Universidade Estadual Paulista – UNESP
Faculdade de Filosofia e Ciências
Campus de Marília
Anais
VIII Encontro de Pesquisa na Graduação em
Filosofia da UNESP
Marília – 13/05 a 17/05
2013
Universidade Estadual Paulista – UNESP
Faculdade de Filosofia e Ciências
Campus de Marília
Diretor:
Prof. Dr. José Carlos Miguel
Vice-Diretor:
Prof. Dr. Marcelo Tavella Navega
Comissão Organizadora
Reinaldo Sampaio Pereira (Coordenador)
João Antonio de Moraes (Doutorando em Filosofia)
Tiago Brentam Perencini (Mestrando em Educação)
Amanda Veloso Garcia (Graduanda em Filosofia)
Pedro Bravo de Souza (Graduando em Filosofia)
Bruno Cardoso de Melo (Graduando em Filosofia)
Renato de Oliveira Pereira (Graduando em Filosofia)
Augusto Rodrigues (Graduando em Filosofia)
Renata Piovan (Graduanda em Filosofia)
Promoção:
Departamento de Filosofia – UNESP
Conselho de Curso de Filosofia – UNESP
Programa de Pós-graduação em Filosofia – UNESP
Apoio:
FAPESP
Departamento de Filosofia – UNESP
Conselho de Curso de Filosofia – UNESP
Escritório de Pesquisa
Editoração:
Amanda Veloso Garcia
João Antonio de Moraes
Anais VIII Encontro de Pesquisa na Graduação em
Filosofia da UNESP / Reinaldo Sampaio Pereira (Org.). –
Marília, 2013.
93 f.
ISSN 2317-5877
1. Filosofia. 2. Pesquisa. 3. Graduação. I.Título.
Índice
Programação do Evento ..................................................................................... 5
Resumos das Conferências ................................................................................. 8
Programação das Sessões de Comunicação .................................................... 13
Resumos das Sessões de Comunicação ............................................................ 25
ALEIKSEIVZ, Renato Alves.......................................................................... 26
ALENCAR FILHO, Fernando Luiz................................................................ 27
ALMEIDA, Jonas Rangel de. ......................................................................... 27
ARAMOR, Marlon Henrique. ........................................................................ 28
ARAUJO, Mauro Juarez Sebastião dos Reis. ................................................. 29
ARTHUR, Izabel Cristina. U .......................................................................... 29
ASSIS, Alexandre Gil. .................................................................................... 30
AZEVEDO, Laura Rosa Kugler de. ............................................................... 31
BARBOSA, Adria Kassia. .............................................................................. 31
BEZERRA, Edilene Alves. ............................................................................. 32
BRANZES, Karina Karem Rozendo de Lima. ............................................... 33
BRUNETTO, Guilherme Isaac. ...................................................................... 34
BRUNO, Eder Ferreira. .................................................................................. 34
CAMARGO, Vinícius Pereira de. .................................................................. 35
CASEIRO, Guilherme Varallo. ...................................................................... 36
CEZAR JUNIOR, Jó Rodrigues. .................................................................... 37
COELHO, Rafael Teruel ................................................................................ 37
COSTA, Júlio César Rodrigues. ..................................................................... 38
CRUZ, Murilo Galvão Amancio..................................................................... 39
CRUZ, Nayara Sandrin da. ............................................................................. 40
DEL LAMA, Fernando Araujo ....................................................................... 41
DUARTE, Bruna Maria Lemes; PEREIRA, Paulo Henrique Araujo Oliveira.
........................................................................................................................ 42
EZIDIO, Camila de Souza. ............................................................................. 42
FERREIRA, Fernanda de Assis. ..................................................................... 43
FERREIRA, Gustavo Bertolino ...................................................................... 44
GAETA, Caio Kraide...................................................................................... 45
GALVÃO NETO, Dario de Queiroz. ............................................................. 45
GARCIA, Amanda Veloso. ............................................................................ 46
HOFFMANN, Raul de Souza. ........................................................................ 46
JÁCOMO, Luiz Vicente Justino. .................................................................... 47
JATOBÁ, Jessyca Eiras. ................................................................................. 47
LAMPERT, Fábio. .......................................................................................... 48
LEITE, Franco Pereira. ................................................................................... 49
LUIZ, Felipe; VAZ, Vinicius Rezende Carretoni. .......................................... 50
MAGDALENO, Danieli Gervazio. ................................................................ 51
MARINHO, Felipe Galhardo Ruiz. ................................................................ 51
MEDINA, Lucas Ferreira. .............................................................................. 52
MELO, Bruno Cardoso de. ............................................................................. 53
MENEZES, Manoela Paiva. ........................................................................... 54
MIRANDA, Arilson Rodrigues. ..................................................................... 54
MORAES, Kellen Ferreira de. ........................................................................ 55
MORAIS, Nattany Ribeiro de; CASTRO, Rosane Michelli; TOTTI, Marcelo
Augusto. .......................................................................................................... 56
NASCIMENTO, Paulo Henrique Costa ......................................................... 57
NASCIMENTO, Thiago Tavares Vidoca do. ................................................. 58
NASCIMENTO, Ulisses Santos do. ............................................................... 59
OLIVEIRA, Aline da Silva. ............................................................................ 59
OLIVEIRA, Antonio Martins de. ................................................................... 60
OLIVEIRA, Elói Maia de. .............................................................................. 61
OLIVEIRA, Fernanda Martins de................................................................... 62
OLIVEIRA, Leandro Gabriel dos Santos. ...................................................... 63
OLIVEIRA, Lorena Silva. .............................................................................. 64
PANTALEÃO, Nathália Cristina Alves. ........................................................ 65
PATRICIO, Maria Júlia de Oliveira Cyrino. .................................................. 65
PEDROZO, Elcio Fernando de Avila. ............................................................ 66
PEREIRA, Júlia. ............................................................................................. 67
PEREIRA, Renato de Oliveira. ....................................................................... 68
PEREIRA, Sidiney Silva; SALAZAR, Nathalia Gleyce dos Santos; SOUSA,
Beatriz Lorena de. ........................................................................................... 69
PINTO, Silmara Cristiane; SANTOS, Genivaldo De Souza; GELAMO,
Rodrigo Pelloso............................................................................................... 70
PIOVAN, Renata. ........................................................................................... 71
PRADO, Vinícius de Oliveira......................................................................... 72
QUADROS E TONON, Hugo Leonardo de. .................................................. 72
QUINTILHANO, Guilherme Devequi. .......................................................... 73
RAMIRO, Caio Henrique Lopes. ................................................................... 74
RAMOS, Thayane Queiroz. ............................................................................ 74
RODRIGUES, Victor César Fernandes. ......................................................... 75
ROSA, Sara Morais da. ................................................................................... 75
SAMPAIO, Thiago Henrique. ........................................................................ 76
SANT'ANNA, André Rosolem. ...................................................................... 77
SANTOS, Carlos Aparecido. .......................................................................... 78
SANTOS, Eraldo Souza dos. .......................................................................... 79
SHIRAKAVA, Rafael da Silva....................................................................... 80
SILVA, Andre Luiz Bravin da. ....................................................................... 81
SILVA, Camila da Cruz. ................................................................................. 82
SILVA, Geremias Gimenes da. ...................................................................... 83
SILVA, Guilherme Diniz da. .......................................................................... 84
SILVA, Guilherme José Santini da. ................................................................ 85
SILVA, Jonas dos Santos. ............................................................................... 85
SILVA, Jose Ronaldo. .................................................................................... 86
SILVA, Nilza Oliveira. ................................................................................... 87
SILVA, Pedro Henrique Ciucci da. ............................................................... 87
SOUZA, Pedro Bravo de. ............................................................................... 88
SOUZA, Renata Silva; BELTRÃO, Talita ..................................................... 88
TANUS, Heitor Godinho; REZINO, Larissa Farias. ...................................... 89
TEGA, Natália Marquezini. ............................................................................ 90
UZAI JUNIOR, Paulo; COELHO, Jonas Gonçalves. ..................................... 91
VIANA, Patrick. ............................................................................................. 91
VIDEIRA. Leonardo Gomes de Soutello. ...................................................... 92
ZEDRON, Camila Mauricio. .......................................................................... 93
Programação do Evento
13 de maio
14h - 18h: Sessão de Comunicações I
19h: ABERTURA
Prof. Dr. Reinaldo Sampaio Pereira (Coordenador do Evento e do Conselho de
Curso de Filosofia – Unesp/Marília)
Prof. Dr. José Carlos Miguel (Direção FFC/UNESP)
19h30 - 22h30: Conferência
“Perspectivas sobre processos de significação musical”
Expositor: Prof. Dr. Luis Felipe de Oliveira (UFMS)
Debatedor: Prof. Dr. Márcio Benchimol Barros (UNESP/Marília)
14 de maio
8h30 - 12h: Sessão de Comunicações II
14h - 18h: Minicurso
“Dialética, retórica e lógica: diferentes modalidades de práticas discursivas”
Expositor: Prof. Dr. Bento Prado de Almeida Ferraz Neto (UFSCar)
19h30 - 22h30: Debate
“Problemática entre a Lógica e a Filosofia”
Expositor: Prof. Dr. Ricardo Pereira Tassinari (UNESP/Marília)
Debatedor: Prof. Dr. Antonio Trajano Menezes Arruda (UNESP/Marília)
15 de maio
8h30 - 12h: Sessão de Comunicações III
14h - 18h: Sessão de Comunicações IV
19h: Apresentação Artística - Grupo de Capoeira Angola
19h30 - 22h30: Conferência
“Afroperspectividade: a legitimidade da Filosofia Africana ontem e hoje”
Expositor: Prof. Dr. Renato Nogueira dos Santos Junior (UFRRJ)
Debatedor: Profa Dra. Maria Eunice Quilici Gonzalez (UNESP/Marília)
6
16 de maio
8h30 - 12h: Sessão de Comunicações V
14h - 18h: Minicurso
“Espírito positivo versus espírito livre”
Expositor: Prof. Dr. José Carlos Bruni (FFSB/Faculdade de Filosofia de São
Bento)
19h30 - 22h30: Conferência
“A societas entre filosofia e eloquência em Cícero”
Expositor: Prof. Dr. Sidney Calheiros de Lima (USP)
“A concepção latinista em Vico”
Expositor: Prof. Dr. Sérgio Nunes (UFPA)
Debatedor: Prof. Dr. Ricardo Monteagudo (UNESP/Marília)
17 de maio
8h30 - 12h: Sessão de Comunicações VI
14h00 - 18h: Sessão de Comunicações VII
19h30 - 22h30: Conferência
“O progresso científico e alguns obstáculos”
Expositor: Prof. Dr. Jézio Hernani Bomfim Gutierre (UNESP)
Debatedor: Prof. Dr. Kleber Cecon (UNESP/Marília)
7
Resumos das Conferências
Conferência: Perspectivas sobre processos de significação musical
Expositor: Prof. Dr. Luis Felipe de Oliveira (UFMS)
Este texto discute as descrições dos processos de significação musical dentro do
domínio da estética musical, da psicologia da música e dos estudos em cognição
musical. Discute-se, em todas essas áreas, de maneira específica ou
generalizada, implicita ou explicitamente, os processos de significação em
música. Não iremos, aqui, apresentar uma reconstrução historicamente precisa
sobre tudo o que se escreveu sobre o assunto, mas estabelecer algumas conexões
entre autores que consideramos fundamentais nas investigações recentes sobre a
compreensão do discurso musical. É partir da filosofia moderna que a música
passa a carecer de prestígio entre os grandes pensadores e seu papel na história
das idéias fica subjulgado a um plano inferior, pelo menos até o século XIX.
Quando a música perdeu sua conexão cosmológica ela passou a ser considerada
como uma manifestação aprazível cuja função seria a de representar e estimular
os sentimentos, em uma linguagem das emoções ou um discurso eloqüente dos
afetos, apesar de sua natureza efêmera e sua incapacidade em lidar com
conceitos. Hanslick, em sua obra referencial na estética musical escrita em 1854,
se incumbe do papel de refutar a tese então estabelecida de que a artes dos sons
seria a representação dos sentimentos e busca apresentar uma nova formulação
sobre o que seja a música e como a compreendemos. Oferecendo as bases para
as futuras teorias formalistas da música, Hanslick sustenta que, em música,
forma e conteúdo são uma e a mesma coisa, e que a compreensão musical opera
pelo contemplar dessa forma, seguindo-se, pela ação da fantasia, as idéias
genuinamente musicais. Esse texto de meados do século XIX é o ponto de
partida para muitas outras pesquisas que se desenvolveram no século XX, que
corroboram a tese de que a escuta musical se dá através de processos cognitivos.
Leonard Meyer, partindo da tese enunciada por Hanslick, desenvolve uma teoria
sobre como significado e emoção se apresentam nas obras musicais. Meyer,
situando-se sobre uma base conceitual implicitamente lógico-semiótica,
estabelece três tipos de significados musicais que podem ser ligados às três
formas inferenciais descritas por C.S. Peirce em sua ciência geral dos signos. É
sobre essa relação entre a teoria de Meyer e a filosofia de Peirce que
descreveremos um modelo lógico-semiótico da significação musical.
Minicurso: Dialética, retórica e lógica: diferentes modalidades de práticas
discursivas
Expositor: Prof. Dr. Bento Prado de Almeida Ferraz Neto (UFSCAR)
O curso pretende oferecer uma exposição dos trabalhos conceituais que
subjazem à invenção da lógica por Aristóteles, ao mesmo tempo em que explora
9
algumas dimensões ético-políticas do longo processo que deságua na criação
dessa disciplina. Num primeiro momento, serão apresentadas duas outras artes
da palavra – a retórica e a dialética –, caracterizando-as na forma de um embate
entre duas perspectivas ao mesmo tempo ético-políticas e lógico-ontológicas;
para a caracterização do ponto de vista da dialética, será utilizada a discussão
sobre a retórica no diálogo Górgias de Platão; para a caracterização do ponto de
vista da retórica, será utilizado um trecho da discussão sobre a ciência no
diálogo Teeteto de Platão (o “discurso de Protágoras”), assim como o Tratado
sobre o não-ser de Górgias. Num segundo momento, será apresentado o modo
pelo qual Aristóteles, na esteira de reflexões platônicas vai subverter o quadro
desse confronto, abrindo espaço para a constituição da lógica como arte da
palavra. Essa apresentação se concentrará no plano lógico-ontológico,
mostrando como é elaborada uma nova concepção da linguagem e de suas
relações com a realidade que abrirá espaço para a distinção entre verdade e
validade; para tanto, será explorado o diálogo O Sofista, de Platão, bem como o
De Interpretatione de Aristóteles. Por fim, se retomará essa constituição da
lógica do ponto de vista ético-político, não para caracterizar o ponto final desse
processo de constituição (a perspectiva Aristotélica) e sim para indicar algumas
transformações históricas relativas à dimensão “prática” da linguagem que são
relevantes para esse processo; para tanto, será efetuado um contraste entre o
Poema de Parmênides e a apresentação do ponto de vista parmenidiano que
encontramos no diálogo O Sofista de Platão, utilizando também alguns
elementos de outros filósofos gregos contemporâneos, como Heráclito e os
Megáricos.
Conferência: Problemática entre a Lógica e a Filosofia
Expositor: Prof. Dr. Ricardo Pereira Tassinari (UNESP/Marília)
Qual a relação entre Lógica e Filosofia? A Lógica é importante para a Filosofia
ou lhe é apenas acessória? No sentido de responder a essas perguntas (ainda que
de forma geral), mostraremos em nossa conferencia, a partir de uma análise da
história da Lógica e de sua situação contemporânea, que a busca de
compreensão da noção de inferência e da determinação das condições de sua
validade, tema central da Lógica e um dos temas essenciais à Teoria do
Conhecimento, leva a uma pluralidade de visões e sistemas, o que torna a
Lógica, nos tempos atuais, parte essencial da Filosofia.
Conferência: Afroperspectividade: a legitimidade da Filosofia Africana ontem
e hoje
Expositor: Prof. Dr. Renato Nogueira dos Santos Junior (UFRRJ)
10
O objetivo desta palestra é apresentar argumentos em favor da legitimidade da
filosofia africana e afrodiaspórica – filosofia afroperspectivista. Para dar conta
de uma abordagem crítica da geopolítica ocidental da filosofia hegemônica,
vamos inserir o conceito de pluriversalidade com intuito de problematizar a
universalidade ocidental e apresentar registros diversos e a diversalidade radical
que viabiliza a existência da filosofia fora da Europa e dos Estados Unidos na
contemporaneidade, assim como a existência de trabalhos filosóficos na
antiguidade com especial atenção para a filosofia africana anterior aos présocráticos.
Minicurso: Espírito positivo versus espírito livre
Expositor: Prof. Dr. José Carlos Bruni (FFSB/Faculdade de Filosofia de São
Bento)
O minicurso focará um problema central da filosofia do século XIX: a disputa
entre a concepção de espírito positivo de Auguste Comte e a de espírito livre de
Friedrich Nietzsche. O objetivo deste confronto é de mostrar os pontos de total
oposição, bem como os de secreta convergência. Enquanto Comte vê a Ciência
como espelho fiel da realidade, Nietzsche acentua o caráter criador do espírito
livre que se realiza na arte.
Conferência: A societas entre filosofia e eloquência em Cícero
Expositor: Prof. Dr. Sidney Calheiros de Lima (USP)
Cícero, autor romano do século I a. C., apresenta a si mesmo como um pioneiro
no tratamento da filosofia em latim. Defende seu projeto filosófico, em diversos
momentos de sua obra, definindo-o como um serviço prestado à res publica.
Para ele, criar as condições para que o debate filosófico se desse na língua
própria dos romanos era a única ação política honesta que estava ao seu alcance
no contexto da tirania de César. Era um dever político. Dentre os muitos
aspectos do pensamento de Cícero que têm despertado o interesse dos estudiosos
de filosofia, conta-se o fato de o autor ter defendido e promovido uma
reaproximação entre filosofia e retórica, que teriam sido radicalmente separadas
pelo parens philosophiae, Sócrates. No De fato, Cícero, personagem do diálogo,
afirma que o gênero de filosofia que cultiva tem grande afinidade com a
eloquência. Entre eloquência e filosofia haveria uma relação de societas. Ambas
as disciplinas, por assim dizer, seriam mutuamente auxiliares. No De finibus, os
interlocutores do diálogo, Cícero e Torquato, por meio de perguntas e respostas
(uma forma rara de debate filosófico em Cícero), discutem a possibilidade de
uma rhetorica philosophorum. Se é possível uma retórica própria dos filósofos,
o autor não deixa de perceber, por outro lado, que utiliza a filosofia quando
11
empreende estudar e ensinar a arte do discurso persuasivo. É significativo que,
no prefácio de uma obra do final da vida, o De diuinatione (44 a. C.), enumere,
entre seus livros de filosofia, as três mais importantes dentre suas obras de Arte
Retórica: De oratore, Brutus e Orator. A leitura de algumas passagens tomadas
às obras mencionadas deverá contribuir para a compreensão da complexa
relação que se estabelece, no pensamento ciceroniano, entre filosofia e
eloquência; deverá ainda lançar luz sobre o método de investigação empregado
por ele em algumas de suas obras. Um método cuja origem ele faz remontar ao
mos socraticus e à Academia fundada por Platão.
Conferência: O progresso científico e alguns obstáculos
Expositor: Prof. Dr. Jézio Hernani Bomfim Gutierre (UNESP/Marília)
Tradicionalmente, a filosofia da ciência tem no avanço científico um de seus
temas centrais. Para muitos, este seria um traço essencial da ciência empírica e,
enquanto tal, demandaria atenção por parte de todos aqueles que admitissem o
relevo gnosiológico da ciência e se preocupassem com sua definição. Mas o
progresso da ciência também assegura sua importância filosófica quando é visto
como o resultado de métodos epistemologicamente apropriados. Durante muitos
anos a filosofia do conhecimento teve como norte as questões clássicas sobre a
normatividade científica, isto é, sobre os processos de escolha racional que
deveriam ser adotados pela prática científica caso se pretendesse a consecução
do progresso. No entanto, a presença constante da temática do progresso tem
uma contrapartida muitas vezes ignorada. Ao estabelecer as condições do
avanço científico, vários filósofos chegam ao ponto de alertar para os perigos
que rondam a trajetória da ciência e seus sucessos. Nesse contexto, a teoria do
conhecimento tradicional chega a pensar que a transgressão de regras
metodológicas poderia levar ao desastre científico e sustar esse marcante fluxo
de sucessos que parece ter sido ininterrupto ao menos desde o advento da Idade
Moderna. Para a epistemologia contemporânea, menos comprometida com a
definição de um conjunto rígido de normas, talvez não seja tão nítido a
associação entre transgressões metodológicas e a tragédia epistemológica, mas
também aqui podemos identificar condições em que o progresso científico é
ameaçado. Seja como exemplificação epistemológica, seja como alerta para os
perigos que rondam o debate científico real, serão expostos alguns dos possíveis
obstáculos, sociais e práticos, contemporaneamente enfrentados pelo avanço da
ciência.
12
Programação das Sessões de Comunicação
13 de maio
Período da tarde
Mesa-redonda: Filosofia Política I - Michel Foucault
Mediador: Genivaldo de Souza Santos
Local: Anfiteatro I
Hora: 14h - 18h
A QUESTÃO DO INDIVÍDUO EM MICHEL FOUCAULT: DA
DISCIPLINA À BIOPOLÍTICA
ALEIKSEIVZ, Renato Alves. Universidade Federal do Paraná (UFPR).
O DISCURSO DEMOCRÁTICO PELA LIBERDADE Á LUZ DA
GENEALOGIA DE MICHEL FOUCAULT
BEZERRA, Edilene Alves. Universidade São Judas Tadeu (USJT)
A RELAÇÃO ENTRE SABER E PODER EM FOUCAULT
CASEIRO,
Guilherme
Varallo.
Universidade
Estadual
Paulista
(UNESP/Marília).
PODER DISCIPLINAR EM MICHEL FOUCAULT
LEITE, Franco Pereira. Universidade Estadual de Londrina (UEL).
A GENEALOGIA DE FOUCAULT ENQUANTO MÉTODO ANALÍTICO
DE LUTAS
LUIZ, Felipe; VAZ, Vinicius Rezende Carretoni. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília).
Mesa-redonda: Filosofia da Música
Mediador: Wagner de Barros
Local: Sala 64
Hora: 14h - 18h
A CRÍTICA DE HANSLICK À IDÉIA DE MÚSICA ENQUANTO MEIO
À LUZ DO CONCEITO NIETZSCHIANO DE DÉCADENCE
ALENCAR FILHO, Fernando Luiz. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília).
ADORNO SOBRE SCHOENBERG: TOTALIDADE E ESTÉTICA
GAETA, Caio Kraide. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
O PROBLEMA DOS CRITÉRIOS NA ANÁLISE MUSICAL: UMA
ABORDAGEM ETNOMUSICOLÓGICA
GARCIA, Amanda Veloso. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
O MOVIMENTO ÉTICO DA MÚSICA
14
QUADROS E TONON, Hugo Leonardo de. Universidade Estadual de Maringá
(UEM).
Mesa-redonda: Filosofia da Psicologia
Mediador: João Paulo Martins
Local: Sala 62
Hora: 14h - 18h
POR QUE O PSICÓLOGO DEVE "FILOSOFAR"? - ANÁLISE DAS
PRÁTICAS PSI E A MEDICALIZAÇÃO DA INFÂNCIA
CRUZ, Murilo Galvão Amancio. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Assis).
A CONCEPÇÃO TRÁGICA DE JASPERS E SUAS IMPLICAÇÕES
CEZAR JUNIOR, Jó Rodrigues. Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC).
REFLEXÕES EPISTEMOLÓGICAS SOBRE O HOMEM DOS RATOS
EM FREUD, LACAN E DELEUZE
GALVÃO NETO, Dario de Queiroz. Universidade de São Paulo (USP).
A INTERSUBJETIVIDADE EM MARTIN BUBER
MIRANDA, Arilson Rodrigues. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa
(SEDAC).
RITUAIS DE POSSESSÃO COMO PROCESSO CATÁRTICO: O CASO
HAOUKA
ZEDRON, Camila Mauricio. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
INSCRIÇÃO E CORPORIEDADE: JUDITH BUTLER E FRANZ KAFKA
SILVA, Aldones Nino Santos da. Universidade São Judas Tadeu (USJT).
Mesa-redonda: Filosofia da Linguagem
Mediador: Iraceles Ishii
Local: Sala 41
Hora: 15h - 17h30
A ORIGEM DA LINGUAGEM
BRUNETTO, Guilherme Isaac. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa
(SEDAC).
WITTGENSTEIN E A CRÍTICA À METAFÍSICA: O DIZÍVEL E O
INDIZÍVEL
PIOVAN, Renata. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
STRAWSON E GRICE VERSUS QUINE: DEFENDENDO A NOÇÃO DE
ANALITICIDADE
15
VIDEIRA, Leonardo Gomes de Soutello. Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP).
14 de maio
Período da manhã
Mesa-redonda: Filosofia da Mente
Mediador: Nicholas Gabriel Lopes Minotti
Local: Anfiteatro I
Hora: 08h30 - 12h
FILOSOFIA DA LINGUAGEM E ATOS DE FALA: CONTRIBUIÇÕES
PARA A TEORIA DOS ESTADOS MENTAIS SEGUNDO JOHN
SEARLE
DUARTE, Bruna Maria Lemes; PEREIRA, Paulo Henrique Araujo Oliveira.
Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
FILOSOFIA DA MENTE, CETICISMO E EXPERIÊNCIAS DE
PENSAMENTO
SANT'ANNA, André Rosolem. Universidade Estadual de Maringá (UEM).
A INTENCIONALIDADE: RESPOSTA DE SEARLE À DENNETT
UZAI JUNIOR, Paulo; COELHO, Jonas Gonçalves. Universidade Estadual
Paulista (UNESP/Bauru).
ANÁLISE FILOSÓFICA ACERCA DO PROJETO DE MODELAGEM
COMPUTACIONAL INCREMENTAL
PANTALEÃO, Nathália Cristina Alves. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília).
Mesa-redonda: Ensino de Filosofia I
Mediador: Tiago Brentam Perencini
Local: Sala 64
Hora: 08h30 - 12h
O ENSINO DE FILOSOFIA: RESSIGNIFICAÇÕES DENTRO DO
SISTEMA CAPITALISTA
BRANZES, Karina Karem Rozendo de Lima. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília).
CONSTRUINDO UM PENSAR AMPLO, CRÍTICO E CRIATIVO
16
CAMARGO, Vinícius Pereira de. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília).
FILOSOFIA E AFRICANIDADES: UMA REFLEXÃO SOBRE OS
MÉTODOS DE ENSINO DIDÁTICOS FILOSÓFICOS NO ENSINO
ÉTNICO RACIAL
OLIVEIRA, Lorena Silva. Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
SOBRE A POSSIBILIDADE DE O QUESTIONAMENTO SER UM
PROPULSOR AO PENSAR FILOSÓFICO
MENEZES, Manoela Paiva. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
EXPERIÊNCIA E APRENDIZAGEM NO ENSINO DE FILOSOFIA
PINTO, Silmara Cristiane; SANTOS, Genivaldo de Souza; GELAMO, Rodrigo
Pelloso. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
Mesa-redonda: Epistemologia e Filosofia da Ciência
Mediador: Abraão Prustelo Damião
Local: Sala 62
Hora: 08h30 - 12h
A EXISTÊNCIA NO MUNDO REAL: O DESENVOLVIMENTO DO SEREM-SI AO SER-PARA-SI
COSTA, Júlio César Rodrigues. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília).
A VIRADA NATURALISTA NA FILOSOFIA
ARAMOR, Marlon Henrique. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
O PROGRESSO NA CIÊNCIA SEGUNDO THOMAS KUHN
PATRICIO, Maria Júlia de Oliveira Cyrino. Universidade Estadual do Norte do
Paraná (UENP/Jacarézinho-PR).
A SIGNIFICAÇÃO DO OUTRO: OPERAÇÕES E CAUSALIDADE
PEDROZO, Elcio Fernando de Avila. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília).
CONHECIMENTO MODERNO EXIGE INTERDISCIPLINARIDADE
SILVA, Jose Ronaldo. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa (SEDAC).
15 de maio
Período da manhã
Mesa-redonda: Filosofia da Educação
Mediador: Renata Andrade
17
Local: Anfiteatro I
Hora: 08h30 - 12h
O INTELECTUAL E A ATITUDE CRITICA EM FOUCAULT:
REPENSAR O PAPEL DO EDUCADOR
ALMEIDA, Jonas Rangel de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
AUTONOMIA, CONFIANÇA E CONTROLE - ALGUMAS REFLEXÕES
SOBRE A REGULAÇÃO ESTATAL DA EDUCAÇÃO NA UNIÃO
EUROPEIA
DOS SANTOS, Eraldo Souza. Universidade de São Paulo (USP).
FOLCLORE E CULTURA INFANTIL: ESTUDOS À LUZ DAS
TEORIZAÇÕES DE FLORESTAN FERNANDES E WALTER
BENJAMIN
MORAIS, Nattany Ribeiro de; CASTRO, Rosane Michelli; TOTTI, Marcelo
Augusto. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
EDUCAÇÃO, COTIDIANO ESCOLAR E SOCIEDADE DE CONTROLE:
AS CONTRIBUIÇÕES DE GILLES DELEUZE PARA PENSAR O
PARADIGMA
MULTIDIMENSIONAL
DE
ADMINISTRAÇÃO
ESCOLAR
NASCIMENTO, Paulo Henrique Costa. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília).
ACONTECIMENTO DA MORTE, CUIDADO DE SI E EDUCAÇÃO
VIANA, Patrick. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
Mesa-redonda: Filosofia Política II
Mediador: Luiz César Alves Moreira Filho
Local: Sala 64
Hora: 08h30 - 12h
A DEMOCRACIA EM ESPINOSA
CRUZ, Nayara Sandrin da. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
A REVOLUÇÃO PASSIVA NO INÍCIO DO SÉCULO XX: A CRISE
ORGÂNICA COMO CRISE DE HEGEMONIA
FERREIRA, Fernanda de Assis. Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
"O QUE É A PROPRIEDADE?", A CRÍTICA ANARQUISTA DE
PIERREJOSEPH PROUDHON
MEDINA, Lucas Ferreira. Universidade São Judas Tadeu (USJT).
O PAPEL DO LEGISLADOR NA SOCIEDADE ROUSSEAUNIANA
NASCIMENTO, Ulisses Santos do. Universidade Federal do Recôncavo da
Bahia (UFRB).
18
Mesa-redonda: Filosofia da Informação e Teoria dos Sistemas Complexos
Mediador: Mariana Vitti Rodrigues
Local: Sala 45
Hora: 09h30 - 12h
SISTEMAS COMPLEXOS: UM OLHAR A PARTIR DO DUPLOVÍNCULO BATESONIANO
AZEVEDO, Laura Rosa Kugler de. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília).
A RELAÇÃO ENTRE ACASO E NECESSIDADE NA PERSPECTIVA DA
TEORIA DA COMPLEXIDADE
COELHO, Rafael Teruel. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
UMA ABORDAGEM SEMIÓTICA DA INFORMAÇÃO
MELO, Bruno Cardoso de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
Período da tarde
Mesa-redonda: Ensino de Filosofia II
Mediador: Laura Rosa Kugler de Azevedo
Local: Anfiteatro I
Hora: 14h - 18h
ENSINAR FILOSOFIA OU APRENDER A FILOSOFAR: FILOSOFIA
EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS
ROSA, Sara Morais da. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
CONSIDERAÇÕES NIETZSCHIANAS: O ERUDITISMO E A NÃOFILOSOFIA NO BRASIL SANTOS, Carlos Aparecido. Universidade Estadual
Paulista (UNESP/Marília).
O DIREITO DE FAZER FILOSOFIA
SILVA, Camila da Cruz. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
O PROBLEMA DA ESCRITA E A INDICAÇÃO NO ENSINO DA
FILOSOFIA
SOUZA, Pedro Bravo de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
CONTRIBUIÇÕES EDUCACIONAIS PIBID 2 (FILOSOFIA - UEL)
TANUS, Heitor Godinho; REZINO, Larissa Farias. Universidade Estadual de
Londrina (UEL).
19
Mesa-redonda: Filosofia do Renascimento e Filosofia Moderna
Mediador: Niege Pavani
Local: Sala 64
Hora: 14h - 18h
O DEVER MORAL DE DIZER A VERDADE EM KANT E SUA
IMPLICAÇÃO JURÍDICA: HAVERIA UM DIREITO DE MENTIR?
ARTHUR, Izabel Cristina. Universidade São Judas Tadeu (USJT).
A PAZ PERPÉTUA DE IMMANUEL KANT: NOTAS ACERCA DOS
ARTIGOS DEFINITIVOS PARA A PAZ PERPÉTUA ENTRE ESTADOS
ASSIS, Alexandre Gil. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
CONTRIBUIÇÕES DO PROGRESSO CIENTÍFICO PARA A
UNIVERSALIZAÇÃO DA HUMANIDADE E O NASCIMENTO DO
MULTICULTURALISMO
PEREIRA, Sidiney Silva; SALAZAR, Nathalia Gleyce dos Santos; DE SOUSA,
Beatriz Lorena. Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
A QUESTÃO DO INFINITO NA FILOSOFIA DE GIORDANO BRUNO
RODRIGUES, Victor César Fernandes. Universidade Federal Fluminense
(UFF).
A TRANSVALORAÇÃO DA MODERNIDADE EM NIETZSCHE
SILVA, Nilza Oliveira. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa (SEDAC).
Mesa-redonda: Filosofia da Religião e Filosofia Medieval e Escolástica
Mediador: Luiz Vicente Jácomo
Local: Sala 60
Hora: 14h - 18h
UMBANDA EM MACAPÁ: FÉ, MISTICISMO E PRECONCEITO UM
ABORDAGEM ANTROPOLÓGICA E FILOSÓFICA
BARBOSA, Adria Kassia. Universidade do Estado do Amapá (UEAP).
A DISTINÇÃO CONCEITO-OBJETO NA SUMMA THEOLOGIAE, IA, Q.
85
FERREIRA, Gustavo Bertolino. Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP).
TOMÁS DE AQUINO ACERCA DOS ATRIBUTOS DIVINOS
OLIVEIRA, Elói Maia de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
CONCEITO DE TEMPO EM SANTO AGOSTINHO
SILVA, Jonas dos Santos. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa (SEDAC).
O ARGUMENTO ONTOLÓGICO DE GÖDEL
LAMPERT, Fábio. Faculdade de São Bento (FSB).
20
Mesa-redonda: História da Filosofia
Mediador: Paulo Tadao Nagata
Local: Sala 45
Hora: 15h - 17h30
PARA UMA HERMENÊUTICA ACERCA DA ORIGEM DA
LINGUAGEM NA OBRA CIÊNCIA NOVA DE G. VICO EM
CONTRAPONTO A ORIGEM DA LINGUAGEM NA OBRA DE
PLATÃO: O CRÁTILO
MORAES, Kellen Ferreira de. Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
A CERTEZA EM DESCARTES
SILVA, Guilherme Diniz da. Faculdade de São Bento (FSB).
ORIGENS DO CETICISMO FRANCÊS DO SÉCULO XVI:
HUMANISMO, AVERROÍSMO E FIDEÍSMO
SILVA, Guilherme José Santini da. Faculdade de São Bento (FSB).
16 de maio
Período da manhã
Mesa-redonda: Filosofia Política III
Mediador: Diogo Sene
Local: Anfiteatro I
Hora: 9h30 - 12h
O CONCEITO DE DEMOCRACIA EM ESPINOSA E O LUGAR DO
VULGO NA SOCIEDADE
PEREIRA, Renato de Oliveira. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília).
ENTRE DIREITO E FILOSOFIA: NOTAS SOBRE SOBERANIA E
EXCEÇÃO NA CRÍTICA DE CARL SCHMITT AO ESTADO DE
DIREITO LIBERAL
RAMIRO, Caio Henrique Lopes. Universidade Estadual Paulista (UNESP).
O DISCURSO DE JEAN-PAUL SARTRE SOBRE O COLONIALISMO
FRANCÊS E A GUERRA DE INDEPENDÊNCIA DA ARGÉLIA (1954 –
1962)
SAMPAIO, Thiago Henrique. Universidade Estadual Paulista (UNESP).
21
CONTROLE, SUJEIÇÃO E DISCIPLINAMENTO: UMA REFLEXÃO
TEÓRICA SOBRE ALGUNS CONCEITOS PARADIGMÁTICOS DOS
ESTUDOS EM SEGURANÇA PÚBLICA
JÁCOMO, Luiz Vicente Justino. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília).
Mesa-redonda: Filosofia Contemporânea
Mediador: João Antonio de Moraes
Local: Sala 64
Hora: 08h30 - 12h
MERLEAU-PONTY E CÉZANNE: A FILOSOFIA E ARTE E O
RETORNO AO ORIGINÁRIO
JATOBÁ, Jessyca Eiras. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
A CONSTITUIÇÃO CRÍTICA DA RACIONALIDADE CIENTÍFICA NO
PENSAMENTO DE MICHEL FOUCAULT: MEDICINA E POLÍTICA
EM O NASCIMENTO DA CLÍNICA
NASCIMENTO, Thiago Tavares Vidoca do. Universidade Federal de São Paulo
(UNIFESP).
UMA POSSÍVEL ANTROPOLOGIA EM SER E TEMPO
QUINTILHANO, Guilherme Devequi. Universidade Estadual de Londrina
(UEL).
TRANSHUMANISMO E EXPERIÊNCIA HUMANA: UMA REFLEXÃO
FILOSÓFICA NA PERSPECTIVA DOS SISTEMAS COMPLEXOS
SOUZA, Renata Silva; BELTRÃO, Talita. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília).
Mesa-redonda: Filosofia Antiga e Metafísica
Mediador: Oscar Sillmann
Local: Sala 45
Hora: 08h30 - 12h
POLITICA EM ARISTÓTELES
BRUNO, Eder Ferreira. Faculdade João Paulo II (FAJOPA).
“SÓ SEI QUE NADA SEI”
SILVA, Geremias Gimenes da. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa
(SEDAC).
A GERAÇÃO DO MUNDO EM LINGUAGEM MATEMÁTICA
SILVA, Pedro Henrique Ciucci da.
22
AS CATEGORIAS DO SER NA METAFÍSICA DE ARISTÓTELES
SILVA, Andre Luiz Bravin da. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa
(SEDAC).
17 de maio
Período da tarde
Mesa-redonda: Filosofia da Arte e Estética
Mediador: Débora Barbam Mendonça
Local: Sala 64
Hora: 14h – 18h
A RELAÇÃO ENTRE A POESIA TROVADORESCA E A LITERATURA
DE CORDEL
EZIDIO, Camila de Souza. Universidade Estadual de Maringá (UEM).
O BELO E A ARTE EM PLATÃO
HOFFMANN, Raul de Souza. Universidade do Sagrado Coração (USC).
O TEATRO MODERNO SOB A ÓTICA DA FILOSOFIA
EXISTENCIALISTA
MAGDALENO, Danieli Gervazio. Universidade Estadual Paulista (UNESP).
O SENTIDO NO DRAMA ATUAL
OLIVEIRA, Antonio Martins de. Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC).
ENTRE A FIGURA E O CONCEITO: A IMAGEM DE TEMPO COMO
OPERADOR CATEGORIAL EM OCTAVIO PAZ
PRADO, Vinícius de Oliveira. Universidade de São Paulo (USP).
DESCONSTRUÇÃO DOS SENTIDOS
TEGA, Natália Marquezini. Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Mesa-redonda: Ensino de Filosofia III
Mediador: Paulo Henrique Araújo Oliveira Pereira
Local: Sala 41
Hora: 14h – 18h
O PAPEL DO MESTRE: SERÁ O PROFESSOR FUNDAMENTAL PARA
A EMANCIPAÇÃO DO ALUNO?
OLIVEIRA, Leandro Gabriel dos Santos. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília).
23
EPICURISMO NAS ESCOLAS
ARAUJO, Mauro Juarez Sebastião dos Reis. Universidade Federal Fluminense
(UFF).
SENSO COMUM E FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO
MARINHO, Felipe Galhardo Ruiz. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília).
O PROBLEMA DA FILOSOFIA DAS CRIANÇAS
OLIVEIRA, Aline da Silva. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
FILOSOFIA EM EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS: EM
PROL DE UMA AUTONOMIA
OLIVEIRA, Fernanda Martins de. Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Mesa-redonda: Teoria Crítica
Mediador: Nathália Cristina Alves Pantaleão
Local: Sala 45
Hora: 15h – 17h30
ADVENTO DA PSICANÁLISE E AUTOMATISMO NAS RELAÇÕES
HUMANAS: LEVANDO A FILOSOFIA DE WALTER BENJAMIN
ALÉM DE SI MESMA
DEL LAMA, Fernando Araújo. Universidade de São Paulo (USP).
OS MEIOS PSICOLÓGICOS DE MANIPULAÇÃO NA INDÚSTRIA
CULTURAL: O RISO E O TRÁGICO
PEREIRA, Júlia. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Franca).
BARBÁRIE E CIVILIZAÇÃO: FREUD, ADORNO E A DIALÉTICA DO
ESCLARECIMENTO
SHIRAKAVA, Rafael da Silva. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília).
24
Resumos das Sessões de Comunicação
25
A QUESTÃO DO INDIVÍDUO EM MICHEL FOUCAULT: DA
DISCIPLINA À BIOPOLÍTICA
ALEIKSEIVZ, Renato Alves. Universidade Federal do Paraná (UFPR).
[email protected]
No texto intitulado "O sujeito e o poder" Michel Foucault afirma que todo o
objetivo do seu trabalho não foi analisar o fenômeno do poder. Antes, seu
objetivo foi criar uma história dos diferentes modos pelos quais, em nossa
cultura, os seres humanos tornaram-se sujeitos. Neste mesmo texto ele afirma
que, em determinado período do seu trabalho, estudou a objetivação do sujeito
naquilo que chamou de "práticas divisoras". Ou seja, por meio dessas práticas o
sujeito é dividido no seu interior e também em relação aos outros. Esse processo
acaba por objetivá-lo. Em outro texto Foucault afirma que "todo poder é físico".
O poder assim se dá, ou melhor, age ao nível dos corpos dos indivíduos; o poder
penetra no corpo, encontra-se exposto no corpo. Se o poder não foi o centro de
interesse de Foucault, mas antes, foi a questão do indivíduo, o poder apareceu
em suas análises com grande frequência. Sendo assim, pretende-se analisar
como o indivíduo é constituído pelas relações de poder. Para tanto, voltaremos
em alguns textos da década de 1970 - o período chamado de genealógico - tendo
como objetivo mostrar a constituição do indivíduo, desde as primeiras análises
sobre poder disciplinar, até culminar em suas primeiras formulações sobre a
biopolítica. Portanto, nossa intenção é mostrar, assim como Foucault afirma nas
páginas finais do primeiro volume da "História da sexualidade", como esse
poder sobre a vida se desenvolve a partir do século XVII sob duas formas
principais. São dois pólos de desenvolvimento que não são contrários entre si,
mas constituem um desenvolvimento interligado por todo um feixe
intermediário de relações. O primeiro pólo foi centrado no corpo como máquina.
As análises do corpo, ou do indivíduo, centrado nessa concepção tem seu lugar
principal em "Vigiar e punir", onde o corpo é tomado como tendo em vista seu
adestramento, a ampliação e extorsão de suas forças, no crescimento paralelo de
sua utilidade e docilidade. Tudo isso ancorado em procedimentos de poder que
caracterizam as disciplinas: anátomo-política do corpo humano. O outro pólo se
forma mais tarde, por volta do século XVIII e centrou-se no corpo-espécie. Essa
nova forma de poder que se exerce sobre a vida só pode se dar mediante uma
série de intervenções e controles reguladores, isto é, uma biopolítica da
população.
Palavras-chave: Disciplina; Biopolítica; Indivíduo; Corpo.
26
A CRÍTICA DE HANSLICK À IDÉIA DE MÚSICA ENQUANTO MEIO
À LUZ DO CONCEITO NIETZSCHIANO DE DÉCADENCE
ALENCAR FILHO, Fernando Luiz. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília). [email protected]
Em Do Belo Musical, Hanslick ocupa-se com uma pormenorizada análise do que
seja propriamente o belo na música. Para tanto, antes de enunciá-lo, vê-se o
autor inescapavelmente compelido a criticar severamente a perda de autonomia
da música que se verificava largamente em sua época, sendo a concepção de
música programática a maior expressão dessa heteronomia. Já n´O Caso
Wagner, Nietzsche nos presenteia com uma análise excepcionalmente original e
minuciosa do procedimento wagneriano na música, identificando-o com o que
ele conceitua como décadence artística, esta sendo mero sintoma de uma outra
espécie primordial de décadence, a saber, a fisiológica. Considerando que, em
seu tempo, a música wagneriana foi a expressão mais acabada da música de
programa, persigo, então, o objetivo de traçar uma aproximação entre os escritos
de Hanslick e Nietzsche, particularmente entre a crítica hanslickiana à música
enquanto expediente para representar elementos extramusicais e expressar
sentimentos e o entendimento nietzschiano de décadence.
Palavras-chave: Nietzsche, Hanslick, Décadence, Música de Programa.
O INTELECTUAL E A ATITUDE CRITICA EM FOUCAULT:
REPENSAR O PAPEL DO EDUCADOR
ALMEIDA, Jonas Rangel de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
[email protected]
O presente trabalho apresenta alguns resultados de pesquisa empreendida em
filosofia da educação. O papel do intelectual ocupa lugar importante no
pensamento de Foucault adquirindo durante sua vida e pensamento um relevo
ético-político. Utilizando de forma e ampla e difusa Foucault entende que o
aparecimento da figura do intelectual específico marca uma nova relação entre
teoria e prática, estas decorrem de novas configurações de poder, da produção de
relações poder que, ao modificarem todo tecido social, politiza o papel do
intelectual a partir de sua ocupação especifica, condições de vida e trabalho,
caracterizando essa relação como certa transversalidade. Contudo, a partir da
problematização da ontologia do presente Foucault passa inscrever o intelectual
ao mesmo tempo como elemento e ator no presente, mostrando por meio de uma
analítica do poder como este se relaciona intimamente com a produção e
27
funcionamento do dispositivo geral de verdade em nossa sociedade. Portanto,
exige uma reelaboração do papel do intelectual face aos dispositivos de verdade
que procuram submeter à subjetividade, desse modo, tal relação ganha uma
forma ética. Nesse sentido, para Foucault, o intelectual pode fazer uso de uma
atitude critica diante de um quadro de governamentalização do Estado. A crítica
não libera o intelectual do poder, mas, abre um campo possibilidades para a
criação de resistência e praticas de liberdade. Não seria o intelectual uma das
figuras na qual se apoiou o sujeito da ação pedagógica e, particularmente, o
educador nas últimas décadas, dentre outras que se sobrepuseram a ele ao longo
da história (o padre, o militar, o professor, o filósofo, etc). De acordo com
Foucault as lutas contemporâneas são lutas pelo governo da subjetividade. Logo
fazer uso de uma certa atitude critica permite, o educador resistir aos estados de
dominação, isso é, ao bloqueio e o congelamento das relações de poder através
de sua superprodução, cujo dispositivo de obediência determinar uma identidade
única e fixa ao sujeito. Essa atitude não se limita às esferas do Estado, ela diz,
respeito a relações de governo consigo mesmo e com os outros.
Palavras-chave: Intelectual; Atitude Critica; Educador.
A VIRADA NATURALISTA NA FILOSOFIA
ARAMOR, Marlon Henrique. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
[email protected]
O objetivo deste trabalho é analisar a relevância filosófica da virada naturalista
na filosofia. Segundo John Dewey, o método de investigação de Darwin, na obra
Origem das Espécies, provocou uma revolução na maneira de pensar o mundo e
uma virada naturalista na filosofia. Esse método que influenciou Pierce, James e
o próprio Dewey, recusa o transcendentalismo no processo de conhecimento a
priori e ao antropocentrismo. Uma das características centrais dessa virada é
propor uma nova lógica, uma maneira diferente de olhar os problemas
filosóficos propondo novas questões: é desejável olhar para o mundo de maneira
horizontal e sistêmica; observar a espécie, como agentes situados e incorporados
em um ambiente dinâmico. Nesse trabalho propomos uma analise e discussão na
virada naturalista na filosofia em duas vertentes, a darwiniana, que enfatiza a
competição, e a sistêmica, que ressalta a cooperação; apresentada por um dos
seus interlocutores Alfred Russel Wallace. Finalmente apontaremos algumas das
implicações éticas, argumentando que a Origem das Espécies introduziu uma
inevitável transformação na lógica do pensamento e, portanto, em uma nova
forma de moral, política e religião.
28
Palavras-chave: Darwin; Wallace; Virada Naturalista.
EPICURISMO NAS ESCOLAS
ARAUJO, Mauro Juarez Sebastião dos Reis. Universidade Federal Fluminense
(UFF). [email protected]
A paidéia epicúrea, através de uma série de exercícios (askésis) filosóficos que
vão desde o conhecimento da phýsis e o aprendizado de como calcular os
melhores prazeres a serem buscados, ao reconhecimento da importância da
amizade (philía); visa libertar o homem de seus temores e vícios para que o
mesmo alcance a aponía (ausência de dores), a ataraxía (imperturbabilidade da
alma) e, enfim, a eudaimonia (felicidade). Levando-se em consideração o apelo
atual da mídia ao consumo compulsivo de certos produtos (alegando que estes
podem trazer a felicidade), bem como o papel social do professor, o objetivo do
presente trabalho é explorar em que medida a paidéia epicúrea pode auxiliar na
construção de uma abordagem filosófica no ensino médio brasileiro, uma vez
que a mesma visa instruir o homem sobre como alcançar a felicidade.
Palavras-chave: Epicurismo; Ensino de Filosofia; Papel Social do Professor.
O DEVER MORAL DE DIZER A VERDADE EM KANT E SUA
IMPLICAÇÃO JURÍDICA: HAVERIA UM DIREITO DE MENTIR?
ARTHUR, Izabel Cristina. Universidade São Judas Tadeu (USJT).
[email protected]
Este trabalho tem por objetivo, analisar o debate filosófico travado entre o
filósofo alemão, Immanuel Kant e o francês, Benjamim Constant, com a
abordagem dos pontos de tensão dos argumentos por eles apresentados,
respectivamente, sobre o dever de veracidade e um "direito" de mentir. A
controvérsia entre os filósofos é iniciada por Constant que no capítulo 8, "Dos
Princípios", de sua obra Das Reações Políticas (1797), faz uma crítica ao
princípio da veracidade kantiana, expondo sua tese sobre os princípios primeiros
e a exigência de princípios intermediários que viabilizariam a aplicação dos
primeiros, pois, a seu ver, o princípio moral, que dizer a verdade é um dever, se
fosse considerado de uma maneira absoluta e isolada, tornaria impossível toda a
sociedade. E, sendo o dever inseparável da ideia de direitos, onde não há direitos
não há deveres. Em sua concepção a verdade só deve ser dita a quem a ela tem
direito. Kant, em seu texto "Sobre um Suposto Direito de Mentir por Amor a
Humanidade", responde à crítica do filósofo francês e apresenta uma análise da
29
argumentação presente nas teses expostas pelo francês e aponta a ilogicidade do
conceito de direito de mentir. Kant entende que ser veraz é um dever
incondicional do homem para consigo mesmo, portanto, subjaz à moral e ao
próprio direito. Constant coisifica a verdade, podendo então esta ser concedida a
um e negada a outro. Em nossa análise, podemos constatar que a controvérsia
entre Immanuel Kant e Benjamim Constant, baseia-se na concepção que cada
um possui a cerca dos princípios norteadores da moral e do direito. Para Kant
tais princípios são formulados e justificados a priori, pela razão prática pura e
não podem sofrer qualquer influência empírica, ou seja, não podem ser afetados
pelos fatos da experiência. Portanto, valem incondicionalmente e independem de
resultados. O dever de veracidade, como imperativo categórico, ditado pela
razão prática pura, não admite exceções e, deve nortear todas as declarações. Em
Constant os princípios intermediários, possibilitariam a aplicabilidade dos
princípios primeiros, com adaptação empírica, podendo a mentira ser utilizada
como meio para evitar um dano. Concluímos que, embora, sejam o dever moral
e o dever de direito distintos, é a autonomia da vontade, como princípio supremo
da moralidade, como defende Kant, que fundamenta a Metafísica dos Costumes
e, portanto, o próprio direito.
Palavras-chave: Dever Moral; Verdade; Direito.
A PAZ PERPÉTUA DE IMMANUEL KANT: NOTAS ACERCA DOS
ARTIGOS DEFINITIVOS PARA A PAZ PERPÉTUA ENTRE ESTADOS
ASSIS, Alexandre Gil. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
[email protected]
A segunda Seção do opúsculo À paz perpétua (1795) de Immanuel Kant, ao
contrário da primeira, que foca os artigos preliminares para a paz perpétua entre
os Estados, cuida de alguns artigos definitivos para se chegar a esse estado. São
precisamente três artigos definitivos, a saber: 1º) "A constituição civil em cada
Estado deve ser republicana", 2º) "O direito das gentes deve ser fundado sobre
um federalismo de Estados livres", 3º) "O direito cosmopolita deve ser limitado
às condições da hospitalidade universal". Acompanham tais artigos dois
"Suplementos": um intitulado "Suplemento da Garantia da paz perpétua" e outro
que consiste num "Artigo secreto para a paz perpétua". O propósito de nosso
texto é expor uma reconstrução inicial de toda a argumentação contida nesse
material e balizar dois pontos: como é sustentado o núcleo da teoria da paz nos
artigos definitivos; como as condições morais e aprióricas da paz, tratadas em
toda a segunda Seção, se articulam com a noção de República (então recém
instituída nos Estados Unidos e na França) como uma inovação de Kant. O
30
pressuposto básico que norteou nosso estudo é que Kant não visa nenhum
interesse político com suas postulações teóricas e dissocia a ideia de paz de um
conteúdo religioso ou teológico. A dificuldade então surge na medida mesma em
que o republicanismo, sendo uma ideia tão somente política, tem de ser pensado
dissociado do interesse político, e de modo a ser admitida sua relevância política
para a defesa moral da paz. Com a reconstrução dos argumentos de Kant
procuraremos superar essa dificuldade buscando um nexo ou articulação entre os
artigos e os suplementos que os acompanham.
Palavras chave: Immanuel Kant; Paz; Republicanismo.
SISTEMAS COMPLEXOS: UM OLHAR A PARTIR DO DUPLOVÍNCULO BATESONIANO
AZEVEDO, Laura Rosa Kugler de. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília). [email protected]
O objetivo desse trabalho é discutir o seguinte problema: é possível caracterizar
o conceito de duplo-vínculo a partir do conceito de sistemas complexos? Para
isso, teremos como ponto de partida a elucidação de sistemas complexos
exemplificada por Morin (2008) e o duplo-vínculo, por Bateson (1986).
Sistemas complexos podem ser caracterizados como sendo constituídos de
várias partes que interagem entre si, de forma auto-organizada, apresentando
propriedades emergentes. As propriedades emergentes do sistema direcionam o
comportamento de seus constituintes, possibilitando interações em diferentes
camadas. Já com a hipótese de duplo-vínculo, Bateson defende a ideia de que
existe uma codependência entre fatores de tal forma que cada uma deles afeta
simultaneamente o outro. Sendo assim, argumentaremos que num sistema
complexo podem ter componentes que primam pela ordem e pela desordem,
sendo que o duplo-vínculo acontece nessa interação ordem/desordem resultando
em propriedades emergentes desse sistema. Empregando esse pressuposto,
pretendemos explicar em que medida o duplo-vínculo pode ser caracterizado a
partir da dinâmica dos sistemas complexos.
Palavras-chave: Sistemas Complexos; Duplo-vínculo; Auto-organização;
Propriedades Emergentes.
UMBANDA EM MACAPÁ: FÉ, MISTICISMO E PRECONCEITO UM
ABORDAGEM ANTROPOLÓGICA E FILOSÓFICA
BARBOSA, Adria Kassia. Universidade do Estado do Amapá (UEAP)
[email protected]
31
O sentimento religioso, a crença no sobrenatural, a fé em um Deus criador: o
homem está sempre em busca de algo que o leve a acreditar na possibilidade da
transcendência. Apesar do enfraquecimento da religiosidade na vida das
sociedades diante da valorização das ciências e do próprio homem, as religiões
sobrevivem até as sociedades atuais. Dentre as religiões existentes no Brasil, as
de origem africanas são as que mais sofrem várias formas de incompreensão,
entretanto, estas, assim como outras manifestações religiosas, também
possibilitam ao homem resolver suas angústias existenciais através da
transcendência. O sentimento religioso é um fenômeno especificamente humano,
portanto, o homem busca respostas no sobrenatural e no divino para resolver
seus dilemas existenciais. Diante destas considerações, propomos um exame da
Umbanda sob a ótica da Fenomenologia da Religião.
Palavras-chave: Deus; Homem; Transcendência; Religião.
O DISCURSO DEMOCRÁTICO PELA LIBERDADE Á LUZ DA
GENEALOGIA DE MICHEL FOUCAULT
BEZERRA, Edilene Alves. Universidade São Judas Tadeu (USJT)
[email protected]
A presente pesquisa procura explorar a problemática do discurso à luz da
genealogia do poder em Michel Foucault. Ela parte da hipótese de que se pode, a
partir de uma análise dos discursos produzidos em forma de processos
administrativos disciplinares e judiciais decorrentes das reivindicações e
manifestos dos alunos e funcionários da Universidade de São Paulo (USP), falar
em uma produção do discurso democrático pela liberdade. A proposta da
pesquisa é realizar uma análise do discurso democrático pela liberdade
produzido pela própria Instituição a partir do método foucaultiano para
investigar e exemplificar de que modo se dá a produção do discurso
estruturalmente em nossa sociedade. Em seus estudos, Foucault enfatiza que em
uma sociedade, especificamente a sociedade ocidental, se identifica uma
estrutura de múltiplas formas de poder que atuam a partir de mecanismos e
discursos constituídos historicamente. Essas relações de poder necessitam de
uma produção do discurso para se estabelecer e funcionar que instaura para uma
determinada época condições de possibilidade de um saber. Sendo assim,
perguntar pelo funcionamento desse discurso, é perguntar pelo tipo de saber e
efeitos produzidos por uma instituição pública educacional que assume, do
ponto de vista foucaultiano, o papel de aparelho de controle, vigilância e exame
do indivíduo, além do cálculo e da organização que faz do espaço público,
atualizando, assim, mecanismos de disciplinarização e modos de biopoder.
32
Sempre que se falar de liberdade nesta pesquisa, falar-se-á em dois sentidos que,
embora passíveis de serem abordados separadamente, interpenetram-se como
dois momentos do mesmo fenômeno. O primeiro sentido é o de discurso. Dos
efeitos delimitados por Foucault sobre o poder, o discurso se encontra entre os
mais estudados e sistematizados, configurando o marco de sua guinada da
análise da linguagem enquanto estrutura (arqueologia) e que serviu para o seu
estudo enquanto estratégia (genealogia). O segundo sentido é o de relação. Em
Foucault, a liberdade é a configuração de um tipo de relação de poder. Nessa
perspectiva, interessa sempre descrever que tipo de relação de poder
corresponde à liberdade e de que modo ela se materializa no discurso, além das
sujeições e das práticas que produz. O discurso democrático pela liberdade,
enquanto produção de um saber e como relação de poder deverá ser analisado
segundo a primeira e a segunda fase do pensamento do autor. A saber, a
arqueologia e a genealogia.
Palavras-chave: Discurso; Relações de Poder; Liberdade.
O ENSINO DE FILOSOFIA: RESSIGNIFICAÇÕES DENTRO DO
SISTEMA CAPITALISTA
BRANZES, Karina Karem Rozendo de Lima. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília). [email protected]
Este estudo, baseado em levantamento bibliográfico acerca do ensino de
filosofia no ensino médio, tem como objetivo discutir o papel do ensino de
filosofia no contexto das contradições do capitalismo atual. A expansão do
sistema capitalista esboçou a instituição de escolas como a conhecemos hoje,
vinculada à produção de homens com conhecimentos e necessidades alinhadas
ao desenvolvimento desenfreado do capital, acentuando-se a contradição
crescente entre o indivíduo como ser que age intencional e conceitualmente
sobre si e sobre a natureza, versus este homem alienado de si e do mundo. Como
disciplina, a filosofia tem se distanciado do desenvolvimento cognitivo e afetivo
de formação omnilateral à qual seria própria a si mesma, enquanto conhecimento
concreto construído acerca do mundo humano, do conhecimento da estrutura da
coisa em si e para si. Considerando a contradição do sistema escolar e o papel da
filosofia no seu interior como expressão do conhecimento reflexivo, a filosofia,
se tratada como disciplina conteúdista, esvazia-se de significado ao estudante e
de sua própria natureza e realidade social, não se encontrando sua importância
nem se enxergando enquanto sujeito da história. Concluímos que apesar das
contradições, o ensino da filosofia no ambiente escolar poderá, se considerar
como a desmistificação da vida cotidiana e a apropriação de vivências por parte
33
de professores e estudantes, elaborando sínteses, possibilitando um fruir do
indivíduo de forma consciente e se reconhecendo como sujeitos históricos.
Palavras-chave: Ensino Médio; Filosofia; Capitalismo; Significado.
A ORIGEM DA LINGUAGEM
BRUNETTO, Guilherme Isaac. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa
(SEDAC). [email protected]
Esta comunicação tem como interesse principal expor a ideia de RosenstockHuessy, contida em seu livro A Origem da linguagem, especificamente sobre o
problema da origem da linguagem em âmbitos primitivos que está
contextualizada na concepção primordial e central exercida pela morte,
diferenciando-se assim da concepção moderna que possui uma ideia de
construção subjetiva da linguagem. Utilizamos a linguagem para dar nome aos
objetos, aos indivíduos, e como uma forma de comunicação de fatos. Para o
autor, este "nome" que se tem de uma determinada objetividade não é apenas
uma definição que compreende um significado particular, mas é algo coberto de
uma história intrínseca ao objeto. Esta história era algo vivenciado
primeiramente pelos indivíduos, ou seja, um conceito surgia de uma vivência
que eles perpassavam. Esta vivência, no entanto, se constitui em um período que
se desenvolve no espaço e no tempo. Como este conceito é transmitido após a
morte, tem-se a percepção de que todo o indivíduo tem um precedente e terá
também um sucessor. Desta maneira a origem da linguagem está contida na
morte que proporciona esta ideia de continuidade de uma vivencia, de um
conceito. Sendo assim, a linguagem já existe antes do indivíduo, o que propõe
um interdito ao paradigma moderno da construção subjetiva da linguagem.
Palavras-chave: Linguagem; Morte.
POLITICA EM ARISTÓTELES
BRUNO, Eder Ferreira. Faculdade
[email protected]
João
Paulo
II
(FAJOPA).
Conhecemos e reconhecemos a imensa contribuição de Aristóteles para o mundo
da filosofia, e sabemos também que o mesmo inicia suas teorias políticas,
durante seu contato com a educação de Alexandre "O Grande", e acreditava ele
ser a Política a mais suprema das ciências, a qual as demais estão subordinadas,
e da qual essas mesmas se servem numa cidade. O objetivo deste trabalho é
34
traçar em linhas gerais, as observações de Aristóteles a respeito do homem sobre
seu caráter político, e sua forma de viver na Polis ou em uma sociedade
organizada. Concebida então a ideia de organização do homem, como sendo de
impulso natural, e dever da sociedade de se organizar conforme essa mesma
natureza, esse mesmo trabalho objetiva também levar o leitor a compreensão de
algumas questões dentre elas a de quem deve ser a missão de guiar a
organização de uma sociedade. E ainda diante dessa mesma indagação
apresentar ao leitor, que é apenas a busca de um determinado bem, que unida aos
anseios dos homens que a organizaram, são capazes de nortear tal sociedade,
partindo do princípio de que para Aristóteles essa organização socialmente
adequada à natureza humana é a pólis, ou seja a cidade-Estado da Grécia Antiga.
Palavras-chave: Política; Homem; Sociedade; Organização.
CONSTRUINDO UM PENSAR AMPLO, CRÍTICO E CRIATIVO
CAMARGO, Vinícius Pereira de. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília). [email protected]
O presente trabalho trata da relação professor-aluno. Pretendemos desenvolver
estratégias que permitam ao professor de filosofia criar conjuntamente aos seus
alunos um tipo de pensamento diferente do que temos encontrado
contemporaneamente nas escolas que temos visitado em nossa pesquisa
PIBID/CNPq. Acreditamos que o ensino de filosofia no nível médio brasileiro é
caracterizado por a representação de um pensamento linear, onde os alunos
tendem a decorar inúmeros conceitos transmitidos pelos professores e pelas
apostilas. Isso provoca a carência de significado com os problemas filosóficos
que os rodeiam, se resumindo o ensino de filosofia, em não raras vezes, ao
acúmulo teórico de informações que se repete na Universidade, isso quando os
professores não se deparam com outra barreira, sendo ela, a dificuldade de
elaboração de raciocínio de seus alunos. Baseado nos trabalhos de Mathew
Lippman, procuraremos mostrar como o ensino de filosofia pode se tornar mais
atrativo à medida que o professor de filosofia é apenas um mediador no pensar
dos seus alunos, oferecendo-lhes um espaço investigativo-dialógico na sala de
aula, incitando-os a analisar e reelaborar um problema por vários ângulos Isso
implica um novo posicionamento que deve ser tomado pelo professor-mediador
em face dos seus alunos. Espera-se desse novo perfil de professor de filosofia
um amplo conhecimento dos problemas e cotidiano de seus alunos e, sobretudo,
que os incite a relacionar a filosofia aprendida nos livros como um arcabouço
para pensar os seus próprios problemas existenciais.
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Palavras-chave: Educação; Filosofia; Pensar; Criatividade; Crítico.
A RELAÇÃO ENTRE SABER E PODER EM FOUCAULT
CASEIRO,
Guilherme
Varallo.
Universidade
Estadual
(UNESP/Marília). [email protected]
Paulsita
Como principal base desta pesquisa foi utilizado o curso proferido por Michel
Foucault e gravado no Collège de France nos anos de 1975 e 1976. Este curso
foi publicado em um livro denominado Em Defesa da Sociedade. Nele, ao
contrário das precedentes tentativas de definição do que é o poder, como a de
Reich, na qual o poder é considerado como essencialmente repressivo, ou a de
Marx e dos filósofos do século XVIII, que o consideram como secundário à
economia - aquilo que Foucault denomina como economismo do poder -, a
concepção do autor francês é a de que o poder é múltiplo e só existe em ato e por
isso não é possível fazer um conceito do poder. Sabe-se dele algumas coisas: que
é uma relação de força e que produz saber. Como é uma relação de força, existe
resistência e a análise deve ser feita em termos de guerra e de luta. Por produzir
saber e este também ser considerado como uma forma de poder, o saber deve ser
analisado através da mesma perspectiva belicosa. Através dessas análises o autor
o autor conclui três coisas: que as relações de poder, tais como funcionam em
sociedades como a nossa, têm essencialmente como fundamento a certa relação
de força historicamente precisável na guerra e pela guerra. A política é
recondução e a sanção do desequilíbrio das forças manifestado na guerra.
Segundo: essas relações de poder e de força, existentes no interior dessa "paz
civil" devem ser interpretadas como continuações da guerra, devem ser
decifradas como episódios da própria guerra; terceiro: a decisão final só pode
emergir da guerra. A batalha final suspenderia, afinal, o exercício do poder
como guerra continuada. Em qualquer sociedade, as múltiplas relações de poder
que perpassam, caracterizam e constituem o corpo social só podem se
estabelecer e funcionar com a produção, acumulação e circulação do discurso
verdadeiro. Este permite o exercício do poder, a partir e através dele. Isto é
válido em toda a sociedade, mas essa relação entre poder, direito e verdade se
organiza de modo bastante particular nas sociedades tratadas por Foucault.
Nelas, o poder exige a produção da verdade pra que ele possa funcionar. Da
mesma maneira, se é submetido à verdade enquanto norma decisória, enquanto
propulsora de efeitos de poder, pois ela julga, condena, classifica, destina a um
modo de vida ou de morte. Portanto, o percurso seguido por Foucault analisa as
regras de poder e o poder dos discursos verdadeiros.
Palavras-chave: Poder; Saber; Verdade.
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A CONCEPÇÃO TRÁGICA DE JASPERS E SUAS IMPLICAÇÕES
CEZAR JUNIOR, Jó Rodrigues. Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC).
[email protected]
Este trabalho se dispõe a apresentar um modo específico de conceber a tragédia
e o trágico a partir do horizonte da culpa. Nosso objetivo consiste em identificar
e estabelecer as diferentes chaves de interpretação presentes na ideia de mundo
grego e mundo cristão possibilitando, posteriormente, um debate acerca da
interpretação cristã dos elementos estruturais da tragédia. A leitura do Édipo Rei
e a discussão em torno à obra de Sófocles permite sugerir o desconforto
proporcionado pela tradição com relação à recepção do legado grego. Afirmar
que o processo agônico executado por Édipo, pelo fato de haver assassinado o
próprio pai (parricídio) e por ter casado com sua mãe (incesto) implicaria uma
noção de culpa incipiente advém anacrônico. Questões como o problema da
liberdade e o destino humano, como determinação e autonomia, como
manipulação e fantoche e indeterminação, possuem espaço na tragédia? É
possível atribuir culpa na tragédia? Existiria, na tragédia, grega, possibilidade da
culpa ontológica? O que é culpa? Este trabalho busca examinar as questões
apresentadas com a intenção de demonstrar o quanto é contraditória e
incompatível a concepção de culpa como identidade na tragédia antiga.
Palavras-chave: Culpa; Trágico; Tragédia; Destino.
A RELAÇÃO ENTRE ACASO E NECESSIDADE NA PERSPECTIVA DA
TEORIA DA COMPLEXIDADE
COELHO, Rafael Teruel. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
[email protected]
O presente trabalho objetiva discutir alguns dos conceitos fundamentais na
Teoria da Complexidade, tais como os conceitos de ordem, desordem e autoorganização e emergência, partindo do pressuposto de que esta última seja,
possivelmente, produto de eventos que envolvem aleatoriedades e necessidade.
Aos olhos dos teóricos da complexidade, nossa realidade múltipla e dinâmica
pode ser fruto não somente de determinismos, tampouco de aleatoriedades e
acontecimentos casuais, mas sim da relação (aparentemente conflituosa) entre
acaso e necessidade. Um universo totalmente desprovido de regularidades
parece pouco viável, visto que seria inevitável o caos e a desordem; por outro
lado, em uma realidade necessariamente determinista, a liberdade e a autonomia
37
não se tornam possíveis. É nesta perspectiva que os teóricos da complexidade
investigam o papel das possíveis relações entre elementos antagônicos e
conflitantes no processo de formação de organizações. Por fim, apresentaremos
alguns pressupostos centrais de tal teoria salientadas na obra Ciência com
consciência (2008) de Edgar Morin, como as noções de qualidades emergentes,
princípio hologramático e produção recursiva com o intuito de clarificar a noção
de complexidade.
Palavras-chave: Acaso; Necessidade; Emergência; Complexidade.
A EXISTÊNCIA NO MUNDO REAL: O DESENVOLVIMENTO DO SEREM-SI AO SER-PARA-SI
COSTA, Júlio César Rodrigues. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília). [email protected]
O Objetivo deste trabalho é investigar a relação entre o Ser-em-si e o Ser-parasi, que são as existências reais e não meramente abstratas na Filosofia de Hegel,
abordando definições chaves para entender essa relação, começando pela
Lógica, ciência do pensar, do pensamento puro, e então o mais puro e simples
objeto, que é divida em três momentos: A. o Abstrato ou Intelectual, onde o
pensamento primeiro se dá, através de definições rígidas de seu objeto,
diferenciando-o daquilo que não é necessário neste momento; B. o Dialético ou
Negativo-Racional, que é tudo aquilo que fora negado no momento anterior, ou
seja, tudo o que não é o objeto do momento anterior; e C. Especulativo ou
Positivo-Racional, uma união de ambos os momentos, tomando-os como
necessários para o desenvolvimento um do outro, e da concretude composta e
real, não simples e abstrata. Porém, são nessas características simples que o
composto tem seu início, e o que temos de mais simples é: A. o Ser enquanto tal,
simples e absoluto, abstraído de peculiaridades, imediato e indeterminado; B. o
Nada, que se define do mesmo modo: simples e absoluto, completamente sem
peculiaridades, imediato e indeterminado; e C. o Devir, que é a unidade destes
momentos simples e abstratos e, portanto, composto e real: é o vir-a-ser e o
deixar-de-ser do ser real. O desenvolvimento desse ser real se dá também através
de três momentos: A. o Ser-em-si, início do ser real, que ainda não se realizou
até sua finalidade, mas que tem em-si tudo o que precisa para fazê-lo, como a
semente de uma árvore; B. o Ser determinado, que é o ser que é já existente mas
não atingiu a sua meta e tampouco é o início, como a planta que já cresceu mas
ainda não dá frutos; e C. o Ser-para-si, que é o ser que já tem todas as suas
propriedades reais, ser que já atingiu sua finalidade, como a árvore que
finalmente, depois de passar pelos dois passos anteriores, dá seus frutos. Mas
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nessa relação parece haver um problema: o Ser-em-si, que ainda não é o que
pode ser, se coloca por si na existência, ou seja, é ele próprio que se "germina"
até o Ser-para-si; ora, se as características ainda não existem, como pode o Ser
desenvolver estas sem saber delas (ora, se elas não existem, não as conhece)?
Isso não parece possível: o Se, precisa conhecer o que desenvolver para fazê-lo,
e esse conhecimento se dá mediante um impulso exterior a ele próprio: como um
professor que o ensina a tocar violão, para então desenvolver essa habilidade.
Palavras-chave: Hegel; Ser-em-si; Ser-para-si; Pensamento; Lógica.
POR QUE O PSICÓLOGO DEVE "FILOSOFAR"? - ANÁLISE DAS
PRÁTICAS PSI E A MEDICALIZAÇÃO DA INFÂNCIA
CRUZ, Murilo Galvão Amancio. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Assis). [email protected]
Este trabalho faz parte de uma pesquisa de iniciação científica, financiada pela
FAPESP, em que problematizamos o campo de saberes psi através da filosofia
de Canguilhem, Foucault e Deleuze. É inegável a influência da filosofia no saber
psicológico. Ainda que vivamos em uma "era das neurociências" - e há quem
diga que a filosofia de nada serve à psicologia -, temos desde o seu surgimento
um casamento formidável entre esses dois campos do saber. É difícil buscar as
origens da psicologia, isto é, de um campo de saber em torno da psique ou alma
humana. Alguns buscam no laboratório de Wundt, do século XIX, outros nas
instituições disciplinares que emergiram a partir do século XVIII. O fato é que
se pudéssemos perguntar, desde a antiguidade, aos filósofos "Em que estes se
preocupavam com a psique?" Encontraremos ali uma caixa de ferramenta útil à
prática psicológica. Se metaforizarmos que o campo de saber da psicologia vive
como um pêndulo em que, ora tende aos aspectos biológicos do ser, ora tende
aos aspectos subjetivos; certamente afirmaremos que hoje o pêndulo está para o
lado biológico. Como dito acima, vivemos a "era das neurociências", em que
alguns pesquisadores afirmam situar no corpo, enquanto entidade anatômica,
tudo aquilo que somos, sentimos, fazemos... O cérebro assume papel de destaque
para que nossas emoções, sensações, prazeres sejam lidos de acordo com o
número ou natureza de suas conexões, sinapses, etc. Utilizamos da filosofia de
Canguilhem que questiona as dimensões do que seria considerado
normal/anormal; saúde/doença; e de Foucault, que em toda sua obra, de alguma
forma, coloca em questão as relações de poder/saber/verdade que as ciências,
sobretudo a psiquiatria, engendram; para a partir destes autores
problematizarmos a prática psi. Concluímos que vivemos uma sociedade mista
de disciplina e controle em que a medicalização, isto é, a organização de um
39
saber médico em torno de questões sociais, políticas e econômicas, surge como
efeito histórico e isso se deve em grande medida à falta de um olhar crítico e um
pensamento filosófico sobre a ciência e aquilo que está imposto. Nesse sentido
reafirmamos a necessidade do exercício do pensamento filosófico nas práticas
psi a fim de potencializar os sujeitos e não reduzi-los ao orgânico, numa luta
contra a patologização dos comportamentos e a medicalização.
Palavras-chave: Foucault; Medicalização; Psicologia.
A DEMOCRACIA EM ESPINOSA
CRUZ, Nayara Sandrin da. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
[email protected]
Este trabalho tem como objetivo, analisar o conceito de democracia segundo
Espinosa. Para entendermos o conceito do referido autor, analisaremos o estado
de natureza, momento que antecede o Estado. Partindo desse pressuposto
discutiremos a democracia, que na perspectiva do filosofo é o mais livre dos
Regimes políticos. No estado de natureza, os homens permanecem em constante
conflito, pois imaginam que sua sobrevivência consiste em enfraquecer os
demais. Na visão do pensador, os indivíduos possuem direitos limitados apenas
pela própria potência, ou seja, por direito natural o homem pode conquistar tudo
que desejar, desde que tenha aptidão para tal. Porém, o autor ressalta que no
estado de natureza, um só individuo jamais conseguirá precaver-se de todos os
outros, portanto o direito natural "é nulo e consiste mais numa opinião que numa
realidade, portanto não há nenhuma garantia de o manter (Espinosa, 2009, p.19)"
Na concepção do pensador, é muito mais vantajoso que vivam em um Estado
organizado e que em conjunto busquem desenvolver-se. Porém para Espinosa,
não basta que os homens apenas vivam em sociedade, é preciso que o regime
que estruture tal Estado, seja aquele que proteja o direito natural dos indivíduos,
mantendo a liberdade dos mesmos. O único regime que preserva o direito
natural e que não os mantém sob opressão é o Democrático, nele os cidadãos
transferem sua potência a sociedade, e só esta detém a soberania suprema da
qual todos tem que obedecer. Portanto, os indivíduos em conjunto deliberaram
acerca de tudo. A soberania não é transferida a apenas um, ou um grupo restrito,
como é o caso dos regimes Monárquico e Aristocrático, está distribuída na
totalidade, sendo participada por todos. Na visão de Espinosa, a democracia é,
portanto o melhor dos regimes é aquele em que é efetivamente desempenhada a
função do estado, que é conduzir os homens a uma vida livre. Estes decidem
abdicar o direito de serem senhores de seus atos, não como escravos sem
participação no poder, mas como sujeitos ativos, que estão sob a jurisdição da
40
cidade por meio de leis comuns, decretadas coletivamente. Para o
desenvolvimento desta pesquisa foram realizadas análises acerca de importantes
obras de Espinosa como: Tratado Teológico Político, Tratado Político, Ética e
alguns comentadores como Marilena Chauí. Este trabalho possuí certas
limitações, pois se trata de um projeto em execução que se encontra em fase
inicial, portanto não apresentaremos resultados e conclusões.
Palavras-chave: Democracia; Direito Natural; Espinosa.
ADVENTO DA PSICANÁLISE E AUTOMATISMO NAS RELAÇÕES
HUMANAS: LEVANDO A FILOSOFIA DE WALTER BENJAMIN
ALÉM DE SI MESMA
DEL LAMA, Fernando Araujo. Universidade de São Paulo (USP).
[email protected]
Este trabalho pretende buscar, a partir do diagnóstico benjaminiano do declínio
da experiência que rege a vida do homem na modernidade, algumas
consequências para a sua vida psíquica. Cabe observar que esta não é uma
questão posta e profundamente explorada por Benjamin; há, porém, algumas
sugestões e indicações, as quais proponho explorar. Minha estratégia consistirá
em, após uma breve explanação sobre as linhas fundamentais do diagnóstico
benjaminiano, orientar nossa exposição para dois tópicos principais: no
primeiro, trataremos de relacionar o surgimento da psicanálise com o advento da
modernidade, já que esta carrega em seu bojo a condição de possibilidade para o
surgimento daquela, a saber, a ascensão do indivíduo burguês e seu
desprendimento em relação a uma tradição, outrora assegurada pela vida em
comunidade; no segundo tópico, teceremos algumas considerações a respeito do
ritmo de vida na modernidade, com sua temporalidade acelerada e guiado pela
lógica do choque, e a barreira que ele impõe à livre imaginação criadora, no
horizonte do automatismo provocado por ele no tocante às relações do homem
com outros homens e com o mundo.
Palavras-chave: Walter Benjamin; Experiência; Choque; Automatismo;
Psicanálise.
FILOSOFIA DA LINGUAGEM E ATOS DE FALA: CONTRIBUIÇÕES
PARA A TEORIA DOS ESTADOS MENTAIS SEGUNDO JOHN
SEARLE
41
DUARTE, Bruna Maria Lemes; PEREIRA, Paulo Henrique Araujo Oliveira.
Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected]
O objetivo deste trabalho é investigar de que maneira aspectos da filosofia da
linguagem contribuem para a filosofia da mente, em especial para a teoria da
Intencionalidade de John Searle. De acordo com Searle (1995), é possível uma
aproximação entre estados Intencionais e atos de fala, no sentido de que estados
Intencionais representam estados de objetos e estados de coisas do mundo.
Partindo de tais pressupostos, analisaremos como a filosofia da linguagem é,
segundo Searle, parte essencial da filosofia da mente, uma vez que atos de fala
são essenciais para analisar a relação entre organismo e mundo. Por fim,
procuramos defender que a capacidade de representação ocorre se os estados
intencionais determinam condições de satisfação, assim como os atos de fala
determinam.
Palavras-chave: Intencionalidade; Atos de Fala; Filosofia da Mente.
A RELAÇÃO ENTRE A POESIA TROVADORESCA E A LITERATURA
DE CORDEL
EZIDIO, Camila de Souza. Universidade Estadual de Maringá (UEM).
[email protected]
O presente trabalho tem como objetivo discutir a relação de influência que a
poesia Trovadoresca surgida na idade média, tem sobre a poesia de Cordel,
altamente difundida no nordeste do país. De maneira que os estudos sobre o
tema se justificam, na medida em que estamos abordando dois períodos diversos
dentro da nossa história, lembrando que a cultura de um povo é constituída
mediante todas as manifestações sejam elas, filosóficas, literárias, artísticas ou
cientificas. Além disso, bem sabemos que filósofos e poetas têm percorrido
muitos caminhos da mesma inquietação, gerando assim uma linha tênue entre
suas indagações. O termo trovadorismo indica um primeiro período da época
medieval, no qual o poeta era chamado de trovador. Na França, o poeta recebia o
"apelido" de trouvére, com o radical, trouver, que significa (achar); os poetas
deviam ser capazes de compor, encontrar uma canção, uma cantiga ou cantar.
Isso porque os poemas trovadorescos eram cantados, ou narrados com um fundo
musical. Eram de duas espécies a lírico-amorosa e a satírica. A primeira espécie
se divide entre cantiga de amor e cantiga de amigo. Já a segunda cantiga de
escárnio e de maldizer. O presente trabalho tem como enfoque a escolha para
análise de uma das espécies das cantigas, a saber, a de amor. Já a literatura de
Cordel tem a fascinante característica de abarcar em si, vários gêneros literários,
42
como a comédia, a tragédia, o teatro, a poesia, enfim tudo o que há no mundo
pode ser descrito em um cordel. Mas, de onde surge essa palavra que dá nome a
esse tipo de poema? A literatura de cordel nos remete ao século XVI, no qual
eram impressos os relatos orais sendo expostos em barbantes ou cordas, para
venda ao público na França e também nas Américas. Essa forma de literatura
tem seu principio na Espanha, com versos escritos em quatro ou dez estrofes ou
até em prosa sendo postos a venda em feiras. De maneira que chegaram a
Portugal, tais folhetos como eram chamados, falavam sobre tragédias,romances,
crimes, dentre tantas outras coisas. Os folhetos foram trazidos para o nordeste
brasileiro por meio dos colonizadores, e atingiram seu auge de popularidade em
meio ao povo no século XIX. Desta forma o enfoque do trabalho como já dito é
discorrer sobre as características que compõe a poesia medieval trovadoresca,
assim como a poesia de cordel, deixando explícitos os pontos pelos quais
perpassam sua intrínseca relação.
Palavras-chave: Poesia; Cordel; Trovador.
A REVOLUÇÃO PASSIVA NO INÍCIO DO SÉCULO XX: A CRISE
ORGÂNICA COMO CRISE DE HEGEMONIA
FERREIRA, Fernanda de Assis. Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
[email protected]
Antonio Gramsci (1891-1937), em sua obra "Cadernos do cárcere", faz um
estudo da nova correlação de forças do início do século XX. A partir disto, em
seus escritos, o filósofo italiano pondera sobre a possibilidade de superação do
modo de produção capitalista em sua nova configuração, ou seja, o capitalismo
avançado, o que seria condição para o desenvolvimento do socialismo.
Estudioso do pensamento marxiano, ele percebe que contrariamente as teorias
ortodoxas que viam a crise do capitalismo como algo que necessariamente
levaria a sua superação, Gramsci apreende que para a "crise orgânica" havia
outra proposta que não o socialismo, surge o americanismo. Especificamente no
texto Americanismo e fordismo, o autor busca compreender se esta nova
maneira de produzir americana pode ser uma "revolução passiva" ou se este é
um fenômeno cumulativo que será capaz de gerar uma Revolução, como a
francesa. Portanto, este trabalho pretende demonstrar que o americanismo é uma
das formas da revolução passiva do início do século XX, a qual tem por
pretensão a recuperação da hegemonia da classe dominante, que estava em crise,
e que para este período de tomada de fôlego, se incorpora de modo diverso
conforme o tipo de Estado em que se faz presente: na Europa, ainda que faça
concessões à classe operária, o americanismo se faz presente como uma forma
43
extrema de coerção, com a modernização na maneira de produzir impulsionada
pelos movimentos fascistas; e na América, com o Estado liberal, o fordismo é
implantado com outras formas coercitivas, como o controle da vida privada dos
operários e a desmobilização dos sindicatos, todavia, com a persuasão dos altos
salários, dos convênios de saúde, entre outros benefícios para a classe
trabalhadora.
Palavras-chave: Revolução Passiva; Crise de Hegemonia; Revolução.
A DISTINÇÃO CONCEITO-OBJETO NA SUMMA THEOLOGIAE, IA, Q.
85
FERREIRA, Gustavo Bertolino. Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP). [email protected]
Tomás de Aquino, na questão 85 da primeira parte da Suma de Teologia, tendo
como um dos propósitos investigar qual o objeto da intelecção humana, mobiliza
argumentos para refutar a tese de que as espécies inteligíveis, fruto do processo
abstrativo, são aquilo que o intelecto visa conhecer. Um dos argumentos
mobilizados segue o seguinte esquema: se sustentarmos que o intelecto está apto
a conhecer apenas suas próprias modificações, sustentaríamos que o intelecto
conhece tão somente espécies inteligíveis, isto é, ideias, o que implica dizer que
o intelecto teria por objeto, neste caso, as modificações que ele próprio constrói.
Mas isso não pode ser o caso, pois, segundo o autor, se admitirmos que o
intelecto tem por objeto o que se designa por 'ideias', teríamos que admitir que o
conhecimento científico não é sobre o mundo externo ao intelecto, mas sobre as
próprias modificações deste. Portanto, para não admitir tal hipótese, Tomás
conclui que o intelecto humano tem por objeto as coisas externas ao intelecto,
isto é, as coisas assinaladas por matéria. Isso nos leva a questionar qual o papel,
então, que cumpre as espécies inteligíveis na teoria cognitiva do autor. Assim, o
propósito deste trabalho é investigar a concepção de espécie inteligível enquanto
instrumento da intelecção, isto é, a ideia de que a espécie inteligível tem por
função ser o princípio mediante o qual o intelecto intelige e não o que o intelecto
intelige. A hipótese a ser trabalhada é a de que Tomás visa observar a distinção
entre o que é conceito e o que é objeto, do qual o conceito é similitude. O
método utilizado será a análise argumentativa e os intérpretes nos quais este
trabalho se embasa são Landim (2010) e Panaccio (2002).
Palavras-chave: Similitude; Abstração; Teoria das Espécies.
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ADORNO SOBRE SCHOENBERG: TOTALIDADE E ESTÉTICA
GAETA, Caio Kraide. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
[email protected]
Os textos do filósofo Theodor Adorno se mostravam de difícil compreensão aos
seus leitores contemporâneos já nas primeiras elaborações de críticas musicais.
Assim como os músicos se deparavam com os espinhos durante a leitura da
complexa filosofia de Adorno na primeira metade do século XX, hoje os
estudiosos se debruçam sobre sua escrita para buscar compreender as
contradições ali presentes. Comumente considerado como um herdeiro do
materialismo-dialético, a teoria de Adorno a princípio se distancia do idealismo
de Hegel. Atentamo-nos, porém, em algo que não se mostra muito claro perante
o conceito de totalidade presente em suas reflexões filosóficas. Qual a
proximidade desse conceito com outros autores da tradição materialista ou com
a concepção de Espírito Absoluto do idealismo alemão? Para esboçar o começo
dessa busca, cabe aqui não uma extensiva análise de toda sua obra, mas a
apreensão de alguma parcela que reflita de alguma maneira essa resposta.
Tomemos como unidade a interpretação do filósofo sobre Schoenberg,
significante compositor ao qual Adorno dedicou atenção em diversas fases de
sua trajetória. Considerando a influência de sua formação como músico discípulo de Alban Berg - olhamos para os textos que nascem da ambiguidade
teórica entre o rigor científico e a sensibilidade musical, onde talvez
encontremos fragmentos que permitam uma construção do entendimento sobre
esse conceito fundamental. A partir do artigo Dissonance and Aesthetic Totality:
Adorno Reads Schönberg de Beatrice Hanssen, o presente trabalho pretende
destacar alguns aspectos da concepção de Adorno sobre o compositor
Schoenberg enfatizando uma possível aproximação, na fase madura do autor, à
filosofia de Hegel.
Palavras-chave: Adorno Schoenberg; Totalidade; Estética.
REFLEXÕES EPISTEMOLÓGICAS SOBRE O HOMEM DOS RATOS
EM FREUD, LACAN E DELEUZE
GALVÃO NETO, Dario de Queiroz. Universidade de São Paulo (USP).
[email protected]
Trata-se de uma reflexão acerca do estatuto epistemológico de um caso para a
prática e a teoria psicanalítica. O objetivo consiste em compreender as razões
que tornam possível, a partir da singularidade de um caso, a constituição de um
modelo de saber clínico geral, assim como de intervenção terapêutica. Para
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tanto, a análise se dará em dois planos: tanto com relação à epistemologia da
psicanálise, quanto com relação à sua teoria, nas diferentes formas que esta pode
tomar ao longo de distintas perspectivas. O caso do Homem dos Ratos será
utilizado como objeto de análise, que passará por Freud, Lacan e Deleuze.
Palavras-chave: Epistemologia; Freud; Homem dos Ratos.
O PROBLEMA DOS CRITÉRIOS NA ANÁLISE MUSICAL: UMA
ABORDAGEM ETNOMUSICOLÓGICA
GARCIA, Amanda Veloso. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
[email protected]
Diferentes culturas têm diferentes formas de criar, expressar, entender e
significar a música. Um analisador que se propõe a estudar apenas a estrutura
musical pode cair no erro de lhe impor critérios irrelevantes à cultura musical
alheia, o que em nada contribui para sua compreensão. Diante deste problema,
neste trabalho, apresentamos a visão de Alan Merriam sobre a análise
musicológica que defende a importância do aspecto antropológico neste tipo de
estudo. Para o autor, a música deve ser entendida como um elemento da
complexidade do comportamento social que carrega crenças e valores
subjacentes, e, portanto, se trata de um comportamento musical e não apenas de
fenômenos sonoros, o que torna fundamental o estudo dos "conceitos musicais".
Com base nesta necessidade, procuramos oferecer ferramentas adequadas para a
análise musical, que defendemos que deva se pautar na identificação de padrões.
Nesse sentido, apresentamos alguns conceitos da abordagem ecológica de James
Gibson que permitem compreender as práticas artísticas de modo
contextualizado. Contudo, pretendemos mostrar as limitações de se entender
música a partir de conceitos prévios e a necessidade de entender as razões do
comportamento que produz a música, pois isto pode enriquecer a compreensão
da própria música bem como dos nichos culturais a que pertencem e dos nossos
próprios nichos.
Palavras-chave: Etnomusicologia; Comportamento Musical; Nicho Musical;
Padrões; Antropologia.
O BELO E A ARTE EM PLATÃO
HOFFMANN, Raul de Souza. Universidade do Sagrado Coração (USC).
[email protected]
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Este trabalho procura compreender a questão do Belo e da Arte em Platão, tendo
como referências principais os seguintes diálogos: A República livros II III e X,
Fédon e O Banquete. Colocam-se algumas questões, por exemplo: como
reconhecer o belo? Qual é a utilidade da arte? Qual a relevância da poesia
tradicional grega e por que Platão julga ser melhor excluí-la da cidade ideal? O
filósofo defende a concepção de que o produto artístico não passa de uma cópia,
e isso faz com que a criação artística do homem não tenha valor, sendo
considerada apenas uma mímeses. Sendo assim, procuramos primeiramente
compreender de que modo a alma contempla o belo em sua essência absoluta.
Palavras-chave: Belo; Arte; Poesia; Mímesis.
CONTROLE, SUJEIÇÃO E DISCIPLINAMENTO: UMA REFLEXÃO
TEÓRICA SOBRE ALGUNS CONCEITOS PARADIGMÁTICOS DOS
ESTUDOS EM SEGURANÇA PÚBLICA
JÁCOMO, Luiz Vicente Justino. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília). Bolsa: FAPESP. [email protected]
O objetivo do presente trabalho é sugerir uma aproximação das noções de
controle disciplinar do filósofo e historiador Michel Foucault – que tem na
figura do panoptismo o seu eixo de análise – e das considerações de Gilles
Deleuze sobre a sociedade do controle, ensaio de inspiração assumidamente
foucaultiana, com a reflexão sobre uma vontade de sujeição, sentimento
observado por alguns estudiosos da área de segurança pública que representa
algo como, em grossas aspas, um efeito colateral da ênfase e da obsessão
securitária que impulsiona algumas vertentes dos estudos sociológicos sobre
controle e segurança. Mais como a apresentação da base teórica de uma pesquisa
sobre instituições modernas de controle social do que um artigo propriamente
dito, a intenção desse trabalho é trazer para o debate a sustentabilidade teórica e
epistemológica dos argumentos brevemente delineados anteriormente.
Palavras-chave: Controle; Sujeição; Disciplinamento.
MERLEAU-PONTY E CÉZANNE: A FILOSOFIA E ARTE E O
RETORNO AO ORIGINÁRIO
JATOBÁ, Jessyca Eiras. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
[email protected]
47
O objetivo do presente trabalho é uma breve explanação da relação entre a
filosofia merleau-pontyana e a arte de Cézanne expressa na obra A dúvida de
Cézanne de Merleau-Ponty. Merleau-Ponty não é um filósofo das verdades
eternas, para ele a filosofia não é muito diferente da arte, pois, assim como ela,
está inserida e surge de um mundo do qual é apenas uma forma de expressão e
não posse de verdades. Em sua obra, A dúvida de Cézanne, Merleau-Ponty
revela não apenas seu entendimento acerca da história da arte, mas sua própria
filosofia. O projeto de Cézanne traduz para a arte o projeto de Merleau-Ponty na
filosofia.
Palavras-chave: Merleau-Ponty; Expressão; Percepção; Arte; Filosofia.
O ARGUMENTO ONTOLÓGICO DE GÖDEL
LAMPERT, Fábio. Faculdade de São Bento (FSB). [email protected]
O argumento ontológico de Gödel tem como inspiração a forma do argumento
de Leibniz. Este formulou o argumento de tal modo que, na primeira parte,
procura-se provar a possibilidade da existência de Deus (já que, segundo
Leibniz, o argumento cartesiano falhara por tomar tal possibilidade como
pressuposto inicial). O segundo ponto no argumento leibniziano é que é possível
demonstrar a existência de Deus a partir da possibilidade de um ente que
atualize todas as perfeições, tomadas como qualidades ou propriedades
positivas. Ora, este é justamente o caminho do argumento gödeliano. O
argumento se dá de forma axiomática e faz uso do sistema modal S5, de onde é
possível extrair a tese ◊□A→□A (se é possível que A seja necessário, então A é
necessário). Gödel inicia seu argumento tomando como primitiva a noção de
propriedade positiva. Para ele, "as propriedades positivas são precisamente
aquelas que podem ser formadas a partir das elementares através da aplicação
dos operadores &, v, →." Ainda, as propriedades positivas são aquelas que não
constituem nenhum tipo de negação em sua formação. Após isso, Gödel define
três conceitos que formarão a base do argumento, a saber: I) Deus, II) essência e
III) existência necessária. I) Um objeto x é uma Deidade (God-like [G(x)]) sse x
possui o conjunto correspondente a todas as propriedades positivas. II) Uma
propriedade φ é uma essência de um objeto x sse para todo x, x tem φ (φ(x)) e
para cada propriedade ψ de x, necessariamente todo objeto y que possui φ possui
também ψ. Portanto, a cada objeto corresponde uma essência. Pois se φ é
essência de x, então todo objeto que tem a propriedade φ necessariamente tem
todas as propriedades de x. III) O objeto x existe necessariamente sse para toda
essência φ, se φ for a essência de x, existe necessariamente um objeto x que tem
a propriedade φ. Gödel mostra que um objeto existe necessariamente se e
48
somente se sua essência for necessariamente exemplificada. A partir das
definições acima, Gödel formula axiomas de onde se seguem teoremas
mostrando que o conjunto de todas as propriedades positivas é possível, e que a
existência necessária é uma propriedade positiva. Desse modo, é possível
concluir que Deus existe necessariamente, i.e., existe em todos os mundos
possíveis e, portanto, existe no mundo atual. Este trabalho tem em vista uma
exposição completa do argumento de Gödel além de uma análise de sua
cogência e solidez.
Palavras-chave: Argumento Ontológico; Necessidade; Essência; Gödel.
PODER DISCIPLINAR EM MICHEL FOUCAULT
LEITE, Franco Pereira. Universidade Estadual de
[email protected]
Londrina
(UEL).
Em 1975, Foucault lança seu livro intitulado Vigiar e Punir, que marca uma
reformulação na conjuntura de sua obra, as questões propostas nesse livro
diferem dos textos anteriores. Em um primeiro momento da sua produção, o que
Foucault privilegiou foi a constituição dos saberes, como eles se formam,
encontram uma aplicabilidade, e eventualmente desaparecem, este período ficou
conhecido como a Fase Arqueológica. Em um segundo momento das suas
pesquisas, Foucault irá se perguntar pelo "como do poder", não interessava a ele
questionar o que é o poder, pois talvez esse nem exista, pelo menos em potência,
mas sim só em ato, estas formulações foram chamadas pelo filósofo de Fase
Genealógica. Foucault não fez uma teoria do poder, uma exposição sistemática
acerca desse tema, nenhuma obra sua é dedicada ao tema do poder, pois não era
isso que interessava ao filósofo, o que ele fez foi análise fragmentárias do poder
para entender como se dá a constituição do sujeito. Em Vigiar e Punir coube ao
filósofo estudar o surgimento das prisões (o subtítulo do livro é "O Nascimento
da Prisão"), desse estudo Foucault viu delinear-se uma forma de exercer o poder:
a técnica disciplinar. Técnica que surgiu nas prisões, porém não ficou ali
enclausurada, ela recebeu a liberdade e se instaurou em toda malha da nossa
sociedade, nas escolas, fábrica, quartéis, hospitais. Este poder disciplinar tem
como escopo o indivíduo isoladamente, ele é tomado para que suas forças sejam
majoradas, de modo que possa tirar-lhe o máximo possível; para que trabalhos
sejam executados com mais rapidez, que se alcance melhores resultados nos
estudos, que as doenças deixem de nos assolar, em suma "um corpo disciplinado
é base de um gesto eficiente". Pode-se acreditar que esse poder disciplinar possa
reprimir os indivíduos, Foucault não nega isso, porém para ele o poder, não só o
disciplinar, não tem como objetivo reprimir, excluir, mascarar, mas sim
49
produzir. Nesse trabalho, que é o resultado da leitura e fichamento de textos de
Michel Foucault e de alguns comentadores de sua obra, tentaremos mostrar
como a técnica disciplinar pode ser um mecanismo para nos aprisionar, mas,
concomitantemente, um dispositivo onde pode residir nossa liberdade.
Palavras-chave: Poder; Disciplina; Foucault.
A GENEALOGIA DE FOUCAULT ENQUANTO MÉTODO ANALÍTICO
DE LUTAS
LUIZ, Felipe; VAZ, Vinicius Rezende Carretoni. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília). [email protected]
Sabe-se que Michel Foucault não dispensou ao método genealógico, por ele
utilizado a partir da década de setenta, o mesmo tratamento dado à arqueologia,
a qual foi sistematizada em livro. Dentre os poucos textos que abordam a
genealogia, é nosso intento analisar um deles e, mais propriamente, a
possibilidade da utilização da genealogia enquanto método analítico de lutas
sociopolíticas. No curso Em defesa da sociedade (1975-6) Foucault elabora um
balanço da genealogia, situando seu surgimento no contexto político francês e,
ao mesmo tempo, cotejando-a com o marxismo e com as teorias liberais, de
modo a salientar as distintas apreensões concernentes às relações de poder. Para
Foucault, haveria um economismo nas relações de poder nestas duas teorias, de
um lado o liberalismo, que explica as relações de poder em termos de uma
isomorfia entre economia e poder; de outro o marxismo, para o qual a função
das relações de poder seria reconduzir uma dominação econômica, ou seja,
haveria uma subordinação funcional entre poder e economia. O objetivo de
Foucault é, precisamente, descobrir quais as possibilidades de uma análise não
econômica das relações de poder, o que implica uma negativa da identificação
entre poder e economia, primeiramente, de onde decorrerá uma leitura não
ontológica do poder, bem dito, passar a compreender o poder não como uma
mercadoria ou um edifício, mas, sim, enquanto uma relação, portanto, poder que
é enquanto se exerce: a inteligibilidade das relações de poder deve ser buscada
nelas mesmas, não em outra instância mais fundamental — como a economia ou
o direito natural. Além do que, Foucault quer fugir da interpretação, a seu ver
absolutista, das relações de poder enquanto eminentemente repressoras, em
beneficio de uma visão das relações de poder como, sobretudo, produtivas. Estes
deslocamentos teóricos em face de duas dentre as grandes teorias políticas da
modernidade liberam o pensamento de Foucault para uma compreensão
eminentemente bélica das relações de poder, onde até mesmo a chancela
cientifica, reivindicada pelo marxismo, é posta sob o crivo analítico, como parte
50
fundamental das relações de poder mais hodiernas nas sociedades ocidentais.
São estes meandros teóricos, que terminarão por balizar a própria genealogia
enquanto método analítico, que hão de ser nosso objeto na presente
comunicação.
Palavras-chave: Foucault; Genealogia.
O TEATRO MODERNO SOB A ÓTICA DA FILOSOFIA
EXISTENCIALISTA
MAGDALENO, Danieli Gervazio. Universidade Estadual Paulista (UNESP).
[email protected]
Analisando peças teatrais do final do século XIX até meados do século XX,
contata-se um isolamento dos personagens em sua própria interioridade. Tal
isolamento, segundo alguns críticos de teoria estética, constitui uma crise no
drama por romper com um modelo estabelecido: o gênero dramático constituído
desde a antiguidade, que tem a inter-relação como traço fundamental. É a
relação dos personagens situados em uma coletividade que justifica a ação
dramática. No entanto, segundo a vertente existencialista da teoria estética, o
processo de isolamento ao qual o personagem é submetido é uma característica
da natureza humana, encontrando-se independente da época, já que o homem, ao
entrar em contato com a falta de sentido, com o absurdo de sua existência, se
sente alheio ao resto do mundo e se encerra em sua interioridade. Sendo assim, o
objetivo principal do trabalho é analisar, sob a ótica da filosofia existencialista,
peças de autores como Beckett, Ionesco, e o próprio Sartre.
Palavras-chave: Teatro; Beckett; Ionesco; Existencialismo; Estética.
SENSO COMUM E FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO
MARINHO, Felipe Galhardo Ruiz. Universidade Estadual
(UNESP/Marília). [email protected]
Paulista
O objetivo central deste trabalho é contribuir para a valorização da escola na
formação omnilateral do estudante. São objetivos específicos: investigar, com
base em Gramsci, possibilidades de relações entre conhecimentos e experiências
do senso comum e a atividade filosófica; conhecer expectativas de estudantes do
ensino médio e estabelecer relações destas com temas filosóficos. A
metodologia está calcada em estudos e análises de textos de Gramsci e em
levantamentos, análises e intervenções, que estão sendo realizados por meio de
51
observações, questionários e entrevistas com os estudantes do ensino médio e
aplicação de propostas de ensino de filosofia em sala de aula. Partindo do
pressuposto que o papel da escola de ensino básico tem sido permanentemente
colocado em xeque nas condições histórico-sociais atuais. Mesmo havendo um
consenso sobre a importância da educação escolar na formação do indivíduo
como cidadão e no seu processo de alfabetização, não tem havido consenso
sobre a importância do domínio dos conhecimentos científicos na sua forma
escolarizada. Tais tendências colocam a educação escolar em crise, manifestada
de forma sutil ou explícita pelo desinteresse de grande parte dos estudantes para
com a escola. O predomínio da racionalidade técnica, com efeito, repercute
negativamente de forma mais intensa na área de ciências humanas. Os
levantamentos e análises já realizados corroboram a necessidade de ressignificar
o sentido da escola e do conhecimento, possibilitando aos estudantes
questionarem o seu fazer, o papel da escola, da filosofia e a descobrirem novas
possibilidades de relação entre suas experiências e o seu crescimento humano.
Verificamos que os estudantes do ensino básico, como integrantes da sociedade
dita da informação, frequentemente se depararam com informações
fragmentadas, disseminadas por agências midiáticas que disputam sua atenção
com toda sorte de apelos. São apelos para o consumo, a satisfação imediata e ao
preparo técnico para o trabalho. A escola, neste contexto, se vê desafiada a
propor um tipo de formação omnilateral, incluindo todas as dimensões humanas,
nos âmbitos intelectual, corporal e tecnológico. Preliminarmente, que é possível
um diálogo significativo entre experiências trazidas pelos estudantes e a filosofia
e a elaboração de uma proposta de trabalho centrada na reconstrução dos
conceitos de filosofia, senso comum, bom senso, religião e ciência.
Palavras-chave: Ensino; Filosofia; Gramsci; Escola.
"O QUE É A PROPRIEDADE?", A CRÍTICA ANARQUISTA DE
PIERRE-JOSEPH PROUDHON
MEDINA, Lucas Ferreira. Universidade São Judas Tadeu (USJT).
[email protected]
"A propriedade é roubo" é a frase mais célebre da obra do filósofo francês
Pierre-Joseph Proudhon (1809-1965) e influenciou em larga escala, o
movimento socialista, sobretudo o francês, no século XIX e começo do século
XX. Esta análise busca determinar os fundamentos da crítica à propriedade feita
por Proudhon em sua obra "O que é a propriedade? Ou Pesquisas sobre o
Princípio do Direito e do Governo". Após fazer uma análise do que ele
denomina "graus da sociabilidade humana", o filósofo francês determina o que
diferencia o homem do animal, e a partir disto, contrapõe às teorias filosóficas
especulativas sobre justiça e liberdade uma proposta de análise científica do
52
desenvolvimento histórico da humanidade e de identificação das leis gerais que
regem o sistema social. A partir da delimitação da justiça como base da
sociabilidade humana, Proudhon demonstra que as justificativas acerca da
propriedade seja como direito civil, oriunda da ocupação e sancionado pela lei,
seja como direito natural originado pelo trabalho, não se sustentam.
Palavras-chave: Propriedade; Justiça; Anarquismo.
UMA ABORDAGEM SEMIÓTICA DA INFORMAÇÃO
MELO, Bruno Cardoso de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
[email protected]
O objetivo deste trabalho é discutir o seguinte problema: quais elementos
fornecem subsídios para que se discuta o estatuto da informação e sua relação
com a ação na filosofia semiótica de Charles Sanders Peirce? Abordaremos o
recorte que André De Tienne realiza em sua obra “Peirce’s logic of information”
analisando as duas noções de informação. A primeira enquanto a Área resultante
entre compreensão versus extensão e a segunda, levando em consideração o
caráter sígnico da informação, evidenciando ser o signo dicente aquele que
veicula informação por excelência. Abordaremos, previamente à análise do
estatuto semiótico da informação, as bases para a compreensão, a saber, do
quadro categorial fenomenológico e a tríade signo, objeto e interpretante,
incluindo seus desdobramentos no processo semiótico de pensamento. Através
da análise dos signos, podemos abordar os elementos correlatos fundamentais na
constituição do Signo, a saber, o Objeto e o Interpretante. O Signo tem o papel
de estar no lugar do Objeto que ele representa, os Objetos são considerados por
Peirce como parte da realidade, independente de estados mentais ou disposições
psíquicas. São considerados como fatos, pois “permanecem imóveis não importa
quanto você, eu ou qualquer homem ou gerações de homens possam opinar
sobre eles” (CP 2.173). Ao signo criado na mente, Peirce denomina
Interpretante. Esse elemento semiótico diz respeito ao signo correspondente
criado em uma mente pelo signo que está no lugar do Objeto. A partir dessa
correlação entre signo objeto e interpretante, Peirce estabelece 10 classes
principais de signos. Dentre estes signos, haverá uma classe que De Tienne
(2006) identifica como sendo aquele que veicula informação genuína, a saber,
signos dicentes. São signos de existência que indica a localização de seu objeto
(através do Índice) e diz sobre suas qualidades (com auxílio do Ícone). Por fim,
apresentaremos cinco condições evidentes na informação genuína e a partir
destas argumentaremos constituiria condições para o aumento da semiose, e
consequentemente, para o aumento do conhecimento.
53
Palavras-chave: Informação; Ação; Peirce.
SOBRE A POSSIBILIDADE DE O QUESTIONAMENTO SER UM
PROPULSOR AO PENSAR FILOSÓFICO
MENEZES, Manoela Paiva. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
[email protected]
Este trabalho surgiu através de um projeto extensão no qual se pretendia pensar
filosofia com adolescentes que cumpriam medidas socioeducativas no regime
semiaberto da Fundação Casa na cidade de Marília, a partir de suas próprias
experiências, que era o que talvez pudesse trazer sentido à filosofia para eles.
Para atingir esta finalidade recorremos às experiências e discussões teóricas de
outros projetos que nos despertaram para a recusa da lógica explicadora, da
transmissão tradicional de conhecimentos, do embrutecimento das inteligências,
da imposição de verdades e estereótipos. No lugar disto, levamos em conta o
contexto desafiador, a necessidade da quebra de hábitos e pressupostos e a
consciência da necessidade de ambientação para assim priorizarmos o que
acontecia nas relações. Daí, no decorrer do projeto que era movido por diálogos
com questionamentos entre os membros fixos e os adolescentes participantes da
Fundação, surge o problema qual se pretende abordar: Será que fazíamos com
que eles percebessem que os questionávamos não para ter a mesma função da
instituição que rege suas vidas neste período (Fundação Casa), mas sim, para
junto deles, sem uma função moralizante, problematizar assuntos referentes à
vida, à privação de liberdade, a modos de enxergar o mundo, etc., tanto nosso
como deles? Este problema vem do reconhecimento de limites que nos fez
atentar para outras formas de afetá-los além da conversa acerca de suas
experiências. A partir de hábitos cristalizados que notávamos em suas falas e
ações podemos levantar a hipótese de que ainda que tenhamos tentado através de
uma relação ética pensar filosofia, houve deles uma resistência que foi ativada e
consequentemente dificultou que entendessem o questionamento não como
discordância, mas como um propulsor ao pensar filosófico.
Palavras-chave: Experiência; Questionamento.
A INTERSUBJETIVIDADE EM MARTIN BUBER
MIRANDA, Arilson Rodrigues. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa
(SEDAC). [email protected]
54
Este artigo tem como objetivo apresentar a intersubjetividade na filosofia do
encontro, ou do diálogo, de Martin Buber, no livro Eu e Tu , para quem a relação
é o evento primordial do ser humano e, que não há existência sem comunicação
e diálogo. Aqui são descritas as duas atitudes fundamentais do homem em
relação ao mundo, a saber, relação de presença e de objetivação. Através dessa
distinção procura-se perceber que para além da atitude de sujeito conhecedor, o
homem se realiza na relação face a face com um ser presente a ele, invocado
como seu TU. Daí visualiza-se uma Antropologia do Diálogo, comprometida
com a totalidade concreta do homem, que sugere que o ser humano só pode ser
compreendido escapando-se de uma visão individualista e de uma visão
coletivista. Só é concreto o homem com o homem. Importante é assim discorrer
sobre o inter-humano, sobre o diálogo verdadeiro entre os homens e perceber
que em toda forma de relação EU-TU, o ser se abre para o TU eterno, com quem
realiza a relação suprema. Portanto, a filosofia do diálogo, coloca-se a
intersubjetividade como um fato antropológico fundamental. Mais do que o
"dever ser" ético, Buber busca a resposta para a pergunta "o que é o homem?"
naquela categoria do "entre" que faz com que o homem seja descoberto quando
está na relação essencial.
Palavras-chave: Intersubjetividade; Filosofia do Encontro; Antropologia do
Diálogo; Relacionamento.
PARA UMA HERMENÊUTICA ACERCA DA ORIGEM DA
LINGUAGEM NA OBRA CIÊNCIA NOVA DE G. VICO EM
CONTRAPONTO A ORIGEM DA LINGUAGEM NA OBRA DE
PLATÃO: O CRÁTILO
MORAES, Kellen Ferreira de. Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
[email protected]
Vico, repetidas vezes, evoca em sua obra máxima Ciência Nova o diálogo
Crátilo de Platão, sempre afirmando pretender encontrar nele o mesmo que
Platão: um falar natural originário "Os mudos explicam-se através de atos ou
objetos que possuam relações naturais com as ideias que eles pretendem
significar" (§ 225-227) ou uma língua que naturalmente significasse "Porque,
partindo destes princípios: de conceberem os primeiros homens da gentilidade as
ideias através de caracteres fantásticos de substâncias animadas e, sendo mudos,
de se exprimirem com atos e objetos que tivessem relações naturais com as
ideias, e de se exprimirem assim com uma língua que significasse naturalmente,
que Platão dizia ter sido falada uma vez no mundo (língua atlântica) [...]" (§
431). Nosso objetivo com esse trabalho é investigar com maior profundidade
55
essa sugestão de Vico, ou seja, compreender melhor o que é, para Vico, esse
falar natural e em que medida essa sua ideia representa uma continuidade ou
ruptura com aquilo que Platão, no diálogo Crátilo, entende por falar natural.
Palavras-chave: G. Vico; Platão; Ciência Nova; Crátilo; Falar Natural.
FOLCLORE E CULTURA INFANTIL: ESTUDOS À LUZ DAS
TEORIZAÇÕES DE FLORESTAN FERNANDES E WALTER
BENJAMIN
MORAIS, Nattany Ribeiro de; CASTRO, Rosane Michelli; TOTTI, Marcelo
Augusto.
Universidade
Estadual
Paulista
(UNESP/Marília).
[email protected]
O presente trabalho é decorrente de nosso projeto de pesquisa, em
desenvolvimento, denominado A formação de educadore(a)s para o ensino de
folclore infantil: Análise documental do curso de Pedagogia da Unesp de
Marília (1959 - 2011). Nossa pesquisa e os resultados do trabalho ora
apresentados estão pautados na crença antropológica, de que o homem possui
necessidades orgânicas, biológicas, fisiológicas, mas o modo como satisfaz essas
necessidades depende da cultura e da herança ao qual está inserido. Sendo assim,
o homem necessita apropriar-se das habilidades, as quais poderá desenvolver,
pois ele não nasce com essas habilidades, personalidade e inteligência pronta, é
o que o difere do animal, que nasce com instinto e habilidades pré-determinadas.
Já para o ser humano é necessário que lhe sejam dadas condições, sobretudo em
processos educativos, que lhe sejam apresentados aspectos da sua cultura, para
que possa haver um processo de apropriação, a cultura não lhe é inata. Nesse
sentido, apresentamos, neste trabalho, resultados de um trabalho de reflexão à
luz de teorizações de Florestan Fernandes sobre o folclore infantil e também de
Walter Benjamin sobre a cultura infantil. Temos buscado embasar a pesquisa no
conceito clássico antropológico de cultura, pois o folclore está intimamente
ligado à tradição e à cultura. Uma boa parcela da cultura simbólica que a criança
carrega consigo, quando entra na vida comum com seus pares, é inserida em sua
realidade mediante o contato com mitos e lendas culturais. A partir de leituras
sobre o folclore infantil, se pode entender a seriedade do assunto e o professor
pode utilizá-lo como instrumento de trabalho com as crianças.
Palavras-chave: Cultura; Formação de Professores; Folclore Infantil.
56
EDUCAÇÃO, COTIDIANO ESCOLAR E SOCIEDADE DE CONTROLE:
AS CONTRIBUIÇÕES DE GILLES DELEUZE PARA PENSAR O
PARADIGMA
MULTIDIMENSIONAL
DE
ADMINISTRAÇÃO
ESCOLAR
NASCIMENTO, Paulo Henrique Costa. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília). [email protected]
A trajetória da teoria em Administração escolar no Brasil é marcada por duas
perspectivas que encaminham os atuais debates acerca do tema: liberal
conservadora e democrática progressista. Entretanto, é possível observar traços
de uma nova perspectiva que teria o cotidiano escolar como a materialidade alvo
de suas investigações; neste sentido, a teoria em Administração escolar é
formada no dia-a-dia pela relação entre alunos, intelectuais, pais, professores,
governo e etc. Os contatos com essa perspectiva evidenciam que ela é pensada
nos moldes da perspectiva democrática e, deste modo, encontra dificuldades em
colocar suas próprias regras de formação e indicam a necessidade de articular
uma dinâmica em que o Estado não seja o dono por excelência do poder nas
relações cotidianas escolares. Mas será possível pensar fora do registro binário?
Nesta empreitada, Sander propõe um paradigma multidimensional composto por
quatro dimensões: pedagógica, econômica, política e cultural. Esse paradigma
seria uma ferramenta multifocal para aguçar o olhar do pesquisador frente à
dinâmica de todos os elementos do cotidiano que compõem a formação da teoria
em Administração escolar, contrariando, assim, o binarismo. Na medida em que
esse paradigma não atende as reivindicações de formação dessa nova perspectiva
não rompe com o binarismo. Nossa hipótese é que assumindo Deleuze como
referencial teórico, possamos encontrar contribuições para pensar a teoria em
Administração escolar, isso porque na passagem das sociedades disciplinares
para sociedades de controle encontramos uma microanálise que permite
problematizar a ideia de que o Estado é o único detentor do poder; ela está
baseada na hipótese de que o poder é disseminado, difuso, microfísico e permite
o reativamento e análise das instâncias periféricas e contragolpes como contrapoderes investidos sobre o Estado. Pode Deleuze, com a categoria de Sociedade
de controle, contribuir para a teoria em Administração escolar? O objetivo da
pesquisa é, através do método bibliográfico, resgatar o debate sobre Educação,
Administração escolar e Sociedade de controle e, posteriormente, resgatar o
paradigma multidimensional tencionando-o com os primeiros resultados da
pesquisa. Até o momento, esta pesquisa realizou levantamento e leitura parcial
do material referente ao primeiro objetivo; eles indicam que o discurso
biopolítico e a disseminação dos meios de vigilância são as principais formas de
pensar a Sociedade de controle e educação.
57
Palavras-chaves: Administração Escolar no Brasil; Sociedade de Controle;
Paradigma Multidimensional.
A CONSTITUIÇÃO CRÍTICA DA RACIONALIDADE CIENTÍFICA NO
PENSAMENTO DE MICHEL FOUCAULT: MEDICINA E POLÍTICA
EM O NASCIMENTO DA CLÍNICA
NASCIMENTO, Thiago Tavares Vidoca do. Universidade Federal de São Paulo
(UNIFESP). [email protected]
Nossa análise está centrada em O nascimento da clínica de Michel Foucault cujo
objetivo é estudar, em geral, a constituição crítica da racionalidade científica
segundo o escrito em questão a fim de refletir sobre a prática científica
contemporânea, embasados em ideias, conceitos e noções acerca do saber
médico. Foucault pratica uma história arqueológica e genealógica do saber
médico ao longo de suas produções, sendo que a relação política e medicina é o
ponto central de nossa análise. Focando a montagem arqueológica do saber
médico, analisamos a obra de Foucault em duas vertentes, sendo a primeira a
formação do olhar clínico, o qual transcende a vida e encontra na morte o
domínio de objetividade para se objetivar a doença. Nesta primeira vertente,
acompanhamos como Foucault desenvolve o olhar da clínica moderna. A
medicina tinha, até o século XVIII, um cunho classificatório, tendo esta, como
modelo, a história natural, taxonômico. A botânica é o saber que se evoca para
classificar as doenças, por exemplo, como se classificavam os seres em gêneros
e espécies. Neste caso, o olhar médico ainda é um olhar de superfície que não
correlaciona a vida, a morte e a doença em uma trindade técnica e conceitual. A
mudança deste olhar de superfície para um olhar tridimensional, além das
estruturas corporais, foi uma importante mudança de consciência do saber
médico. Eis aí a clínica como precursora de toda a mudança do saber médico
moderno. Nesta outra vertente, é a critica à medicina do espaço social que
acentuamos: trata-se de como a espacialização social da medicina determinou as
injunções histórico-políticas para a formação do olhar clínico na medicina
moderna. A socialização desta medicina foi primordial, pois há a preocupação
de se controlar a sociedade por meio do indivíduo, investindo discursivamente
em uma saúde pública a fim de obter uma força soberana para o trabalho e a
produção. Toda essa vertente social da medicina feito por Foucault foi um dos
pontos principais para a formulação da medicina como a conhecemos hoje,
transformando a medicina em pratica científica e objeto de cuidado cotidiano
para todo o corpo social.
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Palavras-chave: Medicina;
Racionalidade Científica.
Política;
Clínica;
Arqueologia
do
Saber;
O PAPEL DO LEGISLADOR NA SOCIEDADE ROUSSEAUNIANA
NASCIMENTO, Ulisses Santos do. Universidade Federal do Recôncavo da
Baiano (UFRB). [email protected]
Para compreender a estrutura política idealizada por Rousseau na sociedade
formulada por ele, pretendemos analisar partes de suas duas principais obras “O
Contrato Social” e o “Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da
Desigualdade entre os Homens”, para então refletir como o legislador aparece e
se estabelece na republica, e qual o seu papel, segundo o filósofo. Para facilitar a
compreensão da vivencia dos homens em meio a uma república o filósofo cria
hipoteticamente um estado de natureza onde os homens viviam como qualquer
outro animal, isolados, sem egoísmos sem paixões e vivendo apenas por viver.
Rousseau entende que a saída dos homens do estado de natureza para a
formação de uma sociedade ocorreu pelo fato do homem se aperfeiçoar e pelas
necessidades naturais referentes à sua conservação. Enfim pretende-se discorrer
neste trabalho sobre como Rousseau entende que a sociedade necessita de um
legislador para representar a vontade geral, a fim de que a sociedade toda sem
distinções se perceba como participante da vontade soberana.
Palavras-chave: Homem; Sociedade; Contrato.
O PROBLEMA DA FILOSOFIA DAS CRIANÇAS
OLIVEIRA, Aline da Silva. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
[email protected]
Esse trabalho visa apresentar brevemente a relação entre filosofia e crianças um
problema presente em uma das formas dessa relação. Existem três pontos
principais que relacionam filosofia e crianças. O primeiro é a filosofia da
infância, que é uma reflexão crítica sobre o conceito de infância, histórica e
socialmente localizado. O segundo ponto é através da possibilidade de se ensinar
a filosofia às crianças e delas aprenderem. Nesse ponto estão incluídos
programas e propostas de filosofia para/com crianças. O terceiro é a filosofia das
crianças, que é expressão da voz das crianças em relação a diferentes âmbitos
problemáticos que conformam uma filosofia. De um modo geral, os programas e
propostas de filosofia para/com crianças visam a criar um ambiente e condições
necessárias para que as crianças aprendam e produzam pensamentos filosóficos.
59
Sendo assim, esses programas e propostas visam, além de outras coisas, que as
crianças filosofem. Incentiva-se que as crianças pensem por si mesmas. Dada a
popularização dessas práticas, cada vez mais crianças entram em contato com a
filosofia e a produz. Contudo, essas práticas se limitam a um ambiente escolar,
ocorrendo sempre com a orientação de um professor. Portanto, a questão que
pretendo expor com esse trabalho é, sobre a possibilidade das crianças criarem
filosofia sem essa orientação.
Palavras-chave: Filosofia; Crianças.
O SENTIDO NO DRAMA ATUAL
OLIVEIRA, Antonio Martins de. Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC). [email protected]
O texto tenta resgatar as características do "drama" como sentido da arte no
teatro. Embora alguns pensadores declarem que o "drama" morreu, entendemos
que ele está mais vivo do que nunca, principalmente no que muitos estudiosos
do teatro chamam de “pós-dramático”. Um dos propósitos desse texto é
investigar na ótica da fenomenologia, a estrutura do teatro tal qual ele se
apresenta hoje. Especificamente discutir sobre o primordial dessa arte milenar
que de tão inerente ao humano, esta em si, como uma colagem, que tem no
espelho o reflexo de sua atuação corriqueira nos seus aspectos mais comuns.
Pode ser que o leitor se decepcione com a conclusão, principalmente aqueles que
ao apreender a arte sobre os condomínios da estética tradicional, forjam o
cânone, sem perceber que a arte no dizer de Hegel, ''se sente forcada a se superar
em si mesma, dentro de uma possível metamorfose onde obra e o homem
desaparecem, para se realizarem". Podemos dizer que a arte é como o texto que
escreve e nos inscreve na falta. Ora, todos procuramos na arte o que falta como
uma contemplação dada pelos sentidos. Quer dizer, procuramos nosso Hamlet
nos teatros que inventamos, mas ele só nos é dado no principio de um sentido
pré-dizível, onde a linguagem falta, correspondente a aparição. Veja que esse
conto é colocado vivificantemente entre o "drama" no teatro e a sua expressão
como obra de arte, a instauração do outro que se apresenta, comporta dentro da
analise fenomenológica. O objeto como transcendental aparece como imanente,
como num jogo de dados.
Palavras-chave: Teatro; Drama; Filosofia; Sentido; Arte.
TOMÁS DE AQUINO ACERCA DOS ATRIBUTOS DIVINOS
60
OLIVEIRA, Elói Maia de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
[email protected]
Tomás de Aquino não findou a análise do problema de Deus através das cinco
vias para demonstrar a sua existência. Prova disso é ele ter dedicado muitas
questões da Suma de teologia e da Suma contra os Gentios aos atributos divinos.
Ele adapta a tríplice via de Dionísio Areopagita para o conhecimento da natureza
divina encontrada no Sobre os Nomes divinos. Dionísio assinala que nós
ascendemos a Deus por remoção e excesso de todas as coisas e nas causas de
todas as coisas. Em sua interpretação, Tomás evoca esse método proposto por
Dionísio de maneira ainda mais incisiva: conhecemos a Deus não contemplando
sua essência ou natureza, mas refletindo sobre seus efeitos. Tomás afirma que o
nosso conhecimento avança das coisas sensíveis a Deus por uma tripla via: por
remoção (per remotionem), por causalidade (per causalitatem), por eminência
(per eminentiam); e que em cada uma destas vias há um conhecimento da
natureza divina. Por remoção, nosso conhecimento procede por sucessivas
negações. Uma vez que não sabemos o que Deus é, qual a sua essência, mas o
que ele não é, removemos tudo o que não lhe deve ser atribuído como, por
exemplo: matéria, composição, mudança, potência, etc. Por causalidade, nosso
conhecimento procede pela ordem dos efeitos e das causas. Entre Deus e as
coisas criadas há uma ordem de causa e causado. Todo efeito traz alguma
similitude para com a sua causa. Neste sentido, podemos afirmar algo a respeito
de Deus. Mas afirmar um atributo da natureza divina não significa que Deus seja
causa daquele atributo nas coisas (dizer Deus é bom seria dizer que ele é causa
da bondade das coisas; então, não haveria por que não atribuir a Deus tudo o que
se encontra no mundo visível; não haveria por que não dizer que ele é corpo por
ser a causa dos corpos). Os nomes que damos a Deus o exprimem no modo
como nosso intelecto o conhece, avançando a partir das coisas sensíveis e à
medida que essas coisas criadas trazem em si uma similitude para com ele.
Expressamos afirmativamente aquilo que é comum a Deus e às coisas criadas.
Por eminência ou excelência, nosso conhecimento procede por redução a um
princípio. Perfeições como inteligência, vontade, vida, etc., que no mundo são
separadas e múltiplas, em Deus são unidas e simples, e se identificam com sua
essência. Todos os atributos dessa maneira podem ser reduzidos a um primeiro
princípio. Propomos estudar os textos de Tomás que dizem respeito aos atributos
divinos e observar como neles são pensados esses três diferentes momentos do
nosso conhecimento e predicação da natureza divina a partir das coisas. O
trabalho constitui uma pesquisa teórica, que tem como fontes primárias textos de
Tomás de Aquino que se referem à questão dos atributos divinos, principalmente
na Suma de teologia e na Suma contra os Gentios.
61
Palavras-chave: Tomás de Aquino; Deus; Atributos Divinos; Tríplice Via.
FILOSOFIA EM EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS: EM
PROL DE UMA AUTONOMIA
OLIVEIRA, Fernanda Martins de. Universidade Estadual de Londrina (UEL).
[email protected]
Esta comunicação tem por finalidade demonstrar a possibilidade de a Filosofia
ser apresentada como uma metodologia. Esta metodologia deverá ser utilizada
pelos educadores com a função de despertar na criança o pensar, que se encontra
latente à espera de um evento que o revele. O educando que tem em si este
pensar adormecido e que necessita ser despertado, para que passe a uma
condição de ser pensante, e assim poderia iniciar a construção do processo de
ensino/aprendizagem rumo a uma autonomia que o acompanhará em seu
desenvolvimento emancipatório. A partir da aplicação deste processo
metodológico, visamos demonstrar que possa haver uma emancipação social a
qual o sujeito participe conscientemente da sociedade. A intenção aqui é tentar
argumentar que a filosofia possa ajudar na construção do pensar. Estruturando
desde a infância este processo de ensino/aprendizagem, conjecturamos que o
sujeito pensante possa trilhar para uma cidadania responsável. Neste caminho
em prol de uma autonomia, esse ser pensante então inaugura seu papel de ser no
mundo. Esta inauguração acontece com um maravilhar, um espanto que o
desperta para esse mundo novo. O Espanto que trataremos neste contexto é um
conceito que podemos ver desde Aristóteles, e no qual a filosofia teria a sua
origem. É o espanto que os levaria a ordenarem questões, e também os guiaria à
procura das respectivas soluções. Ao manifestar esse pensar, que é despertado
com auxilio da filosofia, o sujeito passa então a ver o mundo com se este antes
estivesse encoberto por um véu, assim o espanto seria um retirar deste véu,
lançando luz onde não havia, ampliando sua percepção das coisas, o que antes
pareciam não existir, e que agora é clarificado por esta luz. O ser humano então
é lançado no mundo com a disposição que antes lhe era estranha, e que agora se
manifesta com esse espanto. A tentativa aqui é deixar evidente que se faz
necessária uma visão não domesticada da educação, e que o sujeito possa pensar
e participar da vida em sociedade, sabendo que nela há regras as quais devem ser
seguidas, porém refletindo autonomamente sobre as leis nela contidas, e assim
fazendo com que a emancipação seja possível. Sendo assim, a disciplina de
Filosofia, muito além de uma simples orientação, seria um instrumento
metodológico que despertaria e incentivaria a disposição latente que existe a
manifestar-se. A Filosofia seria como uma chave que acionaria o espanto
necessário para descoberta do ser no mundo. Portanto, o papel da filosofia seria
62
uma espécie de dente de uma engrenagem, e o espanto a própria engrenagem,
que se relacionam de forma interdependente, no sentido de lançar este ser a este
mundo novo que se apresenta.
Palavras-chave: Filosofia com Crianças; Educação Infantil; Anos Iniciais;
Conhecimento; Espanto; Ser no Mundo.
O PAPEL DO MESTRE: SERÁ O PROFESSOR FUNDAMENTAL PARA
A EMANCIPAÇÃO DO ALUNO?
OLIVEIRA, Leandro Gabriel dos Santos. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília). [email protected]
Este trabalho tem como objetivo analisar, no âmbito do ensino, em específico do
ensino de Filosofia, o papel do professor, ou mestre, tendo como exemplo a
figura do professor explicador, ou seja, aquele professor que tem como
preocupação a reprodução dos conhecimentos ensinados, um ensino
tradicionalista. Para isso, teremos como material de estudo o primeiro capítulo
da obra O Mestre Ignorante de Jacques Rancière, intitulado Uma Aventura
Intelectual. Obra na qual o autor critica essa figura do mestre explicador. Na
obra, Rancière narra uma história vivenciada pelo professor francês Joseph
Jacotot, onde o mesmo experienciou um fato que mudou sua concepção sobre o
ensino. Joseph Jacotot, professor francês exilado na Holanda durante o governo
dos Bourbons, atuante na Universidade de Louvain, esperava dias tranquilos em
sua estadia, mas o acaso decidiu outra coisa, pois os efeitos das lições do
modesto professor despertaram o interesse de alguns alunos, porém, a maioria
deles ignorava o francês. Jacotot, por sua vez, ignorava a língua holandesa. Não
existia, portanto, língua na qual ele pudesse instruí-los naquilo que lhe
solicitavam. Mas apesar dessa limitação, Jacotot desejava responder as suas
expectativas. Com isso, era necessário estabelecer, entre eles, um laço mínimo
de uma coisa comum. Foi quando Jacotot tomou conhecimento de uma
publicação bilíngue do Telêmaco, que foi o laço que faltava para unir professor e
alunos. Por meio de um intérprete ele indicou a obra aos estudantes e lhes
solicitou que aprendessem, amparados pela tradução, o texto francês. Quando
eles haviam atingido a metade do livro primeiro, Jacotot solicitou que os
estudantes mais preparados escrevessem em francês o que pensavam a respeito
do texto. O professor estava esperando por erros, más traduções ou quase
nenhuma, má compreensão dos conceitos. Mas para a surpresa de Jacotot, os
alunos foram bem sucedidos em suas traduções, assim como em suas
compreensões fundamentais, sem ajuda alguma do professor. Rancière nos
apresenta esta situação que nos leva a pergunta: Como pôde ter sido possível tal
63
compreensão do texto, em outra língua, sem que o professor explicasse sobre
ele? Perante esta situação, seria então a presença de um professor explicador,
dispensável? Se não, qual seria o seu papel? Com isso, procuro estabelecer no
trabalho uma relação entre a aplicação rancieriana e o método socrático da
maiêutica, como possíveis formas alternativas de ensino.
Palavras-chave: Ensino de Filosofia.
FILOSOFIA E AFRICANIDADES: UMA REFLEXÃO SOBRE OS
MÉTODOS DE ENSINO DIDÁTICOS FILOSÓFICOS NO ENSINO
ÉTNICO RACIAL
OLIVEIRA, Lorena Silva. Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
[email protected]
Partindo do pressuposto que tanto o ensino de filosofia quanto o das questões
étnico-raciais, encontram uma série de dificuldades no processo de ensinoaprendizagem, este trabalho propõe investigar como a Filosofia pode contribuir
com o ensino da Lei 10.639/2003 , que torna obrigatório o ensino da Historia e
Cultura Africana e Afrobrasileira nas instituições de ensino públicas e privadas
do País, em todos os níveis. A ideia é analisar a relevância do método didático
filosófico no ensino de Africanidades. Para isso a pergunta que orientará este
estudo é: o método de ensino didático filosófico pode colaborar no processo de
sensibilização e implementação dos estudos étnico-raciais.em sala de
aula?Supomos como hipótese provisória que o método didático usado para o
ensino de filosofia proposto por Lidia Maria Rodrigo , pode contribuir também
para o ensino de Historia e Cultura Afrobrasileira e Africana. O problema, ora
proposto, surgiu da reflexão obtida a partir de leituras e atividades realizadas
acerca das relações e dos problemas étnico-raciais, no Programa Institucional de
Bolsa de Iniciação a Docência, subprojeto: Historia e Cultura Afrobrasileira e
Africana, da Universidade Federal de Uberlândia. Este programa, aguçou a
percepção para a necessidade de refletirmos sobre novas metodologias de ensino
que possam contribuir no processo de ensino-aprendizagem e implementação da
Lei 10.639/2003. Por certo, o desenvolvimento desde estudo justifica-se por
contribuir na construção de novas maneiras de aplicação da Historia e Cultura
Afrobrasileira e Africana a partir de um viés interdisciplinar e filosófico. Para
isto, este estudo terá como orientação teórica o materialismo histórico-dialético
pelo ideário filosófico-político de Antonio Gramsci , o livro Filosofia na sala de
aula de Lidia Maria Rodrigo, dentre outros autores que discutam métodos
didáticos para o ensino de filosofia.
64
Palavras-chave: Método; Filosofia; Lei 10.639/2003.
ANÁLISE FILOSÓFICA ACERCA DO PROJETO DE MODELAGEM
COMPUTACIONAL INCREMENTAL
PANTALEÃO, Nathália Cristina Alves. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília). [email protected]
O presente trabalho tem como objetivo analisar os pressupostos tradicionais da
modelagem computacional que pretende simular comportamentos inteligentes.
Tais pressupostos se caracterizam pela manipulação interna e abstrata de
símbolos a fim de atender a funcionalidades específicas. Todavia esse tipo de
modelagem parece não abarcar totalmente a complexidade envolvida nos
comportamentos inteligentes (Dreyfus, 1975, 1993; Searle, 1980, 1987; Brooks,
1990, 1991; Clark, 1997, 1999, 2003, 2008; Chemero 2007, 2009, 2012). Nesse
sentido, Brooks argumenta em favor de um paradigma de modelagem que seja
incremental, considerando a inteligência enquanto um conjunto de habilidades
desenvolvidas a partir de interações agente-mundo em um ambiente não
controlado. Assim, tendo em vista a natureza mecânica dos modelos, parece que
a própria estrutura mecânica e formal teria que ser instanciada de tal maneira
que, a partir desse tipo de substrato, emergissem habilidades a partir do meio.
Por fim, Propomos investigar se a proposta de Brooks (1990, 1991, 2003)
permitiria uma modelagem dos processos cognitivos com maior plausibilidade
biológica.
Palavras-Chave: Modelos Computacionais;
Habilidades; Manipulação Simbólica.
Arquitetura
Incremental;
O PROGRESSO NA CIÊNCIA SEGUNDO THOMAS KUHN
PATRICIO, Maria Júlia de Oliveira Cyrino. Universidade Estadual do Norte do
Paraná (UENP/Jacarézinho-PR). [email protected]
A ciência tem sido especialmente nos últimos tempos, uma atividade marcante
na vida da humanidade. O conhecimento científico tem crescido abruptamente e,
como consequência, muitas vezes o cientista passou a ser considerado um novo
guru na e para a sociedade. Neste trabalho investigaremos em que consiste a
noção de progresso científico segundo a concepção do filósofo da ciência
contemporâneo Thomas Kuhn. Para este pensador, o desenvolvimento da ciência
normal amadurecida ocorre por meio de uma revolução científica, que consiste
na transição de um paradigma para outro. Um paradigma pode ser entendido
65
como a realização científica universalmente reconhecida que, durante algum
tempo, fornece problemas e soluções modelares para uma comunidade de
praticantes de uma ciência. A troca de paradigma significa mudança radical de
concepção de mundo, de conceitos, de métodos, de metodologias que se
tornaram insatisfatórios para a explicação de certos fenômenos no mundo.
Espera-se que o novo paradigma, contraditório ao anterior, seja capaz de
resolver uma gama própria de problemas, de evitar certos erros cometidos por
outros paradigmas, de explicar fenômenos de modo mais adequado do que os
demais. A análise da concepção de progresso na ciência para o filósofo em
questão pressupõe o estudo de noções como as de ciência normal, paradigma,
quebra-cabeças e anomalias. Em especial, averiguaremos o estatuto científico da
lógica e da filosofia segundo a perspectiva de Kuhn e discutiremos o papel do
filósofo frente ao pretenso progresso da ciência, visando mostrar as virtudes e
limites da ciência e do cientista.
Palavras-chave: Progresso; Ciência; Paradigma.
A SIGNIFICAÇÃO DO OUTRO: OPERAÇÕES E CAUSALIDADE
PEDROZO, Elcio Fernando de Avila. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília). [email protected]
Neste trabalho será abordada a significação do outro a partir de pesquisas de
Jean Piaget e alguns contribuintes no âmbito da Epistemologia Genética. Esta
disciplina, a fim de compreender o processo de produção do conhecimento, tanto
no sujeito quando nas ciências, agrega contribuições de estudos da Psicologia
Genética, da Lógica e da abordagem histórico-crítica das ciências. O
conhecimento do sujeito é compreendido como sendo constituído por um
sistema de formas de ações que este é capaz de desempenhar exteriormente ou
interiormente. As ações interiores são denominadas de operações. Nesse
contexto, a significação dos objetos e das situações são dadas pelas ações e
operações que o sujeito realiza sobre os objetos e situações. Será exposta a
constituição das ações e operações, em especial relativamente a noção de
causalidade, e a significação que elas permitem atribuir ao outro.
Palavras-chave: Epistemologia; Significação; Teoria do Conhecimento; Outro.
OS MEIOS PSICOLÓGICOS DE MANIPULAÇÃO NA INDÚSTRIA
CULTURAL: O RISO E O TRÁGICO
66
PEREIRA, Júlia. Universidade
[email protected]
Estadual
Paulista
(UNESP/Franca).
A presente pesquisa procura abordar alguns aspectos da questão da indústria
cultural tal como este tema aparece na obra de Theodor Adorno. Desde o final
dos anos 1920 Adorno se preocupa com o significado dos novos meios de
produção e distribuição de produtos culturais. Durante seu período de exílio nos
Estados Unidos ele se surpreende com o nível de desenvolvimento deste
processo e procura aprofundar suas reflexões a respeito, elaborando o conceito
de indústria cultural. A indústria cultural é, para Adorno, um fenômeno
complexo, que envolve diferentes níveis, problemas e aspectos interrelacionados. Neste trabalho abordamos dois aspectos importantes, ambos
relacionados ao caráter manipulador da indústria cultural: o riso e o trágico.
Quase opostos complementares, são dois meios pelos quais se atinge e manipula
a psicologia das pessoas. No primeiro caso, o do riso, Adorno distingue duas
possibilidades opostas: o riso de reconciliação e o riso de terror. Ambas
acompanham o momento em que se supera o medo, mas elas se diferenciam pelo
sentido desta superação - na primeira, o riso manifesta o alívio da liberdade
alcançada frente a uma potência ameaçadora, enquanto que na segunda ele
exprime a submissão à potência e a negação da liberdade. A diversão fácil
fornecida pela indústria cultural funciona então como uma forma de renúncia à
felicidade, já que esta última iria além do riso. Neste aspecto evidencia-se,
portanto, o caráter ascético e enganador da indústria cultural, que seduz através
de promessas, mas nega o acesso às próprias coisas. No segundo caso, o do
trágico, temos um complemento que serve para evitar a acusação de leviandade.
As mercadorias culturais devem incluir o trágico sob pena de perderem a
capacidade de atrair e convencer seu público. Mas a maneira como o trágico é
absorvido e utilizado pela indústria cultural inverte o seu sentido antigo.
Originalmente ele tinha o sentido de uma resistência desesperada diante da
ameaça mítica. Agora, exibindo o sofrimento existente, ele passa a apresentar tal
sofrimento como natural e a convidar à aceitação das condições vigentes e à
submissão diante dos poderes estabelecidos. O riso e o trágico mostram-se,
assim, como dois elementos a partir dos quais podemos iniciar uma abordagem
da indústria cultural com vistas a entender melhor as preocupações de Adorno.
Palavras-chave: Indústria Cultural; Riso; Trágico.
O CONCEITO DE DEMOCRACIA EM ESPINOSA E O LUGAR DO
VULGO NA SOCIEDADE
67
PEREIRA, Renato de Oliveira. Universidade
(UNESP/Marília). [email protected]
Estadual
Paulista
Este trabalho visa compreender o conceito de democracia no pensamento de
Espinosa, bem como tentar vislumbrar o papel do vulgo na sociedade
preconizada pelo filósofo. A filosofia política de Espinosa é baseada em sua
metafísica que tem como pressuposto básico o monismo substancial. Por serem
modificações finitas da substância, os homens exprimem a essência de Deus e,
como esta é idêntica ao poder de Deus, eles são, consequentemente, potências de
agir. A potência de agir do homem é o conatus, um esforço de auto-preservação
que objetiva a manutenção da existência. No estado de natureza, o homem
possui o direito de cobiçar tudo aquilo que, pela razão ou pelas suas paixões,
julga lhe ser útil, tornando-se inimigo de qualquer um que tentar impedi-lo.
Neste estado, porém, os homens não podem fazer nada, posto que cada qual está
ameaçado por todos os outros. Quando os homens percebem que é mais útil
unirem suas forças e, deste forma, aumentar sua potência de agir ao invés de
viveram na solidão, eles descobrem a vida social e política, que é capaz de
estabelecer a paz e a segurança. Assim, Espinosa conclui que é o exercício
coletivo do direito natural que dá origem ao Estado, e não um contrato ou pacto
social. O regime no qual o exercício coletivo do direito natural ocorre é a
Democracia. Nela, o indivíduo não transfere seu direito natural para outrem:
transfere-se o direito natural para o todo social, do qual ele próprio é parte.
Assim, todos governam e tem o direito de fazê-lo. A democracia é útil porque é
nela que a essência do homem se realiza. Contudo, Espinosa escreve no Tratado
da Emenda do Intelecto que, para possuir uma "natureza humana superior" a
qual propiciaria o gozo de uma alegria contínua e suprema, faz-se necessário,
além de conhecer essa natureza, "formar uma tal sociedade [...] para que o maior
número[de indivíduos] chegue a isso de modo mais fácil e seguro" (Id.: §14).
Alcançar o Sumo Bem não é, pois, uma tarefa individual, daí a importância da
política para organizar a sociedade de maneira a proporcionar a realização desse
objetivo. Entretanto, se é preciso conhecimento para alcançar o Sumo Bem,
apenas os sábios seriam capazes de fazê-lo? Qual seria, então, o lugar do
vulgo/ignorante nessa sociedade? Seriam eles meros "coadjuvantes" que,
indiretamente, auxiliariam os sábios a alcançarem o Sumo Bem? Isso seria
compatível com a noção de Democracia proposta pelo filósofo?
Palavras-chave: Espinosa; Democracia; Vulgo.
68
CONTRIBUIÇÕES DO PROGRESSO CIENTÍFICO PARA A
UNIVERSALIZAÇÃO DA HUMANIDADE E O NASCIMENTO DO
MULTICULTURALISMO
PEREIRA, Sidiney Silva; SALAZAR, Nathalia Gleyce dos Santos; DE SOUSA,
Beatriz
Lorena.
Universidade
Federal
do
Maranhão
(UFMA).
[email protected]
A presente pesquisa tem o intuito de investigar como o filósofo francês Paul
Ricoeur organiza sua teoria filosófica sobre o multiculturalismo. Em História e
Verdade, Paul Ricoeur chama atenção para a importância do multiculturalismo.
No capítulo intitulado civilização universal e culturas nacionais, Ricoeur ressalta
a importância de uma civilização universal onde houvesse a superação dos
conflitos culturais em favor de um multiculturalismo social. Com o avanço da
ciência e da técnica houve também uma influência na forma do homem se
relacionar com o mundo e viver nele. O homem passou então a se perceber
inserido num contexto de universalidade, integrando assim, a civilização
universal mundial, ou seja, abandonou a concepção de particularidade e abraçou
a pluralidade o que culminou em uma nova maneira de sociabilidade. Para
Ricoeur a característica fundamental da civilização universal mundial é que esta
possui um caráter técnico. Mas, não é somente a técnica o fator preponderante
para o surgimento da civilização universal mundial. É graças ao espírito
científico que a técnica desenvolveu-se, e é por meio deste, que a humanidade se
unificou e passou a ter um caráter universal. É pelo pensamento que o
instrumental se potencializa e se transforma nas máquinas, fator fundamental
para o surgimento da modernidade, e também para a "universalidade de fato da
humanidade". A universalização culminou numa grande metamorfose social,
política, econômica e cultural, não mais num contexto nacional, e sim, num
contexto mundial. Para Paul Ricoeur essa universalização da humanidade se
constitui um bem para a mesma, pois, levou o homem a uma consciência
coletiva de mundo, viabilizando melhores condições de vida para grande parte
da humanidade e elevando o nível cultural dos homens. Por outro lado, o
fenômeno de universalização pode representar a destruição de culturas
tradicionais e fazer romper com o núcleo ético e mítico da humanidade. Surge
daí, um grande problema, como adentrar na modernização sem lançar fora o
legado cultural existente? Ricoeur ressalta a importância do multiculturalismo,
como forma de superar conflitos sócios culturais, pois "há culturas e não uma
cultura" e o que se busca é a conquista de um bem elementar. Desta maneira, a
teoria de Ricoeur tem grande importância para a reflexão sobre a pluralidade
cultural da sociedade contemporânea para que na qual sejam abolidas quaisquer
práticas de preconceito, discriminação e intolerância.
69
Palavras-chave: Progresso
Multiculturalismo.
Científico;
Universalização;
Pluralidade;
EXPERIÊNCIA E APRENDIZAGEM NO ENSINO DE FILOSOFIA
PINTO, Silmara Cristiane; SANTOS, Genivaldo De Souza; GELAMO, Rodrigo
Pelloso. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). [email protected]
Este trabalho pretende expor algumas reflexões sobre a educação
contemporânea, tendo em vista o ensino de filosofia e suas possibilidades na
escola pública. Graças ao estudo e aos debates teóricos realizados pelo GEPEF
"Grupo de Estudo e Pesquisa em Ensino de Filosofia" (Unesp-Marília), ao
subgrupo de estudos em Ensino de Filosofia e a experiência adquirida através do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID/CAPES), nos
atentamos a problematizar, filosoficamente, se há correspondência entre as
práticas pedagógicas oficiais/tradicionais de ensino e a experiência efetiva da
aprendizagem em Filosofia. Alguns autores, comprometidos com uma
concepção de educação transformadora e crítica, como Jacques Rancière e Jan
Masschelein, fizeram-se fundamental em nossas leituras e no desenvolvimento
de reflexões acerca do papel do filósofo, professor de Filosofia, e sua função
educativa. Consideramos que o comprometimento docente se configura como
condição inicial no restabelecimento de novas dinâmicas pedagógicas. Assim,
nos apoiamos numa concepção desviante dos pressupostos que se caracterizam a
partir do ideário representacional moderno, onde a figura do "mestre
explicador", se objetiva em transmitir ao aluno os conhecimentos propostos de
acordo com a crença de que ele (o mestre) domina a exata distância que os
separam (aluno e matéria/conteúdo), através do modelo explicativo.
Acreditamos que uma didática de ensino pautada em práticas puramente
representacionais, de transmissão e reprodução de conteúdos de Filosofia,
acentua uma relação apática entre o professor e o aluno que pode obstruir
possíveis aberturas ao exercício do pensamento e a aprendizagem filosófica.
Nesse contexto, nossa proposta desloca-se da imagem do "mestre explicador",
que demonstra a perda do espaço de formação emancipadora, dando lugar ao
embrutecimento. Tomamos por base, a dimensão afetiva entre o professor e o
estudante em atenção às dinâmicas de ensino que levem em conta suas
potencialidades e a experiência do pensamento filosófico, já que se faz mister
uma aprendizagem transformadora para além da mera reprodução.
Palavras-chave: Representação; Embrutecimento; Experiência; Aprendizagem
70
WITTGENSTEIN E A CRÍTICA À METAFÍSICA: O DIZÍVEL E O
INDIZÍVEL
PIOVAN, Renata. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
[email protected]
Este trabalho discursará a respeito da crítica à metafísica tradicional, realizada
por Wittgenstein em sua primeira filosofia, contida no "Tractatus LogicoPhilosophicus", baseada em uma crítica filosófica do conceito de significado,
partindo do esclarecimento do conceito fregeano de pensamento (gedanke) utilizado como base da teoria wittgensteiniana. No "Tractatus LogicoPhilosophicus", as proposições da metafísica consistem em contra-sensos e em
enunciados que não deveriam ser ditos, por extrapolarem os limites impostos
pela lógica da linguagem. A partir da consideração da estrutura ontológica
daquilo que Wittgenstein considera ser o mundo - "o mundo é a totalidade dos
fatos, não das coisas" -, ele identifica a estrutura geral da linguagem que pode
enunciar o verdadeiro e o falso. Cria com isso a noção de espaço-lógico, limite
de tudo aquilo que pode ser pensado com sentido, portanto, tudo aquilo que pode
ser dito. De acordo com essa teoria, problemas filosóficos emergem da falta de
compreensão e mau uso da linguagem. Assim, perguntas como "Como o mundo
se iniciou?" (uma questão muito pensada pelos filósofos e teólogos) são
consideradas, por Wittgenstein, como questões sem-sentido, incabíveis em
discussões filosóficas, por não pertencerem ao campo do pensamento, tampouco
do dizer, e sim, ao campo em que as coisas se mostram (fora do espaço-lógico).
Encadeando as idéias wittgensteinianas é possível notar que a teoria do
"Tractatus Logico-Philosophicus" se apresenta como uma teoria crítica em
sentido estrito. Então, se torna conexo relacionar Wittgenstein e Kant em uma
mesma esfera filosófica, pois ambos produzem filosofias críticas, que visam
impor limites à própria filosofia. Kant num viés epistemológico, determinando
as condições subjetivas da possibilidade de todo o conhecimento. Wittgenstein
pelo viés semântico, determinando as condições necessárias para a constituição
do sentido. Trata-se de duas filosofias que excluem a possibilidade de uma
metafísica aos moldes tradicionais, ou seja, de uma metafísica voltada a
conhecer o mundo transcendente. A partir da proposta de investigação da critica
à metafísica, pretendo argumentar, no final do trabalho, que a compreensão
acerca dos assuntos místicos para Wittgenstein se mostrou extremamente
relevante para entender a coerência em seu pedido de silêncio diante das
proposições metafísicas, já que ele trás para o campo do místico todo objeto que
a metafísica tradicional considerava como seu.
Palavras-chave: Wittgenstein; Metafísica; Tractatus Lógico-Philosophicus.
71
ENTRE A FIGURA E O CONCEITO: A IMAGEM DE TEMPO COMO
OPERADOR CATEGORIAL EM OCTAVIO PAZ
PRADO, Vinícius de Oliveira. Universidade de São Paulo (USP).
[email protected]
A imagem de tempo é uma noção que se coloca entre a figura, imagética, quase
material, e o conceito abstrato. O presente trabalho tem por finalidade investigar
brevemente como Octavio Paz, ensaísta e poeta mexicano do século XX, ao
pensar as vanguardas e as produções artísticas de seu tempo, bem como outras
questões tão importantes, como a política latino-americana, valeu-se de um
conceito que permuta entre estes dois polos quase antagônicos como operador
categorial e chave crítica, diante de um mundo fragmentado em signos
dispersos, cuja imagem de mundo é ausente. Trata-se de refletir sobre a
modernidade e seu esgotamento justamente a partir daquilo que se espoliou e
escamoteou nela: o tempo.
Palavras-chave: Modernidade; Vanguarda; Tempo; América Latina.
O MOVIMENTO ÉTICO DA MÚSICA
QUADROS E TONON, Hugo Leonardo de. Universidade Estadual de Maringá
(UEM). [email protected]
Buscaremos aqui fazer um pequeno paralelo entre o que acontece com o
desenvolvimento filosófico da moral e seu reflexo na música. A moral determina
o agir do homem em seu período e tem influência no modo de expressão dos
artistas em seu próprio tempo. Dividiremos três grandes períodos a reflexão
sobre a moral e a música. Como um texto com uma análise aprofundada em
diversos autores geraria um trabalho demasiado e maçante, resolvemos focar em
grandes períodos da história de nosso pensamento. A filosofia, no período
antigo, o homem é determinado por uma moral exterior, vinda da natureza; no
período medieval ele se determina por regras superiores, puramente divinas; e no
fim período moderno o homem, pela sua razão, se garante como força autônoma
no mundo, onde uma moral não precisa ser determinada por outro ser, senão por
ele mesmo. No mesmo período desses pensamentos temos refletido na música a
seguinte sequência, uma música antiga de estilo modal onde as notas naturais
dominavam; o período medieval onde a intenção das grandes composições era
de exaltação da fé pelos sons, a oração se tornou musicada, a composição era
bem regrada e os acidentes (sustenidos e bemóis) estavam presentes; já no
período moderno o rompimento da metafísica com o mundo concreto reflete no
72
tonalismo, o homem se afirma como força autônoma da natureza e Deus no
mundo. Podemos reparar um movimento dialético no próprio desenvolvimento
da música: primeiro temos a tese: as sete notas naturais; depois a contra tese: os
modos gregos são resumidos em dois modos (maior e menor), e são usados os
acidentes domados por regras rígidas para não se cair em dissonância, intervalos
de si e dó que eram usados anteriormente foram aqui recusados; e por fim a
síntese: a "união" das duas teorias, a expansão das notas usadas na música
medieval e a dissonância, intervalos de segunda, que tinham na música modal,
passam a ser integrados na música.
Palavras-chave: Música; Filosofia; Ética; Estética.
UMA POSSÍVEL ANTROPOLOGIA EM SER E TEMPO
QUINTILHANO, Guilherme Devequi. Universidade Estadual de Londrina
(UEL). [email protected]
O ser humano é um ente com determinações existenciais. O ente no caráter
existencial só é possível a partir da compreensão. O que significa que ele,
enquanto é, sempre se compreende em seu ser e assim, compreende o ser como
tal. Essa compreensão filosófica tornou-se possível graças a toda analítica
existencial desenvolvida por Heidegger. Partindo dessa analítica existencial, é
possível pensar uma unidade antropológica no filósofo alemão, mesmo ele
negando que exista tal antropologia em sua obra, a saber, Ser e Tempo. Esta
unidade antropológica se constituiria em três partes: a primeira, a partir da
fenomenologia (hermenêutica e apofântica), em que ela passa a ser uma
fenomenologia do conhecimento que permite a Heidegger uma interpretação
fenomenológica de mundo e abre as portas para uma possível antropologia, a
partir de uma definição de mundo e uma articulação de sentido para Dasein. O
segundo ponto, a saber, é a diferença ontológica, que diz sobre o como tudo é
acessível, vem ao encontro, mas ele mesmo é inacessível ao pensamento
objetificador. Todo o nosso modo de pensar e conhecer o ente passa por aquilo
que é sua condição de possibilidade. O terceiro ponto é o círculo hermenêutico,
onde se articula enquanto algo da estrutura da compreensão que é o modo de ser
do Dasein. Os pontos dois e três são os dois teoremas da finitude e que, quando
ocorre a articulação de ambos, se tornam importantes para o conhecimento
humano, pois nos apresenta dois aspectos: o modo de ser e o primeiro modo de
conhecer o ser do Dasein. Estes seriam os elementos básicos de uma possível
antropologia dentro de Ser e Tempo.
Palavras-chave: Ser e Tempo; Antropologia; Dasein; Fenomenologia.
73
ENTRE DIREITO E FILOSOFIA: NOTAS SOBRE SOBERANIA E
EXCEÇÃO NA CRÍTICA DE CARL SCHMITT AO ESTADO DE
DIREITO LIBERAL
RAMIRO, Caio Henrique Lopes. Universidade Estadual Paulista (UNESP).
[email protected]
O presente trabalho se ocupará basicamente de uma abordagem do texto
Teologia Política (Politische Theologie - 1922) de Carl Schmitt (1888-1985),
com o objetivo de investigar os argumentos schmittianos acerca dos conceitos de
soberania e exceção, bem como suas implicações para a Democracia
contemporânea e para a teoria da constituição. Para tanto, procedeu-se a uma
revisão bibliográfica de textos, bem como levou-se em consideração o método
dialético adotado pelo autor. Em primeiro lugar, foram observados alguns outros
escritos de Carl Schmitt, sendo que o texto se inicia por sua análise e crítica ao
liberalismo dos séculos XIX e XX, ou seja, observa-se sua crítica ao liberalismo
e ao sistema parlamentar consolidado na ideia de Estado de Direito pelo viés do
conceito do político. Posteriormente, a investigação aproximou-se mais do texto
de 1922, destacando que à normalidade da regra da vida democrática liberal está
a sombra do extremo, significa dizer que à forma jurídico-política não pode
apreender todos os casos que irão surgir no mundo fático e contingente do
político, quando, então, deve-se reconhecer a existência das situações limites
que exigem uma decisão. Neste ponto, foram observadas as críticas de Schmitt à
teoria do direito de Kelsen. Ainda, a pesquisa se concentra nos conceitos de
soberania e exceção e como Schmitt conecta-os ao conceito de decisão, elegendo
este último como o elemento central do jurídico. Por fim, como última parte,
analisou-se a questão do poder instituinte do direito, tendo em vista que com a
aproximação do elemento decisão dos conceitos de soberania e exceção, a
soberania pode ser entendida como um domínio limítrofe, situada entre a regra e
a exceção, ou seja, entre o ordenamento jurídico e os domínios contingentes e
não jurídicos da política.
Palavras-chave: Filosofia Política; Direito; Soberania; Exceção; Carl Schmitt.
A POÉTICA DOS MUNDOS POSSÍVEIS DE LEIBNIZ
RAMOS, Thayane Queiroz. Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
[email protected]
74
O presente estudo tem como objetivo demonstrar a aplicação do conceito de
Mundos Possíveis de Leibniz em obras literárias. Para Leibniz, isso é totalmente
possível. Esta doutrina dos mundos possíveis estimulou uma inovadora
reformulação da relação entre a arte e o mundo. O próprio Leibniz sugeriu, no
contexto de uma discussão filosófica, o uso de obras literárias como exemplos
de mundos possíveis. Segundo Leibniz, muitas histórias, que chamamos de
romances, podem ser consideradas possíveis, mesmo que as mesmas não
aconteceram de fato na ordem do universo que foi escolhida por Deus. Leibniz
defende que as ficções são mundos possíveis, mas, como tais, não pertencem à
realidade.
Palavras-chave: Leibniz; Mundos Possíveis; Poética; Arte.
A QUESTÃO DO INFINITO NA FILOSOFIA DE GIORDANO BRUNO
RODRIGUES, Victor César Fernandes. Universidade Federal Fluminense
(UFF). [email protected]
A temática investiga o infinito, conforme a concepção de Giordano Bruno. O
infinito foi objeto de estudos na Antiguidade Clássica, tanto por parte do
atomismo como do aristotelismo. No entanto, Giordano Bruno foi o primeiro
filósofo a defender sua existência em ato, na dimensão do sensível e do
suprassensível, para além do espaço e do tempo, tanto no âmbito cosmológico
quanto no antropológico, confrontando com o pensamento aristotélico, que
admitiu o infinito somente em potência. A hipótese que orienta a pesquisa é que
a doutrina nolana do infinito permanece válida, pois livra o universo das
correntes dos dogmas finitistas, espiritualistas e materialistas, abrindo caminho
para o avanço da ética, da estética, da epistemologia e demais ramos do
conhecimento, com repercussões inestimáveis na vida humano-societária.
Palavras-chave: Infinito; Renascença; Giordano Bruno.
ENSINAR FILOSOFIA OU APRENDER A FILOSOFAR: FILOSOFIA
EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS
ROSA, Sara Morais da. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
[email protected]
Uma vez que o ensino da filosofia nas instituições formais têm se pautado por
uma política de ensino que desprestigia a experiência de pensamento dos
estudantes em detrimento de uma suposta aquisição mecânica de saberes acerca
75
da filosofia, nos empenhamos nesta pesquisa em buscamos por modo de ensinar
a filosofia desvinculado das determinações e diretrizes de ensino em voga nas
escolas de base, visando oferecer àquele que aprende filosofia um espaço no
qual a experiência de pensamento filosófica pudesse efetivamente se dar. Neste
viés, a busca por um ensino onde a temporalidade, a necessidade de seguir um
currículo, ou mesmo de transmitir conteúdos seriados exigindo sua assimilação,
já não figurassem mais, tampouco limitasse ou embrutecesse, a aprendizagem
filosófica de nossos aprendizes, nos levou a procurar melhor compreender o
"ensino" da filosofia, mas agora em um espaço não formal. Para tanto foi
necessário que desenvolvêssemos um projeto, cujo título é "Ensino de filosofia
em espaços não formais", fomentado pela PROEX cuja proposta se resume em
promover um aprendizado filosófico que desloque o lugar do professor, dos
conteúdos filosóficos programáticos, dos próprios alunos enquanto aprendizes,
mas sobretudo se almeja oferecer um lugar no qual o aprender a filosofar seja o
grande objetivo. Neste contexto, após um ano de execução deste projeto
traremos a baila neste presente trabalho as reflexões e experiências de filosóficas
que emergiram desta relação com ensinar a filosofia, estando agora fora muros
das escolas, e livres das "correntes curriculares", ressaltando ainda os
acontecimentos que nos deram a pensar e problematizar o ensino de filosofia,
doravante sob novos olhares. Desse modo, este trabalho será apresentado em
quatro momentos, no primeiro momento traremos os motivos que os levaram a
criação deste projeto, num segundo momento faremos a apresentação do mesmo
elucidando também de que maneira foi executado, já no terceiro vamos discorrer
sobre os acontecimentos que nos problematizaram neste período e que nos
possibilitaram pensar filosoficamente sobre este ensino, para então finalizarmos
nosso trabalho com uma avaliação deste projeto destacando quais as
contribuições que esta relação com o ensinar trouxe para nossa atuação enquanto
filósofos- professores de filosofia.
Palavras-chave: Ensino de Filosofia; Aprender; Filosofar; Espaços Não
Formais.
O DISCURSO DE JEAN-PAUL SARTRE SOBRE O COLONIALISMO
FRANCÊS E A GUERRA DE INDEPENDÊNCIA DA ARGÉLIA (1954 –
1962)
SAMPAIO, Thiago Henrique. Universidade Estadual Paulista (UNESP)
[email protected]
O Imperialismo foi um processo histórico que durou entre a segunda metade do
século XIX e seu declínio se inicia após a Segunda Guerra Mundial. Desde
76
tempos antigos existiram Impérios, mas o termo é limitado à expansão europeia,
que tinha como objetivo a construção de impérios coloniais. Após a Segunda
Guerra, houve uma crise das potências coloniais para manterem o controle de
seus vastos domínios em territórios asiáticos e africanos. Um dos países que
mais travou guerras com suas ex-colônias foi a França e vários intelectuais se
posicionaram firmemente contrários a tais medidas. Um destes, foi Jean-Paul
Sartre conhecido pela sua filosofia existencialista e seu engajamento político
com a esquerda, desempenhou um papel de destaque nas críticas ao colonialismo
francês na Argélia. A partir de 1956, Sartre e a revista Les Temps Modernes
tomaram posicionamentos contrários à ideia de Argélia Francesa e apoiaram
fortemente o desejo de emancipação do povo argelino. Inclusive sendo um dos
intelectuais que assinou o Manifesto dos 121, tal carta tinha como objetivo
alertar a opinião pública sobre os exageros cometidos pelas tropas francesas na
colônia
africana.
O presente trabalho tem como objetivo analisar publicações de Jean-Paul Sartre
na revista Les Temps Modernes, no período de 1956 a 1962, e verificar seus
posicionamentos sobre o sistema colonial francês na Argélia e a luta de
libertação colonial ocorrida. Tendo como resultados preliminares que o sistema
colonial para ele não é algo abstrato, mas concreto, seu funcionamento pode ser
visto e analisado ao longo do tempo. E, finalmente, que o movimento de
libertação colonial da Argélia é interpretado por ele como uma experiência da
luta de classes: de um lado o campesinato, representado pelo Exército da Frente
de Libertação Nacional (FLN) contra a burguesia colonialista, representada pela
França.
Palavras-chave:
Imperialismo.
Jean-Paul
Sartre;
Colonialismo;
Descolonização;
FILOSOFIA DA MENTE, CETICISMO E EXPERIÊNCIAS DE
PENSAMENTO
SANT'ANNA, André Rosolem. Universidade Estadual de Maringá (UEM).
[email protected]
Experiências de pensamento são ferramentas comuns utilizadas pelos filósofos
em suas discussões. Algumas destas "experiências" muitas vezes ter um caráter
heurístico, auxiliando no desenvolvimento de hipóteses em um determinado
campo de investigação. Isso é possível porque experiências de pensamento nos
permitem pensar em cenários possíveis que se desdobram a partir das assunções
teóricas que fazemos. Neste trabalho, pretendo explorar a relação entre o
ceticismo e as experiências de pensamento dentro da filosofia da mente. De um
77
modo mais específico, irei tratar de uma experiência de pensamento muito
discutida na literatura recente em filosofia da mente: a hipótese do "cérebro
dentro de um barril" discutida amplamente por Hilary Putnam (Reason, Truth
and History, 1981). Dentro deste contexto, apresento uma crítica ao valor que é
dado às experiências de pensamento nas discussões em filosofia. Para construir
esta crítica, apresentarei uma breve caracterização do que W. V. O. Quine
(Epistemology Naturalized, 1969) chama de "epistemologia naturalizada".
Tentarei demonstrar, dentro desta perspectiva naturalizada da filosofia, que
possibilidades lógicas expressas por experiências de pensamento não devem ser
consideradas alheias de possibilidades nomológicas, ou, em outras palavras, de
possibilidades ditadas pelas leis naturais vigentes no mundo atual. Por fim,
apresentarei a resposta de Daniel Dennett (Consciousness Explained, 1991) à
experiência do "cérebro dentro de um barril" como um exemplo de uma resposta
que se baseia nas em possibilidades nomológicas para negar a possibilidade
lógica da hipótese cética expressa pela experiência do "cérebro dentro de um
barril".
Palavras-chave: Filosofia da Mente; Experiências de Pensamento; Ceticismo;
Naturalismo.
CONSIDERAÇÕES NIETZSCHIANAS: O ERUDITISMO E A NÃOFILOSOFIA NO BRASIL
SANTOS, Carlos Aparecido. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
[email protected]
Desde a instauração do curso de Filosofia na USP, vimos que o modus operandi
de fazer filosofia aqui no Brasil se configurou na leitura estrutural de textos
filosóficos. O que era uma característica pontual na História da Filosofia se
tornou a principal premissa da filosofia no Brasil, ou seja, Filosofia é sinônimo
de leitura e comentário de textos, em outros termos, no Brasil não se filosofa,
faz-se comentários. A partir disso, analisaremos a conjuntura filosófica brasileira
e teceremos algumas considerações sobre o eruditismo que se estabelece na base
dessa não-Filosofia no Brasil, dialogando, é claro, com Nietzsche e o que este
possa contribuir em nossa análise e considerações.
Palavras-chave: Filosofia; Eruditismo; Nietzsche.
78
AUTONOMIA, CONFIANÇA E CONTROLE - ALGUMAS REFLEXÕES
SOBRE A REGULAÇÃO ESTATAL DA EDUCAÇÃO NA UNIÃO
EUROPEIA
SANTOS, Eraldo Souza dos. Universidade de São Paulo (USP).
[email protected]
Tratar-se-á de refletir sobre a relação entre autonomia escolar e regulação das
instituições estatais no caso específico dos estabelecimentos de ensino básico da
União Europeia. Tal trabalho, de caráter teórico-prático, é a síntese de duas
pesquisas maiores, uma delas realizada na Escola da Ponte (Portugal), em 2012,
e outra em instituições belgas, enquanto fui estagiário na Universidade católica
de Louvain (UCL), já em 2013. Através do aporte teórico oferecido pelas teorias
filosóficas relativas à governança [gouvernance] democrática, buscar-se-á, tendo
como base conceitos como "participação", "confiança", "controle" e "construção
coletiva", compreender a postura ambígua da regulação estatal diante de projetos
pedagógicos inovadores. Tal ambigüidade será investigada a partir de uma dupla
perspectiva: (i) por um lado, é certo que o Estado deve conferir certa
uniformidade à educação nacional, uniformidade que garanta que em todo o
território os estudantes sejam educados de acordo com determinadas diretrizes
básicas; tal uniformidade, contudo, pode transformar-se em controle e proibição
diante de desenvolvimentos pedagógicos autônomos; (ii) por outro lado, diversas
práticas estatais na Europa, atualmente, visam a autonomia escolar, como o
estabelecimento de "contratos de autonomia" em Portugal e a relativa
independência das instituições de ensino religiosas na Bélgica mostram; essa
relativa autonomia, contudo, manifesta-se como afastamento do Estado de suas
responsabilidades e vem acompanhada de uma forte regulação através de planos
de "objetivos" e "metas", exigindo que cada escola se organize como uma
pequena empresa. Partindo de dois casos concretos - o projeto "Fazer a Ponte"
(Portugal) e "Périple en la démeure" (Bélgica francófona) - analisaremos como o
estado se porta diante de projetos pedagógicos baseados na construção coletiva
do conhecimento e que demandam, para se concretizarem, algumas permissões
especiais em relação à legislação educativa vigente. A partir dessa análise,
poderemos esboçar algumas breves reflexões acerca de alterações legais que
possibilitariam um maior diálogo entre o Estado e as instituições de ensino, tanto
na Europa, como no Brasil, transformando a regulação educativa num processo
bilateral, de confiança e de construção coletiva. Tal processo se ofereceria
mesmo como modelo para os discentes, que desde a educação básica
aprenderiam na prática o que pode significar a construção coletiva da vida
democrática.
Palavras-chave: Governança; Autonomia; Confiança; Ensino.
79
BARBÁRIE E CIVILIZAÇÃO: FREUD, ADORNO E A DIALÉTICA DO
ESCLARECIMENTO
SHIRAKAVA, Rafael da Silva. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília). [email protected]
Pretendemos nesse trabalho fazer uma análise do conceito de unheimlich
(estranho) na teoria psicanalítica freudiana e importância que este conceito tem
para Adorno na sua análise e crítica sobre o fascismo. Segundo Freud, o
estranho é a categoria do estranho e ao mesmo tempo familiar. Para Adorno, o
homem da sociedade positivista é o homem da "consciência coisificada", trata-se
de um indivíduo que não possui a capacidade de transcender os limites da
técnica do mundo administrativo. Nesse sentido, quando há uma figura que
represente a estranheza, ele age de maneira hostil e violenta, visto que, aqueles
que são "estranhos", na verdade, são indivíduos que fogem aos padrões
estabelecidos pela sociedade como as regras de limpeza, ordem e beleza, criando
imaginariamente uma ideia de que "um outro é mais feliz do que ele". Adorno
faz uma reflexão sobre a maneira como o líder fascista age e a maneira como ele
assume a figura de representação simbólica para alguns indivíduos em
determinados grupos. Adorno preocupa-se com a problemática do fascismo visto
que Auschwitz representa a regressão do homem "civilizado" à barbárie, e é
nesse sentido que ele propõe uma possível amenização do problema, que seria
um esclarecimento geral, criando-se um ambiente filosófico em que o individuo
seja capaz de refletir sobre si e sobre o mundo.
Palavras-chave: Fascismo; Psicanálise; Teoria Crítica; Adorno.
INSCRIÇÃO E CORPORIEDADE: JUDITH BUTLER E FRANZ KAFKA
SILVA, Aldones Nino Santos da. Universidade São Judas Tadeu (USJT).
[email protected]
A presente comunicação tem como foco tratar do tema das inscrições corporais
que são efetivadas nos corpos. Judith Butler (1956) faz uma aproximação entre a
história e o instrumento de tortura apresentado por Franz Kafka (1883-1924) em
seu conto A colônia Penal. A história destrói e preserva mediante o Entstehung
(evento histórico) da inscrição. Nessa metáfora a história é encarada como um
instrumento tirano de escrita, e o corpo como um meio que tem que ser
transfigurado para que possibilite o surgimento da "cultura". Assim nosso foco
será examinar como o discurso atribui significado a matéria e assim a matéria
80
que é a principio inerte, passa a ser um corpo discursivamente construído e
afirmado através da história pela distinção entre o sexo/gênero.
Palavras-chave: Judith Butler; Franz Kafka; Gênero; Corpo.
AS CATEGORIAS DO SER NA METAFÍSICA DE ARISTÓTELES
SILVA, Andre Luiz Bravin da. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa
(SEDAC). [email protected]
O termo ser pode ser tomado como um verbo ou como um Substantivo. No
primeiro caso, pode ser considerado como expressão da ligação que une um
Sujeito com um predicado ou, na sua forma intransitiva, como equivalente a
haver ou existir. O ser é entendido por muitos modos diferentes como, por
exemplo, substancia origem, essência, natureza e existência. O ser significa
existir, pois se refere ao real em tudo aquilo que o sujeito é em si mesmo, ou
seja, a essência. O ser significa também uma preposição verdadeira que como
função puramente de ligar o predicado ao sujeito. Nossa proposta nesse é de
desenvolver uma pesquisa sobre o tema "as categorias do ser na metafísica de
Aristóteles", com o objetivo de entender as categorias que o ser é classificado. É
importante saber que Aristóteles para explicar os diferentes modos de ser ele usa
as dez categorias: quantidade, qualidade, relação, tempo, posição, atividade,
passividade, lugar e ter. Essas maneiras de ser não existem em si mesma, mas
existem em precisão na substancia, pois o interesse de Aristóteles foi pela
substancia. As categorias é uma dimensão uma formula uma determinação de
modo de ser. As dez categorias identificam dez maneiras irredutíveis e mais
básica de ser. Aristóteles afirma que o ser tem muito significados e esses
significados estão inseridos nas categorias que diferencia dos modos de ser. O
ser como ato e potência se refere ao movimento existente, pois as coisas tem a
função de ser potencialidade de ato e potencia e também como verdadeiro, pois
conjuga ao mundo real de ser como ele é. A Metafísica de Aristóteles é chamada
de "filosofia primeira", pois, tem como objeto de estudo o ser como tal, pois
Aristóteles classifica o ser como princípios e causa ultima de todas as coisas.
Portanto o ser é um assunto que é entendido por muitos autores por diversos
significados, mas algo permanece igual nesses diversos significados do ser que é
a existência e a essência, mas não podemos esquecer-nos da substancia, pois ela
é o centro unificador dos significados do ser está concentrado geralmente nas
categorias dos diferentes "Modo-de-Ser".
Palavras-chave: Categorias do Ser; Modo-de-Ser; Filosofia Primeira.
81
O DIREITO DE FAZER FILOSOFIA
SILVA, Camila da Cruz. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
[email protected]
"Ensinar filosofia para aqueles que a tem por objeto de estudo é a satisfação de
todo professor de filosofia, porém, ainda para esses professores, é o purgatório
dar aulas de filosofia para aqueles que estudam matemática". Tal desabafo,
vindo de um professor de filosofia, parece até fazer sentido; é simples ensinar
qualquer coisa para alguém que queira aprender, seja aluno do curso de filosofia
que esteja interessado em matemática, ou vice-versa. Porém, do ponto de vista
de alguém que estuda filosofia e principalmente de seu ensino e como ele se dá,
é fundamental questionar tal aflição do professor, lembrando também que
matemáticos fizeram filosofia. A questão aqui não é a matemática, mas o ensino
da filosofia. Os estudantes de filosofia ao se indagar o por que escolheram cursar
a Graduação em Filosofia, podem também fazê-lo acerca de como fazer
filosofia: se comentar filosofia, fazer historia da filosofia ou, quem sabe, fazer
filosofia. Este segundo questionamento surge, pois para a grande decepção de
muitos alunos e professores, apenas se estuda história da filosofia, com raras
exceções. Podemos dizer que Platão e Aristóteles não estudaram história da
filosofia e ao que nos parece não leram clássicos da filosofia, mas fizeram sua
própria filosofia; antes ainda, os considerados grandes filósofos pensaram
arduamente em problemas relacionados a eles e sua existência e a época na qual
viviam, eles não reproduziram conhecimento, mas pensaram problemas que
eram diretamente ligados a eles e por isso, hoje são considerados grandes
filósofos, e mesmo que não sejam grandes, são filósofos. A leitura dos clássicos
nunca será indispensável e são sim fundamentais para os estudantes de filosofia.
Mas, ao entrar em um curso de filosofia os estudantes podem não querer apenas
ler os clássicos e estudar história da filosofia, mas também ter espaço para expor
seus próprios problemas, problemas da época em que vivemos e que são calados
pelo estruturalismo acadêmico e pela obrigatoriedade de estudar e ler e comentar
exaustivamente história da filosofia. Seria essa uma alternativa para que os
alunos não se formem apenas como comentadores ou historiadores, a não ser
que por escolha própria. Se talvez, os estudantes conseguissem fazer filosofia e,
a partir disso, se tornassem capazes de ensinar como se faz, seria possível tornar
essa atividade prazerosa a um matemático, como a matemática parecer ser para
ele. Entendemos que assim, a academia terá cumprido seu papel, que seria é de
mediar aqueles que parecem ter meios e conhecimento suficientes para instruir
aqueles que ainda não os possuem, mas que os anseiam.
Palavras-chave: Filosofia; História da Filosofia; Ensino de Filosofia.
82
“SÓ SEI QUE NADA SEI”
SILVA, Geremias Gimenes da. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa
(SEDAC). [email protected]
Esta expressão "Só sei que nada sei", original do grego: Ἓν οἶδα ὅτι οὐδὲν οἶδα,
é resultante da "Apologia de Sócrates" (21 d), obra que tem por autor Platão. Ali
é relatada a defesa de Sócrates no julgamento que teve por consequência sua
morte através da cicuta, um veneno letal. Uma sacerdotisa do templo de Delfos
havia dito que Sócrates era o homem mais sábio de Atenas. Diante disso,
Sócrates ficou um pouco embaraçado, pois não se considerava de forma alguma
alguém sábio. Saiu então à procura de outros homens que pudessem ser mais
sábios do que ele a fim de refutar a declaração da sacerdotisa. Mas só encontrou
homens que se diziam sábios, o que de fato não era verdade. Depois de
conversar com alguns deles, Sócrates reflete consigo e chega à conclusão que de
fato é mais sábio do que tais homens, pois estes julgavam saber alguma coisa,
quando na verdade não sabiam nada. Por outro lado, ele não sabia e nem julgava
saber, ou seja, ele era consciente quanto à própria ignorância. Sua sabedoria
estava no fato de reconhecer que nada sabia. Por isso ele era mais sábio que os
outros. Este exemplo de Sócrates tem muito a dizer ao mundo atual. Quanta
arrogância intelectual por parte de muitos que pensam saber tudo de tudo. Se
tivessem um pouco de humildade e reconhecessem a limitação do próprio
conhecimento, não se considerariam obra acabada e seriam eternos aprendizes.
Mas julgam conhecedores plenos do bem e do mal ao ponto de se fecharem em
si mesmos e não aceitarem nenhum conhecimento novo. Por outro lado há
aqueles que usam a expressão "Só sei que nada sei" para se esconderem atrás de
um conformismo ou mediocridade intelectual, é a conhecida "falsa modéstia".
Estes já estão com a "barriga cheia"; totalmente satisfeitos com o pouco de
conhecimento obtido, não precisam de mais nada. Estes indivíduos ficam
estagnados de tal maneira que parecem possuir uma espécie de anemia
intelectual. Por fim existem outras pessoas que, a exemplo do grego Sócrates,
são cientes que ignoram mais do que conhecem. Estão sempre se aperfeiçoando
e aprendendo coisas novas. Sabem que o conhecer vai além daquilo que se pode
alcançar, mas nem por isso desistem, têm sede de conhecimento. Estes últimos
são os verdadeiros filósofos, ao passo que aqueles não passam de meros
soberbos e preguiçosos, respectivamente.
Palavras-chave: Sócrates; Platão; Atenas; Delfos; Sábio; Filósofo.
83
A CERTEZA EM DESCARTES
SILVA, Guilherme Diniz da.
[email protected]
Faculdade
de
São
Bento
(FSB).
Todo o esforço filosófico de Descartes direciona-se para a determinação da
certeza do conhecimento. Tal certeza se manifesta através da impossibilidade da
discordância entre a concepção do pensamento e o julgamento emitido. É
necessário um acordo incondicional do juízo com o objeto representado que só
se efetua mediante o procedimento metódico. A certeza tem, portanto, um
caráter menos psicológico do que lógico, pois não se trata de crer na veracidade
do juízo, mas em assentir que é impossível existir outra forma de juízo senão a
que se tem atualmente de um objeto. Para explicar o modo como o intelecto
julga de acordo com a natureza do objeto, o autor aponta a existência de apenas
dois atos do espírito que levam ao conhecimento seguro das coisas: a intuição
intelectual e a dedução necessária. A intuição é a apreensão de uma natureza
pura e simples da qual são feitas as inferências necessárias que constituem a
certeza de algo. Isso significa que uma natureza simples é compreendida por si
mesma, uma vez que ela satisfaz o caráter absoluto da certeza; em contrapartida,
as conclusões deduzidas a partir de uma natureza simples são relativas, pois
obedecem ao princípio de derivação. A noção de certeza indica que o juízo
emitido conforme o procedimento metódico tem um conteúdo representativo
indubitável, pois tal inferência é autenticada pelo fundamento simples das
noções evidentes concebidas pela intuição intelectual. O encadeamento de
asserções é tão intimamente ligado pela necessidade lógica dos princípios que
não é possível o surgimento de equívocos. O conceito de certeza é plasmado a
partir da intuição de princípios evidentes que formam os raciocínios irrefutáveis
graças à relação necessária entre eles. Seguindo o exemplo da matemática, é
impossível pôr em questão os juízos que seguem o método assegurador da
certeza. A razão retamente ordenada compreende a verdade devido a uma
ciência universal que unifica todos os objetos do entendimento. Assim, a
unidade do espírito é também a unidade da ciência, pois toda investigação seja
ela física ou metafísica realiza-se a partir de um único método. Todo o
conhecimento certo tem uma única base comum onde se sustenta a verdade.
Palavras-chave: Certeza; Conhecimento; Verdade; Unidade; Razão.
ORIGENS DO CETICISMO FRANCÊS
HUMANISMO, AVERROÍSMO E FIDEÍSMO
84
DO
SÉCULO
XVI:
SILVA, Guilherme José Santini da. Faculdade de São Bento (FSB).
[email protected]
Há uma posição na História da Filosofia em relação a Descartes, que acusa ter
sido o ceticismo largamente disseminado na França de seu tempo a principal
motivação que o conduziu à descoberta do cogito. Contudo, qual terá sido a
motivação que conduziu as gerações de filósofos e intelectuais franceses
imediatamente anteriores a Descartes à adesão de uma atitude cética diante da
própria razão, atitude contra a qual se volta Descartes? O objetivo da presente
comunicação é apresentar, do ponto de vista da História da Filosofia, quais são
as origens do pensamento cético francês do século XVI tardio.
Palavras-chave: Século XVI; História; Ceticismo; Renascimento Francês.
CONCEITO DE TEMPO EM SANTO AGOSTINHO
SILVA, Jonas dos Santos. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa (SEDAC).
[email protected]
Por meio desta temática pretende-se apresentar o "Conceito de Tempo de Santo
Agostinho" em Lima Vaz. Para Santo Agostinho o tempo é agora, o presente,
não existe o passado nem o futuro. Lima Vaz fala que o tempo é conversão,
mudança de pensamento é ser um novo ser. O conceito de tempo que se tratar
não é o mesmo conceito de tempo que se tem hoje. Neste contexto o tempo é a
conversão, é dar tempo ao próprio tempo. A conversão se dá quando o indivíduo
faz uma experiência de encontrar-se consigo mesmo, ou seja, entrar no âmago
do ser, para encontrar-se com a verdade. Em outras palavras o privilegio da
verdade. Neste processo de encontro consigo mesmo o individuo assume
imediatamente um caráter sacral, o encontro com Deus pressupõe a verdade
sobre si. Conversão é a mudança de pensamento, outra forma de pensar, pode ser
chamada de (metanoia). Esta mudança é o tempo que da ao tempo, é a
descoberta de Deus pela razão. A experiência do tempo não é só um lugar da
inadequação e da dispersão. Conforme Lima Vaz o tempo é para o espírito o
lugar do erro. E o erro é essencialmente, a mutualidade, sujeito a mente
enquanto julga ser o que não é. Uma busca da verdade fora da verdade. Sem
dúvida, só se compreende o tempo quando falamos dele ou quando dele nos
falam. Então, Agostinho afirma: que não existiria um tempo passado, se nada
passasse; também não existiria o tempo futuro se nada estivesse por vim; do
mesmo modo não haveria o tempo presente se nada existisses. É possível falar
do passado e do presente se eles não existem? É verdade não se pode falar
daquilo que não existe, mas é possível dizer: "relação" em vez de expressar
85
"tempo". Desse modo a relação do passado foi boa ou má do mesmo modo a
relação do futuro poderá ser boa mais também poderá ser má. Agostinho afirma
que não existe o tempo do passado e nem o tempo do futuro, por o passado e o
futuro estarem no presente. Exemplo, quando os pais ensinam os filhos o que
aprenderam devido à relação com seus pais. Aqui o passado esta no futuro. E
este ensino é para o futuro, então o futuro esta no presente. Dizer passado e
futuro é querer dar medida ao tempo e o tempo não se pode medir. Tendo em
vista os argumentos apresentado o tempo para Santo Agostinho é, à conversão, o
presente é o agora.
Palavras-chave: Tempo; Conversão.
CONHECIMENTO MODERNO EXIGE INTERDISCIPLINARIDADE
SILVA, Jose Ronaldo. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa (SEDAC).
[email protected]
Esta discussão originou-se da pesquisa bibliográfica do livro "Conhecimento
moderno: sobre ética e intervenção do conhecimento", 1997, Pedro Demo.
Assim esta comunicação pretende discorrer sobre os problemas da forma e do
objetivo da construção do conhecimento moderno, entendendo-se por este termo
"moderno" como o período que compreende o nascimento da idade moderna até
os dias atuais. Com a leitura e o fichamento do livro citado chega-se a conclusão
de que os principais problemas do conhecimento moderno são: a fragmentação
das ciências e mesmo da filosofia diante da complexidade da realidade, a busca
irrefletida por inovação tecnológica para saciar o consumismo, e a verdade como
exclusividade do utilitarismo do mercado. Estas tendências afastam o
conhecimento produzido nas universidades dos problemas sociais, servindo
sobremaneira ao interesse capitalista, ou seja, não produzem transformações
sociais apesar de ter técnica para tal, pois as pesquisas, financiadas tanto pelo
poder público quanto pelas grandes empresas, estão voltadas restritamente para
o interesse mercadológico. Conclui-se também que não é possível voltar atrás,
este processo de especificação do conhecimento, de inovação como elemento
propulsor do conhecimento, e do monopólio da verdade pelo mercado, não se
extinguirão enquanto a realidade for complexa e também enquanto preponderar
na sociedade o sistema capitalista neoliberal que, aliás, torna-se cada vez mais
hegemônico, contudo é possível tornar o conhecimento moderno mais humano e
ainda inovador utilizando os critérios da intervenção ética e da
interdisciplinaridade, ou seja, produção e pesquisa acadêmica interdisciplinar
fundamentando as tomadas de decisões governamentais. Além de tudo isso,
86
pode-se ampliar o uso da interdisciplinaridade para outras grandes áreas do
conhecimento como, por exemplo, o diálogo entre as religiões.
Palavras-chave: Interdisciplinaridade; Conhecimento Moderno; Ética.
A TRANSVALORAÇÃO DA MODERNIDADE EM NIETZSCHE
SILVA, Nilza Oliveira. Studium Eclesiástico Dom Aquino Correa (SEDAC).
[email protected]
A filosofia sempre foi importante para a humanidade e a acompanhou de perto
na atualização de seus conceitos e valores. Na obra do filósofo Nietzsche, a
transvaloração de todos os valores pode-se tecer alguns questionamentos.
Nietzsche nos alerta para analisar a oposição das consequências das morais do
senhor e do escravo. O filósofo segue o viés da contramão dos valores cristãos
para a transvaloração dos valores morais. Nietzsche, quer propor a
transvaloração dos valores. É preciso refleti-los novamente todos eles e
Inclusive quem nós vamos escolher como político-representante. Na oncepção
de Nietzsche, a moral precisa passar por uma desconstrução. E o que a temos na
modernidade é uma imposição arcaica das instituições que elencaram e
padronizaram uma moral dominante. Por isso, é relevante fazer uma busca
histórica para encontrar como que os princípios morais perpetuaram nas
motivações dos indivíduos. Isso faz o homem inverter os valores e traçar novos
caminhos para a formação do novo tipo de homem.
Palavras-chave: Transvaloração.
A GERAÇÃO DO MUNDO EM LINGUAGEM MATEMÁTICA
SILVA, Pedro Henrique Ciucci da. [email protected]
O presente trabalho tem como objetivo central demonstrar como Platão, numa
linguagem matemática, organiza o mundo através de seu Organizador: O
Demiurgo. Este diálogo é, sem nenhuma sombra de dúvida, uma obra de cunho
astronômico e de extrema importância para futuros astrônomos, entre eles
Johannes Kepler, o qual utilizará os modelos geométricos para desenvolver a
suas leis e afirmar o modelo heliocêntrico. Sendo assim, o Timeu não só fica
marcado na História como um livro de geração platônica do mundo, mas como
um manual de geração astronômica.
Palavras-chave: Platão; Demiurgo; Organização; Geração; Gerador.
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O PROBLEMA DA ESCRITA E A INDICAÇÃO NO ENSINO DA
FILOSOFIA
SOUZA, Pedro Bravo de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
[email protected]
A presente comunicação tem como objetivo estudar o problema da escrita na
Filosofia e a função da indicação em seu ensino. A partir de algumas
considerações de Platão no texto da Carta VII, problematizaremos, de maneira
negativa, a escrita como expressão maior do filosofar. Assim, resgatando uma
contribuição do filósofo grego, a saber, de que a prática de quem almeja a
filosofia tem mais a ver com uma certa relação, vivência, coabitação com um
problema filosófico, procuraremos pensar como isso é possível no âmbito do
ensino da Filosofia. Para tanto, analisaremos como a indicação tem a contribuir
para com tal relação a perspectivando em duas dimensões distintas: 1) como
alternativa entre um ensino baseado somente na transmissão abstrata de
conhecimentos pelo professor (Rancière e Freire), e uma prática na qual ele tem
seu papel demasiado diminuído (Lipman); e 2) como possibilitante de uma
experiência de choque (Benjamin). Caracterizada dessa maneira, a indicação
parece fornecer muitas contribuições para que a prática da filosofia aconteça em
sua relação com o ensino.
Palavras-chave: Ensino de Filosofia; Experiência; Escrita.
TRANSHUMANISMO E EXPERIÊNCIA HUMANA: UMA REFLEXÃO
FILOSÓFICA NA PERSPECTIVA DOS SISTEMAS COMPLEXOS
SOUZA, Renata Silva; BELTRÃO, Talita. Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília). [email protected]
A ideia central deste trabalho é utilizar as hipóteses dos sistemas complexos para
analisar de forma crítica os possíveis impactos dos ideais transhumanistas,
movimento que surgiu há mais ou menos duas décadas. O transhumanismo é
caracterizado por Bostrom (2005), um dos principais defensores do
aprimoramento radical das capacidades humanas, como “movimento cultural e
intelectual que afirma a possibilidade e o desejo do completo aprimoramento da
condição humana através da razão aplicada, especialmente por desenvolver e
tornar amplamente disponível tecnologias para eliminar o envelhecimento e
para aprimorar substancialmente as capacidades intelectuais, físicas, e
psicológicas” (Tradução nossa). Entendemos que algumas questões trazidas
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pelo transhumanismo poderiam, de certo modo, alterar a forma perceptual dos
agentes, alterando consequentemente sua maneira de agir e experienciar o
mundo. Tais consequências, por seu turno, serão analisadas à luz da Teoria dos
sistemas complexos que caracteriza a experiência como algo que se constitui por
meio da dinâmica que o organismo estabelece com o ambiente. Tratando ainda
da experiência, discutiremos a concepção de Dewey, que considera que “(...) as
mudanças produzidas no meio ambiente reagem sobre o organismo e sobre suas
atividades, de sorte que o ser vivente experimenta e sofre as consequências do
seu próprio comportamento. Esta conexão íntima entre agir e sofrer ou arrostar
constitui aquilo que denominamos experiência” (DEWEY, 1959, p.104). A
partir desta noção de experiência, analisaremos as seguintes questões: 1) Quais
são as possíveis implicações da efetivação de ideias transhumanistas para a
espécie humana, assim como para os demais organismos e seus respectivos
meios. 2) Quais são as possíveis consequências de se isolar em seu próprio
nicho? Argumentaremos que a abordagem transhumanista sugere uma cisão
entre a experiência compartilhada de um sistema que forma e envolve o
indivíduo, priorizando o foco super-especializado em partes de habilidades
humanas a serem, individualmente , aprimoradas. Finalmente, argumentaremos
que as possíveis consequências da efetivação dos ideias transhumanos, de
acordo com a perspectiva dos sistemas complexos, estariam relacionadas, por
exemplo, a mudanças do próprio sistema do organismo humano, emergência e
geração de novos padrões de funcionamento corporal/comportamental, impacto
social e ecológico em vista de novas práticas/regras de agir-ser no mundo.
Palavras-chave: Transhumanismo, Experiência.
CONTRIBUIÇÕES EDUCACIONAIS PIBID 2 (FILOSOFIA - UEL)
TANUS, Heitor Godinho; REZINO, Larissa Farias. Universidade Estadual de
Londrina (UEL). [email protected]
A presente comunicação tem como objetivo central, apresentar as contribuições
pedagógicas encontradas pelo nosso grupo, o PIBID 2 ( filosofia - Universidade
Estadual de Londrina). Em nossa apresentação serão abordadas as leituras feitas
antes da pesquisa, à pesquisa propriamente dita, assim como as conclusões em
grupo chegadas. Nosso PIBID 2, realizou em 2011 uma pesquisa quantiqualitativa que procurava auferir dados os quais indicassem a visão que os
alunos de ensino-médio possuem da filosofia e a opinião dos mesmos em relação
a didática do professor. Esta pesquisa obviamente foi realizada em um número
reduzido de pessoas, centrada em dois colégios da cidade de Londrina - PR, a
saber, Maria do Rosário Castaldi e Benedita Rosa Rezende, sendo este o colégio
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o qual participei da aplicação e posterior quantificação e tabulação dos dados.
Mostraremos, por meio de slides, todo o processo de quantificação e tabulação
de dados elaborados pelo grupo, assim como nossas conclusões que, como será
apresentado têm como objetivo final a produção de um material didático.
Palavras-chave: PIBID 2; Contribuições; Objetivos.
DESCONSTRUÇÃO DOS SENTIDOS
TEGA, Natália Marquezini. Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
[email protected]
Esse trabalho tem como objetivo contribuir para um estudo sobre a obra A
náusea de Jean-Paul Sartre, que consiste em um romance que trabalha com
conceitos filosóficos do autor, presentes em sua filosofia existencialista a qual é
vivenciada intensamente pelo personagem Antoine Roquentin. No
encadeamento interno do romance, Roquentin vive um processo de
conscientização que, partindo das sensações, causa mudanças em seu ser e na
sua percepção do mundo, isto é, Roquentin percebe que ele e o mundo que o
rodeia existem como presença pura, e isso muda todo sentido de sua vida.
Roquentin percebe que tem um corpo, uma mão que toca e sente outras
existências. A partir desse momento acontece uma revolução em seu corpo, em
seu modo de olhar para as coisas, que se apresentam diante dele
individualizadas; o mundo em si torna-se diferente frente a este novo olhar. Tal
percepção produz nele um sentimento de náusea que gera um afastamento de seu
cotidiano. A consciência do existir enquanto organismo que funciona, possibilita
sentir seu corpo vivo, perceber-se como um ser que pensa e existe, e que se sente
responsável pela sua existência; ou seja, a náusea permite indagar-se, sobretudo,
sobre sua existência até aquele momento, sobre o tempo vivido entre passado e
presente, e, por fim, se viveu de fato suas histórias ou as imaginou transformadas
apenas em uma narração ficcional. A pesquisa pretende contemplar, de um lado,
a atividade de percepção que o personagem Antoine Roquentin faz de seu
próprio ser e do mundo, na qual, por meio de um sentimento de náusea, afasta-se
de seu cotidiano e percebe-se enquanto existente; de outro lado, examinar o
conceito de "corpo vivo", buscando ver como Sartre articula pensamento e
existência na obra, possibilitando à personagem sentir-se responsável por sua
vida e sua história e, assim, estudar o processo de conscientização por meio do
qual Roquentin articula sua existência e a existência do mundo, do qual decorre
a apreensão do mundo como contingência. O estudo examina, nesse processo de
conscientização, a relação entre literatura e filosofia na obra, já que Roquentin
esta diante de dois mundos, o mundo idealizado do romance no qual tenta salvar
90
o sentido, e o mundo real, isto é, o mundo da contingência no qual se realiza a
desconstrução dos sentidos.
Palavras-chave: Filosofia e literatura; Existencialismo.
A INTENCIONALIDADE: RESPOSTA DE SEARLE À DENNETT
UZAI JUNIOR, Paulo; COELHO, Jonas Gonçalves. Universidade Estadual
Paulista (UNESP/Bauru). [email protected]
Pretendemos apresentar a resposta de John Searle frente às criticas que Daniel
Dennett ofereceu aos seus principais escopos teóricos, como em relação ao
caráter subjetivo e de primeira pessoa da consciência humana, bem como as
dificuldades resultantes que esse tipo de abordagem traz a uma investigação
científica objetiva. Veremos que a réplica de Searle vai à direção da
possibilidade de um conhecimento objetivo da subjetividade. Também poderá
ser observado como a resposta do filósofo tenta esclarecer alguns pontos de sua
teoria da consciência, articulando a intencionalidade com a subjetividade
humana. Desta forma, também apresentaremos os principais pontos de sua teoria
da intencionalidade, entendendo a estreita relação que há entre ela e a
subjetividade humana, criticada por Dennett.
Palavras-chave: John Searle; Daniel Dennett; Consciência; Intencionalidade.
ACONTECIMENTO DA MORTE, CUIDADO DE SI E EDUCAÇÃO
VIANA, Patrick. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
[email protected]
Esse trabalho é uma parte de uma pesquisa financiada pelo PIBIC/CNPq,
intitulada "Ética, acontecimento e pragmática de si: desafios da arte de viver à
educação", onde buscamos compreender o papel do acontecimento da morte do
outro como móvel do ato de pensar, discutir suas possibilidades de implicar uma
atitude ética do ato de pensar e refletir sobre o seu sentido para criar novos
processos de subjetivação e compreender uma pragmática de si no ensino. Em
vista disso, procuramos analisar teoricamente os temas da "experiência" e do
"acontecimento da morte" em Montaigne e suas relações com as noções de
"cuidado de si", "acontecimento" e "exercícios espirituais" em Foucault, e de
"testemunho" em Agamben. Essas análises nos levaram a concluir que quando a
morte do outro se torna um acontecimento, ela nos faz pensar sobre nós mesmos,
sobre nossa morte, mas também sobre nossa vida, e pode suscitar a assunção de
91
uma atitude ética de cuidado de si, o que dependerá da coragem de cada um. E
isso pode ter lugar no ensino através do testemunho, pois, além de a morte ser
inerente à vida e afetar aqueles que frequentam ambientes educacionais, uma vez
que quem já morreu não pode mais falar, se sua morte virou acontecimento, a
distância entre aquele que o "presenciou" tem legitimidade para prestar
testemunho diante daqueles que somente sobrevivem.
Palavras-chave: Acontecimento da Morte; Cuidado de Si; Educação.
STRAWSON E GRICE VERSUS QUINE: DEFENDENDO A NOÇÃO DE
ANALITICIDADE
VIDEIRA. Leonardo Gomes de Soutello. Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP). [email protected]
W. V. Quine em seu bombástico artigo Two Dogmas of Empiricism (1951) lança
um ataque à noção de analiticidade e ao reducionismo de significado. O objetivo
de Quine ao fazer isto é desclassificar as teorias científicas existentes, em
especial o projeto lógico-positivista, para poder afirmar que o seu modelo de
teoria científica é o que se aplica melhor à realidade e é o mais digno de ser
aplicado. A noção de analiticidade é extremamente cara ao projeto de teoria
científica de Carnap e seus companheiros positivistas lógicos, bem como, a
qualquer um que confiava nesta noção para construir qualquer tipo de teoria do
conhecimento por meio de sentenças verdadeiras em função de seus
significados. Quine mostra-nos que esta é uma noção obscura e que sempre que
tentamos dar algum tipo de justificação acerca de sua existência ou alguma
explicação sobre o que ela é, acabamos caindo em argumentos circulares, pois
todas as explicações já pressupõe a própria noção. Portanto, afirma-se em two
dogmas, a noção de analiticidade não é suficientemente inteligível para que se
trace uma fronteira entre enunciados analíticos e sintéticos, de modo que se
possa usar ela de maneira basilar em uma sólida teoria do conhecimento; afirmase também, que o fato de "que haja tal distinção [entre enunciados sintéticos e
analíticos] que deva ser delimitada é um dogma não empírico dos empiristas, um
artigo metafísico de fé", ou seja, neste artigo, o filósofo está argumentando em
favor de que esta distinção não deva existir. Contudo, em 1956, H. P. Grice e P.
Strawson, dois outros grandes nomes da tradição analítica, descontentes com as
conclusões alcançadas por Quine em two dogmas, pulicaram o artigo in defence
of a dogma, onde eles defendem a noção de analiticidade das críticas quineanas.
Neste artigo, eles admitem que, embora, a noção seja obscura e que é necessário
que se façam estudos mais completos e que sejam apresentadas justificações
mais sólidas acerca da analiticidade, isso não é motivo suficiente para abandoná92
la, ou para dizer que ela não existe, ou para dizer que é melhor construirmos
uma teoria da ciência sem ela. Nosso objetivo, na apresentação deste trabalho, é
explicar rapidamente algumas das críticas que são endereçadas à noção de
analiticidade e, em seguida, mostrar como Grice e Strawson defendem a noção
destas críticas; mostrando que a analiticidade é obscura, mas minimamente
inteligível e importante para qualquer teoria da ciência, até mesmo para a
proposta por Quine.
Palavras-chave: Analiticidade; Dogma; Empirismo; Linguagem; Ciência.
RITUAIS DE POSSESSÃO COMO PROCESSO CATÁRTICO: O CASO
HAOUKA
ZEDRON, Camila Mauricio. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
[email protected]
Este trabalho busca relacionar o desenvolvimento de certos eventos ritualísticos
de magia e possessão a processos catárticos coletivos. Utilizando como principal
referência o ritual Haouka (descrito no filme "Os Mestres Loucos", de Jean
Rouch), praticado entre os trabalhadores de Accra, Nigéria, durante o período
colonial. Tendo como ponto de partida a opressão, no caso a colonização inglesa
na Nigéria, sofrida por um grupo social, que leva ao desenvolvimento de
patologias de origem psíquica e chegando por fim à sua cura através da catarse
coletiva. O presente trabalho irá reunir elementos da psicanálise para
compreender esse fenômeno, associando-o também à outros rituais de magia,
não tão evidentemente catárticos quanto o Haouka, fazendo uma análise de
estudos etnográficos de magia sob à luz de Freud, utilizando também alguns
elementos lacanianos.
Palavras-chave: Catarse; Freud; Lacan; Haouka; Magia; Possessão.
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Anais VIII Encontro de Pesquisa na Graduação em Filosofia da