MANGABA NA REDE: O PAPEL DAS REDES SOCIAIS
PARA A PROMOÇÃO DO DISCURSO DAS CATADORAS DE
MANGABA EM SERGIPE‫‏‬
Tânia Sousa (IFS)
Rita Liberato (IFS)
Patrícia Jesus (IFS)
RESUMO: Este estudo objetiva analisar qual o papel das redes sociais Facebook para a promoção do discurso das mulheres Catadoras de Mangaba
de Sergipe, partindo-se da pesquisa de análise de conteúdo, a partir das
postagens e estatística do website www.catadorasdemangaba.com.br no
período de abril/11 a abri/12, a fim de se investigar se há relação entre
ambos, no que tange à relação entre comunicação e o alimento como
elementos emancipatórios e simbólicos para a promoção da igualdade de
gênero e do discurso dos oprimidos/subalternos. Este estudo se baseará nas
pesquisas de de Spivak, Barthes e Said, além de estudos sobre hipertexto e
histórico das catadoras de mangaba de Sergipe.
PALAVRAS-CHAVE: website, hipertexto, discurso.
ABSTRACT: This study has the goal to analyze the role that social media Facebook plays for promoting the discourse of a group of women from
Sergipe State, named Gatherers of Mangaba. We used the research analysis
method and dig into the posts of the Catatoras de Mangaba’s Facebook and
the statistics of their website www.catadorasdemangaba.com.br, in the
period from July 2011 to May 2012. Our goal is to investigate if there is a
relationship between them and also if there is a connection between
communication and food as emancipatory and symbolic elements for the
promotion of gender equity and the discourse of the oppressed and the
subaltern people. This article is based on Spivak, Barthes, Xavier and Said
ideas, in addition to the discussion on hypertext and the history of the
Gatherers of Mangaba of Sergipe.
KEY WORDS: website, hypertext, discourse.
Universidade Federal de Pernambuco
NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras
CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
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AS CATADORAS DE MANGABA DE SERGIPE1
As Catadoras de Mangaba são reconhecidas “como grupo culturalmente
diferenciado, que devem ser protegidas segundo as suas formas próprias de
organização social, seus territórios e recursos naturais, indispensáveis para a
garantia de sua reprodução física, cultural, social, religiosa e econômica” de
acordo com a Lei Estadual 7.082 de dezembro de 2010.
Esta conquista foi obtida a partir de discussões e com base na definição de
Povos e Comunidades Tradicionais2 estabelecida no Decreto 6.040 de 07 de janeiro
de 2007, que institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos
e Comunidades Tradicionais.
As extrativistas da mangaba, em sua maioria mulheres de baixo grau de
escolaridade, vivem em áreas de restinga e tabuleiros do litoral do Nordeste do
Brasil. Em Sergipe, existem cerca de 5.000 famílias que desenvolvem a coleta da
mangaba como atividade econômica, social, cultural e ambiental (ASCAMAI, 2011).
O extrativismo está associado à coleta da mangaba e de outras frutas da restinga,
como murici, caju, cambuí, associados com atividades no manguezal através da
pesca de aratu, sururu, peixes, mariscos, e também do artesanato (SILVA JÚNIOR et
al., 2009; SANTOS, 2007).
Em 2007, realizou-se o I Encontro das Catadoras de Mangaba de Sergipe pela
EMBRAPA, cujo objetivo foi discutir a diminuição das áreas nativas de mangabeiras
e delimitar ações para mobilização em defesa dos modos de vida, biodiversidade e
1
Agradecemos a todas as Catadoras de Mangaba, integrantes do Movimento das Catadoras de Mangaba, da
Associação das Catadoras de Mangaba & Indiaroba, que tornaram possível a realização deste trabalho.
Agradecemos também a coordenação do projeto financiado pelo programa Petrobras Desenvolvimento &
Cidadania: Catadoras de Mangaba, Gerando Renda e Tecendo Vida em Sergipe.
2
O Decreto 6040 de 07 de fevereiro de 2007 define Povos e Comunidades Tradicionais como grupos
culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização
social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social,
religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela
tradição.
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pluralidade cultural para essas comunidades tradicionais extrativistas (RODRIGUES,
2007).
A necessidade de organização em defesa dos modos de vida e do sustento
das famílias de Catadoras de Mangaba, ameaçados pelo desmatamento de campos
nativos de mangabeiras, através da carcinicultura, monoculturas de cana de
açúcar, eucalipto e coco; construção de condomínios de luxo, e resorts;
cercamento de terras, fechamentos de portos para pesca artesanal e impedimento
de acesso para as extrativistas de mangaba, resultaram na criação do Movimento
das Catadoras de Mangaba de Sergipe – MCM, cujos objetivos são pautados em
organizar a luta em torno da preservação das áreas nativas de mangabeiras,
garantir acesso às plantas pelas Catadoras de Mangaba, como também incentivar o
plantio, por aqueles que têm pequenas áreas, para garantir a continuidade do
extrativismo da mangaba. Ao comentar o surgimento do MCM, a presidente da
Associação das Catadoras de Mangaba de Indiaroba, Alícia Morais diz que:
O trabalho dos pesquisadores da Embrapa fez com que entendêssemos que
somos catadoras de mangaba e temos um valor.... Tínhamos que ser
reconhecidas como catadores. A gente não se auto reconhecia como
catadora. A gente se chamava de muitos outros nomes: apanhadeira de
mangaba, tiradeira de mangaba, mas não chamava catadora de mangaba.
Começamos a nos reunir, e a partir daí, juntamente com os pesquisadores,
realizamos o I Encontro das Catadoras de Mangaba. Foi a partir desse
evento, que fundamos o MCM, em 2007. Fui eleita presidente. Como eu já
havia conhecido todas as catadoras do Estado de Sergipe, no evento,
começamos a trocar experiências, pra sabermos o que acontecia em cada
comunidade (MULHERES MANGABEIRAS, 2011).
As Catadoras de Mangaba, já organizadas através do MCM passaram a
defender o trabalho desenvolvido no território, que compreende áreas de
restingas, várzeas, manguezais, praias e mar e possui demandas voltadas para
Criação da Reserva Extrativista do Litoral Sul de Sergipe; Estudo de áreas para a
preservação e criação da Reserva Extrativista do litoral Norte de Sergipe; Criação
de Políticas Públicas para que possam ter acesso ao território, alimentação, saúde,
educação, moradia, abastecimento de água dentre outros direitos humanos
básicos; Parceria para Emissão de Declaração de Aptidão ao Pronaf
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- DAPs das
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Extrativistas da Mangaba; Propiciar e fortalecer o acesso das Catadoras de Mangaba
ao Programa de Aquisição de Alimentos - PAA e Programa Nacional de Alimentação
Escolar - PNAE; Estudo de áreas para a preservação e criação da Reserva
Extrativista do litoral Norte de Sergipe; Inserir os produtos relativos ao trabalho das
mulheres extrativistas Catadoras de Mangaba e Pescadoras, como peixes, mariscos
e frutos do mar, na cadeia da sociobiodiversidade; Criação do “Defeso da Mangaba”
(remuneração para as Catadoras na entressafra da fruta).
Além
dessas
demandas
em
defesa
dos
seus
hábitos,
costumes
e
sobrevivência, esta comunidade extrativista tradicional fortalece a identidade
cultural do Estado e a preservação da mangabeira, considerada oficialmente
símbolo de Sergipe (Decreto Lei N.º 12.723 de 20 de janeiro de 1992). Conhecida
também como “mãe de leite” (MULHERES MANGABEIRAS, 2011), esta árvore tem
relevância para a manutenção da sustentabilidade do ecossistema de restinga, e a
sua conservação está relacionada à sobrevivência das Catadores, que utilizam seu
fruto, na época de safra, como fonte de renda para suas famílias, já que vivem da
coleta e venda para as feiras livres e agroindústrias de polpa, sucos e sorvetes
(VIEIRA NETO; MELO, 2008). Nesse sentido, tanto a mangabeira quanto as
extrativistas da mangaba possuem uma estreita relação para a preservação da
cultura local, do ecossistema restinga, bem como de outros ecossistemas de
Sergipe.
RESISTÊNCIA E IDENTIDADE NA REDE
As Catadoras de Mangaba de Sergipe, tanto por suas lutas para serem
reconhecidas como comunidade tradicional, quanto suas buscas pela preservação
da mangabeira e do bioma Mata Atlântica e no ecossistema em que vivem, a
restinga, podem ser incluídas no conceito de commons, que são “as alternativas de
sobrevivência dos inúmeros grupos tradicionais, em diferentes partes do globo, ao
processo que ficou conhecido como globalização” (THE ECOLOGIST, 1993, p. 12).
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GIDDENS (2006) afirma que a “globalização é um processo que fez o nível do
comércio internacional ser maior do que em qualquer outro momento histórico,
envolvendo uma ampla variedade de bens e serviços”. No entanto, isso não
significou a diminuição das desigualdades sociais, pelo contrário, já que poucas
corporações internacionais têm o controle do negócio alimentar (MALUF, 2010).
Assim, “as consequências da globalização podem ser percebidas em todos os
lugares, mas é notório que a maioria das expressões culturais da globalização são
americanas, arraigadas a alimentos como a Coca-Cola e o McDonald’s” (GIDDENS,
2006 p.19), o que gera perda de identidade, pois os bens alimentares e a maneira
como as pessoas se apropriam desses bens, são os principais fatores de identidade
cultural dos povos, “assim como a má alimentação pode ser uma expressão de
perda de identidade” (MALUF, entrevista gravada em fevereiro de 2009), além de
sérios problemas de saúde como a hipertensão e a obesidade. Pesquisa do
Orçamento Familiar (POF) divulgada em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), revelou que 49% dos brasileiros estão acima do peso e 14,8%
são obesos.
Para fortalecer suas comunidades em seus locais de origem, diferentes povos
têm organizado uma “nova lógica, construída por um sentimento de identidade e
lealdade” (SCHWARZ, 1986, p. 106 citado por HALL). Segundo Benjamin Inuca,
membro da Federação dos Povos Quechua do Equador, “se os povos tradicionais
não se mativerem juntos, não serão nada além de um mingau” (citado por BELL,
2006, p.184).
Por diferentes aspectos, o alimento tem um papel crucial neste processo, já
que os ingredientes, o modo de preparo e a forma de servir a refeição são centrais
para a construção da identidade. “A comida é um sistema de comunicação, um
corpo de imagens, um protocolo de usos, situações e condutas” (BARTHES, 1961, p.
926). Tanto o local onde nascemos e crescemos, quanto o aroma do alimento e seu
sabor, são componentes básicos para o senso de identidade cultural (KOC & WELSH,
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2002, p.46), pois têm o poder de unir pessoas e criar um sistema de comunicação
(BARTHES, 1961, p. 927).
Para as Catadoras de Mangaba, tanto a mangabeira quanto seu fruto são
essências de sua relação com o mundo, já que sem a mangaba o eu não existiria
(MULHERES MANGABEIRAS, 2011). A mesma relação percebemos no coco babaçu
para o grupo das Quebradeiras do Maranhão (REGINA ROCHA, 2011), nos povos
indígenas da aldeia Cinta Vermelha-Jundiba em relação ao umbuzeiro e mandioca
(RITA LIBERATO, 2009), no milho para os mexicanos (GUSTAVO ESTEVA, 1996), no
arroz selvagem para povos nativos da América do Norte, entre outros. Para LADUKE
(2006, p. 25):
O arroz selvagem está no centro do ser, pois acreditamos que o Criador nos
deu ele como parte de seu ensinamento. Estes ensinamentos orientam-nos
como viver sustentavelmente, em uma intricada relação com todos os
seres vivos.
Portanto, alimentação e cultura são conceitos indissociáveis. Neste artigo,
cultura é entendida como “todas as práticas, como as artes de descrição,
comunicação e representação, que têm relativa autonomia perante os campos
econômico, social e político, e que amiúde existem sob formas estéticas, sendo o
prazer um dos seus principais objetivos” (SAID, 1995, p.12). Quando tratamos de
identidade, nos referimos a afirmação de HALL (2006, p. 48) que “as identidades
nacionais não são coisas com as quais nascemos, mas são formadas e transformadas
no interior da representação”.
Neste artigo, exploramos o discurso das Catadoras de Mangaba através das
postagens no facebook de julho de 2011 a maio de 2012, e sua interação com seus
5
mil
“amigos
e
amigas”.
Exploramos
ainda
o
conteúdo
do
website
www.catadorasdemangaba.com.br lançado em abril de 2011, através do projeto
Catadoras de Mangaba, Gerando Renda e Tecendo Vida em Sergipe, que vem sendo
realizado desde 2010, pela Associação das Catadoras de Mangaba e Indiaroba –
Ascamai, com o patrocínio do Programa Petrobras Desenvolvimento & Cidadania e
apoio do Movimento das Catadoras de Mangaba e Universidade Federal de Sergipe.
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Nossa intenção é analisarmos qual o papel da rede virtual utilizada pelas
Catadoras de Mangaba, para o fortalecimento do seu discurso e da identidade
local. Estudos apontam que a maioria das grandes corporações de mídia, em todo o
mundo, é hierarquicamente organizada 3 e, raramente trabalha mais estreitamente
para a construção conjunta das notícias. Isso fortalece a sociedade de exclusão e
verticalizada.
Neste mesmo viés, PAULO FREIRE (2008) afirma que um “tema fundamental
em nossa época é o da dominação” (p. 103) e que ela é fortemente marcada pela
presença dos meios de comunicação. GIANNI VATTIMO (1992) afirma:
A par do fim do colonialismo e do imperialismo, um outro grande fator foi
determinante para a dissolução da idéia de historia e para o fim da
modernidade. Referimo-nos ao advento da sociedade da comunicação (pag.
04).
Para esse filosofo italiano, na sociedade pós-moderna, a mídia possui um
papel crucial. O que não a torna mais transparente, ao contrário. Essa sociedade é
mais complexa, até caótica. Para Vattimo, nesse relativo caos residem nossas
esperanças de emancipação (pag. 04). No entanto, com o surgimento das redes
sociais, os diferentes canais passaram a possibilitar a emissão dos discursos de
indivíduos e comunidades até então com seus “saberes sujeitados” (FOUCAULT,
2000).
Como não poderia deixar de ser, os estudos sobre a subalternidade, iniciados
na década de 1990, vieram contribuir para esse debate, quando um grupo inspirado
pelo historiador indiano Ranajit Guha publicou pela Duke University Press, em
1995, o Manifesto Inaugural dos Estudos Subalternos na América Latina. Para eles, o
subalterno não é passivo e atua para produzir efeitos sociais que são visíveis (pg.
02). Para GAYATRI SPIVAK (2010), autora do seminal livro Pode o Subalterno Falar?,
a tarefa do intelectual pós-colonial deve ser a de criar espaços por meio dos quais
o subalterno possa falar e ser ouvido.
3
CHOMSKY, N; HERMAN, E. Manufacturing consent: the political economy of the mass media. New York:
Pantheon Books, 1988
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Seguindo essa lógica, as redes sociais podem contribuir para legitimar um
espaço que favoreça uma nova possibilidade dialógica para os grupos subalternos,
neste caso, as então invisíveis, até o início deste século, para a grande mídia,
Catadoras de Mangaba. MOTA et Al, 2011, p.114, afirma:
Em Sergipe, duas categorias são fundamentais para o autorreconhecimento
das catadoras: o direito e a invisibilidade, paradoxalmente articulados.
Para as catadoras, o direito é a noção que sustenta todas as regras
construídas localmente da ação divina. Nas palavras de uma delas
“ninguém plantou”. Assim, explicitam que têm direito às plantas quem ali
chegou primeiro para usá-las e sempre cuidou delas. Segundo essa
compreensão, o direito incide sobre o recurso planta e não sobre a terra.
Ao analisarmos as postagens no Facebook, que funciona como uma ‘janela
virtual’ para as notícias, fotografias, vídeos, artigos, e as inúmeras publicações
sobre as Catadoras de Mangaba postadas no website, constatamos que esta
ferramenta de comunicação, associada à rede social, tem contribuído para
fortalecer esta noção de direito e autorreconhecimento, por parte da sociedade,
em relação às mulheres extrativistas.
Verificamos em pesquisa de análise de conteúdo, que os comentários dos
amigos e amigas das Catadoras, em sua maioria, referem-se no facebook a
importância da atividades destas extrativistas para seu fortalecimento (econômico,
social e cultural). Observamos que nesta rede social, as Catadoras sempre publicam
os links das notícias inseridas no website provocando acessos. Desta forma,
conseguiram a média de hits no www.catadorasdemangaba.com.br, no período de
julho de 2011 a maio de 2012, de 28.000 ao mês.
Na postagem de 31 de maio de 2012, mês em que receberam 29.173 hits 4,
elas escreveram no mural do facebook Catadoras de Mangaba:
Eu cuido da mangaba com o mesmo carinho que cuido do meu filho. A
mangaba é tudo pra mim, pois se não houvesse a mangaba, acho que eu
nem estaria hoje aqui, já que em nossa região não há outra forma de
sustento..." (Jaqueline Moura). Para assistir a este e outros depoimentos
4
Dados do Summary by Month, emitido pelo usage statistics for catadorasdemangaba.com.br (Ascamai).
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assista
ao
documentário
Mulheres
Mangabeiras
http://www.catadorasdemangaba.com.br/cd-documentario.asp
em
Esta mensagem gerou os comentários: Vocês são símbolo de trabalho,
cultura e desenvolvimento econômico sergipano. Parabéns!” Na mesma data, a
mensagem que as Catadoras escreveram em seu mural “Dona Pureza sonha em
poder reflorestar as áreas nativas das mangabeiras, que têm sofrido com a
derrubada
das
árvores.
Saiba
mais
sobre
ela
em
http://www.catadorasdemangaba.com.br/ler.asp?id=64&titulo=conteudo”,
recebeu como resposta: “Bravo, Dona Pureza! E, em seguida outra disse: Tenho
orgulho de fazer parte dos amigos virtuais de pessoas como vocês. Eternamente
parabéns!
Em defesa do ecossistema, as Catadoras escreveram no dia 29 de maio:
“Nossa luta é para que haja a queda das cercas das mangabeiras, pois nós,
Catadoras de Mangaba, somos as verdadeiras donas delas". Ouça a presidente da
Ascamai,
Alícia
Morais,
em
http://www.catadorasdemangaba.com.br/ler.asp?id=64&titulo=conteudo”, ao que
um amigo do facebook respondeu:
Companheira! Como nativo da Rua da Palha, integrante do MST e da Via
Campesina, pesquisador das comunidades extrativistas dos manguezais e
pescador nas horas vagas, sou mais um lutador pela devolução do território
a quem realmente trabalha e preserva o nosso litoral. Este ecossistema é
nosso!
Ao postarem a informação: “A reportagem comunidade tradicional luta para
manter fonte de renda, publicada na edição de número 170 da revista Caros
Amigos, foi premiada na terceira edição do Prêmio de Divulgação Científica,
realizado pela Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de
Sergipe (FAPITEC/SE)”, obtiveram como resposta: Tudo de bom. Catadoras de
Mangaba, orgulho e exemplo de resistência para todos os sergipanos e sergipanas.
Outro comentário: “Na luta para a conquista minhas companheiras. Parabéns!”. E
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ainda, “Parabéns! Resistência com dignidade, força e coragem. Dá-lhe Catadoras
de Mangaba do Brasil!!!!”
Já a postagem de 29 de março de 2012, mês em que 25.245 hits foram
registrados em seu website, elas escreveram: “Nossa oficina de Processamento de
Frutos e Embalagens, em Itaporanga d'Ajuda, foi um sucesso. Veja as fotos em
http://www.catadorasdemangaba.com.br/galeriasdeeventos.asp”,
recebeu
os
seguintes comentários: Parabéns vocês são especialíssimas, não parem, continuem
lindas e maravilhosas, catadoras de delicias bom final de semana com saúde e
gostosuras. Em seguida houve a mensagem de incentivo: Que maravilha! É uma
verdadeira bênção e fruto do trabalho insistente. Parabéns! Em pouco tempo, um
amigo virtual escreveu: Que a luta das catadoras do Território Leste Sergipano seja
coroado de êxito como o de vocês. Abraços.”
Sobre a preservação das mangabeiras, as Catadoras postaram: Apesar de ser
árvore símbolo do estado, as áreas de ocorrência da mangabeira sofrem sérias
ameaças.
Saiba
o
porquê
em
http://www.catadorasdemangaba.com.br/ler.asp?id=7&titulo=conte. Em resposta
de incentivo, um internauta escreveu: “Precisamos propor projeto de lei proibindo
o corte da planta em Sergipe. Outros estados já fizeram isso”. E, pouco tempo
depois: “Não deixem morrer já dizia o Serigy”.
Ao participarem de uma grande feira de turismo, realizada no verão, em
Aracaju, as Catadoras escreveram em 04 de fevereiro: Mangaba na Feira de Sergipe
mexe
com
a
memória
e
o
paladar
dos
visitantes.
Saiba
como
em
http://www.catadorasdemangaba.com.br/ler.asp?id=89&titulo=novidades.
Receberam o seguinte comentário:
Que bom termos uma fruta tão deliciosa que proporciona fonte de renda
para mulheres guerreiras e que souberam se organizar . Acho além de tudo
isto a flor da fruta muito singela tal qual nós MULHERES.Beijoooooooooooo.
Ao informarem, em 11 de janeiro: O projeto Catadoras de Mangaba, gerando
renda e tecendo vida em Sergipe segue com suas ações nesse ano que se inicia -
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"Oficinas de tecnologia social e beneficiamento de frutos abrem as atividades de
2012". Acessem nosso site e leiam a matéria! Uma amiga do facebook, escreveu: “O
que admiro é o fato de se construir cidadania e o resgate da dignidade das
mulheres Catadoras de Mangaba”.
Divulgando os registros do CD Canto das Mangabeiras, elas escreveram em 17
de dezembro, quando obtiveram 29.885 hits no website: Dona Valdice, Catadora de
Mangaba e Rezadeira, entoa suas palavras de fé e encantamento na faixa nr 3 do
Cd Canto das Mangabeiras. Ouça em http://www.catadorasdemangaba.com.br/cddocumentario.asp, ao que se comentou: “Bravo, dona Valdice, catando mangabas e
encantando com o seu canto para um mundo mais justo, mais fraterno e mais
amigo”. No mesmo mês de dezembro, as Catadoras escreveram no facebook:
Movimento das Catadoras de Mangaba participa de Audiência para discutir Reserva
Extrativista.
Saiba
mais
em
http://www.catadorasdemangaba.com.br/ler.asp?id=81&titulo=novidades.
Receberam em resposta: “Gente esse projeto é fantástico!!!! Parabéns a essas
mulheres guerreiras e fortes que têm conquistado com luta e determinação sua
dignidade e seu espaço de trabalho e produção, preservando a cultura e o meio
ambiente”.
Ao ouvir o CD tocando em uma das emissoras de rádio local, imediatamente
um internauta escreveu no mural do facebook das Catadoras:
Que bom, as catadoras de mangaba de Sergipe estão se organizando para
resistir a mais um golpe dos latifundiários e grileiros de Sergipe. É isso ai
pessoal, ouvi vocês cantando um trecho da música em uma emissora de
rádio de Sergipe e fiquei feliz pela iniciativa”.
No dia 02 de dezembro de 2011, as Catadoras divulgaram a notícia de que o
documentário Mulheres Mangabeiras recebeu um comentário positivo no blog do
jornalista Ancelmo Góis do jornal O Globo: “Mangabeiras no Ancelmo.com”.
Receberam os seguintes comentários: “Parabéns, mulheres colhedoras de verdes
folhas, verdes mangadas, verdes esperanças”. No dia 24 de novembro de 2011, uma
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amiga virtual comentou no mural das Catadoras: Tenho orgulho de ser Sergipana!!!!
Em 22 de outubro, as Catadoras postaram: “A grande sambista Leci Brandão,
presente na X Conferência Estadual de Educação, promovida pelo Sintese Sergipe,
mulher brasileira de grande compromisso com a cidadania e luta pela justiça social,
veste conosco essa camisa de busca por uma vida mais digna!”
Um internauta questionou: O próximo passo é refletir com a sociedade a
importância da criação das Reservas Extrativistas para proteger as árvores das
mangabeiras da especulação imobiliária, do desmatamento... Qual a opinião de
vocês? Em resposta, escreveram:
Nós, Catadoras de Mangaba estamos lutando por essa Resex desde 2007, ao
entendermos durante o primeiro Encontro das Catadoras que sem uma
reserva extrativista que garanta o nosso acesso livre as mangabeiras, todas
nós corremos riscos, pois as árvores estão nos espaços valorizados para a
especulação imobiliária, as cercas e exploração da produção para o
mercado capitalista sem a devida relação de cuidado que nós mulheres
mantemos com as árvores e seus frutos. E para nós extrativistas significa o
rompimento da nossa cultura, a ameaça a nossa sobrevivência e de nossas
famílias que vivem da mangaba. Estamos nessa luta pela RESEX da região
Sul, mas é preciso que se discuta urgentemente uma Resex também para a
região norte do Estado de Sergipe.
No dia 09 de outubro, uma jornalista de Sergipe postou no mural das
Catadoras de Mangaba:
Hoje fui com Cláudio Silva, conhecer as Catadoras de Mangaba do Povoado
Pontal em Indiaroba. Fiquei impressionada o quanto aquelas mulheres se
orgulham de viver dessa fruta e pelo reconhecimento que estão tendo
através desse projeto. Histórias fascinantes de como sair da pobreza com a
cooperativa. Fazem da mangaba o doce, bombom (delicioso!), biscoitos,
licores!!! Gente vamos prestigiá-las. E quando fizerem um evento
encomendem
as
delícias
que
elas
fazem.
Tem
o
site.
www.catadorasdemangaba.com.br!! Eu vou fazer uma matéria especial e
espero enviar para a Rede Bandeirantes de São Paulo!!! ELAS MERECEM
MUITO!!!!!!!
Em 2011, quando lançaram dentro de um Festiva de Cinema CurtaSE, o
documentário Mulheres Mangabeiras, elas postaram no dia 02 de setembro: Nosso
documentário, Mulheres Mangabeiras, está sendo traduzido para o inglês e francês.
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Assim, estamos buscando dialogar com nossos pares além-mar. Navegar é preciso!
Uma internauta, em apoio ao trabalho, escreveu: Parabéns Mulheres! Todos têm
que conhecer, respeitar e valorizar o trabalho das Mulheres, o de vocês em
especial pela história e luta pela preservação da nossa Mãe Natureza, beijos!!!!
Em agosto de 2011, comentando a destruição das áreas da restinga, as
Catadoras escreveram: O homem não deveria destruir a terra que tivesse a
mangabeira. A gente fica muito triste quando vê os galhos das arvores quebrados...
as mangabeiras destruídas, sendo cortadas pra fazer canavial (Dona Edite,
Japaratuba/SE). A reação dos amigos e amigas do facebook foi:
“É mangabeira, umbuzeiro, pequizeiro... álcool e açúcar brasileiro para
exportação destruindo as frutas e as flautas”. Em seguida, outra pessoa
escreveu: “Concordo plenamente e poderia acrescentar: o pé de araçá,
cruirizeiro, gambuizeiro,etc, são frutas típicas aqui do nosso Estado que
pelo desmatamento, meus filhos não conhecem... é um absurdo”.
Após analisarmos as postagens e comentários do website catadoras de
mangaba.com.br e sua página no facebook, foi possível verificar que as redes
sociais possuem um papel fundamental para a promoção do discurso minoritário,
antes sufocado, sem voz ativa frente à sociedade. Com as redes sociais, passou a
ser possível aos internautas conhecer, opinar e promover a ascensão dessa cultura
antes desconhecida pela maioria, inclusive dentro de seu próprio estado. Com o
website, essa cultura pode ser divulgada amplamente, o que fortalece o discurso
dessa comunidade ante os que detêm o poder de perpetuar ou aniquilar esse
trabalho comunitário e cultural de um povo.
É alvo de discussão atualmente a dominação se perpetuando através das
novas tecnologias digitais, em cuja malha se teria a
Ratificação da força do imperialismo econômico, político e cultural de
algumas nações sobre muitas outras. Dizendo-se de outra maneira, a
tecnocracia acentuaria ainda mais o processo de exclusão socioeconômico
sofrido pela maior parte dos povos do planeta. (XAVIER, 2009, p.25)
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Para alguns estudiosos do assunto, os padrões determinados pelos países
dominantes, a exemplo dos EUA, cada vez mais se acentuam nos países menos
desenvolvidos através da internet. Para os críticos, a absorção do consumismo
capitalista cada vez mais se acentua, e a tecnologia digital favorece essa situação.
Para eles,
A tecnocracia, que faz reinar uma espécie de ciberimperialismo exercido
pelo bloco dos países mais ricos do mundo, teria como características o
acúmulo, a manipulação e o controle do fluxo das informações a serem
acessadas e consumidas pelos demais países pobres através da Internet
com domínio na World Wide Web. Tal imperialismo cibernético
tecnocrático pretenderia, em última análise, perpetuar as injustas
relações econômicas e informacionais entre o grupo hegemônico de países
(o G-8) e o resto do mundo, ampliando ainda mais o fosso financeiro,
científico e social entre eles. (XAVIER, 2009, p. 26)
No entanto, ao passo que os críticos tecnófobos (XAVIER,p. 25) acentuam a
hegemonia da dominação ante as tecnologia digital, há que perceber, também, que
ela, em especial as redes sociais, vêm se constituindo em divulgação de saberes e
‘voz’ dos minoritários, das classes que antes tinham seu discurso oprimido e sem
maior resistência ante aos dominantes. Até mesmo em culturas, como a das
catadoras de mangaba, até então alheias à nova forma de interagir e divulgar
conhecimento proposta pelas redes sociais esse pensamento vem mudando. É cada
vez mais crescente a influência das redes sociais na mudança de pensamento e
comportamento da sociedade, o que se deve, em parte, ao crescente número de
acessos à internet pelos brasileiros. Se antes tínhamos acesso restrito à internet no
Brasil, essa realidade vem mudando rapidamente, pois
ao contrário do que acontecia, ter acesso à internet não é mais privilégio
de poucos. Segundo o Ibope/Netrating, o índice de acesso à Internet pela
população brasileira cresceu de 26% para 28% em 2004 e, dentre os jovens
de 15 a 19 anos, o acesso chegou a 45% naquele ano; com as classes DE não
foi diferente, já que esse índice também aumentou e, segundo as
pesquisas, os principais locais de acesso dessa classe são o trabalho, a
escola e a casa de amigos e parentes. (SOUSA, 2010, p. 30-31)
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Dados mais recentes mostram que esse acesso à rede só vem aumentando, e
o Brasil ocupar lugar de destaque nesse ranking de acesso, uma vez que os
internautas brasileiros
chegaram a navegar 44h59min em um único mês (junho de 2009). Isso
coloca o Brasil em primeiro lugar no ranking de tempo de conexão, ficando
a frente dos americanos (40h30min), ingleses (36h20min), franceses
(34h59min), japoneses (33h03min) e alemães (29h41min). (XAVIER, 2009,
p. 15)
O número de acessos ao website e à página do facebook, a qual possui 5.092
amigos, sua divulgação em todo o Brasil e no exterior, seja internet seja através de
palestras e congressos, o que provavelmente não aconteceria tão rapidamente sem
o suporte dessa tecnologia digital, desde a sua criação, mostra que, apesar de os
críticos tecnófobos (XAVIER,p. 25) afirmarem que essa é uma ferramenta de
supremacia da classe dominante, o website criado e o facebook tornaram-se meio
de assegurar a essas mulheres mangabeiras que seu discurso não se calará diante
de interesses capitalistas.
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