Adolescentes e Participação Política RG Redação Maria Adrião Realização UNICEF – Anna Penido, Silvio Kaloustian, Ana Maria Silva, Denise Bueno Revista Viração – Paulo Lima, Vivian Ragazzi, Camila Caringe Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto – Ana Teresa de Castro Bonilha, Sandra R. Francisco, Ana Maria Peres Silva Jovens CEDOC Ademir Franco Paré Junior Camila dos Santos Frigatto Camila Regina dos Santos Eliene Santana Correia Felipe Fortunato Rodrigues da Silva Helber Pereira dos Santos Juliana Camila Santos Celestino Karina Ferreira da Cruz Micaela Carolina Cyrino Natiele Souza Santos Rafael Neves Biazão Renata Marley Silva Neri Rodrigo Gomes Soares Revisão Técnica Mônica Santana – Cipó Comunicação Interativa Maria Virgínia de Freitas (Magi) – Ação Educativa Colaboração Thiago Victor – Grupo Vhiver Revisão de Texto Andréa Vidal Diagramação Vitor Massao Flávio Yamamoto William Haruo Fotos Arquivo Revista Viração e ONG Bom Parto Ilustrações Marcio Baraldi, Natália Forcat e Lentini Apresentação “A política, para mim, é uma aliança entre a população e os representantes políticos que elegemos. Ela é importante para a organização do Estado e o convívio social. No passado, os jovens já gritaram, reivindicaram e lutaram por um espaço na política. Hoje, o que temos de fazer é aprender a unir forças, qualquer que seja a etnia ou classe social. E nos manifestar em debates, grêmios estudantis e fóruns.” Tatiane Vasconcellos, 18 anos – Samambaia (DF), estudante da Escola Técnica de Brasília Você deve estar se perguntando o que significa, afinal de contas, o termo participação política e o que ele tem a ver com a sua vida e com o seu papel como agente de promoção dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos. Pois bem. Ao longo deste fascículo, tentaremos responder isso da forma mais simples possível. Adiantamos, porém, que esse tema é muito importante para todos nós e que política não é coisa somente de engravatados, nem sinônimo de corrupção. Na primeira parte do fascículo explicaremos a você o que é essa tal política e qual a sua relação com a participação. Em seguida, diremos o que os adolescentes e jovens têm a ver com esses assuntos e quais os espaços de participação existentes, além de darmos dicas de como você pode multiplicar essas informações com seus pares e dicas da postura que um jovem protagonista deve ter! Mas você não acha que tiramos todos esses assuntos que estão aqui da cartola ou somente da nossa cabeça, não é? Na verdade, este fascículo foi produzido com base na experiência acumulada por organizações não-governamentais que trabalham com adolescentes e jovens, em pesquisas na internet, em livros, guias e cartilhas produzidas. Sem contar a troca de ideias com jovens que fazem política na sua comunidade e na sua vida. A proposta é que você se aproprie das referências sobre política e participação juvenil contidas neste fascículo, mas que também possa criar outras, levando em consideração as características da sua comunidade e o seu objetivo com este trabalho! Então, mãos à obra! Essa tal política 1 Antes de mais nada, é importante esclarecermos o que entendemos por política, por que a maioria das pessoas ainda a considera como algo chato e muito distante de sua realidade e pensa que fazer política é papel exclusivo dos políticos. Não é bem assim, não. Tem gente que pensa que política é papo careta, diz respeito apenas ao governo, aos políticos profissionais (deputados, vereadores, prefeitos...). Outros acham que tem a ver com discursos, eleições, partidos ou é coisa de especialista. Na verdade, a política não está fora de nós, não é algo apenas dos políticos. Ela interessa a todos nós, faz parte do nosso dia a dia. Há mais de 2 mil anos, o filósofo grego Aristóteles já dizia: “Toda pessoa é um ’animal político‘”. E ele não estava brincando. Era papo sério e vale até hoje. Política é toda atividade que as pessoas praticam com o objetivo de influenciar os acontecimentos, o pensamento e, sobretudo, as decisões da sociedade em que vivem. Ela envolve uma tomada de decisão com o objetivo de atender a determinados interesses. Portanto, duas palavras são a chave para compreender política: decisão e interesses. contribuindo para formar a chamada “opinião pública”. Mesmo que ações como essas sejam pequenas, o fato é que, ao praticá-las, estamos fazendo política. Já deu pra perceber que cidadania e participação têm tudo a ver com política? A origem da palavra cidadania vem do latim civitas, que quer dizer “cidade”. Ela foi usada na Roma antiga para indicar a situação política de uma pessoa e os direitos que essa pessoa tinha ou podia exercer. Cidadania é um conjunto de direitos e deveres que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de sua gente. E participar é um dos principais instrumentos na formação de uma atitude democrática. Quem participa ativamente da vida de uma comunidade, de uma cidade, Estado ou país, torna-se sujeito de suas ações, é capaz de fazer críticas, de escolher, de defender seus direitos e também de cumprir melhor os seus deveres. Muitos jovens fazem isso. Talvez você já esteja fazendo também. Quando muitas pessoas fazem política juntas, fora dos partidos e dos governos, mas com organização e objetivos comuns, chamamos isso de movimento social. Existem jovens em diversos movimentos sociais, alguns criados por eles mesmos, como, por exemplo, o Movimento Passe Livre, que defende um direito garantido na Constituição: o de ir e vir. Essa galera mostra como é possível pensar num jeito diferente de se organizar, de participar politicamente e lutar pela cidadania. Quando você decide participar de um movimento com o objetivo de modificar o comportamento dos moradores de seu bairro em relação à limpeza e ao lixo acumulado nas ruas, por exemplo, está fazendo política. Isso porque suas ações irão colaborar para resolver problemas da comunidade, como diminuir os focos de dengue, a ocorrência de enchentes etc. Além disso, todo mundo tem um forte papel político, às vezes até sem perceber. Na lanchonete ou dentro do ônibus, quando falamos mal ou bem do governo ou de um partido, estamos tentando, digamos, fazer a cabeça dos outros, que, por sua vez, tentarão fazer a de outros. Trocando em miúdos: com isso, estamos 1. Texto extraído e adaptado da cartilha sobre política elaborada pela Revista Viração na ocasião da I Conferência Nacional de Juventude, realizada em Brasília, em abril de 2008. Isto é fazer política: • Quando você conversa com seus pais para poder ir àquela festa tão esperada e chegar mais tarde em casa; • Quando você negocia com seu amigo o programa de televisão a que assistirão no domingo; • Quando você junta a galera da comunidade num mutirão para lavar o muro da escola. Por que essas são formas de fazer política? • Porque nesses casos há duas ou mais partes envolvidas, cada qual com uma vontade, argumentando e negociando entre si para chegar a uma decisão final que seja boa para todos ou pelo menos diminua o conflito; • Porque você está participando da tomada de decisões na sua própria casa e fora dela; • Porque você está interferindo na sua realidade e na dos outros. • Podemos concluir, então, que a política não está ligada somente aos partidos e aos políticos, mas também, entre outras coisas, à forma como nos relacionamos em sociedade. Isso envolve diálogo, escolhas, negociação, defesa de pontos de vista, luta por direitos, cumprimento dos deveres e interferência na realidade. Se liga Os políticos que conhecemos e nos quais votamos, como os vereadores, prefeitos, deputados estaduais, senadores, deputados federais e o presidente da República, fazem a política da forma mais conhecida, porque são representantes escolhidos pelo povo através do voto. Vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores formam o Poder Legislativo e têm o papel de: 1. Fazer novas leis e mudar as antigas; 2. Decidir quanto dinheiro dos nossos impostos será gasto em cada área (Saúde, Transporte, Educação etc.), aprovando o orçamento público; 3. Fiscalizar os outros políticos, por exemplo, por meio das CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito), que vivem aparecendo na televisão. Secretários, prefeitos, governadores, ministros e o presidente da República têm um papel um pouco diferente. Eles são responsáveis pela administração e formam o Poder Executivo. Eles devem: 1. Elaborar políticas públicas, programas e serviços públicos; 2. Decidir onde e como gastar o dinheiro de cada área (Cultura, Meio Ambiente, Assistência Social etc.); 3. Representar nossas cidades, estados e países em negociações dentro e fora do Brasil. Não se esqueça de que o Poder Executivo, como o próprio nome já diz, executa a política pública com base no que o Poder Legislativo indica. Política e participação: uma dupla dinâmica Você já pensou nas muitas coisas de que participa no seu dia a dia? Da aula de matemática, das brincadeiras de rua, do seu time da escola, do almoço de família no domingo, da escolha da roupa que veste etc. Tudo isso é participação mesmo, mas existe outro tipo de participação que vamos destacar aqui: a participação política. Participar da política é, como vimos, muito mais do que ser um político tradicional. De acordo com o Guia de Atitude, produzido pela galera da Rede Sou de Atitude da Bahia, “Participar politicamente é o poder que o cidadão possui para interferir e contribuir direta ou indiretamente nas decisões políticas que serão tomadas por nossos governantes. É o poder de pressionar os responsáveis para tomar as decisões, de modo que elas possam beneficiar a todos, ou pelo menos a maioria das pessoas da sociedade”. Nesse sentido, é importante se envolver na construção, no monitoramento, na avaliação e na manutenção ou transformação das políticas públicas, que, muitas vezes, são decididas pelos governantes sem a interferência da população. Políticas públicas é um conjunto de ações que tem como objetivo atender as necessidades da população, tais como saúde, educação, segurança e tudo aquilo que está ligado ao bem-estar dessa população. A política pública é formulada pelo governo com a participação do cidadão. Um passo importante na construção de políticas públicas que atendam as suas necessidades é votar em candidatos que defendam as causas de seu interesse. Afinal, ele representará você e outros milhares de pessoas que desejam a mesma coisa que você. Por isso é tão importante conhecer melhor o histórico do candidato – quais os seus ideais e bandeiras, se já esteve envolvido em algum caso de corrupção, qual o seu passado político etc. – para saber se ele lutará e defenderá as questões que você considera importante. Por exemplo, como podemos votar em um candidato que é contra a união civil entre homossexuais, se acreditamos na igualdade de direitos entre todos, independentemente da orientação sexual? O voto é um exemplo que ilustra claramente como a participação política é importante. Mas fique esperto, porque o voto é somente uma das formas de participação. Na página 19 falaremos mais sobre isso. Pra entender melhor ir da nstruída a part co a lic b ú p a ic lít gratuita plo de po l, a distribuição Aí vai um exem si ra B o n : e d a d los socie , pílula etc.) pe a h mobilização da in is m a (c s es sobre ntraceptivo o de informaçõ de métodos co çã za ili ib n o p is d ento de e a ica do planejam lít o p serviços de saú a d e rt a p ade usá-los faz e uma necessid d u como e quando e sc a n a lic b olítica pú oas, familiar. Essa p icipação de pess rt a p a d e a inista, in min Movimento Fem o d da população fe s te n ta ili m mulheres indicaram principalmente ropostas e reiv p m ra ra o b la e aram, ue essas que se organiz s e a pressão q a st o p ro p s a m ica, talvez Se rticipação polít esses direitos. a p a m se , ja , ou se . pessoas fizeram nosso país hoje m e a ic lít o p a s ess s que não tivéssemo ação de pessoa iz n a rg o a e lv vo política en s mas não A participação já é direito dela e u q sa u ca r em a e um jam transforma se e d lutam em prol d e u q sa u foi a luta u de uma ca ista de direitos u é respeitada, o q n co a d co ti irida) mplo prá eficiência Adqu d o n u direito. Um exe Im a d e ) Aids (Síndrom (antirretrovirais s to n e m a ic d do Movimento e os m 96, sso universal a cionada em 19 n sa i le a em prol do ace m u a oença. Graças a esses que tratam a d cesso gratuito a r te m e d o p s ís. a de de todo o pa todas as pesso ú sa e d s o iç rv nos se medicamentos Fala, galera! Se liga Criada a partir da pressão popular, a Lei no 9.313/96 – Lei Sarney – Art. 1o garante acesso universal aos medicamentos contra aids. Essa lei possibilitou a portadores do HIV (Vírus da imunodeficiência Humana) e doentes de aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) receber gratuitamente do Sistema Único de Saúde (SUS) toda a medicação necessária ao seu tratamento. Uma coisa importante a saber é que uma política pública pode deixar de existir ou então não ser implementada como deveria. Por isso, temos de verificar se as ações estão acontecendo ou não. Esse monitoramento é muito importante, pois garante a continuidade e a qualidade da política. Vimos, por exemplo, que o acesso aos medicamentos contra aids é um direito de todos e que devem ser distribuídos gratuitamente pelo SUS. Mas será que eles estão chegando aos serviços de saúde? As pessoas que vivem com o HIV têm facilidade para obtê-los? O Movimento Aids está sempre atento a essas questões, ou seja, está monitorando, acompanhando a execução da política. Caso falte remédio para o tratamento da aids, os movimentos pressionam o governo para que a política seja cumprida e fique cada vez melhor! 10 Conversamos com o jovem Thiago Victor, de 21 anos, militante do Movimento Aids de Belo Horizonte, para saber sua opinião sobre participação política e como ele participa: “O negócio é o seguinte: primeiro participar não tem que ser visto como uma obrigação, mas ser visto como uma forma de protesto, de mudança, de indignação, de ATITUDE! Bem, eu particularmente vou dar aqui um exemplo meu de como participo, beleza? Seguinte, eu tenho HIV há mais ou menos seis anos. De uns três anos pra cá, eu comecei a querer mudar a situação em que eu vivo, sabe como é que é... Eu percebia que a Saúde não tava nem aí pra quem tinha HIV. O pessoal achou que, depois que inventaram o remédio e começaram a distribuir de graça, eles tinham terminado o serviço... Mas não é bem assim não. O remédio salvou e salva ainda nossas vidas, graças a Deus, mas vejam só… por exemplo, quem aí nunca fez uma piadinha sobre aidético na escola com aquele amiguinho lá sempre mais zoado? Mesmo que não tenham feito, já ouviram? E aí, acharam legal? Pois é, quem é soropositivo, que vive com o vírus HIV e deve ter ouvido essa piadinha, no mínimo ficou muito mal e triste. Não precisam ficar assustados não, pois passam por isso também os homossexuais, quando as pessoas viram e falam: ’ô veadinho‘! Acham que é uma brincadeira linda, superengraçada, mas na real isso ofende e muito quem é e não é nada daquilo que a piada diz... Enfim, o que isto tem a ver? Tem a ver que isto estimula e gera o preconceito... Então, percebemos que os remédios eram só a pontinha do iceberg, porque o que mais prejudica mesmo é a doença social do HIV/aids. O preconceito, a discriminação, entre outras coisinhas mais. Depois que eu comecei a perceber isto daí, quis mudar essas coisas. Isso foi só a porta da tragédia, porque depois eu vi que a Saúde não nos atende integralmente. Além disso, ainda não reconhecem os direitos humanos dos soropositivos, que envolvem o acesso a trabalho, a tratamento e muito mais. Aí eu comecei a me tornar o que chamam de ’ativista‘. Mas o que eu comecei a fazer mesmo foi denunciar as infrações que o serviço público faz e fazia, foi denunciar que o acesso ao tratamento da lipodistrofia é precário, pois tem gente que não pode pagar um ônibus pra ir à academia e por isso não 11 faz ginástica, que é fundamental contra a doença. Foi dizer ao governo que os jovens que vivem com HIV sofrem preconceito à beça na escola e por causa disso muitos deixam de estudar e outros acabam se matando. Foi dizer também que os remédios pro HIV, que foram feitos pra adultos, não servem muito para as crianças, entre outras coisas... Mas não parou por aí não. Fui tentando também levar esses assuntos para dentro de programas governamentais, como o Programa Saúde e Prevenção nas Escolas, que aborda a prevenção das DST/HIV/aids. Depois fui participando de eventos e levando a pauta de como é viver com HIV/aids na juventude, as consequências, do que precisamos, o que conquistamos etc. Essa é a importância do lance, é concretizar as nossas reivindicações, tornar melhor a vida do povo e a nossa também, tornar melhores algumas coisas por aí afora.” r Pra entende melhor a mudanças n s à o d a d e é o nom mas Lipodistrofia em em algu c te n o c a e u rpo q l antiforma do co om coquete c to n e m ta ofia, a tr olve lipodistr v pessoas em n e s e d a o s a pes pelo HIV. Quando ormalmente n i u ib tr is d e os rdura a gordura nã tidade de go n a u q a ta n das corpo. Aume rte de cima a p a n e a ig ade barr ui a quantid in no tórax, na im d e ) a ada gib ente costas (cham sto do corpo, principalm o re ços. de gordura n as e nos bra rn e p s a n , to no ros Pra ouvir Mandamos uma música que tem tudo a ver com o tema da participação. Vai ficar pacato vendo o tempo passar pela janela ou partir para a luta e fazer alguma coisa? Pacato cidadão (Samuel Rosa/Chico Amaral) Pacato cidadão, te chamei a atenção Não foi à toa, não C’est fini la utopia, mas a guerra todo dia Dia a dia não Tracei a vida inteira planos tão incríveis Tramo à luz do sol Apoiado em poesia e em tecnologia Agora à luz do sol Pra que tanta tevê, tanto tempo pra perder Qualquer coisa que se queira saber querer Tudo bem, dissipação de vez em quando é bão Misturar o brasileiro com o alemão Pra que tanta sujeira nas ruas e nos rios Qualquer coisa que se suje tem que limpar Se você gosta dele, diga logo a verdade Sem perder a cabeça, sem perder a amizade Consertar o rádio e o casamento Corre a felicidade no asfalto cinzento Abolir a escravidão do caboclo brasileiro Numa mão educação, na outra dinheiro Pacato cidadão Ô pacato da civilização 12 13 E os jovens, nisso tudo? A participação dos jovens esteve presente em momentos históricos muito importantes para o nosso país, como a briga para o Brasil se tornar uma República, a resistência à ditadura através do movimento estudantil, a luta pelas Diretas Já, quando reconquistamos o direito ao voto etc. No entanto, os adultos ainda têm grande dificuldade de ver o jovem como um sujeito que tem muito com o que contribuir. Na época da ditadura militar (1964-1984), o governo tentava, a todo custo, fazer a sociedade pensar que os jovens eram bagunceiros, sonhadores e que suas propostas eram um perigo para todos. Essa ideia está na cabeça de muita gente até hoje, e não só por causa do Regime Militar no Brasil, mas de tantos questionamentos e lutas que os jovens já fizeram no mundo todo. Lutas que deixaram muita gente poderosa com medo do que a juventude pode propor. Não levar o jovem a sério é uma forma de tentar desmotivá-lo e evitar as mudanças. Mesmo assim, os jovens estão se organizando cada vez mais: • engajando-se no movimento estudantil (UNE – União Nacional dos Estudantes, UMES – União Municipal dos Estudantes Secundaristas, grêmios etc.); • participando de grupos que atuam em espaços de cultura e lazer (grafiteiros, teatro e dança de diferentes estilos, skatistas, bandas musicais); • mobilizando-se em torno de uma causa ou campanha (grupos ecológicos, acampamentos internacionais da juventude, campanhas via Internet); • atuando em espaços públicos sob a forma de grupos religiosos, como as pastorais; • atuando na forma de redes, movimentos e grupos que se organizam na luta pelos direitos das mulheres, dos homossexuais, dos negros etc. Participação Juvenil e a bandeira dos Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos Por Rafael Neves Biazão, Projeto Tecer o Futuro, São Paulo/SP A participação juvenil envolve, antes de mais nada, assumir a postura de transformar a realidade a sua volta, provocar mudanças. Muitos jovens têm sonhos e desejos, mas não conseguem achar o melhor caminho para alcançar seus objetivos. Muitas questões que aparecem na vida do jovem estão relacionadas à fase que ele está vivendo, e várias questões não são faladas abertamente na família, na escola ou mesmo na sociedade mais ampla. O jovem que defende a bandeira dos Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos tem a função de fazer com que esse jovem entenda o que ele está passando, compartilhe seus conhecimentos e lute por uma sociedade melhor. Jovens atuantes em prol dos Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos devem esclarecer as dúvidas em relação à sexualidade e, se não souberem fazer isso, indicar quem possa fazê-lo. Se não souberem indicar ninguém, devem correr atrás das respostas. Adolescentes e jovens têm direito a ter atendimento sem discriminação de qualquer tipo, com garantia de privacidade. Os problemas reais da sociedade estão aí para as pessoas verem. O jovem participativo não tem simplesmente de passar informações sobre esses problemas, e também não está ali para bancar o professor e ensinar ninguém. O importante é colocar os assuntos referentes aos direitos sexuais e aos direitos reprodutivos na roda e fazer com que as pessoas conversem e reflitam sobre seus direitos e os das outras. Ele também tem de tentar envolver outras pessoas, buscando aliar-se a elas para ter mais força para lutar contra os problemas da sociedade, até porque para o jovem é muita responsabilidade dar conta do recado sozinho. Por isso, tem muita gente que precisa ser convocado para essa luta, como o governo, os educadores, os familiares, os legisladores. O jovem é fundamental, mas não tem de estar sozinho em ações como essa. É mais rico e eficaz cada um fazer a sua parte e todo mundo atuar junto. É importante também que as pessoas que o vejam atuar tenham respeito pelo seu trabalho. E isso deve ser conquistado a partir de uma atuação responsável e democrática. Isso permitirá, entre outras coisas, que a sociedade comece a lhe dar ouvidos. Lembrando,que ele não deve ter a postura do “Eu sou o sabe-tudo”. Deve estar aberto, pois sempre tem algo a aprender. 14 15 Fala, galera! Também conversamos com Thiago Victor sobre participação, sobre o que ele acha da participação juvenil. Confira: Rapaziada, ser jovem neste Brasil e neste mundo de hoje é pedreira! Mas como que seria, então, nossa forma de participar? Começaríamos muito bem por aqui ó, fazendo com que esse povo nos levasse mais a sério! Parece brincadeira, mas não é não. Numa mesa-redonda estão discutindo lá alguns adultos (10 ou 20) e alguns jovens (1 ou 2) sobre determinado tema, até que o debatedor pergunta: “Então, jovem, o que tem a dizer sobre isso?”. Uma das primeiras coisas que devem passar na cabeça dos adultos deve ser algo do tipo: “O que esse moleque vai dizer agora? O que ele sabe sobre isso? Por acaso ele é formado em alguma coisa?”. Enfim, coisas assim. Aí, quando você finalmente abre a boca, dizem: “Nossa! Silêncio, o jovem vai falar! Que lindo!”. Mas lógico que existem participações legais por aí, onde somos respeitados de fato. Mas o que eu quero mesmo dizer é que nós, jovens, temos de participar em espaços onde nunca imaginamos participar. Sabem por quê? Porque esses lugares são justamente aqueles onde mais precisamos estar, é claro! Nós nunca nos imaginamos participando de nada, porque nos ensinaram que jovem não participa, jovem escuta! Jovem só obedece! Jovem não discute! Que baboseira é essa?!? Quem disse isso?!? Primeiro, se nós não participarmos, se nós não dissermos o que achamos, não dissermos o que queremos, vai continuar a mesma coisa: um adulto de 39 anos representando os jovens em tal lugar, outro adulto de 50 anos dizendo que nós precisamos daquilo e daquilo outro, uma senhora dizendo que isto é melhor pra nós e que isso não é bom pra nós... Ah! O mais importante! Antes que confundam isto tudo com zorra, não significa que qualquer um também, só por ser jovem, já vai se apossando das coisas. Tudo isto requer preparo, seriedade e trabalho, muito trabalho. Enfim, então qual a diferença que faz a participação juvenil? Toda, meus caros. Porque aí mostramos que nós temos o direito à voz, que temos direito a exigir o melhor pra nós, que podemos, sim, palpitar em “temas de adultos” também, que sabemos o que queremos, o que não queremos, do que a educação precisa, o que nos falta na saúde, o que falta na cidade em termos de cultura e diversão. Caramba, nós podemos! 16 Quais as formas de participação? Toda forma de participar vale a pena, e isso está garantido na lei! A Constituição de 1988 estimula o envolvimento da sociedade civil organizada no debate de soluções para problemas que afetam sua realidade local, municipal, estadual e federal. Se liga A expressão sociedade civil organizada se refere a todos os movimentos e instituições criados pela vontade de um ou mais grupos de pessoas que buscam estruturar a participação dos cidadãos. A gente já falou de algumas formas de participação que acontecem no seu dia a dia, na sua relação com os outros e com o lugar onde você vive. Mas existem outros espaços superimportantes em que você, como jovem, tem direito e dever de participar. Isso sem falar naqueles que você também pode criar. 17 a) Participação eleitoral pelo voto b) Espaços de participação política e social na escola • Grêmio estudantil • Conselho escolar • Representante de sala Pra entender melhor nos presenta os alu re e u q e d a d ti s ntil é a en ministrada pelo Grêmio estuda d a e a d ia cr é io la. Ela r feito. O Grêm se ve dentro da esco e d e u q o peças e decidem (saraus, shows, estudantes, qu is ra u lt cu s e as, d ativida (feiras de ciênci is a n o pode organizar ci ca u d e ão de s, atividades , políticas (eleiç s) a teatrais), festa in fic o s, to n s nhecime m os estudante co s ia le gincanas de co b m e de classe, ass com a representantes escola, reunião a d s a m le b ro de p s z, campeonato para pensar no re d xa o d e b lu ivas (c log, direção), esport ação (mural, b ic n u m co e d , dação s) da nhas de arreca a p futebol, Olimpía m a (c is a ci e ações so , coleta jornal), além d s em uma ONG e d a d vi ti a s, to de alimen ) e políticas. seletiva de lixo 18 c) Espaços de participação política e social na comunidade • Grupos religiosos • Grupos comunitários (p. ex.: associações de bairro) • Organizações não-governamentais • Grupos culturais • Conselhos de gestão comunitária (como o da Unidade de Saúde) d) Espaços de participação política institucional • Partidos políticos • Conselhos Municipais, Estaduais e Nacionais de Políticas Públicas (saúde, educação, assistência social, juventude) • Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente • Conferências municipais, estaduais e nacionais de diversas áreas, como da juventude, da saúde e LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) Se liga Conferência é um encontro no qual se discutem os caminhos das políticas públicas, com a participação do governo e da sociedade civil através de votação. As conferências podem ser municipais, estaduais ou nacionais. Um marco recente para os jovens foi a realização, em abril de 2008, da I Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude. Foi uma grande conversa, com gente de todo o país – principalmente jovens que militam nos mais diversos movimentos sociais –, sobre os desafios e as soluções necessários para melhorar a vida da juventude brasileira. Foi solicitado ao poder público, pelos próprios jovens, que se crie oportunidades para garantir o que é direito da juventude, como educação e saúde de qualidade, trabalho, moradia, locomoção na cidade, expressão cultural e artística. 19 e) Movimentos sociais • Movimento Negro • Movimento Aids • Movimento de Juventude (que existem diversos segmentos) • Movimento LGBT • Movimento Feminista etc. f) Redes e fóruns • Rede Nacional de Jovens Vivendo com HIV • MAB (Movimento de Adolescentes Brasileiros) • Rede Sou de Atitude • Rede de Jovens pelo Enfrentamento ao Abuso e Exploração Sexual • Rejuma – Rede Juventude e Meio Ambiente • Fonajune – Fórum Nacional de Juventude Negra Se liga Assim como os movimentos sociais, as redes são outra forma de as pessoas se organizarem para lutar por um objetivo comum. A rede é responsável pelo compartilhamento de ideias entre pessoas e/ou grupos que têm interesses, valores e objetivos em comum. Existem várias maneiras de as redes se organizarem e empreenderem suas ações. Em tempos de Internet e tecnologia, as formas de articulação e encontros para discutir os temas são variadas e criativas. Tá na mão Clic louco r você pode baixa em UBES on line, r), .b rg .o ne .u ww r No site da UNE (w entos para monta odelos de docum m e s lei m co s quivo gratuitamente ar ter sua entidade. para criar e man s ca di r ra nt co de en seu grêmio, além 20 21 O que são os Conselhos de Políticas Públicas? O que são os Conselhos de Gestão Comunitária? Também conhecidos como Conselhos Gestores, os Conselhos de Políticas Públicas sugiram no início da década de 1990 por pressão dos movimentos sociais (mais uma vez, os movimentos sociais fizeram a diferença!). A mobilização partiu dos envolvidos com a saúde pública e as organizações que lutavam pelos direitos das crianças e adolescentes e pela participação da sociedade civil na gestão das políticas públicas. Eles queriam um espaço onde a sociedade civil e o governo discutissem as políticas públicas conjuntamente: governo + cidadãos organizados. Os Conselhos de Gestão Comunitária tem como um de seus principais objetivos integrar as pessoas da comunidade na decisão e no acompanhamento de ações desenvolvidas por instituições existentes na comunidade. É o caso, por exemplo, do Conselho Escolar, que conta com a participação dos profissionais de Educação, da direção da escola, dos alunos, dos pais ou responsáveis pelos alunos, dos professores e da comunidade local – juntos eles elaboram o projeto político-pedagógico (planejamento de ações anual) e acompanham as atividades realizadas na escola. Os Conselhos de Políticas Públicas têm o papel de monitorar as políticas públicas em diversas áreas, como saúde, educação, assistência social etc. Eles existem nos municípios, nos estados e em nível nacional, com o objetivo de saber se as políticas estão acontecendo de fato, se o dinheiro está sendo empregado de forma adequada, se as necessidades da população estão sendo atendidas etc. Os Conselhos Escolares também são um espaço fundamental para pautar os Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos. Por isso, é importante que: • a escola promova espaços informativos e de debate sobre a saúde sexual e saúde reprodutiva com o envolvimento dos professores, alunos e pais; • o debate sobre saúde sexual e saúde reprodutiva faça parte do projeto político-pedagógico, que envolve a participação de toda a comunidade escolar; • as atividades educativas realizadas pelas escolas sobre os direitos sexuais e os direitos reprodutivos sejam contínuas, ou seja, que aconteçam ao longo do ano, inclusive por meio de eventos extra sala de aula. Infelizmente, a maioria das pessoas ainda desconhece a existência dos Conselhos de Políticas Públicas, o que enfraquece a participação do povo nesses espaços, que são canais superimportantes de diálogo com o governo. É fundamental que elas percebam que a participação nesses conselhos é um direito, porque é participando dessas instâncias que conseguimos fiscalizar as ações do poder público. Agora que você já sabe do que se trata, divulgue essa informação aos quatro cantos do mundo. Afinal, todos têm o direito de conhecer e participar! 22 23 Outro Conselho de Gestão Comunitária é o Conselho de Gestão da Unidade de Saúde, espaço igualmente estratégico para pautar os direitos sexuais e direitos reprodutivos. E como se chega lá? Você pode levantar essa bandeira e discutir pontos como: • a importância do atendimento de qualidade aos adolescentes e jovens que vão à unidade; • a desburocratização da distribuição dos métodos contraceptivos, em especial do preservativo, para adolescentes e jovens; • situações de preconceito e discriminação que possam surgir nas unidades, no atendimento aos adolescentes e jovens, em especial às mães adolescentes, aos que vivem com o vírus HIV e aos homossexuais; • a importância de criar espaços específicos para os adolescentes e jovens dentro das unidades de saúde, como grupos educativos que discutam as questões da sexualidade, do corpo, da saúde sexual e reprodutiva; • a criação de estratégias de envolvimento dos pais adolescentes no planejamento familiar. Se liga Você sabia que, desde 2003, os Ministérios da Saúde e da Educação, o UNICEF, a UNESCO e o UNFPA firmaram uma parceria para desenvolver nas escolas de todo o país debates sobre sexualidade, prevenção das DST/aids, saúde reprodutiva, relações de gênero, diversidade sexual, entre outros temas? Dessa parceria surgiu o Programa Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE), que tem como objetivos: • contribuir para a redução da infecção pelo HIV/DST e dos índices de evasão escolar causada pela gravidez na adolescência (ou juvenil) na população de 10 a 24 anos; • estimular a participação dos jovens nos espaços de formulação e execução de políticas públicas de prevenção das DST/aids; • instituir a cultura de prevenção nas escolas e na comunidade. Além disso, o SPE traz um elemento inovador, que é a disponibilização de preservativos nas escolas, combinada com atividades educativas sobre sexualidade. Ou seja, além de falar e de refletir sobre a prevenção das DST e da aids e temas afins, você também tem o direito, caso queira, de pegar a camisinha na escola! Para maiores informações acesse: www.aids.gov.br www.mec.gov.br 24 25 Algumas formas de fazer Nesta seção damos duas sugestões de como fazer a diferença na luta pelos direitos sexuais e direitos reprodutivos de adolescentes e jovens. Uma delas é um exemplo prático de como organizar uma ação de advocacy; a outra é sobre como multiplicar os conceitos e ideias trabalhadas ao longo deste fascículo com seus pares através da realização de oficinas. Pra entender melhor amos cacy e encontr vo d a é e u q o r Sou tude, da Rede Fomos procura ti A e d ia u G o n legal origem uma definição glês, mas tem in o d m ve o a rm vox. A ideia seri de Atitude: o te + d a o çã n ju a artir d Assim, lá no latim, a p a uma causa”. u o a o ss e p a um pessoas a de “dar voz a aos direitos de io o p a o n e st si expressão advocacy con seu espaço de o d n lia p m a s, la defesa ou causa promoção e pe la e p o d n a lh a e trab amada s. É também ch o it e ir d s u se e d olítica. de incidência p 26 1. Na prática Entre as questões que vocês irão levantar no grupo, existe uma que é importante para todos nós, agentes de promoção dos direitos sexuais e direitos reprodutivos: o acesso gratuito e universal ao preservativo, sem constrangimentos para os adolescentes e jovens, em quantidade razoável. Então, vamos à prática! Faltou camisinha no serviço de saúde da sua comunidade. O que fazer? Passo 1 – Diagnóstico da situação: Antes de qualquer coisa, é bom entender o porquê da falta da camisinha. Converse com o responsável pela Unidade de Saúde para que ele informe por que não há preservativos disponíveis. Pode ser por falta de organização do próprio serviço de saúde, porque a entrega atrasou ou até mesmo porque o governo ainda não enviou as camisinhas. De qualquer forma, a Unidade de Saúde é a responsável legal por essa distribuição. Passo 2 – Mobilização: Nesse momento, é possível agir de duas maneiras: • Unir-se à Unidade de Saúde lutando junto com ela para garantir os preservativos; ou • Mobilizar-se, de preferência junto com outras pessoas e grupos. Um caminho interessante é o de colocar a boca no trombone. Isso mesmo! Mobilize seus colegas e a comunidade sobre o caso. Faça cartazes, manifestações em frente a Unidade de Saúde etc. O importante é não ficar parado. Outra alternativa é buscar outras instâncias responsáveis, no caso a Secretaria de Saúde do seu município. Identifique se nesta secretaria existe Programa Municipal de DST/Aids — que coordena a política de DST/Aids do seu município — pois é este o órgão principal responsável, dentro da Secretaria de Saúde, pela distribuição das camisinhas para as Unidades Básicas de Saúde. 27 Você também pode escrever uma carta para jornais ou revistas de circulação local ou nacional relatando o fato. Não se esqueça de exigir que se tomem providências, caso contrário, corre-se o perigo de isso não dar em nada. Passo 3 – Parcerias: Você não está sozinho nessa! Você pode procurar o Fórum ONG/Aids de seu Estado, instância que reúne Organizações Nãogovernamentais (ONGs) que trabalham com as DST/HIV/aids e é responsável, dentre outras coisas, por fazer o monitoramento das políticas públicas em HIV/aids junto ao governo. Esses Fóruns têm um contato muito próximo com as Coordenações Estaduais e Municipais de DST/aids, órgãos das Secretarias de Saúde responsáveis pela política de DST/aids estadual e municipal, respectivamente. 2. Fazendo oficinas Oficina 1 – Jovens e participação Objetivos Refletir sobre a relação juventude–participação Pontuar os espaços e as formas de participação juvenil Tempo: 1 hora e 30 minutos Material: Papel craft e pincéis atômicos Sugestões para o encaminhamento da oficina: • Distribua os participantes em quatro grupos e peça que debatam sobre Participação Juvenil a partir do roteiro. (anexo). • Peça que os grupos elejam um coordenador para, posteriormente, apresentar o que foi refletido e discutido; • Negocie com o grupo o tempo de duração dessa atividade; • Esclareça que a apresentação poderá ser feita na forma de painel, dramatização, música etc. Pontos para a discussão • Como o jovem é encarado pela sociedade? • Todas as instituições sociais encaram o jovem do mesmo modo? Se há diferenças, quais são elas? • Há diferenças na forma como a sociedade percebe o homem jovem e a mulher jovem? • Os jovens participam das decisões e ocupam de fato os lugares de poder? Se não, por quê? • Os jovens estão preocupados em desenvolver ações de luta sobre os direitos sexuais e os direitos reprodutivos? • Jovem é igual em “todo lugar” ou existem diferenças? Se existem, quais são elas? • Como vocês percebem a atuação juvenil nos diferentes espaços, como a sua comunidade, as escolas etc.? 28 29 ANEXO Roteiro para debate • O que entendemos por participação? • Como os jovens participam dos mais diferentes espaços: família, escola, serviço de saúde, instituições religiosas etc.? • Como os jovens podem participar politicamente da defesa dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos? • Quais são os espaços mais comuns de participação dos jovens? • Essa participação pode acontecer de forma mais efetiva? Se sim, como? • Existem ações importantes lideradas por jovens? Quais? • Entre os movimentos que vocês conhecem, quais são liderados por jovens? Oficina 2 – Na luta pelos direitos sexuais e direitos reprodutivos Objetivo Discutir a participação dos adolescentes e jovens na construção de uma sociedade mais justa que respeite os direitos sexuais e os direitos reprodutivos. Tempo: 2 horas Sugestões para o encaminhamento da oficina • Esclareça para aos participantes o que são os direitos sexuais e os direitos reprodutivos (ver Fascículo Temático); • Divida Distribua os participantes em quatro grupos; • Solicite que cada grupo discuta as questões “Como eu e a sociedade encaramos os direitos sexuais e os direitos reprodutivos?” e “Como posso contribuir para que os direitos sexuais e direitos reprodutivos sejam respeitados?”, considerando: a) Minha relação comigo mesmo; b) Minha relação com a família; c) Minha relação com a comunidade; d) Minha relação com a sociedade; e) Minha relação com a escola. Quando os grupos tiverem terminado a discussão, peça que apresentem suas conclusões de maneira criativa (por meio de dança, dramatização, música, mímica etc.). Não se esqueça de determinar o tempo de cada apresentação. Após todas as apresentações, inicie o debate, considerando os seguintes pontos: • Quais os sentimentos despertados na atividade? • Você já tinha parado para pensar sobre os direitos sexuais e os direitos reprodutivos? • Como podemos pautar esses direitos no nosso dia a dia? • Por que a luta por esses direitos é importante? • Por que é importante o envolvimento dos jovens nessa luta? 30 31 Postura do jovem participativo É importante que aqueles que desejam ou sentem necessidade de pôr a mão na massa, de ir à luta, de mudar as coisas com firmeza e tornar melhor a própria vida e a dos outros adotem determinada postura. Essa postura exige algumas habilidades, que listamos abaixo. Lógico que você não precisa ter todas essas habilidades, até porque, na prática, a gente descobre e aprende que também é capaz de fazer as coisas do nosso jeito, sem precisar seguir normas estabelecidas. Mas aí vai o recado: 1. Conhecer e revelar a realidade para ter consistência — primeiramente você tem de conhecer aquilo que quer mudar e as coisas que se relacionam com isso, revelando a situação ou o problema à sociedade. Precisa saber direitinho com o que e com quem está lidando. Por isso é tão importante conhecer mais e mais sobre a causa pela qual está lutando! Para isso, precisa ler livros e jornais, saber quais são as leis que estão em votação, conhecer os movimentos sociais que estão no mesmo barco, as políticas públicas elaboradas pelo governo e tentar fazer parte de algum conselho. a contribuir para a melhoria da comunidade. Ou seja, pensar em estratégias adequadas ao público é fundamental. 5. Perseverança — este é outro item que nunca, nunca pode ser abandonado. Às vezes, as coisas não acontecem como planejado, porque dependemos da ação de outras pessoas e instituições. Mas é preciso manter-se firme e centrado. Por isso, nunca deixe os ideais para trás e busque sempre aqueles que podem fortalecê-lo e dar-lhe novo fôlego. 6. Atitude — a atitude é outro ingrediente que não pode faltar. De nada adianta ficar só reclamando e falando dos problemas. Saber o que quer, correr atrás e ser firme nas colocações são atitudes que fazem a mudança. 7. Falar e aprender a ouvir também são fundamentais. Afinal de contas, ouvir o que o outro tem a dizer e argumentar sobre seu ponto de vista é estratégico numa negociação e aspecto importante no fazer político. 2. Ser propositivo — ficar somente no discurso e não propor alternativas para o problema apresentado adianta muito pouco. Por isso, levante o maior número de informações e pense em estratégias para solucioná-lo. 3. Capacidade de articulação — quanto mais aliados, melhor! Afinal, a união faz a força. Aí entram a articulação política e o estabelecimento de parcerias. A gente tenta por uma porta e não dá, tenta por outra e não dá, vai tentando, tentando, tentando, até que uma hora dá. Temos que ter os pés em todos os lugares, parceiros em todos os cantos. Adultos, outros jovens, o governo, ONGs, a mídia etc. 4. Capacidade de convencimento — convencer o outro de certo assunto envolve duas coisas: primeiro, quem é essa pessoa ou público que você quer convencer? Segundo, que discurso você fará? Uma coisa é convencer seu amigo a se envolver nas ações da sua comunidade; outra é convencer um vereador 32 33 Se liga Participar da luta por uma causa social envolve duas coisas muito importantes: organização e espírito para trabalhar com pessoas diferentes e em grupo. Afinal, uma andorinha só não faz verão. Veja a seguir algumas dicas básicas de como o seu grupo pode se organizar para lutar por uma causa: • Ter claro qual o objetivo do grupo, ou seja, que causa une seus integrantes; • Procurar outras pessoas ou grupos que estejam trabalhando com a mesma causa; • Definir com o grupo o que pode ser feito para atingir esse objetivo; • Organizar as atividades sempre de acordo com os limites de cada integrante; • Acompanhar/monitorar as atividades que o grupo realiza; • Ocupar os espaços de garantia de direitos, como os Conselhos de Políticas Públicas; • Divulgar o trabalho realizado para que outros o conheçam e se unam, fortalecendo ainda mais a causa. 34 35 Tá na Mão is rsetti, Livros imperdíve tersen, Eduardo Co tórios, de Áurea Pe du ro Int s xto Te — Ciência Política ite Ulrich (Editora e Maria Alayde Alb o os dr Pe ng eli Ki Elizabeth Maria Mundo Jovem) tora Brasiliense) ng Leo Maar (Edi ga olf W de , ica lít E (acesso O que é po juventude, do IBAS de ca bli pú ca líti para uma po .pdf) Diálogo nacional ialogo_juv_final21 .br/userimages/d se iba w. ww k: lin no internet no , de João Ubaldo da, como manda an m e qu r po , anda Política: quem m va Fronteira) Ribeiro (Editora No ner (BooLink) Ar thur José Poer o) O Poder Jovem, de tora José Olympi iliano Ramos (Edi ac Gr de e, er rc lso) Memórias do Cá Companhia de Bo d Wilson (Editora un m Ed de , dia lan Rumo à estação Fin Livros do Brasil) mingway (Editora He st ne Er de , am dobr Por quem os sinos Filmes da hora Ratton, 2002. ção de Helvécio re Di — la ve Fa o Rádi e e Zequiel, Jorge, Brau, Roqu s, en jov ro at qu de Conta a história sonho rizonte e tem um vela em Belo Ho fa a um em em e as que viv ta os problemas rádio. O filme retra a um r ta on m : em comum ento dessa rádio. e o desenvolvim nt ra du s en jov alegrias desses lles, 2004. João Moreira Sa de o çã re Di — os Entreat histórico — de um momento es or id st ba os la reve O documentário filmagem 02, a equipe de de outubro de 20 27 a o br m te se de 25 de Luís Inácio Lula o a campanha de ss pa a o ss pa acompanhou de material pública através Re da cia ên id es da Silva para a pr , iões estratégicas sas privadas, reun er nv co o m co o, exclusiv unciamentos e gravações de pron s, do sla tra , as telefonem 36 Tá na Mão rais. programas eleito gartner, 2004. ção de Hans Wein EduKators — Dire s moradores de de jovens amigo o up gr um de ia Conta a histór sas de pessoas para invadir as ca em ún re se e qu , Berlim, Alemanha capitalismo. sagens contra o ricas e deixar men . cia Murat, 2005 s — Direção de Lú Quase dois irmão ens, Miguel, jovem de duas personag ia ór st hi na o ad O filme é base Grande e hoje o político na Ilha es pr ia éd m e ss intelectual de cla e, de pequeno um sambista qu de o filh e, rg Jo l, e deputado federa Vermelho. eres do Comando líd s do m nu ou nsform a assaltante, se tra 50 anos, contad Brasil nos últimos do ica lít po ia ór st Retrata a hi entre essas duas ponto de ligação o r, la pu po ica através da mús us mundos. personagens e se Sherida, 1993. — Direção de Jim eno Em nome do Pai Conlon, um pequ ória real de Gerry st hi na o ad se ba Nesse filme IRA e apontado um terrorista do m co do di un nf co delinquente é entado a sáveis por um at o um dos respon m co te en am st inju no crime, e a sua participação r sa es nf co a o rçad o, ele bomba. Gerry é fo u pai. Condenad ando também se in im cr in a ab ac ma investigação pai, contando co limpar o nome do e cia ên oc in a tenta provar su da. penhada advoga ajuda de uma em , 2004. Jayme Monjardim Olga — Direção de te comunista Olga ideais da militan os e a vid a ta a O filme retra na Alemanha a su infância burguesa a su de do in s, Benário Preste grande história de s de Hitler. Uma gá de as ar m câ mor te numa das 37 Tá na Mão Este material foi testado com adolescentes das comunidades de Heliópolis e Cantinho do Céu em São Paulo. Valeu Galera! cia. amor e intolerân as erial sistematiza de, 2008. O mat itu At de u So de Re Guia de Atitude, líticas públicas de , que monitora po de itu At de u So práticas da Rede ro anos. Você ao longo de quat e, ud nt ve ju e ência infância, adolesc eatitude.org.br. l no site www.soud ia er at m se es r pode baixa Guias Na web p.org.br Política — www.ja Juventude e Ação .br www.interagir.org Grupo Interagir — titude.org.br de — www.soudea itu At g de u So de Re w.ymd.youthlink.or Democracia — ww la pe ns ve Jo de dial Movimento Mun gir.org.br/politica ica — www.intera Falando em polít w.parlatino.org o-americano — ww Parlamento Latin w.une.org.br Estudantes — ww do l na cio Na o iã Un e.blogger.com.br rdeste — www.rjn No do ns ve Jo Rede r w.diaglobal.org.b iado Jovem — ww ar nt lu Vo do al .org.br Dia Glob l — www.lei9840 rrupção Eleitora Co à te ba m Co Movimento de — r e da Democracia Defesa do Eleito em a or Ág to itu st In a.org.br www.institutoagor rg.br dial — www.fsm.o Fórum Social Mun w.enjune.com.br ude Negra — ww nt ve Ju de l na Fórum Nacio 38 Heliópolis Rafael Reis de Almeida Daniel Nunes Pereira Rafael Soares de Oliveira Leonardo Belo da Silva Eduardo Portela Brenda Passos Santos Daniel da Silva dos Santos Mayara Cintia L. Vieira Wellington Wesley Luiz Alessandra dos Anjos Fabiola Batista Cantinho do Céu Vanessa Da Conceição Liliane dos Santos Mendes Ellen Cristina Nascimento Nogueira Luciane Morais Francileide Oliveira Jéssica Aparecida Almeida Costa Lucas Gomes Daniella de Sousa Cardoso Andréia Sabino Estevão Henrique Barbosa Jéssica de Sousa Marques Maxwell Rodrigues Mendes Johnny Nogueira de Souza Ana Carolina Rodrigues de Almeida Felipe Tavares Pessoa John Leno da Silva Vieria Andreza dos Santos Silva Kayone Caroline da Silva Bruna Alves Campos Crione de Sousa Ribeiro Fernando Antônio Raiane Myrele C. dos Santos Aleni Rodrigues Débora de S. P. dos Santos Gessiára de Sousa Augusto E. de C. R. da Silva Henrique S. Vitorio 39 Iniciativa Parcerias