A revista das oportunidades de negócios
Janeiro/Fevereiro de 2009 - Ano XV - Nº 130
AGRONEGÓCIO
Cultivo de
morangos do
Sul de Minas
ganha impulso
moda
Oficina de
design ajuda
confecções em
Divinópolis
CULTURA
Projeto dá
novos rumos à
produção em
Cataguases
Incentivo à inovação
Programa aproxima pesquisa científica do mercado, com
estímulo à criação de empresas e transferência de tecnologia
carta ao leitor
Cultura da
Inovação
Empreendedores e gestores têm papel decisivo neste processo
A
Gláucia Rodrigues
inovação é indispensável para a sobrevivência e para a competitividade das micro e
pequenas empresas. Inovar é fazer diferente. É incorporar conhecimentos e tecnologias para criar ou melhorar produtos, processos e serviços. A inovação é uma forma de
aumentar o número de clientes, os lucros e os postos de trabalho.
No mercado atual, o concorrente pode estar do outro lado da rua ou do outro lado do
mundo. Se o empreendedor não perceber as mudanças no comportamento do consumidor e
as tendências de mercado, a empresa corre o risco de desaparecer.
A inovação tem sido uma preocupação constante do SEBRAE-MG. Diversas ações estimulam a cultura da inovação nas micro e pequenas empresas (MPEs). Uma delas é o Programa
de Incentivo à Inovação (Pii), tema da matéria de capa da Passo a Passo. A reportagem mostra
os resultados consistentes do programa, uma parceria entre o SEBRAE-MG e a Secretaria de
Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
Foram selecionados 60 projetos nas universidades federais de Juiz de Fora (UFJF), de Itajubá (Unifei) e de Lavras (Ufla) e 8 projetos do Pii Agroenergia, a primeira experiência setorial
do programa. Para 2009, a previsão é que mais 60 projetos sejam selecionados, totalizando
128 projetos. Os grandes estímulos para transformar idéias em bons negócios foram o aumento do volume de crédito para pesquisas, o apoio técnico, gerencial e a qualificação de
recursos humanos.
Estes trabalhos mostram a importância de unir o conhecimento científico criado nas universidades com as ações para promoção do empreendedorismo e geração de negócios. A
criatividade de nossos pesquisadores pode ser a base para o desenvolvimento de produtos e
serviços de sucesso e de empresas competitivas.
Temos à frente um grande desafio, pois o número de empresas que investem em inovação
tecnológica e de gestão ainda é reduzido. O SEBRAE-MG trabalha firmemente no apoio às
MPEs para que elas tenham conhecimento da necessidade da inovação. Os empreendedores
também têm um papel decisivo neste processo. A capacidade de liderança contribui para disseminar a cultura da inovação dentro das organizações. A sobrevivência e a prosperidade das
empresas no cenário atual dependem dessas iniciativas.
Afonso Maria Rocha
Diretor-superintendente do Sebrae-MG
Passo A Passo cenário
Passo a Passo é uma publicação do
Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
de Minas Gerais (SEBRAE-MG).
Registro no Cartório Jero Oliva n° 931.
Conselho Deliberativo do SEBRAE-MG
BB, BDMG, CDL-BH, CEF, Cetec Ciemg, Faemg, Fapemig,
Fecomércio-MG, Federaminas, Fiemg, Indi, Ocemg,
Sebrae e Sede
Presidente do Conselho Deliberativo do SEBRAE-MG
Roberto Simões
Superintendente
Afonso Maria Rocha
Diretor Técnico
Luiz Márcio Haddad Pereira Santos
Diretor de Operações
Matheus Cotta de Carvalho
Conselho Editorial
Albertino Corrêa, Aline de Freitas, Andréa Avelar,
Luciana Patrícia Rezende da Silva, Carolina Xavier,
Daniela Almeida Teixeira, Danielle Fantini, Edelweiss
Petrucelli, Victor Antônio de Almeida, Gustavo Moratori,
Jefferson Ney Amaral, José Márcio Martins, Karinne
Mendes, Léa Paula Fonseca Ribeiro, Lilian Botelho,
Március Marques Mendes, Maria Gorete Cordeiro
Neves, Paulo César Barroso Veríssimo, Regina Vieira
e Wellington Damasceno de Lima.
Coordenação editorial
Lauro Diniz
Jornalistas responsáveis
Aline de Freitas e Andréa Avelar
Gestão Editorial
Nascentes Comunicação Estratégica
Diretor de Redação
Adriano Macedo
07
08
10
12
16
18
Passo A Passo
CONSULTORIA
icas para montar
D
site empresarial e
registrar patentes
NEGÓCIOS
Empresas mineiras
contempladas com o
Prêmio MPE Brasil
ENTREVISTA
José Paschoal Rossetti
afirma que o país
é maior que a crise
AGRONEGÓCIO
Produtores de morangos
do Sul de Minas obtêm
melhores resultados
MODA
Oficina de design
capacita empresas
em Divinópolis
REPORTAGEM DE CAPA
Programa de inovação
integra conhecimento
e empreendedorismo
24
28
30
32
36
38
ARTESANATO
Artesãos de Maria da Fé
investem em design e
criam peças sofisticadas
EDUCAÇÃO
PEs são capacitadas
M
a negociar com
grandes empresas
QUALIDADE
Certificação da cachaça
melhora desempenho
do produto no mercado
CULTURA
Produtores e artistas
aquecem a economia
de Cataguases
DEU CERTO
Empreendedora de
Congonhas inventa
amaciante de couro
ARTIGO
Vera Helena Lopes
escreve sobre o novo
perfil do consumidor
Editor Executivo
Jorge Fernando dos Santos
Chefe de Reportagem
Breno Lobato
Redação
Poliana Napoleão e Wagner Concha
Colaboraram nesta edição
Carlos Eduardo Cherem,
Ellen Dias e Eliza Caetano
Consultoria Editorial
Valério Fabris - Margem 3 Comunicação Estratégica
Projeto Gráfico e Diagramação
Sandra Fujii
Reeleição de diretores e conselheiros
Foram reeleitos por unanimidade para o biênio 2009/2010 o presidente do Conselho Deliberativo do SEBRAE-MG (Roberto Simões),
a diretoria executiva (Afonso Maria Rocha,
diretor-superintendente; Matheus Cotta de
Carvalho, diretor de Operações e Luiz Márcio Haddad Pereira dos Santos, diretor Técnico), os membros do Conselho Fiscal (Heli
de Oliveira Penido, Domingos Gatti Bavuzo
e Luiz Gonzaga Viana Lage) e respectivos
suplentes (Raimundo Mariano do Vale,
João Ribeiro Ferreira Filho e Raimundo
Sérgio Campos). O compromisso é fazer
da entidade um centro de inteligência e
referência nacional em projetos inovadores para as MPEs, que hoje representam
mais de 98% dos estabelecimentos formais, gerando 55% dos empregos com
carteira assinada em Minas.
Redesim visa reduzir burocracia
Em breve, o empreendedor brasileiro
poderá constituir empresas e obter
registros, licenças, alvarás, informações e orientações pela Internet.
Sistemas de cerca de 20 mil órgãos
públicos envolvidos na abertura e formalização de empresas trabalharão
integrados, compondo a Rede Nacional para a Simplificação do Registro
e da Legalização de Empresas e Negócios (Redesim), instituída pela Lei
11.598/07 e em construção no país.
Para formalizar a empresa pela Redesim, o empreendedor deverá apenas
fornecer, via on-line, o nome do empreendimento, o ramo de atividade e
o endereço do negócio.
Fotos: Marcelo Albert
Ignácio Costa
Sumário
Reunião de diretores e conselheiros. Em destaque, Matheus
Cotta de Carvalho, Roberto Simões e Afonso Maria Rocha
Escrituração fiscal on-line
Está disponível no site do Confaz (www.
fazenda.gov.br/confaz) a lista das empresas obrigadas a aderir à Escrituração
Fiscal Digital (EFD). Aquelas não relacionadas poderão optar pelo regime, solicitando o credenciamento junto à Secretaria de Fazenda estadual. A EFD substitui
todos os livros fiscais por arquivos digitais, integrando as entidades tributárias
federais, estaduais, e do Distrito Federal. O uso da EFD será obrigatório para
todo contribuinte de ICMS e de IPI, que
assim fica dispensado, a critério de seu
Estado, das obrigações acessórias instituídas pelo Convênio ICMS n° 57/95, que
dispõe sobre a emissão de documentos
fiscais e a escrituração de livros fiscais.
Fotografia
Gladyston Rodrigues, Gláucia Rodrigues,
Ignácio Costa e Marcelo Albert
Imagem da capa
Corbis/Latin Stock
Administrativo e Financeiro
Bárbara Monteiro e Sandra Lúcia de Paula
Impressão
Gráfica Brasil
Periodicidade
Bimestral
Tiragem
15 mil exemplares
Cartas para a redação
[email protected]
Endereço: Av. Barão Homem de Melo, 329
Nova Suíça - Belo Horizonte - Minas Gerais
CEP: 30460-090 - Telefone: 0800-5700800
www.sebraemg.com.br
Microempreendedor individual
Foi sancionada em dezembro de 2008 a lei que cria o Microempreendedor
Individual (MEI) e faz ajustes à Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. Ela
entra em vigor a partir de 1º de janeiro de 2009, exceto o MEI, programado para 1º de julho do mesmo ano. As medidas beneficiarão cerca de 11
milhões de empreendedores, a maioria devido à criação da figura do MEI,
voltado aos negócios informais existentes no país. Podem se tornar MEI
empreendedores com receita bruta anual de até R$ 36 mil e que normalmente não pagam tributos e que poderiam se enquadrar nas atividades
permitidas pelo Simples Nacional. Além de legalizar o negócio, eles pagarão mensalmente apenas uma taxa fixa de R$ 45,65 de INSS para aposentadoria pessoal, R$ 1 de ICMS ou R$ 5 de ISS.
Produção de mamona
Agricultores de Conceição
da Barra de Minas, no Campo das Vertentes, e de Claro das Poções, no Norte do
Estado, comemoram as primeiras vendas do cultivo de
mamona em conjunto com
alimentos. Produtores de
Claro das Poções comercializaram 11 mil quilos de mamona sem beneficiamento
para a Petrobras. Em Conceição da Barra de Minas, cinco
toneladas foram vendidas
à Universidade Federal de
Lavras (UFLA), que utilizará
a oleaginosa em pesquisas.
Os produtores são apoiados
pelo projeto de produção de
biodiesel do SEBRAE-MG.
Passo A Passo biblioteca do empreendedor
tome nota
Consultoria
Dicas
Livro
O que o cliente quer que você saiba
De Ram Charan
Editora Elsevier,143 páginas
A obra mostra a importância de
ouvir o cliente e entender seus
problemas. Destaca também
a possibilidade de crescimento de receita e aumento das
margens de lucro a partir do
relacionamento sólido com os
clientes.
Livro
Marketing eletrônico
De Joel Reedy e Shauna Schullo
Editora Thompson, 525 páginas
Os autores ensinam
como integrar os recursos eletrônicos ao
processo de marketing, principalmente
no varejo eletrônico
e no marketing pela
Internet, além de dar
dicas para escolher
melhor as ferramentas
promocionais.
DVD
Como o líder pode reinventar
a sua empresa
De Marco Aurélio Ferreira Viana
Apontado como um dos 10 principais pensadores da Administração no Brasil, Marco Aurélio
Viana apresenta o papel do líder
empreendedor e mostra como
utilizar a visão estratégica para
liderar.
A Biblioteca do Emprendedor funciona na sede
do SEBRAE-MG (avenida Barão Homem de
Melo, 329, Nova Suíça, Belo Horizonte) e fica
aberta ao público para consulta de segunda a
sexta-feira, das 8h30 às 17h30. Para pesquisar
os títulos disponíveis, os interessados também
podem acessar o espaço da Biblioteca no site
www.sebraemg.com.br. No caso dos DVDs, é
importante verificar a disponibilidade pelo telefone (31) 3371-9048.
Passo A Passo
Liderança
Criado para atender à necessidade de identificar
e capacitar lideranças em municípios carentes, o
curso Liderança
para o Desenvolvimento Local, realizado desde setembro de 2008
pelo
SEBRAEMG, também terá
turmas em 2009.
Para saber as datas e as cidades
onde o curso
será ministrado e
efetuar inscrição,
os interessados
devem procurar
os pontos de atendimento do Sebrae ou acessar o
site www.sebraemg.com.br .
Fomenta Minas
De 13 a 15 de abril, Ouro Preto será palco do Fomenta Minas.
Fruto de uma parceria do Sebrae-MG, Governo de Minas e Sebrae Nacional, o evento proporcionará o encontro de micro e
pequenas empresas (MPEs) e suas entidades representativas
com grandes compradores da administração pública direta
e indireta (governos federal, estadual e municipal). Também
serão realizadas oficinas, seminários e palestras, e os participantes assistirão a um concerto da Orquestra Filarmônica
de Minas Gerais. As inscrições, que são gratuitas, podem ser
feitas a partir de março. Mais informações no site www.fomenta.org.br .
Consultoria
Resultado de uma parceria entre o Sebrae-MG
e a Associação das Empresas de Tecnologia da
Informação, Software e Internet de Minas Gerais
(Assespro-MG), o Ponto Tecnológico oferece consultoria na área de Tecnologia da Informação (TI)
para empresários de qualquer segmento. As dúvidas vão desde indicações de softwares a criação
de infra-estrutura de informática na empresa. O
atendimento é feito de segunda a sexta-feira, das
8h às 18h, e deve ser agendado pelo telefone (31)
3281-4220. A consultoria tem duração de duas horas e o custo por esse período é de R$ 55.
Gerenciamento
Destinado a donos, gerentes, coordenadores
e supervisores de micro e pequenas empresas (MPEs) com no mínimo um ano de experiência, o Programa de Desenvolvimento de
Habilidades Gerenciais, promovido pelo SEBRAE-MG, apresenta ferramentas gerenciais
eficazes, que capacitam os participantes
para atuar de forma mais efetiva no processo de transformação das empresas. O curso
é composto pelos módulos Novos padrões
para uma gerência eficaz e O gerente e sua
equipe de trabalho. Os interessados podem
cursar os dois ou apenas um. Informações:
www.sebraemg.com.br ou (31) 3269-0180.
Bússola Sebrae
O Sebrae desenvolveu um método que visa aperfeiçoar a escolha do melhor lugar para a abertura de um empreendimento. A
Bússola Sebrae é um sistema
de georreferenciamento que
informa a viabilidade de
um negócio em determinada área. A ferramenta, que será usada no atendimento
aos clientes, também
mostra estudos de perfil socioeconômico e demográfico da população, o porte
e o setor de empresas locais. A
Bússola é capaz de fornecer informações de pessoas físicas e
jurídicas dos mil maiores municípios do Brasil.
eventos
Sebrae em Ação
Programado para fevereiro, em Belo
Horizonte. Informações: 0800-5700800
Clínica de Design
Dias 9 e 10 de fevereiro, em Cachoeira
de Minas. Informações: (35) 3449-7211
Consultoria de gestão
De 3 a 6 de fevereiro, em Uberlândia.
Informações: (34) 3237-2224
Como montar um site empresarial?
Há cinco importantes passos a serem seguidos. O primeiro é o registro
do endereço do site. O domínio escolhido deve estar diretamente ligado
ao nome da empresa e precisa ser definido com critério, evitando a repetição de letras e endereços longos, que dificultem a busca na Internet. O
segundo passo é estabelecer as ferramentas de gestão do site. Qual será a
freqüência de atualização? Será necessário um banco de dados? O ideal é
buscar um fornecedor que tenha conhecimento de tecnologia e de construção da ferramenta de gestão
de conteúdo, mas que também
contribua com idéias e sugestões para incrementar o número de acessos e a melhoria do
design, entre outros aspectos.
Em seguida, saber escolher o
servidor de hospedagem, que
dê suporte técnico e forneça
conexão satisfatória. O penúltimo estágio é definir serviços
e formas de interação disponíveis no site, como cadastro de clientes, busca de informação, mapa, entre
outras seções. Por fim, fazer a divulgação na própria rede. Para isso, sugere-se criar em redes sociais como o Orkut o espaço da empresa ou manter
contato com clientes por meio de um blog. Isso permitirá o surgimento de
novas oportunidades de negócios no Brasil e no exterior. Outras informações no blog de Daniela Teixeira, responsável pelo portal do SEBRAE-MG:
http://danielaalmeidateixeira.wordpress.com.
Como registrar patentes de produtos?
O registro de propriedade intelectual é dividido em cultivares (sementes
e mudas), desenho industrial, marcas, patentes e programas de computador (softwares). O Serviço Nacional de Produção de Cultivares (SNPC), do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, é responsável pelo
registro de propriedade intelectual no setor agropecuário. Já os desenhos
industriais, marcas, patentes e softwares são registrados no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), que analisa pedidos de depósito de
patentes e concede o registro. Primeiro, é preciso fazer uma busca no site
do INPI e verificar se a invenção é inédita. Depois, preencher um formulário e descrever a tecnologia ou invento, informando as novidades e os
benefícios do produto para a sociedade. Os técnicos do INPI vão analisar a
proposta e decidir se ela é viável economicamente. Cumpridos todos esses
requisitos, a patente será concedida. A Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de Minas Gerais (Fapemig) apóia inventores independentes por
meio do Projeto Inventiva, que auxilia a construção de protótipos por meio
de parcerias com instituições como Banco de Desenvolvimento do Estado
de Minas Gerais (BDMG), Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e SEBRAE-MG. Outras informações nos sites www.fapemig.br; www.
inpi.gov.br e www.agricultura.gov.br .
Passo A Passo negócios
Competência premiada
Seis empresas de diferentes regiões do Estado conquistam o Prêmio MPE Brasil 2008
Poliana Napoleão
D
2008 em Minas Gerais, na categoria Serviços de Educação.
Criado pelo SEBRAE-MG, em 1993, com
o nome Prêmio Excelência Empresarial, a
iniciativa concede anualmente o reconhecimento às micro e pequenas empresas de
Minas que se destacaram por investirem
em processos de gestão, obtendo mais
qualidade, produtividade e competitividade no mercado.
Em 1997, a premiação passou a contar
com a parceria da Gerdau. Em 2008, passou a ser denominado Prêmio de Competi-
Divulgação
iante da falta de profissionais qualificados, experientes e com capacidade de inovar, a Caça Talentos,
empresa de consultoria e treinamento empresarial de Belo Horizonte, investiu R$ 10
mil na criação do Laboratório de Serviços
Contábeis e Administrativos, inaugurado
em dezembro de 2008. Os alunos põem
em prática o conhecimento adquirido nas
aulas teóricas, trabalhando com sistemas
e tecnologias de ponta. O investimento na
gestão e em ações inovadoras qualificou a
empresa para ganhar o Prêmio MPE Brasil
tividade para Micro e Pequenas Empresas (MPE
Brasil). Mais de 20 mil empresas já participaram
da iniciativa no Estado. Em 2008, foram mais
de 3,4 mil inscrições em nove categorias. Os
prêmios foram entregues em novembro a empresários de seis categorias que apresentaram
vencedores.Em 2009, eles vão disputar a etapa
nacional com os ganhadores de outros estados.
Outro destaque da premiação mineira de
2008 foi a Consultoria e Assessoria a Médias
e Pequenas Empresas (Campe), vencedora da
categoria Serviços. Criada há 16 anos, ela foi
a primeira empresa júnior do mundo a obter a
certificação ISO 9001/2000 pela qualidade e eficiência nos processos. Entidade sem fins lucrativos, funciona na Universidade Federal de Juiz
de Fora (UFJF) e é gerenciada por 27 alunos da
Faculdade de Economia e Administração. A empresa desenvolve projetos de consultoria administrativa e econômica nas áreas de marketing,
finanças, recursos humanos, produção, gestão,
organizações e métodos.
Segundo o aluno de Administração e presidente da Campe, Bruno Figueiredo, a obtenção
da certificação ISO 9001 foi um dos motivos que
levaram a empresa a disputar e conquistar o
Prêmio MPE Brasil. Em 2007, ela participou pela
primeira vez da disputa, mas não ficou entre os
finalistas. Na ocasião, os estudantes receberam
o relatório do SEBRAE que apresenta o diagnóstico da empresa, apontando pontos fortes
da gestão e oportunidades de melhoria para
o negócio. “Trabalhamos os pontos indicados”,
diz Bruno. “Um deles foi a qualidade dos servi-
ços dos fornecedores. Desenvolvemos práticas
de avaliação e seleção.”
Categoria indústria
A Chinelos Puff, que além de chinelos produz
pantufas e roupões, foi premiada na categoria Indústria. Classificada pela terceira vez consecutiva
como finalista, a empresa de Muriaé, na Zona da
Mata, apostou nas dicas dos relatórios enviados
pelo SEBRAE em edições anteriores. Algumas
práticas diárias foram alteradas, como a organização do fluxo de caixa e das atas de reunião, que
já existiam, mas não eram oficializadas.
“Queremos ser um modelo em gestão, oferecer
atendimento diferenciado e tratamento especial
aos funcionários”, diz o dono da empresa, Adão
Carlos Rúbio. Ele promove uma reunião quinzenal
apelidada de “momento de descontração”. Todos
discutem os problemas, trocam informações e
realizam estudos que possam levar a soluções. A
forma de lidar com as pessoas na organização foi
justamente um dos itens que credenciaram a Chinelos Puff à conquista do prêmio. 
Vencedores do Prêmio MPE Brasil 2008 em Minas Gerais
A Chinelos Puff, empresa sediada em Muriaé, na Zona da Mata, seguiu a orientação do Sebrae-MG e foi premiada na categoria Indústria
Passo A Passo
CATEGORIA
VENCEDOR
CATEGORIA AGRONEGÓCIO
J. Ida Agropecuária Ltda. (Andradas)
CATEGORIA COMÉRCIO
Manipullare - Manipulação Magistral (Carangola)
CATEGORIA INDÚSTRIA
Chinelos Puff (Muriaé)
CATEGORIA SERVIÇOS DE EDUCAÇÃO
Caça Talentos Consultoria e Treinamento Empresarial Ltda. (Belo
Horizonte)
CARANGOLA
CATEGORIA SERVIÇOS
CAMPE Consultoria e Assessoria a Médias e Pequenas Empresas
(Juiz de Fora)
CATEGORIA DESTAQUE DE BOAS PRÁTICAS
DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
Tamanduá Ecoturismo Ltda. (São Roque de Minas)
Fonte: Sebrae-MG
BELO
HORIZONTE
Passo A Passo Gladyston Rodrigues/Aocubo Filmes
entrevista | José paschoal rossetti
Otimismo diante da
crise internacional
“O governo reagiu com agilidade, bom direcionamento e atenção a setores
mais reduzidos, apesar da falta de estatura na área fiscal”
Wagner Concha
O
Brasil está preparado para enfrentar os
reflexos da crise internacional com um
“conjunto de pontos de conforto” e é um
dos países que têm as menores chances de serem
atingidos fortemente pela recessão. A avaliação
é do professor e pesquisador da Fundação Dom
Cabral, José Paschoal Rossetti, que também é
consultor de empresas especializado em ambiente econômico nacional e internacional. Diante
10 Passo A Passo
do atual cenário mundial, o economista acredita
que as micro e pequenas empresas (MPEs) devem
apurar seus controles e enxugar os custos com
capital de giro, já que os juros tendem a ficar cada
vez mais elevados. Aos interessados em abrir o
próprio negócio, ele aconselha acompanhar o
movimento dos concorrentes. “Aquisições talvez
possam ser uma alternativa à abertura de uma
empresa”, sugere.
Quais são as alternativas para as
pequenas empresas num momento
de escassez de crédito?
As micro e pequenas empresas agora têm que apurar cada vez mais os
seus controles. Geralmente, elas têm
um nível de controle inferior ao das
grandes empresas, tanto em termos
de custos quanto de resultados, de
desempenho no mercado ou da concorrência. As MPEs devem se estruturar melhor para enxergar o que está
acontecendo. É importante ter um
olhar para fora e outro para dentro,
cada vez mais apurados.
Muitas pequenas empresas tomam
empréstimos para ter capital de
giro. Com a crise, os juros aumentaram. Como o empresário pode
minimizar o problema?
A palavra-chave é enxugamento. Se o
custo do capital de giro sempre foi um
dos mais altos para a pequena empresa, agora ele está expandido por
causa do aumento das taxas de juros.
Deve-se promover um enxugamento
drástico de capital de giro, no limite
em que não prejudique seriamente as
operações.
Como será o cenário em 2009 para
as empresas que lidam com o mercado externo?
As empresas exportadoras têm o benefício de uma taxa de câmbio realinhada. Essa taxa não voltará aos
padrões anteriores devido à fuga de
capitais, à redução da balança comercial e à diminuição dos investimentos
estrangeiros diretos no país. Haverá
uma pressão sobre o câmbio no sentido de mantê-lo, se não nos níveis
atuais, pelo menos bastante acima
do que estava até julho de 2008, por
exemplo. As empresas terão agora o
benefício do câmbio. Por outro lado,
terão dificuldade nos mercados re-
cessivos para os quais exportam. Nos
mercados menos recessivos, essa taxa
de câmbio pode ser um benefício tão
bom que você pode, de alguma forma,
negociar lá fora um rebaixamento de
preços em dólar.
Há quem diga que, no Brasil, os
efeitos da crise mundial não serão
tão assustadores como em outros
países. Muitos defendem que a
situação de falta de crédito pode
ser resolvida em alguns meses. O
senhor acredita nisso ou estamos
mesmo no olho do furacão?
Não estamos no olho do furacão. O
Brasil tem um conjunto de pontos de
conforto: sistema financeiro mais sólido e regulado que o de outros países;
“As empresas
exportadoras têm o
benefício de uma taxa
de câmbio realinhada”
um banco central rigoroso, competente e sério no controle dos indicadores bancários; alta diversidade da
estrutura produtiva; matriz interna de
suprimentos essenciais, o que nos dá
segurança; dispersão das correntes
de comércio internacional, com saldos positivos. Ou seja, poucas empresas no país têm saldos negativos.
Também temos liquidez internacional,
com reservas cambiais mais de quatro vezes superiores à dívida externa
de curto prazo. Nossa dívida externa
líquida tem sido decrescente. Nunca
as reservas cambiais foram do tamanho da dívida externa total e maiores
que a dívida externa de médio e longo
prazos, como agora. O governo reagiu
com agilidade, bom direcionamento
e atenção a setores mais reduzidos,
apesar da falta de estatura na área fiscal. Por tudo isso, o Brasil é um dos
países que hoje têm menores chances
de serem atingidos fortemente por
essa recessão. Entretanto, acredito
que viveremos um período com redução do crescimento do PIB e de maiores níveis de incerteza em relação a
esse incremento, que deverá ficar entre 1,5% e 2,5%.
Dizem que toda crise traz oportunidades. No caso atual, quais seriam essas oportunidades?
Há oportunidades no mercado de capitais, com prêmios e baixos níveis de
risco se você operar em médio prazo e
não a curtíssimo prazo, porque senão a
volatilidade pode surpreendê-lo. Você
terá oportunidades com a redução geral dos preços dos ativos, de aquisição
de empresas concorrentes menos fortes que a sua. São oportunidades decorrentes de desprecificações abaixo
dos valores reais de mercado.
O que o senhor diria hoje para
aqueles que estão interessados
em montar uma empresa?
Se os negócios são bem fundamentados estrategicamente, se a análise
da concorrência for bem feita e mostrar que está mais aguerrida, se as cadeias de suprimento estão mais favorecidas, em vez de montar a própria
empresa, talvez seja melhor verificar
se não há empresas do próprio setor
onde você pretende atuar que estejam em dificuldade. Aquisições talvez
possam ser uma alternativa à abertura
de uma empresa, mantendo o sistema
vivo. O fechamento de uma empresa
é sempre lamentável. A aquisição por
alguém que acredite ter condições de
mantê-la viva pode ser uma alternativa melhor que a abertura de um novo
negócio. 
Passo A Passo 11
agronegócio
Morangos
em pauta
Central de Negócios cria novas perspectivas para a produção do Sul de Minas
Eliza Caetano
O
Fotos: Gladyston Rodrigues/Aocubo Filmes
morango é uma cultura delicada,
pois cada planta exige cuidado
especial. A fruta não pode ter
contato direto com a terra, que por isso
mesmo tem que ser coberta por uma lona
depois do plantio. Em época de chuvas,
a horta recebe uma engenhosa cobertura
para evitar excesso de água.
Na hora da colheita, não se pode tocar o
centro da fruta, pois faria com que ela apodrecesse rapidamente. “É como cuidar de uma
criança. Dá trabalho, mas vale o esforço”, diz
José Antônio dos Santos, produtor do bairro
dos Garcias, em Bom Repouso, Sul de Minas.
Na comunidade que fica entre as montanhas
da Serra da Mantiqueira, maridos, mulheres e
filhos cuidam de morangos como se fossem
Embalagem deve ser adequada, para ajudar na conservação do produto
12 Passo A Passo
da própria família. No entanto, o esforço não
se traduz em resultado financeiro enquanto
cada um trabalhar por si.
Os 19 quilômetros que separam a comunidade de quase 80 famílias da rodovia
Fernão Dias são vencidos diariamente por
caminhões de atravessadores, que batiam
às portas das pequenas propriedades em
busca de morangos. Como a fruta perece
rapidamente, resistindo entre três e quatro
dias sem refrigeração depois de ser colhida, os produtores eram obrigados a vender
tudo pelo preço que fosse oferecido. “Não
tínhamos como questionar. Era vender ou
perder a colheita”, lembra o produtor Silvanei César da Silva.
A conversa mudou de tom com a implantação da Central de Negócios, uma das
atividades do projeto que o SEBRAE-MG
desenvolve desde março de 2007 naquela região. Hoje, os 54 integrantes do grupo reúnem um volume médio semanal de
6 mil caixas de morangos, que são entregues para que a central negocie de forma
conjunta. Ninguém mais vende direto aos
atravessadores.
“No início, apresentamos as bases da cultura da cooperação. Os produtores também
passaram por programas de capacitação rural
para reconhecer e administrar suas proprie-
Qualidade dos
morangos salta
aos olhos e dá
água na boca do
consumidor
Passo A Passo 13
Caminho
sem volta
Depois de colher os frutos do trabalho em grupo, os
produtores de morango de Bom Repouso entraram numa
vereda sem volta, que não termina com os benefícios
da Central de Negócios. Eles perceberam que agora têm
mais poder. Juntos, acabam de comprar um baú que
será adaptado para se tornar uma câmara fria.
O equipamento é estratégico para um produto de
vida breve, e que por isso mesmo se torna susceptível às oscilações de mercado. A produção depende
diretamente da meteorologia. Exposta ao sol quente, a
fruta amadurece depressa. Se o tempo esfria, ela precisa de mais dias antes de ser colhida. “Quem define
é São Pedro”, brinca Silvanei. Mas a câmara fria ajuda
bastante.
Depois que uniram forças, os pequenos agricultores
da localidade conseguiram, junto à prefeitura, um terreno e material para construir um galpão onde deverá
funcionar a nova sede do grupo, já que a atual ficou pequena. Agora eles lançam mãos à obra no pouco tempo
livre que lhes resta.
Outra boa notícia é que a associação pôde negociar condições especiais com o Banco do Brasil para
financiamento de um caminhão para o transporte do
morango, o que vai diminuir ainda mais a dependência de atravessadores. O nome Coração do Vale vai
distinguir o morango da região. Por meio do Programa Sebrae de Design, que apóia grupos de pequenos
empreendedores que precisam ter acesso a serviços
de profissionais da área, a associação já tem marca e
embalagens desenhadas.
“Um dia, teremos uma agroindústria. Antes, o máximo que eu almejava era vender o morango melhor”,
afirma a lavradora Márcia Cristina Monteiro. Ela sempre trabalhou para ganhar o dinheiro do dia. Agora,
percebe a mudança não apenas no jeito de trabalhar,
mas em si mesma. “Eu levava a vida deixando o vento
tocar. Queria, no máximo, uma roupa nova, um utensílio para casa”, lembra.
Márcia Cristina diz que agora quer o melhor para
si mesma, para os filhos, para a casa e para a plantação. Também quer que os filhos vivam no campo. “Que
aprendam, estudem, saibam mais sobre o morango e
não tenham que ir para a cidade grande para ter uma
vida melhor”, ressalta.
14 Passo A Passo
Márcia Cristina
Monteiro já
sonha com uma
agroindústria
dades como um negócio. Depois, tratamos do problema para alcançar o mercado”, explica o técnico do SEBRAE-MG
na região, Rodrigo Ribeiro Pereira. A partir
desse trabalho, foi criada a Associação de
Pequenos Produtores dos Garcias.
Um computador ligado à Internet ajuda a monitorar o preço da fruta no mercado paulista e assim os produtores têm
maior subsídio para negociar um valor
justo. Graças a essa estratégia, a média
de preço da caixa de 1,2 quilos saltou de
R$ 2,30 para R$ 4,50 e o montante total
negociado por mês é de R$ 65 mil. Outros passaram a entrar em contato com
a central para saber o preço do dia. “Ainda que pequeno, o grupo ajuda a regular
a oferta no mercado local”, destaca o
coordenador de fruticultura do SEBRAEMG, Cláudio Wagner de Castro.
Os compradores também tiveram
vantagens com a iniciativa, pois a entrega do produto e sua qualidade são
garantidas. “As coisas melhoraram muito. Em setembro de 2007 vendíamos a
caixa de 1,2 quilo por apenas R$ 1. O
preço triplicou”, afirma José Aureliano
de Morais, que hoje colhe cerca de 150
caixas de morango por semana – e quer
aumentar a produção.
Boas perspectivas
A compra de insumos passou a ser
feita em conjunto. Para os associados,
produtos como lonas, adubos e nutrientes saem com desconto de até 20%, com
prazos entre 30 e 90 dias para pagar e nenhuma burocracia. Para outros agricultores da região, o preço é o de mercado, e o
lucro é usado na manutenção da Central.
Minas é o Estado que mais produz
morangos no país, com 1.698 hectares
de área plantada. Segundo o IBGE, Bom
Repouso é o município de lavoura mais
extensa, com 460 hectares e maior colheita, 24.840 toneladas. Se depender
dos agricultores do bairro dos Garcias,
os números vão crescer, pois 75% deles
pretendem ampliar as lavouras.
“Agora vale a pena investir”, afirma
José Antônio dos Santos. Seus canteiros,
que eram ocupados por 4 mil pés, agora
têm 11 mil. “Trabalho consciente de que
terei resultado”, comemora. Em 2009, o
SEBRAE-MG vai ampliar sua atuação na
fruticultura de morango com apoio a um
grupo de produtores de Alfredo Vasconcelos, município próximo de Barbacena. 
Sustentabilidade
Silvanei César da Silva é o primeiro produtor do Sul de Minas a
ter a lavoura de morango certificada
para agricultura orgânica no grupo.
Ele sabe bem qual o principal motivo
para investir na produção ecologicamente correta.
“O que preservamos, primeiro, é
a nossa própria saúde. Não preciso
mais trabalhar com agrotóxicos”, diz
o agricultor. Segundo ele, o produtor
também ganha no bolso, já que a
produção chega a ser duas ou três
vezes mais barata que a convencional. O manejo diferenciado garante
que a lavoura dará resultado.
A preocupação com a saúde e
com a qualidade do produto agora
é de todos. A associação contratou
um agrônomo para orientar a transformação do morango da comunidade em produto orgânico. “Queremos
trabalhar num meio sustentável,
respeitar a natureza e viver dela”,
afirma Márcia Cristina.
Passo A Passo 15
moda
Oficina de design
melhora capacitação
Confecções de Divinópolis recebem apoio para modernizar a gestão e aprimorar o atendimento
Poliana Napoleão
H
Fotos Gláucia Rodrigues
Rosália Costa,
dona da Sassafrás,
encontrou solução
para os problemas
que enfrentava
na empresa
16 Passo A Passo
á 17 anos no mercado, a Sassafrás, indústria de roupas femininas sediada em Divinópolis,
enfrentava gargalos na produção. Até
outubro de 2008, o atraso na conclusão das peças causava dor de cabeça
na dona da empresa, Rosália Costa. A
história começou a mudar depois que
ela e dois empregados participaram da
Oficina de Design 2008, organizada pelo
SEBRAE-MG em parceria com o Sindicato das Indústrias do Vestuário de Divinópolis (Sinvesd). O objetivo era capacitar empresas no desenvolvimento de
produtos, na estratégia gerencial e na
melhoria de qualidade e produtividade.
Com duração de três meses, a oficina
foi realizada em 2008, com grande sucesso. Participaram 10 empresas. Sete optaram por aprimorar o desenvolvimento
do produto e três, entre elas a Sassafrás,
pela melhoria na produtividade.
Primeiro os empresários participaram de uma reunião para apresentação da Oficina de Design e seus objetivos. Em seguida um consultor faz
uma visita a cada confecção para definir, em conjunto com o empresário, o
que deve ser melhorado ou implantado. Proprietários e empregados participam de um treinamento e depois há
um período de imersão dos consultores em cada confecção, orientando os
empresários nas soluções.
As empresas que participaram da
oficina obtiveram resultados significativos, como definição do foco de mercado, diminuição de estoques, redução
de custos de produção e mais acerto no
mix de produtos.
Tempo menor
O programa é aplicado em três áreas
da confecção: produto (design e comercialização), processo produtivo e modelagem. Para realizá-lo, o SEBRAE-MG
contratou o Senai-Cetiqt (Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil),
um dos principais centros de formação
profissional de serviços e consultorias
para a cadeia produtiva têxtil no Brasil
e no mundo.
Se antes de outubro os nove empregados da Sassafrás produziam cerca
de 600 peças por mês, agora o número
chega a quase 900. Segundo Rosália, a
expectativa é produzir 1 mil peças ainda
este ano, sem sobrecarregar os profissionais. Ela explica que o salto na produção é resultado da oficina de design.
“O consultor deu dicas de como produzir mais em menos tempo, mudando
coisas que não observávamos, como
por exemplo o layout da fábrica”, ressalta. “As equipes foram posicionadas
de modo que os profissionais ficassem
mais próximos e isso agilizou a produção e uniu os grupos de trabalho.” 
Orientação e
planejamento
Uma dica que fez a diferença foi colocar lotes menores de pano para as costureiras. “A idéia era que
elas fizessem cerca de 300 peças por semana. Antes,
colocávamos na máquina a produção de toda a semana, acreditando que
seriam produzidas
mais peças em menos tempo, o que
não ocorria”, diz
Rosália Costa, dona
da Sassafrás.
Num dia normal
de trabalho eram
confeccionadas
cerca de 30 peças.
A partir da Oficina
de design, foram
feitas 75. “Agora
conheço a capacidade da fábrica,
sei de quantos
funcionários preciso para produzir o
volume necessário
e quanto tempo
será gasto nesse
processo”, afirma
a empresária.
Na Dyfteria, indústria de Divinópolis que produz
moda teen feminina, a Oficina de Design ajudou a melhorar o processo de desenvolvimento de produtos.
“Com a visita da consultora, foi possível conhecer melhor o cliente e, a partir daí, lançar a coleção Alto Verão
2009 para atendê-lo com mais qualidade”, garante o
dono, Cassius Ribeiro (foto).
A estilista da empresa, Cíntia dos Santos, participou da oficina e diz que foi feita uma pesquisa com
funcionárias e clientes das lojas para definir o públicoalvo da empresa.
Passo A Passo 17
reportagem de capa
Apoio inédito à
pesquisa científica
Programa de Incentivo à Inovação dá subsídios
ao desenvolvimento tecnológico no Estado
Wagner Concha
Fotos Ignácio Costa
Geraldo Vitral
e Nádia Rezende
festejam
resultados
18 Passo A Passo
D
outorando em Saúde Coletiva pela
Universidade Federal de Juiz de
Fora (UFRJ), o médico Geraldo Vitral
pesquisou durante quatro anos um produto que pudesse ser usado na identificação
de lesões suspeitas de câncer. Até então, a
técnica utilizada aplicava contraste à base
de iodo, com margem de erro entre 5% e
10%. Nos experimentos com um polímero,
produto que não é absorvido pelo corpo
humano, ele encontrou o que procurava. “A
cirurgia agora é mais precisa e eficiente. A
lesão é extraída em poucas horas”, comemora. Outra vantagem é a detecção a olho
nu da área onde a substância foi injetada.
Juntamente com a pesquisadora Nádia Rezende Barbosa, Geraldo é um dos
participantes do Programa de Incentivo à
Inovação (Pii), iniciativa inédita no Brasil,
criada pelo SEBRAE-MG em parceria com
a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes). Ele recebeu subsídios para desenvolver um kit
estéril descartável à base de silicone para
estereotaxia (procedimento que permite
diagnosticar doenças degenerativas e tumores), com agulha e seringa adequadas e
dosagem correta da nova substância para a
realização do procedimento.
Em agosto, Geraldo recebeu o reconhecimento da comunidade médica internacional
ao conquistar o Idea to Product Latin America
2008, em São Paulo. Participou ainda do Idea
to Product Global 2008, que reuniu em outubro
18 universidades estrangeiras em Austin, nos
Estados Unidos. Na etapa Inovação Tecnoló-
Maria José
Valenzuela
Bell integrou
equipe que
desenvolveu
equipamento
detector de
adulterações
no leite
Passo A Passo 19
gica, o kit foi o grande vencedor.
Na etapa final, a pesquisa obteve o
segundo lugar mundial.
A Universidade Federal de Juiz
de Fora (UFJF) ficou ainda com o
terceiro lugar da etapa latino-americana. Também com recursos do
Pii, o mestrando em Física Wesley
Willian Gonçalves do Nascimento,
juntamente com os pesquisadores Maria José Valenzuela Bell e
Virgílio de Carvalho dos Anjos, desenvolveu um equipamento que
detecta adulterações no leite. Por
meio de condutividade elétrica,
ele verifica a adição de água, sal e
água oxigenada no alimento.
Projetos em andamento
O kit estéril montado por Geraldo foi patenteado e uma multinacional brasileira está realizando
testes clínicos. Já o aparelho para
análise do leite poderá ter a tecnologia transferida a partir do primeiro semestre de 2009. As empresas
interessadas poderão contatar
o Centro Regional de Inovação e
Inovação de Transferência de Tecnologia (Critt) da UFJF.
Desde 2006, o Pii tem permitido que 60 projetos se tornem
de fato inovações. Além da UFJF,
o programa contemplou a Universidade Federal de Lavras (UFLA) e
a Universidade Federal de Itajubá
(Unifei). Em 2009, serão contempladas mais 68 propostas, totalizando 128 projetos beneficiados.
“O Pii é um programa único,
pois transforma o conhecimento das universidades em possibilidade de negócio, seja com o
nascimento de empresas de base
tecnológica ou pela transferência
de tecnologia de forma profissional e acompanhada”, afirma o
gerente da Unidade de Acesso
à Inovação e Tecnologia do SEBRAE-MG, Anízio Vianna.
20 Passo A Passo
Exemplo da Coréia do Sul
“Inovação é a questão central para a prosperidade econômica.” A frase de Michael
Porter, considerado a maior autoridade mundial em estratégia competitiva, é levada à
risca na Coréia do Sul, uma das maiores potências em inovação. O país asiático encoraja a geração de conhecimento e sua aplicação no sistema produtivo por meio de
benefícios fiscais para empresas que criam centros de pesquisa e desenvolvimento.
A Coréia do Sul dá atenção especial à pesquisa desde a década de 1980. Com a
crise financeira de 1997, o setor se tornou prioritário, assim como o estímulo à inovação nas pequenas empresas. “Isso resultou na criação de cerca de 5 mil centros de
pesquisa em cinco anos”, destaca o professor Pedro Vidigal, coordenador da Inova, incubadora de empresas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atualmente,
há mais de 12 mil centros de pesquisa em pequenas empresas sul-coreanas, contra
apenas 700 em grandes corporações.
Pedro cita a Coréia do Sul como exemplo de país no qual a inovação fortalece a
competitividade. Na opinião dele, políticas públicas de longo prazo permitirão que o
conhecimento alcance o nível estratégico nas organizações brasileiras: “Deve-se incluir a reestruturação do aparato administrativo público, agregar, ampliar e monitorar
todas as ações de incremento de pesquisa, desenvolvimento e inovação no Brasil”.
Uma iniciativa de incentivo à cultura da inovação foi a promulgação da Lei Federal
nº 10.973, de 2004. Além de fomentar a pesquisa com recursos para a inovação,
ela permite o relacionamento entre empresas e instituições científicas e tecnológicas
(ICTs). Em janeiro de 2008, o governo de Minas editou a Lei Estadual nº 17.348, que
garante recursos extras para um fundo de investimento em inovação e prevê que 1%
da arrecadação do ICMS seja destinado à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
de Minas Gerais (Fapemig).
A Lei Geral das micro e pequenas empresas prevê que no mínimo 20% do orçamento público destinado a investimentos em tecnologia sejam revertidos para ações
de apoio aos micro e pequenos negócios. O Estatuto das MPEs, de 1999, já previa
esse repasse, porém, apenas em âmbito federal. A Lei Geral foi mais longe, incluindo
os recursos estaduais, do Distrito Federal e os municipais.
Apoio aos pequenos
As leis também beneficiam pequenos empresários com recursos nas parcerias
com ICTs. O inventor independente pode solicitar apoio a uma ICT para proteção e desenvolvimento de sua criação, que inclui, entre outras ações, testes, desenvolvimento
de protótipo e estudos de viabilidade técnica, econômica e comercial. Em contrapartida, os royalties vindos da exploração da invenção serão divididos.
Pedro lembra que o inventor independente pode recorrer à Fapemig para auxílio
no depósito de patentes ou na transferência de tecnologia, mas ressalta que o uso de
laboratórios pelo pequeno empresário ainda é incipiente. Para ele, o desconhecimento
dos incentivos e a falta de interesse dos empreendedores para criação de novos produtos são os principais entraves.
Leis específicas de inovação são essenciais, mas fazem parte de ações isoladas,
na visão do professor. O ideal seria a integração com o setor privado. “O poder público
e as empresas precisam reconhecer a pesquisa como instrumento de desenvolvimento, geração de riqueza e garantia da soberania nacional”, afirma.
Empresa de base tecnológica
A pesquisa acadêmica nem sempre
resulta na transferência de tecnologia
para uma empresa fabricar e comercializar um produto. Para pôr em prática seus
conhecimentos, pesquisadores têm a
opção de criar uma empresa de base tecnológica. Denominada spin off, esse tipo
de empresa nasce a partir de grupos de
pesquisa de universidades, institutos de
pesquisa ou dentro de outras empresas.
A Solmic – Soluções Inovadoras em
Microeletrônicas é uma spin off fundada
em fevereiro de 2008 pelos professores
Tales Pimenta e Robson Moreno, do grupo de Microeletrônica da Universidade
Federal de Itajubá (Unifei). Eles trabalham há cinco anos no desenvolvimento
de circuitos integrados com a tecnologia
de Arranjos de Portas Programáveis em
Campo (FPGA, na sigla em inglês). Esse
tipo de circuito reconfigurável permite
que o usuário defina as funções que serão exercidas pelo chip, garantindo maior
versatilidade no uso. A maioria dos chips
encontrados em televisores e rádios,
por exemplo, é pré-programada durante
a fabricação dos equipamentos.
Tales lembra que a tecnologia já existe há bastante tempo, principalmente
no exterior, mas no Brasil ainda é uma
novidade devido ao alto preço. “Comparadas às tecnologias tradicionais, as
FPGA custavam caro e ofereciam pouca
capacidade e baixa velocidade de operação”, explica.
Baixos custos
Com a Solmic, a produção de FPGA
será mais acessível para empresas brasileiras, pois os custos cairão consideravelmente. Para se ter uma idéia da
economia potencial, a conversão de
uma FPGA por um circuito de aplicação
específica pode reduzir o custo em até
95%, dependendo do volume de produção. A spin off, que surgiu com aporte
financeiro do PII, está em fase de com-
pra de equipamentos e vai oferecer aos
clientes benefícios como exclusividade,
proteção de informações digitais, aumento da confiabilidade do produto,
redução de consumo de energia e minimização de circuito.
Inicialmente, a Solmic concentrará
suas atividades no pólo de Santa Rita do
Sapucaí e nas demais cidades da Rota
Tecnológica da BR-459, que liga o Sul
de Minas a São Paulo e Rio de Janeiro.
Mesmo com a empresa ainda em formação, Robson Moreno acredita na rápida
conquista de clientes. “Esse tipo de serviço tem muito potencial por aqui. Num
segundo momento, também poderemos
fazer todo o circuito integrado, de acordo com a necessidade do cliente”.
Robson Moreno
é membro
do grupo de
Microeletrônica
da Unifei
Passo A Passo 21
UFJF
70 projetos inscritos
20 projetos selecionados
13 projetos receberam recursos
2 projetos já transferidos
R$ 535 mil de aporte financeiro total*
UNIFEI
39 projetos inscritos
20 projetos selecionados
11 projetos receberam recursos
1 projeto em fase de start-up (trocar)
de empresa
Marcelo Pereira e Carlos José Pimenta descobriram bioprotetor para o café
Bioprotetor natural
Pequenos e médios produtores de café serão os grandes beneficiados por
uma inovação desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e da Empresa Agropecuária de Pesquisa de Minas Gerais (Epamig).
Doutor em Qualidade e Microbiologia de Alimentos da UFLA, Marcelo Pereira,
juntamente com o professor Calos José Pimenta, criou um agente obtido naturalmente de frutos e grãos de café que age como bioprotetor contra fungos
que deterioram a qualidade dos cafeeiros. O agente biológico estimula a produção das enzimas pectinolíticas, que aceleram a digestão da polpa do café.
Os fungos podem afetar a qualidade do café com a produção de toxinas
ou com a ação direta nos grãos, modificando sabor, cor e odor do fruto. A
tecnologia desenvolvida por Marcelo aperfeiçoou o manejo das lavouras, fazendo com que ao menos um terço dos frutos seja protegido dos fungos. Para
evitar alterações na qualidade do café, a técnica envolve pulverizações na
pré-colheita, a partir do início do amadurecimento dos frutos ou no terreiro
com pulverizador pré-pressurizado, a baixo volume, para não comprometer a
secagem dos grãos.
Para a produção de uma bebida de qualidade, com preço 30% acima do normal, os cafeicultores dependem de uma secagem eficiente dos grãos, que envolve
a degradação da polpa do café. A trituração deve ser rápida, para evitar a ação de
microorganismos. Os grandes produtores, com recursos para aquisição de novas
tecnologias, usam o processamento “via úmida”, que envolve a lavagem e o despolpamento do fruto, reduzindo as chances de contaminação.
Já os pequenos e médios cafeicultores processam o café “via seca”, ou
seja, separam e secam os grãos em terreiro, sem usar um lavador. O agente
bioprotetor desenvolvido com aporte do Pii terá preço reduzido, por utilizar
resíduos agrícolas como substrato, além de ter fácil aplicação e grande resistência a condições climáticas adversas.
Marcelo diz que o programa estadual foi fundamental para a continuidade
do estudo, que há mais de duas décadas vem sendo realizado pela pesquisadora da Epamig, Sara Chalfoun, sua orientadora acadêmica. O projeto está em
processo de transferência de tecnologia.
22 Passo A Passo
10 projetos em fase de desenvolvimento de protótipos
R$330 mil de aporte financeiro total*
UFLA
64 projetos inscritos
20 projetos selecionados
12 projetos receberam recursos
3 projetos pré-incubados
1 cultivar licenciada
2 cultivares em processo de licenciamento
R$ 450 mil de aporte financeiro total*
PII AGROENERGIA
11 projetos inscritos
8 projetos selecionados
Até 5 projetos receberão aporte financeiro
R$ 45 mil de aporte financeiro por
projeto
* Aportes do Sebrae, Sectes, Universidades
e parceiros locais
Agroenergia de ponta
A discussão envolvendo o desenvolvimento de
combustíveis renováveis ganha importância com a
crescente preocupação ambiental. O Brasil é líder
mundial na produção de etanol de cana-de-açúçar
e defende sua produção como alternativa viável e
ecologicamente correta de fonte de energia. Diante
desse cenário, o Pii apresenta, em 2009 e 2010, o PII
setorial Agroenergia, um desdobramento do programa original que focará suas ações na pesquisa de
biocombustíveis.
Destinado a pesquisadores da UFLA, o Pii Agroenergia aprovou oito projetos, que estão na fase de
elaboração de estudos de viabilidade técnica, econômica, comercial e ambiental. Em 2009, serão selecionados cinco projetos, que receberão R$ 45 mil, cada
um, para desenvolvimento de protótipos, processos
ou serviços. “A grande vantagem do Pii de Agroenergia
é fortalecer o setor, incentivando desde o melhoramento genético de plantas até estudos em
outras áreas do
conhecimento
voltadas para
a produção de
biocombustíveis”,
explica
a pró-reitora de
pesquisa da UFLA,
Édila Von Pinho.
Uma das propostas aprovadas foi a do engenheiro agrônomo Antônio Carlos Fraga, para
aproveitamento de óleo de cozinha na produção de biodiesel. Ele trabalha há seis
anos com biocombustíveis e há quatro estuda a possibilidade de usar óleos como matéria-prima. O pesquisador criou recentemente kits de reagentes químicos para avaliação imediata do óleo.
Com o apoio de alunos de Ciência da Computação, Antônio desenvolverá um software gerenciador
de informações obtidas nas análises. Outra preocupação é o aproveitamento de resíduos. “Esses resíduos que sujam o óleo de cozinha serão usados na
produção de adubo orgânico”, acrescenta. No longo
prazo, ele quer realizar um trabalho de educação
ambiental, para que o óleo não seja jogado na rede
de esgoto. 
PII SETORIAL AGROENERGIA 2009-2010 (UFLA)
Relação de projetos em fase de estudo de viabilidade técnica, econômica, comercial e de impacto ambiental. Cinco deles serão selecionados para a segunda etapa, que envolve a prototipagem. Segundo o
edital, é importante que o projeto seja voltado para a cadeia produtiva,
e terá um peso maior na avaliação caso a proposta possa ser aplicada
no Norte de Minas.
Projeto - Reciclagem de óleos e gorduras residuais para a produção de
biodiesel
Autor - Antônio Carlos Fraga
Sinopse - A reciclagem de óleo de cozinha permitirá a despoluição da
água e a redução de entupimentos da rede de esgoto. O óleo residual de
frituras será usado na produção de combustível renovável, biodegradável e ambientalmente correto
Projeto - Otimização de ciclones para secagem de bagaço de cana-deaçúcar
Autor - Jefferson Luiz Gomes Corrêa
Sinopse - Busca uma configuração diferenciada do ciclone para melhorar
a secagem do bagaço da cana, reduzindo o teor de água da biomassa
Projeto - Poder calorífico do bagaço e palhiço num pequeno alambique,
em diferentes épocas de corte na safra de cana-de-açúcar
Autor - Luiz Antônio de Bastos Andrade
Sinopse - Uso de bagaço e palhiço (ponta e folhas laterais) da colheita
da cana-de-açúcar para geração de energia elétrica em usinas e destilarias. Em alambiques, o bagaço e o palhiço podem substituir a lenha,
aproveitando de maneira racional a biomassa vegetal
Projeto - Transformação do glicerol residual da produção de biodiesel
em novos produtos com valor agregado
Autor - Luiz Carlos Alves de Oliveira
Sinopse - Busca de novas aplicações para o glicerol produzido como
subproduto do biodiesel. O glicerol residual poderá ser usado para a síntese de diferentes produtos químicos
Projeto - Glicerina bruta em substituição ao milho para bovinos alimentados com silagem de cana-de-açúcar
Autor - Marcos Neves Pereira
Sinopse - Avaliação do uso de glicerina bruta para ruminantes em dietas
usando silagem de cana-de-açúcar aditivada
Projeto - Aproveitamento integral da biomassa do fruto de pinhão manso para produção de biocombustíveis
Autor - Pedro Castro Neto
Sinopse - Cascas e sementes do pinhão manso geram um óleo, que
poderá ser usado na produção de biodiesel e álcool aproveitado em automóveis flex
Projeto - Caracterização da cadeia produtiva, balanço energético econômico do pinhão manso para as condições de Minas Gerais
Autor - Wilson Magela Gonçalves
Sinopse - Desenvolvimento de uma metodologia adequada ao Estado
de Minas Gerais, em termos de balanço energético e econômico, para a
cultura de pinhão manso para produção de biodiesel
Projeto - Novas cultivares de batata-doce com alto rendimento para a
produção de etanol
Autor - Wilson Roberto Maluf
Sinopse - Pesquisa de melhoramento genético para uso de batata-doce
na produção de álcool, dobrando o rendimento por hectare em comparação à produtividade da cana-de-açúcar
Passo A Passo 23
Fotos: Gladyston Rodrigues/Aocubo Filmes
artesanato
Gente de muita
fibra
Criatividade e espírito cooperativo
modificam a economia de Maria da Fé
Ellen Dias
N
as mãos dos artesãos de Maria da Fé, no Sul de Minas, resíduos como papelão e tronco de bananeira se
transformam em matéria-prima para a produção de
luminárias, mandalas, baús, cestas e tapetes. Além de criatividade, as peças revelam diversas possibilidades da reutilização
e da reciclagem aliada ao design. Ao longo de 10 anos, com
a criação da Oficina Gente de Fibra, o artesanato se consolidou como a principal atração turística da cidade, que realizou entre 16 e 20 de julho de
2008 a primeira edição do Festival de
Inverno – Artesanato & Design,
com apoio do Sebrae-MG e da
Prefeitura Municipal.
Fábio Gonçalves acompanhou os avanços da
Oficina Gente de Fibra
e há quatro anos aderiu
o artesanato. O primeiro passo foi transformar
um cômodo de sua casa em
ateliê. O diferencial veio dos filtros de ar de caminhão. Associados as
fibras de bananeira, eles ganharam novas formas, texturas
e utilidades.
A residência do artesão entrou no circuito do Festival de
Inverno com a exposição Tramas de Fibra e se tornou parada
obrigatória para os turistas. “Vendo de oito a 15 peças por
mês. Em cinco dias, foram negociadas 30 peças”, comemora Fábio, membro da Cooperativa Mariense de Artesanato
(Com Arte).
24 Passo A Passo
A diretoraadministrativa
da Com Arte,
Valéria Mendes,
se diz satisfeita
com os resultados
da oficina do
Sebrae-MG
Passo A Passo 25
Resultados que entusiasmam
Atividade
artesanal
emprega
principalmente
senhoras e
jovens em
busca de
oportunidades
de trabalho
A proposta do evento ocorreu em outubro de 2007 como estratégia para incentivar
o turismo local. “Como a cidade mais fria de
Minas não tinha um festival de inverno? Rapidamente, a idéia se transformou em projeto e,
em nove meses, tornou-se realidade”, explica
o consultor do Sebrae-MG, Flávio Vitarelli. À
frente do festival, 12 pessoas assumiram a tarefa de planejar as ações. Todos eles integram
a Rede Empresarial Mariense (REM), criada em
2007 com o objetivo de formular oportunidades para a consolidação de Maria da Fé como
destino turístico.
“Desde a escolha do tema até a avaliação
final, as estratégias foram construídas coletivamente”, afirma o diretor-gestor do Circuito Turístico Caminhos do Sul de Minas e coordenador
da REM, Walter Santos de Alvarenga. A exposição
“10 Anos – Oficina Gente de Fibra” foi o ponto
de partida para a criação do roteiro cultural que
mostrou a evolução do artesanato na cidade.
“Além de expor novas peças, nosso objetivo foi
contar a história dos artesãos”, explica a diretora-administrativa da Com Arte, Valéria Mendes. O
evento atraiu cerca de 10 mil turistas.
Ponto de partida
Em 1998, devido a uma forte chuva, apenas
seis pessoas puderam participar da reunião do
Sebrae-MG em Maria da Fé. O objetivo era buscar alternativas de geração de emprego e renda
para a população, que enfrentava dificuldades
26 Passo A Passo
com a crise da batata, principal produto da região. A chuva não esfriou o ânimo do grupo, que
se inspirou na reciclagem de papel para criar a
Oficina Gente de Fibra.
“Pedimos uma sala emprestada na sede da
Sociedade São Vicente de Paulo e trouxemos
liquidificadores de casa”, lembra Valéria. Para
transformar papel artesanal em produtos como
mandalas e cestos, as cinco donas-de-casa foram guiadas pelo artista plástico e idealizador
da oficina, Domingos Tótora. Com a experiência, novas técnicas foram testadas, como a incorporação da fibra de bananeira, marca registrada do grupo. Em 1999, o grupo criou a Com
Arte, que hoje congrega 64 pessoas de diferentes oficinas, incluindo 15 da Gente de Fibra.
Muitos participantes são jovens, que buscam no artesanato uma oportunidade de trabalho. É o caso de Luiz Antônio Braga, que desde
o início apostou na cooperativa. Aos 28 anos,
ele é presidente da entidade e avança em negociações para vender as peças em outros países,
como os Estados Unidos. Em 2007, a Com Arte
atingiu a marca de 6 mil quilos de papelão kraft
reciclados.
Segundo a técnica do Sebrae-MG da microrregião de Itajubá, Pollyanna Calixto, a produção
de lembranças da viagem a Maria da Fé foi o
motivo inicial que levou a comunidade a investir no artesanato. Dez anos depois, “o trajeto
pelos ateliês e oficinas é a principal atração turística”, afirma.
Os preparativos dos artesãos para o Festival
começaram em 2007. Além de ampliar a produção, o desafio foi buscar a inovação aplicada
ao papel, cipó e fibra da bananeira. Por meio
de um projeto-piloto para validar uma nova
metodologia de design para artesanato, os integrantes da Com Arte participaram de oficinas
para desenvolvimento de processo criativo e de
produtos, promovidas pelo SEBRAE-MG.
As peças criadas durante a oficina foram lançadas na Feira Nacional de Artesanato, realizada
em novembro, em Belo Horizonte. Os encontros
ocorreram de dezembro de 2007 a junho de 2008.
“O objetivo foi que saíssem da inércia da criação,
proporcionando maior autonomia dos processos”,
diz a consultora do Sebrae-MG, Andréia Costa.
Produtos
confeccionados
na Com Arte
funcionam
como belas
peças de
decoração
Paralelamente à organização do Festival, os
integrantes da Rede Empresarial Mariense (REM)
também se mobilizaram para criar, com o apoio do
Sebrae-MG, o Núcleo de Pousadas Domiciliares,
que já resultou na ampliação de 20% do número
de vagas. Outra ação importante foi a capacitação
dos profissionais para o atendimento ao público.
No balanço final, os negócios gerados chegaram a R$ 102 mil. As reuniões para o Festival
de 2009 já começaram e a expectativa do grupo
é de que as oportunidades de negócios cresçam.
“O resultado foi muito positivo. Na segunda edição, com certeza, haverá maior envolvimento da
população com a melhor estruturação dos serviços oferecidos e maior divulgação”, diz a técnica
do Sebrae-MG, Pollyanna Calixto.
O médico Plínio Cambauva, de São José dos
Campos, não perdeu a oportunidade de conhecer
de perto o artesanato de Maria da Fé e convidou a
família para participar do Festival de Inverno. Mais
do que turismo, a viagem resultou na abertura de
uma loja no município paulista. “A organização dos
artesãos e a forma como a reciclagem foi incorporada à arte me impressionam”, ressalta.
Plínio encontrou o que estava procurando. De
volta à sua cidade, formou sociedade com o advogado Emílio Souza Neto. Agora, as portas do novo
estabelecimento estão abertas para a venda exclusiva de cerca de 200 produtos da Com Arte.
Resgate cultural
Para o artista plástico e idealizador da Oficina Gente de Fibra, Domingos Tótora, o Festival
de Inverno de Maria da Fé foi uma oportunidade
para a população local reconhecer e valorizar
o artesanato. “Recebi a visita de vizinhos que
nunca tinham entrado em meu ateliê”, revela.
Na visão do presidente da cooperativa, Luiz
Antônio Braga, o artesanato vem possibilitando
o resgate da cultura regional com os detalhes
incorporados aos trabalhos.
“Muitas pinturas e esculturas retratam um
pouco da nossa cidade, como o desenho dos
barrados das paredes e dos ladrilhos do piso
da Igreja de Maria da Fé. Fazemos isso para dar
identidade às peças”, ressalta Luiz Antônio. Além
da consolidação do evento no roteiro nacional,
outra proposta da REM é a criação do Museu do
Artesanato de Maria da Fé, ampliando o calendário e a estadia dos turistas no município. 
D
É
Passo A Passo 27
Fotos: Gladyston Rodrigues/Aocubo Filmes
educação
Dono da Simper,
Márcio Kac atesta
melhoria nos
lucros e mudanças
na cultura
organizacional
da empresa
Solução
para fornecedores
Programa de Capacitação encurta caminho entre MPEs
e grandes empresas compradoras
Poliana Napoleão
F
ornecer produtos ou matériaprima a grandes organizações
não é nada fácil, sobretudo
para as micro e pequenas empresas
(MPEs). Por outro lado, as grandes
28 Passo A Passo
empresas têm dificuldades para encontrar um fornecedor que preencha
os requisitos por elas demandados.
Para resolver a questão, em 2007 o
SEBRAE-MG retomou e remodelou o
Programa de Capacitação para Fornecedores, aproximando pequenas empresas de grandes compradores.
Implantado entre 1998 e 2002 em
parceria com grandes empresas sediadas no Estado, como ArcelorMittal
Aços Longos (antiga Belgo Mineira) e
Gerdau Açominas, a iniciativa visa melhorar os processos das MPEs. “Nosso
intuito é apoiar e dar condições para
que elas tenham competitividade e
possam fornecer mais e melhor para
as grandes empresas, ou mesmo ampliar seus negócios e atender também
às pequenas”, explica o gerente da
unidade de Educação, Empreendedorismo e Cooperativismo do SEBRAEMG, Ricardo Pereira.
Com duração aproximada de 12
meses e carga horária ajustada às necessidades de cada empresa, o curso
é realizado em etapas, que incluem
um seminário para apresentação do
programa; o diagnóstico no qual é
avaliado o modelo de gestão adotado
pelas MPEs fornecedoras e identificados os pontos fortes e oportunidades
de melhorias; a elaboração de um plano de capacitação personalizado para
o desenvolvimento das competências
gerenciais e empreendedoras; a certificação e o monitoramento desses
processos.
Na última fase, um consultor do
SEBRAE-MG verifica a evolução no
modelo de gestão e o atendimento a
requisitos específicos, para só então
conceder o certificado do programa.
Balanço positivo
Em 2008, teve início a capacitação de fornecedores das empresas
Fiat Automóveis, Stola, Resil, Aethra
e Holcim Brasil. No momento, o SEBRAE-MG está atendendo a 37 MPEs.
O gerente de suprimentos da Holcim
Brasil, Carlos Sona, afirma que todos
se beneficiam com a parceria. Na unidade de Pedro Leopoldo, na Região
Metropolitana de Belo Horizonte, 19
fornecedores começaram a ser capacitados em outubro.
“A Holcim ganha com isso, porque
contará com fornecedores mais alinhados com sua forma de trabalhar.
Isso representa processos mais rápidos de fornecimento e melhoria na
qualidade final”, destaca o gerente.
“O fornecedor ganha porque melhora a gestão de seu negócio, ficando
apto a negociar com empresas de todos os portes e setores de forma mais
eficaz.” Ainda segundo ele, a Holcim
Brasil pretende estender o programa
às unidades de Barroso, na Região
Central de Minas, e de Cantagalo, interior do Rio de Janeiro.
Mudança
na cultura
Na Simper Indústria e Comércio Ltda., que fica em Contagem, o sucesso do programa se traduz no aumento do
lucro e na mudança da cultura organizacional. “As melhorias
foram significativas, principalmente quando falamos em organização em todos os sentidos e na conscientização dos
colaboradores para melhorar a produtividade”, diz o dono da
empresa, Márcio Kac.
Para ele, a visão de negócios da empresa está bem melhor, “pois estamos mais abertos para iniciativas de entidades de classe e para capacitações”. Entre 2003 e 2004, a
Simper participou do Programa de Capacitação, que criou
condições para que se tornasse fornecedora da Petrobrás.
As melhorias também possibilitaram à Simper conquistar a certificação ISO 9001/2000, que atesta o compromisso
com a qualidade e a satisfação do cliente, bem como o comprometimento com a melhoria contínua de seus sistemas
de controle de qualidade. A partir de 2004, a empresa que
produz fixadores como parafusos e porcas, aumentou o faturamento em 20% a cada ano. Segundo Márcio, a meta para
2008 foi atingida em agosto. 
Passo A Passo 29
qualidade
Um brinde à boa
cachaça
Certificação atesta qualidade e leva a aguardente nacional
a ambientes requintados no Brasil e no exterior
Wagner Concha
Gladyston Rodrigues/Aocubo Filmes
A gerente de
produção da
cachaça Dedo de
Prosa, Jacqueline
Calvo, diz que o
selo do Inmetro
é um grande
diferencial
30 Passo A Passo
C
om mais de quatro séculos de história, a cachaça ganhou status de bebida nacional e já conquista paladares
exigentes aqui e lá fora. Para alcançar padrão
de qualidade internacional, produtores da
bebida destilada participam voluntariamente
do Programa Nacional de Certificação da Cachaça, uma iniciativa do Instituto Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e do Sebrae Nacional.
Das 29 marcas de cachaças certificadas em todo o país, quase a metade
Surge novo profissional
Quem pensa que a cachaça é uma
bebida popular precisa saber que ela
também freqüenta ambientes requintados. Restaurantes de alto padrão já
têm cartas de cachaça e contam com
um novo profissional, o cachacier, que
indica a cachaça que melhor combina
com o prato escolhido pelo cliente.
A bebida também é usada como
é produzida em alambiques mineiros.
É o caso da Dedo de Prosa, feita na
Fazenda Agroindustrial Serra Grande,
em Piranguinho, no Sul do Estado,
que recebeu a certificação em março de 2008. A gerente de produção,
Jacqueline Calvo, diz que em pouco
mais de um mês o produto recebeu
o selo do Inmetro, que para ela é um
grande diferencial no mercado. “Os
clientes passam a nos ver com outros
olhos, pois estão mais preocupados
em adquirir um produto de qualidade”, ressalta.
O técnico da gerência de Agronegócios do SEBRAE-MG, Rogério Galuppo, afirma que a certificação também
traz outros resultados: “Os produtores
passam a produzir a cachaça seguindo
as normas estabelecidas por lei e isso
melhora as vendas, valoriza a marca, o
produto e a própria a empresa”.
Ele salienta que os fabricantes se
deparam com três grandes desafios. O
primeiro é o alto custo de adequação
do processo às normas exigentes, pois
muitas vezes é preciso intervir na estrutura física do alambique. O segundo
é o produtor entender quais são os benefícios da certificação. O terceiro é o
consumidor saber qual a vantagem de
adquirir cachaça certificada.
ingrediente por renomados chefs de
cozinha, que criam tortas de caipirinha
e pratos especiais que acompanham
carnes de diferentes tipos.
A inserção da cachaça em eventos
como exposições e festivais de gastronomia, bem como o surgimento de confrarias e academias da cachaça têm
ajudado a disseminar o produto entre
Investimento válido
Jacqueline garante que o trabalho
e os gastos em prol da certificação
valeram a pena, pois além de conquistar novos clientes, os empregados do
alambique passaram a ter maior cuidado na produção. Atualmente com
distribuição restrita à região Sudeste
do país, a Dedo de Prosa já pode ser
encontrada em locais sofisticados de
São Paulo, como o Shopping Iguatemi.
A partir de 2010, será vendida em todo
o território nacional.
Aos poucos, a marca também vem
conquistando o mercado externo, com
vendas efetivadas para clientes da África, dos Estados Unidos e do Reino Unido, que representam 5% do faturamento atual da Agroindustrial Serra Grande.
“Ainda estamos prospectando, mas queremos aumentar a nossa participação
no exterior”, diz Jacqueline. 
Números do sucesso
29 marcas certificadas no país
as classes mais altas. Como produto
“premium” a cachaça também ganhou
taça de cristal para degustação. “Essa
taça ajudou a tirar o conceito de copinho rústico e elitizou a cachaça como
bebida fina”, diz o diretor de Marketing
da Expocachaça e presidente do Centro
Brasileiro de Referência da Cachaça,
José Lúcio Mendes.
Certificação passo a passo
• Antes de solicitar a certificação, o produtor
deve conhecer o Regulamento de Avaliação
da Conformidade (RAC) da Cachaça, conforme a Portaria nº 126, de 24 de junho de 2005,
publicada pelo Inmetro e disponível para consulta no site www.inmetro.gov.br/legislacao.
• O produtor pode contatar um dos cinco organismos de certificação existentes no Brasil:
IPEM (SP), Ibametro (BA), BRTUV (SP), Senai (SC) e Certifica (RS).
• A certificadora realizará uma pré-auditoria,
de acordo com os pré-requisitos estipulados
pelo RAC da Cachaça.
• São avaliadas condições de limpeza e higiene na fabricação do produto, cuidados
com o meio ambientes, conformidade com
a legislação trabalhista e boas condições de
trabalho aos empregados.
• Depois da avaliação inicial, será dado um
prazo de adequação às normas.
• Expirado o prazo de ajustes, a certificadora
retornará para a auditoria e emitirá um laudo
técnico. Caso o alambique seja aprovado, a
empresa estará credenciada para a emissão
do selo do Inmetro.
12 marcas certificadas em Minas Gerais
2 mil marcas registradas no país
30 mil produtores nacionais
1,5 bilhões de litros produzidos por ano no país
Fontes: M
inistério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento e Sebrae
• Por fim, serão realizadas auditorias periódicas (anuais ou semestrais) para avaliar se as
normas do RAC estão sendo cumpridas.
• Informações: www.sebrae.com.br ou
[email protected].
Passo A Passo 31
Fotos: Gladyston Rodrigues/Aocubo Filmes
cultura
Jovens prestigiam
exposição em
homenagem a
Humberto Mauro,
o pioneiro do
cinema nacional
Deno futuro
olho
Incubadora cultural desenvolve conteúdo para novas
mídias com jovens empreendedores de Cataguases
32 Passo A Passo
Carlos Eduardo Cherem
E
les cresceram na era da Internet.
O desenvolvimento de suas criações e o aprendizado de empreendedorismo e de negócios ocorre no
ambiente das redes de comunicação
criadas nas últimas décadas. Com amplo
uso de novas tecnologias, já ensaiam o
processo de convergência de mídias. São
os jovens da Fábrica do Futuro, incubadora cultural que desenvolve conteúdo
audiovisual para novas tecnologias, em
Cataguases, na Zona da Mata, com ramificações em Juiz de Fora, Muriaé, Leopoldina, Ouro Preto e Belo Horizonte.
“Para ser assistida num telefone celular, uma novela pode durar oito meses?
As imagens e cenários, numa tela tão pequena, não terão que ser diferentes? As
narrativas seriam outras?”, indaga César
Piva, gestor executivo do Instituto Cidade
de Cataguases, responsável pela Fábrica
do Futuro. Ele explica que a incubadora
Passo A Passo 33
Oficina de
teatro ensina
estudantes como
Marlon a fazer
e pintar bonecos
34 Passo A Passo
avança na experimentação de conteúdos e
formatos para a convergência de mídias, processo que considera inevitável.
Com a participação do SEBRAE-MG, a Fábrica do Futuro é uma iniciativa do Instituto
Cidade de Cataguases, organização não-governamental apoiada por órgãos públicos e
pela iniciativa privada, com destaque para
Vivo, Secretaria de Estado da Cultura, Ministério da Cultura (Minc), por meio do programa Cultura Viva, e o SEBRAE-MG. Entre os
apoiadores locais estão a Fundação Cultural
Ormeo Junqueira Botelho, da Energisa (antiga Companhia Força e Luz Cataguazes-Leopoldina); Instituto Francisca de Souza Peixoto, da Companhia Industrial Cataguases; a
Fundação Simão José Silva, do Grupo Química Cataguases; e o Instituto Votorantim, da
Companhia Brasileira de Alumínio (CBA).
Atualmente, 25 jovens entre 18 e 25 anos
integram a Fábrica do Futuro. A incubadora
é parte de um amplo trabalho de empreendedorismo cultural, que reúne uma rede de
cooperação em Cataguases. César ressalta
que o ambiente da Internet amplia as possibilidades de trabalho e a participação não
se restringe a pessoas e entidades envolvidas
com a incubadora ou com o Instituto Cidade
de Cataguases. “As fronteiras estão borradas
pelo diálogo no mundo globalizado”, destaca.
“Uma música disponibilizada gratuitamente
na rede pode garantir espaço para que uma
banda realize seus espetáculos e remunere os
músicos. Os modelos de negócios são inimagináveis.”
A perspectiva de todas as instituições e
iniciativa, em especial com o SEBRAE-MG, é
a implantação de um pólo de criação e produção audiovisual na cidade, a partir de novo
modelo de arranjo criativo e produtivo da economia da cultura, capaz de gerar impacto no
desenvolvimento local, novas oportunidades,
empreendimentos e negócios na região.
Raiz modernista
A atual efervescência cultural de Cataguases tem raízes no passado. A cidade respira cultura há quase um século. Lá, o movimento modernista da década de 1920 teve
algumas de suas principais manifestações,
como a publicação da Revista Verde por jovens
poetas que trocavam cartas com Mário de
Novo projeto
aposta no cinema
Um dos resultados do investimento em cultura em Cataguases foi a
realização do Festival Ver e Fazer Filmes, entre 3 e 13 de dezembro de
2008. Foram exibidas produções de cineastas brasileiros e de outros
países de língua portuguesa. No entanto, como o próprio nome indica, o
evento não se limitou às sessões de cinema. Estudantes do Brasil e de
Portugal tiveram a oportunidade de produzir curtas-metragens durante a
realização da mostra.
O SEBRAE-MG participou do festival, patrocinado pela Energisa, através
das leis estadual e federal de
Incentivo à Cultura. Desde
agosto, foram realizadas várias oficinas para dar suporte
à produção do festival de cinema. Cerca de 250 pessoas da
região foram capacitadas em
atividades relacionadas à área,
como a criação de figurino, iluminação, fotografia (foto), direção de arte, representação,
produção executiva e gestão
cultural.
A produção dos curtasmetragens ficou sob a responsabilidade de três equipes
formadas por alunos de cinema e audiovisual da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da
Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, em Portugal.
D É de cada uma dessas
O desafio
equipes foi realizar um curtametragem digital durante o festival, com base nos contos A Cartomante, O
Diplomata e Chinelas Turcas, de Machado de Assis.
Os curtas produzidos durante o Festival Ver e Fazer Filmes estrearam no
último dia do evento e foram submetidos a um júri. As equipes de estudantes
foram supervisionadas por profissionais de cinema convidados para a mostra, entre eles Nelson Pereira dos Santos, Dib Lutfi, Carlos Roberto Teixeira
Pinto (Carlão Lenda) e Yurica Yamasaki, do Brasil; Zezé Gamboa, de Angola; e
Fernando Vendrell, de Portugal.
Nelson Pereira, Vendrell e Gamboa tiveram filmes exibidos durante a
mostra. Houve também exibição das produções cinematográficas que influenciaram esses diretores, com sessões comentadas por eles.
Andrade. Na mesma época, o cineasta Humberto Mauro tornou-se o
grande pioneiro do cinema nacional. Na década de 1940, foi a vez
da arquitetura moderna se destacar
na cidade, que nos anos 1960 seria palco da arte experimental e de
vanguarda.
“Desde o início do século XX que
as forças econômicas e políticas de
Cataguases incentivam a cultura.
Isso se tornou um aspecto importante da vida da cidade. Em meados da década de 1990, a atividade
cultural foi identificada como uma
das potencialidades econômicas do
município. Com isso, estimulamos
diversas iniciativas locais, ligadas
ao Instituto Cidade de Cataguases”,
explica a analista do SEBRAE-MG,
Regina Faria.
Ela afirma que a participação do
SEBRAE-MG é resultado de uma decisão estratégica, a partir da evidência de que a cultura é a melhor fonte
de geração de riquezas e oportunidades de emprego na região. “Com
a adoção da Lei Rouanet, em 1991,
as empresas da região, que já tinham a tradição de investimentos
em cultura, tiveram condições de
criar um ambiente propício para
ampliar essa dinâmica. Com isso, as
instituições envolvidas cresceram e
se multiplicaram. Hoje, caminham
com as próprias Apernas e a cultura
se tornou um bom negócio na cidade e na região”, garante Regina. 
TA
Passo A Passo 35
®
deu certo
Espírito empreendedor
Ex-secretária inventa e comercializa produto que amacia e hidrata peças de couro
Wagner Concha
Fotos Gláucia Rodrigues
A
curiosidade sempre foi um estímulo na vida da empresária Vera
Lúcia Silva. Dona da Lavanderia
Silva Araújo, em Congonhas, região central do Estado, ela buscava solução para
a lavagem de peças de couro. Diante do
desafio, começou a fazer testes e acabou inventando uma fórmula, que manteve em segredo. “O produto revitaliza e
deixa o couro hidratado. A grande diferença é a proteção que ele dá às peças”,
explica a empreendedora.
Vera Lúcia preparava a mistura às escondidas, temendo que alguém descobrisse o segredo da fórmula. Ao testar a
eficácia da solução em calçados e roupas,
ficou convicta do sucesso, mas ainda não
sabia do potencial da sua invenção. Um
dia, sua nora, a farmacêutica bioquímica
Amanda de Souza, a viu lavando uma
bolsa de couro e perguntou se a fórmula
do produto tinha sido registrada. Diante
da resposta negativa, Amanda informou
que era necessário patenteá-la.
Ambas procuraram a Agência de Desenvolvimento de Congonhas (Adecon),
que buscou informações no SEBRAEMG para orientá-las sobre o registro.
O produto foi protocolado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial
(INPI) e em pouco tempo surgiram as
primeiras ofertas para transferência de
tecnologia.
Empresa mineira
Vera Lúcia foi procurada por multinacionais, mas optou por uma empre36 Passo A Passo
Hoje, Vera Lúcia se sente realizada como empresária, garantindo emprego para algumas de suas conterrâneas
Mudança inesperada
Vera Lúcia Silva era secretária e se sentia realizada profissionalmente no emprego, no qual trabalhava há cinco anos.
No entanto, um problema familiar mudou o rumo de sua carreira. O filho caçula, Lucas Emanuel, enfrentou problemas de
saúde logo depois de nascer.
O bebê sofreu uma infecção generalizada após uma
transfusão de sangue, permanecendo internado no hospital
por quase um mês. Depois que ele recebeu alta, a apreensiva
mãe de quatro filhos pediu demissão do antigo emprego para
cuidar dele pessoalmente.
Ela necessitava de uma fonte de renda alternativa e passou
a trabalhar em casa, lavando roupas para outras famílias. “A demanda foi tanta que em pouco tempo estava com uma lavanderia
e 25 ajudantes para atender todos os clientes”, lembra. Surgia
assim a Lavanderia Silva Araújo. Fundada em 1995, a pequena
empresa foi apenas o começo de uma trajetória empreendedora.
Para viabilizar seu projeto e registrar patente, a inventora Vera Lúcia Silva buscou qualificação no Sebrae-MG
sa mineira para que pudesse acompanhar o processo de produção bem de
perto. Em fevereiro de 2008, assinou
contrato com a Indústria Marquezani,
de Belo Horizonte, que fabrica produtos para limpeza doméstica. Batizado com o nome de Classic, o novo
amaciante e hidratante para couro já
está à venda em grandes varejistas da
capital.
O início foi difícil, já que a ex-secretária não conhecia o
ramo de prestação de serviços de lavagem de roupas e não
tinha condições financeiras para investir em equipamentos.
“Pagamos um preço caro por sucata”, lembra, referindo-se
às primeiras máquinas usadas que adquiriu.
Qualificação profissional
Apesar das dificuldades, Vera Lúcia buscou qualificação
profissional no SEBRAE-MG, onde fez cursos, como o Capacitar para Empreender, que lhe permitiram conhecer de perto
grandes lavanderias de Belo Horizonte.
Com o auxílio, ela pôde aperfeiçoar seu lado empreendedor e registrar o Classic, sua primeira invenção. Agora,
estuda a melhor forma para patentear sua segunda invenção. Trata-se de um produto ainda sem nome, próprio para
remover mofo.
Segundo o diretor comercial da Indústria Marquezani, Geraldo Marquezani, a fórmula inventada pela empreendedora de Congonhas é inédita no
mercado. “Pesquisei e não encontrei
nada similar”, garante. Como se trata de
um produto recém-lançado e inovador,
a empresa preparou uma campanha em
mídia de massa e vem realizando abordagens informativas em lojas. 
Passo A Passo 37
artigo | vera helena lopes*
Objetivos estratégicos da
segmentação de mercado
Gladyston Rodrigues/Aocubo Filmes
P
* Administradora
com especialização
em Marketing pela
Universidade Federal
de Minas Gerais
(UFMG) e analista
da unidade de
Comércio, Serviços
e Artesanato do
Sebrae-MG
38 Passo A Passo
ara conseguir posição
favorável e se destacar
frente aos concorrentes
é necessário que a empresa
defina um campo de atuação
e seu cliente-potencial. Isto é
segmentação de mercado. A
definição começa com o entendimento do próprio mercado, quais são suas necessidades, seu comportamento e
suas particularidades.
A abordagem de segmentação mostra
que as ofertas de marketing não podem ter
a pretensão de oferecer de tudo para todos.
Isso quer dizer que o objetivo estratégico da
segmentação é analisar mercados, encontrar
nichos e oportunidades e buscar uma posição competitiva superior.
Como é impossível aproveitar todas as
oportunidades, é necessário recorrer às
escolhas estratégicas. Deve-se reconhecer
que nem todas as pessoas ou empresas
são consumidores potenciais para todos os
produtos ou serviços; e saber controlar o
composto de produtos para obter máxima
eficiência. O desafio de marketing é não só
atender eficientemente às necessidades dos
consumidores, mas também estar à frente
dos competidores.
Às vezes os mercados são segmentados
intuitivamente, ou seja, o empresário confia
em sua experiência e na capacidade de julgamento para decidir quais segmentos existem
num mercado e que potencial oferecem. Outros seguem o precedente dos concorrentes
que já estão no mercado.
Também é possível executar uma análise estruturada, freqüentemente apoiada em
alguma pesquisa de mercado, a fim de identificar os segmentos e medir seu potencial.
Essa abordagem, mesmo quando efetuada
com um orçamento restrito, com frequência
produz percepções e oportunidades que de
outro modo passariam despercebidas.
Três passos estão envolvidos na segmentação. O primeiro é identificar os desejos e potenciais existentes no mercado. O
segundo é saber as características particulares entre os segmentos. O que os consumidores potenciais, que compartilham um
desejo particular, têm em comum que os
distingue de outros
segmentos do mercado que apresentam
desejos diferentes? O
terceiro é determinar
quem apresenta cada
desejo. O passo final
será calcular quanto de demanda ou
potencial de vendas
cada segmento representa. Essas previsões vão determinar
os segmentos nos
quais o atendimento
valerá a pena.
Como se vê, uma empresa pode segmentar seu mercado de diferentes maneiras. Além disso, as bases para essa
segmentação variam de um produto para
outro. Entretanto, o primeiro passo é dividir um mercado potencial em duas categorias: consumidores finais e usuários empresariais. Segmentar o mercado nesses dois
grupos é muito importante do ponto de
vista do marketing, pois ambos compram
de modo diferente. A composição do mix
de marketing de um vendedor dependerá
do fato de ele estar voltado para o mercado consumidor ou empresarial. 
Novos horizontes
para as micro
e pequenas
empresas
“Nem todas as
pessoas ou
empresas são
consumidores
potenciais para
todos os produtos
ou serviços”
www.sebraemg.com.br
Novo Sebrae Diamantina: rua Campos Carvalho, 19 – Centro
Para atender cada vez melhor os micro e pequenos empresários, o Sebrae/Diamantina
mudou de endereço. Agora, para uma sede muito mais espaçosa e confortável, com os
inúmeros programas e projetos voltados para o aumento da produtividade e eficiência
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Cultura
O Sebrae incentiva e investe na
produção cultural de Minas Gerais
beneficiando diversas áreas,
como a audiovisual, a musical,
o artesanato, o design e a moda.
Uma iniciativa que prepara os
artistas para a gestão do próprio
negócio, que incentiva a divulgação
dos seus trabalhos em catálogos
como os de artesanato e de moda,
trabalhando para que todos tenham
sucesso como empreendedores.
Sebrae Minas. Trabalhar pela
cultura é valorizar o talento.
www.sebraemg.com.br
Download

Incentivo à inovação