Universidade do Estado do Pará Centro de Ciências Naturais e Tecnologia Curso de Graduação em Engenharia de Produção Denyse Roberta Corrêa Castro Vinícius Ferreira de Souza O Lean Manufacturing em um ambiente de caráter Engineer To Order: uma aplicação prática do método PDCA Castanhal 2014 1 Denyse Roberta Corrêa Castro Vinícius Ferreira de Souza O Lean Manufacturing em um ambiente de caráter Engineer To Order: uma aplicação prática do método PDCA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção de título de Bacharel em Engenharia de Produção, Universidade do Estado do Pará. Orientador: Prof. Dr. Hélio Raymundo Ferreira Filho. Castanhal 2014 2 Denyse Roberta Corrêa Castro Vinícius Ferreira de Souza O Lean Manufacturing em um ambiente de caráter Engineer To Order: uma aplicação prática do método PDCA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção de título de Bacharel em Engenharia de Produção, Universidade do Estado do Pará. Data de aprovação: 11/12/2014 Banca Examinadora: ________________________________ - Orientador Profº DSc. Hélio Raymundo Ferreira Filho Université Pierre.Mendès-France ________________________________ - Avaliador (a) Profº DSc. José Alberto Silva de Sá Universidade do Estado do Pará ________________________________ - Avaliador (a) Profº MSc. Aline de Oliveira Ferreira Universidade do Estado do Pará 3 A Deus, nossos pais e parentes, aos professores e amigos de toda uma vida. 4 AGRADECIMENTOS A Deus por ter me proporcionado saúde e força para conquistar mais essa vitória em minha vida. Aos meus pais, Roberto Aldir e Djalmira Castro, os quais amo muito, pelo exemplo de vida, apoio, confiança e amor a mim concedidos. A vocês expresso o meu maior agradecimento. Aos meus irmãos Denys Castro, Makson Rodrigo e Vida Maria, pelo carinho, companheirismo e por serem responsáveis por tantas alegrias em minha vida. A todos os professores e em especial ao meu orientador, Prof. Dr. Hélio Ferreira por nos ajudar com seus ensinamentos, compreensão e profissionalismo nesses meses. E ao Prof. Silvio Pires por sua significativa contribuição na elaboração deste trabalho. A direção da empresa Oyamota do Brasil S/A que permitiu a realização do referido trabalho e colocou à disposição todas as informações que fossem necessárias na coleta de dados para o desenvolvimento do estudo de caso. Ao meu parceiro de TCC e melhor amigo, Vinícius Souza, pela amizade, companheirismo, paciência e motivação durante todos esses anos, e pela valiosa colaboração para execução deste trabalho. Aos meus amigos, Mayra Ramos, Ana Paula Moraes, Amanda Fernandes, Tharcia Monteiro, Danilo Costa e Paulo Marcelo, pela amizade verdadeira de todos esses anos, por estarem ao meu lado sempre que precisei, e por me proporcionarem dias maravilhosos ao lado de todos vocês. A todos os que contribuíram significativamente para realização desta grande conquista. Denyse Castro 5 AGRADECIMENTOS Agradeço ao Engenheiro do universo, pela onipotência, onipresença e onisciência em minha vida. Agradeço à minha amada mãe Vilma, a meu inestimado pai Gabriel e a meus incríveis irmãos Adriano e Manuela Souza. Vocês são tudo para mim, cheguei até aqui por e para vocês. Aos meus avôs e avós, meus primos e primas, tios e tias, padrinhos e madrinha, em especial a Tertinha e Teoda, pelos ensinamentos passados sem às vezes mencionar uma única palavra; Higo Rafael, Hugo Daniel, Natalie Chaves e Leandro Cayuela, por partilharem das dúvidas e das descobertas; Diva, Ademir e Dilma Ferreira, por serem como uma segunda casa para mim. Muito obrigado por estarem comigo nesta caminhada. Parte disso tudo é de vocês. Agradeço à minha amiga incondicional e parceira neste e em outros trabalhos da vida, Denyse Roberta. As impotentes palavras são pouco para descrever a sua grandeza minha querida, muito obrigado. A uma pessoa muito especial neste momento em minha vida, e que juntos seguimos caminhando, Jordana Dias. A todos os meus amigos de caminhada, em particular à Mayra Oliveira, Danilo Costa, Paulo Marcelo. Obrigado e todos vocês meus irmãos. Ao meu orientador Prof. Dr. Hélio Ferreira, pelo apoio no pouco tempo que lhe era disponível, pelas correções e incentivos. Ao Prof. Sílvio Pires, por sua contribuição na escolha das diretrizes neste trabalho. A esta universidade e a todos que dela fazem e fizeram parte, muito obrigado pela oportunidade de convívio a mim confiado. À Oyamota do Brasil S/A, pelos conhecimentos adquiridos nesta e pelas oportunidades de conhecer as incríveis pessoas que fazem parte do que sou, representadas no nome de Fabrício Miranda e à família Kataoka. Vinícius Souza 6 RESUMO CASTRO, Denyse Roberta Corrêa; SOUZA, Vinícius Ferreira de. O Lean Manufacturing em um ambiente de caráter Engineer to Order: uma aplicação prática do método PDCA, 2014. 95f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia de Produção) - Universidade do Estado do Pará, Castanhal, 2014. Com o apogeu da era técnico-científico-informacional, as empresas encontram-se regidas por um ambiente mercadológico altamente competitivo, onde quaisquer diferenciais neste quesito podem significar a construção de um sólido caminho para sobrevivência da organização neste cenário globalizado e acirrado. Por conseguinte, métodos, técnicas e ferramentas administrativas cada vez mais eficientes são necessários, bem como a apresentação de resultados em tempo hábil e programado, com o emprego da doutrina que há tempos rega este contexto de redução de custos, melhores níveis de produtividade, qualidade e eliminação de desperdícios. Com base no que fora acima explanado e no que há anos vem sido vivenciado, difundido e adaptado, conforme o modelo japonês de produção enxuta, a não só ferramenta ou técnica, mas a filosofia Lean Manufacturing apresenta de forma coerente e incontestável as procedências necessárias para que tais objetivos sejam alcançados. Contudo, nos casos em que a tipologia dos processos de engenharia funciona por encomenda (Engineer to Order - ETO), a utilização de ferramentas lean pode ser um tanto quanto trabalhosa, se não muita das vezes inviável se comparado aos sistemas de produção seriada, onde a padronização dos métodos administrativos e produtivos é mais evidente e as flutuações de demanda são menos manifestadas. Portanto, este trabalho tem por finalidade a adequação de ferramentas de cunho lean, para que se tornem viáveis e aplicáveis de modo satisfatório e eficiente, e explorar seus efeitos no processo produtivo da empresa em questão. Aborda inclusive, não somente estas adaptações, mas também analisa os atuais processos na empresa objeto do estudo, propõe e prevê os possíveis ganhos e melhorias nos processos ao ser aplicado ao método PDCA em adjacência as técnicas de produção enxuta também salientadas e formadoras de base de pensamentos enxutos. Um estudo de caso em uma metalúrgica, com sistemas de engenharia por encomenda fora realizado para as prospecções e análises em questão. Palavras-chave: Lean Manufacturing. Engineer to Order. PDCA 7 ABSTRACT CASTRO, Denyse Roberta Corrêa; SOUZA, Vinícius Ferreira de. O Lean Manufacturing em um ambiente de caráter Engineer to Order: uma aplicação prática do método PDCA, 2014. 95f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia de Produção) - Universidade do Estado do Pará, Castanhal, 2014. With the apogee of the technical-scientific-information age, companies are governed by a highly competitive market environment, where any differences in this regard may mean building a solid way to survival of the organization in this globalized scenario and fierce. Consequently, methods, techniques and more efficient management tools are necessary, and the presentation of results in a timely and programmed time, with the use of the doctrine that has long fits this cost reduction context, better levels of productivity, quality and waste disposal. Based on what was explained above and which for years has been experienced, widespread and adapted as the Japanese model of lean production, not only tool or technique, but the philosophy Lean Manufacturing has consistently and irrefutably necessary origins to these objectives to be attained. However, in cases where the types of process engineering works on demand (Engineer to Order - ETO), the use of lean tools can be somewhat difficult, if not impossible if a lot of time compared to the mass production systems, where the standardization of administrative and production methods is more evident and demand fluctuations are less expressed. So, this work has the purpose of adequacy of lean nature tools, to make them viable and applicable satisfactorily and efficiently, and explore its effects in the production process of the company in question. Addresses yet, not only these adaptations, but also analyzes the current processes in the study subject company, proposes and provides the potential gains and process improvements to be applied to the PDCA method in the adjacency lean production techniques also highlighted and forming base lean thinking. A case study in a metallurgical industry, with engineering systems on demand held out for projections and analysis in question. Key-Word: Lean Manufacturing. Engineer to Order. PDCA 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Tipologias de produção. ..........................................................................18 Figura 2 – Etapas do processo produtivo ETO. ........................................................19 Figura 3 – Superposição de atividades na produção ETO. ......................................21 Figura 4 – Sistema Toyota de Produção. .................................................................23 Figura 5 – Linha do tempo. .......................................................................................24 Figura 6 – Resultados do Lean Manufacturing. ........................................................25 Figura 7 – Princípios do pensamento Lean. .............................................................26 Figura 8 – As 7 perdas do processo produtivo. ........................................................28 Figura 9 – Perda por superprodução. .......................................................................29 Figura 10 – Perda por transporte..............................................................................30 Figura 11 – Perda por estoque. ................................................................................31 Figura 12 – Benefícios da redução dos desperdícios. ..............................................32 Figura 13 – JIT e seus sistemas, métodos e programas. .........................................33 Figura 14 – Diferentes visões de utilização de capacidade nas abordagens (a) tradicional e (b) JIT.................................................................................34 Figura 15 – Processo de autonomação. ...................................................................35 Figura 16 – A automação e o sistema Lean Manufacturing......................................36 Figura 17 – Exemplo de relação de operações quanto ao fluxo de valor. ................38 Figura 18 – Demonstração de takt time. ...................................................................38 Figura 19 – Poka-Yoke: Funções e métodos............................................................40 Figura 20 – Tipos de Kanban. ..................................................................................42 Figura 21 – Os pilares do TPM. ................................................................................45 Figura 22 – O programa 5 S e as ações do sistema lean. ........................................49 Figura 23 – Pontos fortes e riscos do kaizen. ...........................................................50 Figura 24 – Método PDCA de Gerenciamento de Processos...................................52 Figura 25 - Vista aérea das instalações da Oyamota do Brasil S/A. ........................58 Figura 26 – Máquina de corte. ..................................................................................60 Figura 27 – Máquina de furação ...............................................................................61 Figura 28 – Peddinghaus..........................................................................................61 Figura 29 – Aplicação de 5S no almoxarifado. .........................................................62 Figura 30 – Diagrama de causa e efeito. ..................................................................65 Gráfico 1 – Setup Convencional versus TRF. ..........................................................67 9 Figura 31 – Desorganização de materiais. ...............................................................71 Figura 32 – Senso de organização aplicado no almoxarifado. .................................71 Figura 33 – Demarcação de área de circulação. ......................................................72 Figura 34 – Varrição executada pelo colaborador. ...................................................72 Figura 35 – Coleta seletiva. ......................................................................................73 Figura 36 – Sinalização de materiais perigosos. ......................................................74 Figura 37 – Sinalizações. .........................................................................................74 Figura 38 – Controle de manutenção preventiva. .....................................................80 Figura 39 – Cartão kanban. ......................................................................................85 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Funções e Regras do Kanban.................................................................43 Tabela 2 – Folha de verificação das etapas para corte e furação.............................66 Tabela 3 – Folha de verificação das etapas da Peddinghaus. ..................................66 11 LISTA DE ABREVIATURAS ATO Assemble to Order DST Doenças Sexualmente Transmissíveis EPC Equipamentos de Proteção Coletiva EPI Equipamentos de Proteção Individual ETO Engineer to Order JIT Just-in-Time LED Lighting Emitting Diode MFV Mapeamento de Fluxo de Valor MIT Massachusetts Institute of Technology MPT Manutenção Produtiva Total MRP Material Requirement Planning MTO Make to Order MTS Make to Stock PDCA Plan, Do, Check, Act SMED Single-Minute Exchange of Die TPM Total Productive Maintenance TRF Troca Rápida de Ferramentas VSM Value Stream Map 12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 14 1.1 Tema e problema 15 1.2 Objetivos 17 1.2.1 Objetivo Geral 17 1.2.2 Objetivos Específicos 17 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 18 2.1 Estratégias fundamentais de produção 18 2.2 Características dos ambientes ETO 20 2.3 Lean Manufacturing 22 2.4 Os cinco princípios do Lean Manufacturing 25 2.5 Os sete desperdícios 28 2.6 Métodos e ferramentas lean 32 2.6.1 Just in time 32 2.6.2 Jidoka 35 2.6.3 Value Stream Map (VSM) 37 2.6.4 Takt time 38 2.6.5 Poka-Yoke 39 2.6.6 Kanban 41 2.6.7 Troca Rápida de Ferramentas (TRF) 43 2.6.8 Total Productive Maintenance (TPM) 44 2.6.9 Padronização 46 2.6.10 5S 47 2.6.11 Kaizen 49 2.7 Definição do método 51 2.7.1 Ciclo PDCA 51 2.7.2 Ferramentas da qualidade e o ciclo PDCA 53 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 56 3.1 Tipo e delineamento da pesquisa 56 3.2 Execução da pesquisa 56 3.3 Procedimentos de coletas de dados 57 4 ESTUDO DE CASO 58 4.1 Caracterização da empresa 58 4.2 Aplicação do PDCA como técnica de gerenciamento de ferramentas lean 59 4.2.1 TRF 59 13 4.2.2 5S 69 4.2.3 TPM 77 4.2.4 Kanban 83 5 CONCLUSÃO 88 6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 90 REFERÊNCIAS 91 14 1 INTRODUÇÃO A fim de atingir seus objetivos, a implantação da metodologia de produção enxuta deve ser feita através da criação de fluxos contínuos e sistemas puxados, que são baseados na demanda real dos clientes, na análise do fluxo de valor das empresas e também na sua cadeia de suprimentos, além de propostas de melhorias aos fluxos analisados com foco em promover reais soluções aos clientes (LEAN INSTITUTE, 2014). A partir dos benefícios que a aplicação das ferramentas de produção enxuta traz para o processo produtivo, pretende-se identificar e estudar quais seriam as principais ferramentas que poderiam ser utilizadas em empresas caracterizadas como ETO. Assim, a pesquisa se justifica pelo fato de que, em ambientes com essa característica, ocorrem algumas limitações e dificuldades para a implementação de ferramentas Lean Manufacturing, e com possibilidade de bons resultados, será possível revelar que a filosofia lean pode ser adaptada à vários tipos de empresas na busca pela redução de desperdícios no processo produtivo através da aplicação de métodos condizentes, dentre eles, destaca-se o ciclo PDCA para gerenciamento das técnicas e ferramentas lean. 15 1.1 Tema e problema O mercado mundial vem passando por várias mudanças decorrentes do processo de globalização e da maior competitividade entre as organizações, tendo como consequência a busca destas por redução de custos, melhores níveis de produtividade e qualidade, agilidade tecnológica, dentre outros. Ou seja, a busca por técnicas que sejam alternativas nos processos produtivos, que possam gerar maior estabilidade e eficiência dessas organizações no mercado. Diante do exposto as ferramentas de Lean Manufacturing surgem como alternativa na melhoria dos processos produtivos seja para: (i) reduzir custos de fabricação, (ii) aumentar a flexibilidade no tocante a alterações no mix, introdução de novos produtos e tempo de resposta, (iii) melhorar a qualidade dos produtos e (iv) promover a inovação (ANTUNES JUNIOR, 1998). Logo, mesmo havendo grandes dificuldades para as empresas de caráter engenharia sob encomenda (Engineer to Order - ETO) em aplicar ferramentas lean, pode-se buscar identificar e detalhar mais profundamente as oportunidades de redução de desperdícios em empresa deste cunho. Neste estudo de caso, especificamente em uma metalúrgica, através da proposição de um método que seja aplicado juntamente com as técnicas de produção enxuta, identificou-se que um dos métodos mais importantes para a produção lean é o ciclo PDCA. Este ciclo procura a melhoria contínua, impedindo a estagnação dos processos, buscando um estado de perfeição, impossível de atingir, que obriga a um ciclo infinito de melhorias. Por norma, à medida que se fazem ciclos PDCA, a dificuldade vai aumentando, o que torna o trabalho cada vez mais elaborado para quem o realiza (RIBEIRO, 2011). Através de um estudo de caso na empresa ETO analisada, destacar-se-á como as ferramentas da produção enxuta, integradas ao ciclo PDCA, podem ser ajustadas às empresas desse tipo, bem como apontar as possíveis melhorias e quais ganhos estes métodos podem trazer para a empresa em questão. Dessa forma tem-se os seguintes problemas: - É possível integrar o Lean Manufacturing à uma empresa ETO? - Quais as principais dificuldades de empresas ETO na aplicação de ferramentas Lean Manufacturing? 16 - Qual(is) ferramenta(s) lean podem ser de fato aplicadas e gerar os melhores resultados quando dirigidas à ambientes ETO? - Como aplicar o ciclo PDCA em conjunto com as ferramentas lean visando atingir a máxima eficiência do processo produtivo de uma empresa? 17 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo Geral Estudar e identificar as principais dificuldades encontradas em empresas que adotam práticas de caráter ETO em aplicar ferramentas de cunho Lean Manufacturing, buscando a eliminação de desperdícios ao longo do processo produtivo, salientando a aplicação do ciclo PDCA em conjunto com as ferramentas específicas que auxiliem a empresa ETO analisada na aplicação da filosofia lean em seu processo produtivo. 1.2.2 Objetivos Específicos Apontar os principais motivos de desperdícios no processo produtivo na empresa estudada; Analisar as ferramentas Lean Manufacturing já aplicadas e definir as que serão mais adequadas à serem mantidas e/ou implementadas com o propósito de solucionar os problemas encontrados de forma mais eficiente; Sugerir o PDCA como técnica de gerenciamento das ferramentas Lean Manufacturing para monitoramento do processo produtivo da empresa; Expor e analisar os resultados mediante a aplicação das ferramentas na empresa estudada. 18 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Estratégias fundamentais de produção Segundo Pires (2004) os sistemas produtivos são classificados em quatro estratégias fundamentais que referem-se ao nível de interferência que o comprador pode ter no produto final. Estas tipologias apresentam características inerentes a cada tipo, como por exemplo, no que tange à padronização, fornecedores e variações nas fases do produto de acordo com os tipos de produção, conforme verificado na figura 1. Figura 1 – Tipologias de produção. Fonte: Pires (2004). Tais estratégias de produção definem-se a seguir, de acordo com Pires (2004): Produção para estoque (Make To Stock – MTS): Nesse tipo de sistema produtivo, a partir das previsões de vendas, as empresas produzem itens padronizados para estoque, e a interferência dos clientes no ciclo produtivo só acontece em momentos de pesquisa de mercado. Assim, nenhum produto customizado é fabricado, sendo o atendimento de pedidos baseado exclusivamente no estoque de produtos acabados. Montagem sob encomenda (Assemble To Order – ATO): Na montagem sob encomenda a interação dos clientes com o projeto é limitada e as entregas tendem a ser de médio prazo, os materiais são armazenados até o recebimento dos 19 pedidos dos clientes, contendo especificações dos produtos finais, gerando incertezas de demanda que são controladas através do dimensionamento dos estoques dos subconjuntos, bem como capacidade de montagem. Produção sob encomenda (Make To Order – MTO): Nesse tipo de sistema produtivo, a venda antecede o processo de produzir. Ou seja, o que vai ser produzido sob encomenda pode variar desde um produto inédito, ou um produto escolhido entre um conjunto de opções. A etapa de produção inicia somente após o recebimento do pedido que pode ser desenvolvido nos primeiros contatos com o cliente. Os tempos de entrega são de médio a longo prazo. Pires (2004) destaca ainda uma quarta estratégia, menos frequente, mas importante em termos de tendências e de modelo de negócio: a engenharia sob encomenda (Engineer To Order – ETO). Na produção sob encomenda (MTO), geralmente a produção só é executada após a venda do produto, ou seja, produz-se mediante pedidos firmados em carteira. Significa que o processo de negócio “vender” antecede o processo “produzir” (ROCHA; SCAVARDA; HAMACHER, 2005). Segundo Pires (2004), a produção ETO é uma extensão do MTO, com o projeto do produto sendo feito quase que totalmente baseado nas especificações do cliente, ou seja, nas necessidades destes. Os produtos são altamente customizados e o nível de interação com os clientes é muito grande. O que diferencia este método do modo MTO é a inclusão do processo “projetar produto” logo após o processo “vender”, conforme ilustrado na figura 2. Figura 2 – Etapas do processo produtivo ETO. Fonte: Adaptado de Pires (2004). 20 2.2 Características dos ambientes ETO A indústria de bens de capital sob encomenda, apresenta características específicas, com fortes reflexos na gestão (MAXIPROD, 2014): Longos tempos de Lead Time, desde a elaboração da proposta até a montagem final; Riscos e custos resultantes da natureza única de cada contrato, começando pela elaboração da proposta; Compras e produção específicos de cada contrato; Finanças e contabilidade focadas nos contratos. Segundo Pires (2004), em empresas de caráter ETO, a ordem de produção somente é dada quando o cliente realiza o pedido. Assim, o ponto de partida da engenharia e fabricação de um produto é a colocação do pedido pelo cliente, que define as características intrínsecas que seu produto deve conter. Com base no que fora exposto, define-se então que cada produto singular e na maioria das vezes, muito específico de acordo com a função a qual este será atribuído. Sendo assim, devido à singularidade de cada obra, torna-se praticamente inviáveis quaisquer tipos de testes no que tange ao próprio produto e/ou processo de fabricação, o que torna o processo de engenharia fundamental e extremamente condescendente se comparado com os demais processos no que diz respeito às empresas de caráter ETO. Não obstante, o gerenciamento de fluxo de caixa e prazos firmados adequados é de vital importância nesse contexto, devido ao elevado grau de exigência em torno dos mesmos. Saia (2010) afirma que, a proposta comercial de um produto, no regime ETO, na maioria das vezes possui custo alto, da ordem de dezenas ou mesmo centenas de milhares de dólares. Por outro lado, deve ser elaborada em tempo limitado, e resultar em um preço final realista, tornando a proposta competitiva. Vencer uma concorrência por um preço muito abaixo do praticado pode ser mais prejudicial do que deixar de vencê-la. Além disso, a maior parte das propostas não se converte em pedidos efetivados, o que coage seus custos a serem diluídos entre os contratos confirmados. 21 Na indústria ETO, a quantidade a ser produzida a partir de cada projeto é pequena. O custo da engenharia corresponde, portanto, a uma fração elevada do custo total de cada unidade produzida. Portanto, erros de engenharia resultam em altos custos adicionais (MAXIPROD, 2014). Em se tratando de empresa que funcionam regidas pelos princípios do ETO, assinaladas principalmente por grandes indústrias que necessitam de maquinário pesado, equipamentos e estruturas projetadas, o cliente anseia pelo pedido, regido pelas normas técnicas que circundam o meio, que possui uma enorme quantidade variações e especificidades de acordo com as exigências do pedido. Ou seja, este tipo de sistema fornece uma gama muito maior de variedades passíveis de serem agregadas ao produto, de acordo com os anseios de seus idealizadores e logicamente, são produtos tipicamente mais caros. Outra característica presente no ambiente ETO diz respeito à superposição das atividades na produção nas indústrias desse tipo, como pode ser observado na figura 3, onde iniciam-se as atividades de compras e produção sem que a engenharia tenha sido completamente concluída, pois podem haver alterações desta enquanto a produção ainda está em processo, gerando também alterações nas compras. Figura 3 – Superposição de atividades na produção ETO. Fonte: Maxiprod Website. De acordo com Maxiprod (2014), na indústria ETO, é usual a superposição entre engenharia, planejamento, compras e produção. Para manter a qualidade do fluxo de dados e materiais, há forte necessidade de sincronização, 22 implicando uma boa qualidade da comunicação, formal e informal, entre essas áreas. Logo, neste ambiente de engenharia por encomenda, considerando-se os objetivos econômicos, é importante que haja mecanismos tanto para cancelar rapidamente compras e produção inúteis quanto acelerar compras e produção úteis, pois devido este processo se caracterizar por séries pequenas ou unitárias, e por lead-times de produção longos, às vezes de meses ou mesmo anos, a consequência é a necessidade de um fluxo de caixa que costuma ser essencialmente desfavorável independente do custo ser absorvido pelo fabricante ou pelo cliente (VIEIRA, 2011). 2.3 Lean Manufacturing A produção enxuta, também conhecida como Lean Manufacturing, é uma filosofia de negócios que foi originalmente desenvolvida na Toyota Motor Company, logo após a Segunda Guerra Mundial e descoberta por pesquisa realizada pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). O termo “enxuta” se deve pela redução das quantidades de diversos fatores na forma de gerir a produção se comparada ao sistema de produção em massa, como funcionários, espaço para fabricação, ferramental, tempo de produção, tempo de planejamento, entre outros (WOMACK e JONES, 2004). O termo "Lean" foi cunhado originalmente no livro "A Máquina que Mudou o Mundo" (The machine that changed the world) de Womack, Jones e Roos publicado nos EUA em 1990. Neste livro, fica claro as vantagens do desempenho do Sistema Toyota de Produção: Grandes diferenças em produtividade, qualidade, desenvolvimento de produtos e etc., e explica, em grande medida, o sucesso da indústria japonesa (RIANI, 2006). Segundo Ohno (1997), os pilares que suportam o sistema são o just-intime (JIT) e autonomação, ou automação com toque humano, conforme ilustrado na figura 4. O JIT significa que em um processo de fluxo, as partes corretas necessárias na manufatura chegam no momento e na quantidade certa. Isto proporciona a redução dos estoques em diversas fases da função processo. Ao reduzir os estoques, ocorre também a redução ou eliminação de perdas como, por exemplo, a 'perda por superprodução' (SHINGO, 1996). 23 A autonomação tem como objetivo dotar as máquinas com dispositivos capazes de identificar falhas, onde uma vez identificado o problema, a parada é feita automaticamente sem a necessidade de operador. Desse modo é eliminada a produção de peças defeituosas e também ao parar a máquina, força todos os envolvidos a tomar conhecimento do fato, buscando sua causa e solução (PERGHER; RODRIGUES; LACERDA; 2011). Figura 4 – Sistema Toyota de Produção. Fonte: Elaborado pelos autores (2014). A Toyota desenvolveu o seu Sistema Toyota de Produção a partir da ideia central da eliminação de estoques e outros desperdícios. Isto pôde ser realizado graças ao desenvolvimento de técnicas e metodologias que favoreceram a utilização de pequenos lotes de produção, a redução dos tempos de preparação de máquinas, o autocontrole da qualidade, a cooperação com fornecedores, além de outros aspectos (CUSOMANO, 1989). Conforme ressaltam Rother; Shook (2003), a implantação de uma produção enxuta consiste em construir um processo para fazer somente o que o próximo processo necessita, com fluxo contínuo ou puxado, ligando todos os processos, desde o consumidor final até a matéria-prima, em um fluxo com custos reduzidos, alta qualidade e no menor lead-time. Segundo Ohno (1997), no sistema de produção enxuta tudo o que não agrega valor ao produto, visto sob os olhos do cliente, é desperdício. Todo 24 desperdício apenas adiciona custo e tempo. Todo desperdício é o sintoma e não a causa do problema. Uma forma de sintetizar o pensamento enxuto está representada pela figura 5. O tempo transcorrido entre o pedido do cliente e o momento em que efetua o pagamento do bem produzido, é o que se denomina linha do tempo. Figura 5 – Linha do tempo. Fonte: Ohno (1997). Um dos conceitos que abrange a ideia central da produção enxuta foi citada por Shinohara (1998), conforme abaixo: A busca de uma tecnologia de produção que utilize a menor quantidade de equipamentos e mão-de-obra para produzir bens sem defeitos no menor tempo possível, com o mínimo de unidades intermediárias, entendendo como desperdício todo e qualquer elemento que não contribua para o atendimento da qualidade, preço ou prazo requeridos pelo cliente. Eliminar todo desperdício através de esforços concentrados da administração, pesquisa e desenvolvimento, produção, distribuição e todos os departamentos da companhia. Na busca por uma melhor qualidade para o sistema, com eficácia no atendimento ao valor do cliente, redução de custos, desperdícios, lead time e aumento da rentabilidade, a produção enxuta surge com diversos métodos, sistemas e técnicas eficientes que permitem a obtenção de uma análise de fluxo de valor das empresas na busca por melhores resultados que condicionam a sobrevivência destas no mercado. Assim os resultados obtidos pela aplicação da filosofia lean são diversos, conforme exemplificado na figura 6 a seguir: 25 Figura 6 – Resultados do Lean Manufacturing. Fonte: Rodrigues (2014). É relevante ressaltar ainda que para a organização alcançar o sucesso com o sistema lean, devem-se levar em consideração alguns aspectos, definidos por Rodrigues (2014): O total comprometimento da alta direção; A disciplina e comprometimento do corpo funcional; A flexibilidade para o realinhamento da cultura organizacional; O entendimento adequado do pensamento lean. 2.4 Os cinco princípios do Lean Manufacturing Womack e Jones (2004) resumiram o pensamento lean em cinco princípios, que além de serem definidos como fundamentais na eliminação das perdas, orientam e mostram, como um passo-a-passo, o que deve ser realizado para que se alcance o objetivo esperado pelas empresas que aplicam a filosofia Lean. A figura 7 indica como a relação entre os cinco princípios se manifestam e harmonizam-se para a consolidação da mentalidade lean. 26 Figura 7 – Princípios do pensamento Lean. Fonte: Rodrigues (2014). 1. Especificação de valor - De acordo com o Lean Institute Brasil este princípio é definido como o ponto de partida para a mentalidade enxuta, enfatiza que é o cliente que define o que é valor, e não a empresa, já que esta fica incumbida de criá-lo. Tal valor é gerado pela necessidade, a qual as empresas procuram satisfazêla e cobrar por isso um preço específico, tendo como objetivo manter-se no negócio e aumentar seus lucros por meio dos processos baseados na melhoria contínua, da redução de custos e da melhoria da qualidade. 2. Identificação do fluxo de valor – Conceitua-se como o conjunto total de ações específicas necessárias para a fabricação de um produto, desde seu desenvolvimento até à entrega ao cliente. Na etapa de identificação do fluxo podemse observar três tipos de atividades: as que agregam valor (que devem ser maximizadas), outras que não agregam, porém são inevitáveis (que devem ser minimizadas) e as atividades que não agregam valor algum ao produto (que devem ser eliminadas imediatamente do processo) (FIGUEIREDO, 2010). 3. Fluxo contínuo - Após ter especificado o valor para o cliente, e identificado o fluxo por onde este valor passa, para eliminar as etapas que geram desperdícios, deve-se dar "fluidez" para os processos e atividades que restaram, ao ponto que as pessoas devam mudar suas mentalidades, deixando de lado a ideia 27 que se tem de que a produção por departamentos é a melhor alternativa. A organização para de produzir por lotes baseada em previsões de vendas e passa a produzir produtos unitários somente quando o cliente solicita, trabalhando com JIT, ou seja, o atendimento das necessidades dos clientes é quase que instantaneamente. 4. Produção puxada – Segundo Rodrigues (2014) com a produção puxada é possível gerar um fluxo contínuo, eficaz e com pequenos lotes na busca pelo nivelamento de toda a cadeia e define o início de todo o processo produtivo, pois o bem ou serviço é produzido somente depois que a demanda manifesta a necessidade para o processo puxador. O consumidor passa a puxar o fluxo de valor, reduzindo a necessidade de estoques e valorizando o produto. O objetivo de colocar um sistema puxado entre dois processos é ter uma maneira de dar a ordem exata de produção ao processo anterior, em tentar prever a demanda posterior e programar o processo anterior. Puxar é um método para controlar a produção entre dois fluxos (ROTHER; SHOOK, 2003). Em um sistema de produção puxada, o passo e as especificações do que é feito são estabelecidos pela estação de trabalho do “consumidor”, que puxa o trabalho da estação antecedente (fornecedor) (SLACK, 2007). O sistema de puxar elimina a necessidade de se programar todas as operações por onde passará um pedido, como em um sistema Material Requirement Planning (MRP). Decisões do que fazer e quando fazer são tomadas pelos operadores, usando um simples sistema de sinalização que conecta as operações através do processo (FUJIWARA et al, 1998). 5. Perfeição - A perfeição é transformar ferramentas de um sistema em filosofia, onde ações eficazes sejam realizadas para eliminar desperdícios. É o compromisso de procurar continuamente os meios para acrescentar valor, criando novos processos, produtos e serviços. E de acordo com Lean Institute Brasil a busca pelo aperfeiçoamento contínuo em direção a um estado ideal deve nortear todos os esforços da empresa em processos transparentes, a fim de que independente de quem sejam os membros da cadeia (montadores, fabricantes de diversos níveis, distribuidores e revendedores), estes possam ter conhecimento profundo do processo como um todo, podendo dialogar e buscar continuamente melhores formas de se criar valor. Ou seja, a perfeição visa atender as necessidades reais ou simbólicas dos clientes, o “valor”, através do que é esperado e desejado por eles. 28 2.5 Os sete desperdícios Para uma redução efetiva dos custos da produção, os desperdícios devem ser analisados e ponderados porque estão inter-relacionados e facilmente encobertos pela complexidade de uma grande organização (SHINGO, 1996). Assim, na visão de Ohno (1997) o sistema de produção enxuta é o resultado da eliminação de sete tipos clássicos de desperdícios, também denominado de perdas, existentes dentro de uma empresa, conforme explana a figura 8. Figura 8 - As 7 perdas do processo produtivo. Fonte: Riani (2006). 1. Desperdício por superprodução - Segundo Hines (2000), a superprodução é reconhecida como o mais sério desperdício que atrapalha a implantação de um fluxo suave de produtos e serviços e inibe também a qualidade e produtividade, conforme ilustrado na figura 9. A superprodução, tende a levar a um lead time e estoques elevados. 29 Figura 9 - Perda por superprodução. Fonte: Silva (2009). É produzir excessivamente ou no tempo errado, resultando em um fluxo pobre de peças e informações, bem como gerando estoques adicionais. A superprodução gera trabalho excessivo e concomitantemente gera necessidades de armazenamento, além de em muitos casos estar baseada em uma demanda especulada, que pode não se concretizar, ou seja, é um processo fomentador de incertezas. 2. Desperdício por tempo de espera - Longos períodos de ociosidade de pessoas, peças e informação, resultando em um fluxo pobre e lead times lentos. O colaborador deve utilizar todo o seu tempo realizando atividades que agregam valor, portanto o tempo gasto com esperas é considerado um desperdício que deve ser eliminado. Algumas ferramentas são utilizadas para minimizar ou se possível eliminar as perdas por espera, como por exemplo, a troca rápida de ferramentas (TRF), desenvolvida por Shingo (1996) e a técnica Kanban para a sincronização da produção. Além disso, a versatilidade dos colaboradores também contribui positivamente para a minimização deste tipo de perda. 3. Desperdício por transporte - Movimento excessivo de pessoas, informações ou peças, resultando em dispêndio desnecessário de capital, tempo e energia. O transporte excessivo é fruto direto da inadequação do layout do chão de fábrica, em anuência à figura 10. A disposição final de maquinário e equipamentos diretamente nos níveis de movimentação interna da organização. 30 Figura 10 – Perda por transporte. Fonte: Silva (2009). Normalmente nas empresas não existe um fluxo racional de fabricação com relação ao processo produtivo, as máquinas e equipamentos são agrupados por semelhança ou por desempenho similar, o que muitas das vezes acaba por onerar a distância a ser percorrida por pessoas, informações e produtos dentro da fábrica. 4. Desperdício por processamento - Utilização de ferramental, sistemas e/ou procedimentos errôneos, em detrimento de uma abordagem mais simples que agregaria muito mais valor e consequentemente resultados mais rápidos e eficientes. Neste sentido torna-se importante a utilização de técnicas de análise de valor, que são importantes ferramentas para minimizar esta perda, que não afeta as funções básicas do produto e todo processo que não agrega valor ao cliente deve ser eliminado, como inspeções e verificações, pois utilizam recursos da empresa e não são revertidos em ganhos adicionais. 5. Desperdício por movimentação nas operações - Desorganização do ambiente de trabalho, resultando em baixo desempenho dos aspectos ergonômicos e extravio frequente de itens. Inclui todos os movimentos desnecessários dos colaboradores, que impactam diretamente na produtividade do operador. Técnicas de estudo de tempos e movimentos são recomendados para solucionar este desperdício, pois através da cronometragem, tabulação de dados e 31 análise dos resultados pode-se aferir quais movimentos podem ser corrigidos e quais métodos são ainda mais eficientes. E ainda, depois de esgotadas todas as possibilidades de melhoria na movimentação do colaborador, pode-se enviesar pela automação ou mecanização do processo, otimizando os resultados se aplicados de forma adequada. 6. Desperdício por produtos defeituosos ou retrabalho - Problemas frequentes nos processos produtivos, problemas relativos à qualidade do produto ou desempenho abaixo do esperado relativo às entregas. Produzir produtos defeituosos significa desperdiçar materiais, disponibilidade de tempo, mão de obra, equipamentos, movimentação, armazenagem e inspeção de produtos defeituosos, entre outros. Técnicas para solucionar este desperdício estão muito relacionadas com métodos de controle da qualidade na fonte causadora do problema e da mentalidade enxuta, que prega em fazer certo da primeira vez. 7. Desperdício por estoque - Armazenamento excessivo e falta de informação ou produtos, resultando em onerosidades e baixa na qualidade dos produtos ou serviços prestados ao cliente, de acordo com o ilustrado na figura 11. Segundo Corrêa e Corrêa (2005) os estoques, além de ocultarem outros tipos de desperdícios, significam perdas de investimento e espaço. A sua redução deve ser feita através da busca pela eliminação da necessidade de se manter estoques. Figura 11 – Perda por estoque. Fonte: Silva (2009). Entre as causas resultantes no desperdício por estoque, pode-se destacar a falta de um planejamento adequado de produção, setups elevados, flutuações na demanda e particularmente em relação ao layout, quando os equipamentos estão distantes entre si, o que gera uma tendência de se manter estoques de processo em 32 virtude dos grandes lotes que serão produzidos, devido a inviabilidade de se transportar peças unitárias ou lotes racionais no ambiente fabril. Dentre os benefícios promovidos pela redução dos desperdícios, a figura 12 salienta os principais itens passíveis de melhoria no processo e os que são diminuídos, visando a otimização do mesmo. Figura 12 – Benefícios da redução dos desperdícios. Fonte: Werkema (2011). 2.6 Métodos e ferramentas lean 2.6.1 Just in time O just in time (JIT) cuja a tradução significa “no momento exato”, teve como visionário Kiichiro Toyoda, mesmo antes do surgimento da Toyota da qual foi fundador. No primeiro momento o termo JIT foi associado ao kanban, mas já no fial da década de 1960 o JIT tinha uma amplitude muito maior, sendo o kanban apenas um sistema que o viabiliza. Logo, o JIT é tratado como a filosofia que norteia sistemas, métodos e programas para viabilizar o sistema lean manufacturing. Taiichi Ohno (1997) define o Just in Time: Just in time significa que, em um processo de fluxo, as partes corretas necessárias à montagem alcançam a linha de montagem no momento em que são necessárias e somente na quantidade necessária. Uma empresa que estabeleça este fluxo pode chegar ao estoque zero. (...) para produzir usando o just in time de forma que cada processo receba o item exato necessário, quando ele for necessário, e na quantidade necessária, os métodos convencionais de gestão não funcionam bem. 33 É uma abordagem disciplinada, que visa aprimorar a produtividade global e eliminar os desperdícios. Ele possibilita a produção eficaz em termos de custos, utilizando o mínimo de instalações, equipamentos, materiais e recursos humanos. Ou seja, uma filosofia-chave do JIT é simplificação (VOSS, 1987). Prioriza-se oito ações por meio de métodos que devem ser associadas em quatro grupos, todos convergindo para a filosofia just in time, como mostra a figura 13. Figura 13 – JIT e seus sistemas, métodos e programas. Fonte: Rodrigues (2014). O foco nas estruturas abordará as medidas relacionadas à organização e ao layout de linha; o foco na mão de obra, a prevenção das falhas humanas e a autonomação; o foco nos equipamentos, as técnicas para a redução do tempo de setup e a prevenção de falhas nas máquinas; e o foco nos movimentos, o abastecimento da linha e das unidades produtivas (RODRIGUES, 2014). A figura 14 ilustra as abordagens tradicional (a) com estoques intermediários ao final de cada estágio produtivo, e just in time (b) com entregas diretas de um estágio a outro apenas mediante solicitação, dos fluxos de processos de produção, segundo Slack et al (2007). 34 Figura 14 - Diferentes visões de utilização de capacidade nas abordagens (a) tradicional e (b) JIT. Fonte: Slack et al (2007). Segundo Slack et al (2007), o sistema Just in time se traduz de forma generalizada nas características descritas abaixo: O fluxo entre cada estágio de processo de manufatura é “puxado” pela demanda do estágio anterior; O controle do fluxo entre estágios é conseguido pela utilização de cartões simples, fichas ou quadrados vazios, os quais disparam a movimentação e a produção dos materiais; As decisões de planejamento e controle são amplamente descentralizadas; As decisões táticas não se baseiam em um sistema de processamento de informação computadorizado; A programação JIT é baseada em taxas de produção (calculadas em termos de quantidade de itens por unidade de tempo), em vez de volume produzido; JIT assume a flexibilidade dos recursos e lead times reduzidos; Os conceitos de planejamento e controle JIT são apenas uma parte da filosofia de produção JIT mais ampla e explícita. O JIT é um enfoque moderno, que diante a esta “briga” mundial em busca da conquista de novos mercados, ou manutenção deles ganha contornos distintos, onde a diversificação é uma arma para o atendimento dos consumidores. O just in time não pode ser considerado como uma ferramenta de solução rápida, pois tanto pode produzir resultados imediatos, quanto de longo prazo em todos os ambientes (GIUSTI, 2012). 35 Assim, para a eliminação de perdas sistematicamente deve-se remover barreiras ao fluxo de material e reduzir estoque de segurança. Até que o objetivo definitivo de inventário zero e fluxo de uma peça sejam atingidos, o fluxo de material pode ser criado através do uso de inventário padrão, auxílios visuais e kanbans (RIANI, 2006). 2.6.2 Jidoka Segundo Monden (1984), para os japoneses Jidoka tem dois significados e é escrito em dois ideogramas diferentes, um deles significa automação no sentido usual de alteração de um processo manual para um processo mecanizado onde a máquina, porém, não tem mecanismo para detectar erros nem dispositivos para parar o processo. Já o segundo significado é “controle automático de defeitos”, um significado dado pela Toyota. No Japão, a separação do homem da máquina iniciou em meados dos anos 20. Naquela época, as peças eram geralmente instaladas e torneadas em máquinas, porém, usinadas manualmente com ferramentas de corte. À medida que a mecanização aumentava, as ferramentas de corte passaram a ser aplicadas automaticamente e, com isso, o esforço do homem foi transferido em grande parte para a máquina. Porém fazer com que as máquinas assumissem o trabalho manual do homem não foi suficiente. Havia a necessidade de uma transferência a um nível mais alto – das funções mentais humanas às máquinas, que é a chamada autonomação (SHINGO, 1996). A figura 15, mostra o processo de autonomação, desde a alimentação manual até a alimentação automática com o surgimento autonomonitorada. Figura 15 – Processo de autonomação. Fonte: Lean Lexicon (2014). da máquina 36 Shingo (1996) também conta que, neste caso, as máquinas eram equipadas com dispositivos que não só detectavam situações anormais, como também paravam a máquina, sempre que ocorressem irregularidades. Esta forma sistematizada de autonomação é chamada pré-autonomação. Segundo Rodrigues (2014) a autonomação é umas das principais bases para a busca do Lean Manufacturing. A figura 16 apresenta a relação entre autonamação e as outras ações para a eficácia do Lean. Entre seus principais benefícios, estão: A redução de custos com a eliminação da peça defeituosa; A qualidade assegurada; O aumento da segurança do operador; A otimização e flexibilidade da força de trabalho. Figura 16 – A automação e o sistema Lean Manufacturing. Fonte: Rodrigues (2014). Em suma, a autonomação cria condições operacionais para a multifuncionalidade ou variedade de tarefas e passou a ser relacionada a qualidade e a busca do zero defeito e hoje é considerada um sistema eficaz de apoio à gestão da produção. 37 2.6.3 Value Stream Map (VSM) Rother e Shook (1998) consideram o VSM (Value Stream Map) ou MFV (Mapeamento do Fluxo de Valor), uma ferramenta essencial, pois auxilia na visualização do fluxo, mais do que simplesmente os processos individuais e ajuda na identificação dos desperdícios. O mapeamento ajuda a identificar as fontes do desperdício, fornece uma linguagem comum para tratar dos processos de manufatura, torna as decisões sobre o fluxo visíveis, de modo que você possa discuti-las, engloba conceitos e técnicas enxutas, que ajuda a evitar a implementação de algumas técnicas isoladamente, forma a base para um plano de implementação e mostra a relação entre o fluxo de informação e o fluxo de material. E a meta que se pretende alcançar pela análise do fluxo de valor é a obtenção de um fluxo contínuo, orientado pelas necessidades dos clientes, desde a matéria prima até o produto final. Rother e Shook (1998) definem o VSM, como: É seguir a trilha da produção de um produto, desde o consumidor até o fornecedor, e cuidadosamente desenhar uma representação visual de cada processo no fluxo de material e informação. Então, formula-se um conjunto de questões-chave e desenha-se um mapa do estado futuro de como o processo deveria fluir. Fazer isso repetidas vezes é o caminho mais simples para que se possa enxergar o valor e, especialmente, as fontes do desperdício. De acordo com Rentes et al (2003), o VSM é um método simples de modelagem de empresas com um procedimento para a construção de cenários de manufatura, que leva em consideração tanto o fluxo de materiais como o fluxo de informações. Por este motivo é considerada uma ferramenta imprescindível para o processo de visualização da situação atual da organização e construção da situação futura. A figura 17 aborda um modelo de processo, onde tabulam-se as operações que agregam e não agregam valor ao produto e/ou ao cliente, onde têmse uma noção da proporcionalidade entre ambos. 38 Figura 17 - Exemplo de relação de operações quanto ao fluxo de valor. Fonte: Silva (2009). Rentes et al (2004) afirma que o mapeamento pode servir como um catalisador na análise do processo, possibilitando o compartilhamento do conhecimento sobre o processo com todos os seus componentes, além de permitir a identificação de pontos que necessitam ser melhorados, auxiliando o trabalho em equipe na obtenção de resultados. 2.6.4 Takt time O takt time é a frequência com que se deve produzir uma peça ou produto, baseado no ritmo das vendas, para atender a demanda dos clientes. Conforme a figura 18, este é calculado dividindo-se o tempo disponível de trabalho (em segundos) por turno pelo volume da demanda do cliente (em unidades) por turno (ROTHER; SHOOK, 1999). Figura 18 - Demonstração de takt time. Fonte: Rother; Shook (1999). 39 O objetivo de colocar um sistema puxado entre dois processos é ter uma maneira de dar a ordem exata de produção ao processo anterior, sem tentar prever a demanda posterior e programar o processo anterior. Puxar é um método para controlar a produção entre dos fluxos (ROTHER; SHOOK, 1999). Por conseguinte, produzir abaixo do que fora definido pelo takt time causa excesso de produção e possível aumento dos estoques, já que se está produzindo em maior quantidade ou mais rápido do que realmente necessário, onerando os processos produtivos por desperdiçar mão de obra que poderia estar sendo empregada para outros propósitos, e como já fora dito, ocasionando estoques e consequentemente custos de armazenagem. 2.6.5 Poka-Yoke O termo Poka-Yoke é de origem japonesa, que significa à prova de defeitos e consiste no emprego de técnicas e ferramentas simples que viabilizam um processo a prova de falhas, erros e/ou defeitos. Na definição no Léxico Lean, disponível para consulta no site do Lean Institute do Brasil, Poka Yoke refere-se aos métodos criados para ajudar os operadores a evitar erros em seu trabalho, tais como escolha de peça errada, montagem incorreta de uma peça, esquecimento de um componente, etc. Ou seja, um mecanismo de detecção de anormalidades que é acoplado a uma operação, impedindo uma possível execução irregular de uma atividade. Para Shingo (1996), antes de projetar e instalar algum dispositivo deve-se primeiramente determinar se será baseado na auto inspeção, na inspeção na fonte ou na inspeção sucessiva, a ver: Auto-inspeção: Dispositivos que impedem uma peça de encaixar em um molde caso algum erro operacional seja identificado; Dispositivos que impedem uma máquina de iniciar o processamento caso seja identificado algum erro; Dispositivos que corrigem erros operacionais ou de movimento, permitindo que o processo prossiga; 40 Inspeção na fonte: Dispositivos que rastreiam o erro ou falha ao longo do processo, para identificar e controlar a fonte, seja interna ou externa. Inspeção sucessiva: Dispositivos que bloqueiam os defeitos através das verificações e checagens nos processos anteriores, impedindo que estes persistam em processos subsequentes; Dispositivos que impedem o início de um processo se alguma peça do processo precedente tiver sido esquecida. O poka-yoke pode ser definido quanto à função de regulação ou detecção no processo, conforme figura 19: Figura 19 - Poka-Yoke: Funções e métodos. Fonte: Rodrigues (2014). Segundo Rodrigues (2014), quanto à regulagem, os métodos existentes são de controle e advertência. O controle atua parando a máquina ou processo quando o poka-yoke for ativado, ou seja, interrompe imediatamente um processo 41 com defeito. A advertência emite um sinal sonoro, um alarme, logo não interrompe o processo nem para a máquina. A detecção possui os métodos de contato, conjunto e etapas. O primeiro, a partir de um contato, pode identificar ou não defeitos, quanto a pesos, dimensões. O método de conjunto busca verificar se o que foi previsto, foi também executado, e as etapas busca garantir a sequência das ações previstas no projeto. Entretanto, o poka-yoke por si só não garante a completa erradicação de defeitos ou falhas, pois depende diretamente do tipo de inspeção implementada. Ou seja, o poka-yoke é um meio e não um fim em si mesmo. 2.6.6 Kanban Na definição no Léxico Lean, disponível para consulta no site do Lean Institute Brasil, kanban pode ser interpretado como um dispositivo sinalizador, em virtude do termo significar “sinal” em japonês, que autoriza e dá instruções para a produção ou retirada de itens em um sistema puxado. A operacionalização do sistema foi realizada por Taiichi Ohno, e é a base da filosofia JIT, e está relacionado ao gerenciamento e otimização do fluxo de materiais em um processo produtivo, ou seja, ele passa informações sobre o que produzir, quando produzir, em que quantidade e para quem produzir (RODRIGUES, 2014). Shingo (1996) diz que o sistema kanban foi inspirado no sistema de um supermercado pelas suas características semelhantes: 1. Os consumidores escolhem diretamente as mercadorias e compram as suas favoritas; 2. O trabalho dos empregados é menor, pois os próprios consumidores levam suas compras às caixas registradoras; 3. Ao invés de utilizar um sistema de reabastecimento estimado, o estabelecimento repõe somente o que foi vendido, reduzindo, dessa forma, os custos; 4. Os itens 2 e 3 permitem baixar preços; as vendas aumentam e os lucros, consequentemente, crescem. 42 Os tipos de kanban, conforme Werkema (2011) estão sumarizados na figura 20: Figura 20 - Tipos de Kanban. Fonte: Werkema (2011). Segundo Rodrigues (2014), o kanban possui entre seus objetivos específicos: O controle e nivelamento do estoque entre as estações de trabalho com a consequente redução de custos; A redução dos lotes de produção; A descentralização do controle da produção, dando maior autonomia aos supervisores de linha e operadores; A explicitação de problemas no fluxo de produção; A possibilidade de um controle visual do fluxo produtivo. Além disso, o funcionamento do sistema está atrelado às funções do sistema, bem como às regras para utilização do mesmo, conforme abordado na tabela 1: 43 Tabela 1 – Funções e Regras do Kanban. Funções do Kanban 1. Fornecer informação sobre apanhar ou transportar 2. Fornecer informação sobre a produção Regras para Utilização 1. O processo subsequente apanha o número de itens indicados pelo kanban no processo precedente 2. O processo inicial produz itens na quantidade e na sequencia indicadas pelo kanban 3. Impedir a superprodução e o transporte excessivo 3. Nenhum item é produzido ou transportado sem um kanban 4. Servir como uma ordem de fabricação afixada às mercadorias 4. Ele serve para afixar um kanban às mercadorias 5. OS produtos defeituosos não são enviados para o processo seguinte. O resultado é mercadorias 100% livres de defeitos 5. Impedir produtos defeituosos pela identificação do processo que os produz 6. Revelar problemas existentes e mantém o controle de estoques 6. A redução do número de kanbans aumenta sua sensibilidade aos problemas Fonte: Ohno (1997). 2.6.7 Troca Rápida de Ferramentas (TRF) A Troca Rápida de Ferramentas (TRF) ou Single-Minute Exchange of Die (SMED) pode ser descrita como uma metodologia para redução dos tempos de preparação de equipamentos, possibilitando a produção econômica em pequenos lotes, o que geralmente exige baixos investimentos no processo produtivo (SHINGO, 2000). Isso confere à fábrica menores tempos de atravessamento (lead times), possibilidade de redução do inventário geral e maior agilidade na resposta às necessidades e oscilações do mercado, permitindo assim, uma flexibilização da fábrica (ANTUNES, 2005). A TRF é uma abordagem analítica para a melhoria do setup de uma máquina ou processo, na qual a mecanização é um componente, conduz à melhoria do setup de forma progressiva (SHINGO, 1996). Ainda segundo Shingo (1996), a TRF é composta de 4 estágios que vão da identificação destes setups internos do processo, análise e implementação de métodos mais eficientes, considerando até transformar setups internos em externos, eliminando-se ajustes e buscando fixações mais práticas sem parafusos, sem perder de vista que a maneira mais rápida de trocar uma ferramenta é não ter de trocá-la. 44 Pelas técnicas associadas ao método da TRF é possível simplificar a preparação, diminuindo a variabilidade do sistema no que tange a preparação das maquinas. Além disso, a TRF reduz a incidência de erros na regulagem dos equipamentos (HARMON; PETERSON, 1999). A redução do tempo de troca de ferramentas é de extrema importância no sucesso do Sistema de Manufatura Enxuta, segundo SHINGO (1996). Consiste na quantidade de tempo necessária para trocar uma referência desde a última peça produzida de um lote até a primeira peça produzido no seguinte lote de produção (RIANI, 2006). 2.6.8 Total Productive Maintenance (TPM) A Manutenção Produtiva Total (MPT ou TPM, do inglês Total Productive Maintenance), visa eliminar a variabilidade em processos de produção, causada pelo efeito de quebras não planejadas. Isso é alcançado pelo envolvimento de todos os funcionários na busca de aprimoramentos na manutenção. Os donos de processos são incentivados a assumir a responsabilidade por suas máquinas e a executar atividades rotineiras de manutenção e reparo simples. Ao fazer isso, os especialistas em manutenção podem, então, ser liberados para desenvolver qualificações de ordem superior, para melhorar sistemas de manutenção (SLACK et al, 2007). A TPM é a manutenção realizada por todos os envolvidos por intermédio de pequenos grupos, em que a manutenção preventiva engloba entre suas definições a confiabilidade, disponibilidade, manutenção e eficiência econômica nos projetos fabris, viabilizada por treinamentos adequados e mútua conscientização de colaboradores e mantenedores da importância da relação de suas atividades e do reflexo deste no cenário sistêmico da empresa. A TPM adota alguns dos princípios de trabalho em equipe e empowerment (autonomia), bem como uma abordagem de melhoria contínua para prevenir falhas. Também vê a manutenção como um assunto de toda a empresa, para o qual todas as pessoas podem contribuir de alguma forma (SLACK et. al, 2007). Segundo Rodrigues (2014) a TPM é estruturada por 8 pilares, apresentados na figura 21, que são imprescindíveis para a implantação desta. 45 Figura 21 – Os pilares do TPM. Fonte: Rodrigues (2014). 1. Manutenção planejada: Planejar a manutenção por meio de uma abordagem elaborada para todas as atividades de manutenção. 2. Processo de treinamento: Treinar todo o pessoal em habilidades relevantes de manutenção de modo que tanto mantenedores quanto operadores tenham todas as habilidades ara desempenhas seus papéis. 3. Manutenção autônoma: Permitir que o pessoal assuma a responsabilidade por algumas das tarefas de manutenção e pela melhoria do desempenho de manutenção. 4. Gestão da melhoria focada: consiste nas ações para a eliminação de perdas crônicas a fim de aumentar a eficiência, a disponibilidade e o tempo de vida do equipamento. 5. Gestão dos equipamentos: Conseguir gerir os equipamentos logo no inicio usando a manutenção preventiva, que compreende considerar as causas de falhas e a manutenabilidade dos equipamentos durante sua etapa de projeto, manufatura e instalação. 6. Gestão da manutenção da qualidade: consiste na interação quanto à confiabilidade dos equipamentos com a qualidade dos produtos e a capacidade de produção. 46 7. Gestão do processo administrativo: consiste em garantir o pleno funcionamento, sem desperdício, das áreas de apoio administrativo, minimizando ou eliminando sua interferência na funcionalidade dos equipamentos. 8. Gestão da segurança, saúde e meio ambiente: consiste na utilização e integração dos sete pilares anteriores para as melhorias das condições de trabalho, minimizando os riscos e otimizando a efetividade. 2.6.9 Padronização A ideia de padronização na metodologia da produção enxuta é muito forte e está embasada em várias de suas ferramentas. Por trás da forma como as organizações pretendem gerir a produção está o conceito de se buscar a melhoria contínua do sistema e padronizar as mudanças sempre que elas forem implementadas e sentir que estas estão atendendo às expectativas. A ideia enxuta de padronização está na forma como o problema é abordado para realizar uma melhoria (CHAVES FILHO, 2007). O primeiro passo para o processo é a definição de um problema, a escolha de uma atividade específica de melhoria e a então coleta de dados sobre o que exatamente está errado. Planeja-se uma solução, implementa-se e monitora-se os resultados para ter-se a certeza de que funciona, e então padroniza-se a nova solução. A aplicação desta metodologia, conhecida como melhoria proativa, enfatiza as “poucas e vitais” questões que terão maior impacto no negócio se forem aperfeiçoadas. (SHIBA et al, 1997). O objetivo da padronização é fazer com que todas as tarefas sejam cumpridas voluntária e rotineiramente da mesma forma, para que os resultados sejam sempre aqueles esperados, a fim de melhorar o desempenho da organização (CALEGARE, 1999). Segundo Womack; Jones (2004), com a produção enxuta, as empresas devem buscar a perfeição por meio de infinitas etapas, logo, toda melhoria pode ser refinada ainda mais. Assim, perfeição se dá quando um processo fornece puro valor, conforme definido pelo cliente, sem qualquer tipo de desperdício. Contudo, podemos nos perder se a primeira melhoria não for padronizada antes de partirmos para a próxima. 47 2.6.10 5S Para Silva et al (2001), o programa 5S tem como objetivo básico a melhoria do ambiente de trabalho nos sentidos físico (organização geral do espaço físico) e mental (mudança da maneira de pensar das pessoas na direção de um melhor comportamento). Falconi (2004) afirma que o programa 5S é um sistema de organização do ambiente de trabalho, que envolve todas as pessoas da organização e é visto como uma nova maneira de conduzir a empresa com ganhos efetivos de produtividade. É um estilo participativo de gerenciamento. Segundo Houaiss (2001), senso é a faculdade de julgar, de sentir, de apreciar. Portanto, nunca se implementa um senso, mas se planta e se cultiva, através de um processo educativo. A denominação 5S provém das iniciais de 5 palavras de origem japonesa: Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu e Shitsuke, que são as máximas do movimento (BRITTO; ROTTA, 2001). Foi adequado à língua portuguesa na forma de 5 sensos: Seiri: senso de utilização; Seiton: senso de organização; Seiso: senso de limpeza; Seiketsu: senso de padronização; Shitsuke: senso de disciplina. Na sequência, serão apresentados como Ribeiro (2006) define os sensos de 5S: Seiri - Senso de seleção, utilização, descarte, arrumação. Significa identificar e separar tudo o que é necessário do que é desnecessário no local de trabalho. Possibilita ainda melhor organização do local de trabalho, criando novos espaços, diminuição da perda de tempo e desperdício de recursos. Seiton - Senso de ordenação, organização, sistematização. Significa colocar cada objeto no seu único e exclusivo lugar, para que possam ser utilizados imediatamente, caso sejam necessários os requisitados. Refere-se à disposição 48 sistemática dos objetos com excelente comunicação visual, a fim de que se possam manter as coisas do jeito que devem ser. Seiso - Senso de limpeza, zelo. Implica em eliminar a sujeira e as fontes de sujeira para construir um ambiente de trabalho limpo e agradável, que proporcione segurança e qualidade de vida tanto física quanto mental das pessoas envolvidas no processo. Cada um limpa sua própria área de trabalho e é consciente dos benefícios de não sujar e manter o local limpo. Seiketsu - Senso de asseio, de saúde, higiene. Refere-se à execução dos 3 sensos anteriores de forma sistematizada, ou seja, definir uma metodologia para manter e controlar os três primeiros “esses” supracitados. Para tal gerenciamento dá-se ênfase na manutenção da padronização adotada. Shitsuke - Senso de autodisciplina, educação, manutenção da ordem, comprometimento. Consiste em ser responsável pela qualidade de seu trabalho e de sua vida, buscando melhoria sempre, ao cumprir rigorosamente os padrões técnicos, éticos e morais, normas e tudo o que for estabelecido pela organização. É o pacto da qualidade onde todos assumem o compromisso de manter as normas, prazos e acordos estabelecidos nas fases anteriores, a fim de aperfeiçoar e dar continuidade ao programa. O programa 5S é basicamente a determinação de como se deve organizar e dispor um local de trabalho, manter as condições padronizadas e a disciplina necessária para realizar um bom trabalho. Pode ser aplicado em qualquer empresa, de qualquer ramo e para seu início, um projeto de implantação deve ser desenvolvido. É necessária a montagem de grupos de promoção para divulgar o programa, realização de palestras de conscientização e envolvimento dos funcionários, capacitando-os para a realização dos sensos (GANDRA et al., 2006). A metodologia utilizada para auxiliar no planejamento e na aplicação em todas as etapas pode ser o Método 5W e 1H, definindo de forma clara o que será feito, o porquê de se realizar o programa, como será feito, quem o fará, onde e quando, podendo este ainda ser monitorado pela ferramenta de controle PDCA, onde ocorrem as fases planejar, fazer, checar e agir, montando assim um ciclo que deve ser repetido sempre que for necessário até que os resultados esperados sejam alcançados. Um ambiente organizado e limpo é condição básica para a operacionalização eficaz de muitas das ações utilizadas no lean manufacturing, 49 dentre elas a preparação da TPM e da TRF, o fluxo das células de produção, a precisão da autonomação e a dinâmica do kanban, conforme explanado na figura 22. Figura 22 – O programa 5 S e as ações do sistema lean. Fonte: Rodrigues (2014). 2.6.11 Kaizen Segundo Imai (1988), kaizen significa melhoria contínua. Mais do que isso, significa continuar melhorando na vida pessoal, na vida do lar, na vida social, na vida profissional. Quando aplicado ao local de trabalho, kaizen significa melhoria continua envolvendo a todos, desde gerentes até funcionários por igual. De forma geral, mudanças feitas nos processos que objetivam melhorar continuamente as rotinas das empresas são intituladas de kaizen. Neste subsistema de gestão visa-se eliminar as causas fundamentais que ocasionam os resultados indesejáveis e, a partir da introdução de novas ideias e conceitos, estabelecer novos “níveis de controle” (FALCONI, 2004). Os projetos de kaizen normalmente se manifestam em forma de sugestões. Portanto, a atenção e a receptividade da administração para com o sistema de sugestões são essenciais, se deseja ter “operários pensantes”, que procurem por maneiras melhores de realizar o seu serviço. Dessa forma, a administração deve implantar um plano bem projetado, para assegurar que o sistema de sugestões seja dinâmico (IMAI, 1988). 50 O kaizen consiste na busca sistemática de inovações incrementais e radicais dentro do processo de produção. Tais práticas implicam a relativização da estrutura hierárquica rígida (típica do modelo taylorista – fordista) e a existência de uma gestão mais participativa em todos os níveis da organização. A busca permanente de inovações se dá, inclusive, no chão-de-fábrica, onde pequenas alterações no posto de trabalho ou na máquina de produção (através de, por exemplo, pequenas modificações ou adaptações de dispositivos) implicam, via de regra, a melhoria da qualidade dos produtos e o aumento da produtividade (CONTADOR, 1997). Desde que direcionado aos custos da organização, o kaizen pode ser visto como uma prática empregada visando à redução dos mesmos no que tange aos estágios de produção de um determinado produto. De acordo com Imai (1988), melhoria contínua significa que a excelência empresarial necessita de melhoria em todas as atividades da empresa, o que requer a gerência das atividades para minimizar os desperdícios, estando constantemente na busca da perfeição em todas as áreas. Vale ressaltar os pontes fortes e riscos na aplicação do kaizen, a ver na figura 23: Figura 23 – Pontos fortes e riscos do kaizen. Fonte: Werkema (2011). 51 2.7 Definição do método Com base nas ferramentas acima abordadas, e nas peculiaridades do sistema de produção estudado, lean manufacturing em caráter engineer to order (ETO), foram eleitas as ferramentas mais adequadas a serem aplicadas nesse sistema a fim de produzir os resultados mais eficientes em se tratando deste cenário. 2.7.1 Ciclo PDCA O Ciclo PDCA também conhecido como Ciclo de Shewhart, Ciclo da Qualidade ou Ciclo de Deming, significa Plan-Do-Check-Act ou Planejar-ExecutarVerificar-Agir, e foi desenvolvida por Walter A. Shewhart na década de 20 e consagrada por Willian Edwards Deming a partir da década de 50. É uma metodologia que tem como função básica o auxílio no diagnóstico, análise e prognóstico de problemas organizacionais, sendo extremamente útil para a solução destes. Poucos instrumentos se mostram tão efetivos para a busca do aperfeiçoamento quanto este método de melhoria contínua, tendo em vista que ele conduz a ações sistemáticas que agilizam a obtenção de melhores resultados com a finalidade de garantir a sobrevivência e o crescimento das organizações (QUINQUIOLO, 2002). Ishikawa (1993) exemplifica as etapas que compõem o ciclo PDCA, como poder ser visualizado também na figura 24, que demonstra a representação gráfica das fases do ciclo: Planejar (Plan) - Identificar o problema e estabelecer uma meta. O problema é o que impede o alcance dos resultados esperados, ou seja, das metas; analisar o fenômeno, analisando-se os dados relacionados com o problema; analisar o processo, tentando descobrir quais as causas fundamentais dos problemas e elaborar um plano de ação. Executar (Do) - Executar as tarefas exatamente como foi previsto na etapa de planejamento e coletar dados que serão utilizados na próxima etapa de verificação do processo. Na etapa de execução são essenciais educação e treinamento no trabalho. Verificar (Check) - Monitorizar e avaliar periodicamente os resultados e processos, confrontando-os com os objetivos, especificações e estados desejados, 52 consolidando as informações, eventualmente elaborando relatórios. Atualizar ou implementar a gestão visual. Agir (Act) - Atuar de acordo com o avaliado e tendo em conta os relatórios, eventualmente determinar e elaborar novos planos de ação, de forma a melhorar a qualidade, eficiência e eficácia, aprimorando a execução e corrigindo eventuais falhas. Figura 24 – Método PDCA de Gerenciamento de Processos. Fonte: Falconi (2004). Marshall Jr. et al (2008), tem a seguinte definição sobre o método PDCA: “o ciclo PDCA é um método gerencial para a promoção da melhoria contínua e reflete, em suas quatro fases, a base da filosofia do melhoramento contínuo”. Por isso, é fundamental que estas fases sejam consecutivas, gerando a melhoria contínua distribuída na organização, estabelecendo a unificação de práticas. A melhoria contínua tem como suporte o controle e a otimização dos processos, e foi a base para a Metodologia da gestão da qualidade total. Através do ciclo PDCA busca-se a monitoração dos processos produtivos para a melhoria contínua gradual (kaizen), através da identificação e análise de resultados desejáveis e da consequente busca de novos conhecimentos para auxiliar nas soluções (RODRIGUES, 2006). Na visão de Werkema (1995), o ciclo PDCA representa o caminho a ser seguido para que as metas estabelecidas possam ser atingidas. Na utilização do 53 método poderá ser preciso empregar várias ferramentas, as quais constituirão os recursos necessários para a coleta, o processamento e a disposição das informações necessárias à condução das etapas desse método. Como a utilização do ciclo PDCA está intimamente ligada ao entendimento do conceito de processo, é importante que todos os envolvidos em sua aplicação entendam a visão processual como a identificação clara dos insumos, dos clientes e das saídas que estes adquirem, além dos relacionamentos internos que existem na organização (TACHIZAWA; SACAICO, 1997), ou seja, a visão de cliente-fornecedor interno. De acordo com Ribeiro (2011), o ciclo PDCA é um dos métodos mais importantes no que concerne o gerenciamento das ferramentas lean, pois este ciclo procura a melhoria contínua, a adequabilidade dos processos ao que se almeja, impedindo a estagnação dos processos, buscando um estado de perfeição, impossível de atingir, que obriga a um ciclo infinito de melhorias. Por norma, à medida que se fazem ciclos PDCA, a dificuldade vai aumentando, o que torna o trabalho cada vez mais elaborado para quem o realiza. Na intenção de coordenar os esforços para obter qualidade, Nogueira (2003) cita “a importância de seguir um processo, ou seja, um conjunto de meios para se chegar a um fim”. O processo seria uma sequência de ações (passos) que norteiam as atividades a serem desenvolvidas. Ao conhecer e controlar os processos menores pode-se localizar os problemas e agir sobre a causa fundamental. 2.7.2 Ferramentas da qualidade e o ciclo PDCA Segundo Falconi (2004) a quantidade de informações (fatos, dados e conhecimento) que se agregam ao método PDCA é de suma importância para se alcançar a meta, necessitando também de maior utilização de ferramentas apropriadas para coletar, processar e dispor de tais informações durante o funcionamento do PDCA. Além disso, o aumento da sofisticação das ferramentas empregadas deverá ocorrer em função do aumento da capacidade de alcance das metas. Assim, ainda segundo o autor, a meta é alcançada por meio da utilização do método, o qual poderá ser preciso empregar várias ferramentas para a coleta, o 54 processamento e a disposição das informações necessárias à condução das etapas do PDCA, são estas as sete ferramentas da qualidade mais abordadas: Estratificação, folha de Verificação, Gráfico de Pareto, Diagrama de Causa e Efeito, Histograma, Diagrama de Dispersão e Gráfico de Controle. Conforme Werkema (1995), uma descrição resumida da finalidade das principais técnicas estatísticas, que podem ser utilizadas como ferramentas integradas aos ciclos PDCA para melhorar e manter resultados e apresentada a seguir: 1. Estratificação: Está relacionado ao agrupamento de informações (dados), subdividindo ou estratificando o problema em estudo em partes menores com o objetivo de esmiuçá-lo segundo suas origens. Os fatores equipamento, material, operador, tempo entre outros, são categorias naturais para a estratificação de dados. 2. Folha de Verificação: Formulário no qual os itens a serem verificados para a observação do problema já estão impressos, com o objetivo de facilitar a coleta e o registro dos dados. Normalmente é construída após a definição das categorias para a estratificação dos dados. 3. Gráfico de Pareto: Gráfico de barras verticais que dispõe a informação de forma a tornar evidente e visual a priorização de temas. A informação assim disposta também permite o estabelecimento de metas numéricas viáveis a serem alcançadas. 4. Diagrama de Causa e Efeito: Utilizado para apresentar a relação existente entre um resultado de um processo (efeito) e os fatores (causas) do processo que, por razões técnicas, possam afetar o resultado considerado. É empregado nas sessões de brainstorming realizadas nos trabalhos em grupo. 5. Histograma: Gráfico de barras que dispõe as informações de modo que seja possível a visualização da forma de distribuição de um conjunto de dados e também a percepção da localização do valor central e da dispersão dos dados em torno desse valor central. A comparação de histogramas com os limites de especificação nos permite avaliar se um processo está centrado no valor nominal e se é necessário adotar alguma medida para reduzir a variabilidade do processo. 6. Diagrama de Dispersão: Gráfico utilizado para a visualização do tipo de relacionamento existente entre duas variáveis. Estas variáveis podem ser duas 55 causas do processo, uma causa e um efeito do processo ou dois efeitos do processo. 7. Gráfico de Controle: Ferramenta que dispõe os dados de modo a permitir a visualização do estado de controle estatístico de um processo e o monitoramento, quanto à locação e a dispersão, de itens de controle do processo. O uso destas ferramentas não abona, por si só, a solução dos problemas, mas somente seu entendimento. Por isso, é indispensável envolver todos os colaboradores no processo de conscientização da melhoria contínua, visando, que os mesmos, apreciem intensamente o procedimento, o bem ou, o serviço a ser aperfeiçoado. Deste modo, os envolvidos necessitam ter competência para conhecer as ferramentas da qualidade, bem como, quando, por que e como utilizá-las na empresa (SOUZA; DEMÉTRIO, 2010). 56 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3.1 Tipo e delineamento da pesquisa A pesquisa é do tipo estudo de caso aplicado em uma empresa do ramo metalúrgico de médio porte, em se tratando de parâmetros nacionais, com o caráter exploratório, a fim de explanar os conceitos e ferramentas lean manufacturing e sua viabilidade e adequação em processos engineer to order, regidas pelos princípios do método PDCA, como um método estratégico na busca da otimização da adaptabilidade lean na organização. O projeto tem como foco principal o fluxo de recursos relacionados ao processo produtivo da empresa analisada, com visão sistêmica nos demais processos direta e indiretamente relacionados à produção. 3.2 Execução da pesquisa O trabalho teve duração de 10 (dez) meses, no período de fevereiro a novembro do ano de 2014. O trabalho fora executado em tarefas que seguem os objetivos específicos do projeto, sendo definidas como: - Exploração dos conceitos e definições que tangenciam os princípios lean manufacturing, engineer to order, bem como a viabilidade de interação mutualística entre estes; - Realização de uma análise do uso atual das ferramentas de cunho lean manufacturing na empresa objeto do estudo de caso; - Análise, por intermédio de entrevistas, do grau de conhecimento e envolvimento da média e alta gerência no desenvolvimento atual do lean manufacturing na empresa; - Seleção das ferramentas lean mais adequadas à interagir com o ciclo PDCA; - Validação da proposta selecionada por meio de possíveis resultados a serem obtidos; - Apontamento das propostas de melhorias, baseadas nos processos já existentes e sugestões de aplicação; - Avaliação dos resultados. 57 3.3 Procedimentos de coleta de dados Foram utilizados os seguintes instrumentos de coleta de dados: Entrevistas com os representantes do setor de produção; observação em campo sobre os aspectos produtivos da empresa desempenhar pelos autores, layout, movimentação e armazenagem de materiais, fluxo do processo produtivo, composição e distribuição das instalações, etc. Os sujeitos da pesquisa foram os gerentes, coordenadores, encarregados e demais colaboradores do setor supra citado, afim de analisar as relações existentes entre os mesmos e do reflexo destas no setor e na empresa analisada. 58 4 ESTUDO DE CASO 4.1 Caracterização da empresa Com mais de trinta anos atuando no mercado, a Oyamota do Brasil S/A trabalha na linha de fabricação e montagem de estruturas metálicas, com soluções especializadas para clientes de diversos segmentos industriais. Trabalha-se com a fabricação de equipamentos e usinas para agroindústria, metalúrgica, indústria química e alimentícia, e nos setores de mineração, energia e biodiesel (OYAMOTA, 2014). A Oyamota também abre novas frentes de atuação para expandir seus negócios no estado, com a implantação de filiais em Parauapebas, Ananindeua e Marabá. Além disso, também atua nos setores de construção, locação de equipamentos pesados e transportes de máquinas. Na área de mineração, pode-se citar como trabalhos principais a execução de projetos para Alcoa (em Juruti), Mineração Sossego (em Canaã dos Carajás), e Albras (lavagem de gases); em agroindústria, temos a nova fábrica da Agropalma, melhorias para Marborges e esterelizador para Yossan (OYAMOTA, 2014). Já na produção de equipamentos, têm-se os silos e dutos para a fábrica de mdf da Florapac; a termoelétrica no Maranhão para a Enfil; peneiras para Mineração Rio do Norte; equipamentos para a Vale. No ramo agroindustrial, a empresa possui o know-how para fabricação de usinas completas de extração de óleo de palma com capacidade de processamento de até 60T por hora. A figura 25 ilustra a vista aérea das instalações da empresa objeto do estudo de caso (OYAMOTA, 2014). Figura 25 - Vista aérea das instalações da Oyamota do Brasil S/A. Fonte: Oyamota (2014). 59 4.2 Aplicação do PDCA como técnica de gerenciamento de ferramentas lean Busca-se através deste trabalho expor o quão possível é, aplicar desde a filosofia até as técnicas e ferramentas pertinentes ao lean manufacturing em empresas de produção não seriada. Para tal, neste capítulo, salientar-se-á quatro ferramentas lean, explanadas no referencial teórico, são elas: TRF, 5S, TPM e Kanban. As quais foram conceituadas como as mais indicadas à serem aplicadas na empresa objeto de estudo, bem como as adaptações que devem ser realizadas e as particularidades que serão levadas em consideração na elaboração do plano de ação. Assim, como método chave para gerenciamento do que fora acima citado, anseia-se pela eficiência do ciclo PDCA, no que tange ao propósito de planejar como as ferramentas escolhidas serão adaptadas, como estas serão utilizadas, em como suas ferramentas agirão no controle do que for realizado e como serão dirigidas as ações na correção de eventuais falhas, bem como na definição de que o método enviesado e concretizado é o mais indicado, compatível e competente. 4.2.1 TRF Planejar: O elevado grau de exigência de Troca Rápida de Ferramenta (TRF) em virtude, principalmente, de a empresa estudada trabalhar com projetos sob encomenda, é causada, sobretudo pela grande variedade nas especificações dos produtos, em concordância com o projeto dos mesmos. Portanto, o plano de ação será construído a partir das metas de redução do tempo de setup, ou até mesmo a eliminação de algumas etapas desnecessárias, que competem desde a engenharia, até a execução do projeto e confecção do produto no chão de fábrica, o que podem reduzir drasticamente os tempos de setup, a conclusão de uma etapa do processo produtivo e consequentemente, o tempo final de fabricação do produto. Executar: Em virtude do que foi elucidado, o processo produtivo da empresa objeto de estudo está intrinsecamente relacionado à etapa de engenharia, o que consequentemente, quaisquer variações nesta etapa alterarão a fase de execução 60 do projeto. Em se tratando de aplicar a TRF, a busca pela padronização de alguns processos de fabricação é fundamental, pois reduzem o tempo necessário na fabricação, reduzem os custos em várias vertentes e “enxugam” o processo por inteiro. Por exemplo, se determinadas peças atuam com a mesma finalidade, mas são de especificidades diferentes, a busca pela unificação de suas características diminuem os tempos de preparo de ferramentas para sua confecção, bem como o tempo de fabricação do projeto, pois propiciam o emprego de “gabaritos”, que funcionam como uma espécie de fôrma para a fabricação das peças, e se estas forem unificadas e padronizadas, as peças passarão para o processo seguinte cada vez mais rápido, em virtude de poderem ser fabricadas em série, utilizando a mesma fôrma, ferramenta, conhecimento, projeto e a mesma mão de obra para sua confecção. Com a elevada concorrência do mercado, não apenas do ramo metal mecânico, mas neste como um todo, a necessidade de mecanização dos processos é cada vez mais evidente, e com isso, a TRF é cada vez mais assessorada. Na Oyamota do Brasil, por exemplo, adquiriu-se uma máquina que atende estes quesitos supracitados, a Peddinghaus. Logo, um processo que exija diversos cortes e furações em tamanhos distintos, e formatos e posições diferentes, antes teria que passar pelos departamentos de corte e posteriormente de furação, e dentro destes layouts, passar por diversas máquinas, cumprindo assim o que fora solicitado pelo projeto. As figuras 26 e 27 mostram as máquinas referentes ao processo de corte e furação, respectivamente. Figura 26 – Máquina de corte. Fonte: Elaborado pelos autores (2014). 61 Figura 27 – Máquina de furação. Fonte: Elaborado pelos autores (2014). Com a aquisição da Peddinghaus, muitos destes processos foram unificados, pois a máquina é capaz de realizar as etapas de corte e furação em quaisquer características exigidas, sem mencionar a economia de tempo pela eliminação de troca manual de ferramentas, mão de obra e redução de erros de projeto, pois a máquina é informatizada e possui elevado grau de eficiência. A figura 28 é referente à máquina citada. Figura 28 – Peddinghaus. Fonte: Elaborado pelos Autores (2014). 62 Embora seja recomendável a aplicação da automação e autonomação como diferencial competitivo, algumas das vezes tal alternativa torna-se inviável, principalmente em caráter econômico e/ou por algumas vezes, pela necessidade de ter-se tais máquinas manuais para desempenhar alguma função específica, faz-se necessário o uso de uma técnica muito viável, facilmente aplicável e que pode produzir resultados animadores, principalmente em empresas desta tipologia e particularmente na empresa analisada. Da forma como é executado o atual processo da empresa, a maioria destas ferramentas é acondicionada no almoxarifado, sendo requisitadas sempre que preciso para os processos em questão, o que demanda bastante tempo entre identificação das ferramentas que serão necessárias, requisições, autorizações, instalações nas máquinas, entre outros. Com o intuito de reduzir os tempos de setup neste sentido, intitula-se a anexação de uma mesa, bancada ou gaveta, dependendo do equipamento analisado, que acondicione as ferramentas utilizadas pelo menos com maior frequência nos processos produtivos demandados à máquina. Se não for possível a criação deste compartimento na máquina, que haja uma espécie de estoque de peças e ferramentas nos setores, independentemente da existência do almoxarifado. Entendendo-se a necessidade de haver um controle do uso dessas ferramentas nos setores da produção, pode-se delegar a missão de, em períodos pré-estabelecidos, um almoxarife que faça um controle em loco das ferramentas nas máquinas e nestes “estoques deslocados”. A seguir, expõe-se na figura 29 um antes e depois de como as ferramentas eram acondicionadas e as mudanças ocorridas durante a aplicação do plano de melhorias, utilizando-se o 5S em apoio ao plano de TRF. Figura 29 – Aplicação de 5S no almoxarifado. Fonte: Elaborado pelos Autores (2014). 63 Analisando-se os exemplos supracitados, para o primeiro caso, além de experiência no ramo e conhecimento do processo produtivo da empresa, faz-se necessário um estudo apurado em torno de cada projeto analisado, pela busca da máxima padronização dos processos, itens e peças, o que viabiliza uma otimização na utilização das ferramentas. Nos atuais processos da empresa, essa técnica é pouco utilizada, fazendo com haja elevados graus de setup, muitas trocas de ferramenta e repetição de processos dispensáveis, o que aumenta o tempo necessário para que um produto seja finalizado. No segundo caso mencionado, com a mecanização dos processos, nesta parte evidenciada pela máquina adquirida de alta performance, além de investimentos na compra do equipamento, a máquina exige o treinamento do pessoal para sua operação afim de extrair o máximo do equipamento de acordo com sua capacidade, e em se tratando da TRF, há a busca pela melhor forma de otimizar estes processos, de utilização das ferramentas, bem como da troca destas quando necessário. De acordo com o caráter observatório, identificou-se que este é praticamente um caso isolado dentro da empresa, onde deveria haver uma expansão desta filosofia por todos os setores no departamento de produção, buscando cada vez mais a mecanização e informatização dos processos, propiciando o desenvolvimento de outras atividades além de corte e furação. E quanto aos processos onde se utilizam máquinas manuais, esses se caracterizam como uma ação que apesar de simples, de baixo investimento e fácil aplicação, produz resultados satisfatórios, principalmente em virtude da drástica redução do tempo de setup nestas atividades, pois os processos anteriormente mencionados são em sua maior parte substituídos pelo uso deste depósito no equipamento e/ou setor, dependendo do almoxarifado apenas caso haja a precisão de uma ferramenta ou peça de grande porte ou valor aquisitivo, de fácil subtração e/ou ainda para controle dos “estoques deslocados” nos setores, pelos almoxarifes. Desse modo, para coleta e registro de dados na próxima etapa do processo utilizou-se a folha de verificação, ferramenta integrada a ciclo PDCA, para comparação aos dados de setup convencional versus à utilização da TRF. Tais dados estão expostos e analisados na etapa de verificação com o auxilio de gráficos comparativos aos dois tipos de processo. 64 Verificar: Primeiramente irá monitorar-se o processo atual de uso da TRF na empresa estudada, para que a partir dos resultados obtidos com a fase de execução, estes possam ser avaliados e comparados tanto frente à realidade da empresa quanto confrontadas em relação às metas e objetivos que foram traçados na etapa de planejamento do ciclo. E para complementar a avaliação dos resultados do processo afim de que confirme analiticamente e quantitativamente o melhor desempenho e resultado do plano de ação, além da folha de verificação utilizada para tabulação dos dados, foi utilizada também a ferramenta da qualidade designada como diagrama de causa e efeito ou diagrama de Ishikawa (figura 30), para melhor visualização entre a causa e o efeito descritos na etapa de planejamento. Após análise sobre o elevado grau de exigência da TRF, consideraram-se como principais causas para tal efeito, as que estão relacionadas à mão-de-obra, máquinas, métodos e mercado. O treinamento dos operadores, mais especificamente a falta deste, que interfere diretamente para a redução do setup na operação em questão, principalmente no que tange ao uso da Peddinghaus, que possui alta informatização e a troca manual de ferramentas que demanda muito tempo do processo convencional são as principais causas no que se refere à mãode-obra. Quanto às máquinas, a manutenção, fator indispensável para conservação e bom funcionamento do maquinário do processo e a utilização de máquinas distintas para processos distintos no processo convencional, são as principais causas. A baixa padronização utilizada no método convencional do processo e o elevado tempo demandado neste, são as principais causas relacionadas ao método utilizado, pois interfere diretamente na meta de redução do tempo setup na operação. A peculiaridade em se tratar de produtos muito específicos para cada obra faz com que tal fator juntamente com a exigência de cada cliente sejam as principais causas relacionadas ao mercado que interferem no elevado grau de exigência do TRF. 65 Figura 30 - Diagrama de causa e efeito. Fonte: Elaborado pelos autores (2014). Assim, a partir das ferramentas da qualidade utilizadas junto a TRF, serão verificados os resultados encontrados, analisando se estes condizem com as metas definidas na etapa de planejamento, ou seja, se a utilizadas de tais ferramentas geraram redução do tempo de setup, ou eliminação de algumas etapas desnecessárias no processo produtivo da empresa estudada. Por exemplo, no caso de TRF, com a aquisição da Peddinghaus, façamos um comparativo dos benefícios de se utilizar este processo em detrimento de alocar as atividades em setores diferentes, neste caso, cortes e furações de determinada peça. Foram confeccionadas a partir dos dados coletados com a folha de verificação na etapa de execução, as tabelas 2 e 3. Na tabela 2, listam-se as etapas necessárias para efetuar os cortes e furações de determinados formatos em uma peça qualquer e o tempo transcorrido em cada atividade, seguindo-se o processo de cada operação em uma máquina, trocando-se as ferramentas manualmente, com diversos operadores, que chamaremos de atividade A. 66 Tabela 2 – Folha de verificação das etapas para corte e furação. Atividade A Duração (minutos) Selecionar e posicionar a peça na máquina de corte 2 Corte com serra 1 9,6 Corte com serra 2 8,7 Içar a peça da cortadeira e leva-la até a furadeira 4,2 Posicionar a peça na máquina de furação 1,1 Furar com a broca 1 12 Furar com a broca 2 21,5 Furar com a broca 3 22,7 Furar com a broca 4 13,9 Içar a peça da furadeira e depositá-la em local apropriado 4 TOTAL 99,70 Fonte: Elaborado pelos autores (2014). Já na tabela 3 a mesma operação realizada na máquina adquirida com o intuito de otimizar o TRF por intermédio das novas aquisições tecnológicas, chamada de atividade B, conforme medição e observação em loco. Tabela 3 – Folha de verificação das etapas da Peddinghaus. Atividade B Selecionar a peça e posicioná-la na Peddinghaus Duração (minutos) 2 Corte com serra 1 e serra 2 (simultâneos) 9,75 Peça segue pela mesa de rolete até a furadeira 0,3 Furar com as brocas 1, 2, 3 e 4 (simultâneos) 28,9 Peça segue pela mesa de rolete até a área de depósito apropriado TOTAL 1,2 42,15 Fonte: Elaborado pelos autores (2014). Enquanto na operação A, utiliza-se como mão de obra 1 operador e 1 ajudante na cortadeira, 1 operador de pórtico, 1 operador e 1 ajudante na furadeira, totalizando 5 colaboradores para desempenhar a atividade A, que computa 99,7 minutos de duração. Já na atividade B, utiliza-se um único operador treinado, pois a 67 automatização da máquina substitui muitos dos movimentos humanos e o içamento é substituído pela alocação de uma mesa de roletes que transporta os produtos acabados da mesma, totalizando 42,15 minutos para desempenhar a mesma operação da atividade A, conforme fora dito. O gráfico 1 relata os resultados obtidos após a aplicação de setup mecanizado, por intermédio do desempenho da atividade A em comparação com a atividade B, levando-se em conta seus agentes ativos. Gráfico 1 – Setup Convencional versus TRF. Setup Convencional versus TRF 99,70 42,15 5 Convencional Tempo de Realização (Minutos) 1 TRF (Peddinghauss) Número de operadores Fonte: Elaborado pelos autores (2014). Conforme pode ser observado no gráfico, o processo produz ganhos expressivos, reduzindo o tempo da operação citada praticamente pela metade, otimizando o uso de mão de obra que poderá eventualmente ser utilizada em outras etapas do processo produtivo que agregam valor de fato ao produto e consequentemente ao cliente. Conforme a análise dos dados computados nas folhas de verificação implantadas e esclarecidas nos textos, nas tabelas e no gráfico supracitado, observa-se o comparativo das informações pautadas pelo tempo de setup de realização da operação nas atividades A e B. O tempo de setup torna-se então um indicador que viabiliza a aplicação do TRF, pois é facilmente salientado no processo, 68 desde que as informações tenham veracidade comprovada, uma equipe treinada para aplicação e comprometimento de todos os envolvidos no processo, e mediante análise dos resultados, evidenciar-se a evolução da aplicação das técnicas de TRF. Segundo Slack (2007), o tempo de atravessamento é um fator diferencial no custeio de sistema de manufatura, logo, movimentações de materiais através de operações mais rápidas resultam em uma operação mais enxuta e produtiva. Além de diminuírem-se drasticamente os tempos necessários para a realização das operações, com a automação dos processos evita-se que os trabalhadores atuem manualmente nos aparelhos, seja operando, trocando as ferramentas ou preparando peças e lotes para fabricação. Ou seja, os trabalhadores estarão menos propensos a sofrer acidentes, tendo em vista que o contato direto destes com o equipamento, no que tange a operação, é cada vez menor. Agir: De acordo com o que for obtido nas análises dos resultados, poderá ser montado o plano de ação, para aplicação ou correção de algumas falhas no processo de implementação antes de aplicá-las. No caso da aplicação da TRF na Oyamota do Brasil S/A, pode-se investir e implementar os métodos que propiciem esta técnica, dentre os quais, por exemplo, no detalhamento dos projetos no departamento de engenharia e a automação do processo produtivo, que seria, neste último caso, como corrigir, melhorar e/ou expandir os processos já existentes. Em virtude das análises partirem das técnicas de controle, que são o, diagrama de causa e efeito e folhas de verificação no caso da TRF, a implementação de novas informações a serem coletadas, as melhorias dos questionários, as instruções de como as informações devem ser coletadas e processadas, o treinamento dos colaboradores quanto a aplicação destas planilhas, entre outros, devem ser sempre buscados, assim de melhorar a eficiência dos processos e a otimização dos mesmos e dos resultados almejados. Dessa forma, é notório que cada um dos três processos de fabricação apresentados neste trabalho tem sua importância específica ao processo produtivo da empresa, seja com máquinas que estejam relacionadas ao setup convencional, à Peddinghaus ou manualmente. Entretanto, percebeu-se que os maiores benefícios, principalmente quanto à redução do setup, seriam alcançados se houvessem maiores investimentos no que tange à substituição do processo convencional pela 69 aquisição de máquinas de alta performance, no caso a Peddinghaus, pois a otimização no processo que a mesma causa é evidente quando comparada aos outros processos utilizados na empresa. Caso alguma técnica seja escolhida, deverá ser aplicada assim que possível. No entanto, se alguma apresentar quaisquer falhas no decorrer do processo, o ciclo PDCA que rege a aplicação de tal técnica deverá ser reiniciado até que a mesma produza os resultados pretendidos. 4.2.2 5S Planejar: A Oyamota do Brasil S/A dispõe de um espaço físico adequado, desde os setores diretamente relacionados ao processo produtivo, até os starts dos processos e os staffs. Em virtude disso, há igualmente disponível uma enormidade de maquinário, equipamentos, peças, ferramentas, matéria prima, produtos em processo e acabados e entre outros, estagnados ou em constante movimentação todos os dias na organização. Em virtude do exposto, um elevado grau de eficiência no que tange à organização e disposição de todos esses ativos, regidos pelas doutrinas do 5S fazse novamente necessário. No entanto, conforme fora observado na empresa em questão, hora a aplicação dos princípios do 5S são aplicados de forma insatisfatória, hora estes sequer existem. Logo, um plano de ação para de fato analisarem-se os ensinamentos dos sensos de utilização, organização, limpeza, padronização e disciplina é recomendado, pois o 5S é uma excelente técnica de organização do espaço de trabalho e conduzem a empresa a uma excelência de utilização, disponibilidade e produtividade, assim como um ambiente de trabalho seguro e limpo com qualidade eficiente. Os sensos devem ser aplicados na ordem que foram descritos acima, pois a etapa anterior prepara a etapa que a sucede e favorece os resultados e a dinâmica de aprendizado e monitoramento. Executar: Para consolidar esta etapa, os sensos serão abordados por ordem de aplicação. 70 Seiri - Senso de seleção, utilização, descarte, arrumação. No departamento de produção, a utilização e arrumação na maioria das vezes são pouco presente. Por exemplo, as ordens de fabricação são dadas por intermédio de projetos impressos e enviados à produção. Apesar de existir em alguns dos setores, pedestais, armários e prateleiras para armazenar estes projetos facilmente evidenciam-se nos setores projetos obsoletos, projetos que já deveriam ter seguido para outros setores e/ou armazenados no local de projetos finalizados. Ou seja, neste caso, já existem os procedimentos adequados para armazenagem dos mesmos, seja durante a fabricação ou após o término desta, no entanto, a ausência de procedimentos adequados, de controle e de gerenciamento destas ações torna essa questão ineficiente. Os demais itens desnecessários à fabricação do projeto em questão são igualmente identificados depositados nos setores, desde ferramentas e peças, até produtos acabados, descartes, sucata e entre outros. A organização dos itens intrinsecamente relacionados ao projeto que se deseja finalizar já não é uma tarefa fácil, e é por vezes ainda mais dificultado pelo acúmulo destes itens sobressalentes no parque de produção. Seiton - Senso de ordenação, organização, sistematização. Na Oyamota do Brasil/SA a organização dos materiais necessários ao processo produtivo não está presente em todos os setores da produção, alguns dos problemas identificados, por exemplo, foram as ferramentas e materiais desarrumados, no chão, ou seja, em lugar indevido, o que se caracteriza como uma falha na padronização da ordenação destes, os quais deveriam estar posicionados em lugar adequado para quando requisitada sua utilização facilitar o acesso. Entretanto, foi identificado também que há corretas identificações de armazenagens na empresa, que auxilia na comunicação visual, assim como arrumação dos materiais que são considerados úteis ao processo. A figura 31 mostra uma bancada no chão de fábrica com alguns materiais e ferramentas desorganizadas sob esta. 71 Figura 31 – Desorganização de materiais. Fonte: Elaborado pelos autores (2014). E na figura 32 é evidenciado o processo de melhoria após aplicado o senso de organização no almoxarifado da empresa. Figura 32 – Senso de organização aplicado no almoxarifado. Fonte: Elaborado pelos autores (2014). A demarcação das áreas de circulação também é fator que promove o senso de ordenação, e na empresa estudada tal fator foi observado no setor de usinagem que há uma boa e adequada comunicação visual, como pode ser observado na figura 33. 72 Figura 33 – Demarcação de área de circulação. Fonte: Elaborado pelos autores (2014). Seiso - Senso de limpeza, zelo. É fato que na empresa estudada a questão da limpeza, no que tange à ideia de “o mais importante não é limpar, e sim não sujar” não se adapta muito, devido tratar-se de uma metalúrgica, onde qualquer tipo de poeira, ou pequenos pedaços de materiais é facilmente encontrado no chão de fábrica. Entretanto esse senso é implementado na empresa com a execução de varrições diárias em determinadas áreas da fábrica pelos funcionários, cerca de 30 (trinta) minutos antes do fim do expediente de trabalho. Ou seja, o colaborador é educado a manter seu ambiente de trabalho limpo e zelar por ele, estimulando-os a assim mantê-los, como pode ser observado na figura 34. Também se evidencia esse senso com a definição dos locais para coleta seletiva, como pode ser verificado na figura 35. Figura 34 – Varrição executada pelo colaborador. Fonte: Elaborado pelos autores (2014). 73 Figura 35 – Coleta seletiva. Fonte: Elaborado pelos autores (2014). Seiketsu - Senso de asseio, de saúde, higiene. No que tange ao senso de higiene e saúde, este é implantado na empresa estudada a partir do controle e manutenção dos sensos anteriores, assim como através de eventos internos que promovam palestras aos colaboradores, difundindo materiais educativos sobre saúde, como prevenção à DST’s e tabagismo, por exemplo, além do incentivo as práticas de esportes, e ginástica laboral. Está presente também o cuidado para que as informações e comunicados distribuídos na empresa sejam de fácil leitura e compreensão, como a sinalização de lugares perigosos com placas; e o asseio com uniformes, com ferramentas e com os objetos e utensílios utilizados no setor de trabalho, como os EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) e EPC’s (Equipamentos de Proteção Coletiva). Além disso, o zelo pelos equipamentos, ferramentas, asseio pelas áreas de banheiros, bebedouros e lavatórios são de suma importância para a implantação do 4º S. Como exemplo referente ao sendo em questão, segue a figura 36 que mostra a sinalização referente à lugares e materiais perigosos na empresa estudada. 74 Figura 36 – Sinalização de materiais perigosos. Fonte: Elaborado pelos autores (2014). A indicação do extintor de incêndio, item de suma importância à segurança no trabalho, também é remetida à este senso. Assim como placas que caracterizam as informações e comunicados importantes que facilitam aos colaboradores as práticas do senso em questão. Tais exemplos podem ser visualizados na figura 37. Figura 37 – Sinalizações. Fonte: Elaborado pelos autores (2014). 75 Shitsuke - Senso de autodisciplina, educação, manutenção da ordem, comprometimento. O senso da autodisciplina na empresa estudada é consolidado com o cumprimento de todos os sensos anteriores. A conscientização buscada acerca dos “4S” anteriores pela empresa estudada é feita através do comprometimento dos colaboradores através do estímulo da autodisciplina, a fim de manter um ambiente de trabalho ético, respeitando as normas e procedimentos da empresa, cumprindo os horários e executando as tarefas de maneira responsável. Por exemplo, quando cada colaborador em seu setor tem a noção de sua importância e responsabilidades de maneira mútua com os outros setores, devido a dependência que existe entre eles. Verificar: A verificação do 5S, se este realmente foi/está sendo executado de forma eficiente na Oyamota do Brasil S/A, será feita com questões contidas em uma lista de verificação, auxiliando na prática de cada senso. Para o 1º S têm-se os seguintes questionamentos, por exemplo: - Há objetos desnecessários no local de trabalho? - Há quantidade excessiva de material? - Tais objetos/materiais foram identificados e separados adequadamente? - Houve melhor organização do local de trabalho, diminuição da perda de tempo e desperdício de recursos com a aplicação do senso? No que tange ao 2ºS, os possíveis questionamentos são: - Há um local determinado para cada tipo de objeto? - Os materiais/equipamentos estão organizados e identificados? - Os materiais quando retirados e usados, são colocados no mesmo lugar? - As regras de ordenação são obedecidas? - Houve melhoria no local de trabalho com a aplicação do senso? Quais? Os questionamentos possíveis para o 3ºS são: 76 - Há segurança e qualidade nos postos de trabalho? - Os colaboradores realizam diariamente a limpeza do seu local de trabalho? - Cada colaborador limpa sua própria área de trabalho tem consciência dos benefícios com a aplicação do senso em questão? - Houve melhoria no local de trabalho com a aplicação do senso? Quais? Quanto ao 4ºS, podem-se destacar os seguintes questionamentos: - Os banheiros, vestiários e armários estão em boas condições? - Há preocupação por parte dos colaboradores pela higiene no local de trabalho? - Os colaboradores utilizam os EPI’s e EPC’s adequados em cada setor? - A sinalização de lugares perigosos com placas está adequada? - É frequente a realização de palestras sobre saúde? - Como ocorre o incentivo às praticas de esporte? - Houve melhoria no local de trabalho com a aplicação do senso? Quais? Por fim, para verificação do 5ºS os questionamentos são, por exemplo: - Há algum material fora do lugar? - Há material útil perto de objetos inúteis? - Os materiais/equipamentos estão organizados, identificados e limpos? - O relacionamento entre os colegas é bom? - Os EPI’s estão sendo usados? - Quais as melhorias obtidas com o estímulo da autodisciplina? Agir: A empresa estudada poderá agir em cada senso de diferentes maneiras, caso o ciclo não execute com eficiência o plano de ação determinado até a fase de verificação. Sendo esta ação em busca de um ideal comum, com melhores condições de trabalho em um ambiente onde impere o bem-estar dos colaboradores. A ação para aprimoramento do senso relacionado ao descarte na empresa estudada consiste em identificar os materiais, objetos e ferramentas, que são necessários e desnecessários, descartando esses itens ou estabelecendo um local apropriado. 77 Quanto ao senso de ordenação irá buscar-se agir onde fora detectados problemas, criar um ambiente de trabalho onde cada objeto, equipamento ou ferramenta tenha seu lugar e procurar mantê-los, facilitando o uso imediato desses quando requisitados, e desenvolvendo um sistema de comunicação visual que atenda as necessidades operacionais e segurança do trabalho. Quanto ao 3ºS, a empresa irá agir, em casos em que, por exemplo, o colaborador não tenha comprometimento com suas responsabilidades no que tange a limpeza e zelo do seu ambiente de trabalho, mostrando a este a importância da aplicação e manutenção deste senso para sua melhor qualidade no ambiente, ações estas conquistadas através de estímulos e educação dos colaboradores quanto aos fatores que evidenciam os benefícios de aplicação do senso em questão. O senso de asseio, saúde e higiene terá ações corretivas caso não haja as devidas condições de ferramentas, equipamentos, EPI’s, dentre outros objetos e áreas utilizadas pelos colaboradores já supracitados e visualizados na fase de execução. Além disso, se não forem frequentemente organizadas e realizadas palestras sobre saúde ou que incentivem à pratica de esportes, por exemplo, iniciálos e mostrar a devida importância que tais fatores têm para que tenham colaboradores mais saudáveis e satisfação pessoal. A autodisciplina poderá buscar agir no que diz respeito à falta de comprometimento dos colaboradores para a aplicação dos sensos anteriores, já que este último senso envolve a boa fluidez com que os anteriores foram desempenhados e se obtiveram bons resultados. Ou seja, deverá agir-se buscando o desenvolvimento pessoal, melhoria da disciplina e da ética, cultivo de bons hábitos, conscientização da responsabilidade em todas as tarefas. Agindo dessa maneira, tanto a empresa quanto seus colaboradores terão os resultados almejados quando iniciada a fase de planejamento, contribuindo para uma boa qualidade de vida de todos e satisfação, assim como melhoria na imagem dos funcionários e da empresa perante os clientes. 4.2.3 TPM Planejar: Através de entrevista com a equipe de manutenção, foi possível analisar a gestão da manutenção da empresa Oyamota do Brasil S/A, para análise das 78 técnicas: corretiva, preventiva, preditiva e produtiva. E a partir do posicionamento da manutenção como setor intrínseco à empresa, notou-se que esta apresenta ferramentas, técnicas e indicadores para auxiliar na tomada de decisões, providos por uma equipe integrada, com líderes inseridos no meio de gestão e engenharia da manutenção, agregando os valores pertencentes a cada área, bem como suas competências e afinidades. Manutenção corretiva: Essa prática é planejada através do histórico de quebras das máquinas, máquinas com maior incidência de falha e seus tempos de reparo. O histórico gerado subsidia os estoques de peças sobressalentes. Os fatores que dificultam a manutenção corretiva justificam-se pelo fato das máquinas relacionadas diretamente com o processo produtivo serem de origem estrangeira, o que poderão vir a facilitar sua manutenção caso haja o treinamento dos mantenedores e conhecimento das particularidades das máquinas pelos mesmos. Logo na manutenção corretiva realiza-se uma análise dos materiais com maior índice de solicitação e tenta-se manter um estoque mínimo destes itens, em virtude da ocorrência de um eventual sinistro. Manutenção preventiva: É a partir da análise dos indicadores no que tange à manutenção que as equipes programam os trabalhos nas máquinas. Alguns componentes são de difícil medição ou identificação do sinistro, bem como alguns não mantém uma regularidade das quebras, o que torna difícil o processo de previsão e realização dos procedimentos preventivos. Ou seja, há fatores que dificultam o controle, pois nem sempre há regularidade nas falhas de algumas máquinas, o que torna a prevenção das falhas não tão eficiente, uma vez que estas podem ocorrer antes do período previsto. Manutenção produtiva: A manutenção produtiva é planejada sempre que verificada a necessidade de se realizar um serviço. Sendo assim, a equipe de mantenedores já realiza o procedimento verificando a possibilidade de incluir a assistência dos operadores no circuito para aprendizado dos mesmos no que for possível no 79 processo, bem como definição de períodos específicos para realização dos cursos e treinamentos dos operadores. Manutenção preditiva: Quanto à técnica de manutenção preditiva, esta é a única não utilizada pela empresa, porém tem-se a pretensão de implementá-la. Dessa forma, irão ser apresentadas sugestões para aplicar a técnica na etapa “Agir”. Executar: A área de manutenção tem constante contato com a área de produção, tanto que a mesma localiza-se inserida no parque produtivo, pois sua exigência neste é muito maior. Sempre que alguma máquina apresenta uma falha ou defeito, a área da produção solicita formalmente, por meio de um documento, que a equipe de manutenção atue no problema. Manutenção corretiva: A visão da empresa quanto a manutenção corretiva nasce a partir da ideia de que por mais que se tenha ciência que a manutenção deste tipo deve ser evitada, ainda há casos dessas ocorrências, como por exemplo, nos casos de peças taxadas como “de menor importância”, como LED’s das máquinas, lâmpadas, parafusos gastos e demais materiais de difícil previsão de desgaste e troca, que possuem baixo custo aquisitivo e pouco impacto no sistema mediante a ocorrência de um sinistro. A demanda neste caso é feita quando os operadores das máquinas, ao identificarem problemas, solicitam atendimento do departamento de manutenção e requerem aos superiores imediatos que entrem em contato com o departamento em questão, que agendam uma visita ao setor para uma eventual correção da falha. Manutenção preventiva: As técnicas preventivas são as mais buscadas pela empresa em questão, pois previnem os custos mais elevados ao evitarem uma quebra que poderia eventualmente danificar muitos outros componentes. O departamento de manutenção, com base na análise dos indicadores, identifica as peças a serem trocadas com margem de segurança e otimização de 80 custos e tempo, levando-se em conta as características de cada máquina, bem como da análise dos índices das máquinas com maior incidência de quebras, dos períodos que as quebras ocorreriam e dos tempos necessários para conserto sem afetar o fluxo de produção. Como fora mencionado anteriormente, alguns dos processos acerca das ferramentas lean já são buscados pela Oyamota, e dentre estes, apesar de necessitar de aprimoramentos e adaptações, viabilizados pela utilização do ciclo PDCA na sua gestão, a manutenção preventiva destaca-se. A figura 38 mostra um exemplo de como a manutenção preventiva é documentada no próprio equipamento após sua realização, indicando entre outras coisas, a máquina atuada, o setor, o operador, o mantenedor, as atividades executadas, o período de execução, peças reparadas e ciclo para reatividade. Figura 38 – Controle de manutenção preventiva. Fonte: Elaborado pelos autores (2014). Manutenção produtiva: Esta técnica de manutenção é muito visada pela empresa, através da instrução dos operadores pelos mantenedores, pois estes em conjunto, conseguem facilmente analisar as características das máquinas e identificar as possíveis falhas. 81 Logo, ela é realizada e sua demanda atendida sempre que necessário for efetuar consertos nas maquinas, os mantenedores o fazem com o auxílio dos próprios operadores, inclusive com operadores de outras maquinas se possível for. Ou ainda, há um centro de treinamento na fábrica, onde a própria empresa provém o treinamento dos funcionários quanto aos aspectos mecânicos das máquinas. Algumas máquinas possuem características muito particulares que necessitam de um olhar mais técnico, ou seja, apenas podem ser efetuados por pessoas que detêm o conhecimento especifico para tal tarefa. Salienta-se ainda a dificuldade de alguns colaboradores tanto em passar o aprendizado, quanto de assimilar as informações e até mesmo o risco dos operadores confundirem a “assistência” com efetuar o conserto total eles mesmos. Manutenção preditiva: Como já fora supracitado, esta técnica ainda não foi implementada pela empresa estudada, entretanto têm-se a intenção de iniciar brevemente, pois é uma técnica muito importante, pois determina com maior precisão o momento certo de executar a manutenção do aparelho. Algumas características são monitoradas com o auxílio de equipamentos, por exemplo, vibrações, dimensões, temperatura, qualidade do produto, e a composição. Verificar: Manutenção corretiva: Em nível de monitoramento e avaliação da manutenção corretiva, pode-se comparar o mesmo período em anos anteriores à aplicação do plano TPM versus o período em que o plano for aplicado e estiver na fase de monitoramento, onde o quantitativo de solicitações de manutenções corretivas pelos operadores deverá apresentar decréscimo significativo mediante o sucesso comprovado da aplicação das manutenções preventiva, produtiva e preditiva. Manutenção preventiva: A verificação de sucesso do plano TPM no que tange a manutenção preventiva ocorrerá, por sua vez, mediante a comparação do período anterior à aplicação versus o período pós-aplicação e monitoramento, onde deverá ser observada uma queda significativa do índice de quebra das máquinas e 82 equipamentos, em virtude de muitos desses sinistros poderem ter real possibilidade de antecipação à falha no decorrer da atuação da manutenção preventiva na fábrica. Manutenção produtiva: A checagem de sucesso do plano no que tange à manutenção produtiva acontecerá mediante observações dos próprios mantenedores e comprovação sob monitoramento dos índices de quebras das máquinas e equipamentos, que deverão decrescer drasticamente em virtude da boa relação prezada entre mantenedor – operador – equipamento. Outra forma de verificação poderá ocorrer mediante aplicação de testes simples que visem avaliar o conhecimento do operador sobre as características operacionais de seu equipamento e comparar os níveis desse conhecimento antes e depois dos treinamentos ministrados aos colaboradores. Manutenção preditiva: Esta técnica seria ideal para o monitoramento de equipamentos que são fornecidos por empresas internacionais, que possuem peças de reposição de alto custo e que estão distantes da empresa, pois caso uma destas máquinas venha a falhar, sua parada irá comprometer a produção. E foi citado pelos funcionários que já ocorreram falhas em máquinas no qual as peças de reposição vinham de outro país, e estes relatam as paradas de produção para atendimento ao problema, o que compromete o planejamento e execução da obra como um todo. Agir: Como a empresa em questão já utiliza o plano TPM mesmo que de maneira não totalmente eficiente, o que deverá ser feito será uma correção das falhas mediante a aplicação do eficiente método de controle PDCA e além de melhorar as práticas já existentes, aplicar as técnicas que ainda não foram e adequar os métodos otimizados pelo ciclo no sistema funcional da empresa. Em virtude do parque produtivo da empresa ser composto por máquinas e equipamentos das mais variadas características, uma eficiente gestão de manutenção se faz mais do que necessário, pois o aumento não planejado do tempo de fabricação ocasionado por falhas operacionais, e neste caso de manutenção, é um desperdício muitas das vezes difícil de ser calculado pela complexidade de todos 83 os ativos envolvidos direta e indiretamente aos processos, e consequentemente, potenciais alavancadores de onerosidade. De posse das informações obtidas na análise dos dados coletados nos métodos de checagem de atuação do plano, será viável a ação na correção de falhas pontuais, criando foco e alterando exatamente aquilo que de fato necessita, melhorando os planos de ação existentes e buscando sempre a adequação das ferramentas lean à tipologia da empresa objeto do estudo. Tanto para a manutenção preditiva quanto para a corretiva e preventiva, pode-se utilizar o Diagrama de Pareto para se analisar os efeitos das quebras qualitativamente no que tange ao financeiro e/ou impacto no processo produtivo, ou seja, a representatividade da máquina ou equipamento quebrado, dos itens de reposição, dos tempos gastos para conserto e entre outros, na visão geral do processo produtivo da Oyamota do Brasil em conjunto com a manutenção. 4.2.4 Kanban Planejar: A partir de entrevistas diretas com os coordenadores de produção, encarregados e gerentes, observações em loco e comprovações mediante estudos pessoais, identificaram-se problemas relacionados à não utilização de sinalização no processo produtivo da empresa analisada. Para tanto, enumeramos estes problemas abaixo: Extravio de peças; O extravio de peças é um desses grandes problemas enfrentados, e o principal, pois acontece em todo o processo produtivo, desde a separação dos itens para produção até o momento de sua identificação e localização para embarque, que possui como ação corretiva a reposição ou a refabricação dos itens extraviados não localizados. Além dessas reposições causarem os danos já sabidos, como onerar os custos de matéria prima, mão de obra, energia e demandar tempo para o reprocesso, deve-se levar em consideração o caráter ETO da empresa. Sendo assim, os processos tornam-se ainda mais caros, por necessitarem de um conhecimento específico das equipes de fabricação, de matéria prima característica 84 para muitos dos casos, e de tempo, em virtude de não se tratarem de itens produzidos em série. Quantitativo não conforme; Outro problema identificado e salientado durante o processo, trata-se de na hora da confecção de itens em grandes quantidades, principalmente itens de pequenas dimensões, a quantidade produzida não conferir com a solicitada pelo projeto, passando muitas das vezes para o processo seguinte com quantidades inferiores ou até mesmo superiores as solicitadas. Dificuldade de localização; Além dessas, outra dificuldade é evidenciada na hora da localização dos itens dentro do parque de produção, seja para passar ao processo seguinte, inspeção pelo departamento de qualidade ou quando preparadas para embarque, como já fora mencionado. Elevado tempo de produção. Devido à grande quantidade de etapas de processos produtivos e das diversas obras que as preenchem ao mesmo tempo, torna-se necessário sinalizar exatamente quando uma etapa está pronta para passar à etapa subsequente, para que não haja perda de tempo por espera devido o item não estar acondicionado em local adequado e principalmente, por não estar devidamente sinalizado, dando ordem ao processo imediato de que o mesmo está pronto para seguir na cadeia de produção. Executar: Analisando-se os pontos supracitados, tais problemas poderiam eventualmente ser atenuados ou até mesmo eliminados, caso fosse instituído a utilização de cartões kanban durante todo o processo. Eventualmente, necessitariam de alguma adaptação ao processo ETO, no entanto, os ganhos seriam facilmente evidenciados. Analisando-se os tipos de cartões existentes, como o kanban de produção, de sinalização e de retirada, deve-se adaptar cada tipo à um problema identificado e à tipologia da Oyamota. Como por exemplo, para os casos de extravio 85 de itens, a adequação do kanban de produção para identificar o tipo de item a ser fabricado, a quantidade e a obra a que pertencem. Aos casos de espera excessiva pela etapa seguinte de conclusão dos processos da etapa anterior, a utilização do kanban de retirada, informando que a etapa foi concluída e o item está pronto para seguir processo. A utilização e adaptação adequada dos cartões são muito importantes para seu sucesso, tanto na empresa em questão quanto para qualquer outra que necessite, no entanto, a implementação de um plano de treinamento eficiente que acompanhe o desencadear da aplicação do kanban na empresa é de vital importância para que este sucesso almejado seja alcançado. A linguagem e as informações prestadas devem estar claras, padronizadas e acessíveis a todos os níveis da organização, pois de outra forma de nada adiantará sua utilização se não for plena e para tanto, um bom treinamento deve ser utilizado e as consequências de sua boa utilização devem ser igualmente enfatizados. Dessa forma, segue a figura 39, que demonstra o modelo de cartão kanban proposto para empresa durante a análise detalhada de cada processo. Figura 39 – Cartão kanban. Fonte: Elaborado pelos autores (2014). Como forma de aprimorar o processo de utilização dos cartões kanban propostos, estes foram confeccionados com as devidas informações referentes à obra, datas de entrada e saída, além de serem identificados os desenhos com suas 86 descrições, quantidade, peso total e lead time. Informações estas que juntamente com a definição do setor atual ao qual o cartão se localiza e o setor sucessor irão auxiliar na organização do processo produtivo, servindo desde a identificação das peças para seguir sequência de fabricação, inspeção de qualidade e preparo à expedição, e com informações como quantitativos e tipologia da obra, as identificações se tornam mais fáceis e os riscos de extravios são bruscamente diminuídos. Verificar: No intuito de checar a eficiência na aplicação do plano e monitoria dos resultados produzidos, pode-se abrir ocorrências para medir os itens extraviados e confrontá-los com um período igual ao de pré aplicação do plano, afim de verificar as melhorias alcançadas quantitativamente, através de gráfico de barras, ou ainda o Diagrama de Pareto, medindo a representatividade dos itens extraviados e não extraviados em relação ao processo produtivo, fluxo financeiro e entre outros. Através de folhas de verificação, medir o grau de conhecimento de todo o chão de fábrica antes e depois da aplicação do plano em relação ao kanban; o comprometimento de toda a equipe com o sucesso do plano e as expectativas de resultados do mesmo, tanto positivo quanto negativamente. Com base nos mecanismos de verificação, podemos conflitar se as vantagens estabelecidas na aplicação do kanban são de fato comprovadas, em quanto tempo estas ocorrem, as melhorias efetuadas e quais itens são passíveis de aplicação ou não. Segue explanação das vantagens da utilização do sistema de cartões kanban, analisando-se as características do processo produtivo da Oyamota do Brasil: O kanban é um sistema autocontrolado e extremamente simples de ser implementado; Separação dos lotes de acordo com cada especificação; Redução dos desperdícios no chão de fábrica; Redução do tempo total de fabricação do item ou término de processo; Eliminação dos estoques intermediários; 87 Sinalização adequada de onde se encontram dispostos os produtos no decorrer do processo; Produção dos itens na exata quantidade solicitada; Facilidade na programação da produção; Facilidade de checagem e conferência de produtos acabados e semiacabados; Maior extração da capacidade produtiva da empresa, tendo em vista que os setores são bem mais aproveitados. O kanban tem baixo custo de implantação. Verificar: De acordo com o observado, e analisando as vantagens da utilização dos cartões kanban, percebe-se que o emprego dos mesmos na Oyamota do Brasil será de grande impacto no gerenciamento dos conflitos mencionados, tanto nos casos de extravio, quanto para a otimização do tempo de processamento dos itens, por exemplo. Caso o programa seja aceito e aplicável na empresa, o mesmo deverá ser instalado para corrigir, amenizar e/ou erradicar estas falhas de processo. Se o programa apresentar falhas durante a aplicação ou mostrar-se inaplicável, deve-se rodar o ciclo PDCA novamente, com o auxílio das equipes que identificaram os problemas para corrigi-los e/ou melhorar os processos que foram aceitos e tentar ao máximo possível adaptar as filosofias kanban aos processos peculiares da empresa Oyamota do Brasil e caso seja necessário, adaptar as informações a serem preenchidas nos cartões tanto à empresa, quanto a cada setor em específico. Com a comprovada eficiência do programa, o sistema kanban poderá facilmente ser aplicado em outros setores da empresa, buscando sempre o sistema de melhoria contínua nos setores de produção em que o mesmo já tenha sido aplicado e avançar os processos que apresentam falhas nos departamentos futuros, economizando tempo, recursos e compartilhando o know-how adquirido. Além disso, a boa prática do sistema possibilita a revelação de problemas que antes poderiam eventualmente estar camuflados, devido ao grande número de estoque intermitente entre processos, acúmulo de produtos acabados e semiacabados, falha de comunicação, reprocessamentos e entre outros. 88 5 CONCLUSÃO Nas atuais conjunturas de mercado, cujo se encontra inserido em meio à alta concorrência, consumidores cada vez mais exigentes e escassez de recursos, as empresas devem ainda ater-se a produzir com qualidade, flexibilidade, rapidez, segurança e confiança, tendo estas e outras características envoltas por um sistema de produção ao menor custo possível, e consequentemente, livre de desperdícios. Diante deste cenário, uma das melhores ferramentas sabidas, capaz de viabilizar o necessário para solucionar este impasse e garantir o ciclo da melhoria contínua, da otimização dos processos e, por conseguinte a consolidação da organização no mercado trata-se da aplicação da filosofia Lean Manufacturing. Sendo assim, buscou-se atrelar as características desta filosofia à realidade da empresa objeto deste estudo de caso, levando-se em consideração as características particulares de uma indústria de caráter Engineer To Order e da filosofia Lean, bem como de todas as adaptações a serem feitas para integra-las em um sistema funcional. O lean manufacturing é uma vertente gerencial que tende à otimização dos processos existentes da empresa e neste caso, do processo produtivo, agindo em todos os níveis deste departamento em específico tanto horizontal como verticalmente, já que tende à integração da organização como um todo em prol de objetivos comuns e que devem ser percebido por todos: Produzir no tempo certo, na quantidade certa, do jeito certo e na primeira vez, com baixos custos, alta qualidade e flexibilidade. Ou seja, a adequação do processo produtivo visando a eliminação de tudo que não agregue valor aos clientes internos e/ou externos. O paradigma de que a filosofia lean não se aplica em indústrias de caráter ETO foi posto em questão neste trabalho, muito em torno de uma exploração mais profunda das características da filosofia e de como tais técnicas seriam adaptadas à realidade da empresa a fim de produzir os resultados pretendidos. O lean, como fora dito, trata-se de um mecanismo que visa a produtividade livre de tudo aquilo que não percebe valores aos clientes e é traduzida na forma de desperdícios à organização. Os estudos iniciais foram direcionados exclusivamente ao processo produtivo da empresa, analisando as consequências das mudanças, as alterações e adaptações a serem realizadas no parque produtivo e como tais melhorias poderiam eventualmente serem efetivadas e futuramente, propagas pelos demais setores. 89 Com base na sinergia dos estudos das ferramentas que embasam a filosofia lean e as características do processo produtivo da empresa analisada, puderam-se identificar os pontos de maiores oportunidades de melhorias. Sendo assim, foram selecionadas as ferramentas TRF, 5S, TPM e Kanban, pois dentre outras propriedades, além de algumas já estarem em fase de aplicação, buscou-se o melhoramento destas já iniciadas e a preparação para a aplicação das ainda não existentes e que segundo as análises, produzirão os resultados mais expressivos a curto e médio prazo e dissipação da doutrina por toda a organização. Após análise criteriosa da empresa e das necessidades de adaptação da filosofia lean, fora definido o ciclo PDCA como técnica mestra de gerenciamento e regência de aplicação das ferramentas lean supracitadas. A utilização do ciclo possibilita a elaboração de um plano de ação a ser seguido, dividido em etapas sequenciais que assinalam os problemas a serem amenizados e/ou erradicados, a indicação da melhor ferramenta de ação, como esta deve ser planejada, aplicada, monitorada e de acordo com os resultados analisados, a definição do que será melhorado, descartado e efetivado, passível de mudanças e adaptações a todo instante, dando sequencia e sentido ao ciclo e à melhoria contínua. Conclui-se que as ferramentas lean selecionadas são passíveis de adequação à realidade da empresa ETO em questão, podendo produzir resultados significativos ao serem regidos pelo ciclo PDCA, ferramenta de fácil manipulação e entendimento, e quando utilizado sinergicamente ao lean, mostra-se muito eficiente no gerenciamento dos processos de aplicação das técnicas enxutas, projetando expectativas muito promissoras quanto aos resultados esperados de atuação e desempenho da organização. 90 6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS Com base no que fora elucidado e com foco na performance do plano de produção enxuta e seus resultados produzidos, coloca-se em pauta a viabilidade de aplicação do plano em outros setores da organização que não seja diretamente o processo produtivo, como por exemplo o setor de engenharia, suprimentos e\ou qualidade. Também é possível aprofundar os estudos realizados no processo produtivo e analisar a viabilidade de se aplicar outras ferramentas lean no departamento ou ainda, comprovar com base na análise de dados, os resultados positivos e negativos encontrados após a aplicação do lean nos quesitos abordados no estudo de caso deste trabalho. 91 REFERÊNCIAS ANTUNES JUNIOR., J. Em direção a uma teoria geral do processo na administração da produção: uma discussão sobre a possibilidade de unificação da teoria das restrições e a teoria que sustenta a construção dos sistemas de produção com estoque zero. Tese (Doutorado). Programa em Administração, UFRGS, Porto Alegre, RS, 1998. ANTUNES, J.A.V. A lógica das perdas nos Sistemas de Produção: uma análise crítica. Anais do XIX ENANPAD, João Pessoa [s.n.], 1 CD-ROM p.357-371, 1995. Automotiva. XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 2005. BRITTO, M. de F. P. de; ROTTA,. C. S. G. A implantação do Programa 5S num hospital geral privado do interior do Estado de São Paulo como ferramenta para a melhoria da qualidade. São Paulo, v. 3, n. 11, p. 9 -13, 2001. CALEGARE, A. J. de A. Os mandamentos da Qualidade Total. 3. ed. Barueri: InterQual International Quality Systems, 1999. CHAVES FILHO, J. G. B. Aplicação da padronização do método de trabalho segundo uma metodologia baseada na produção enxuta: um estudo de caso. Universidade Federal de São Carlos. Curso de Graduação em Engenharia de Produção – Materiais. Trabalho de Graduação II. São Carlos – SP, 2007. CONTADOR, J. C. Gestão de Operações. Fundação Vanzolini. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 1997. CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração da produção e de operações, manufatura e serviços: uma abordagem estratégica. São Paulo: Atlas, 2005. CUSOMANO, M. A. The Japanese Automobile Industry. Cambridge: Harvard University Press, 1989. DIAGRAMA de causa-efeito. Ishikawa. Disponível em: <http://www.lugli.com.br/2009/08/diagrama-de-causa-efeito-ishikawa/>. Acesso em: 15 mai. 2014 FALCONI, Vicente, TQC – Controle Total da Qualidade, 2.ed. Minas Gerais: INDG, 2004. 92 FIGUEIREDO, R. M. Implantação do sistema puxado em uma empresa produtora de bens de capital. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Engenharia de Produção e Sistemas) – Universidade do Estado de Santa Catarina, Joinville, 2010. FUJIWARA, O. et al. Evaluation of performance measures for multi-part, singleproduct kanban controlled assembly systems with stochastics acquisition and production lead times. Internacional Journal of Production Research, London, v. 36, 1998. GANDRA, M. A. et al. Programa 5S na Fábrica. CEFET-MG. Belo Horizonte – MG, 2006. Disponível em: <http://www.leadempresarial.com.br/ site_lead/imagens_arquivos/academica/Programa%205S%20na%20Fabrica.pdf>. Acesso em: 16 mai. 2014. GIUSTI, D. A. Desafio lean manufacturing. Curso de Engenharia De Produção. Campinas – São Paulo, 2012. HARMON, R.L., PETERSON, L.R.D. Reinventando a Fábrica: Conceitos Modernos de Produtividade Aplicados na Prática, Rio de Janeiro: Campus, 1999. HINES, P., TAYLOR, D. “Going Len”. Lean Enterprise Research Centre, 2000. IMAI, M. - KAIZEN. A Estratégia para o sucesso Competitivo. Rio de Janeiro: Instituto IMAM, 1988. INSTITUTO ANTONIO HOUAISS. Dicionário eletrônico da língua portuguesa 1.0. CD-ROM. Rio de Janeiro, 2001. ISHIKAWA, K. Controle de Qualidade Total: à maneira japonesa, Editora Campos, Rio de Janeiro, 1993. LEAN INSTITUTE. Desafios para pensarmos lean além das fábricas. Disponível em <http://www.lean.org.br/artigos/29/desafios-para-pensarmos-lean-alem-dasfabricas.aspx>. Acesso em 25 mar. 2014. LEAN LEXICON. Jidoka: The evolution toward Jidoka. Disponível em: <http://www.lean.org/Common/LexiconTerm.aspx?termid=233>. Acesso em 26 mai. 2014. 93 MARSHALL JUNIOR, Isnard et al. Gestão da Qualidade. Rio de Janeiro. FGV, 2008. MAXIPROD Informática Industrial Ltda Website. Artigos disponíveis em <http://www.maxiprod.com.br/?opcao=paginas&idPagina=181>. Acesso em: 15 mai. 2014. MONDEN, Y. Sistema Toyota de Produção. São Paulo: IMAM, 1984. NOGUEIRA, L. C. L. Gerenciamento pela Qualidade Total na Saúde. Editora de Desenvolvimento Gerencial. Belo Horizonte, 2003. OHNO, T. O Sistema Toyota de Produção: além da produção em larga escala. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. OYAMOTA do Brasil S/A. Disponível em <http://www.oyamota.com.br/institucional>. Acesso em: 20 set. 2014 PERGHER, I.; RODRIGUES, L. H.; LACERDA, D. P. Discussão teórica sobre o conceito de perdas do Sistema Toyota de Produção: inserindo a lógica do ganho da Teoria das Restrições. São Carlos, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/gp/v18n4/a01v18n4>. Acesso em: 16 mai. 2014. PIRES, S. R. I. Gestão da Cadeia de Suprimentos: conceitos, estratégias, práticas e casos – Supply chain management. São Paulo: Atlas, 2004. QUINQUIOLO, J. M. Avaliação da Eficácia de um Sistema de Gerenciamento para Melhorias Implantado na Área de Carroceria de uma Linha de Produção Automotiva. Taubaté⁄SP: Universidade de Taubaté, 2002. RENTES, A. F.; NAZARENO, R. R.; SILVA, A. L. Mapeamento do fluxo de valor para produtos com ampla gama de peças. In: XXIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Ouro Preto-MG, 2003. RENTES, A.F., QUEIROZ, J.A., ARAUJO, C.A.C. Transformação Enxuta: Aplicação do Mapeamento do Fluxo de Valor em uma Situação Real. In: XXIV Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Florianópolis-SC, 2004. RIANI, A. M. Estudo de caso: o Lean Manufacturing aplicado na Becton Dickinson. Monografia submetida à coordenação de curso de Engenharia de Produção da 94 Universidade Federal de Juiz de Fora. Juiz de Fora - MG, 2006. RIBEIRO, H. A bíblia do 5S. 2. ed. Salvador, Casa da Qualidade, 2006. RIBEIRO, R. N. L. Aplicação de Técnicas de Melhoria Contínua em Processos Produtivos. Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica, 2011. ROCHA, E. V. M.; SCAVARDA, L. F.; HAMACHER, S. Considerações sobre a Produção sob Encomenda e Customização em Massa aplicadas à Indústria, 2005. RODRIGUES, M. V. Entendendo, aprendendo e desenvolvendo sistemas de produção Lean Manufacturing. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. _________. Entendendo, aprendendo, desenvolvendo qualidade padrão seis sigma. Rio de Janeiro, Qualitymark, 2006. ROTHER, M.; SHOOK, J. Aprendendo a enxergar: mapeando o fluxo de valor para agregar valor e eliminar o desperdício. São Paulo: Lean Institute Brasil, 2003. _________. Learning to See - Value Stream Mapping to Add Value and Eliminate Muda, The Lean Enterprise Institute, MA, USA, 1998. SAIA, R. O Lean Manufacturing aplicado em ambientes de produção engineer to order. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade de São Paulo, Escola de Engenharia de São Carlos, Departamento de engenharia de produção São Carlos, 2009. SHIBA et al. TQM: Quatro revoluções na Gestão da Qualidade. São Paulo: Atlas, 1997. SHINGO, S. O Sistema Toyota de Produção do ponto de vista da Engenharia de Produção. 2. ed.ª edição. Porto Alegre: Bookman, 1996. _________. Sistema de Troca Rápida de Ferramenta: Uma Revolução nos sistemas produtivos. Porto Alegre: Bookman, 2000. SHINOHARA, I. New Production System: JIT Crossing Industry Boundaries. Productivity Press, 1998. 95 SIGNIFICADO de Diagrama de Pareto. O que é Diagrama de Pareto. Disponível em: http://www.significados.com.br/diagrama-de-pareto/. Acesso em: 16 mai. 2014. SILVA, A.L. Desenvolvimento de um modelo de análise e projeto de layout industrial orientado para a Produção Enxuta. 2009.243f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2009. SILVA, C.E.S.; SILVA, D.C.; NETO, M.F. & SOUSA, L.G.M. 5S: Um programa passageiro ou permanente? ENEGEP, 2001. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2007. SOUZA, R. C. de; DEMÉTRIO, T. V. O ciclo PDCA e DMAIC na melhoria do processo produtivo no setor de fundição: um estudo de caso da empresa de uma indústria e comércio ltda. Faculdade Anchieta – Curso de Administração, 2010. TACHIZAWA, T; SACAICO, O. Organização Flexível: qualidade na gestão por processos. São Paulo: Atlas, 1997. VIEIRA, R. Sistematizar o processo de desenvolvimento de produto engenheirado utilizando as ferramentas da qualidade. Universidade do Estado de Santa Catarina - Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas, Joinville – SC, 2011. VOSS, C. A., Just-In-Time manufacture, Londres: Springer/Verlag, London. 1987. WERKEMA, C. Lean seis sigma: introdução às ferramentas do lean manufacturing. 2 ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. _________. As ferramentas da qualidade no gerenciamento de processos. Belo Horizonte: Fundação Cristiano Ottoni. Escola de Engenharia, 1995. WOMACK, J. P.; JONES, D. T. A Mentalidade Enxuta nas Empresas: Elimine o desperdício e crie riquezas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.