AUDIÊNCIA PÚBLICA “POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A JUVENTUDE” ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE MATO GROSSO DO SUL 15 DE MARÇO DE 2013 Prezado (a) Companheiro (a) Primeiramente, gostaria de agradecer-lhe imensamente por sua participação na Audiência Pública que realizamos no dia 15 de março com o tema “Políticas Públicas para a Juventude”. Foi um momento em que tivemos a oportunidade de reunir jovens dos diversos segmentos, das cidades, dos assentamentos, das aldeias, das comunidades quilombolas, estudantes, trabalhadores, pessoas com deficiência, militantes da pastoral da juventude e do movimento estudantil, para avaliar os programas e projetos governamentais voltados para a juventude, que foram implantados nos últimos anos. Nosso objetivo foi o de levantar até que ponto as políticas para a juventude estão sendo efetivas e se estão chegando nos municípios para atender às necessidades dos jovens. Esta foi a terceira audiência pública que promovemos sobre o tema. Nas duas primeiras, em 2005 e 2006, discutimos as demandas dos jovens, sistematizamos as sugestões e propostas e escolhemos representantes que foram à Brasília na Conferência Nacional da Juventude para debater o Plano Nacional da Juventude. De lá para cá, várias ações foram implementadas: criação da Secretaria Nacional da Juventude e do Conselho Nacional de Juventude, Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem), Programa Cultura Viva (Pontos de Cultura), Programa Segundo Tempo, Praças da Juventude, Projeto Rondon, Projeto Soldado Cidadão, Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci), Pronaf Jovem, Juventude e Meio Ambiente, Escola Aberta, Prouni, Pronatec, Brasil Alfabetizado, Programa Nacional do livro Didático para o Ensino Médio, Alfabetização de Jovens e Adultos, entre outros. Nesse nosso último encontro vimos que o Brasil possui cerca de 50 milhões de jovens, com idade entre 15 e 29 anos, o que representa 25% da população e que, apesar das últimas conquistas, o país ainda precisa dar respostas a problemas ainda não totalmente solucionados, como assegurar o acesso ao trabalho decente aos jovens, à educação de qualidade, ao ensino superior, à saúde integral, à cultura, esporte, lazer, além de dar atenção prioritária ao enfrentamento à violência contra a juventude, em especial, contra os jovens negros e pobres, as principais vítimas da violência no país. 70 % dos que estão fora da escola são de pessoas com deficiência; a taxa de analfabetismo entre os negros é duas vezes maior; 2 milhões de jovens moram em favelas; o nível de escolaridade entre os jovens rurais é 30% inferior e a metade dos jovens entre 15 e 17 anos está no ensino médio. Cerca de 160 jovens são mortos num grupo de 100 mil habitantes. A juventude é uma etapa do ciclo da vida que carrega sentido em si mesma. É marcada pela superação da condição de dependência e proteção próprias da infância, onde o jovem processa de maneira mais intensa a conformação de sua trajetória, seus valores, a busca de sua plena inserção na vida social, sua autonomia pessoal e independência. Esta condição é marcada por profundas diferenças, de acordo com as múltiplas desigualdades vividas pelos jovens: diferenças de classe social, de gênero, etnia, renda familiar, região de moradia, orientação afetivossexual, presença ou não de deficiência, etc. É preciso, pois, reconhecer na juventude os sujeitos de direitos que demandam políticas públicas, que levem em conta as singularidades dos jovens. Durante os debates dessa terceira audiência pública, tivemos 39 intervenções de jovens, das quais destacamos alguns pontos abaixo: 1. Criação do Conselho Estadual da Juventude e da Secretaria Estadual da Juventude, criação dos Conselhos Municipais da Juventude e das Secretarias Municipais da Juventude nos municípios do Estado, Coordenadorias da Juventude Indígena e Quilombola; 2. Valorização das universidades públicas, com ampliação das vagas e cursos e políticas de permanência dos acadêmicos (casa do estudante, transporte, alimentação, bolsa universitária); 3. Apoio à Unidade da UEMS de Campo Grande (construção da sede própria, biblioteca, laboratórios, e salas de apoio); 4. Que as prefeituras implantem políticas de acesso dos jovens ao trabalho, sem prejuízo para seus estudos. 5. Verificar junto ao governo federal as condições precárias de funcionamento dos Institutos Federais de educação profissional e a falta de apoio aos estudantes carentes; 6. Reivindicar condições de desenvolvimento dos assentamentos rurais, a fim de garantir que as famílias tenham renda e dêem condições aos seus filhos de acesso à educação e formação profissional, evitando-se o êxodo rural. Cursos técnicos aos jovens do campo; 7. Que o Estado promova ações de enfrentamento à violência contra jovens negros e indígenas; 8. Fortalecimento das políticas de inclusão dos jovens com deficiência, nas áreas da educação, saúde e trabalho; 9. Garantia de acesso e permanência nas universidades dos jovens indígenas (auxílio moradia e alimentação, bolsa universitária, transporte); 10. Melhoria na qualidade do ensino médio nas aldeias indígenas, implantação de ações na área do esporte e ampliação do Projovem nas comunidades indígenas; 11.Implantação de mais um CRAS na aldeia Jaguapiru, em Dourados, para o enfrentamento ao uso de drogas, abuso sexual, violência e suicídios. Retomada do Plano para a Juventude Indígena do governo do estado; 12. Apoio às famílias quilombolas, a fim de que dêem condições aos seus de acesso à educação. Apoio aos jovens estudantes das comunidades negras, garantindo-lhes transporte, auxílio alimentação, moradia e material escolar. 13. Implantação do Parlamento Jovem nas câmaras municipais; 14. Apoio à implantação de ações na área cultural, arte, pistas de skate e profissionalização para os jovens nos bairros; 15. Políticas de combate à discriminação, de enfrentamento à violência e tráfico de seres humanos e de garantia de direitos aos jovens LGBT; 16. Lutar pelos 10% do PIB para a educação; 17. Políticas de enfrentamento ao tráfico de drogas, ao uso do crack e apoio aos dependentes químicos; 18. Mais apoio às instituições de ensino superior da região norte do estado, ampliação de cursos, professores capacitados. Fazer do município de Coxim um pólo universitário e que o Hospital Regional empregue estagiários e recém-formados; 19. Realização de audiências públicas sobre políticas públicas para a juventude nos municípios. Ao término da audiência pública, ficou aprovado que o relatório final contendo as propostas e sugestões apresentadas pelos participantes será encaminhado às prefeituras municipais e ao governo estadual para servir de base para a formulação de programas e projetos que possam atender às demandas e expectativas dos jovens do Mato Grosso do Sul. Campo Grande, 15 de março de 2013. Pedro kemp Deputado Estadual (PT)