UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA E COMPUTAÇÃO Daniel Guerra Vale da Fonseca MODELAGEM E CONTROLE ADAPTATIVO DE UMA PLANTA DIDÁTICA DE NÍVEL COM INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL Natal-RN 2012 Daniel Guerra Vale da Fonseca MODELAGEM E CONTROLE ADAPTATIVO DE UMA PLANTA DIDÁTICA DE NÍVEL COM INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL Defesa de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e de Computação PPgEEC, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ciências. Área de concentração: Automação e Sistemas. Orientador: Prof. Dr. André Laurindo Maitelli Natal-RN 2012 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Cutter Fonseca, Daniel Guerra Vale da. Modelagem e Controle Adaptativo de uma Planta Didática de Nível com Instrumentação Industrial / Daniel Guerra Vale da Fonseca. – Natal-RN : UFRN, 2012. 15 + 81 p. ; (INPE-00000-TDI/0000) Dissertação () – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN, 2012. Orientador : Andre Laurindo Maitelli. 1. Palavra chave. 2. Palavra chave 3. Palavra chave. 4. Palavra chave. 5. Palavra chave I. Título. CDU 000.000 Daniel Guerra Vale da Fonseca MODELAGEM E CONTROLE ADAPTATIVO DE UMA PLANTA DIDÁTICA DE NÍVEL COM INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL Defesa de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e de Computação PPgEEC, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ciências. Área de concentração: Automação e Sistemas. Aprovada em: Prof. Dr. André Laurindo Maitelli Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Orientador Prof. Dr. Carlos Eduardo Trabuco Dorea Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Membro Prof. Dr. Fábio Meneghetti Ugulino de Araújo Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Membro Prof. Dr. Luís Fernando Alves Pereira Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS Externo À Deus e à minha querida avó (In Memorian). AGRADECIMENTOS À Deus, por tudo, em todos os momentos de minha vida. Aos meus pais e irmão, pelo apoio incondicional ao longo de toda minha vida. À minha avó Lurdinha (In Memorian), por sua grande participação na minha construção pessoal. À todos os Top&Amigos: Victor, Henrique, Motoki, Danilo, Carla, Alan e Leidson, pela amizade e pelo grande apoio desde o início das atividades universitárias. Ao amigo André Dantas, pelas grandes contribuições e ajuda durante a realização deste trabalho. A Fernando Chaves e Pedro Péricles, pela amizade de longas datas, companherismo e conversas. Sempre presentes independente da situação. À todos da Comunidade Católica Reviver pela Misericórdia. Ao meu orientador, professor André Laurindo Maitelli, sou grato pela orientação. Aos colegas, pelas críticas e sugestões. Ao CNPq, pelo apoio financeiro e ao Laboratório de Automação em Petróleo pelos recursos e pela oportunidade de desenvolver este trabalho. “Impossível é um conceito, não uma realidade.”. AUTOR DESCONHECIDO RESUMO As áreas de controle, automação e otimização contribuem para a melhoria dos processos utilizados pelas indústrias, permitindo uma linha de produção rápida, aprimorando a qualidade do produto final e reduzindo os custos de produção. Boas ferramentas para o desenvolvimento de pesquisas nestas áreas são as plantas didáticas, pois proporcionam um contato direto com equipamentos semelhantes ou até mesmo usados no setor industrial. Em vista dessas capacidades, o objetivo deste trabalho é modelar e controlar uma planta didática que consiste de um sistema de controle de processo para vazão e nível com instrumentação industrial. Com o modelo é possível construir um simulador capaz de permitir estudos a respeito do funcionamento do sistema, sem os gastos com a operação do processo real. É o caso de experimentos com controladores, que podem ser testados diversas vezes antes de serem efetivamente utilizados no processo real. Dentre os diversos tipos de controladores existentes, foi dado foco aos de tipo adaptativo, principalmente ao auto-sintonizável direto (Direct Self-Tuning Regulator – DSTR) com ação integral e ao controlador com Escalonamento de Ganho (Gain Scheduling – GS). O controlador DSTR foi projetado com base no método de posicionamento de pólos e teve seus parâmetros calculados através da técnica dos mínimos quadrados recursivos. As características dos sistemas adaptativos foram de grande valia para garantir um desempenho satisfatório dos controladores, quando aplicados à planta. Palavras-chave: Planta Didática, Modelagem de Sistemas Dinâmicos, Simulação Dinâmica, Controle Adaptativo, Regulador Auto-sintonizável, Ganho Escalonado. MODELLING AND ADAPTIVE CONTROL OF A LEVEL DIDACTIC PLANT WITH INDUSTRIAL INSTRUMENTATION ABSTRACT The control, automation and optimization areas help to improve the processes used by industry. They contribute to a fast production line, improving the products quality and reducing the manufacturing costs. Didatic plants are good tools for research in these areas, providing a direct contact with some industrial equipaments. Given these capabilities, the main goal of this work is to model and control a didactic plant, which is a level and flow process control system with an industrial instrumentation. With a model it is possible to build a simulator for the plant that allows studies about its behaviour, without any of the real processes operational costs, like experiments with controllers. They can be tested several times before its application in a real process. Among the several types of controllers, it was used adaptive controllers, mainly the Direct Self-Tuning Regulators (DSTR) with Integral Action and the Gain Scheduling (GS). The DSTR was based on Pole-Placement design and use the Recursive Least Square to calculate the controller parameters. The characteristics of an adaptive system was very worth to guarantee a good performance when the controller was applied to the plant. Keywords: Didactic Plant, Modeling Dynamic Systems, Dynamic Simulations, Adaptive Control, Self-Tuning Regulator, Gain Scheduling. LISTA DE FIGURAS Pág. 1 Sistema de controle de processo de vazão e nível – T5552. . . . . . . . . . . . . . 19 2 Esquema da instrumentação do sistema de controle de processo T5552. . . . . . . . 20 3 Bomba. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 4 Sensor de pressão. Ao fundo, válvulas solenóides. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 5 Válvula de controle pneumática com atuação por diafragma. . . . . . . . . . . . . 22 6 Sensor de vazão do tipo turbina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 7 Tanque de Processo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 8 Dimensões do tanque de processo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 9 Vazão de entrada com aplicação do ajuste de curvas. . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 10 Esvaziamento do tanque através da válvula solenóide SV100-B. . . . . . . . . . . 28 11 Esvaziamento do tanque através da válvula solenóide SV100-C. . . . . . . . . . . 29 12 Válvula solenóide SV100-B. Fluido acima do orifício. . . . . . . . . . . . . . . . . 29 13 Válvula solenóide SV100-B. Fluido abaixo do orifício. . . . . . . . . . . . . . . . 30 14 Válvula solenóide SV100-C. Fluido acima do orifício. . . . . . . . . . . . . . . . . 30 15 Válvula solenóide SV100-C. Fluido abaixo do orifício. . . . . . . . . . . . . . . . 31 16 Vazão de saída em função da altura da válvula SV100-B. . . . . . . . . . . . . . . 31 17 Vazão de saída em função da altura da válvula SV100-C. . . . . . . . . . . . . . . 32 18 Sinal aplicado na válvula . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 19 Não linearidade encontrada na válvula pneumática. . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 20 Tanque de processo enchendo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 21 Tanque de processo secando. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 9 22 Tanque de processo enchendo com água na seção 2. . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 23 Nível da planta, real e simulada, durante a aplicação do sinal da Figura 18. . . . . . 37 24 Nível da planta, real e simulada, durante a aplicação do sinal da Figura 18. . . . . . 37 25 Diagrama de blocos de um sistema adaptativo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 26 Diagrama de bloco de um controlador STR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 27 Diagrama de bloco de um controlador STR direto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 28 Diagrama de bloco de um controlador com Escalonamento de Ganho . . . . . . . . 48 29 Esquema da comunicação na bancada de testes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 30 Esquema de coleta do estimador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 31 Resultado da aplicação do DSTR à planta didática abordando o problema servo. . . 54 32 Parâmetros do controlador DSTR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 33 Adaptação dos parâmetros do controlador PI para o problema servo. . . . . . . . . 56 34 Resultado da aplicação do GS à planta didática abordando o problema servo. . . . . 57 35 Atualização dos parâmetros do controlador PI. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 36 Resultado DSTR no problema regulatório. SP = 5 cm . . . . . . . . . . . . . . . . 61 37 Resultado DSTR no problema regulatório. SP = 10 cm . . . . . . . . . . . . . . . 62 38 Parâmetros do controlador DSTR. SP = 5 cm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 39 Parâmetros do controlador DSTR. SP = 10 cm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 40 Adaptação dos parâmetros do controlador PI para o problema regulatório. . . . . . 64 41 Resultado GS no problema regulatório. SP = 5 cm . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 42 Resultado GS no problema regulatório. SP = 10 cm . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 43 Atualização dos parâmetros do controlador PI. SP = 5 cm . . . . . . . . . . . . . . 67 44 Atualização dos parâmetros do controlador PI. SP = 10 cm . . . . . . . . . . . . . 68 45 Não linearidade encontrada na válvula pneumática. . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 46 Diagrama de blocos de um sistema em malha fechada. . . . . . . . . . . . . . . . . 80 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CLP CV DSTR ELS GA GPC GS IHM IV LAUT LQG MDFC MIMO MRAC NF OLE OPC PEM PID PI PP PSO PV RLS SISO SP STR UFRN MV – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – Controlador Lógico Programável Control Variable Direct Self-tuning Regulator Extended Least Square Genetic Algorithm Generalized Predictive Control Gain Scheduling Interface Homem-Máquina Instrumental Variables Laboratório de Automação em Petróleo Linear Quadrático Gaussiano Método das Derivadas Finitas Centrais Multiple Input and Multiple Output Model-Reference Adaptive Control Normalmente Fechado(a) Object Linking and Embedding OLE for Process Control Prediction Error Methods Controlador Proporcional-Integral-Derivativo Controlador Proporcional-Integral Pole Placement Particle Swarm Optimization Process Variable Recursive Least Square Single Input and Single Output Setpoint Self Tuning Regulator Universidade Federal do Rio Grande do Norte Minimum Variance LISTA DE SÍMBOLOS d(.) dt ˙ – ou (.) T1 T2 Q qin qout ∆Q S S1 S2 h f (h) g(h) R2 uc y(t) ŷ(t) u(t) v(t) z−1 A∗ (z) B∗ (z) A(z−1 ) B(z−1 ) d0 n m Am(z−1 ) Am(1) d R, S e T R′ e S ′ S(1) – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – Operação de derivação temporal de uma variável expressa internamente aos parênteses (.) Compartimento maior do tanque de processo Compartimento menor do tanque de processo Vazão Volumétrica Vazão de entrada do tanque de processo Vazão de saída do tanque de processo Diferença entre a vazão de entrada e a vazão de saída Área da seção transversal do tanque de processo Área da seção transversal do compartimento T1 Área da seção transversal do compartimento T2 Altura de líquido no tanque de processo Função da vazão em relação a altura Função que relaciona qout com altura Coeficiente de correlação Referência (SP) desejada para o processo Variável de processo (PV) do sistema dinâmico Estimativa de y(t) Sinal de controle (CV) Perturbação do sistema de controle Operador de atraso Polinômio cujas raízes são os pólos do sistema dinâmico Polinômio cujas raízes são os zeros do sistema dinâmico Polinômio recíproco de A′ (z) Polinômio recíproco de B′ (z) Grau relativo do modelo do processo Grau do polinômio A(z−1 ) Grau do polinômio B(z−1 ) Polinômio que possui os pólos desejados do sistema em malha fechada Soma dos elementos de A(z−1 ) quando z−1 = 1 Atraso de tempo a ser ajustado no projeto de controle Polinômios da lei de controle do posicionador de pólos Polinômios fatorados de R e S, respectivamente Soma dos elementos de S(z−1 ) quando z−1 = 1 Ac B+ B− B−(1) Ao Ao (1) ∆(z−1 ) ℓ R S u f (t) e y f (t) ϕ, ϕT θc , θTc θ̂c J(θc ,t) ε(t) K(t) P(t) λ α Kp Ki Ts Tr ξ ξ1 , ξ2 e ξ3 α1 , α2 e α3 – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – Polinômio característico do sistema em malha fechada Polinômio com zeros estáveis e bem amortecidos Polinômio com zeros instáveis e fracamente amortecidos Soma dos elementos de B− (z−1 ) quando z−1 = 1 Polinômio observador Soma dos elementos de Ao (z−1 ) quando z−1 = 1 Ação integral, ∆(z−1 ) = 1 − z−1 Número de zeros instáveis e fracamente amortecidos R = B− (1)B+ R′ S = B− (1)S′ Sinais u(t) e y(t) filtrados, respectivamente Vetor de regressores Vetor de parâmetros do controlador Estimativa do vetor de parâmetros do controlador Função de custo Erro de predição, ε = y(t) − ŷ(t) Ganho do estimador MQR Matriz de covariância Fator de esquecimento Limiar para atualizar as estimativas Ganho Proporcional Ganho Integral Período de amostragem Tempo de subida Índice da métrica de Goodhart Parâmetros da métrica de Goodhart Pesos dos parâmetros da métrica de Goodhart SUMÁRIO Pág. 1 INTRODUÇÃO . . . 1.1 Motivação . . . . . . 1.2 Objetivos . . . . . . 1.3 Estrutura do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 16 18 18 2 PLANTA DIDÁTICA 2.1 Válvulas . . . . . . . 2.2 Sensores de Vazão . . 2.3 Tanque de Processo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 21 22 22 3 MODELAGEM DA PLANTA T5552 . . . . . . . . . . . . . 3.1 Modelo do Tanque de Processo . . . . . . . . . . . . . . . . 3.2 Vazão de entrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.3 Vazão de saída . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.4 Válvula Pneumática de Controle com Atuação por Diafragma 3.5 Ambiente Simulado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 24 26 27 33 34 4 CONTROLADOR ADAPTATIVO . . . . . . . . . . . . . . . 4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.2 Self-Tuning Regulator (STR) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.2.1 Implementação de um Controlador Auto-sintonizado Direto 4.3 Controlador com Escalonamento de Ganho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 39 40 42 48 5 RESULTADOS . . . . . . 5.1 Bancada de Testes . . . . 5.2 Seguimento de Trajetória 5.3 Rejeição à perturbação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 50 52 60 6 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . APÊNDICE A - Algoritmo representativo da válvula pneumática. . . . . . . . . 75 APÊNDICE B - Código adicional do algoritmo do controlador GS . . . . . . . . 78 APÊNDICE C - Ação integral para perturbações do tipo degrau . . . . . . . . . 80 1 INTRODUÇÃO A área de controle, automação e otimização tem sido de grande importância para indústria, contribuindo com diversas tecnologias utilizadas na maioria dos processos industriais. O uso destas tecnologias está associado à alta competitividade do mercado que exige uma linha de produção rápida, com bons resultados e sem desperdícios de recursos (ÅSTRöM; HäGGLUND, 2006). Assim também afirma Campos e Teixeira (2006), ao indicar estas áreas como fundamentais para o aumento da produtividade de plantas industriais. As tecnologias desenvolvidas produzem vários ganhos como: aumento do nível de qualidade dos produtos, minimização da necessidade de reprocessamento de produtos, aumento da confiabilidade dos sistemas e liberação do operador para outras atividades. Com a ampliação do parque industrial brasileiro, ocasionado pelo crescimento econômico e tecnológico, existe a necessidade de formação de uma mão de obra especializada na área de controle de processos industriais, justificando o aumento de cursos tecnológicos oferecidos por instituições de ensino (THOMAS et al., 2010). Plantas didáticas, assim como plantas pilotos, são plataformas tecnológicas e constituem alternativas práticas no ensino de controle de processos. Elas possibilitam a criação de ambientes e situações controladas, permitindo, em conjunto com a fundamentação teórica apresentada em sala de aula, o desenvolvimento de soluções para problemas reais existentes no setor industrial. Diversos trabalhos científicos tem feito uso de plantas piloto ou didáticas. Os trabalhos de Gomes e Pinto (2008), Carvalho et al. (2009) e Barroso et al. (2010) demonstram exemplos de sua utilização no âmbito do ensino de controle de processos e Martin (2006), Oliveira (2008), Carvalho et al. (2010), Verly et al. (2010) e Thomas et al. (2010) aplicam sobre este tipo de equipamento metodologias da área de controle de processos como, modelagem, identificação e controle de sistemas. Nesse contexto, este trabalho realiza experimentos em uma planta didática de controle de nível da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), localizada no Laboratório de Automação em Petróleo (LAUT), abordando desde a modelagem matemática de seus componentes, à simulação, identificação e controle do sistema, promovendo o encontro entre a teoria e a prática de controle de processos. 1.1 Motivação Segundo Barbosa (apud THOMAS et al., 2010) os motivos para a aquisição de uma planta piloto são: 17 • proporcionar o contato de alunos com instrumentos encontrados na indústria, tais quais válvulas, sensores, transmissores, Controladores Lógicos Programáveis (CLP), além de outros, presentes no chão de fábrica; • interligar tais instrumentos a partir de uma rede objetivando controlar e supervisionar o processo através de uma Interface Homem-Máquina (IHM); • demonstrar os vários tipos de problemas de controle, como os vistos em sistemas Single Input and Single Output (SISO), os encontrados em sistemas Multiple Input and Multiple Output (MIMO), os sistemas com dinâmica linear e, por fim, os sistemas variantes no tempo. • desenvolver algoritmos de controle estudados no meio acadêmico e testá-los num ambiente com características semelhantes ao industrial, sujeito a, por exemplo, saturação de válvulas, não linearidades e atrasos de transporte. Todos esses motivos se aplicam ao caso da planta presente nesse trabalho, exceto àquele relacionado a problemas do tipo MIMO. Além desses fatores, plantas pilotos também são usadas no meio industrial, capacitando funcionários a partir de treinamentos e servindo para estudo prévio de novas estratégias a serem aplicadas no processo real. As técnicas convencionais de controle são largamente usadas na indústria visto que são simples, robustas e familiares para o operador de campo. Como todo sistema prático possui características não lineares, eles podem ser representados por modelos linearizados em torno de pontos de operação. Porém, a sintonia dos controladores para esses pontos de operação pode resultar em um desempenho não satisfatório, devido, por exemplo, as variações nos parâmetros do processo. A solução é continuamente ajustar os parâmetros dos controladores (RAVI; THYAGARAJAN, 2011). As técnicas adaptativas são capazes de satisfazer esses requisitos e por isso escolheu-se esse tipo de controlador no desenvolvimento deste trabalho. Ravi e Thyagarajan (2011) ainda mostram diversos estudos com controladores adaptativos e sistemas de nível ao longo da década, comprovando a relevância do tema. Além desta pesquisa, que trata do uso de um controlador com Escalonamento de Ganho (Gain Scheduling – GS) para controlar um sistema não linear de tanques cônicos, pode-se citar Lin et al. (2000) que apresenta um algoritmo adaptativo para controladores Proporcional-Integral-Derivativo (PID); Hwang et al. (2003) que utiliza aprendizado por reforço baseado em controle adaptativos para sistemas não lineares; Munasinghe et al. (2005) que usa um controlador neuro-fuzzy para o controle de nível de água em usinas nucleares; e Bhuvaneswari et al. (2008) que propõe um sistema neural baseado em controle adaptativo por modelo de referência (Model-Reference Adaptive Control – MRAC) aplicado também em um processo de nível com tanques cônicos. 18 1.2 Objetivos Este trabalho tem como principal objetivo a modelagem e o controle de uma planta didática de nível com instrumentação industrial. A elaboração do modelo matemático possibilita o desenvolvimento de um simulador para a planta capaz de auxiliar no estudo de suas características. O simulador também é de grande ajuda, pois agiliza o projeto do controlador e permite avaliar seu funcionamento antes de sua aplicação no processo real. Devido a não-linearidades associadas à planta e a mudanças em sua dinâmica ao longo da faixa de operação, escolheu-se usar um sistema adaptativo, caracterizado como um sistema não-linear capaz de controlar plantas com parâmetros desconhecidos ou variáveis através do ajuste dos parâmetros do controlador (NARENDRA; ANNASWAMY, 2005). 1.3 Estrutura do Trabalho A organização deste trabalho encontra-se disposta da seguinte forma: o capítulo 2 apresenta uma descrição a respeito da planta T5552, detalhando seus principais componentes. O capítulo 3 discute sobre a modelagem da planta, descrevendo todas as etapas necessárias para se chegar a um modelo satisfatório dos subsistemas. Neste capítulo também é mostrado o simulador desenvolvido a partir desta modelagem e o resultado das simulações frente ao processo real. O capítulo 4 aborda de maneira breve a teoria sobre controle adaptativo e também mostra informações a respeito da implementação de um controlador adaptativo com Escalonamento de Ganho e de um controlador adaptativo Auto-sintonizável direto. O capítulo 5 explica como foi montada uma bancada de testes para aplicação dos controladores propostos. Também reune os resultados da utilização destes controladores na planta de nível. Por fim, o capítulo 6 apresenta as conclusões e perspectivas. 19 2 PLANTA DIDÁTICA Sistemas de controle de processos atuam em uma ampla variedade de aplicações industriais, incluindo geração de energia, processos petroquímicos, processamento de alimentos e manufatura. Diversas são as variáveis de processo (Process Variable – PV) utilizadas no controle desses sistemas, como a vazão, a pressão, a temperatura, o nível, a densidade e o pH. O Sistema de Controle de Processos de Nível e Vazão – T5552, da fabricante Amatrol (AMATROL, 2011), apresentado na Figura 1, foi a plataforma utilizada para cumprir os objetivos deste trabalho. Ele possui dois dos tipos mais comuns de variáveis de processo, vazão e nível, sendo concebido e implementado observando-se os requisitos e padrões de sistema de controle industriais reais. Figura 1 - Sistema de controle de processo de vazão e nível – T5552. O esquema da Figura 2 representa a instrumentação da planta, mostrando os principais componentes que a formam. Como pode ser visto, existe um tanque reservatório responsável por armazenar o fluido a ser usado no processo. Uma bomba submersa (Figura 3) é alimentada por uma voltagem de 110 V alternada, retirando líquido do tanque reservatório e enviando-o para a tubulação. O fluido percorre toda a tubulação até chegar ao tanque de processo, que terá seu nível medido a partir de um sensor de pressão (LET200-A) localizado na parte inferior do tanque, como 20 Figura 2 - Esquema da instrumentação do sistema de controle de processo T5552. TANQUE DE PROCESSO FIC 100 LSH LSH 200-A 200-B IYT 100 SUPRIMENTO DE AR COMPRIMIDO ESCOAMENTO EXCEDENTE FE 100 PI 100-C FCV 100 FIT 100 FI 100 LET 200-A S HV 300 HV SV 100-B 100-D PC 100 S SV HV 100-A 100-A SV 100-C PI 100-A BOMBA TANQUE RESERVATÓRIO S FV 100 PI 100-B HV 100-C HV 100-B mostra a Figura 4. O líquido retorna ao tanque reservatório com a abertura das válvulas manuais HV100-D e HV300, ou das válvulas solenóides, SV100-B e SV100-C, possibilitando o contínuo funcionamento da planta, sem necessidade de interromper o processo para reabastecimento do líquido. Figura 3 - Bomba. 21 Figura 4 - Sensor de pressão. Ao fundo, válvulas solenóides. Válvula Solenóide SV100-B Válvula Solenóide SV100-C Sensor de Pressão LET200-A 2.1 Válvulas A principal função das válvulas é regular a vazão que passa por elas através de sua abertura ou fechamento. O que as diferencia é a maneira como esse procedimento é feito. As válvulas HV100-A, HV100-B, HV100-C, HV100-D e HV300 precisam que o usuário da planta as opere manualmente, sendo assim, chamadas de válvulas manuais. Sua utilização não permite determinar uma porcentagem de abertura (ou fechamento). Isso não ocorre com a válvula FV100. Apesar de também ser uma válvula manual, essa possui um indicador gradual informando seu ângulo de fechamento. Recebe o nome de válvula manual de controle, pois ao estabelecer uma relação entre ângulo e a vazão produzida é possível ter controle sobre qual a vazão máxima que passa pela tubulação. Outro tipo de válvula presente na planta T5552 é representado pelo conjunto de três válvulas solenóides SV100-A, SV100-B e SV100-C, normalmente fechadas (NF). Diferente das anteriores, seu funcionamento é feito a partir de um sinal elétrico, sendo análogo ao dos relés. Este tipo de válvula não possui percentual de fechamento, ou está completamente aberta ou completamente fechada, porém, não é há necessidade de ser operada manualmente, pois pode restringir a vazão de maneira automática. O último tipo de válvula encontrado na planta é a válvula pneumática de controle com atuação por diafragma (FCV100), mostrada na Figura 5. Ela realiza o papel de atuador, recebendo comandos do usuário através de um sinal de controle (Control Variable – CV) com o objetivo de controlar a saída de processo. Esta válvula trabalha com o sinal de pressão padrão da indústria (3 à 15 psi), em que o aumento dessa variável corresponde ao fechamento da válvula e a diminuição a sua abertura (ar para fechar). A CV enviada para a válvula é um sinal elétrico de 4 à 20 mA que é convertido em um sinal de pressão com o auxílio do conversor de 22 corrente para pressão - I/P - (IYT100). Figura 5 - Válvula de controle pneumática com atuação por diafragma. 2.2 Sensores de Vazão O sensor de vazão FI-100 é conhecido como rotâmetro. Seu funcionamento é dado a partir de um peso, que após ser impulsionado pelo líquido da tubulação e alcançar uma posição de equilíbrio, indica ao operador a vazão através de uma tradução entre a posição atual do peso e uma régua graduada. Já o FE100 (Figura 6) é um sensor do tipo turbina, que ao ter suas pás giradas pelo fluxo, produz pulsos elétricos enviados ao transmissor FIT100 responsável por informar o valor da vazão instatânea na tubulação. Figura 6 - Sensor de vazão do tipo turbina. 2.3 Tanque de Processo O tanque de processo, construído em acrílico, é formado por dois compartimentos, T1 e T2, separados por uma placa divisória, como pode ser visto através da Figura 7. Um orifício, presente nesta divisória, permite a passagem de líquido de T1 para T2, e é um dos responsáveis pela existência de diferentes dinâmicas na planta. 23 Figura 7 - Tanque de Processo. Este capítulo apresentou e detalhou os principais componentes presentes na planta didática T5552 e que tiveram participação no desenvolvimento deste trabalho. O funcionamento do tanque, assim como sua modelagem e a dos demais subsistemas, será detalhado no capítulo 3. 24 3 MODELAGEM DA PLANTA T5552 ... nós queremos descrever alguns aspectos de um objeto do mundo real, o processo, de uma maneira abstrata. Nós temos que decidir quais características levar em conta, e quais propriedades ignorar. É a essência da arte da modelagem selecionar somente aquelas características, dentre as muitas disponíveis, que são necessárias e suficientes para descrever o processo com precisão de acordo com os objetivos do modelador. Campos, Mario e Teixeira, Hebert A obtenção de um modelo matemático quantitativo é de grande valia para entender e controlar sistemas. A planta didática T5552 possui subsistemas que, assim como diversos encontrados na indústria, são dinâmicos por natureza, sendo normalmente representados por equações diferenciais. Neste capítulo serão descritos os procedimentos realizados para alcançar os modelos dos subsistemas da planta, possibilitando o desenvolvimento de uma simulação computacional do processo de nível. Vale destacar que não foi obtido um modelo para as válvulas manuais, pois não é possível mensurar os respectivos percentuais de abertura/fechamento necessários para representá-las na simulação. Considera-se, assim, que todas as válvulas manuais da tubulação estarão completamente abertas, e aquelas que estão acopladas ao tanque de processo serão consideradas completamente fechadas. 3.1 Modelo do Tanque de Processo O nível do tanque de processo é monitorado pelo sensor de pressão acoplado em sua parte inferior. É possível perceber, através da instrumentação apresentada na Figura 2, que devido a sua localização o sensor LET200-A mede apenas o nível do compartimento T1 do tanque. Com o propósito de medir a altura de líquido no tanque, fez-se uso da equação (3.1), desenvolvida a partir do cálculo da vazão volumétrica (∆Q = dV /dt) (GARCIA, 2009), que pode ser desmembrada em uma diferença entre o fluxo de entrada e saída, denominada balanço de massa (COELHO; COELHO, 2004). dV = ∆Q dt S qin − qout dh = qin − qout ⇒ ḣ = dt S (3.1) 25 em que V equivale ao volume de líquido no tanque, dV /dt a sua derivada em relação ao tempo t, ∆Q a diferença entre a vazão de entrada qin e a vazão de saída qout , S à área da seção transversal do tanque, e h a altura do fluido no tanque de processo, sendo ḣ a sua derivada em relação a t. O fluido entra através da rede de tubulação e escoa para o tanque de reservatório através da abertura das válvulas manuais ou solenóides. A presença de um tubo na parte central de T1 (Figura 8) limita o nível máximo de líquido no tanque de processo em 25,4 cm. Todo fluido excedente é reconduzido por este tubo ao tanque reservatório, evitando o transbordamento do tanque de processo. Figura 8 - Dimensões do tanque de processo. 26,5cm T2 25,4cm 14,5cm T1 Orifício 22cm A Figura 8 também mostra as dimensões de cada um dos compartimentos do tanque de processo. A área da seção transversal de T1 é de 583cm2 , enquanto a de T2 é de 384, 25cm2 , constituindo uma área total de 967, 25cm2 . O orifício presente na placa divisória permite a passagem de água de T1 para T2. Ele possui um diâmetro aproximado de 2,54 cm com seu ponto mais baixo localizado a cerca de 6,35 cm de altura com relação a base do tanque de processo. O preenchimento do tanque durante o funcionamento da planta pode ser descrito da seguinte forma: inicialmente o fluido entra pela tubulação em T1, elevando o seu nível. Quando o líquido chega na altura do orifício, o nível em T1 para de subir e T2 começa a ser preenchido. Por fim, quando o nível em T2 alcança a altura do orifício ambos os compartimentos passam a ser preenchidos igualmente. Sabendo que o sensor LET200-A monitora apenas o compartimento T1, a dinâmica do tanque de processo é representada em três situações: quando o nível encontra-se abaixo do orifício, no orifício, e acima deste. As equações (3.2), (3.3) e (3.4) representam a dinâmica para estes três momentos, respectivamente. 26 ḣ = ḣ = qin − qout S1 (3.2) ḣ = qin − qout S2 (3.3) qin − qout qin − qout = (S1 + S2) S (3.4) em que S1 é a área da seção transversal para o compartimento T1 e S2 a área para o compartimento T2. Durante o esvaziamento do tanque de processo, dado pela abertura das válvulas solenóides presentes em T1, a dinâmica é representada pela equação (3.2), quando o nível está abaixo do orifício, e por (3.4), quando está acima. Como a válvula manual, HV300, foi considerada fechada, não há um mecanismo de esvaziamento para T2. Desta forma, quando o nível passa de um ponto acima do orifício para um abaixo, uma quantidade de líquido fica acumulada neste compartimento. Devido a necessidade do conhecimento sobre as vazões de entrada e saída, necessárias para o cálculo da equação (3.1), as seções a seguir detalharão como obtê-las. 3.2 Vazão de entrada A bomba utilizada pela planta T5552 proporciona uma vazão que leva o líquido do tanque reservatório ao tanque de processo através da rede de tubulação. Esta vazão, denominada vazão de entrada (qin ), depende da posição das válvulas manuais e da porcentagem de fechamento da válvula pneumática (Figura 5), existentes na rede de tubulação. Além disso, observa-se que o tubo que possibilita a entrada do fluido no tanque de processo localiza-se na parte lateral inferior do mesmo. Dessa forma, a coluna de fluido que ultrapassa a altura desse tubo, quando a planta está em operação, exerce uma pressão contrária à pressão de descarga da bomba, restringindo a vazão de entrada. Uma função f (h), dependente da altura do líquido no tanque, foi utilizada para traduzir a influência gerada por esta coluna de fluido acima do tubo de entrada. Ela foi obtida a partir de um ensaio onde se coletaram dados referentes a qin à medida que se enchia o tanque. A Figura 9 demonstra o resultado deste ensaio entre vazão e nível, mostrando o decaimento da vazão à medida que o nível aumenta. Devido à presença de ruído no sinal coletado, utilizou-se um ajuste de curvas de primeira ordem e obteve-se a função f (h) desejada (equação (3.5)). 27 Figura 9 - Vazão de entrada com aplicação do ajuste de curvas. 1 Vazão Vazão aproximada(ajuste de curvas) 0.99 Vazão (normalizado) 0.98 0.97 0.96 0.95 0.94 0.93 0.92 0.91 0 5 10 15 Nível (cm) f (h) = 0, 9964 − 0, 0027h 20 25 (3.5) Um método usado para avaliar a qualidade do ajuste é feito pelo coeficiente de correlação, definido por Pearson (RODGERS; NICEWANDER, 1988). O coeficiente é limitado entre zero e um, em que quanto mais próximo o seu valor for de um, melhor será o ajuste. Para a curva da Figura 9 o valor de R2 foi igual a 0, 8632. R2 , 3.3 Vazão de saída Existem quatro orifícios de saída para o fluido no tanque de processo, sendo três em T1 (dois controlados por válvulas solenóides e um por uma válvula manual) e um em T2 (válvula manual). Para simulação, as válvulas manuais foram consideradas sempre fechadas, logo, a vazão de saída (qout ) de líquido será determinada apenas pelas válvulas solenóides em T1. A qout é dada em função da altura do líquido presente no tanque (qout = g(h)). Baseando-se na equação (3.1), e considerando a vazão de entrada nula, é possível obter duas equações para representar qout : uma quando o nível está acima do orifício (seção tranversal de área S) e outra quando está abaixo (seção tranversal de área S1): 28 1 ḣ = − qout S qout = g(h) = −Sḣ 1 qout S1 = g(h) = −S1ḣ ḣ = − qout (3.6) A função g(h) foi determinada através de ensaios realizados na planta, onde coletaram-se dados referentes ao nível do líquido no tanque. O procedimento teve os seguintes passos: • preenche-se o tanque até o nível máximo considerado; • desliga-se a bomba, o que produz uma vazão de entrada nula; • fecham-se as válvulas da rede de tubulação, evitando que o líquido escoe pela mesma; • abre-se a válvula solenóide, permitindo o escoamento de saída; • a medida que o líquido decai, armazena-se a informação referente à altura. Os dados foram captados a uma taxa de 0, 1 segundos. As duas válvulas solenóides do tanque de processos permitem vazões diferentes para o fluido. Para diferenciá-las elas serão referenciadas como na Figura 2, SV100-B e SV100-C. Os gráficos das Figuras 10 e 11 representam o comportamento do nível em função do tempo, quando cada uma dessas válvulas são abertas, isoladamente. Percebe-se claramente a presença de duas dinâmicas para o processo. Ainda é possível observar que a vazão de saída pela SV100B é menor do que pela SV100-C, já que a primeira leva mais tempo para esvaziar o tanque. Figura 10 - Esvaziamento do tanque através da válvula solenóide SV100-B. 25 Nível Nível (cm) 20 15 10 Orificio 5 0 0 100 200 300 400 500 Tempo (s) 600 700 800 29 Figura 11 - Esvaziamento do tanque através da válvula solenóide SV100-C. 25 Nível Nível (cm) 20 15 10 Orificio 5 0 0 100 200 300 Tempo (s) 400 500 A função g(h) necessita da derivada da altura, ḣ. Esta foi obtida através de ajustes de curvas de primeira ordem a partir dos dados das válvulas. Os gráficos das Figuras 12 e 13, mostram os resultados para o ajuste de curvas aplicados nos dados da válvula SV100-B, em que o primeiro representa quando o líquido está acima do orifício e o segundo quando ele está abaixo. O valor de R2 nos respectivos ajustes foi de 0, 9999 e 0, 9995. Figura 12 - Válvula solenóide SV100-B. Fluido acima do orifício. Nível real Nível com ajuste de curvas 24 22 Nível (cm) 20 18 16 14 15 12 14.5 10 8 14 340 6 0 100 360 200 380 300 400 Tempo (s) 500 600 30 Figura 13 - Válvula solenóide SV100-B. Fluido abaixo do orifício. Nível real Nível com ajuste de curvas 6 Nível (cm) 5 4 3 2 4 3.5 1 3 0 0 70 20 80 40 90 60 80 100 Tempo (s) 120 140 160 Da mesma forma foi feito com a válvula SV100-C e obtiveram-se os gráficos das Figuras 14 e 15. O valor de R2 nos respectivos ajustes foi equivalente aos da válvula SV100-B, 0, 9999 e 0, 9995. Figura 14 - Válvula solenóide SV100-C. Fluido acima do orifício. Nível real Nível com ajuste de curvas 24 22 Nível (cm) 20 18 16 14 15 12 14.5 10 8 14 340 6 0 100 360 200 380 300 400 Tempo (s) 500 600 31 Figura 15 - Válvula solenóide SV100-C. Fluido abaixo do orifício. Nível real Nível com ajuste de curvas 6 Nível (cm) 5 4 3 2 4 3.5 1 3 0 0 70 20 80 40 60 90 80 100 Tempo (s) 120 140 160 Aplicando a equação (3.6), cada valor de altura pôde ser associado a um de vazão, gerando os gráficos das Figuras 16 e 17. Figura 16 - Vazão de saída em função da altura da válvula SV100-B. Vazão (cm3/s) 35 30 25 q 20 6 8 10 12 out 14 16 18 Nível (cm) − Acima do orifício 20 22 24 26 Vazão (cm3/s) 23 22 21 qout − Abaixo do orifício 20 0 1 2 3 4 Nível (cm) 5 6 A Figura 16 corresponde às vazões de saída quando a válvula SV100-B está aberta e 32 Figura 17 - Vazão de saída em função da altura da válvula SV100-C. Vazão (cm3/s) 60 50 40 q 30 6 8 10 12 out 14 16 18 Nível (cm) − Acima do orifício 20 22 24 26 Vazão (cm3/s) 38 36 34 qout − Abaixo do orifício 32 0 1 2 3 4 Nível (cm) 5 6 SV100-C está fechada, enquanto a Figura 17 é referente a válvula SV100-C aberta e SV100-B fechada. Com a ajuda destes gráficos é possível determinar as funções que regem o comportamento da vazão de saída. As equações (3.7) e (3.8) demonstram as funções de qout (h) encontradas para a válvula SV100-B, quando o fluido está acima do orifício e quando está abaixo, respectivamente. Acima do orifício: qout (h) = 0, 2132h + 19, 8599 (3.7) Abaixo do orifício: qout (h) = 0, 1257h + 20, 6912 (3.8) Já as equações (3.9) e (3.10) correspondem ao mesmo que (3.7) e (3.8), porém para a válvula SV100-C. 33 Acima do orifício: qout (h) = 0, 3570h + 31, 9263 (3.9) Abaixo do orifício: qout (h) = 0, 2709h + 33, 3098 (3.10) É importante destacar que existem outras formas de se obterem equações matemáticas que representam a vazão de saída do tanque. Uma possibilidade seria definir diferentes pontos de operação para a planta e manter o nível constante nesses pontos. Isso fará com que a vazão de entrada se iguale a de saída, e como o valor da primeira é conhecido, calcula-se a relação altura-vazão de saída. 3.4 Válvula Pneumática de Controle com Atuação por Diafragma Segundo informações do fabricante, a válvula pneumática deveria possuir um comportamento linear, porém, durante a operação da planta T5552 constatou-se a presença de uma não linearidade: para um mesmo valor de sinal de controle, a válvula gerava diferentes valores para a vazão, caso estivesse fechando ou abrindo. 100 Fechamento da válvula (%) Sinal aplicado na válvula 80 60 40 20 0 0 50 100 150 Tempo (s) 200 250 300 Figura 18 - Sinal aplicado na válvula Operando com a planta em malha aberta, aplicou-se na válvula o sinal apresentado na Figura 18, escolhido de maneira empírica de forma que a relação entre o fechamento a válvula 34 e a vazão destacasse a forma da não linearidade. O resultado encontra-se na Figura 19 que mostra essa relação entre a porcentagem de fechamento da válvula e a sua vazão. Quando a válvula está fechando, a vazão segue a curva superior; se estiver abrindo, funciona de acordo com a curva inferior. A troca de operação (fechar para abrir ou abrir para fechar) é caracterizada por uma banda morta que mantém a vazão constante no seu último valor até que a porcentagem de fechamento da válvula alcance a curva correspondente à sua operação atual. 110 100 • ↑ P4 Vazão (cm3/s) 90 Não linearidade real Aproximação • P1 ↑ Transição • ←I1 80 I2→ • 70 Curva para válvula→ abrindo 60 Curva para ←válvula fechando 50 0 20 40 60 Fechamento da válvula (%) P3→ • 80 P2 ↓ • 100 Figura 19 - Não linearidade encontrada na válvula pneumática. Esse comportamento caracteriza uma não linearidade do tipo histerese. A fim de incorporá-la ao modelo, foi implementado um algoritmo, baseado nos estudos de Tao e Kokotovic (1996), que procurou representar de maneira aproximada o funcionamento da válvula. Este algoritmo encontra-se detalhado no Apêndice A, junto com a definição dos pontos apresentados na Figura 19. 3.5 Ambiente Simulado O desenvolvimento de um modelo para a planta, além de traduzir seu comportamento dinâmico, possibilita gerar uma representação computacional da mesma. Um simulador da planta foi desenvolvido para o processo de nível, com a utilização da ferramenta Simulink do Matlab® , com o objetivo de possibilitar um estudo prévio do funcionamento do processo em um ambiente controlado, antecedendo a utilização propriamente dita da planta real. O simulador é capaz de retornar dados sobre o comportamento aproximado da planta quando sujeita a uma determinada situação. Por exemplo, como a mesma reagiria à utilização 35 de um controlador projetado para o controle de nível. Vários testes podem ser feitos com o auxílio do simulador antes de aplicar o controlador à planta real. Além de economizar tempo (a simulação é capaz de reduzir a segundos o que na realidade aconteceria em minutos ou horas), trata-se de uma medida de segurança, pois procura evitar situações como a de um controlador com uma sintonia insatisfatória operando a planta, capaz de gerar sinais de controle agressivos que comprometem o funcionamento do atuador e até mesmo de outros componentes. Para validar a simulação, foram realizados ensaios na planta real e no simulador, comparando os resultados obtidos nos dois casos. A planta pode operar de diversas maneiras, mas durante os ensaios ela ficou sujeita a quatro configurações 1 : • operação com a válvula SV100-B aberta e SV100-C fechada; • operação com a válvula SV100-B fechada e SV100-C aberta; • operação com ambas as válvulas solenóides abertas; • operação com ambas as válvulas solenóides fechadas. Para cada uma dessas configurações, o tanque de processo foi preenchido com vazão de entrada máxima, esvaziado com vazão de entrada nula e novamente completado com vazão de entrada máxima. Nesta última etapa, como a válvula manual em T2 está fechada, existe um fluido remanescente da etapa de enchimento neste compartimento. Como T2 não necessita ser preenchido, o nível não fica parado como aconteceu ao ser preenchido pela primeira vez. A Figura 20 apresenta como se comportaram a planta real e o simulador quando o tanque estava enchendo. Figura 20 - Tanque de processo enchendo. 25 Ambas fechadas Nível (cm) 20 SV100−B aberta → SV100−C aberta Ambas abertas 15 Real Simulado 10 5 0 0 1A 100 200 300 400 Tempo (s) 500 disposição das demais válvulas já foi explicitada nas seções anteriores. 600 36 O processo de esvaziamento do tanque é apresentado na Figura 21. Figura 21 - Tanque de processo secando. 25 Real Simulado Nível (cm) 20 15 10 5 Ambas SV100−C abertas aberta 0 0 100 200 300 400 500 Tempo (s) SV100−B aberta 600 700 800 Por fim, a Figura 22 mostra o tanque enchendo pela segunda vez. Percebe-se que, como já existe líquido em T2, não ocorre mais uma parada na ascensão do nível no ponto em que encontra-se o orifício, como ocorre na Figura 20. Figura 22 - Tanque de processo enchendo com água na seção 2. 25 Ambas fechadas Nível (cm) 20 SV100−C aberta SV100−B aberta → Ambas abertas 15 Real Simulado 10 5 0 0 100 200 300 Tempo (s) 400 500 600 O último ensaio realizado foi feito com o intuito de validar todo o modelo, utilizando também o algoritmo que representa a válvula pneumática com a não linearidade. A planta operou 37 em malha aberta, em que o sinal de controle aplicado é o mesmo da Figura 18. O resultado pode ser visualizado a partir da Figura 23. O Erro Quadrático Médio (EQM) entre as duas curvas foi de aproximadamente 4,5%. Figura 23 - Nível da planta, real e simulada, durante a aplicação do sinal da Figura 18. 15 Nível (cm) 10 Real Simulado 5 0 0 100 200 300 400 Tempo (s) 500 600 700 É possível considerar que já haveria água previamente alocada em T2. Neste caso o resultado por ser visto na Figura 24. Figura 24 - Nível da planta, real e simulada, durante a aplicação do sinal da Figura 18. 16 14 12 Nível (cm) 10 Real Simulado 8 6 4 2 0 −2 0 100 200 300 400 Tempo (s) 500 600 38 O Erro Quadrático Médio (EQM) entre as duas curvas foi de aproximadamente 2,3%. Neste capítulo foi mostrada a modelagem para o sistema de nível da planta T5552, apresentando equações matemáticas que representam o comportamento do tanque, da vazão de entrada e da vazão de saída. Além disso, a partir desta modelagem foi desenvolvido um simulador que, como foi demonstrado pelos gráficos, refletiu de maneira adequada o comportamento do sistema. 39 4 CONTROLADOR ADAPTATIVO Neste capítulo, inicialmente, será mostrada uma breve fundamentação a respeito do controle adaptativo. Em seguida serão apresentados os tipos de controle adaptativos que atuaram na planta sugerida neste trabalho, detalhando suas propriedades e como é feita a sua implementação. 4.1 Introdução O estudo na área de controle adaptativo remonta ao final da década de 50 e início da década de 60 em que houve grande preocupação em constituir uma definição formal para este tipo de controle. O termo adaptação está associado à capacidade de mudança de comportamento conforme novas circunstâncias apareçam. Dessa forma, intuitivamente, um controlador adaptativo seria aquele capaz de modificar seu comportamento em resposta às mudanças nas dinâmicas do processo ou devido a perturbações (ÅSTRöM; WITTENMARK, 2008). Porém, controladores realimentados também tentam reduzir os efeitos de perturbações e incertezas da planta, surgindo o questionamento de qual seria a diferença entre estes quando comparado a um controlador adaptativo. Muitas ideias surgiram para tentar expressar o que seria um conceito ideal para o controle adaptativo, o que pode ser visto em (NARENDRA; ANNASWAMY, 2005), em que há uma breve discussão sobre as definições de alguns pesquisadores da década de 60. Para Narendra e Annaswamy (2005) um controlador adaptativo é um sistema não linear usado para controlar plantas com parâmetros desconhecidos através da variação automática de seus parâmetros. Åström e Wittenmark (2008) complementam afirmando que um controlador adaptativo é aquele que possui parâmetros ajustáveis e um mecanismo para o ajuste destes parâmetros (Figura 25). Figura 25 - Diagrama de blocos de um sistema adaptativo. Mecanismo de ajuste dos parâmetros Parâmetros do Controlador Setpoint Controlador Sinal de Controle Planta Saída 40 É importante ressaltar que um sistema de controle adaptativo é um sistema não linear por causa da adaptação dos parâmetros (o mecanismo de ajuste) em malha fechada ainda que tanto a planta quanto o controlador sejam sistemas lineares (LAGES, 2007). Devido a sua capacidade de se adequar a novas situações, através da variação automática de seus parâmetros, escolheu-se o controle adaptativo para atuar na planta deste trabalho procurando contornar problemas como a mudança de dinâmica, ocasionada pela presença do orifício, e a presença da não linearidade na válvula pneumática. 4.2 Self-Tuning Regulator (STR) Originalmente proposto por Kalman (1958) o controlador STR, ou regulador autosintonizado, é assim conhecido, pois automaticamente sintoniza seus parâmetros para obter as propriedades desejadas do sistema em malha fechada. Isso é feito a partir das estimativas recursivas dos parâmetros do processo, que são utilizadas para obter os parâmetros do controlador de acordo com uma técnica usada pelo projetista. O esquema apresentado na Figura 26 mostra um controlador auto-sintonizável. Figura 26 - Diagrama de bloco de um controlador STR. Auto-sintonizável Parâmetros do Processo Especificações Síntese do controlador Estimação Parâmetros do Controlador Referência Controlador Processo Saída Sinal de Controle O controle adaptativo do diagrama da Figura 26 é constituido por dois laços, um laço interno, formado pelo processo e por um controlador realimentado, e um laço externo, composto por um estimador recursivo e por um bloco que determina o projeto do controlador. O laço externo é responsável pelo ajuste dos parâmetros do controlador. Em alguns casos é necessária a inclusão de um sinal de controle adicional ou perturbações a fim de estimar adequadamente os parâmetros da planta (MIDDLETON et al., 1988). Esse tipo de abordagem para o STR é classificada como indireta, pois os parâmetros do controlador são obtidos indiretamente através do bloco de síntese do controlador. Contudo, é 41 possível reparametrizar o processo em termos dos parâmetros da lei de controle. Esse tipo de abordagem é conhecida como direta e pode ser visualizada na Figura 27. Figura 27 - Diagrama de bloco de um controlador STR direto. Auto-sintonizável Direto Parâmetros do Controlador Estimação Referência Processo Controlador Sinal de Controle Nota-se que ocorre uma simplificação com a eliminação do bloco de síntese de tal maneira que o controlador passa a ter seus parâmetros calculados diretamente a partir do estimador. Os controladores STR são tipicamente desenvolvidos em tempo discreto e possuem a característica de serem bastante flexíveis, pois permitem uma grande variedade de combinação entre os métodos de controle e estimação, gerando diferentes controladores. Entre as técnicas de controle pode-se citar Variância Mínima (Minimum Variance – MV), Posicionamento de Pólos (Pole Placement – PP) e controle Linear Quadrático Gaussiano (LQG). Com relação às técnicas de estimação, opta-se por estratégias recursivas, de forma que seja possível a implementação do controlador em tempo real. É o caso dos Mínimos Quadrados Recursivo (Recursive Least Square – RLS), Mínimos Quadrados Estendido (Extended Least Square – ELS), Métodos de Erro de Predição (Prediction Error Methods – PEM) e Variáveis Instrumentais (Instrumental Variables – IV). As estimativas são consideradas como se fossem os parâmetros verdadeiros, baseando-se no Princípio da Equivalência à Certeza. A abordagem direta do controlador STR foi escolhida, pois os experimentos realizados com a implementação indireta não apresentaram bons resultados. Isso foi observado a partir dos estudos com o simulador, em que a etapa de estimação não gerou um modelo para o conjunto válvula-processo que possibilitasse ao posicionador de pólos produzir um controlador com um bom desempenho. Além disso, os controladores auto-sintonizáveis indiretos possuem um custo computacional maior ocasionado pela etapa de síntese do controlador. Isso pode ser prejudicial durante a comunicação entre o controlador e a planta caso o tempo necessário para se realizar os cálculos não seja compatível com o período de amostragem desejado. 42 4.2.1 Implementação de um Controlador Auto-sintonizado Direto O Controlador Auto-sintonizado Direto (Direct Self-tuning Regulator – DSTR) (ÅSTRöM; WITTENMARK, 2008; FANG et al., 2011) usado neste trabalho é baseado na técnica de posicionamento de pólos. Esta é uma técnica de controle simples que projeta um controlador para possuir os pólos de malha fechada desejados. Uma ação integrativa foi adicionada ao controlador a fim de torná-lo mais robusto a perturbações e melhorar o seu desempenho em regime. O objetivo desta seção é apenas apresentar para o leitor um caso genérico de um DSTR com as técnicas e parâmetros para sua implementação. No capítulo 5 será apresentada a configuração escolhida para o controlador durante sua aplicação na planta real T5552. Assume-se que a planta é descrita por um sistema SISO, cujo modelo pode ser visto na equação (4.1) A(z−1 )y(t) = z−d0 B(z−1 )[u(t) + v(t)] (4.1) A(z−1 ) = 1 + a1 z−1 + · · · + an z−n B(z−1 ) = b0 + b1 z−1 + · · · + bm z−m em que y é a PV, u a CV, v a perturbação na entrada e z−1 é o operador de atraso. O grau relativo d0 é a diferença entre os graus dos polinômios A (degA) e B (degB), no caso, degA = n, degB = m e d0 = n − m. Os polinômios A(z−1 ) e B(z−1 ) foram escritos em termos do operador z−1 por ser uma maneira mais conveniente para o desenvolvimento e entendimento das equações que representam o controlador. Estes polinômios possuem uma forma recíproca, A∗ (z) e B∗ (z), em função do operador de avanço z, como mostram as equações (4.2) e (4.3). A(z−1 ) = z−n A∗ (z) (4.2) A∗ (z) = zn + a1 zn−1 + · · · + an B(z−1 ) = z−m B∗ (z) (4.3) B∗ (z) = b0 zm + b1 zm−1 + · · · + bm Os polinômios A∗ (z) e B∗ (z) representam a dinâmica do sistema, em que as raízes de A∗ (z) são os pólos e as de B∗ (z) são os zeros deste sistema. A resposta desejada para o sistema em malha fechada é dada pelo modelo de referência expresso na equação (4.4) 43 Am (z−1 )y(t) = z−d Am (1)uc (t) (4.4) Am (z−1 ) = 1 + am1 z−1 + · · · + amn z−n Am (1) = 1 + am1 + · · · + amn A referência é dada por uc (Setpoint – SP); o atraso de tempo d é um parâmetro a ser ajustado no projeto de controle; a forma recíproca de Am (z−1 ), isto é, Am ∗ (z), possui os pólos desejados do sistema em malha fechada; e, por sua vez, o ganho do modelo de referência, Am (1), é a soma dos elementos do polinômio Am (z−1 ) quando z−1 = 1. Assim, o objetivo do projeto é controlar y(t) de forma que este siga a trajetória proposta pelo modelo. É importante destacar que esta estrutura do modelo foi definida para referências do tipo degrau, usadas ao longo deste trabalho. Um controlador linear pode ser descrito pela equação (4.5) R(z−1 )u(t) = T (z−1 )uc (t) − S(z−1 )y(t) (4.5) em que R(z−1 ), T (z−1 ) e S(z−1 ) são polinômios e degR = nr, degT = nt e degS = ns são seus respectivos graus. Para que a notação fique mais compacta, a partir deste ponto será suprimido o operador de atraso z−1 junto aos polinômios, deixando-o explícito apenas quando for necessário. Substituindo u da equação (4.5) em (4.1), o sistema em malha fechada será dado pela equação (4.6) y(t) = z−d0 BR z−d0 BT u (t) + v(t) c AR + z−d0 BS AR + z−d0 BS (4.6) Assim, o polinômio característico desejado do sistema em malha fechada, Ac , com base na Equação Diofantina, é dado pela equação (4.7). Ac = AR + z−d0 BS (4.7) Sempre haverá solução para esta equação, contanto que os polinômios A e B não tenham fatores em comum e os polinômios R, S e T sejam esolhidos com graus adequados. Seguindo as condições de causalidade demonstradas por Åström e Wittenmark (2008) pode-se definir os graus dos polinômios R, S e T como mostra a equação (4.8) 44 degT ≤ degR degS ≤ degR degR = degAc − degA (4.8) degAc ≥ 2degA − 1 Os polinômios B e Ac podem ser fatorados como B = B+ B− e Ac = B+ Ao Am . O fator B+ é um polinômio mônico cujos zeros são de fase mínima, bem amortecidos e podem ser cancelados pelo controlador. Já B− possui os zeros de fase não-mínima e fracamente amortecidos que não podem ser cancelados. No algoritmo do posicionador de pólos o fator Ao é conhecido como polinômio observador. Para adicionar a ação integrativa ao controlador, o polinômio R tem a forma apresentada na equação (4.9) R = R′ B+ (1 − z−1 ) = R′ B+ ∆(z−1 ) (4.9) em que R′ é um polinômio fatorado de R e ∆(z−1 ) = 1 − z−1 . Aplicando-se a fatoração de B, de Ac e a equação (4.9) à equação (4.7) tem-se AR′ B+ ∆(z−1 ) + z−d0 B+ B− S = B+ Ao Am AR′ ∆(z−1 ) + z−d0 B− S = Ao Am (4.10) Seguindo as recomendações de Åström e Wittenmark (2008) e Fang et al. (2011), substituindo z−1 = 1 na equação (4.10), uma condição necessária para S(z−1 ) é dada por: S(1) = Ao (1)Am (1) B− (1) (4.11) A equação para esse polinômio foi então reescrita como: S(z−1 ) = Ao (1)Am (1) + S′ (z−1 )∆(z−1 ) B− (1) (4.12) em que S′ é um polinômio arbitrário para satisfazer a equação diofantina. Substituindo as equações (4.1) e (4.12) em (4.10) que foi multiplicada por y(t), conclui-se que 45 Ao Am y(t) = AR′ ∆y(t) + z−d0 B− Sy(t) Ao (1)Am (1) ′ y(t) + S ∆y(t) = z BR ∆u(t) + z BR ∆v(t) + z B B− (1) ′ −d0 + − ′ −d0 − Ao (1)Am (1) y(t) + S ∆y(t) + z−d0 BR′ ∆v(t) = z B B R ∆u(t) + z B B− (1) Ao (1)Am (1) + ′ ′ −d0 − = z B B R ∆u(t) + S ∆y(t) + y(t) + z−d0 BR′ ∆v(t) (4.13) B− (1) −d0 ′ −d0 ′ −d0 − Como a perturbação v(t) é constante ou raramente muda, o último termo da equação (4.13) irá desaparecer após o transitório. Com o que já foi estabelecido até aqui, as equações (4.4) e (4.13) já são suficientes para determinar o sinal de controle u(t), porém, o fator B− irá torná-lo instável. Para resolver essa questão basta escrever B− em uma forma equivalente, como mostra a equação (4.14). − − −ℓ − B− (z−1 ) ≈ z−ℓ (b− 0 + b1 + · · · + bℓ ) = z B (1) (4.14) O parâmetro ℓ corresponde ao número de zeros de fase não-mínima e fracamente amortecidos. Essa modificação pode prejudicar o desempenho, mas aumenta a estabilidade relativa do sistema em malha fechada (FANG et al., 2011). Seja d = d0 + ℓ, então, a partir da equação (4.13) e (4.14) tem-se: Ao Am y(t) = z Ao (1)Am (1) y(t) z B (1) B R ∆u(t) + S ∆y(t) + B− (1) −d0 −ℓ − + ′ ′ Ao Am y(t) = z−d B− (1)B+ R′ ∆u(t) + z−d B− (1)S′ ∆y(t) + z−d Ao (1)Am (1)y(t) Ao Am y(t) = R ∆u(t − d) + S ∆y(t − d) + Ao (1)Am (1)y(t − d) (4.15) R = B− (1)B+ R′ S = B− (1)S′ O sinal de controle pode, assim, ser determinado substituindo a equação (4.4) em (4.15): Ao Am (1)uc (t − d) = R ∆u(t − d) + S ∆y(t − d) + Ao (1)Am (1)y(t − d) R ∆u(t) = Ao Am (1)uc (t) − S ∆y(t) − Ao (1)Am (1)y(t) (4.16) A lei de controle apresentada na equação (4.16) necessita dos coeficientes dos polinômios R e S . Estes são parâmetros desconhecidos, que variam com o tempo, calculados a partir de técnicas de otimização. 46 Definindo-se os polinômios do controlador e o polinômio observador como: R = r0 + r1 z−1 + · · · + rn−1 z−(n−1) (4.17) S = s0 + s1 z−1 + · · · + sn−1 z−(n−1) (4.18) A0 = 1 + ao1 z−1 + · · · + aon−1 z−(n−1) (4.19) a estimação é baseada na equação (4.15). Como a operação Ao (z−1 )Am (z−1 ) é um filtro passaalta, bastante sensível a ruídos, houve necessidade de reescrevê-la, como mostra a equação (4.20) ∆(z−1 ) Ao (1)Am (1) ∆(z−1 ) u(t − d) + S y(t − d) + y(t − d) Ao Am Ao Am Ao Am Ao (1)Am (1) y(t) − y(t − d) = R u f (t − d) + S y f (t − d) Ao Am ∆(z−1 ) u f (t) = u(t) Ao Am ∆(z−1 ) y(t) y f (t) = Ao Am y(t) = R (4.20) em que u f (t) e y f (t) são, respectivamente, os sinais u(t) e y(t) filtrados. Define-se, então, o vetor de parâmetros do controlador (θc ) e o vetor de regressores (ϕ): R u f (t − d) + S y f (t − d) = ϕT (t)θc i (4.21) y f (t − d) y f (t − d − 1) · · · y f (t − d − (n − 1))] (4.22) θTc (t − 1) = h r0 r1 · · · rn−1 s0 s1 · · · sn−1 ϕT (t) = [u f (t − d) u f (t − d − 1) · · · u f (t − d − (n − 1)) A letra T nas equações, indica a operação transposta aplicada aos vetores. Se o sinal de controle é persistentemente excitante, o vetor de parâmetros pode ser determinado minimizando a função de custo, definida como t J(θc ,t) = ∑ ε2(t) = k=1 t ∑ (y(t) − ŷ(t))2 (4.23) k=1 em que ε corresponde ao erro de predição, isto é, a diferença entre a saída do processo real (y(t)) e sua estimativa (ŷ(t)). Então, de acordo com a equação (4.20), tem-se que o erro de predição é dado por: 47 ε(t) = y(t) − Ao (1)Am (1) y(t − d) − ϕT (t)θ̂c (t − 1) Ao Am (4.24) em que θ̂c é a estimativa do vetor de parâmetros do controlador. A minimização da função J trata-se de um problema de otimização, que pode ser resolvido utilizando o método dos mínimos quadrados recursivos (MQR) (COELHO; COELHO, 2004; AGUIRRE, 2007; ÅSTRöM; WITTENMARK, 2008) apresentado a partir do conjunto de equações (4.25) K(t) = P(t − 1)ϕ(t − 1) λ + ϕT (t − 1)P(t − 1)ϕ(t − 1) 1 P(t) = [P(t − 1) − K(t)ϕT P(t − 1)] λ θ̂c (t) = θ̂c (t − 1) + K(t)ε(t) (4.25) O termo K(t) é chamado de ganho do estimador; P(t) é a matriz de covariância e λ corresponde ao fator de esquecimento (0 < λ < 1). O método MQR fornece os parâmetros do controlador o que permite finalizar o cálculo da equação (4.16) e obter o sinal de controle que atuará na planta. Por causa do ruído presente na medição do sensor, que sempre interfere no cálculo do erro de predição, as estimativas dos parâmetros do controlador podem ficar mal condicionadas. Para contornar essa situação, ε(t) foi limitado às condições mostradas pela equação (4.26). ε̄(t) = ε(t), 0, |ε(t)| ≥ α |ε(t)| < α (4.26) em que α é um limiar que determina se as estimativas serão atualizadas. O controlador DSTR foi implementado com uma ação integral, que apesar de ser uma boa solução contra as perturbações do tipo degrau, usadas nesse trabalho (Apêndice C), e na eliminação do erro em regime permanente, pode prejudicar o controle quando existirem atuadores sujeitos a saturações. Durante uma saturação, o sistema fica em malha aberta, o que pode levar o integrador à valores indesejados. Esse fenômeno é chamado de windup da ação integral e para evitá-lo calculou-se o valor de ∆u(t) a partir da equação (4.16) e estabeleceu-se a lei de controle como mostrado na sequência dada pelas equações (4.27), (4.28) e (4.29) 48 u(t) = u(t − 1) + ∆u(t) u , u(t) ≤ umin min s(t) = sat(u(t)) = u(t), umin < u(t) < umax u , u(t) ≥ u max max (4.27) (4.28) u(t) = s(t) 4.3 (4.29) Controlador com Escalonamento de Ganho O controlador adaptativo com Escalonamento de Ganho (Gain Scheduling – GS) é aquele que possui o conceito mais antigo dos sistemas adaptativos, originado em conjunto com os sistemas de controle de vôo. Também conhecido como Ganho Escalonado, recebeu este nome pois seu esquema foi originalmente usado para monitorar o ganho e então mudar, escalonar, o controle, a fim de compensar as alterações do ganho do processo (ÅSTRöM; WITTENMARK, 2008). O princípio básico deste tipo de sistema adaptativo consiste em utilizar algum tipo de variável auxiliar, que seja relacionada com as mudanças na dinâmica do processo, em função da qual os parâmetros do controlador possam ser ajustados. O diagrama de bloco da Figura 28 exemplifica o esquema do sistema com ganho escalonado. Existem dois laços, um interno, composto pelo processo e pelo controlador, e um externo, responsável por ajustar os parâmetros deste controlador de acordo com a varável auxiliar. Figura 28 - Diagrama de bloco de um controlador com Escalonamento de Ganho Escalonamento de ganho Parâmetros do Controlador Condições de operação Referência Controlador Processo Saída Sinal de Controle Esse ajuste ocorre de uma maneira pré-programada, ou seja, após um estudo com relação ao comportamento dinâmico da planta, é projetado um conjunto de controladores sintonizados de acordo com as diferentes faixas de operação da planta. O controlador selecionado depende de qual região se encontra a variável auxiliar. É importante observar que se o número de faixas de operação for elevado haverá um grande esforço para se projetar cada controlador em cada 49 uma das regiões. Além disso, cada região adicional representa um aumento no número de parâmetros a serem ajustados (LAGES, 2007). Outra desevantagem do GS encontra-se no fato de seu mecanismo de adaptação ocorrer em malha aberta. Como não há realimentação, não há como ajudar o controle no caso de existir um escalonamento incorreto. Apesar disso, o controle com escalonamento de ganho tem a vantagem de ser bastante ágil. Ele consegue mudar os parâmetros do controlador de forma bem rápida, em resposta às mudanças no processo. Como não existe a necessidade de estimar parâmetros, o fator limitante é apenas o quão rápido a medição da variável auxiliar responde às mudanças do processo (ÅSTRöM; WITTENMARK, 2008). A implementação do GS aplicado à planta foi feita utilizando controladores ProporcionalIntegral (PI) ao longo das faixas de operação. A variável auxiliar escolhida foi o nível do tanque de processo, visto que era a única variável disponível para medição que contém informações sobre a dinâmica do processo. O simulador desenvolvido foi de grande ajuda, possibilitando a realização de vários testes que tiveram o objetivo de determinar as sintonias dos controladores para as diferentes regiões de operação escolhidas. O capítulo 5, a seguir, apresentará mais informações a respeito do projeto dos controladores DSTR e GS, expondo os resultados que foram obtidos através de suas aplicações à planta didática. 50 5 RESULTADOS Este capítulo irá inicialmente apresentar a bancada de testes elaborada para a realização dos experimentos. Em seguida serão expostos os projetos dos controladores adaptativos implementados, isto é, o Escalonamento de Ganho e o Auto-sintonizável direto com ação integral, além de especificar as configurações e sintonias escolhidas para os seus parâmetros. Também serão mostrados e analisados os resultados da aplicação de cada controlador na planta didática de nível T5552, juntamente com um comparativo de desempenho entre os dois. 5.1 Bancada de Testes Para a realização dos experimentos com os controladores, foi necessária a montagem de uma bancada de testes. A Figura 29 mostra a estrutura montada. O CLP utilizado foi um P7C da HI Tecnologia. Figura 29 - Esquema da comunicação na bancada de testes. Planta Sinal de Controle corrente de 4-20mA Comuicação OPC: Escrita da CV Leitura do Sensor (PV) Comuicação OPC: Leitura da PV CLP A planta T5552 se comunica diretamente com o CLP através de sinais analógicos e discretos. Este, por sua vez, também se comunica com o computador (onde encontram-se os controladores) através do protocolo OLE for Process Control (OPC). Dessa forma, o CLP faz o papel de uma ponte, interligando a planta ao computador. A planta envia o sinal referente a PV ao CLP. Este o repassa ao controlador (computador), que após terminados os cálculos transmite o sinal de controle à planta através do CLP. O sinal analógico recebido pelo CLP é armazenado em uma memória para tipos de dados inteiros. Dessa forma, o equipamento, de acordo com sua operação interna, converte o sinal de 4 a 20 mA em um dado inteiro de 0 até 4095 (resolução de 12 bits). Isto acarreta em perda de informação do sinal analógico, pois essa resolução não é suficiente para obter uma boa representação da exatidão 2 do sensor. Esse efeito fica bastante evidente quando é necessário apresentar a medida do sensor ao controlador. Por exemplo: supondo que um sinal analógico 2A exatidão representa o quanto o sensor é capaz de indicar um valor próximo do valor real 51 medido pelo sensor corresponda ao nível de 5 cm. Este é convertido para um número inteiro que é repassado para o computador. O sinal inteiro precisa, então, ser transformado de volta em centímetros para ser usado pelo controlador. Contudo, o valor obtido seria um número próximo do valor 5 cm. Isso é um problema para os sistemas de controle, principalmente, quando se atinge o regime estacionário. Sempre haverá um erro de regime e o controlador ficará alterando o sinal de controle na tentativa de corrigi-lo. Em adição a esse comportamento ainda existe a presença do ruído de medição, que pode polarizar a estimativa dos parâmetros. Esses efeitos são bastante prejudiciais, principalmente quando há associada uma não linearidade como a da Figura 19 da seção 3.4. Apesar da alteração contínua na CV, por causa dos problemas com a medição, o controlador só conseguirá uma mudança efetiva no processo quando ocorrer cerca de 10% de variação no seu sinal de controle, que corresponde à medida aproximada da banda morta da não linearidade. Esse é um dos principais motivos para a presença de oscilações na PV quando se está controlando a planta. Na seção 3.5 foram mostrados alguns modos de operação para planta. Como a única forma de esvaziamento do tanque é dado pelas válvulas solenóides optou-se por deixar ambas abertas. Isso torna o processo um pouco mais rápido quando for necessário mudar a referência para um setpoint mais baixo, por exemplo. É importante esclarecer as limitações presentes na planta, que influenciaram diretamente a maneira como os testes foram elaborados. A bomba utilizada deve possuir um funcionamento intermitente para evitar um aquecimento acentuado dos seus componentes. Isto reduz o seu tempo de operação e consequentemente o da planta. Mesmo sendo um processo lento, os testes tiveram que ser executados com duração máxima de uma hora. Além disso, como o resfriamento da bomba é feito a partir da troca de calor com o fluido do tanque do reservatório, houve uma preocupação com qual seria a quantidade máxima deste líquido a ser destinada para o processo. Ficou estabelecido que o nível limite a ser atingido no tanque de processo seria de 15 cm, durante a operação da planta. Ainda sobre a configuração da estrutura física da planta, foi considerado que já haveria uma quantidade pré-alocada de líquido no compartimento T2 do tanque de processo, como ocorreu na Figura 22 da seção 3.5. Os controladores propostos tiveram uma implementação discreta. Logo, foi necessário selecionar um período de amostragem (Ts ) adequado, não podendo ser muito longo nem, tão pouco, curto demais (ÅSTRöM; WITTENMARK, 1990). Um período de amostragem longo além de influenciar na estabilidade do controle, geraria um sinal amostrado que não seria uma boa representação do sinal contínuo. Por sua vez, um período curto aumenta a carga de processamento do computador e pode não respeitar o tempo de coleta e envio de dados da comunicação OPC. Foi o que aconteceu quando tentou-se, inicialmente, usar o mesmo período de amostragem aplicado na coleta de dados (0,1 segundos). Esse espaço de tempo era insuficiente e começou a 52 provocar atrasos no envio e recebimento dos dados durante a comunicação. Åström e Wittenmark (1990) afirmam que Ts pode ser obtido através da análise do tempo de subida Tr do sistema em malha fechada, de acordo com a relação expressa na equação (5.1) Ts = Tr Nr (5.1) em que Nr é um fator compreendido aproximadamente entre 4 e 10. Dorf (2009) também mostra que Ts pode ser escolhido através do tempo de subida. Em um exemplo sobre o projeto de controladores, o autor afirma que o período de amostragem pode ser dado por Ts << Tr . Através da observação da dinâmica da planta e após alguns testes com o simulador obtevese um tempo de subida aproximado de 75 segundos. Optou-se por trabalhar com o critério apresentado por Dorf (2009) e escolheu-se um período de amostragem de 5 segundos, isto é, 15 vezes menor que o Tr . 5.2 Seguimento de Trajetória O primeiro teste realizado na planta pretende avaliar a capacidade de seguimento de trajetória de referência dos controladores (problema servo). A duração do ensaio foi de 3600 segundos (uma hora), divididos, igualmente, em intervalos de 600 segundos para cada patamar. O sinal escolhido consistiu em uma trajetória através de degraus cujo valor das referências foram, em ordem de aplicação, 5 cm, 10 cm, 8 cm, 13 cm, 6 cm e 4 cm. Com este sinal procurou-se excursionar a variável de processo ao longo de boa parcela das faixas de operação. Controlador Auto-sintonizável Direto Como apresentado na subseção 4.2.1, é necessário o ajuste de alguns parâmetros para configurar o DSTR. Os dados colhidos para realizar a identificação dos parâmetros do controlador foram obtidos como mostra a Figura 30 em que o conjunto Atuador+Processo é não linear. Figura 30 - Esquema de coleta de dados pelo estimador. Os dados são coletados antes do atuador (sinal de controle u(t)) e após o processo (saída y(t)). Parâmetros do Controlador MQR uc(t) y(t) Controlador u(t) Atuador Processo 53 A modelagem do processo em questão é dada de acordo com o que foi apresentado no capítulo 3. Apesar de ser representado por dois modelos de primeira ordem (um acima do orifício e outro abaixo), foi escolhido apenas um modelo de referência para definir os pólos desejados do sistema em malha fechada. Este modelo foi baseado em um sistema contínuo de ganho unitário e com constante de tempo igual a 30 segundos. Como n é igual a 1 o grau dos polinômios R, S e Ao é zero. A Tabela 1 é um quadro resumo dos parâmetros usados pelo controlador. Tabela 1 - Parâmetros do DSTR e condições iniciais para o caso do seguidor de trajetória. Parâmetros n Am (z−1 ) Ao R S d λ α Inicialização matriz P Inicialização vetor thetac umin umax Valores 1 1 − 0.8465z−1 1 r0 s0 7 0.996 0.01 P = 10I2x2 , I2x2 é uma matriz identidade 2x2 θc = [−4 1.2] 0 1 Os parâmetros d, λ e o valor para as inicializações da matriz P e do vetor de parâmetros do controlador foram obtidos de maneira empírica, através de testes realizados com o simulador. A utilização do simulador foi de grande ajuda na consolidação do projeto do DSTR, permitindo investigar e avaliar o comportamento da planta para diferentes tipos de ajustes em seus parâmetros. Os valores de umin e umax são referentes a saturação da válvula. A aplicação do sinal umin indica que a válvula está completamente aberta, enquanto umax indica o máximo de fechamento para a válvula. A Figura 31 demonstra o nível e o sinal de controle experimentais, resultados da aplicação do DSTR na planta didática T5552, bem como o nível e sinal de controle simulados. 54 Figura 31 - Resultado da aplicação do DSTR à planta didática abordando o problema servo. 14 Referência Modelo PV experimental PV simulada 12 Nível (cm) 10 8 6 4 2 0 0 500 1000 1500 2000 Tempo (s) 2500 3000 3500 4000 (a) Nível (PV). Fechamento da válvula (normalizado) 1 CV experimental CV simulada 0.8 0.6 0.4 0.2 0 0 500 1000 1500 2000 Tempo (s) 2500 3000 3500 4000 (b) Sinal de controle (CV). Os resultados mostram que a saída não acompanha o modelo escolhido, sobretudo por causa da saturação da válvula. Ainda assim foi possível obter um bom desempenho do controlador. Na realidade o modelo de referência foi projetado para ser mais rápido que a planta, com o propósito de conseguir atingir o setpoint o mais breve possível. Em contrapartida, o controle fica agressivo, provocando algumas oscilações na saída. As oscilações no sinal de controle são ocasionadas principalmente pelos problemas durante a medição e pela não-linearidade na válvula, como exposto anteriormente. É possível perceber que as amplitudes das oscilações no sinal de controle, nos momentos em que o sistema atinge o regime, são de aproximadamente 10%, equivalente à banda morta da não linearidade. Os parâmetros do controlador acomodaram-se em aproximadamente 100 segundos (20 amostras = 100/Ts ) para valores próximos aos estipulados inicialmente, como mostra a Figura 32. A cada mudança de referência, havia alterações nos valores dos parâmetros para se adequar 55 ao novo ponto de operação. Figura 32 - Parâmetros do controlador DSTR. 4 Parâmetros do controlador (θc) 3 2 1 r0 experimental 0 s0 experimental r0 simulado −1 s0 simulado −2 −3 −4 −5 0 500 1000 1500 2000 Tempo (s) 2500 3000 3500 4000 É importante destacar a semelhança dos resultados obtidos via simulação com os reais. Isso aumenta a confiabilidade do uso do simulador para o projeto dos controladores, indicando que uma boa sintonia encontrada via simulação terá bons resultados quando aplicada ao processo real. Controlador com Escalonamento de Ganho O controlador com Escalonamente de Ganho foi projetado a partir de 9 pontos de operação da planta. São eles: 1 cm, 3 cm, 5 cm, 7 cm, 10 cm, 14 cm, 17 cm, 20 cm e 24 cm. Para cada um dos pontos de operação foi atríbuida uma sintonia do controlador PI, em que seus parâmetros, K p e Ki , foram determinados a partir de testes empíricos realizados no simulador (Tabela 2). Tabela 2 - Sintonia do controlador PI para diferentes faixas de operação. Nível 1 3 5 7 10 14 17 20 24 Kp 0,6500 0,6000 0,5500 0,5100 0,8000 0,8500 0,7000 0,6000 0,6000 Ki 0,0070 0,0075 0,0100 0,0035 0,0100 0,0110 0,0060 0,0045 0,0080 Com isso, é possível montar uma função de adaptação entre os parâmetros do controlador e o nível (variável auxiliar) como mostra a Figura 33. 56 Figura 33 - Adaptação dos parâmetros do controlador PI para o problema servo. 0.9 0.85 0.8 KP 0.75 0.7 0.65 0.6 0.55 0.5 0 2 4 6 8 10 12 Nível (cm) 14 16 18 20 (a) Adaptação do parâmetro Kp em função do nível. −3 12 x 10 11 10 9 Ki 8 7 6 5 4 3 0 5 10 15 20 25 Nível (cm) (b) Adaptação do parâmetro Ki em função do nível. A fim de atribuir valores para os parâmetros do controlador, foram feitas interpolações com funções de 1 ºe 2 ºgrau entre os pontos de operação. Isso possibilitou estabelecer as faixas de operação, que foram destacadas na Figura 33. Assim, a adaptação dos parâmetros K p e Ki foi feita a partir de uma estrutura condicional, implementada no algoritmo do controlador GS. O código pode ser visualizado no Apêndice B. O nível e o sinal de controle experimentais, resultados da aplicação do controlador GS, assim como o nível e o sinal de controle simulados, encontram-se na Figura 34. 57 Figura 34 - Resultado da aplicação do GS à planta didática abordando o problema servo. 14 Referência PV experimental PV simulada 12 Nível (cm) 10 8 6 4 2 0 −2 0 500 1000 1500 2000 Tempo (s) 2500 3000 3500 4000 (a) Nível (PV). Fechamento da válvula (normalizado) 1 CV experimental CV simulada 0.8 0.6 0.4 0.2 0 0 500 1000 1500 2000 Tempo (s) 2500 3000 3500 4000 (b) Sinal de controle (CV). O GS obteve um bom desempenho e foi implementado com o mesmo foco do controlador DSTR. Mesmo tendo sintonias agressivas o GS diminui a amplitude das oscilações apresentadas pelo DSTR, alcançando os setpoint em períodos de tempo semelhantes. Em contrapartida, mesmo depois de diversos testes no simulador, não foi possível cancelar o sobressinal (overshoot) que se apresenta a cada mudança de referência. A Figura 35 mostra como foram ajustados os parâmetros K p e Ki do controlador ao longo do experimento. 58 Figura 35 - Atualização dos parâmetros do controlador PI. 0.9 Kp experimental 0.85 Kp simulado 0.8 Kp 0.75 0.7 0.65 0.6 0.55 0.5 0 500 1000 1500 2000 Tempo (s) 2500 3000 3500 4000 (a) Atualização do parâmetro Kp do controlador GS. −3 10 x 10 Ki experimental 9 Ki simulado 8 Ki 7 6 5 4 3 2 0 500 1000 1500 2000 Tempo (s) 2500 3000 3500 4000 (b) Atualização do parâmetro Ki do controlador GS. Para avaliar o desempenho dos controladores e realizar um comparativo entre eles, foram implementadas 4 métricas de desempenho: integral do erro absoluto (Integrated Absolute Error – IAE), integral do erro quadrático (Integrated Square Error – ISE), integral do tempo multiplicado pelo erro absoluto (Integrated of the Time multiplied by Absolute Error – ITAE) e a métrica de Goodhart proposta em (GOODHART et al., 1994). Os métodos IAE, ISE, e ITAE (CAMPOS; TEIXEIRA, 2006; DORF, 2009) avaliam apenas o erro da malha. As suas expressões, escritas na forma discreta, encontram-se na Tabela 3. Já a métrica de Goodhart engloba outras variáveis que também são importantes para indicar o desempenho da planta. 59 Tabela 3 - Modelo computacional dos índices de desempenho. N = número total de amostras. e = erro entre SP e PV. Índices de Desempenho Modelo Discreto IAE ISE ITAE ∑Nk=1 |e(k)| ∑Nk=1 e(k)2 ∑Nk=1 kTs |e(k)| Goodhart et al. (1994) propõem que a avaliação da malha seja feita baseada na equação (5.2). ξ = α1 ξ1 + α2 ξ2 + α3 ξ3 ξ1 = ∑ u(t)/χ (5.2) (5.3) ξ2 = ∑ (u(t) − ξ1 )2 /χ ξ3 = ∑ |uc (t) − y(t)|/χ (5.4) (5.5) em que α1 , α2 e α3 são pesos para ξ1 , ξ2 e ξ3 , definidos, respectivamente, nas equações (5.3), (5.4) e (5.5); e χ é a duração do teste, expressado em um número inteiro. O termo ξ1 considera o esforço de controle aplicado para alcançar uma dada resposta. No caso da planta, seria a corrente utilizada para controlar a válvula pneumática. Goodhart et al. (1994) assume que o tempo de operação de um atuador pode ser diretamente relacionado com a variância do sinal de controle que o comanda e, assim, incorporou o termo ξ2 ao índice. Por fim, o termo ξ3 pondera o desvio da saída do processo em relação ao setpoint, como o IAE. É importante destacar que essas métricas avaliativas levam em consideração apenas alguns fatores que determinam o comportamento geral da planta. Existem outros critérios de desempenho que consideram outros fatores como tempo de subida, overshoot ou tempo de acomodação (CAMPOS; TEIXEIRA, 2006). Para avaliar os controladores tomou-se α1 = 0, 2, α2 = 0, 3 e α3 = 0, 5. A Tabela 4 mostra os índices, resultados da aplicação de cada uma das métricas nos controladores propostos. Quanto menor o valor do índice, significa um melhor o desempenho. Tabela 4 - Índices de desempenho Métricas IAE ISE ITAE Goodhart Experimental DSTR GS 0, 1446 0, 1525 0, 4939 0, 5200 271, 1334 282, 9194 0, 1161 0, 1221 Simulado DSTR GS 0, 1395 0, 1444 0, 5115 0, 4825 263, 2430 270, 3850 0, 1157 0, 1167 60 Segundo 3 dos 4 índices, o controlador DSTR teve um desempenho melhor, em comparação com o controlador GS, quando aplicado ao problema servo. Como a métrica ISE penaliza em maior escala os erros iniciais, é natural esperar que este índice, calculado para o DSTR, seja mais elevado, visto que os parâmetros deste controlador ainda não convergiram nos períodos iniciais. 5.3 Rejeição à perturbação O segundo teste aplicado à planta procurou examinar a capacidade de rejeição à pertubações de cada controlador (problema regulatório). Para a realização deste experimento, foi incorporada à planta uma bomba externa de tensão contínua que retira líquido do tanque de reservatório e o descarrega diretamente no tanque de processo. A vazão aproximada para esta bomba é de 300 cm3 /s. O ensaio durou 1800 segundos (30 minutos) e em dois momentos específicos acionou-se a bomba externa para simular uma perturbação na entrada do processo. A primeira perturbação foi colocada após 700 segundos do início do teste e durou 10 segundos. Já a segunda, foi colocada após 1400 segundos do início do teste e teve duração de 5 segundos. Além disso, o experimento foi elaborado para dois valores de setpoint: 5 cm e 10 cm, com o objetivo de investigar o comportamento dos controladores sujeitos à pertubações para a dinâmica abaixo do orifício e acima dele. Controlador Auto-sintonizável Direto Para o teste de rejeição à perturbação optou-se por um DSTR menos agressivo, pois, como o foco é manter o processo o máximo de tempo possível na referência escolhida, preferiu-se um controle mais conservador e com menos oscilações. Dessa forma, o modelo de referência escolhido foi baseado em um sistema contínuo com constante de tempo igual a 60 segundos. Os demais parâmetros do controlador foram praticamente os mesmos do problema servo, diferenciando-se apenas os valores para inicialização do vetor θc e da matriz P. A Tabela 5 mostra um resumo dos parâmetros escolhidos para o controlador. As Figuras 36 e 37 mostram os gráficos para o nível e o sinal de controle experimentais, juntamente com o nível e o sinal de controle simulados, resultados da aplicação do controlador DSTR à planta, no problema regulatório. 61 Tabela 5 - Parâmetros do DSTR e condições iniciais para o caso de rejeição à perturbação. Parâmetros n Am (z−1 ) Ao Valores 1 1 − 0.9200z−1 1 r0 s0 7 0.996 0.01 P = 5I2x2 , I2x2 é uma matriz identidade 2x2 θc = [−5 0.1] 0 1 R S d λ α Inicialização matriz P Inicialização vetor thetac umin umax Figura 36 - Resultado da aplicação do DSTR à planta didática, abordando o problema regulatório. SP = 5 cm. 10 Nível (cm) 8 6 4 Referência Modelo PV experimental PV simulada 2 0 0 200 400 600 800 1000 Tempo (s) 1200 1400 1600 1800 (a) Nível (PV). Fechamento da válvula (normalizado) 1 0.8 0.6 0.4 0.2 CV experimental CV simulada 0 0 200 400 600 800 1000 Tempo (s) 1200 (b) Sinal de controle (CV). 1400 1600 1800 62 Figura 37 - Resultado da aplicação do DSTR à planta didática, abordando o problema regulatório. SP = 10 cm. 14 12 Nível (cm) 10 8 6 4 Referência Modelo PV experimental PV simulada 2 0 0 200 400 600 800 1000 Tempo (s) 1200 1400 1600 1800 (a) Nível (PV). Fechamento da válvula (normalizado) 1 0.8 0.6 0.4 0.2 CV experimental CV simulada 0 0 200 400 600 800 1000 Tempo (s) 1200 1400 1600 1800 (b) Sinal de controle (CV). O sistema consegue retornar para a referência após a ocorrência das perturbações. No caso particular em que a referência deve ser mantida em 5 cm, a perturbação eleva o nível para um valor acima da altura do orifício, alterando a dinâmica do processo. Ainda assim, o controlador não teve problemas para levar o nível de volta ao ao setpoint. A atualização dos parâmetros do controlador pode ser vista na Figura 38, em relação ao setpoint de 5 cm, e na Figura 39, em relação ao setpoint de 10 cm. 63 Figura 38 - Parâmetros do controlador DSTR. SP = 5 cm 6 Parâmetros do controlador (θc) 4 2 0 −2 −4 r0 experimental −6 r simulado s0 experimental 0 s0 simulado −8 0 200 400 600 800 1000 Tempo (s) 1200 1400 1600 1800 Figura 39 - Parâmetros do controlador DSTR. SP = 10 cm 6 r0 experimental s0 experimental Parâmetros do controlador (θc) 4 r0 simulado 2 s0 simulado 0 −2 −4 −6 −8 0 200 400 600 800 1000 Tempo (s) 1200 1400 1600 1800 Para o caso da referência igual a 5 cm, os parâmetros acomodaram-se em cerca de 100 segundos (20 amostras), já para 10 cm a convergência ocorre em aproximadamente 200 segundos (40 amostras). Controlador com Escalonamento de Ganho A implementação do controlador com ganho escalonado obedeceu a mesma metodologia de testes apresentada no caso do seguidor de trajetória, com uma mudança na sintonia para o ponto de operação 10 (Tabela 6). A Figura 40 apresenta os parâmetros K p e Ki em função do nível. 64 Tabela 6 - Sintonia do controlador PI para diferentes faixas de operação. Nível 1 3 5 7 10 14 17 20 24 Kp 0,6500 0,6000 0,5500 0,5100 0,9000 0,8500 0,7000 0,6000 0,6000 Ki 0,0070 0,0075 0,0100 0,0035 0,0140 0,0110 0,0060 0,0045 0,0080 Figura 40 - Adaptação dos parâmetros do controlador PI para o problema regulatório. 0.95 0.9 0.85 KP 0.8 0.75 0.7 0.65 0.6 0.55 0.5 0 2 4 6 8 10 12 Nível (cm) 14 16 18 20 (a) Adaptação do parâmetro Kp em função do nível. −3 16 x 10 14 12 Ki 10 8 6 4 2 0 5 10 15 20 25 Nível (cm) (b) Adaptação do parâmetro Ki em função do nível. Com essas informações, foi elaborado um novo código no algoritmo do GS, contendo as 65 faixas de operação e a adaptação dos parâmetros do controlador. O código pode ser visualizado no Apêndice B. Os resultados da aplicação do GS, mostrandos os gráficos para o nível e o sinal de controle experimentais, assim como os gráficos de nível e sinal de controle simulados, encontram-se nas Figuras 41 e 42. Figura 41 - Resultado da aplicação do GS à planta didática, abordando o problema regulatório. SP = 5 cm. 10 Referência PV experimental PV simulada Nível (cm) 8 6 4 2 0 0 200 400 600 800 1000 Tempo (s) 1200 1400 1600 1800 (a) Nível (PV). Fechamento da válvula (normalizado) 1 0.8 0.6 0.4 0.2 CV experimental CV simulada 0 0 200 400 600 800 1000 Tempo (s) 1200 (b) Sinal de controle (CV). 1400 1600 1800 66 Figura 42 - Resultado da aplicação do GS à planta didática, abordando o problema regulatório. SP = 10 cm. 14 12 Nível (cm) 10 8 6 4 Referência PV experimental PV simulada 2 0 0 200 400 600 800 1000 Tempo (s) 1200 1400 1600 1800 (a) Nível (PV). Fechamento da válvula (normalizado) 1 0.8 0.6 0.4 0.2 CV experimental CV simulada 0 0 200 400 600 800 1000 Tempo (s) 1200 1400 1600 1800 (b) Sinal de controle (CV). Assim como o DSTR, o GS conseguiu retornar o sistema para a referência desejada porém, continua existindo a presença de sobressinais. Por fim, as Figuras 43 e 44 demonstram a atualização dos parâmetros K p e Ki para as referências 5 cm e 10 cm, respectivamente. 67 Figura 43 - Atualização dos parâmetros do controlador PI. SP = 5 cm 0.9 Kp experimental 0.85 Kp simulado 0.8 Kp 0.75 0.7 0.65 0.6 0.55 0.5 0 200 400 600 800 1000 Tempo (s) 1200 1400 1600 1800 (a) Atualização do parâmetro Kp do controlador GS. −3 11 x 10 10 9 Ki 8 7 6 5 Ki experimental 4 3 0 Ki simulado 200 400 600 800 1000 Tempo (s) 1200 1400 1600 (b) Atualização do parâmetro Ki do controlador GS. 1800 68 Figura 44 - Atualização dos parâmetros do controlador PI. SP = 10 cm 0.95 0.9 0.85 Kp 0.8 0.75 0.7 0.65 0.6 Kp real 0.55 Kp simulado 0.5 0 200 400 600 800 1000 Tempo (s) 1200 1400 1600 1800 (a) Atualização do parâmetro Kp do controlador GS. −3 14 x 10 12 Ki 10 8 6 4 K experimental i Ki simulado 2 0 200 400 600 800 1000 Tempo (s) 1200 1400 1600 1800 (b) Atualização do parâmetro Ki do controlador GS. A avaliação do desempenho dos controladores foi feita a partir das métricas anteriormente sugeridas. Os valores dos índices de cada método para SP = 5 cm e SP = 10 cm encontram-se, respectivamente, nas Tabelas 7 e 8. Tabela 7 - Índices de desempenho. SP = 5 cm. Métricas IAE ISE ITAE Goodhart Experimental DSTR GS 0, 0970 0, 1014 0, 2094 0, 2116 67, 4652 73, 4136 0, 0984 0, 1009 Simulado DSTR GS 0, 1048 0, 1008 0, 2313 0, 2261 69, 2181 75, 1563 0, 1034 0, 1025 69 Para o teste de rejeição a perturbações, com a referência em 5 cm, o controlador DSTR ainda foi o mais adequado, apesar de alguns índices que avaliaram a simulação indicarem o contrário. Alguns fatores, como ruídos e não linearidades podem ser apontados como responsáveis pela divergência entre o processo experimental e o simulado. Neste caso o DSTR se adequou de melhor forma às adversidades de um sistema real superando as expectativas da simulação. Isso também poderia ter acontecido com o ganho escalonado. Tabela 8 - Índices de desempenho. Sp = 10 cm. Métricas IAE ISE ITAE Goodhart Experimental DSTR GS 0, 1645 0, 1261 0, 7155 0, 5586 51, 0383 47, 2879 0, 1040 0, 1211 Simulado DSTR GS 0, 16293 0, 1168 0, 7222 0, 5149 45, 8141 41, 8996 0, 1196 0, 0982 Com relação à referência de 10 cm o controlador GS teve um desempenho superior ao do DSTR. Desta vez, as informações da simulação refletiram o que aconteceu no experimento real. Além das técnicas adaptativas um controlador PI foi implementado e aplicado à planta, a fim de investigar o comportamento de uma técnica convencional que possui parâmetros fixos. A sintonia deste controlador foi obtida de maneira empírica e possuiu resultados semelhantes aos do controlador GS. Dessa forma, seus gráficos não serão apresentados. Vale ressaltar que houve preferência em mostrar os resultados do controlador GS, devido ao foco deste trabalho ser em controle adaptativo. A avaliação do controlador PI através das métricas de desempenho, assim como o controlador GS, produziu índices satisfatórios, em alguns casos, melhores que os do controlador DSTR. Porém, se outros critérios de desempenho forem utilizados, como mínimo sobressinal, ou menor tempo de assentamento, o controlador DSTR torna-se superior. Mesmo após vários testes, não foi possível melhorar estas condições tanto no controlador GS como no controlador PI. Este capítulo apresentou os resultados experimentais e de simulação da aplicação dos algoritmos de controle propostos em uma planta real de nível. Para as situações sugeridas o DSTR teve melhor desempenho do que o GS em dois dos três experimentos realizados. Porém, como as sintonias foram feitas de maneira empírica, não é possível determinar qual das técnicas é superior. Métodos de otimização para sintonia são bem vindas, porém como não era o escopo deste trabalho serão recomendadas para desenvolvimentos futuros. 70 6 CONCLUSÃO Este trabalho apresentou experimentos realizados na planta didática de nível T5552, abordando desde a modelagem matemática de seus componentes até a simulação, identificação e controle em tempo real do sistema. Esses são temas importantes para as áreas de controle, automação e otimização usadas pela indústria. A utilização da planta permite ao seu operador conhecer um pouco mais sobre o comportamento de sistemas reais, promovendo o encontro da teoria com a prática. A planta de nível consiste em um equipamento cuja estrutura possui uma instrumentação industrial associada. Seu uso foi direcionado para o estudo de controle de processo, possibilitando a criação de um ambiente com situações controladas para a realização dos experimentos. A modelagem foi feita a partir de uma abordagem fenomenológica, se utilizando de ajuste de curvas para traduzir matematicamente o comportamento dos componentes do sistema. A válvula pneumática com não linearidade, em particular, teve sua representação dada a partir de um algoritmo que aproximou de maneira satisfatória o seu funcionamento. O modelo desenvolvido foi validado com a ajuda de um simulador, em que pôde-se realizar uma comparação junto as informações adquiridas através do processo real. Os resultados mostraram uma aproximação adequada para a planta, onde obteve-se um erro médio quadrático de aproximadamente 4,5% em um ensaio comparativo entre a simulação e o experimental de uma operação em malha aberta da planta. O orifício, presente na divisória do tanque de processo, introduz duas dinâmicas no processo, uma quando o nível do líquido encontra-se abaixo deste orifício, e outra quando ele está acima. Isto acontece pois, quando o altura do fluido ultrapasssa a altura do orifício área da seção transversal, que antes era dada apenas pelo compartimento T1, passa a ser a dada pelos dois compartimentos. A variação de parâmetros no processo foi o principal motivo para escolha de uma estratégia adaptativa para o controle, já que esses sistemas possuem mecanismos de ajustes automáticos dos seus parâmetros para se adequarem às mudanças de dinâmica. Dentre os métodos de controle adaptativo disponíveis, optou-se por se trabalhar com um Auto-sintonizável direto com ação integrativa e com um Escalonamento de Ganho. Foram apresentados os resultados da aplicação dos controladores na planta diante de dois problemas de controle: um servo, em que deve-se seguir uma trajetória de referência; e um regulatório que procura manter saída do processo na referência desejada, rejeitando perturbações. Para o problema regulatório foram testadas duas referências, uma que ficasse abaixo do orifício (5 cm) e outra que ficasse acima (10 cm). O objetivo era investigar a robustez do controlador às mudanças de dinâmica. Apesar da não linearidade da válvula e dos problemas com a meto- 71 dologia disponível para a medição da variável de processo, em todos os ensaios foram obtidos resultados satisfatórios com os dois controladores. A fim de estabelecer um comparativo entre o desempenho dos controladores, utilizaramse as métricas IAE, ISE, ITAE e a proposta por Goodhart para avaliá-los. O controlador DSTR obteve resultados melhores em comparação ao GS, em 2 dos 3 experimentos propostos. Ainda assim não é possível determinar que o DSTR é melhor do que o GS visto que as sintonias estabelecidas foram obtidas empiricamente. Perspectivas A seção 3.5 sugere um conjunto de modos de operação para a planta de acordo com a abertura/fechamento das válvulas solenóides. Durante a realização deste trabalho, foi abordada apenas a configuração que proporcionou um esvaziamento mais rápido, de modo que os objetivos de controle (alcançar e permanecer na referência no menor tempo possível) fossem alcançados mais rapidamente. Tomou-se essa atitude procurando-se respeitar os limites de operação da planta, expostos em 5.1. Contudo, é possível sugerir outra visão sobre os modos de operação. Por exemplo, pode-se usar a planta, inicialmente, com ambas as solenóides abertas. Em um determinado instante, fecha-se uma das válvulas com intuito de simular um entupimento na vazão de saída. Esse tipo de procedimento é relevante para testes de sistema tolerantes a falhas. Como foi comentado no final do capítulo 5, as sintonias dos controladores foram obtidas empiricamente. Apesar de desempenhos satisfatórios é possível melhorar os controladores com a otimização de seus parâmetros, através de técnicas como algoritmo genético (Genetic Algorithm – GA) ou nuvem de partículas (Particle Swarm Optimization – PSO). Outras técnicas de controle também podem ser exploradas junto a planta T5552. Alguns controladores estão sendo desenvolvidos concomitantemente com este trabalho. Entre eles pode-se citar um Fuzzy e um GPC (Generalized Predictive Control) Bilinear. Todos eles usam o simulador como base para projetar e testar suas sintonias antes da utilização no processo real. Finalmente, ainda seria igualmente interessante o estudo sobre técnicas de compensação de não-linearidades. Isso ajudaria a minimizar os efeitos da histerese presente na válvula pneumática, acarretando em um ganho de desempenho para os controladores utilizados. 72 REFERÊNCIAS AGUIRRE, L. A. Introdução à Identificação de Sistemas: Técnicas Lineares e Não-Lineares. 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Para representar esse comportamento foi desenvolvido um algoritmo baseado nos estudos de (TAO; KOKOTOVIC, 1996), como visto a seguir. 110 100 Vazão (cm3/s) 90 • ↑ P4 Não linearidade real Aproximação • P1 ↑ Transição • ←I1 80 I2→ • 70 Curva para válvula→ abrindo 60 Curva para ←válvula fechando 50 0 20 40 60 Fechamento da válvula (%) P3→ • 80 P2 ↓ • 100 Figura 45 - Não linearidade encontrada na válvula pneumática. %ENTRADAS: % % % %SAIDA: Q CV, SAT_SUP, SAT_INF, CURVA_FECHAR1, CURVA_FECHAR2, CURVA_ABRIR1, CURVA_ABRIR2, P1, P2, P3, P4, I1 E I2 IF (CV(k) == CV(k-1)) Q(k) = Q(k-1); % Analisando limite superior ELSEIF ( CV(k) <= P4 || (Q(k-1) == SAT_SUP && (P4 < CV(k) && CV(k) < P1)) ) Q(k) = SAT_SUP; % Analisando limite inferior ELSEIF ( CV(k) >= P2 || (Q(k-1) == SAT_INF && 76 (P3 < CV(k) && CV(k) < P2)) ) Q(k) = SAT_INF; % Fechando válvula ELSEIF (CV(k) > CV(k-1)) % Se na CURVA_FECHAR1 IF ( (P4 < CV(k) && CV(k) < I1) ) % Se houve transição abrir-fechar IF (Q(k-1) <= CURVA_FECHAR_1) Q(k) = Q(k-1); % Se fechando normalmente ELSE Q(k) = CURVA_FECHAR_1; END % Se na CURVA_FECHAR2 ELSEIF ( (I1 <= CV(k) && CV(k) < P2) ) % Se houve transição abrir-fechar IF (Q(k-1) <= CURVA_FECHAR_2) Q(k) = Q(k-1); % Se fechando normalmente ELSE Q(k) = CURVA_FECHAR_2; END END % Abrindo válvula ELSEIF (CV(k) < CV(k-1)) % Se na CURVA_ABRIR1 IF ( (P2 > CV(k) && CV(k) > I2) ) % Se houve transição fechar-abrir IF (Q(k-1) >= CURVA_ABRIR_1) Q(k) = Q(k-1); % Se abrindo normalmente ELSE Q(k) = CURVA_ABRIR_1; END % Se na CURVA_ABRIR2 ELSEIF ( (I2 >= CV(k) && CV(k)> P4) ) % Se houve transição fechar-abrir IF (Q(k-1) >= CURVA_ABRIR_2) Q(k) = Q(k-1); 77 % Se abrindo normalmente ELSE Q(k) = CURVA_ABRIR_2; END END ELSE Q(k) = Q(k-1); END A variável CV corresponde ao sinal de controle aplicado à válvula, enquanto Q é a vazão produzida pela mesma. P1, P2, P3 e P4 são os pontos superior-direito, inferior-direito, inferior-esquerdo e superior-esquerdo, respectivamente, da não linearidade, como apresentado na figura 45. SAT_SUP e SAT_INF são duas constantes que representam os valores para as saturações superior e inferior, presentes na válvula. A curva entre os pontos P1 e P2 corresponde a operação de fechar a válvula. Para melhor representá-la, utilizou-se dois ajuste polinomial de 2ªordem definidos como CURVA_FECHAR_1 e CURVA_FECHAR_2 com interseção no ponto I1. A curva entre os pontos P3 e P4 corresponde a operaçao de inversa, isto é, de abrir a válvula. Dois ajuste polinomiais de 2ªordem também foram usados para representar esta curva, definidos como CURVA_ABRIR_1 e CURVA_ABRIR_2, que se interceptam no ponto I2. 78 B APÊNDICE B - Código adicional do algoritmo do controlador GS A implementação do controlador com escalonamento de ganho foi feita a partir de uma estrutura condicional, em que foram definidas as regiões de operação para a planta T5552 a partir dos gráficos das Figuras 33 e 40. O código a seguir encontra-se presente no algoritmo do GS e foi utilizado para o problema servo apresentado no capítulo 5. IF 0 < NIVEL && NIVEL <= 7 Kp = 0.6715-0.0235*NIVEL; ELSEIF 7 < NIVEL && NIVEL <= 10 Kp =-0.1667+0.0967*NIVEL; ELSEIF 10 < NIVEL && NIVEL <= 14 Kp = 0.6750+0.0125*NIVEL; ELSEIF 14 < NIVEL && NIVEL <= 20 Kp = 1.4250-0.0417*NIVEL; ELSEIF NIVEL > 20 Kp = 0.6; END IF 0 < NIVEL && NIVEL <= 5 Ki = 0.0075-0.0007*NIVEL+0.0002*NIVEL^2; ELSEIF 5 < NIVEL && NIVEL <= 7 Ki = 0.0263-0.0033*NIVEL; ELSEIF 7 < NIVEL && NIVEL <= 14 Ki = -0.0308+0.0068*NIVEL-0.0003*NIVEL^2; ELSEIF 14 < NIVEL && NIVEL <= 20 Ki = 0.0806-0.0077*NIVEL+0.0002*NIVEL^2; ELSEIF NIVEL > 20 Ki = -0.0130+0.0009*NIVEL; END Já este outro código refere-se a aplicação do controlador GS para o problema regulatório, também apresentado no capítulo 5. IF 0 < NIVEL && NIVEL <= 7 Kp = 0.6715-0.0235*NIVEL; ELSEIF 7 < NIVEL && NIVEL <= 10 Kp = -0.4000+0.1300*h; 79 ELSEIF Kp = ELSEIF Kp = END 10 < NIVEL && NIVEL <= 20 -1.6611+0.5619*h-0.0387*h^2+0.0008*h^3; NIVEL > 20 0.6; IF 0 < Ki = ELSEIF Ki = ELSEIF Ki = ELSEIF Ki = ELSEIF Ki = END NIVEL && NIVEL <= 5 0.0075-0.0007*NIVEL+0.0002*NIVEL^2; 5 < NIVEL && NIVEL <= 7 0.0263-0.0033*NIVEL; 7 < NIVEL && NIVEL <= 10 -0.0210+0.0035*h; 10 < NIVEL && NIVEL <= 20 -0.0743+0.0202*h-0.0015*h^2+0.000033*h^3; NIVEL > 20 -0.0130+0.0009*NIVEL; 80 C APÊNDICE C - Ação integral para perturbações do tipo degrau O desenvolvimento abaixo mostra o papel da ação integral na redução dos efeitos provocados por uma perturbação do tipo degrau unitário adicionada na entrada de uma planta. Dado o diagrama de blocos de um sistema em malha fechada apresentado na Figura 46 Figura 46 - Diagrama de blocos de um sistema em malha fechada. V(s) R(s) + C(s) U(s) + + G(s) Y(s) - H(s) em que G(s) representa a planta, C(s) o controlador e H(s) o sensor. Os sinais R(s), Y (s) correspondem, respectivamente, a entrada e a saída do sistema. Por fim, o sinal U(s) representa o sinal de controle aplicado à planta e V (s) a perturbação aplicada na entrada da planta. O sinal Y (s) pode ser entendido como uma composição de sinais, Y (s) = Yr (s) +Yv (s), em que Yr (s) é a parcela da saída do sistema produzida pelo sinal de entrada R(s) e Yv (s) é a parcela produzida pelo sinal de perturbação V (s). Para mostrar que a ação integral adicionada ao controlador é capaz de reduzir os efeitos de uma perturbação do tipo degrau unitário (V (s) = 1/s), aplica-se o teorema do valor final para a função de transferência Yv (s)/V (s) mostrada na equação (C.1) Yv (s) G(s) = V (s) 1 + G(s)C(s)H(s) O teorema do valor final é dado por yv (∞) = lim sYv (s). Logo: s→0 (C.1) 81 G(s) V (s) 1 + G(s)C(s)H(s) G(s) 1 Yv (s) = 1 + G(s)C(s)H(s) s Yv (s) = yv (∞) = lim sYv (s) s→0 1 G(s) s→0 1 + G(s)C(s)H(s) s G(0) yv (∞) = 1 + G(0)C(0)H(0) yv (∞) = lim s (C.2) Com a ação integral presente em C(s), o termo G(0)C(0)H(0) segue para o infinito e yv (∞) passa a ser 0, isto é, os efeitos provocados pela perturbação são anulados.