉCULO XX: A CRISE ORGÂNICA COMO CRISE DE HEGEMONIA FERREIRA, Fernanda de Assis. Universidade Federal de Uberlândia (UFU). [email protected] Antonio Gramsci (1891-1937), em sua obra "Cadernos do cárcere", faz um estudo da nova correlação de forças do início do século XX. A partir disto, em seus escritos, o filósofo italiano pondera sobre a possibilidade de superação do modo de produção capitalista em sua nova configuração, ou seja, o capitalismo avançado, o que seria condição para o desenvolvimento do socialismo. Estudioso do pensamento marxiano, ele percebe que contrariamente as teorias ortodoxas que viam a crise do capitalismo como algo que necessariamente levaria a sua superação, Gramsci apreende que para a "crise orgânica" havia outra proposta que não o socialismo, surge o americanismo. Especificamente no texto Americanismo e fordismo, o autor busca compreender se esta nova maneira de produzir americana pode ser uma "revolução passiva" ou se este é um fenômeno cumulativo que será capaz de gerar uma Revolução, como a francesa. Portanto, este trabalho pretende demonstrar que o americanismo é uma das formas da revolução passiva do início do século XX, a qual tem por pretensão a recuperação da hegemonia da classe dominante, que estava em crise, e que para este período de tomada de fôlego, se incorpora de modo diverso conforme o tipo de Estado em que se faz presente: na Europa, ainda que faça concessões à classe operária, o americanismo se faz presente como uma forma 43 extrema de coerção, com a modernização na maneira de produzir impulsionada pelos movimentos fascistas; e na América, com o Estado liberal, o fordismo é implantado com outras formas coercitivas, como o controle da vida privada dos operários e a desmobilização dos sindicatos, todavia, com a persuasão dos altos salários, dos convênios de saúde, entre outros benefícios para a classe trabalhadora. Palavras-chave: Revolução Passiva; Crise de Hegemonia; Revolução. A DISTINÇÃO CONCEITO-OBJETO NA SUMMA THEOLOGIAE, IA, Q. 85 FERREIRA, Gustavo Bertolino. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). [email protected] Tomás de Aquino, na questão 85 da primeira parte da Suma de Teologia, tendo como um dos propósitos investigar qual o objeto da intelecção humana, mobiliza argumentos para refutar a tese de que as espécies inteligíveis, fruto do processo abstrativo, são aquilo que o intelecto visa conhecer. Um dos argumentos mobilizados segue o seguinte esquema: se sustentarmos que o intelecto está apto a conhecer apenas suas próprias modificações, sustentaríamos que o intelecto conhece tão somente espécies inteligíveis, isto é, ideias, o que implica dizer que o intelecto teria por objeto, neste caso, as modificações que ele próprio constrói. Mas isso não pode ser o caso, pois, segundo o autor, se admitirmos que o intelecto tem por objeto o que se designa por 'ideias', teríamos que admitir que o conhecimento científico não é sobre o mundo externo ao intelecto, mas sobre as próprias modificações deste. Portanto, para não admitir tal hipótese, Tomás conclui que o intelecto humano tem por objeto as coisas externas ao intelecto, isto é, as coisas assinaladas por matéria. Isso nos leva a questionar qual o papel, então, que cumpre as espécies inteligíveis na teoria cognitiva do autor. Assim, o propósito deste trabalho é investigar a concepção de espécie inteligível enquanto instrumento da intelecção, isto é, a ideia de que a espécie inteligível tem por função ser o princípio mediante o qual o intelecto intelige e não o que o intelecto intelige. A hipótese a ser trabalhada é a de que Tomás visa observar a distinção entre o que é conceito e o que é objeto, do qual o conceito é similitude. O método utilizado será a análise argumentativa e os intérpretes nos quais este trabalho se embasa são Landim (2010) e Panaccio (2002). Palavras-chave: Similitude; Abstração; Teoria das Espécies. 44 ADORNO SOBRE SCHOENBERG: TOTALIDADE E ESTÉTICA GAETA, Caio Kraide. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] Os textos do filósofo Theodor Adorno se mostravam de difícil compreensão aos seus leitores contemporâneos já nas primeiras elaborações de críticas musicais. Assim como os músicos se deparavam com os espinhos durante a leitura da complexa filosofia de Adorno na primeira metade do século XX, hoje os estudiosos se debruçam sobre sua escrita para buscar compreender as contradições ali presentes. Comumente considerado como um herdeiro do materialismo-dialético, a teoria de Adorno a princípio se distancia do idealismo de Hegel. Atentamo-nos, porém, em algo que não se mostra muito claro perante o conceito de totalidade presente em suas reflexões filosóficas. Qual a proximidade desse conceito com outros autores da tradição materialista ou com a concepção de Espírito Absoluto do idealismo alemão? Para esboçar o começo dessa busca, cabe aqui não uma extensiva análise de toda sua obra, mas a apreensão de alguma parcela que reflita de alguma maneira essa resposta. Tomemos como unidade a interpretação do filósofo sobre Schoenberg, significante compositor ao qual Adorno dedicou atenção em diversas fases de sua trajetória. Considerando a influência de sua formação como músico discípulo de Alban Berg - olhamos para os textos que nascem da ambiguidade teórica entre o rigor científico e a sensibilidade musical, onde talvez encontremos fragmentos que permitam uma construção do entendimento sobre esse conceito fundamental. A partir do artigo Dissonance and Aesthetic Totality: Adorno Reads Schönberg de Beatrice Hanssen, o presente trabalho pretende destacar alguns aspectos da concepção de Adorno sobre o compositor Schoenberg enfatizando uma possível aproximação, na fase madura do autor, à filosofia de Hegel. Palavras-chave: Adorno Schoenberg; Totalidade; Estética. REFLEXÕES EPISTEMOLÓGICAS SOBRE O HOMEM DOS RATOS EM FREUD, LACAN E DELEUZE GALVÃO NETO, Dario de Queiroz. Universidade de São Paulo (USP). [email protected] Trata-se de uma reflexão acerca do estatuto epistemológico de um caso para a prática e a teoria psicanalítica. O objetivo consiste em compreender as razões que tornam possível, a partir da singularidade de um caso, a constituição de um modelo de saber clínico geral, assim como de intervenção terapêutica. Para 45 tanto, a análise se dará em dois planos: tanto com relação à epistemologia da psicanálise, quanto com relação à sua teoria, nas diferentes formas que esta pode tomar ao longo de distintas perspectivas. O caso do Homem dos Ratos será utilizado como objeto de análise, que passará por Freud, Lacan e Deleuze. Palavras-chave: Epistemologia; Freud; Homem dos Ratos. O PROBLEMA DOS CRITÉRIOS NA ANÁLISE MUSICAL: UMA ABORDAGEM ETNOMUSICOLÓGICA GARCIA, Amanda Veloso. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] Diferentes culturas têm diferentes formas de criar, expressar, entender e significar a música. Um analisador que se propõe a estudar apenas a estrutura musical pode cair no erro de lhe impor critérios irrelevantes à cultura musical alheia, o que em nada contribui para sua compreensão. Diante deste problema, neste trabalho, apresentamos a visão de Alan Merriam sobre a análise musicológica que defende a importância do aspecto antropológico neste tipo de estudo. Para o autor, a música deve ser entendida como um elemento da complexidade do comportamento social que carrega crenças e valores subjacentes, e, portanto, se trata de um comportamento musical e não apenas de fenômenos sonoros, o que torna fundamental o estudo dos "conceitos musicais". Com base nesta necessidade, procuramos oferecer ferramentas adequadas para a análise musical, que defendemos que deva se pautar na identificação de padrões. Nesse sentido, apresentamos alguns conceitos da abordagem ecológica de James Gibson que permitem compreender as práticas artísticas de modo contextualizado. Contudo, pretendemos mostrar as limitações de se entender música a partir de conceitos prévios e a necessidade de entender as razões do comportamento que produz a música, pois isto pode enriquecer a compreensão da própria música bem como dos nichos culturais a que pertencem e dos nossos próprios nichos. Palavras-chave: Etnomusicologia; Comportamento Musical; Nicho Musical; Padrões; Antropologia. O BELO E A ARTE EM PLATÃO HOFFMANN, Raul de Souza. Universidade do Sagrado Coração (USC). [email protected] 46 Este trabalho procura compreender a questão do Belo e da Arte em Platão, tendo como referências principais os seguintes diálogos: A República livros II III e X, Fédon e O Banquete. Colocam-se algumas questões, por exemplo: como reconhecer o belo? Qual é a utilidade da arte? Qual a relevância da poesia tradicional grega e por que Platão julga ser melhor excluí-la da cidade ideal? O filósofo defende a concepção de que o produto artístico não passa de uma cópia, e isso faz com que a criação artística do homem não tenha valor, sendo considerada apenas uma mímeses. Sendo assim, procuramos primeiramente compreender de que modo a alma contempla o belo em sua essência absoluta. Palavras-chave: Belo; Arte; Poesia; Mímesis. CONTROLE, SUJEIÇÃO E DISCIPLINAMENTO: UMA REFLEXÃO TEÓRICA SOBRE ALGUNS CONCEITOS PARADIGMÁTICOS DOS ESTUDOS EM SEGURANÇA PÚBLICA JÁCOMO, Luiz Vicente Justino. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Bolsa: FAPESP. [email protected] O objetivo do presente trabalho é sugerir uma aproximação das noções de controle disciplinar do filósofo e historiador Michel Foucault – que tem na figura do panoptismo o seu eixo de análise – e das considerações de Gilles Deleuze sobre a sociedade do controle, ensaio de inspiração assumidamente foucaultiana, com a reflexão sobre uma vontade de sujeição, sentimento observado por alguns estudiosos da área de segurança pública que representa algo como, em grossas aspas, um efeito colateral da ênfase e da obsessão securitária que impulsiona algumas vertentes dos estudos sociológicos sobre controle e segurança. Mais como a apresentação da base teórica de uma pesquisa sobre instituições modernas de controle social do que um artigo propriamente dito, a intenção desse trabalho é trazer para o debate a sustentabilidade teórica e epistemológica dos argumentos brevemente delineados anteriormente. Palavras-chave: Controle; Sujeição; Disciplinamento. MERLEAU-PONTY E CÉZANNE: A FILOSOFIA E ARTE E O RETORNO AO ORIGINÁRIO JATOBÁ, Jessyca Eiras. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] 47 O objetivo do presente trabalho é uma breve explanação da relação entre a filosofia merleau-pontyana e a arte de Cézanne expressa na obra A dúvida de Cézanne de Merleau-Ponty. Merleau-Ponty não é um filósofo das verdades eternas, para ele a filosofia não é muito diferente da arte, pois, assim como ela, está inserida e surge de um mundo do qual é apenas uma forma de expressão e não posse de verdades. Em sua obra, A dúvida de Cézanne, Merleau-Ponty revela não apenas seu entendimento acerca da história da arte, mas sua própria filosofia. O projeto de Cézanne traduz para a arte o projeto de Merleau-Ponty na filosofia. Palavras-chave: Merleau-Ponty; Expressão; Percepção; Arte; Filosofia. O ARGUMENTO ONTOLÓGICO DE GÖDEL LAMPERT, Fábio. Faculdade de São Bento (FSB). [email protected] O argumento ontológico de Gödel tem como inspiração a forma do argumento de Leibniz. Este formulou o argumento de tal modo que, na primeira parte, procura-se provar a possibilidade da existência de Deus (já que, segundo Leibniz, o argumento cartesiano falhara por tomar tal possibilidade como pressuposto inicial). O segundo ponto no argumento leibniziano é que é possível demonstrar a existência de Deus a partir da possibilidade de um ente que atualize todas as perfeições, tomadas como qualidades ou propriedades positivas. Ora, este é justamente o caminho do argumento gödeliano. O argumento se dá de forma axiomática e faz uso do sistema modal S5, de onde é possível extrair a tese ◊□A→□A (se é possível que A seja necessário, então A é necessário). Gödel inicia seu argumento tomando como primitiva a noção de propriedade positiva. Para ele, "as propriedades positivas são precisamente aquelas que podem ser formadas a partir das elementares através da aplicação dos operadores &, v, →." Ainda, as propriedades positivas são aquelas que não constituem nenhum tipo de negação em sua formação. Após isso, Gödel define três conceitos que formarão a base do argumento, a saber: I) Deus, II) essência e III) existência necessária. I) Um objeto x é uma Deidade (God-like [G(x)]) sse x possui o conjunto correspondente a todas as propriedades positivas. II) Uma propriedade φ é uma essência de um objeto x sse para todo x, x tem φ (φ(x)) e para cada propriedade ψ de x, necessariamente todo objeto y que possui φ possui também ψ. Portanto, a cada objeto corresponde uma essência. Pois se φ é essência de x, então todo objeto que tem a propriedade φ necessariamente tem todas as propriedades de x. III) O objeto x existe necessariamente sse para toda essência φ, se φ for a essência de x, existe necessariamente um objeto x que tem a propriedade φ. Gödel mostra que um objeto existe necessariamente se e 48 somente se sua essência for necessariamente exemplificada. A partir das definições acima, Gödel formula axiomas de onde se seguem teoremas mostrando que o conjunto de todas as propriedades positivas é possível, e que a existência necessária é uma propriedade positiva. Desse modo, é possível concluir que Deus existe necessariamente, i.e., existe em todos os mundos possíveis e, portanto, existe no mundo atual. Este trabalho tem em vista uma exposição completa do argumento de Gödel além de uma análise de sua cogência e solidez. Palavras-chave: Argumento Ontológico; Necessidade; Essência; Gödel. PODER DISCIPLINAR EM MICHEL FOUCAULT LEITE, Franco Pereira. Universidade Estadual de [email protected] Londrina (UEL). Em 1975, Foucault lança seu livro intitulado Vigiar e Punir, que marca uma reformulação na conjuntura de sua obra, as questões propostas nesse livro diferem dos textos anteriores. Em um primeiro momento da sua produção, o que Foucault privilegiou foi a constituição dos saberes, como eles se formam, encontram uma aplicabilidade, e eventualmente desaparecem, este período ficou conhecido como a Fase Arqueológica. Em um segundo momento das suas pesquisas, Foucault irá se perguntar pelo "como do poder", não interessava a ele questionar o que é o poder, pois talvez esse nem exista, pelo menos em potência, mas sim só em ato, estas formulações foram chamadas pelo filósofo de Fase Genealógica. Foucault não fez uma teoria do poder, uma exposição sistemática acerca desse tema, nenhuma obra sua é dedicada ao tema do poder, pois não era isso que interessava ao filósofo, o que ele fez foi análise fragmentárias do poder para entender como se dá a constituição do sujeito. Em Vigiar e Punir coube ao filósofo estudar o surgimento das prisões (o subtítulo do livro é "O Nascimento da Prisão"), desse estudo Foucault viu delinear-se uma forma de exercer o poder: a técnica disciplinar. Técnica que surgiu nas prisões, porém não ficou ali enclausurada, ela recebeu a liberdade e se instaurou em toda malha da nossa sociedade, nas escolas, fábrica, quartéis, hospitais. Este poder disciplinar tem como escopo o indivíduo isoladamente, ele é tomado para que suas forças sejam majoradas, de modo que possa tirar-lhe o máximo possível; para que trabalhos sejam executados com mais rapidez, que se alcance melhores resultados nos estudos, que as doenças deixem de nos assolar, em suma "um corpo disciplinado é base de um gesto eficiente". Pode-se acreditar que esse poder disciplinar possa reprimir os indivíduos, Foucault não nega isso, porém para ele o poder, não só o disciplinar, não tem como objetivo reprimir, excluir, mascarar, mas sim 49 produzir. Nesse trabalho, que é o resultado da leitura e fichamento de textos de Michel Foucault e de alguns comentadores de sua obra, tentaremos mostrar como a técnica disciplinar pode ser um mecanismo para nos aprisionar, mas, concomitantemente, um dispositivo onde pode residir nossa liberdade. Palavras-chave: Poder; Disciplina; Foucault. A GENEALOGIA DE FOUCAULT ENQUANTO MÉTODO ANALÍTICO DE LUTAS LUIZ, Felipe; VAZ, Vinicius Rezende Carretoni. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] Sabe-se que Michel Foucault não dispensou ao método genealógico, por ele utilizado a partir da década de setenta, o mesmo tratamento dado à arqueologia, a qual foi sistematizada em livro. Dentre os poucos textos que abordam a genealogia, é nosso intento analisar um deles e, mais propriamente, a possibilidade da utilização da genealogia enquanto método analítico de lutas sociopolíticas. No curso Em defesa da sociedade (1975-6) Foucault elabora um balanço da genealogia, situando seu surgimento no contexto político francês e, ao mesmo tempo, cotejando-a com o marxismo e com as teorias liberais, de modo a salientar as distintas apreensões concernentes às relações de poder. Para Foucault, haveria um economismo nas relações de poder nestas duas teorias, de um lado o liberalismo, que explica as relações de poder em termos de uma isomorfia entre economia e poder; de outro o marxismo, para o qual a função das relações de poder seria reconduzir uma dominação econômica, ou seja, haveria uma subordinação funcional entre poder e economia. O objetivo de Foucault é, precisamente, descobrir quais as possibilidades de uma análise não econômica das relações de poder, o que implica uma negativa da identificação entre poder e economia, primeiramente, de onde decorrerá uma leitura não ontológica do poder, bem dito, passar a compreender o poder não como uma mercadoria ou um edifício, mas, sim, enquanto uma relação, portanto, poder que é enquanto se exerce: a inteligibilidade das relações de poder deve ser buscada nelas mesmas, não em outra instância mais fundamental — como a economia ou o direito natural. Além do que, Foucault quer fugir da interpretação, a seu ver absolutista, das relações de poder enquanto eminentemente repressoras, em beneficio de uma visão das relações de poder como, sobretudo, produtivas. Estes deslocamentos teóricos em face de duas dentre as grandes teorias políticas da modernidade liberam o pensamento de Foucault para uma compreensão eminentemente bélica das relações de poder, onde até mesmo a chancela cientifica, reivindicada pelo marxismo, é posta sob o crivo analítico, como parte 50 fundamental das relações de poder mais hodiernas nas sociedades ocidentais. São estes meandros teóricos, que terminarão por balizar a própria genealogia enquanto método analítico, que hão de ser nosso objeto na presente comunicação. Palavras-chave: Foucault; Genealogia. O TEATRO MODERNO SOB A ÓTICA DA FILOSOFIA EXISTENCIALISTA MAGDALENO, Danieli Gervazio. Universidade Estadual Paulista (UNESP). [email protected] Analisando peças teatrais do final do século XIX até meados do século XX, contata-se um isolamento dos personagens em sua própria interioridade. Tal isolamento, segundo alguns críticos de teoria estética, constitui uma crise no drama por romper com um modelo estabelecido: o gênero dramático constituído desde a antiguidade, que tem a inter-relação como traço fundamental. É a relação dos personagens situados em uma coletividade que justifica a ação dramática. No entanto, segundo a vertente existencialista da teoria estética, o processo de isolamento ao qual o personagem é submetido é uma característica da natureza humana, encontrando-se independente da época, já que o homem, ao entrar em contato com a falta de sentido, com o absurdo de sua existência, se sente alheio ao resto do mundo e se encerra em sua interioridade. Sendo assim, o objetivo principal do trabalho é analisar, sob a ótica da filosofia existencialista, peças de autores como Beckett, Ionesco, e o próprio Sartre. Palavras-chave: Teatro; Beckett; Ionesco; Existencialismo; Estética. SENSO COMUM E FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO MARINHO, Felipe Galhardo Ruiz. Universidade Estadual (UNESP/Marília). [email protected] Paulista O objetivo central deste trabalho é contribuir para a valorização da escola na formação omnilateral do estudante. São objetivos específicos: investigar, com base em Gramsci, possibilidades de relações entre conhecimentos e experiências do senso comum e a atividade filosófica; conhecer expectativas de estudantes do ensino médio e estabelecer relações destas com temas filosóficos. A metodologia está calcada em estudos e análises de textos de Gramsci e em levantamentos, análises e intervenções, que estão sendo realizados por meio de 51 observações, questionários e entrevistas com os estudantes do ensino médio e aplicação de propostas de ensino de filosofia em sala de aula. Partindo do pressuposto que o papel da escola de ensino básico tem sido permanentemente colocado em xeque nas condições histórico-sociais atuais. Mesmo havendo um consenso sobre a importância da educação escolar na formação do indivíduo como cidadão e no seu processo de alfabetização, não tem havido consenso sobre a importância do domínio dos conhecimentos científicos na sua forma escolarizada. Tais tendências colocam a educação escolar em crise, manifestada de forma sutil ou explícita pelo desinteresse de grande parte dos estudantes para com a escola. O predomínio da racionalidade técnica, com efeito, repercute negativamente de forma mais intensa na área de ciências humanas. Os levantamentos e análises já realizados corroboram a necessidade de ressignificar o sentido da escola e do conhecimento, possibilitando aos estudantes questionarem o seu fazer, o papel da escola, da filosofia e a descobrirem novas possibilidades de relação entre suas experiências e o seu crescimento humano. Verificamos que os estudantes do ensino básico, como integrantes da sociedade dita da informação, frequentemente se depararam com informações fragmentadas, disseminadas por agências midiáticas que disputam sua atenção com toda sorte de apelos. São apelos para o consumo, a satisfação imediata e ao preparo técnico para o trabalho. A escola, neste contexto, se vê desafiada a propor um tipo de formação omnilateral, incluindo todas as dimensões humanas, nos âmbitos intelectual, corporal e tecnológico. Preliminarmente, que é possível um diálogo significativo entre experiências trazidas pelos estudantes e a filosofia e a elaboração de uma proposta de trabalho centrada na reconstrução dos conceitos de filosofia, senso comum, bom senso, religião e ciência. Palavras-chave: Ensino; Filosofia; Gramsci; Escola. "O QUE É A PROPRIEDADE?", A CRÍTICA ANARQUISTA DE PIERRE-JOSEPH PROUDHON MEDINA, Lucas Ferreira. Universidade São Judas Tadeu (USJT). [email protected] "A propriedade é roubo" é a frase mais célebre da obra do filósofo francês Pierre-Joseph Proudhon (1809-1965) e influenciou em larga escala, o movimento socialista, sobretudo o francês, no século XIX e começo do século XX. Esta análise busca determinar os fundamentos da crítica à propriedade feita por Proudhon em sua obra "O que é a propriedade? Ou Pesquisas sobre o Princípio do Direito e do Governo". Após fazer uma análise do que ele denomina "graus da sociabilidade humana", o filósofo francês determina o que diferencia o homem do animal, e a partir disto, contrapõe às teorias filosóficas especulativas sobre justiça e liberdade uma proposta de análise científica do 52 desenvolvimento histórico da humanidade e de identificação das leis gerais que regem o sistema social. A partir da delimitação da justiça como base da sociabilidade humana, Proudhon demonstra que as justificativas acerca da propriedade seja como direito civil, oriunda da ocupação e sancionado pela lei, seja como direito natural originado pelo trabalho, não se sustentam. Palavras-chave: Propriedade; Justiça; Anarquismo. UMA ABORDAGEM SEMIÓTICA DA INFORMAÇÃO MELO, Bruno Cardoso de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] O objetivo deste trabalho é discutir o seguinte problema: quais elementos fornecem subsídios para que se discuta o estatuto da informação e sua relação com a ação na filosofia semiótica de Charles Sanders Peirce? Abordaremos o recorte que André De Tienne realiza em sua obra “Peirce’s logic of information” analisando as duas noções de informação. A primeira enquanto a Área resultante entre compreensão versus extensão e a segunda, levando em consideração o caráter sígnico da informação, evidenciando ser o signo dicente aquele que veicula informação por excelência. Abordaremos, previamente à análise do estatuto semiótico da informação, as bases para a compreensão, a saber, do quadro categorial fenomenológico e a tríade signo, objeto e interpretante, incluindo seus desdobramentos no processo semiótico de pensamento. Através da análise dos signos, podemos abordar os elementos correlatos fundamentais na constituição do Signo, a saber, o Objeto e o Interpretante. O Signo tem o papel de estar no lugar do Objeto que ele representa, os Objetos são considerados por Peirce como parte da realidade, independente de estados mentais ou disposições psíquicas. São considerados como fatos, pois “permanecem imóveis não importa quanto você, eu ou qualquer homem ou gerações de homens possam opinar sobre eles” (CP 2.173). Ao signo criado na mente, Peirce denomina Interpretante. Esse elemento semiótico diz respeito ao signo correspondente criado em uma mente pelo signo que está no lugar do Objeto. A partir dessa correlação entre signo objeto e interpretante, Peirce estabelece 10 classes principais de signos. Dentre estes signos, haverá uma classe que De Tienne (2006) identifica como sendo aquele que veicula informação genuína, a saber, signos dicentes. São signos de existência que indica a localização de seu objeto (através do Índice) e diz sobre suas qualidades (com auxílio do Ícone). Por fim, apresentaremos cinco condições evidentes na informação genuína e a partir destas argumentaremos constituiria condições para o aumento da semiose, e consequentemente, para o aumento do conhecimento. 53 Palavras-chave: Informação; Ação; Peirce. SOBRE A POSSIBILIDADE DE O QUESTIONAMENTO SER UM PROPULSOR AO PENSAR FILOSÓFICO MENEZES, Manoela Paiva. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] Este trabalho surgiu através de um projeto extensão no qual se pretendia pensar filosofia com adolescentes que cumpriam medidas socioeducativas no regime semiaberto da Fundação Casa na cidade de Marília, a partir de suas próprias experiências, que era o que talvez pudesse trazer sentido à filosofia para eles. Para atingir esta finalidade recorremos às experiências e discussões teóricas de outros projetos que nos despertaram para a recusa da lógica explicadora, da transmissão tradicional de conhecimentos, do embrutecimento das inteligências, da imposição de verdades e estereótipos. No lugar disto, levamos em conta o contexto desafiador, a necessidade da quebra de hábitos e pressupostos e a consciência da necessidade de ambientação para assim priorizarmos o que acontecia nas relações. Daí, no decorrer do projeto que era movido por diálogos com questionamentos entre os membros fixos e os adolescentes participantes da Fundação, surge o problema qual se pretende abordar: Será que fazíamos com que eles percebessem que os questionávamos não para ter a mesma função da instituição que rege suas vidas neste período (Fundação Casa), mas sim, para junto deles, sem uma função moralizante, problematizar assuntos referentes à vida, à privação de liberdade, a modos de enxergar o mundo, etc., tanto nosso como deles? Este problema vem do reconhecimento de limites que nos fez atentar para outras formas de afetá-los além da conversa acerca de suas experiências. A partir de hábitos cristalizados que notávamos em suas falas e ações podemos levantar a hipótese de que ainda que tenhamos tentado através de uma relação ética pensar filosofia, houve deles uma resistência que foi ativada e consequentemente dificultou que entendessem o questionamento não como discordância, mas como um propulsor ao pensar filosófico. Palavras-chave: Experiência; Questionamento. A INTERSUBJETIVIDADE EM MARTIN BUBER MIRANDA, Arilson Rodrigues. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa (SEDAC). [email protected] 54 Este artigo tem como objetivo apresentar a intersubjetividade na filosofia do encontro, ou do diálogo, de Martin Buber, no livro Eu e Tu , para quem a relação é o evento primordial do ser humano e, que não há existência sem comunicação e diálogo. Aqui são descritas as duas atitudes fundamentais do homem em relação ao mundo, a saber, relação de presença e de objetivação. Através dessa distinção procura-se perceber que para além da atitude de sujeito conhecedor, o homem se realiza na relação face a face com um ser presente a ele, invocado como seu TU. Daí visualiza-se uma Antropologia do Diálogo, comprometida com a totalidade concreta do homem, que sugere que o ser humano só pode ser compreendido escapando-se de uma visão individualista e de uma visão coletivista. Só é concreto o homem com o homem. Importante é assim discorrer sobre o inter-humano, sobre o diálogo verdadeiro entre os homens e perceber que em toda forma de relação EU-TU, o ser se abre para o TU eterno, com quem realiza a relação suprema. Portanto, a filosofia do diálogo, coloca-se a intersubjetividade como um fato antropológico fundamental. Mais do que o "dever ser" ético, Buber busca a resposta para a pergunta "o que é o homem?" naquela categoria do "entre" que faz com que o homem seja descoberto quando está na relação essencial. Palavras-chave: Intersubjetividade; Filosofia do Encontro; Antropologia do Diálogo; Relacionamento. PARA UMA HERMENÊUTICA ACERCA DA ORIGEM DA LINGUAGEM NA OBRA CIÊNCIA NOVA DE G. VICO EM CONTRAPONTO A ORIGEM DA LINGUAGEM NA OBRA DE PLATÃO: O CRÁTILO MORAES, Kellen Ferreira de. Universidade Federal de Uberlândia (UFU). [email protected] Vico, repetidas vezes, evoca em sua obra máxima Ciência Nova o diálogo Crátilo de Platão, sempre afirmando pretender encontrar nele o mesmo que Platão: um falar natural originário "Os mudos explicam-se através de atos ou objetos que possuam relações naturais com as ideias que eles pretendem significar" (§ 225-227) ou uma língua que naturalmente significasse "Porque, partindo destes princípios: de conceberem os primeiros homens da gentilidade as ideias através de caracteres fantásticos de substâncias animadas e, sendo mudos, de se exprimirem com atos e objetos que tivessem relações naturais com as ideias, e de se exprimirem assim com uma língua que significasse naturalmente, que Platão dizia ter sido falada uma vez no mundo (língua atlântica) [...]" (§ 431). Nosso objetivo com esse trabalho é investigar com maior profundidade 55 essa sugestão de Vico, ou seja, compreender melhor o que é, para Vico, esse falar natural e em que medida essa sua ideia representa uma continuidade ou ruptura com aquilo que Platão, no diálogo Crátilo, entende por falar natural. Palavras-chave: G. Vico; Platão; Ciência Nova; Crátilo; Falar Natural. FOLCLORE E CULTURA INFANTIL: ESTUDOS À LUZ DAS TEORIZAÇÕES DE FLORESTAN FERNANDES E WALTER BENJAMIN MORAIS, Nattany Ribeiro de; CASTRO, Rosane Michelli; TOTTI, Marcelo Augusto. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] O presente trabalho é decorrente de nosso projeto de pesquisa, em desenvolvimento, denominado A formação de educadore(a)s para o ensino de folclore infantil: Análise documental do curso de Pedagogia da Unesp de Marília (1959 - 2011). Nossa pesquisa e os resultados do trabalho ora apresentados estão pautados na crença antropológica, de que o homem possui necessidades orgânicas, biológicas, fisiológicas, mas o modo como satisfaz essas necessidades depende da cultura e da herança ao qual está inserido. Sendo assim, o homem necessita apropriar-se das habilidades, as quais poderá desenvolver, pois ele não nasce com essas habilidades, personalidade e inteligência pronta, é o que o difere do animal, que nasce com instinto e habilidades pré-determinadas. Já para o ser humano é necessário que lhe sejam dadas condições, sobretudo em processos educativos, que lhe sejam apresentados aspectos da sua cultura, para que possa haver um processo de apropriação, a cultura não lhe é inata. Nesse sentido, apresentamos, neste trabalho, resultados de um trabalho de reflexão à luz de teorizações de Florestan Fernandes sobre o folclore infantil e também de Walter Benjamin sobre a cultura infantil. Temos buscado embasar a pesquisa no conceito clássico antropológico de cultura, pois o folclore está intimamente ligado à tradição e à cultura. Uma boa parcela da cultura simbólica que a criança carrega consigo, quando entra na vida comum com seus pares, é inserida em sua realidade mediante o contato com mitos e lendas culturais. A partir de leituras sobre o folclore infantil, se pode entender a seriedade do assunto e o professor pode utilizá-lo como instrumento de trabalho com as crianças. Palavras-chave: Cultura; Formação de Professores; Folclore Infantil. 56 EDUCAÇÃO, COTIDIANO ESCOLAR E SOCIEDADE DE CONTROLE: AS CONTRIBUIÇÕES DE GILLES DELEUZE PARA PENSAR O PARADIGMA MULTIDIMENSIONAL DE ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR NASCIMENTO, Paulo Henrique Costa. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] A trajetória da teoria em Administração escolar no Brasil é marcada por duas perspectivas que encaminham os atuais debates acerca do tema: liberal conservadora e democrática progressista. Entretanto, é possível observar traços de uma nova perspectiva que teria o cotidiano escolar como a materialidade alvo de suas investigações; neste sentido, a teoria em Administração escolar é formada no dia-a-dia pela relação entre alunos, intelectuais, pais, professores, governo e etc. Os contatos com essa perspectiva evidenciam que ela é pensada nos moldes da perspectiva democrática e, deste modo, encontra dificuldades em colocar suas próprias regras de formação e indicam a necessidade de articular uma dinâmica em que o Estado não seja o dono por excelência do poder nas relações cotidianas escolares. Mas será possível pensar fora do registro binário? Nesta empreitada, Sander propõe um paradigma multidimensional composto por quatro dimensões: pedagógica, econômica, política e cultural. Esse paradigma seria uma ferramenta multifocal para aguçar o olhar do pesquisador frente à dinâmica de todos os elementos do cotidiano que compõem a formação da teoria em Administração escolar, contrariando, assim, o binarismo. Na medida em que esse paradigma não atende as reivindicações de formação dessa nova perspectiva não rompe com o binarismo. Nossa hipótese é que assumindo Deleuze como referencial teórico, possamos encontrar contribuições para pensar a teoria em Administração escolar, isso porque na passagem das sociedades disciplinares para sociedades de controle encontramos uma microanálise que permite problematizar a ideia de que o Estado é o único detentor do poder; ela está baseada na hipótese de que o poder é disseminado, difuso, microfísico e permite o reativamento e análise das instâncias periféricas e contragolpes como contrapoderes investidos sobre o Estado. Pode Deleuze, com a categoria de Sociedade de controle, contribuir para a teoria em Administração escolar? O objetivo da pesquisa é, através do método bibliográfico, resgatar o debate sobre Educação, Administração escolar e Sociedade de controle e, posteriormente, resgatar o paradigma multidimensional tencionando-o com os primeiros resultados da pesquisa. Até o momento, esta pesquisa realizou levantamento e leitura parcial do material referente ao primeiro objetivo; eles indicam que o discurso biopolítico e a disseminação dos meios de vigilância são as principais formas de pensar a Sociedade de controle e educação. 57 Palavras-chaves: Administração Escolar no Brasil; Sociedade de Controle; Paradigma Multidimensional. A CONSTITUIÇÃO CRÍTICA DA RACIONALIDADE CIENTÍFICA NO PENSAMENTO DE MICHEL FOUCAULT: MEDICINA E POLÍTICA EM O NASCIMENTO DA CLÍNICA NASCIMENTO, Thiago Tavares Vidoca do. Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). [email protected] Nossa análise está centrada em O nascimento da clínica de Michel Foucault cujo objetivo é estudar, em geral, a constituição crítica da racionalidade científica segundo o escrito em questão a fim de refletir sobre a prática científica contemporânea, embasados em ideias, conceitos e noções acerca do saber médico. Foucault pratica uma história arqueológica e genealógica do saber médico ao longo de suas produções, sendo que a relação política e medicina é o ponto central de nossa análise. Focando a montagem arqueológica do saber médico, analisamos a obra de Foucault em duas vertentes, sendo a primeira a formação do olhar clínico, o qual transcende a vida e encontra na morte o domínio de objetividade para se objetivar a doença. Nesta primeira vertente, acompanhamos como Foucault desenvolve o olhar da clínica moderna. A medicina tinha, até o século XVIII, um cunho classificatório, tendo esta, como modelo, a história natural, taxonômico. A botânica é o saber que se evoca para classificar as doenças, por exemplo, como se classificavam os seres em gêneros e espécies. Neste caso, o olhar médico ainda é um olhar de superfície que não correlaciona a vida, a morte e a doença em uma trindade técnica e conceitual. A mudança deste olhar de superfície para um olhar tridimensional, além das estruturas corporais, foi uma importante mudança de consciência do saber médico. Eis aí a clínica como precursora de toda a mudança do saber médico moderno. Nesta outra vertente, é a critica à medicina do espaço social que acentuamos: trata-se de como a espacialização social da medicina determinou as injunções histórico-políticas para a formação do olhar clínico na medicina moderna. A socialização desta medicina foi primordial, pois há a preocupação de se controlar a sociedade por meio do indivíduo, investindo discursivamente em uma saúde pública a fim de obter uma força soberana para o trabalho e a produção. Toda essa vertente social da medicina feito por Foucault foi um dos pontos principais para a formulação da medicina como a conhecemos hoje, transformando a medicina em pratica científica e objeto de cuidado cotidiano para todo o corpo social. 58 Palavras-chave: Medicina; Racionalidade Científica. Política; Clínica; Arqueologia do Saber; O PAPEL DO LEGISLADOR NA SOCIEDADE ROUSSEAUNIANA NASCIMENTO, Ulisses Santos do. Universidade Federal do Recôncavo da Baiano (UFRB). [email protected] Para compreender a estrutura política idealizada por Rousseau na sociedade formulada por ele, pretendemos analisar partes de suas duas principais obras “O Contrato Social” e o “Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens”, para então refletir como o legislador aparece e se estabelece na republica, e qual o seu papel, segundo o filósofo. Para facilitar a compreensão da vivencia dos homens em meio a uma república o filósofo cria hipoteticamente um estado de natureza onde os homens viviam como qualquer outro animal, isolados, sem egoísmos sem paixões e vivendo apenas por viver. Rousseau entende que a saída dos homens do estado de natureza para a formação de uma sociedade ocorreu pelo fato do homem se aperfeiçoar e pelas necessidades naturais referentes à sua conservação. Enfim pretende-se discorrer neste trabalho sobre como Rousseau entende que a sociedade necessita de um legislador para representar a vontade geral, a fim de que a sociedade toda sem distinções se perceba como participante da vontade soberana. Palavras-chave: Homem; Sociedade; Contrato. O PROBLEMA DA FILOSOFIA DAS CRIANÇAS OLIVEIRA, Aline da Silva. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] Esse trabalho visa apresentar brevemente a relação entre filosofia e crianças um problema presente em uma das formas dessa relação. Existem três pontos principais que relacionam filosofia e crianças. O primeiro é a filosofia da infância, que é uma reflexão crítica sobre o conceito de infância, histórica e socialmente localizado. O segundo ponto é através da possibilidade de se ensinar a filosofia às crianças e delas aprenderem. Nesse ponto estão incluídos programas e propostas de filosofia para/com crianças. O terceiro é a filosofia das crianças, que é expressão da voz das crianças em relação a diferentes âmbitos problemáticos que conformam uma filosofia. De um modo geral, os programas e propostas de filosofia para/com crianças visam a criar um ambiente e condições necessárias para que as crianças aprendam e produzam pensamentos filosóficos. 59 Sendo assim, esses programas e propostas visam, além de outras coisas, que as crianças filosofem. Incentiva-se que as crianças pensem por si mesmas. Dada a popularização dessas práticas, cada vez mais crianças entram em contato com a filosofia e a produz. Contudo, essas práticas se limitam a um ambiente escolar, ocorrendo sempre com a orientação de um professor. Portanto, a questão que pretendo expor com esse trabalho é, sobre a possibilidade das crianças criarem filosofia sem essa orientação. Palavras-chave: Filosofia; Crianças. O SENTIDO NO DRAMA ATUAL OLIVEIRA, Antonio Martins de. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). [email protected] O texto tenta resgatar as características do "drama" como sentido da arte no teatro. Embora alguns pensadores declarem que o "drama" morreu, entendemos que ele está mais vivo do que nunca, principalmente no que muitos estudiosos do teatro chamam de “pós-dramático”. Um dos propósitos desse texto é investigar na ótica da fenomenologia, a estrutura do teatro tal qual ele se apresenta hoje. Especificamente discutir sobre o primordial dessa arte milenar que de tão inerente ao humano, esta em si, como uma colagem, que tem no espelho o reflexo de sua atuação corriqueira nos seus aspectos mais comuns. Pode ser que o leitor se decepcione com a conclusão, principalmente aqueles que ao apreender a arte sobre os condomínios da estética tradicional, forjam o cânone, sem perceber que a arte no dizer de Hegel, ''se sente forcada a se superar em si mesma, dentro de uma possível metamorfose onde obra e o homem desaparecem, para se realizarem". Podemos dizer que a arte é como o texto que escreve e nos inscreve na falta. Ora, todos procuramos na arte o que falta como uma contemplação dada pelos sentidos. Quer dizer, procuramos nosso Hamlet nos teatros que inventamos, mas ele só nos é dado no principio de um sentido pré-dizível, onde a linguagem falta, correspondente a aparição. Veja que esse conto é colocado vivificantemente entre o "drama" no teatro e a sua expressão como obra de arte, a instauração do outro que se apresenta, comporta dentro da analise fenomenológica. O objeto como transcendental aparece como imanente, como num jogo de dados. Palavras-chave: Teatro; Drama; Filosofia; Sentido; Arte. TOMÁS DE AQUINO ACERCA DOS ATRIBUTOS DIVINOS 60 OLIVEIRA, Elói Maia de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] Tomás de Aquino não findou a análise do problema de Deus através das cinco vias para demonstrar a sua existência. Prova disso é ele ter dedicado muitas questões da Suma de teologia e da Suma contra os Gentios aos atributos divinos. Ele adapta a tríplice via de Dionísio Areopagita para o conhecimento da natureza divina encontrada no Sobre os Nomes divinos. Dionísio assinala que nós ascendemos a Deus por remoção e excesso de todas as coisas e nas causas de todas as coisas. Em sua interpretação, Tomás evoca esse método proposto por Dionísio de maneira ainda mais incisiva: conhecemos a Deus não contemplando sua essência ou natureza, mas refletindo sobre seus efeitos. Tomás afirma que o nosso conhecimento avança das coisas sensíveis a Deus por uma tripla via: por remoção (per remotionem), por causalidade (per causalitatem), por eminência (per eminentiam); e que em cada uma destas vias há um conhecimento da natureza divina. Por remoção, nosso conhecimento procede por sucessivas negações. Uma vez que não sabemos o que Deus é, qual a sua essência, mas o que ele não é, removemos tudo o que não lhe deve ser atribuído como, por exemplo: matéria, composição, mudança, potência, etc. Por causalidade, nosso conhecimento procede pela ordem dos efeitos e das causas. Entre Deus e as coisas criadas há uma ordem de causa e causado. Todo efeito traz alguma similitude para com a sua causa. Neste sentido, podemos afirmar algo a respeito de Deus. Mas afirmar um atributo da natureza divina não significa que Deus seja causa daquele atributo nas coisas (dizer Deus é bom seria dizer que ele é causa da bondade das coisas; então, não haveria por que não atribuir a Deus tudo o que se encontra no mundo visível; não haveria por que não dizer que ele é corpo por ser a causa dos corpos). Os nomes que damos a Deus o exprimem no modo como nosso intelecto o conhece, avançando a partir das coisas sensíveis e à medida que essas coisas criadas trazem em si uma similitude para com ele. Expressamos afirmativamente aquilo que é comum a Deus e às coisas criadas. Por eminência ou excelência, nosso conhecimento procede por redução a um princípio. Perfeições como inteligência, vontade, vida, etc., que no mundo são separadas e múltiplas, em Deus são unidas e simples, e se identificam com sua essência. Todos os atributos dessa maneira podem ser reduzidos a um primeiro princípio. Propomos estudar os textos de Tomás que dizem respeito aos atributos divinos e observar como neles são pensados esses três diferentes momentos do nosso conhecimento e predicação da natureza divina a partir das coisas. O trabalho constitui uma pesquisa teórica, que tem como fontes primárias textos de Tomás de Aquino que se referem à questão dos atributos divinos, principalmente na Suma de teologia e na Suma contra os Gentios. 61 Palavras-chave: Tomás de Aquino; Deus; Atributos Divinos; Tríplice Via. FILOSOFIA EM EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS: EM PROL DE UMA AUTONOMIA OLIVEIRA, Fernanda Martins de. Universidade Estadual de Londrina (UEL). [email protected] Esta comunicação tem por finalidade demonstrar a possibilidade de a Filosofia ser apresentada como uma metodologia. Esta metodologia deverá ser utilizada pelos educadores com a função de despertar na criança o pensar, que se encontra latente à espera de um evento que o revele. O educando que tem em si este pensar adormecido e que necessita ser despertado, para que passe a uma condição de ser pensante, e assim poderia iniciar a construção do processo de ensino/aprendizagem rumo a uma autonomia que o acompanhará em seu desenvolvimento emancipatório. A partir da aplicação deste processo metodológico, visamos demonstrar que possa haver uma emancipação social a qual o sujeito participe conscientemente da sociedade. A intenção aqui é tentar argumentar que a filosofia possa ajudar na construção do pensar. Estruturando desde a infância este processo de ensino/aprendizagem, conjecturamos que o sujeito pensante possa trilhar para uma cidadania responsável. Neste caminho em prol de uma autonomia, esse ser pensante então inaugura seu papel de ser no mundo. Esta inauguração acontece com um maravilhar, um espanto que o desperta para esse mundo novo. O Espanto que trataremos neste contexto é um conceito que podemos ver desde Aristóteles, e no qual a filosofia teria a sua origem. É o espanto que os levaria a ordenarem questões, e também os guiaria à procura das respectivas soluções. Ao manifestar esse pensar, que é despertado com auxilio da filosofia, o sujeito passa então a ver o mundo com se este antes estivesse encoberto por um véu, assim o espanto seria um retirar deste véu, lançando luz onde não havia, ampliando sua percepção das coisas, o que antes pareciam não existir, e que agora é clarificado por esta luz. O ser humano então é lançado no mundo com a disposição que antes lhe era estranha, e que agora se manifesta com esse espanto. A tentativa aqui é deixar evidente que se faz necessária uma visão não domesticada da educação, e que o sujeito possa pensar e participar da vida em sociedade, sabendo que nela há regras as quais devem ser seguidas, porém refletindo autonomamente sobre as leis nela contidas, e assim fazendo com que a emancipação seja possível. Sendo assim, a disciplina de Filosofia, muito além de uma simples orientação, seria um instrumento metodológico que despertaria e incentivaria a disposição latente que existe a manifestar-se. A Filosofia seria como uma chave que acionaria o espanto necessário para descoberta do ser no mundo. Portanto, o papel da filosofia seria 62 uma espécie de dente de uma engrenagem, e o espanto a própria engrenagem, que se relacionam de forma interdependente, no sentido de lançar este ser a este mundo novo que se apresenta. Palavras-chave: Filosofia com Crianças; Educação Infantil; Anos Iniciais; Conhecimento; Espanto; Ser no Mundo. O PAPEL DO MESTRE: SERÁ O PROFESSOR FUNDAMENTAL PARA A EMANCIPAÇÃO DO ALUNO? OLIVEIRA, Leandro Gabriel dos Santos. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] Este trabalho tem como objetivo analisar, no âmbito do ensino, em específico do ensino de Filosofia, o papel do professor, ou mestre, tendo como exemplo a figura do professor explicador, ou seja, aquele professor que tem como preocupação a reprodução dos conhecimentos ensinados, um ensino tradicionalista. Para isso, teremos como material de estudo o primeiro capítulo da obra O Mestre Ignorante de Jacques Rancière, intitulado Uma Aventura Intelectual. Obra na qual o autor critica essa figura do mestre explicador. Na obra, Rancière narra uma história vivenciada pelo professor francês Joseph Jacotot, onde o mesmo experienciou um fato que mudou sua concepção sobre o ensino. Joseph Jacotot, professor francês exilado na Holanda durante o governo dos Bourbons, atuante na Universidade de Louvain, esperava dias tranquilos em sua estadia, mas o acaso decidiu outra coisa, pois os efeitos das lições do modesto professor despertaram o interesse de alguns alunos, porém, a maioria deles ignorava o francês. Jacotot, por sua vez, ignorava a língua holandesa. Não existia, portanto, língua na qual ele pudesse instruí-los naquilo que lhe solicitavam. Mas apesar dessa limitação, Jacotot desejava responder as suas expectativas. Com isso, era necessário estabelecer, entre eles, um laço mínimo de uma coisa comum. Foi quando Jacotot tomou conhecimento de uma publicação bilíngue do Telêmaco, que foi o laço que faltava para unir professor e alunos. Por meio de um intérprete ele indicou a obra aos estudantes e lhes solicitou que aprendessem, amparados pela tradução, o texto francês. Quando eles haviam atingido a metade do livro primeiro, Jacotot solicitou que os estudantes mais preparados escrevessem em francês o que pensavam a respeito do texto. O professor estava esperando por erros, más traduções ou quase nenhuma, má compreensão dos conceitos. Mas para a surpresa de Jacotot, os alunos foram bem sucedidos em suas traduções, assim como em suas compreensões fundamentais, sem ajuda alguma do professor. Rancière nos apresenta esta situação que nos leva a pergunta: Como pôde ter sido possível tal 63 compreensão do texto, em outra língua, sem que o professor explicasse sobre ele? Perante esta situação, seria então a presença de um professor explicador, dispensável? Se não, qual seria o seu papel? Com isso, procuro estabelecer no trabalho uma relação entre a aplicação rancieriana e o método socrático da maiêutica, como possíveis formas alternativas de ensino. Palavras-chave: Ensino de Filosofia. FILOSOFIA E AFRICANIDADES: UMA REFLEXÃO SOBRE OS MÉTODOS DE ENSINO DIDÁTICOS FILOSÓFICOS NO ENSINO ÉTNICO RACIAL OLIVEIRA, Lorena Silva. Universidade Federal de Uberlândia (UFU). [email protected] Partindo do pressuposto que tanto o ensino de filosofia quanto o das questões étnico-raciais, encontram uma série de dificuldades no processo de ensinoaprendizagem, este trabalho propõe investigar como a Filosofia pode contribuir com o ensino da Lei 10.639/2003 , que torna obrigatório o ensino da Historia e Cultura Africana e Afrobrasileira nas instituições de ensino públicas e privadas do País, em todos os níveis. A ideia é analisar a relevância do método didático filosófico no ensino de Africanidades. Para isso a pergunta que orientará este estudo é: o método de ensino didático filosófico pode colaborar no processo de sensibilização e implementação dos estudos étnico-raciais.em sala de aula?Supomos como hipótese provisória que o método didático usado para o ensino de filosofia proposto por Lidia Maria Rodrigo , pode contribuir também para o ensino de Historia e Cultura Afrobrasileira e Africana. O problema, ora proposto, surgiu da reflexão obtida a partir de leituras e atividades realizadas acerca das relações e dos problemas étnico-raciais, no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência, subprojeto: Historia e Cultura Afrobrasileira e Africana, da Universidade Federal de Uberlândia. Este programa, aguçou a percepção para a necessidade de refletirmos sobre novas metodologias de ensino que possam contribuir no processo de ensino-aprendizagem e implementação da Lei 10.639/2003. Por certo, o desenvolvimento desde estudo justifica-se por contribuir na construção de novas maneiras de aplicação da Historia e Cultura Afrobrasileira e Africana a partir de um viés interdisciplinar e filosófico. Para isto, este estudo terá como orientação teórica o materialismo histórico-dialético pelo ideário filosófico-político de Antonio Gramsci , o livro Filosofia na sala de aula de Lidia Maria Rodrigo, dentre outros autores que discutam métodos didáticos para o ensino de filosofia. 64 Palavras-chave: Método; Filosofia; Lei 10.639/2003. ANÁLISE FILOSÓFICA ACERCA DO PROJETO DE MODELAGEM COMPUTACIONAL INCREMENTAL PANTALEÃO, Nathália Cristina Alves. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] O presente trabalho tem como objetivo analisar os pressupostos tradicionais da modelagem computacional que pretende simular comportamentos inteligentes. Tais pressupostos se caracterizam pela manipulação interna e abstrata de símbolos a fim de atender a funcionalidades específicas. Todavia esse tipo de modelagem parece não abarcar totalmente a complexidade envolvida nos comportamentos inteligentes (Dreyfus, 1975, 1993; Searle, 1980, 1987; Brooks, 1990, 1991; Clark, 1997, 1999, 2003, 2008; Chemero 2007, 2009, 2012). Nesse sentido, Brooks argumenta em favor de um paradigma de modelagem que seja incremental, considerando a inteligência enquanto um conjunto de habilidades desenvolvidas a partir de interações agente-mundo em um ambiente não controlado. Assim, tendo em vista a natureza mecânica dos modelos, parece que a própria estrutura mecânica e formal teria que ser instanciada de tal maneira que, a partir desse tipo de substrato, emergissem habilidades a partir do meio. Por fim, Propomos investigar se a proposta de Brooks (1990, 1991, 2003) permitiria uma modelagem dos processos cognitivos com maior plausibilidade biológica. Palavras-Chave: Modelos Computacionais; Habilidades; Manipulação Simbólica. Arquitetura Incremental; O PROGRESSO NA CIÊNCIA SEGUNDO THOMAS KUHN PATRICIO, Maria Júlia de Oliveira Cyrino. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP/Jacarézinho-PR). [email protected] A ciência tem sido especialmente nos últimos tempos, uma atividade marcante na vida da humanidade. O conhecimento científico tem crescido abruptamente e, como consequência, muitas vezes o cientista passou a ser considerado um novo guru na e para a sociedade. Neste trabalho investigaremos em que consiste a noção de progresso científico segundo a concepção do filósofo da ciência contemporâneo Thomas Kuhn. Para este pensador, o desenvolvimento da ciência normal amadurecida ocorre por meio de uma revolução científica, que consiste na transição de um paradigma para outro. Um paradigma pode ser entendido 65 como a realização científica universalmente reconhecida que, durante algum tempo, fornece problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência. A troca de paradigma significa mudança radical de concepção de mundo, de conceitos, de métodos, de metodologias que se tornaram insatisfatórios para a explicação de certos fenômenos no mundo. Espera-se que o novo paradigma, contraditório ao anterior, seja capaz de resolver uma gama própria de problemas, de evitar certos erros cometidos por outros paradigmas, de explicar fenômenos de modo mais adequado do que os demais. A análise da concepção de progresso na ciência para o filósofo em questão pressupõe o estudo de noções como as de ciência normal, paradigma, quebra-cabeças e anomalias. Em especial, averiguaremos o estatuto científico da lógica e da filosofia segundo a perspectiva de Kuhn e discutiremos o papel do filósofo frente ao pretenso progresso da ciência, visando mostrar as virtudes e limites da ciência e do cientista. Palavras-chave: Progresso; Ciência; Paradigma. A SIGNIFICAÇÃO DO OUTRO: OPERAÇÕES E CAUSALIDADE PEDROZO, Elcio Fernando de Avila. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] Neste trabalho será abordada a significação do outro a partir de pesquisas de Jean Piaget e alguns contribuintes no âmbito da Epistemologia Genética. Esta disciplina, a fim de compreender o processo de produção do conhecimento, tanto no sujeito quando nas ciências, agrega contribuições de estudos da Psicologia Genética, da Lógica e da abordagem histórico-crítica das ciências. O conhecimento do sujeito é compreendido como sendo constituído por um sistema de formas de ações que este é capaz de desempenhar exteriormente ou interiormente. As ações interiores são denominadas de operações. Nesse contexto, a significação dos objetos e das situações são dadas pelas ações e operações que o sujeito realiza sobre os objetos e situações. Será exposta a constituição das ações e operações, em especial relativamente a noção de causalidade, e a significação que elas permitem atribuir ao outro. Palavras-chave: Epistemologia; Significação; Teoria do Conhecimento; Outro. OS MEIOS PSICOLÓGICOS DE MANIPULAÇÃO NA INDÚSTRIA CULTURAL: O RISO E O TRÁGICO 66 PEREIRA, Júlia. Universidade [email protected] Estadual Paulista (UNESP/Franca). A presente pesquisa procura abordar alguns aspectos da questão da indústria cultural tal como este tema aparece na obra de Theodor Adorno. Desde o final dos anos 1920 Adorno se preocupa com o significado dos novos meios de produção e distribuição de produtos culturais. Durante seu período de exílio nos Estados Unidos ele se surpreende com o nível de desenvolvimento deste processo e procura aprofundar suas reflexões a respeito, elaborando o conceito de indústria cultural. A indústria cultural é, para Adorno, um fenômeno complexo, que envolve diferentes níveis, problemas e aspectos interrelacionados. Neste trabalho abordamos dois aspectos importantes, ambos relacionados ao caráter manipulador da indústria cultural: o riso e o trágico. Quase opostos complementares, são dois meios pelos quais se atinge e manipula a psicologia das pessoas. No primeiro caso, o do riso, Adorno distingue duas possibilidades opostas: o riso de reconciliação e o riso de terror. Ambas acompanham o momento em que se supera o medo, mas elas se diferenciam pelo sentido desta superação - na primeira, o riso manifesta o alívio da liberdade alcançada frente a uma potência ameaçadora, enquanto que na segunda ele exprime a submissão à potência e a negação da liberdade. A diversão fácil fornecida pela indústria cultural funciona então como uma forma de renúncia à felicidade, já que esta última iria além do riso. Neste aspecto evidencia-se, portanto, o caráter ascético e enganador da indústria cultural, que seduz através de promessas, mas nega o acesso às próprias coisas. No segundo caso, o do trágico, temos um complemento que serve para evitar a acusação de leviandade. As mercadorias culturais devem incluir o trágico sob pena de perderem a capacidade de atrair e convencer seu público. Mas a maneira como o trágico é absorvido e utilizado pela indústria cultural inverte o seu sentido antigo. Originalmente ele tinha o sentido de uma resistência desesperada diante da ameaça mítica. Agora, exibindo o sofrimento existente, ele passa a apresentar tal sofrimento como natural e a convidar à aceitação das condições vigentes e à submissão diante dos poderes estabelecidos. O riso e o trágico mostram-se, assim, como dois elementos a partir dos quais podemos iniciar uma abordagem da indústria cultural com vistas a entender melhor as preocupações de Adorno. Palavras-chave: Indústria Cultural; Riso; Trágico. O CONCEITO DE DEMOCRACIA EM ESPINOSA E O LUGAR DO VULGO NA SOCIEDADE 67 PEREIRA, Renato de Oliveira. Universidade (UNESP/Marília). [email protected] Estadual Paulista Este trabalho visa compreender o conceito de democracia no pensamento de Espinosa, bem como tentar vislumbrar o papel do vulgo na sociedade preconizada pelo filósofo. A filosofia política de Espinosa é baseada em sua metafísica que tem como pressuposto básico o monismo substancial. Por serem modificações finitas da substância, os homens exprimem a essência de Deus e, como esta é idêntica ao poder de Deus, eles são, consequentemente, potências de agir. A potência de agir do homem é o conatus, um esforço de auto-preservação que objetiva a manutenção da existência. No estado de natureza, o homem possui o direito de cobiçar tudo aquilo que, pela razão ou pelas suas paixões, julga lhe ser útil, tornando-se inimigo de qualquer um que tentar impedi-lo. Neste estado, porém, os homens não podem fazer nada, posto que cada qual está ameaçado por todos os outros. Quando os homens percebem que é mais útil unirem suas forças e, deste forma, aumentar sua potência de agir ao invés de viveram na solidão, eles descobrem a vida social e política, que é capaz de estabelecer a paz e a segurança. Assim, Espinosa conclui que é o exercício coletivo do direito natural que dá origem ao Estado, e não um contrato ou pacto social. O regime no qual o exercício coletivo do direito natural ocorre é a Democracia. Nela, o indivíduo não transfere seu direito natural para outrem: transfere-se o direito natural para o todo social, do qual ele próprio é parte. Assim, todos governam e tem o direito de fazê-lo. A democracia é útil porque é nela que a essência do homem se realiza. Contudo, Espinosa escreve no Tratado da Emenda do Intelecto que, para possuir uma "natureza humana superior" a qual propiciaria o gozo de uma alegria contínua e suprema, faz-se necessário, além de conhecer essa natureza, "formar uma tal sociedade [...] para que o maior número[de indivíduos] chegue a isso de modo mais fácil e seguro" (Id.: §14). Alcançar o Sumo Bem não é, pois, uma tarefa individual, daí a importância da política para organizar a sociedade de maneira a proporcionar a realização desse objetivo. Entretanto, se é preciso conhecimento para alcançar o Sumo Bem, apenas os sábios seriam capazes de fazê-lo? Qual seria, então, o lugar do vulgo/ignorante nessa sociedade? Seriam eles meros "coadjuvantes" que, indiretamente, auxiliariam os sábios a alcançarem o Sumo Bem? Isso seria compatível com a noção de Democracia proposta pelo filósofo? Palavras-chave: Espinosa; Democracia; Vulgo. 68 CONTRIBUIÇÕES DO PROGRESSO CIENTÍFICO PARA A UNIVERSALIZAÇÃO DA HUMANIDADE E O NASCIMENTO DO MULTICULTURALISMO PEREIRA, Sidiney Silva; SALAZAR, Nathalia Gleyce dos Santos; DE SOUSA, Beatriz Lorena. Universidade Federal do Maranhão (UFMA). [email protected] A presente pesquisa tem o intuito de investigar como o filósofo francês Paul Ricoeur organiza sua teoria filosófica sobre o multiculturalismo. Em História e Verdade, Paul Ricoeur chama atenção para a importância do multiculturalismo. No capítulo intitulado civilização universal e culturas nacionais, Ricoeur ressalta a importância de uma civilização universal onde houvesse a superação dos conflitos culturais em favor de um multiculturalismo social. Com o avanço da ciência e da técnica houve também uma influência na forma do homem se relacionar com o mundo e viver nele. O homem passou então a se perceber inserido num contexto de universalidade, integrando assim, a civilização universal mundial, ou seja, abandonou a concepção de particularidade e abraçou a pluralidade o que culminou em uma nova maneira de sociabilidade. Para Ricoeur a característica fundamental da civilização universal mundial é que esta possui um caráter técnico. Mas, não é somente a técnica o fator preponderante para o surgimento da civilização universal mundial. É graças ao espírito científico que a técnica desenvolveu-se, e é por meio deste, que a humanidade se unificou e passou a ter um caráter universal. É pelo pensamento que o instrumental se potencializa e se transforma nas máquinas, fator fundamental para o surgimento da modernidade, e também para a "universalidade de fato da humanidade". A universalização culminou numa grande metamorfose social, política, econômica e cultural, não mais num contexto nacional, e sim, num contexto mundial. Para Paul Ricoeur essa universalização da humanidade se constitui um bem para a mesma, pois, levou o homem a uma consciência coletiva de mundo, viabilizando melhores condições de vida para grande parte da humanidade e elevando o nível cultural dos homens. Por outro lado, o fenômeno de universalização pode representar a destruição de culturas tradicionais e fazer romper com o núcleo ético e mítico da humanidade. Surge daí, um grande problema, como adentrar na modernização sem lançar fora o legado cultural existente? Ricoeur ressalta a importância do multiculturalismo, como forma de superar conflitos sócios culturais, pois "há culturas e não uma cultura" e o que se busca é a conquista de um bem elementar. Desta maneira, a teoria de Ricoeur tem grande importância para a reflexão sobre a pluralidade cultural da sociedade contemporânea para que na qual sejam abolidas quaisquer práticas de preconceito, discriminação e intolerância. 69 Palavras-chave: Progresso Multiculturalismo. Científico; Universalização; Pluralidade; EXPERIÊNCIA E APRENDIZAGEM NO ENSINO DE FILOSOFIA PINTO, Silmara Cristiane; SANTOS, Genivaldo De Souza; GELAMO, Rodrigo Pelloso. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] Este trabalho pretende expor algumas reflexões sobre a educação contemporânea, tendo em vista o ensino de filosofia e suas possibilidades na escola pública. Graças ao estudo e aos debates teóricos realizados pelo GEPEF "Grupo de Estudo e Pesquisa em Ensino de Filosofia" (Unesp-Marília), ao subgrupo de estudos em Ensino de Filosofia e a experiência adquirida através do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID/CAPES), nos atentamos a problematizar, filosoficamente, se há correspondência entre as práticas pedagógicas oficiais/tradicionais de ensino e a experiência efetiva da aprendizagem em Filosofia. Alguns autores, comprometidos com uma concepção de educação transformadora e crítica, como Jacques Rancière e Jan Masschelein, fizeram-se fundamental em nossas leituras e no desenvolvimento de reflexões acerca do papel do filósofo, professor de Filosofia, e sua função educativa. Consideramos que o comprometimento docente se configura como condição inicial no restabelecimento de novas dinâmicas pedagógicas. Assim, nos apoiamos numa concepção desviante dos pressupostos que se caracterizam a partir do ideário representacional moderno, onde a figura do "mestre explicador", se objetiva em transmitir ao aluno os conhecimentos propostos de acordo com a crença de que ele (o mestre) domina a exata distância que os separam (aluno e matéria/conteúdo), através do modelo explicativo. Acreditamos que uma didática de ensino pautada em práticas puramente representacionais, de transmissão e reprodução de conteúdos de Filosofia, acentua uma relação apática entre o professor e o aluno que pode obstruir possíveis aberturas ao exercício do pensamento e a aprendizagem filosófica. Nesse contexto, nossa proposta desloca-se da imagem do "mestre explicador", que demonstra a perda do espaço de formação emancipadora, dando lugar ao embrutecimento. Tomamos por base, a dimensão afetiva entre o professor e o estudante em atenção às dinâmicas de ensino que levem em conta suas potencialidades e a experiência do pensamento filosófico, já que se faz mister uma aprendizagem transformadora para além da mera reprodução. Palavras-chave: Representação; Embrutecimento; Experiência; Aprendizagem 70 WITTGENSTEIN E A CRÍTICA À METAFÍSICA: O DIZÍVEL E O INDIZÍVEL PIOVAN, Renata. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] Este trabalho discursará a respeito da crítica à metafísica tradicional, realizada por Wittgenstein em sua primeira filosofia, contida no "Tractatus LogicoPhilosophicus", baseada em uma crítica filosófica do conceito de significado, partindo do esclarecimento do conceito fregeano de pensamento (gedanke) utilizado como base da teoria wittgensteiniana. No "Tractatus LogicoPhilosophicus", as proposições da metafísica consistem em contra-sensos e em enunciados que não deveriam ser ditos, por extrapolarem os limites impostos pela lógica da linguagem. A partir da consideração da estrutura ontológica daquilo que Wittgenstein considera ser o mundo - "o mundo é a totalidade dos fatos, não das coisas" -, ele identifica a estrutura geral da linguagem que pode enunciar o verdadeiro e o falso. Cria com isso a noção de espaço-lógico, limite de tudo aquilo que pode ser pensado com sentido, portanto, tudo aquilo que pode ser dito. De acordo com essa teoria, problemas filosóficos emergem da falta de compreensão e mau uso da linguagem. Assim, perguntas como "Como o mundo se iniciou?" (uma questão muito pensada pelos filósofos e teólogos) são consideradas, por Wittgenstein, como questões sem-sentido, incabíveis em discussões filosóficas, por não pertencerem ao campo do pensamento, tampouco do dizer, e sim, ao campo em que as coisas se mostram (fora do espaço-lógico). Encadeando as idéias wittgensteinianas é possível notar que a teoria do "Tractatus Logico-Philosophicus" se apresenta como uma teoria crítica em sentido estrito. Então, se torna conexo relacionar Wittgenstein e Kant em uma mesma esfera filosófica, pois ambos produzem filosofias críticas, que visam impor limites à própria filosofia. Kant num viés epistemológico, determinando as condições subjetivas da possibilidade de todo o conhecimento. Wittgenstein pelo viés semântico, determinando as condições necessárias para a constituição do sentido. Trata-se de duas filosofias que excluem a possibilidade de uma metafísica aos moldes tradicionais, ou seja, de uma metafísica voltada a conhecer o mundo transcendente. A partir da proposta de investigação da critica à metafísica, pretendo argumentar, no final do trabalho, que a compreensão acerca dos assuntos místicos para Wittgenstein se mostrou extremamente relevante para entender a coerência em seu pedido de silêncio diante das proposições metafísicas, já que ele trás para o campo do místico todo objeto que a metafísica tradicional considerava como seu. Palavras-chave: Wittgenstein; Metafísica; Tractatus Lógico-Philosophicus. 71 ENTRE A FIGURA E O CONCEITO: A IMAGEM DE TEMPO COMO OPERADOR CATEGORIAL EM OCTAVIO PAZ PRADO, Vinícius de Oliveira. Universidade de São Paulo (USP). [email protected] A imagem de tempo é uma noção que se coloca entre a figura, imagética, quase material, e o conceito abstrato. O presente trabalho tem por finalidade investigar brevemente como Octavio Paz, ensaísta e poeta mexicano do século XX, ao pensar as vanguardas e as produções artísticas de seu tempo, bem como outras questões tão importantes, como a política latino-americana, valeu-se de um conceito que permuta entre estes dois polos quase antagônicos como operador categorial e chave crítica, diante de um mundo fragmentado em signos dispersos, cuja imagem de mundo é ausente. Trata-se de refletir sobre a modernidade e seu esgotamento justamente a partir daquilo que se espoliou e escamoteou nela: o tempo. Palavras-chave: Modernidade; Vanguarda; Tempo; América Latina. O MOVIMENTO ÉTICO DA MÚSICA QUADROS E TONON, Hugo Leonardo de. Universidade Estadual de Maringá (UEM). [email protected] Buscaremos aqui fazer um pequeno paralelo entre o que acontece com o desenvolvimento filosófico da moral e seu reflexo na música. A moral determina o agir do homem em seu período e tem influência no modo de expressão dos artistas em seu próprio tempo. Dividiremos três grandes períodos a reflexão sobre a moral e a música. Como um texto com uma análise aprofundada em diversos autores geraria um trabalho demasiado e maçante, resolvemos focar em grandes períodos da história de nosso pensamento. A filosofia, no período antigo, o homem é determinado por uma moral exterior, vinda da natureza; no período medieval ele se determina por regras superiores, puramente divinas; e no fim período moderno o homem, pela sua razão, se garante como força autônoma no mundo, onde uma moral não precisa ser determinada por outro ser, senão por ele mesmo. No mesmo período desses pensamentos temos refletido na música a seguinte sequência, uma música antiga de estilo modal onde as notas naturais dominavam; o período medieval onde a intenção das grandes composições era de exaltação da fé pelos sons, a oração se tornou musicada, a composição era bem regrada e os acidentes (sustenidos e bemóis) estavam presentes; já no período moderno o rompimento da metafísica com o mundo concreto reflete no 72 tonalismo, o homem se afirma como força autônoma da natureza e Deus no mundo. Podemos reparar um movimento dialético no próprio desenvolvimento da música: primeiro temos a tese: as sete notas naturais; depois a contra tese: os modos gregos são resumidos em dois modos (maior e menor), e são usados os acidentes domados por regras rígidas para não se cair em dissonância, intervalos de si e dó que eram usados anteriormente foram aqui recusados; e por fim a síntese: a "união" das duas teorias, a expansão das notas usadas na música medieval e a dissonância, intervalos de segunda, que tinham na música modal, passam a ser integrados na música. Palavras-chave: Música; Filosofia; Ética; Estética. UMA POSSÍVEL ANTROPOLOGIA EM SER E TEMPO QUINTILHANO, Guilherme Devequi. Universidade Estadual de Londrina (UEL). [email protected] O ser humano é um ente com determinações existenciais. O ente no caráter existencial só é possível a partir da compreensão. O que significa que ele, enquanto é, sempre se compreende em seu ser e assim, compreende o ser como tal. Essa compreensão filosófica tornou-se possível graças a toda analítica existencial desenvolvida por Heidegger. Partindo dessa analítica existencial, é possível pensar uma unidade antropológica no filósofo alemão, mesmo ele negando que exista tal antropologia em sua obra, a saber, Ser e Tempo. Esta unidade antropológica se constituiria em três partes: a primeira, a partir da fenomenologia (hermenêutica e apofântica), em que ela passa a ser uma fenomenologia do conhecimento que permite a Heidegger uma interpretação fenomenológica de mundo e abre as portas para uma possível antropologia, a partir de uma definição de mundo e uma articulação de sentido para Dasein. O segundo ponto, a saber, é a diferença ontológica, que diz sobre o como tudo é acessível, vem ao encontro, mas ele mesmo é inacessível ao pensamento objetificador. Todo o nosso modo de pensar e conhecer o ente passa por aquilo que é sua condição de possibilidade. O terceiro ponto é o círculo hermenêutico, onde se articula enquanto algo da estrutura da compreensão que é o modo de ser do Dasein. Os pontos dois e três são os dois teoremas da finitude e que, quando ocorre a articulação de ambos, se tornam importantes para o conhecimento humano, pois nos apresenta dois aspectos: o modo de ser e o primeiro modo de conhecer o ser do Dasein. Estes seriam os elementos básicos de uma possível antropologia dentro de Ser e Tempo. Palavras-chave: Ser e Tempo; Antropologia; Dasein; Fenomenologia. 73 ENTRE DIREITO E FILOSOFIA: NOTAS SOBRE SOBERANIA E EXCEÇÃO NA CRÍTICA DE CARL SCHMITT AO ESTADO DE DIREITO LIBERAL RAMIRO, Caio Henrique Lopes. Universidade Estadual Paulista (UNESP). [email protected] O presente trabalho se ocupará basicamente de uma abordagem do texto Teologia Política (Politische Theologie - 1922) de Carl Schmitt (1888-1985), com o objetivo de investigar os argumentos schmittianos acerca dos conceitos de soberania e exceção, bem como suas implicações para a Democracia contemporânea e para a teoria da constituição. Para tanto, procedeu-se a uma revisão bibliográfica de textos, bem como levou-se em consideração o método dialético adotado pelo autor. Em primeiro lugar, foram observados alguns outros escritos de Carl Schmitt, sendo que o texto se inicia por sua análise e crítica ao liberalismo dos séculos XIX e XX, ou seja, observa-se sua crítica ao liberalismo e ao sistema parlamentar consolidado na ideia de Estado de Direito pelo viés do conceito do político. Posteriormente, a investigação aproximou-se mais do texto de 1922, destacando que à normalidade da regra da vida democrática liberal está a sombra do extremo, significa dizer que à forma jurídico-política não pode apreender todos os casos que irão surgir no mundo fático e contingente do político, quando, então, deve-se reconhecer a existência das situações limites que exigem uma decisão. Neste ponto, foram observadas as críticas de Schmitt à teoria do direito de Kelsen. Ainda, a pesquisa se concentra nos conceitos de soberania e exceção e como Schmitt conecta-os ao conceito de decisão, elegendo este último como o elemento central do jurídico. Por fim, como última parte, analisou-se a questão do poder instituinte do direito, tendo em vista que com a aproximação do elemento decisão dos conceitos de soberania e exceção, a soberania pode ser entendida como um domínio limítrofe, situada entre a regra e a exceção, ou seja, entre o ordenamento jurídico e os domínios contingentes e não jurídicos da política. Palavras-chave: Filosofia Política; Direito; Soberania; Exceção; Carl Schmitt. A POÉTICA DOS MUNDOS POSSÍVEIS DE LEIBNIZ RAMOS, Thayane Queiroz. Universidade Federal de Uberlândia (UFU). [email protected] 74 O presente estudo tem como objetivo demonstrar a aplicação do conceito de Mundos Possíveis de Leibniz em obras literárias. Para Leibniz, isso é totalmente possível. Esta doutrina dos mundos possíveis estimulou uma inovadora reformulação da relação entre a arte e o mundo. O próprio Leibniz sugeriu, no contexto de uma discussão filosófica, o uso de obras literárias como exemplos de mundos possíveis. Segundo Leibniz, muitas histórias, que chamamos de romances, podem ser consideradas possíveis, mesmo que as mesmas não aconteceram de fato na ordem do universo que foi escolhida por Deus. Leibniz defende que as ficções são mundos possíveis, mas, como tais, não pertencem à realidade. Palavras-chave: Leibniz; Mundos Possíveis; Poética; Arte. A QUESTÃO DO INFINITO NA FILOSOFIA DE GIORDANO BRUNO RODRIGUES, Victor César Fernandes. Universidade Federal Fluminense (UFF). [email protected] A temática investiga o infinito, conforme a concepção de Giordano Bruno. O infinito foi objeto de estudos na Antiguidade Clássica, tanto por parte do atomismo como do aristotelismo. No entanto, Giordano Bruno foi o primeiro filósofo a defender sua existência em ato, na dimensão do sensível e do suprassensível, para além do espaço e do tempo, tanto no âmbito cosmológico quanto no antropológico, confrontando com o pensamento aristotélico, que admitiu o infinito somente em potência. A hipótese que orienta a pesquisa é que a doutrina nolana do infinito permanece válida, pois livra o universo das correntes dos dogmas finitistas, espiritualistas e materialistas, abrindo caminho para o avanço da ética, da estética, da epistemologia e demais ramos do conhecimento, com repercussões inestimáveis na vida humano-societária. Palavras-chave: Infinito; Renascença; Giordano Bruno. ENSINAR FILOSOFIA OU APRENDER A FILOSOFAR: FILOSOFIA EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS ROSA, Sara Morais da. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] Uma vez que o ensino da filosofia nas instituições formais têm se pautado por uma política de ensino que desprestigia a experiência de pensamento dos estudantes em detrimento de uma suposta aquisição mecânica de saberes acerca 75 da filosofia, nos empenhamos nesta pesquisa em buscamos por modo de ensinar a filosofia desvinculado das determinações e diretrizes de ensino em voga nas escolas de base, visando oferecer àquele que aprende filosofia um espaço no qual a experiência de pensamento filosófica pudesse efetivamente se dar. Neste viés, a busca por um ensino onde a temporalidade, a necessidade de seguir um currículo, ou mesmo de transmitir conteúdos seriados exigindo sua assimilação, já não figurassem mais, tampouco limitasse ou embrutecesse, a aprendizagem filosófica de nossos aprendizes, nos levou a procurar melhor compreender o "ensino" da filosofia, mas agora em um espaço não formal. Para tanto foi necessário que desenvolvêssemos um projeto, cujo título é "Ensino de filosofia em espaços não formais", fomentado pela PROEX cuja proposta se resume em promover um aprendizado filosófico que desloque o lugar do professor, dos conteúdos filosóficos programáticos, dos próprios alunos enquanto aprendizes, mas sobretudo se almeja oferecer um lugar no qual o aprender a filosofar seja o grande objetivo. Neste contexto, após um ano de execução deste projeto traremos a baila neste presente trabalho as reflexões e experiências de filosóficas que emergiram desta relação com ensinar a filosofia, estando agora fora muros das escolas, e livres das "correntes curriculares", ressaltando ainda os acontecimentos que nos deram a pensar e problematizar o ensino de filosofia, doravante sob novos olhares. Desse modo, este trabalho será apresentado em quatro momentos, no primeiro momento traremos os motivos que os levaram a criação deste projeto, num segundo momento faremos a apresentação do mesmo elucidando também de que maneira foi executado, já no terceiro vamos discorrer sobre os acontecimentos que nos problematizaram neste período e que nos possibilitaram pensar filosoficamente sobre este ensino, para então finalizarmos nosso trabalho com uma avaliação deste projeto destacando quais as contribuições que esta relação com o ensinar trouxe para nossa atuação enquanto filósofos- professores de filosofia. Palavras-chave: Ensino de Filosofia; Aprender; Filosofar; Espaços Não Formais. O DISCURSO DE JEAN-PAUL SARTRE SOBRE O COLONIALISMO FRANCÊS E A GUERRA DE INDEPENDÊNCIA DA ARGÉLIA (1954 – 1962) SAMPAIO, Thiago Henrique. Universidade Estadual Paulista (UNESP) [email protected] O Imperialismo foi um processo histórico que durou entre a segunda metade do século XIX e seu declínio se inicia após a Segunda Guerra Mundial. Desde 76 tempos antigos existiram Impérios, mas o termo é limitado à expansão europeia, que tinha como objetivo a construção de impérios coloniais. Após a Segunda Guerra, houve uma crise das potências coloniais para manterem o controle de seus vastos domínios em territórios asiáticos e africanos. Um dos países que mais travou guerras com suas ex-colônias foi a França e vários intelectuais se posicionaram firmemente contrários a tais medidas. Um destes, foi Jean-Paul Sartre conhecido pela sua filosofia existencialista e seu engajamento político com a esquerda, desempenhou um papel de destaque nas críticas ao colonialismo francês na Argélia. A partir de 1956, Sartre e a revista Les Temps Modernes tomaram posicionamentos contrários à ideia de Argélia Francesa e apoiaram fortemente o desejo de emancipação do povo argelino. Inclusive sendo um dos intelectuais que assinou o Manifesto dos 121, tal carta tinha como objetivo alertar a opinião pública sobre os exageros cometidos pelas tropas francesas na colônia africana. O presente trabalho tem como objetivo analisar publicações de Jean-Paul Sartre na revista Les Temps Modernes, no período de 1956 a 1962, e verificar seus posicionamentos sobre o sistema colonial francês na Argélia e a luta de libertação colonial ocorrida. Tendo como resultados preliminares que o sistema colonial para ele não é algo abstrato, mas concreto, seu funcionamento pode ser visto e analisado ao longo do tempo. E, finalmente, que o movimento de libertação colonial da Argélia é interpretado por ele como uma experiência da luta de classes: de um lado o campesinato, representado pelo Exército da Frente de Libertação Nacional (FLN) contra a burguesia colonialista, representada pela França. Palavras-chave: Imperialismo. Jean-Paul Sartre; Colonialismo; Descolonização; FILOSOFIA DA MENTE, CETICISMO E EXPERIÊNCIAS DE PENSAMENTO SANT'ANNA, André Rosolem. Universidade Estadual de Maringá (UEM). [email protected] Experiências de pensamento são ferramentas comuns utilizadas pelos filósofos em suas discussões. Algumas destas "experiências" muitas vezes ter um caráter heurístico, auxiliando no desenvolvimento de hipóteses em um determinado campo de investigação. Isso é possível porque experiências de pensamento nos permitem pensar em cenários possíveis que se desdobram a partir das assunções teóricas que fazemos. Neste trabalho, pretendo explorar a relação entre o ceticismo e as experiências de pensamento dentro da filosofia da mente. De um 77 modo mais específico, irei tratar de uma experiência de pensamento muito discutida na literatura recente em filosofia da mente: a hipótese do "cérebro dentro de um barril" discutida amplamente por Hilary Putnam (Reason, Truth and History, 1981). Dentro deste contexto, apresento uma crítica ao valor que é dado às experiências de pensamento nas discussões em filosofia. Para construir esta crítica, apresentarei uma breve caracterização do que W. V. O. Quine (Epistemology Naturalized, 1969) chama de "epistemologia naturalizada". Tentarei demonstrar, dentro desta perspectiva naturalizada da filosofia, que possibilidades lógicas expressas por experiências de pensamento não devem ser consideradas alheias de possibilidades nomológicas, ou, em outras palavras, de possibilidades ditadas pelas leis naturais vigentes no mundo atual. Por fim, apresentarei a resposta de Daniel Dennett (Consciousness Explained, 1991) à experiência do "cérebro dentro de um barril" como um exemplo de uma resposta que se baseia nas em possibilidades nomológicas para negar a possibilidade lógica da hipótese cética expressa pela experiência do "cérebro dentro de um barril". Palavras-chave: Filosofia da Mente; Experiências de Pensamento; Ceticismo; Naturalismo. CONSIDERAÇÕES NIETZSCHIANAS: O ERUDITISMO E A NÃOFILOSOFIA NO BRASIL SANTOS, Carlos Aparecido. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] Desde a instauração do curso de Filosofia na USP, vimos que o modus operandi de fazer filosofia aqui no Brasil se configurou na leitura estrutural de textos filosóficos. O que era uma característica pontual na História da Filosofia se tornou a principal premissa da filosofia no Brasil, ou seja, Filosofia é sinônimo de leitura e comentário de textos, em outros termos, no Brasil não se filosofa, faz-se comentários. A partir disso, analisaremos a conjuntura filosófica brasileira e teceremos algumas considerações sobre o eruditismo que se estabelece na base dessa não-Filosofia no Brasil, dialogando, é claro, com Nietzsche e o que este possa contribuir em nossa análise e considerações. Palavras-chave: Filosofia; Eruditismo; Nietzsche. 78 AUTONOMIA, CONFIANÇA E CONTROLE - ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A REGULAÇÃO ESTATAL DA EDUCAÇÃO NA UNIÃO EUROPEIA SANTOS, Eraldo Souza dos. Universidade de São Paulo (USP). [email protected] Tratar-se-á de refletir sobre a relação entre autonomia escolar e regulação das instituições estatais no caso específico dos estabelecimentos de ensino básico da União Europeia. Tal trabalho, de caráter teórico-prático, é a síntese de duas pesquisas maiores, uma delas realizada na Escola da Ponte (Portugal), em 2012, e outra em instituições belgas, enquanto fui estagiário na Universidade católica de Louvain (UCL), já em 2013. Através do aporte teórico oferecido pelas teorias filosóficas relativas à governança [gouvernance] democrática, buscar-se-á, tendo como base conceitos como "participação", "confiança", "controle" e "construção coletiva", compreender a postura ambígua da regulação estatal diante de projetos pedagógicos inovadores. Tal ambigüidade será investigada a partir de uma dupla perspectiva: (i) por um lado, é certo que o Estado deve conferir certa uniformidade à educação nacional, uniformidade que garanta que em todo o território os estudantes sejam educados de acordo com determinadas diretrizes básicas; tal uniformidade, contudo, pode transformar-se em controle e proibição diante de desenvolvimentos pedagógicos autônomos; (ii) por outro lado, diversas práticas estatais na Europa, atualmente, visam a autonomia escolar, como o estabelecimento de "contratos de autonomia" em Portugal e a relativa independência das instituições de ensino religiosas na Bélgica mostram; essa relativa autonomia, contudo, manifesta-se como afastamento do Estado de suas responsabilidades e vem acompanhada de uma forte regulação através de planos de "objetivos" e "metas", exigindo que cada escola se organize como uma pequena empresa. Partindo de dois casos concretos - o projeto "Fazer a Ponte" (Portugal) e "Périple en la démeure" (Bélgica francófona) - analisaremos como o estado se porta diante de projetos pedagógicos baseados na construção coletiva do conhecimento e que demandam, para se concretizarem, algumas permissões especiais em relação à legislação educativa vigente. A partir dessa análise, poderemos esboçar algumas breves reflexões acerca de alterações legais que possibilitariam um maior diálogo entre o Estado e as instituições de ensino, tanto na Europa, como no Brasil, transformando a regulação educativa num processo bilateral, de confiança e de construção coletiva. Tal processo se ofereceria mesmo como modelo para os discentes, que desde a educação básica aprenderiam na prática o que pode significar a construção coletiva da vida democrática. Palavras-chave: Governança; Autonomia; Confiança; Ensino. 79 BARBÁRIE E CIVILIZAÇÃO: FREUD, ADORNO E A DIALÉTICA DO ESCLARECIMENTO SHIRAKAVA, Rafael da Silva. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] Pretendemos nesse trabalho fazer uma análise do conceito de unheimlich (estranho) na teoria psicanalítica freudiana e importância que este conceito tem para Adorno na sua análise e crítica sobre o fascismo. Segundo Freud, o estranho é a categoria do estranho e ao mesmo tempo familiar. Para Adorno, o homem da sociedade positivista é o homem da "consciência coisificada", trata-se de um indivíduo que não possui a capacidade de transcender os limites da técnica do mundo administrativo. Nesse sentido, quando há uma figura que represente a estranheza, ele age de maneira hostil e violenta, visto que, aqueles que são "estranhos", na verdade, são indivíduos que fogem aos padrões estabelecidos pela sociedade como as regras de limpeza, ordem e beleza, criando imaginariamente uma ideia de que "um outro é mais feliz do que ele". Adorno faz uma reflexão sobre a maneira como o líder fascista age e a maneira como ele assume a figura de representação simbólica para alguns indivíduos em determinados grupos. Adorno preocupa-se com a problemática do fascismo visto que Auschwitz representa a regressão do homem "civilizado" à barbárie, e é nesse sentido que ele propõe uma possível amenização do problema, que seria um esclarecimento geral, criando-se um ambiente filosófico em que o individuo seja capaz de refletir sobre si e sobre o mundo. Palavras-chave: Fascismo; Psicanálise; Teoria Crítica; Adorno. INSCRIÇÃO E CORPORIEDADE: JUDITH BUTLER E FRANZ KAFKA SILVA, Aldones Nino Santos da. Universidade São Judas Tadeu (USJT). [email protected] A presente comunicação tem como foco tratar do tema das inscrições corporais que são efetivadas nos corpos. Judith Butler (1956) faz uma aproximação entre a história e o instrumento de tortura apresentado por Franz Kafka (1883-1924) em seu conto A colônia Penal. A história destrói e preserva mediante o Entstehung (evento histórico) da inscrição. Nessa metáfora a história é encarada como um instrumento tirano de escrita, e o corpo como um meio que tem que ser transfigurado para que possibilite o surgimento da "cultura". Assim nosso foco será examinar como o discurso atribui significado a matéria e assim a matéria 80 que é a principio inerte, passa a ser um corpo discursivamente construído e afirmado através da história pela distinção entre o sexo/gênero. Palavras-chave: Judith Butler; Franz Kafka; Gênero; Corpo. AS CATEGORIAS DO SER NA METAFÍSICA DE ARISTÓTELES SILVA, Andre Luiz Bravin da. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa (SEDAC). [email protected] O termo ser pode ser tomado como um verbo ou como um Substantivo. No primeiro caso, pode ser considerado como expressão da ligação que une um Sujeito com um predicado ou, na sua forma intransitiva, como equivalente a haver ou existir. O ser é entendido por muitos modos diferentes como, por exemplo, substancia origem, essência, natureza e existência. O ser significa existir, pois se refere ao real em tudo aquilo que o sujeito é em si mesmo, ou seja, a essência. O ser significa também uma preposição verdadeira que como função puramente de ligar o predicado ao sujeito. Nossa proposta nesse é de desenvolver uma pesquisa sobre o tema "as categorias do ser na metafísica de Aristóteles", com o objetivo de entender as categorias que o ser é classificado. É importante saber que Aristóteles para explicar os diferentes modos de ser ele usa as dez categorias: quantidade, qualidade, relação, tempo, posição, atividade, passividade, lugar e ter. Essas maneiras de ser não existem em si mesma, mas existem em precisão na substancia, pois o interesse de Aristóteles foi pela substancia. As categorias é uma dimensão uma formula uma determinação de modo de ser. As dez categorias identificam dez maneiras irredutíveis e mais básica de ser. Aristóteles afirma que o ser tem muito significados e esses significados estão inseridos nas categorias que diferencia dos modos de ser. O ser como ato e potência se refere ao movimento existente, pois as coisas tem a função de ser potencialidade de ato e potencia e também como verdadeiro, pois conjuga ao mundo real de ser como ele é. A Metafísica de Aristóteles é chamada de "filosofia primeira", pois, tem como objeto de estudo o ser como tal, pois Aristóteles classifica o ser como princípios e causa ultima de todas as coisas. Portanto o ser é um assunto que é entendido por muitos autores por diversos significados, mas algo permanece igual nesses diversos significados do ser que é a existência e a essência, mas não podemos esquecer-nos da substancia, pois ela é o centro unificador dos significados do ser está concentrado geralmente nas categorias dos diferentes "Modo-de-Ser". Palavras-chave: Categorias do Ser; Modo-de-Ser; Filosofia Primeira. 81 O DIREITO DE FAZER FILOSOFIA SILVA, Camila da Cruz. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] "Ensinar filosofia para aqueles que a tem por objeto de estudo é a satisfação de todo professor de filosofia, porém, ainda para esses professores, é o purgatório dar aulas de filosofia para aqueles que estudam matemática". Tal desabafo, vindo de um professor de filosofia, parece até fazer sentido; é simples ensinar qualquer coisa para alguém que queira aprender, seja aluno do curso de filosofia que esteja interessado em matemática, ou vice-versa. Porém, do ponto de vista de alguém que estuda filosofia e principalmente de seu ensino e como ele se dá, é fundamental questionar tal aflição do professor, lembrando também que matemáticos fizeram filosofia. A questão aqui não é a matemática, mas o ensino da filosofia. Os estudantes de filosofia ao se indagar o por que escolheram cursar a Graduação em Filosofia, podem também fazê-lo acerca de como fazer filosofia: se comentar filosofia, fazer historia da filosofia ou, quem sabe, fazer filosofia. Este segundo questionamento surge, pois para a grande decepção de muitos alunos e professores, apenas se estuda história da filosofia, com raras exceções. Podemos dizer que Platão e Aristóteles não estudaram história da filosofia e ao que nos parece não leram clássicos da filosofia, mas fizeram sua própria filosofia; antes ainda, os considerados grandes filósofos pensaram arduamente em problemas relacionados a eles e sua existência e a época na qual viviam, eles não reproduziram conhecimento, mas pensaram problemas que eram diretamente ligados a eles e por isso, hoje são considerados grandes filósofos, e mesmo que não sejam grandes, são filósofos. A leitura dos clássicos nunca será indispensável e são sim fundamentais para os estudantes de filosofia. Mas, ao entrar em um curso de filosofia os estudantes podem não querer apenas ler os clássicos e estudar história da filosofia, mas também ter espaço para expor seus próprios problemas, problemas da época em que vivemos e que são calados pelo estruturalismo acadêmico e pela obrigatoriedade de estudar e ler e comentar exaustivamente história da filosofia. Seria essa uma alternativa para que os alunos não se formem apenas como comentadores ou historiadores, a não ser que por escolha própria. Se talvez, os estudantes conseguissem fazer filosofia e, a partir disso, se tornassem capazes de ensinar como se faz, seria possível tornar essa atividade prazerosa a um matemático, como a matemática parecer ser para ele. Entendemos que assim, a academia terá cumprido seu papel, que seria é de mediar aqueles que parecem ter meios e conhecimento suficientes para instruir aqueles que ainda não os possuem, mas que os anseiam. Palavras-chave: Filosofia; História da Filosofia; Ensino de Filosofia. 82 “SÓ SEI QUE NADA SEI” SILVA, Geremias Gimenes da. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa (SEDAC). [email protected] Esta expressão "Só sei que nada sei", original do grego: Ἓν οἶδα ὅτι οὐδὲν οἶδα, é resultante da "Apologia de Sócrates" (21 d), obra que tem por autor Platão. Ali é relatada a defesa de Sócrates no julgamento que teve por consequência sua morte através da cicuta, um veneno letal. Uma sacerdotisa do templo de Delfos havia dito que Sócrates era o homem mais sábio de Atenas. Diante disso, Sócrates ficou um pouco embaraçado, pois não se considerava de forma alguma alguém sábio. Saiu então à procura de outros homens que pudessem ser mais sábios do que ele a fim de refutar a declaração da sacerdotisa. Mas só encontrou homens que se diziam sábios, o que de fato não era verdade. Depois de conversar com alguns deles, Sócrates reflete consigo e chega à conclusão que de fato é mais sábio do que tais homens, pois estes julgavam saber alguma coisa, quando na verdade não sabiam nada. Por outro lado, ele não sabia e nem julgava saber, ou seja, ele era consciente quanto à própria ignorância. Sua sabedoria estava no fato de reconhecer que nada sabia. Por isso ele era mais sábio que os outros. Este exemplo de Sócrates tem muito a dizer ao mundo atual. Quanta arrogância intelectual por parte de muitos que pensam saber tudo de tudo. Se tivessem um pouco de humildade e reconhecessem a limitação do próprio conhecimento, não se considerariam obra acabada e seriam eternos aprendizes. Mas julgam conhecedores plenos do bem e do mal ao ponto de se fecharem em si mesmos e não aceitarem nenhum conhecimento novo. Por outro lado há aqueles que usam a expressão "Só sei que nada sei" para se esconderem atrás de um conformismo ou mediocridade intelectual, é a conhecida "falsa modéstia". Estes já estão com a "barriga cheia"; totalmente satisfeitos com o pouco de conhecimento obtido, não precisam de mais nada. Estes indivíduos ficam estagnados de tal maneira que parecem possuir uma espécie de anemia intelectual. Por fim existem outras pessoas que, a exemplo do grego Sócrates, são cientes que ignoram mais do que conhecem. Estão sempre se aperfeiçoando e aprendendo coisas novas. Sabem que o conhecer vai além daquilo que se pode alcançar, mas nem por isso desistem, têm sede de conhecimento. Estes últimos são os verdadeiros filósofos, ao passo que aqueles não passam de meros soberbos e preguiçosos, respectivamente. Palavras-chave: Sócrates; Platão; Atenas; Delfos; Sábio; Filósofo. 83 A CERTEZA EM DESCARTES SILVA, Guilherme Diniz da. [email protected] Faculdade de São Bento (FSB). Todo o esforço filosófico de Descartes direciona-se para a determinação da certeza do conhecimento. Tal certeza se manifesta através da impossibilidade da discordância entre a concepção do pensamento e o julgamento emitido. É necessário um acordo incondicional do juízo com o objeto representado que só se efetua mediante o procedimento metódico. A certeza tem, portanto, um caráter menos psicológico do que lógico, pois não se trata de crer na veracidade do juízo, mas em assentir que é impossível existir outra forma de juízo senão a que se tem atualmente de um objeto. Para explicar o modo como o intelecto julga de acordo com a natureza do objeto, o autor aponta a existência de apenas dois atos do espírito que levam ao conhecimento seguro das coisas: a intuição intelectual e a dedução necessária. A intuição é a apreensão de uma natureza pura e simples da qual são feitas as inferências necessárias que constituem a certeza de algo. Isso significa que uma natureza simples é compreendida por si mesma, uma vez que ela satisfaz o caráter absoluto da certeza; em contrapartida, as conclusões deduzidas a partir de uma natureza simples são relativas, pois obedecem ao princípio de derivação. A noção de certeza indica que o juízo emitido conforme o procedimento metódico tem um conteúdo representativo indubitável, pois tal inferência é autenticada pelo fundamento simples das noções evidentes concebidas pela intuição intelectual. O encadeamento de asserções é tão intimamente ligado pela necessidade lógica dos princípios que não é possível o surgimento de equívocos. O conceito de certeza é plasmado a partir da intuição de princípios evidentes que formam os raciocínios irrefutáveis graças à relação necessária entre eles. Seguindo o exemplo da matemática, é impossível pôr em questão os juízos que seguem o método assegurador da certeza. A razão retamente ordenada compreende a verdade devido a uma ciência universal que unifica todos os objetos do entendimento. Assim, a unidade do espírito é também a unidade da ciência, pois toda investigação seja ela física ou metafísica realiza-se a partir de um único método. Todo o conhecimento certo tem uma única base comum onde se sustenta a verdade. Palavras-chave: Certeza; Conhecimento; Verdade; Unidade; Razão. ORIGENS DO CETICISMO FRANCÊS HUMANISMO, AVERROÍSMO E FIDEÍSMO 84 DO SÉCULO XVI: SILVA, Guilherme José Santini da. Faculdade de São Bento (FSB). [email protected] Há uma posição na História da Filosofia em relação a Descartes, que acusa ter sido o ceticismo largamente disseminado na França de seu tempo a principal motivação que o conduziu à descoberta do cogito. Contudo, qual terá sido a motivação que conduziu as gerações de filósofos e intelectuais franceses imediatamente anteriores a Descartes à adesão de uma atitude cética diante da própria razão, atitude contra a qual se volta Descartes? O objetivo da presente comunicação é apresentar, do ponto de vista da História da Filosofia, quais são as origens do pensamento cético francês do século XVI tardio. Palavras-chave: Século XVI; História; Ceticismo; Renascimento Francês. CONCEITO DE TEMPO EM SANTO AGOSTINHO SILVA, Jonas dos Santos. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa (SEDAC). [email protected] Por meio desta temática pretende-se apresentar o "Conceito de Tempo de Santo Agostinho" em Lima Vaz. Para Santo Agostinho o tempo é agora, o presente, não existe o passado nem o futuro. Lima Vaz fala que o tempo é conversão, mudança de pensamento é ser um novo ser. O conceito de tempo que se tratar não é o mesmo conceito de tempo que se tem hoje. Neste contexto o tempo é a conversão, é dar tempo ao próprio tempo. A conversão se dá quando o indivíduo faz uma experiência de encontrar-se consigo mesmo, ou seja, entrar no âmago do ser, para encontrar-se com a verdade. Em outras palavras o privilegio da verdade. Neste processo de encontro consigo mesmo o individuo assume imediatamente um caráter sacral, o encontro com Deus pressupõe a verdade sobre si. Conversão é a mudança de pensamento, outra forma de pensar, pode ser chamada de (metanoia). Esta mudança é o tempo que da ao tempo, é a descoberta de Deus pela razão. A experiência do tempo não é só um lugar da inadequação e da dispersão. Conforme Lima Vaz o tempo é para o espírito o lugar do erro. E o erro é essencialmente, a mutualidade, sujeito a mente enquanto julga ser o que não é. Uma busca da verdade fora da verdade. Sem dúvida, só se compreende o tempo quando falamos dele ou quando dele nos falam. Então, Agostinho afirma: que não existiria um tempo passado, se nada passasse; também não existiria o tempo futuro se nada estivesse por vim; do mesmo modo não haveria o tempo presente se nada existisses. É possível falar do passado e do presente se eles não existem? É verdade não se pode falar daquilo que não existe, mas é possível dizer: "relação" em vez de expressar 85 "tempo". Desse modo a relação do passado foi boa ou má do mesmo modo a relação do futuro poderá ser boa mais também poderá ser má. Agostinho afirma que não existe o tempo do passado e nem o tempo do futuro, por o passado e o futuro estarem no presente. Exemplo, quando os pais ensinam os filhos o que aprenderam devido à relação com seus pais. Aqui o passado esta no futuro. E este ensino é para o futuro, então o futuro esta no presente. Dizer passado e futuro é querer dar medida ao tempo e o tempo não se pode medir. Tendo em vista os argumentos apresentado o tempo para Santo Agostinho é, à conversão, o presente é o agora. Palavras-chave: Tempo; Conversão. CONHECIMENTO MODERNO EXIGE INTERDISCIPLINARIDADE SILVA, Jose Ronaldo. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa (SEDAC). [email protected] Esta discussão originou-se da pesquisa bibliográfica do livro "Conhecimento moderno: sobre ética e intervenção do conhecimento", 1997, Pedro Demo. Assim esta comunicação pretende discorrer sobre os problemas da forma e do objetivo da construção do conhecimento moderno, entendendo-se por este termo "moderno" como o período que compreende o nascimento da idade moderna até os dias atuais. Com a leitura e o fichamento do livro citado chega-se a conclusão de que os principais problemas do conhecimento moderno são: a fragmentação das ciências e mesmo da filosofia diante da complexidade da realidade, a busca irrefletida por inovação tecnológica para saciar o consumismo, e a verdade como exclusividade do utilitarismo do mercado. Estas tendências afastam o conhecimento produzido nas universidades dos problemas sociais, servindo sobremaneira ao interesse capitalista, ou seja, não produzem transformações sociais apesar de ter técnica para tal, pois as pesquisas, financiadas tanto pelo poder público quanto pelas grandes empresas, estão voltadas restritamente para o interesse mercadológico. Conclui-se também que não é possível voltar atrás, este processo de especificação do conhecimento, de inovação como elemento propulsor do conhecimento, e do monopólio da verdade pelo mercado, não se extinguirão enquanto a realidade for complexa e também enquanto preponderar na sociedade o sistema capitalista neoliberal que, aliás, torna-se cada vez mais hegemônico, contudo é possível tornar o conhecimento moderno mais humano e ainda inovador utilizando os critérios da intervenção ética e da interdisciplinaridade, ou seja, produção e pesquisa acadêmica interdisciplinar fundamentando as tomadas de decisões governamentais. Além de tudo isso, 86 pode-se ampliar o uso da interdisciplinaridade para outras grandes áreas do conhecimento como, por exemplo, o diálogo entre as religiões. Palavras-chave: Interdisciplinaridade; Conhecimento Moderno; Ética. A TRANSVALORAÇÃO DA MODERNIDADE EM NIETZSCHE SILVA, Nilza Oliveira. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa (SEDAC). [email protected] A filosofia sempre foi importante para a humanidade e a acompanhou de perto na atualização de seus conceitos e valores. Na obra do filósofo Nietzsche, a transvaloração de todos os valores pode-se tecer alguns questionamentos. Nietzsche nos alerta para analisar a oposição das consequências das morais do senhor e do escravo. O filósofo segue o viés da contramão dos valores cristãos para a transvaloração dos valores morais. Nietzsche, quer propor a transvaloração dos valores. É preciso refleti-los novamente todos eles e Inclusive quem nós vamos escolher como político-representante. Na oncepção de Nietzsche, a moral precisa passar por uma desconstrução. E o que a temos na modernidade é uma imposição arcaica das instituições que elencaram e padronizaram uma moral dominante. Por isso, é relevante fazer uma busca histórica para encontrar como que os princípios morais perpetuaram nas motivações dos indivíduos. Isso faz o homem inverter os valores e traçar novos caminhos para a formação do novo tipo de homem. Palavras-chave: Transvaloração. A GERAÇÃO DO MUNDO EM LINGUAGEM MATEMÁTICA SILVA, Pedro Henrique Ciucci da. [email protected] O presente trabalho tem como objetivo central demonstrar como Platão, numa linguagem matemática, organiza o mundo através de seu Organizador: O Demiurgo. Este diálogo é, sem nenhuma sombra de dúvida, uma obra de cunho astronômico e de extrema importância para futuros astrônomos, entre eles Johannes Kepler, o qual utilizará os modelos geométricos para desenvolver a suas leis e afirmar o modelo heliocêntrico. Sendo assim, o Timeu não só fica marcado na História como um livro de geração platônica do mundo, mas como um manual de geração astronômica. Palavras-chave: Platão; Demiurgo; Organização; Geração; Gerador. 87 O PROBLEMA DA ESCRITA E A INDICAÇÃO NO ENSINO DA FILOSOFIA SOUZA, Pedro Bravo de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] A presente comunicação tem como objetivo estudar o problema da escrita na Filosofia e a função da indicação em seu ensino. A partir de algumas considerações de Platão no texto da Carta VII, problematizaremos, de maneira negativa, a escrita como expressão maior do filosofar. Assim, resgatando uma contribuição do filósofo grego, a saber, de que a prática de quem almeja a filosofia tem mais a ver com uma certa relação, vivência, coabitação com um problema filosófico, procuraremos pensar como isso é possível no âmbito do ensino da Filosofia. Para tanto, analisaremos como a indicação tem a contribuir para com tal relação a perspectivando em duas dimensões distintas: 1) como alternativa entre um ensino baseado somente na transmissão abstrata de conhecimentos pelo professor (Rancière e Freire), e uma prática na qual ele tem seu papel demasiado diminuído (Lipman); e 2) como possibilitante de uma experiência de choque (Benjamin). Caracterizada dessa maneira, a indicação parece fornecer muitas contribuições para que a prática da filosofia aconteça em sua relação com o ensino. Palavras-chave: Ensino de Filosofia; Experiência; Escrita. TRANSHUMANISMO E EXPERIÊNCIA HUMANA: UMA REFLEXÃO FILOSÓFICA NA PERSPECTIVA DOS SISTEMAS COMPLEXOS SOUZA, Renata Silva; BELTRÃO, Talita. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] A ideia central deste trabalho é utilizar as hipóteses dos sistemas complexos para analisar de forma crítica os possíveis impactos dos ideais transhumanistas, movimento que surgiu há mais ou menos duas décadas. O transhumanismo é caracterizado por Bostrom (2005), um dos principais defensores do aprimoramento radical das capacidades humanas, como “movimento cultural e intelectual que afirma a possibilidade e o desejo do completo aprimoramento da condição humana através da razão aplicada, especialmente por desenvolver e tornar amplamente disponível tecnologias para eliminar o envelhecimento e para aprimorar substancialmente as capacidades intelectuais, físicas, e psicológicas” (Tradução nossa). Entendemos que algumas questões trazidas 88 pelo transhumanismo poderiam, de certo modo, alterar a forma perceptual dos agentes, alterando consequentemente sua maneira de agir e experienciar o mundo. Tais consequências, por seu turno, serão analisadas à luz da Teoria dos sistemas complexos que caracteriza a experiência como algo que se constitui por meio da dinâmica que o organismo estabelece com o ambiente. Tratando ainda da experiência, discutiremos a concepção de Dewey, que considera que “(...) as mudanças produzidas no meio ambiente reagem sobre o organismo e sobre suas atividades, de sorte que o ser vivente experimenta e sofre as consequências do seu próprio comportamento. Esta conexão íntima entre agir e sofrer ou arrostar constitui aquilo que denominamos experiência” (DEWEY, 1959, p.104). A partir desta noção de experiência, analisaremos as seguintes questões: 1) Quais são as possíveis implicações da efetivação de ideias transhumanistas para a espécie humana, assim como para os demais organismos e seus respectivos meios. 2) Quais são as possíveis consequências de se isolar em seu próprio nicho? Argumentaremos que a abordagem transhumanista sugere uma cisão entre a experiência compartilhada de um sistema que forma e envolve o indivíduo, priorizando o foco super-especializado em partes de habilidades humanas a serem, individualmente , aprimoradas. Finalmente, argumentaremos que as possíveis consequências da efetivação dos ideias transhumanos, de acordo com a perspectiva dos sistemas complexos, estariam relacionadas, por exemplo, a mudanças do próprio sistema do organismo humano, emergência e geração de novos padrões de funcionamento corporal/comportamental, impacto social e ecológico em vista de novas práticas/regras de agir-ser no mundo. Palavras-chave: Transhumanismo, Experiência. CONTRIBUIÇÕES EDUCACIONAIS PIBID 2 (FILOSOFIA - UEL) TANUS, Heitor Godinho; REZINO, Larissa Farias. Universidade Estadual de Londrina (UEL). [email protected] A presente comunicação tem como objetivo central, apresentar as contribuições pedagógicas encontradas pelo nosso grupo, o PIBID 2 ( filosofia - Universidade Estadual de Londrina). Em nossa apresentação serão abordadas as leituras feitas antes da pesquisa, à pesquisa propriamente dita, assim como as conclusões em grupo chegadas. Nosso PIBID 2, realizou em 2011 uma pesquisa quantiqualitativa que procurava auferir dados os quais indicassem a visão que os alunos de ensino-médio possuem da filosofia e a opinião dos mesmos em relação a didática do professor. Esta pesquisa obviamente foi realizada em um número reduzido de pessoas, centrada em dois colégios da cidade de Londrina - PR, a saber, Maria do Rosário Castaldi e Benedita Rosa Rezende, sendo este o colégio 89 o qual participei da aplicação e posterior quantificação e tabulação dos dados. Mostraremos, por meio de slides, todo o processo de quantificação e tabulação de dados elaborados pelo grupo, assim como nossas conclusões que, como será apresentado têm como objetivo final a produção de um material didático. Palavras-chave: PIBID 2; Contribuições; Objetivos. DESCONSTRUÇÃO DOS SENTIDOS TEGA, Natália Marquezini. Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). [email protected] Esse trabalho tem como objetivo contribuir para um estudo sobre a obra A náusea de Jean-Paul Sartre, que consiste em um romance que trabalha com conceitos filosóficos do autor, presentes em sua filosofia existencialista a qual é vivenciada intensamente pelo personagem Antoine Roquentin. No encadeamento interno do romance, Roquentin vive um processo de conscientização que, partindo das sensações, causa mudanças em seu ser e na sua percepção do mundo, isto é, Roquentin percebe que ele e o mundo que o rodeia existem como presença pura, e isso muda todo sentido de sua vida. Roquentin percebe que tem um corpo, uma mão que toca e sente outras existências. A partir desse momento acontece uma revolução em seu corpo, em seu modo de olhar para as coisas, que se apresentam diante dele individualizadas; o mundo em si torna-se diferente frente a este novo olhar. Tal percepção produz nele um sentimento de náusea que gera um afastamento de seu cotidiano. A consciência do existir enquanto organismo que funciona, possibilita sentir seu corpo vivo, perceber-se como um ser que pensa e existe, e que se sente responsável pela sua existência; ou seja, a náusea permite indagar-se, sobretudo, sobre sua existência até aquele momento, sobre o tempo vivido entre passado e presente, e, por fim, se viveu de fato suas histórias ou as imaginou transformadas apenas em uma narração ficcional. A pesquisa pretende contemplar, de um lado, a atividade de percepção que o personagem Antoine Roquentin faz de seu próprio ser e do mundo, na qual, por meio de um sentimento de náusea, afasta-se de seu cotidiano e percebe-se enquanto existente; de outro lado, examinar o conceito de "corpo vivo", buscando ver como Sartre articula pensamento e existência na obra, possibilitando à personagem sentir-se responsável por sua vida e sua história e, assim, estudar o processo de conscientização por meio do qual Roquentin articula sua existência e a existência do mundo, do qual decorre a apreensão do mundo como contingência. O estudo examina, nesse processo de conscientização, a relação entre literatura e filosofia na obra, já que Roquentin esta diante de dois mundos, o mundo idealizado do romance no qual tenta salvar 90 o sentido, e o mundo real, isto é, o mundo da contingência no qual se realiza a desconstrução dos sentidos. Palavras-chave: Filosofia e literatura; Existencialismo. A INTENCIONALIDADE: RESPOSTA DE SEARLE À DENNETT UZAI JUNIOR, Paulo; COELHO, Jonas Gonçalves. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Bauru). [email protected] Pretendemos apresentar a resposta de John Searle frente às criticas que Daniel Dennett ofereceu aos seus principais escopos teóricos, como em relação ao caráter subjetivo e de primeira pessoa da consciência humana, bem como as dificuldades resultantes que esse tipo de abordagem traz a uma investigação científica objetiva. Veremos que a réplica de Searle vai à direção da possibilidade de um conhecimento objetivo da subjetividade. Também poderá ser observado como a resposta do filósofo tenta esclarecer alguns pontos de sua teoria da consciência, articulando a intencionalidade com a subjetividade humana. Desta forma, também apresentaremos os principais pontos de sua teoria da intencionalidade, entendendo a estreita relação que há entre ela e a subjetividade humana, criticada por Dennett. Palavras-chave: John Searle; Daniel Dennett; Consciência; Intencionalidade. ACONTECIMENTO DA MORTE, CUIDADO DE SI E EDUCAÇÃO VIANA, Patrick. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] Esse trabalho é uma parte de uma pesquisa financiada pelo PIBIC/CNPq, intitulada "Ética, acontecimento e pragmática de si: desafios da arte de viver à educação", onde buscamos compreender o papel do acontecimento da morte do outro como móvel do ato de pensar, discutir suas possibilidades de implicar uma atitude ética do ato de pensar e refletir sobre o seu sentido para criar novos processos de subjetivação e compreender uma pragmática de si no ensino. Em vista disso, procuramos analisar teoricamente os temas da "experiência" e do "acontecimento da morte" em Montaigne e suas relações com as noções de "cuidado de si", "acontecimento" e "exercícios espirituais" em Foucault, e de "testemunho" em Agamben. Essas análises nos levaram a concluir que quando a morte do outro se torna um acontecimento, ela nos faz pensar sobre nós mesmos, sobre nossa morte, mas também sobre nossa vida, e pode suscitar a assunção de 91 uma atitude ética de cuidado de si, o que dependerá da coragem de cada um. E isso pode ter lugar no ensino através do testemunho, pois, além de a morte ser inerente à vida e afetar aqueles que frequentam ambientes educacionais, uma vez que quem já morreu não pode mais falar, se sua morte virou acontecimento, a distância entre aquele que o "presenciou" tem legitimidade para prestar testemunho diante daqueles que somente sobrevivem. Palavras-chave: Acontecimento da Morte; Cuidado de Si; Educação. STRAWSON E GRICE VERSUS QUINE: DEFENDENDO A NOÇÃO DE ANALITICIDADE VIDEIRA. Leonardo Gomes de Soutello. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). [email protected] W. V. Quine em seu bombástico artigo Two Dogmas of Empiricism (1951) lança um ataque à noção de analiticidade e ao reducionismo de significado. O objetivo de Quine ao fazer isto é desclassificar as teorias científicas existentes, em especial o projeto lógico-positivista, para poder afirmar que o seu modelo de teoria científica é o que se aplica melhor à realidade e é o mais digno de ser aplicado. A noção de analiticidade é extremamente cara ao projeto de teoria científica de Carnap e seus companheiros positivistas lógicos, bem como, a qualquer um que confiava nesta noção para construir qualquer tipo de teoria do conhecimento por meio de sentenças verdadeiras em função de seus significados. Quine mostra-nos que esta é uma noção obscura e que sempre que tentamos dar algum tipo de justificação acerca de sua existência ou alguma explicação sobre o que ela é, acabamos caindo em argumentos circulares, pois todas as explicações já pressupõe a própria noção. Portanto, afirma-se em two dogmas, a noção de analiticidade não é suficientemente inteligível para que se trace uma fronteira entre enunciados analíticos e sintéticos, de modo que se possa usar ela de maneira basilar em uma sólida teoria do conhecimento; afirmase também, que o fato de "que haja tal distinção [entre enunciados sintéticos e analíticos] que deva ser delimitada é um dogma não empírico dos empiristas, um artigo metafísico de fé", ou seja, neste artigo, o filósofo está argumentando em favor de que esta distinção não deva existir. Contudo, em 1956, H. P. Grice e P. Strawson, dois outros grandes nomes da tradição analítica, descontentes com as conclusões alcançadas por Quine em two dogmas, pulicaram o artigo in defence of a dogma, onde eles defendem a noção de analiticidade das críticas quineanas. Neste artigo, eles admitem que, embora, a noção seja obscura e que é necessário que se façam estudos mais completos e que sejam apresentadas justificações mais sólidas acerca da analiticidade, isso não é motivo suficiente para abandoná92 la, ou para dizer que ela não existe, ou para dizer que é melhor construirmos uma teoria da ciência sem ela. Nosso objetivo, na apresentação deste trabalho, é explicar rapidamente algumas das críticas que são endereçadas à noção de analiticidade e, em seguida, mostrar como Grice e Strawson defendem a noção destas críticas; mostrando que a analiticidade é obscura, mas minimamente inteligível e importante para qualquer teoria da ciência, até mesmo para a proposta por Quine. Palavras-chave: Analiticidade; Dogma; Empirismo; Linguagem; Ciência. RITUAIS DE POSSESSÃO COMO PROCESSO CATÁRTICO: O CASO HAOUKA ZEDRON, Camila Mauricio. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected] Este trabalho busca relacionar o desenvolvimento de certos eventos ritualísticos de magia e possessão a processos catárticos coletivos. Utilizando como principal referência o ritual Haouka (descrito no filme "Os Mestres Loucos", de Jean Rouch), praticado entre os trabalhadores de Accra, Nigéria, durante o período colonial. Tendo como ponto de partida a opressão, no caso a colonização inglesa na Nigéria, sofrida por um grupo social, que leva ao desenvolvimento de patologias de origem psíquica e chegando por fim à sua cura através da catarse coletiva. O presente trabalho irá reunir elementos da psicanálise para compreender esse fenômeno, associando-o também à outros rituais de magia, não tão evidentemente catárticos quanto o Haouka, fazendo uma análise de estudos etnográficos de magia sob à luz de Freud, utilizando também alguns elementos lacanianos. Palavras-chave: Catarse; Freud; Lacan; Haouka; Magia; Possessão. 93