A VALORIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO DE CRUZ ALTA – RS, ATRAVÉS DOS SIGNIFICADOS DE SUA PAISAGEM HISTÓRICA E CULTURAL MOREIRA, PEDRO COUTO. (1); MELLO, CLAUDIO RENATO CAMARGO DE. (2); SAAD, DENISE DE SOUZA. (3) 1. Universidade Federal de Santa Maria. Mestre em Patrimônio Cultural pelo Programa em Pós-graduação Profissionalizante em Patrimônio Cultural - PPGPPC – UFSM; Arquiteto e Urbanista. Rua Major Novais, 1606, Bairro Dr. Pinto, Palmeira das Missões – RS – CEP: 98300-000. [email protected] 2. Universidade de Cruz Alta - UNICRUZ. Docente do curso de Arquitetura e Urbanismo; Mestre em Patrimônio Cultural – UFSM; Membro da Comissão do Patrimônio Histórico Cultural de Cruz Alta – RS. Endereço Postal: UNICRUZ, Universidade de Cruz Alta. Rodovia Municipal Jacob Della Méa, Km 5.6 Parada Benito - CEP 98.020-290 - Cruz Alta/RS. [email protected]@hotmail.com 3. Universidade Federal de Santa Maria. Programa em Pós-graduação Profissionalizante em Patrimônio Cultural - PPGPPC – UFSM; Engenheira Civil, Dra. Coordenadora do PPGPPC - UFSM. Endereço Postal: Universidade Federal de Santa Maria - Av. Roraima, n. 1000 Faixa de Camobi, Km 09 - Campus Universitário, Prédio 74 - sala 2182. CEP: 97105-900 [email protected] RESUMO A formação da identidade cultural de uma sociedade está atrelada ao reconhecimento que a sua população tem para com a sua própria história e cultura. O presente artigo discorre sobre os aspectos simbólicos de dois, dos tantos, conjuntos de edificações que conotam importância para o patrimônio histórico e cultural da cidade de Cruz Alta. São apontados conjuntos de prédios que mantém uma relação com a cultura e com a história, tanto da cidade quanto da nação, fazendo a ligação entre os valores imateriais atrelados a eles e a busca da identidade cultural, do cidadão para com o meio edificado em que habita. Foram analisadas as construções pertencentes à vida e a história do ícone cruz-altense de grande representação para a cultura nacional, que é o escritor Érico Veríssimo e que está presente na memória da sociedade, pelo fato de que muitos prédios existentes na região central de Cruz Alta mantém ligação de alguma forma com a sua vivência. Como o Solar Brandão, que além de ser a casa de seu tio, foi citado na obra Solo de Clarineta, e a casa em que o autor nasceu e viveu, a qual atualmente é um Museu dedicado a sua memória. Outro conjunto de edificações analisado foram as obras ligadas ao período denominado como governo Coronelista, das quais fazem parte uma grande quantidade de casas particulares e prédios públicos construídos no início do século XX, e que possuem em suas estruturas além dos significados intangíveis para a sociedade, uma riqueza em suas estruturas morfológicas. Desse modo o trabalho estabelece as relações entre o significado dos contextos imateriais que permeiam patrimônio arquitetônico e a sua utilização como instrumento de preservação dos conjuntos históricos. O estudo procurou através do conhecimento dessas obras e de sua significação, instigar a população a buscar sua identidade cultural, reconhecendo o valor real de sua paisagem imediata e criando a consciência coletiva da preservação dos seus elementos formadores. No seu encerramento o artigo explana sobre a situação atual da paisagem cultural cruz-altense a partir desses dois conjuntos e sugere ações para a preservação do patrimônio, através da evidenciação dos significados intrínsecos a esses grupos de edificações expostas. Palavras-chave: Patrimônio edificado; Paisagem Cultural; Conjuntos Históricos. 3° COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro 1. INTRODUÇÃO A cultura de determinado local desenvolve-se e se destaca através de diferentes maneiras, tomando elas formas materiais ou imateriais, de acordo com o meio em que estão inseridas. O patrimônio histórico, bem como as paisagens históricas presentes no meio urbano das cidades são algumas das formas materiais da manifestação cultural de determinada sociedade, enquanto que os costumes da população, músicas nativas, literatura e folclore são algumas das formas imateriais dessa manifestação da cultura do local. Através da análise e reflexão da correlação estabelecida entre o patrimônio cultural edificado no município de Cruz Alta e a identidade que a população cruz-altense tem para com ele, o presente texto discorrerá no intuito de propor a utilização de preceitos que promovam a valorização de sua arquitetura histórica, por meio do conhecimento e assimilação dos elementos intangíveis que a sua paisagem centenária mantém com a cultura de sua sociedade. O conhecimento da história da cidade e dos significados que as edificações históricas formam no seu contexto, auxilia para que os cidadãos possam ambientar-se com o meio em que vivem estabelecendo assim uma relação harmônica com a sua cultura e o seu papel como cidadão. Para que exista a interação entre a população e o seu entorno urbano edificado é importante o reconhecimento do valor histórico e cultural que as construções possuem diante das cidades e quais os significados que elas trazem consigo situando assim os habitantes como seres atuantes perante esse conjunto de patrimônio. Define-se patrimônio cultural como “o conjunto de bens culturais, materiais e imateriais, que possuem valores históricos, artísticos, científicos ou associativos e que definem, em diferentes escalas, a identidade de uma comunidade, um Estado ou uma Nação e que devem ser preservados como legado às gerações futuras” (IPHAE, 2009, p.16). A preservação desse patrimônio histórico está atrelada diretamente na identidade da população com a sua cultura, sendo uma forma de garantir o conhecimento técnico e os costumes de uma época além de estabelecer parâmetros de crescimento da sociedade, tanto em formas materiais, com padrões de expansão urbana e técnicas construtivas como através de formas imateriais com a promoção social de algumas camadas da sociedade pela inserção do conhecimento cultural na vida da população. O patrimônio histórico edificado é a demonstração viva da cultura social, pois faz parte, como cenário, de todas as atividades e eventos históricos que ocorrem no meio urbano, servindo como espaço de conservação da 3° COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro memória da sociedade, situando assim os cidadãos como seres pertencentes ao meio em que habitam. O município de Cruz Alta localiza-se na mesorregião noroeste do Rio Grande do Sul, sendo um dos primeiros núcleos urbanos do estado e possui em seu meio, um vasto acervo de construções históricas, que remontam desde a fundação do município no ano de 1821, apresentando uma grande variação estilos consagrados da arquitetura mundial, até os anos atuais. Entretanto, não são somente os prédios históricos, através de seus estilos e técnicas construtivas, que possuem grande importância frente à cultura local, mas o valor simbólico e intangível que pode ser atrelado a eles e a toda paisagem histórica cruz altense, que recebeu ao longo dos anos importantes acontecimentos e personalidades que de alguma forma marcaram profundamente a história, tanto da região como da nação, entre as quais se podem citar o período em que a cidade foi governada pelo comando coronelista, sendo que de alguma forma, os resquícios simbólicos daquela época ainda perduram, e a imagem consagrada do célebre autor literário Érico Veríssimo, o qual contribuiu profundamente para a cultura nacional. Além dos acontecimentos e personalidades citadas, existem outros diferentes contextos com considerável importância cultural para o município de Cruz Alta, que aliadas ao patrimônio histórico edificado podem ser utilizadas como instrumentos de sua própria preservação, promovendo a cultura de forma pedagógica, simplificada e objetiva, para o pleno entendimento da população. 2. OS FRAGMENTOS HISTÓRICOS DE CRUZ ALTA A região que hoje abrange o município de Cruz Alta teve o começo de sua colonização no século XVII, quando os jesuítas espanhóis ingressaram no Rio Grande do Sul, a fim de catequizar os índios, sendo que nessa época havia um pequeno povoado, próximo de onde atualmente se situa a cidade. Os constantes ataques dos bandeirantes paulistas as aldeias indígenas, com a finalidade buscar mão de obra escrava, fez com que fossem aos poucos se extinguindo essas reduções jesuíticas (MELLO, 2006). Após essa primeira povoação, o local voltou a ser colonizado de maneira mais intensa após a descoberta de jazidas de minérios na região sudoeste do Brasil, no estado de Minas Gerais, impulsionando assim toda a economia da colônia, tendo nessa época o início do período compreendido como Ciclo do Tropeio, entre os anos de 1700 e 1760. Cruz Alta estava em 3° COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro ponto que fazia parte da rota dos tropeiros, que levavam produtos, como animais de carga, do sul da colônia até as regiões consumidoras, sendo que se caracterizou como local de repouso desses tropeiros, devido aos seus aspectos ambientais e climáticos propícios. Com essa movimentação de população pelo local, foram edificados os primeiros ranchos, formando os primeiros núcleos de colonização, com pouca densidade, porém, de forma organizada na região (MELLO, 2006). No ano de 1801 foram delineadas definitivamente as fronteiras entre as terras espanholas e portuguesas, através do Tratado de Badajós, estando o comando de fronteira fixada na cidade de São Borja, a qual era composta em sua maioria por lusitanos, que após cinco anos de prestação de serviço militar podiam requerer a concessão de áreas de terra, denominados sesmarias, sendo que vinte e oito militares fizeram a requisição das terras no local onde atualmente compreende o município de Cruz Alta (CRUZ, 2000). No dia 18 de agosto de 1821 foi oficializada através de documento governamental a fundação da povoação denominada Cruz Alta, o qual continha os padrões urbanos que deveriam ser seguidos e algumas normas pré-estabelecidas que caracterizassem o povoamento como núcleo urbano, como a proibição de construção de chácaras próximas, entre outras determinações. Esse documento além de estabelecer os padrões que o povoado deveria ter, ordenava que fosse construída uma rua, a qual deu inicio, em conjunto com a construção de casas por iniciativa privada, da urbanização mais intensa do local (MELLO, 2006). Com o passar dos anos as necessidades da população do local se intensificaram como sociedade, sendo que no cunho religioso a cidade foi declarada Comarca Eclesiástica no ano de 1832 e erigida em Paróquia, por ato do clero católico brasileiro da época (ROCHA, 1964). Nessa época, em meados dos anos de 1830, foi noticiado que havia diversos serviços e pequenas indústrias para suprir as necessidades dos moradores e como forma de movimentação da economia local, com a exportação de certos produtos. A população local era aproximadamente 2500 pessoas, demonstrando um núcleo urbano com uma organização estruturada para a época (CASTRO, 2003). O processo evolutivo adentrou na cidade em diferentes épocas, caracterizado pela fase contemporânea em que se encontrava a tendência mundial. Um dos fatos importantes para que fossem feitas as interligações de comunicação com as outras localidades, além da migração de pessoas para a cidade, foi a instalação da viação férrea no município, inaugurada no ano de 1894, a qual teve grande importância, não somente na ligação como meio de transporte e comunicação com outros lugares, mas até mesmo na construção de sua estação, que possui regras estabelecidas pela Academia de Belas Artes na relação da forma com a 3° COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro função e caracteriza-se pela utilização do ferro, material esse importado para o Brasil e que representava a evolução do sistema técnico de construção (KÜHL, 1998). Acompanhando uma constante evolução tecnológica mundial, a cidade de Cruz Alta mostra, através de suas edificações históricas, os traços de correntes estilísticas arquitetônicas de diferentes épocas, demarcando assim a sua ampla relação com as tendências evolutivas da arte e da cultura. Dentre os prédios, se destacam dois, que são tombados pelo IPHAE (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Rio Grande do Sul), os quais são: o prédio da Prefeitura Municipal, construída entre os anos de 1911-1914, apresentando uma riqueza de elementos arquitetônicos, todos dispostos de maneira simétrica, edificada pela administração do intendente Firmino de Paula Filho, este, conhecido por ser um comandante contemporâneo ao coronelismo; outro prédio de grande destaque é a Casa e Museu do célebre escritor cruz altense Érico Veríssimo, do qual, a edificação em traços arquitetônicos não possui grande distinção, porém, na questão do valor cultural agregado ao local, está repleta de significações e vivências que influenciaram na história e obra do escritor, reconhecido mundialmente (MELLO, 2006). 3. OS SIGNIFICADOS DA PAISAGEM URBANA No decorrer das épocas, muitos elementos arquitetônicos vão se consolidando nas cidades como símbolos do progresso científico e artístico ocorrido no local, demarcando assim aspectos interligados com a cultura e aos costumes da sociedade que habita esse espaço. O meio físico das cidades, tanto, através da presença da arquitetura, como, da organização urbana, demonstra materialmente os fatos e eventos ocorridos na sua história. Para reconhecer as particularidades de uma determinada sociedade, podem ser utilizados outros meios, como através de seu contexto imaterial, analisando a sua cultura de forma subjetiva, porém, as edificações patrimoniais são elementos objetivos e comprobatórios que facilitam a compreensão de qualquer contextualização histórica. As cidades são constituídas por um espaço que tem na sua formação dois elementos, a sua materialidade e as suas relações sociais. A materialidade se apresenta como uma representação do passado e do presente em um mesmo local, pois, ao mesmo tempo em que demonstra os costumes, usos e a própria cultura contemporânea, ela retrata através de seu meio físico, aspectos que não estão mais presentes, ou seja, que foram concebidos em épocas pretéritas. Analisando o tempo, de forma que, o presente é só o instante vivido, a paisagem sempre será parte do passado, a materialidade, pela sua capacidade de retratar 3° COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro esse passado torna-se uma ferramenta elementar para a compreensão de técnicas e sistemas utilizados na sua concepção (SANTOS, 2002). Assim as relações sociais são mais facilmente entendidas se antes forem analisadas em concordância com o contexto da época em que determinado elemento foi concebido, buscando sempre estabelecer a relação entre as atividades da sociedade com o seu meio edificado. Ao considerar o meio físico como espaço de arquivamento de memória, os prédios considerados como patrimônio histórico das cidades se notabilizam pelas singularidades da época em que foram concebidos, demonstrando nas suas materialidades aspectos relativos às técnicas utilizadas e aos sistemas, tanto físico como social, do qual estava subordinado, dando assim parâmetros para uma análise crítica do contexto histórico. O meio urbano da cidade de Cruz Alta possui muitas edificações repletas de significados subjetivos e demonstra em suas estruturas, estilos e técnicas próprios de períodos históricos que marcaram de alguma maneira na formação cultural do município. Existe na área urbana de Cruz Alta uma diversidade de prédios que podem ser considerados símbolos de sua história e cultura, tanto pelos seus aspectos materiais, nas suas formas e características, quanto pelos seus aspectos imateriais, ligados diretamente na formação cultural da sociedade. Atualmente, o Plano Diretor Municipal em concordância com instruções normativas do IPHAE, delimitou duas zonas de entorno dos bens tombados, visando a proteção da paisagem urbana imediata aos dois prédios tombados pelo estado, a Prefeitura Municipal e a Casa e Museu Érico Veríssimo, estabelecendo alguns critérios específicos para as construções e reformas nessa região. Nesse espaço delimitado por lei, se encontram a grande maioria das edificações históricas da cidade, as quais estão inteiramente ligadas a esses dois contextos debatidos pelo presente texto. Um estudo aprofundado do patrimônio de Cruz Alta e a aplicação de instrumentos que visem a sua preservação, que supra as necessidades da população em conhecer a história e reconhecer o valor simbólico dos prédios, contemplando assim os aspectos culturais da cidade, deverão basear-se no sentido de relacionar as formas e estilos construídos com a imagem simbólica que esse patrimônio represente junto à formação histórica do local. Nesse sentido também deve ser considerado que essa relação do simbolismo com a forma material, deve estar em consonância com a vivência presente, ou seja, com as funções que essas edificações exercem na atualidade e como elas se relacionam com o seu entorno. A construção da identidade cultural é alcançada quando um povo busca o conhecimento de seus elementos formadores que estão contidos nas suas memórias como coletividade. Santos (2004, p.59) nos esclarece que “memória e identidade estão interligados, desse 3° COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro cruzamento, múltiplas possibilidades poderão se abrir para produção de imaginário histórico-cultural”. Desse modo, se torna necessário que a sociedade tenha o pleno conhecimento e entendimento de suas origens, para que assim consiga formar a relação de pertencimento ao local em que habita. As relações sociais criadas pela população de determinada cidade com o seu ambiente urbano, consiste num mundo sistêmico, do qual são postuladas regras, relações de mercado e com o estado, determinando ainda certos comportamentos sociais dos seres para com o seu meio de convivência, e o mundo vivido (HABERMAS, 1975). Habermas (1982) ainda discorre que o mundo da vida ou mundo vivido é o conjunto onde a comunicação acontece diariamente, onde há a transmissão de cultura, sendo essa atividade muito pessoal e espontânea, da qual ainda divide os três componentes do mundo da vida, que são a cultura, sociedade e personalidade. Essa divisão entre duas faces da vida em sociedade mostra-se bastante importante, visto que o patrimônio deve ser preservado sem retirar o direito de toda a população ser envolvida e assim harmonizar o dia-a-dia social com o sistema a ser seguido. Desde o inicio do povoamento da região de Cruz Alta, houve muitos fatos e acontecimentos de nível nacional e regional que marcaram profundamente a formação da cultura que atualmente se vivencia na cidade. São quase dois séculos de história, marcadas por uma diversidade de momentos singulares, que podem ser de alguma forma agregados ao cotidiano da população através de medidas que ativem a memória coletiva para a sua própria história. Atualmente há uma desvalorização do real valor simbólico das edificações da cidade devido a diversos fatores, entre eles o desconhecimento da história pela sua própria população e pelo interesse da especulação imobiliária na região em que estão situadas essas edificações. A cidade não é um ambiente de negócios ou um mercado banal de espaços, ela está carregada de um gama significados e valores espirituais da vida humana que ali se desenvolve. A paisagem urbana é como a história e a cultura se apresenta para o mundo, evidenciando a sua memória para as gerações futuras (SILVA, 1997). 4. DOIS CONJUNTOS ARQUITETÔNICOS DO POTENCIAL CRUZ-ALTENSE Muitas vivências e muitas histórias estão marcadas na paisagem urbana cruz-altense, das quais, serão citadas apenas duas, que colaboram profundamente para a formação cultural da cidade, visto que cada prédio, independente da época em que foi construído e se foi ou não 3° COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro local onde a história evidenciou-se, está carregado de significados e de memórias para o grupo de pessoas que ali habitou. Dentre tantos conjuntos arquitetônicos presentes em Cruz Alta, que estão permeados da imaterialidade cultural, destacam-se as que se relacionam com as obras e vida do célebre escritor cruz-altense de renome internacional Érico Veríssimo. Entre as edificações ligadas diretamente ao escritor, se destacam a casa em que ele morou e que atualmente funciona como um museu em sua memória, e o Solar Brandão, que foi residência de seu tio, sendo que este prédio foi citado em seu livro Solo de Clarineta (1973), entre outras tantas edificações e paisagens que de uma maneira serviram de inspiração para a produção de suas obras literárias (SILVA, 2000). O autor Érico Lopes Veríssimo nasceu no dia 17 de dezembro de 1905 em Cruz Alta, filho de Sebastião Veríssimo da Fonseca e Abegahy Lopes Veríssimo. Iniciou seus estudos no colégio elementar Venâncio Aires, alternando com aulas particulares, da professora Margarida Pardelhas, sendo que, atualmente esses dois locais ainda se mantêm como instituições de ensino, pois ambos se tornaram escolas representativas na cidade. Em toda sua infância e juventude, Érico sempre teve o gosto pela leitura de autores nacionais e estrangeiros, pois no ano de 1920 vai morar em Porto Alegre pela primeira vez, estudando assim, outras línguas. Entre idas e vindas, no ano de 1927, em Cruz Alta, juntamente com o senhor Lotário Müller, amigo de seu pai, torna-se sócio da “Pharmácia Central”, a qual funcionou em prédio que existe até os dias atuais, apesar de ter sofrido uma desfiguração em sua fachada e utilizada para outros fins (NOGUEIRA, 2014). Por insistência de seu amigo o jornalista Prado Junior, Érico enviou o seu primeiro conto “Chico” para o periódico Cruz Alta em Revista, Ano I, nº2, 1929 página 19. A partir dessas primeiras obras, juntamente com a falência da Farmácia em 1930, fizeram com que ele deixasse Cruz alta para ir definitivamente para Porto Alegre, onde em aproximadamente duas semanas é contratado pela Revista do Globo para o cargo de secretário, e que em pouco tempo seria nomeado diretor da mesma (PEREIRA, 2014). Nesse período em que atuou atrás do balcão da farmácia, conseguiu absorver muito da cultura popular gaúcha, fato este, que lhe auxiliou para a sua rica produção literária. Eu vivia em três mundos, pelo menos. O primeiro era o da realidade cotidiana; a rotina fisiológica, o ritual burguês, os avisos de bancos (um bombachudo, para variar, me encostou um dia o cano do revólver no peito porque eu não lhe quis dar a crédito um vidro de xarope contra tosse). O outro era o mundo dos livros das personagens de ficção que me levaram para 3° COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro outros tempos e outras geografias. O terceiro mundo era o da minha própria fantasia: as estórias que eu escrevia e mandava quase semanalmente para o Correio do Povo, que as publicava em seu Suplemento Literário. (VERÍSSIMO, Um certo Henrique Bertaso, 2011, p. 24). A casa em que nasceu e viveu o autor, e que atualmente abriga um Museu (Figura 01), foi construída pelo seu avô Francklin Veríssimo no ano de 1883, sendo que no registro de imóveis, a data mais antiga relacionada ao bem é de 1893, quando a mesma foi reformada e adotou uma morfologia Eclética, descaracterizando a antiga forma. Foi adquirida pelo município em 1968 e tombado pelo estado em 1984 (SILVA, 2000). No entorno desta edificação, ainda permanecem alguns prédios remanescentes do período em que o escritor viveu na cidade, como a casa Rocha Montenegro na sua lateral esquerda, um prédio comercial na frente, a casa Dumoncel, além de algumas mais distantes, que são contemporâneas a ela. Entretanto nota-se que a estrutura urbana não acompanhou a consciência preservacionista, visto que a Avenida General Osório, que passa na frente do museu é de muito fluxo, tanto de carros como até mesmo de veículos pesados, além de ter sido autorizado a implantação e construção de um posto de abastecimento de automóveis numa das esquinas frontais ao prédio e edificações de grande porte, que atrapalham a harmonia do conjunto arquitetônico histórico e descaracterizam o seu entorno. Seguindo nessa mesma avenida do museu, está localizada a casa (Figura 02) que pertenceu ao tio de Érico, o senhor João Raymundo da Silva Neto. Este nasceu em São Gabriel, filho do desembargador Tito Prates da Silva, e neto de João Manoel Menna Barreto, herói da Guerra do Paraguai. Em determinado período de sua vida, chegou a dividir um quarto de pensão em Porto Alegre com o futuro presidente do Brasil, Getúlio Vargas, e formou-se em direito no Rio de Janeiro no ano de 1907. Com o decorrer da vida, casou-se com uma tia de Érico e se mudou para Cruz Alta, construindo uma casa com aspectos formais únicos, de inspiração francesa e espanhola. Esta residência foi edificada no ano de 1925, e possui características do estilo Solar Casarão da Aristocracia Rural da época. Atualmente a casa pertence à família Brandão, a qual ainda conserva um museu informal em memória ao autor (COMPAHC, 2011). Érico passou o início de sua vida, em meio a esses locais, sendo que no livro Solo de Clarineta (1973), ele descreve a sua primeira experiência de ver um home morrer: “O doente foi então levado (...), para a residência que o,Dr. João Raymundo acabara de construir na cidade e em cuja parte térrea naquele tempo (...) eu costumava passar as noites”(VERÍSSIMO, 1973, p.205). 3° COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro Figura 01 – Entorno Urbano do Museu Érico Veríssimo Fonte: Pedro Couto Moreira Figura 02 – Solar Brandão Fonte: Pedro Couto Moreira Outro conjunto que se mostra bastante significativo para a formação do imaginário social e da cultura da população, são as edificações contemporâneas à administração coronelista no município, no período da Primeira Republica nos primeiros anos do século XX. Época essa em que o intendente do município era o Coronel Firmino de Paula Filho, importante político, sendo um dos homens de confiança do presidente do estado do Rio Grande do Sul Borges de Medeiros e que fazia parte de um grupo dos grandes proprietários de terras locais, detentores esses, do poder político. Nessa época foram construídos diversos prédios, dentre os quais, se podem citar o prédio da Prefeitura Municipal no ano de 1911-1914 e a Casa de Firmino de Paula Filho no ano de 1928, que possuem uma riqueza de detalhes da arquitetura histórica, 3° COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro sendo marcos da entrada de estilos arquitetônicos novos no meio urbano (SILVA, 2000). Há ainda outros tantos prédios construídos nesse mesmo período e que de alguma forma participaram desse tempo em que o imaginário da sociedade ainda assimila, como a opressão do governo frente ao povo, devido às tantas ações governamentais da época nesse sentido. O Coronelismo se desenvolveu entre anos de 1889 e 1930, no período denominado como “República Velha”, constituindo-se de uma forma organizacional do governo diretamente nos estados, sendo os primórdios da democracia representativa (COLUSSI, 1996). Ainda Colussi (1996, p.16) elucida que “o coronelismo, visto como fenômeno político e social foi expressão de uma sociedade predominantemente rural e que abrangia a maioria dos municípios brasileiros”. A liderança estadual e regional da época era composta por grandes latifundiários, detentores assim do poder tanto político como econômico, destacando-se personalidades em nível estadual como Júlio de Castilhos, Borges de Medeiros, Pinheiro Machado, entre outros, e em Cruz Alta, o General Firmino de Paula e após o seu falecimento, o seu filho o Coronel Firmino de Paula Filho, todos ligados ao Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) (SILVA, 2012). A presença desses chefes de estado no imaginário social, ainda perdura, visto que muitas obras estão realmente ligadas ao período em que eles governaram, e muitos eventos do passado foram atribuídos a esses homens, sejam eles, para o tipo de progresso que cidade adotou, como atrocidades típicas de épocas de guerra. Sabe-se que de alguma maneira, todas as edificações construídas neste espaço de tempo, serviram de paisagem para que a história pudesse se desenrolar, entretanto o artigo trás somente alguns prédios que estão diretamente ligados ao período. As obras estão na sua grande maioria, localizadas junto a Praça General Firmino, nome esse dado em homenagem a essa figura mítica deste político, ora temido ora idolatrado, mas, sobre tudo respeitado. Dentre as obras de destaque desse período, estão a Prefeitura Municipal (Figura 03), construída no início do século XIX e que comporta em sua morfologia uma riqueza de detalhes arquitetônicos, denotando uma plena sensação de poder ao prédio, que foi concebido para receber a sede do governo da cidade. Há uma perfeita relação entre forma e função, pois magistralmente o arquiteto alemão Theodor Wiederspahn, fez com que o prédio fosse a representação do poder do estado. Outra edificação de suma importância foi a casa em estilo Eclético, do Coronel Firmino de Paula Filho (Figura 04), que está localizada junto à referida praça, e demonstra também em sua tipologia a magnitude que uma casa de um chefe político deveria ter, pois se valeu de uma riqueza de elementos decorativos, dispostos simetricamente. 3° COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro Figura 03 – Prefeitura Municipal Fonte: Pedro Couto Moreira Figura 04 – Casa Firmino de Paula Filho Fonte: Pedro Couto Moreira A partir desses dois conjuntos de prédios de caráter histórico cultural pode-se notar que há uma grande relação entre a formação imaterial da cultura e a sua materialidade representada nas edificações. Esse simbolismo auxilia a dar sentido nos atos de preservação do patrimônio edificado de Cruz Alta, pois relaciona a vivência social e cultural formada pela sua própria população com o seu meio urbano. Segundo Hall (2000) a identidade da população com a sua cultura é formada por uma comunicação com o seu passado histórico, determinando as suas particularidades como grupo social, através de sua língua, costumes e história, produzindo não o que o conjunto é, mas o que se torna através dessas singularidades. Para que a sociedade cruz-altense alcance o sentimento de identidade com a sua cultura faz se necessário que a população conheça os seus elementos formadores, no intuito de formar 3° COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro assim, desde os primeiros anos, a consciência da relação material e simbólica que o patrimônio tem para com os seus cidadãos. 5. A SITUAÇÃO ATUAL E AS DIRETRIZES A SEGUIR O simples desconhecimento da história e da cultura é extremamente nocivo a subsistência das edificações que se caracterizam por possuir elementos que a distinguem como patrimônio de uma sociedade. Dentro de um mesmo ambiente urbano, se tem diferentes pontos de vistas sobre a paisagem histórica edificada, sejam eles, dos empreendedores, dos políticos, dos habitantes e dos defensores destes bens, que são totalmente diferentes e que acabam divergindo em ideias e soluções para os problemas urbanos, que harmonizem o desenvolvimento da sociedade com a preservação do seu patrimônio. Desse modo o presente texto busca trazer um pouco da situação atual da paisagem cruz-altense e algumas medidas que possam ser implantadas, para a valorização da sua arquitetura. Atualmente, o patrimônio arquitetônico de Cruz Alta, por estar em sua maioria localizado em área central da cidade, vem sofrendo uma constante desvalorização, devido a procura por terrenos para implantação de novos empreendimentos imobiliários, acarretada pela especulação imobiliária descontrolada que assola todo o Brasil, aliado a falta de ligação entre a sociedade e os elementos formadores de sua cultura e história. Recentemente foi presenciada a demolição do prédio centenário da Escola Margarida Pardelhas, local este, que estudaram importantes personalidades cruz-altenses, entre eles, Érico Veríssimo e o escultor de renome internacional Saint Clair Cemin. Esse ato foi pautado em laudos do governo estadual de que a edificação não tinha condições de abrigar as suas funções e que seria necessária a construção de uma estrutura nova, entretanto, uma arquiteta perita do IPHAE atestou o contrário e salientou a sua importância, tanto arquitetônica como histórica. Além disso, o prédio está localizado em região onde foi o início da povoação urbana do município, o que mostra uma disparidade de interesses e soluções dentro do mesmo espaço. Apesar de ainda ocorrem modificações e demolições do patrimônio cruz-altense, algumas ações de preservação estão sendo realizadas de forma ainda muito superficial, sem o devido apoio da sociedade civil e do poder público. Entre elas estão, o próprio tombamento dos bens e proteção das suas zonas de entorno, a frequente utilização para fins culturais do Museu Érico Veríssimo, algumas pesquisas realizadas em torno do patrimônio por universidades como a Unicruz (Universidade de Cruz Alta) e UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), 3° COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro e as visitas orientadas no período da semana da cultura, pela Comissão do Patrimônio Histórico e Cultural de Cruz Alta. Qualquer ação que seja realizada tem que ter o apoio pleno do poder público e ser instrumento de promoção social. Nesse sentido, se faz necessário que sejam realizados as seguidas medidas protetivas: tombamentos pontuais de outras obras e proteção intensiva de sua paisagem; um levantamento temático dos conjuntos histórico; aplicação dos instrumentos legais, tributários e urbanísticos nessas zonas de entorno; inserção do conhecimento cultural nas escolas e grupos diversos, através da educação patrimonial, incitando desde as primeiras idades a consciência da preservação e a fomentação da economia local, por meio do turismo cultural. Seguindo essas orientações, o patrimônio de Cruz Alta poderá ser salvaguardado, tornando-se uma fonte de produção econômica, desassociando paulatinamente a ideia de que as edificações históricas são empecilhos de desenvolvimento e auxiliando para que o progresso seja sustentável, consciente e inclusivo. 6. CONCLUSÃO A identidade cultural de uma sociedade está ligada ao prévio conhecimento que ela tem para com a sua história e seu simbolismo. O dia a dia intenso nas cidades não permite que os cidadãos possam ter contato com a informação que o meio urbano pode passar, restando assim para a educação de uma maneira geral, basear-se no seu patrimônio edificado para inteirar a sua sociedade da sua história. Ações de conscientização podem ultrapassar os bancos escolares e se integrarem na sociedade através da promoção da cultura dentro do contexto urbano, mostrando na própria paisagem de maneira pedagógica, quais são as relações de um determinado local com as origens sociais de um povo. O município de Cruz Alta pelo fato de possuir grande quantidade de exemplares de edificações denotadas de grande importância, tanto culturalmente quanto historicamente, pode agir de maneira a integrar a sua sociedade com a seu patrimônio através da educação, firmando sempre a relação da história e dos elementos subjetivos simbólicos com a estrutura física que até os dias atuais perdura. Um planejamento de ações nesse intuito pode ter contribuições importantes, não somente para o ato da preservação dos prédios em si, mas na conservação da memória da sociedade cruz-altense e na criação da identidade da população, estabelecendo um respeito e admiração das gerações contemporâneas para com os seus antepassados. 3° COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro Portanto um trabalho contínuo, baseado na utilização do patrimônio histórico como ferramenta de construção do conhecimento trará benefícios para toda a sociedade, modificando a relação da população para com a cidade, buscando aproximar as pessoas com a sua história. Torna-se necessário que sejam realizados trabalhos futuros que possam colaborar com o conhecimento sobre o conjunto de patrimônio de Cruz Alta e seus significados. A compreensão da informação atuará em longo prazo para que a própria população estabeleça um conhecimento pleno de quem ela é, e para onde está caminhando como sociedade. 7. REFERÊNCIAS CASTRO, Evaristo Afonso de. Notícia descritiva da região missioneira na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Cruz Alta: Tipografia Comercial, 1887. p. 72. 2ª ed. revista e atualizada por Danilo Lazzaroto. 2003 COLUSSI, Eliane Lucia. Estado Novo e Municipalismo Gaúcho. Passo Fundo: EDIUPF, 1996. COMPAHC. Comissão do Patrimônio Histórico e Cultural de Cruz Alta. Educação Patrimonial: Poéticas Visuais dos diferentes estilos arquitetônicos. Visita Orientada. 4ª Ed. 10 nov. 2011. Cruz Alta – RS. CRUZ, Beatriz Augusta Mânica Pereira da. Os primórdios do município de Cruz Alta: do período missioneiro até a fundação em 1821, in Revista Científica da Unicruz: Universidade de Cruz Alta. V.2, n.1. Cruz Alta: Centro Gráfico Unicruz, 2000. GRUNBERG, Evelina. 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