GESTÃO DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO NO SETOR DA CERÂMICA PARA REVESTIMENTO: TI APLICADA AO CONTROLE DE EFICIÊNCIA E NA GESTÃO ESTRATÉGICA DE PORTFÓLIO. Bordignon, Francesco; Fatec Jundiaí, [email protected] Galhardi, Antonio César; Fatec Jundiaí, [email protected] Fiorentini, Lorenzo; Consultor, [email protected] Área temática: Gestão da Produção; Gestão Estratégica; Gestão de custos; Aplicação de TI em Sistemas Logísticos. Resumo O presente trabalho visa a apresentar as potencialidades de um aplicativo de software para a gestão de custos de produção, recentemente desenvolvido e já em uso, para o setor de cerâmica para revestimento. A ferramenta apresentada oferece interessantes possibilidades de coleta e análise dos dados de produção e consumo, permitindo monitorar a produção e, principalmente, a eficiência do processo produtivo; o objetivo é identificar pontos e razões de desperdícios e falta de eficiência no processo em tempo real. Este sistema local de gestão pode integrar eficazmente os sistemas ERP já existentes, permitindo o controle e a gestão dos custos reais, além de representar uma ferramenta avançada para a gestão estratégica de portfólio de produtos. A correta gestão de custos, principalmente os industriais, proporciona um sensível aumento de rentabilidade e o consequente imediato ganho de competitividade. Do ponto de vista energético, a produção de pisos e azulejos cerâmicos é intensiva e o controle e redução dos consumos deve ter foco prioritário no próprio processo produtivo. O presente trabalho pode trazer contribuição a um setor estratégico nacional, já que atualmente o Brasil é o segundo produtor e o segundo consumidor mundial. Palavras chave: Cerâmica, Gestão da produção, Gestão de custos, TI aplicada à produção, Gestão estratégica da produção. Abstract: The present paper aims to present the potentialities of a new software application for the production costs management, recently developed and already operating, oriented to the ceramic tiles sector. The informatic tool here presented offers important possibilities of production and consumption data register and analysis, allowing monitoring the production and, mainly, the process efficiency; the objective is to identify waste points and causes and process efficiency lacks, in real time. This local management system can effectively integrate the existing ERP, allowing the real costs control and management and, further, represent an advanced tool for the products portfolio strategic management. A correct costs management, mainly the industrial ones, provides a sensitive profitability increase and a consequent immediate competitiveness gain. From the energetic point of view, the ceramic tiles production is intensive and the consumption control and reduction must have a priority focus in the production process. The present work can carry a useful contribution to a national strategic sector, being Brazil the second producer and the second world consumer. Keywords: Ceramic tiles, Production Management, Costs Management, IT applied to Production, Production Strategic Management. INTRODUÇÃO O setor de produção de cerâmica para revestimento assumiu a atual estrutura industrial a partir dos anos sessenta e setenta, com o desenvolvimento da moderna tecnologia de produção. No Brasil, o setor cerâmico (pisos e azulejos) é economicamente estratégico; o país é atualmente o segundo produtor mundial e o segundo mercado consumidor. O volume de produção alcançou, em 2010, 875,2 Mm2 (ANFACER, 2012), com um faturamento estimado em mais de R$ 5,3 bi, o que representou mais de 25.000 empregos diretos e 250.000 indiretos. A produção é destinada principalmente ao mercado interno (93%), o restante é encaminhado para exportação, decrescendo ano a ano. O preço médio do produto é aproximadamente de R$ 6,00/m2. O setor é caracterizado por baixo investimento – menos de 0,1% do faturamento (CABRAL et al., 2010) – e parque industrial não atualizado, com automação incompleta. Em 2001, Noguerira, Alves e Torkomiam pesquisaram o setor cerâmico brasileiro para identificar as estratégias competitivas praticadas. A análise avaliou empresas grandes e pequenas localizadas nos polos de São Paulo e Santa Catarina. Os resultados evidenciaram deficiências no planejamento estratégico e na gestão da produção. As empresas do polo de São Paulo, mais recentes, adotam estratégias competitivas de liderança em custos, produzindo commodities, de baixo valor agregado e desenvolvidos com o suporte dos fornecedores de equipamentos, materiais e colorifícios, normalmente copiados de outros mercados. A tecnologia é menos sofisticada, a produção foca aumento da produtividade, integração a montante na cadeia de suprimentos e distribuição e vendas nos os canais tradicionais. A qualificação da mão de obra é relativamente baixa, as estruturas administrativas não são especializadas e os sistemas de gestão são elementares. As empresas do polo de Santa Catarina, mais tradicionais, utilizam estratégias de diferenciação, com bom nível de tecnologia de produção e gestão da qualidade, focando mercados de maior poder aquisitivo. Mesmo que as empresas brasileiras se caracterizem por uma boa gestão financeira, isto não é suficiente para sustentar uma liderança, uma vez que o foco gerencial transita entre perspectivas financeiras e não financeira (TATICCHI, TONELLI, CAGNAZZO, 2010). As informações anteriores ressaltam a relevância do setor e justificam plenamente o presente estudo, que tem como objetivo principal a avaliação de vantagens e desvantagens de um aplicativo software para a gestão de custos de produção. Como objetivo secundário, apresenta-se a caracterização do setor de manufatura de revestimentos cerâmicos. A gestão estratégica do negócio é fundamental para garantir a sustentabilidade dos fatores críticos de sucesso das empresas e do setor como um todo. A competição em mercados globais exige desempenho de excelência (SHARMA, KODALI, 2008), baseado no desenvolvimento sustentável da tecnologia, dos materiais e, principalmente, da estratégia. Uma recente pesquisa informal, realizada com alguns fabricantes italianos de equipamentos e linhas de produção, confirma que, apesar de uma alta porção de fabricantes (mais de 80%) adotarem algum sistema ERP, pouquíssimos (menos de 10%) adotam sistemas de gestão da produção e dos custos relativos. No Brasil estima-se que um número muito restrito de fabricantes opere algum sistema de controle, a maioria dos quais é realizada de forma empírica, não ligada à gestão estratégica ou contábil, e ocorre sem o auxílio de aplicativos de software estruturados. Os dados mais recentes publicados pelo setor cerâmico italiano (CONFINDUSTRIA CERAMICA, 2007), que prima mundialmente em termos de tecnologia e eficiência energética, indicam que os custos de produção representam uma percentagem preponderante do custo total. As Tabelas 1 e 2 reportam a estrutura de custos do setor. Observe-se que estas informações devem servir apenas de base para reflexão sobre a importância do controle de custos, não podendo ser transferidos ou utilizados diretamente no mercado nacional, devido às grandes diferenças estruturais entre os dois mercados, em termos de tipologia e qualidade de matérias primas e produtos, tecnologia de produção, logística, mercados, custos de energia e mão de obra, etc. Tabela 1 – Estrutura de custo dos produtos cerâmicos Custos totais Valor [Euro/m2] Custos de produção 6,94 Custos comerciais 2,09 Custos administrativos e financeiros 0,82 Total 9,85 % 70,54 21,12 8,34 100,00 Tabela 2 – Composição do custo de produção Custos Matérias primas, esmaltes, Energia (elétrica + térmica) Embalagens Materiais de consumo, manutenção Ferramentaria e serviços externos Mão de obra direta Amortizações Total % 27,26 15,85 4,18 9,48 12,66 23,52 7,04 100,00 Valor [Euro/m2] 1,90 1,10 0,29 0,66 0,88 1,63 0,49 6,94 Dados médios da produção italiana – ano 2006. Os custos de produção incidem por mais de 70% sobre os custos totais do produto e são fortemente influenciados por perdas de eficiência no processo. Uma simples parada por falta de material ou uma troca de produto prolongada podem aumentar sensivelmente os custos reais. A falta de um sistema de controle não permite medir objetivamente as perdas; eventuais avaliações sobre a qualidade do processo são apenas subjetivas e, por isso, tendem a ser transcuradas ou subestimadas. Uma medida objetiva das ineficiências impõe e exige intervenções de melhoria rápidas e eficazes. O enfoque operacional da gestão de custos abrange a análise de produtividade, que visa a identificar os centros geradores de custos e verifica o desempenho da produção, monitorando as atividades que geram e as que não geram valor. O conceito é ainda mais importante se utilizada uma contabilidade baseada no custo padrão; neste caso, o custo padrão vem a ser a medida de eficiência quando comparado com o custo real, permitindo o controle e a avaliação de desempenho, com análise das variações verificadas. Desvios resultantes da comparação devem gerar medidas corretivas e o acompanhamento até o alcance dos seus efeitos. O enfoque estratégico da gestão de custos pode ser orientado pela análise de rentabilidade de cada produto ou família de produto, fornecendo claras bases para a tomada de decisão a respeito do portfólio de produtos. RELATO CIRCUNSTANCIADO O sistema de gestão apresentado começou a ser instalado em 2010, gradualmente, em uma cerâmica europeia. No início de 2012, está sendo completada a extensão da cobertura do sistema ao longo do processo de produção de cerâmica. A empresa produz pisos e azulejos de monoqueima tradicional esmaltada, com volume de cerca de 240„000 m2/mês, e emprega cerca de 220 funcionários, operando em 2 turnos (os fornos operam em 3 turnos). Esta produção é obtida em 3 unidades independentes, 2 de produção e 1 de retificação do produto. As instalações de produção apresentam uma configuração como da tabela 3. Tabela 3 – Composição linhas de produção: Unidade de produção A B Tipologia de produto Piso Azulejo Nº linhas esmaltação 5 3 Nº prensas 5 3 Nº fornos 2 1 Nº linhas de escolha 4 3 C Retificação 1 linha de retificação 1 O processo genérico de produção de cerâmica para revestimento por monoqueima pode ser esquematizado no fluxograma da fig. 1. ESTOQUE MATÉRIAS-PRIMAS PREPARAÇÃO MASSA MOÍDA (Dosagem, moagem, atomização / granulação) ESTOQUE MASSA MOÍDA PRENSAGEM SECAGEM ESTOQUE MATÉRIAS-PRIMAS PARA ESMALTES ESMALTAÇÃO PREPARAÇÃO ESMALTES QUEIMA ESCOLHA Área de operação do sw para gestão de custos EMBALAGEM ESTOQUE PRODUTO ACABADO Fig. 1 – Fluxograma simplificado do processo de produção de cerâmica para revestimento O sistema instalado opera em todas as fases do processo que envolvem o produto conformado, desde a prensagem até o estoque final. O sistema computa as quantidades efetivamente produzidas e as perdas ao longo do processo; compara-as com os valores teóricos de referência, definidos pela gerência e inseridos no próprio sistema na fase de parametrização; comparando a produtividade real com a teórica e/ou a padrão, mede-se a eficiência do processo. Vale lembrar que a capacidade de produção, ou produtividade, pode ser classificada em: teórica, a máxima capacidade nominal do equipamento ou linha de produção; Disponibilidade teórica (100%) Disponibilidade padrão Disponibilidade efetivamente utilizável p/ produção Disponibilidade real Problemas de natureza inevitável Problemas de natureza evitável Valor a considerar pelo planejamento Meta a ser alcançada pela produção padrão, máxima efetivamente atingível, mas inferior à teórica, considerando as perdas de eficiência “inevitáveis”; real, a efetivamente realizada, inferior à padrão, descontando as perdas “evitáveis”. A produtividade padrão é o valor de referência, a meta que deve ser perseguida, a que corresponde a 100% de eficiência, e pode ser alcançada quando não há ocorrências negativas no processo (fig. 2). Figura 2 – Classificação da produtividade Em termos de gestão de custos, o custo padrão é calculado em função da produtividade projetada, ou padrão, que se caracteriza como valor de referência. A maior limitação na prática da gestão dos custos industriais é, frequentemente, o uso do custo padrão para o controle; a prática correta indica o uso do custo real, a ser comparado com o padrão. Esta prática permitiria ter a necessária confiabilidade das informações, além das necessárias objetividade e sensibilidade na fase de tomada de decisão. Outras considerações podem ser tecidas quanto às causas de ineficiência. Os problemas de natureza evitável devem ser investigados e entendidos para que sejam reduzidos ou eliminados. Quanto aos considerados inevitáveis, pela própria definição, costumam ser passivamente aceitos. Uma abordagem crítica, baseada em conceitos de qualidade total e melhoria contínua, permite, sempre após identificação e quantificação, propor ações que visam à redução, mesmo que progressiva, destas limitações, com consequente incremento das economias e aumento da lucratividade. Em ambos os casos a ferramenta apresentada permite uma clara identificação do tipo e da entidade destes problemas. Os pontos de medição do nº de peças produzidas são localizados como segue: - saída prensa; - entrada linha de esmaltação; - saída linha de esmaltação; - consumo de gás do secador; - consumo de gás do forno; - interligação com a linha de escolha/embalagem. Nos vários pontos de medição são instalados sensores e placas, ligadas por rede ethernet, coletando as informações e transmitindo os dados ao sistema. Além do registro dos dados de produção, o sistema exige que o responsável de linha indique, a cada turno, as causas das paradas e das perdas de produção, conforme uma codificação previamente definida. As causas codificadas são 113; as principais são listadas a seguir: início produção (transitório de start-up); avarias da prensa (alimentação, carregamento, molde, mecânica, etc.); limpeza (fim de turno); falta de material (prensa, esmaltação, box e escolha); lavagem dos aplicadores de esmalte (cabines, discos, serigrafias, etc.); emperramento na linha (deslocamento entre máquinas, compensadores, viradores, carregamento boxes, secador, esmaltação, forno, escolha); manutenção (prensa e alimentador, transportadores - polias e correias/rolos - secador, forno (rolos/queimadores), serigrafias, etc.; mudança de formato; falta de energia elétrica, ar comprimido ou fluidos de processo; calibragem dos equipamentos e acertos nas curvas térmicas de forno e secador; paradas técnicas, ensaios, programação/planejamento. O programa, também, recebe a programação da produção e gera o programa mestre. Quanto à seção final da linha (escolha), deve ser salientado que o equipamento de escolha realiza a separação do produto em grupos homogêneos por tamanho, planicidade e tonalidade; o produto é normalmente classificado em 4 categorias: 3 classes de qualidade mais o refugo; o equipamento transmite ao sistema os dados da produção real. O procedimento operacional prevê que, periodicamente ao longo do turno, o encarregado abra uma embalagem de cada categoria do produto, avalie os defeitos e indique as causas da classificação do produto nas classes de qualidade inferior à 1ª. O sistema controla e gerencia a impressão de etiquetas das embalagens, atribuindo os números de lotes e mantendo o registro e permitindo a rastreabilidade do produto, fatores obrigatórios para a certificação ISO 9001. A potencialidade do sistema consiste na estrutura de dados, organizados numa base única, que permite a geração de uma ampla série de relatórios gerencias que podem ser facilmente configurados pelo gestor em função das necessidades (controle operacional ou gestão de custos ou tomada de decisão estratégica), para visualizar dados e realizar as comparações requeridas. Para demonstrar algumas funcionalidades do sistema, foram coletados os dados de produção das 2 unidades (A e B) ao longo de 2011 e início de 2012, apresentando alguns resultados: produção total e rendimento de 1ª escolha (Tab. 4); eficiência de produção por linha (Tab. 5). Tabela 4 – Produção total e rendimento 1ª escolha, por linha - Ano 2011 2 Unidade Prod. total [m ] Prod. p/ venda 1‟258‟125 1‟531‟694 A B % perdas prod. 1‟117‟113 1‟425‟120 11,2 7,0 Prod. 1ª escolha % 1ª escolha/prod. tot. 995‟267 1‟253‟693 79,1 81,9 O período de coleta dos dados é de um ano e, para tanto, significativo. A eficiência média é de aproximadamente 80%, que para uma produção seriada de grandes volumes realizada em linhas com alto grau de automação, é um valor consideravelmente baixo, que gera perda de competitividade. Tabela 5 – Eficiência de produção, por linha – Fevereiro 2012 [%] Unidade total A B 52,0 57,2 esmaltação parada linha produção mud. formato manutenção parada tec. 94,2 97,2 69,2 72,4 84,1 84,3 91,0 92,9 95,9 95,6 98,2 99,6 Com referência à análise detalhada das causas, a amostragem foi realizada num período de um mês; apesar de o intervalo de tempo ser significativo, não é diretamente relacionável com as informações da tabela 4, mas vale lembrar que o escopo é puramente didático, para demonstrar a funcionalidade do sistema, não tendo a pretensão de realizar uma análise aprofundada e funcional. É possível verificar que as principais causas da perda de produção consistem em paradas operacionais, 30% do tempo; esta ineficiência é devida, principalmente, a falhas dos equipamentos (15%), ao passo que a troca de formato participa por de 9% e a manutenção contribui por de 5% (dados aproximados). Mais detalhadamente, nas falhas dos equipamentos, cerca de 25% das perdas são devidas à limpeza dos equipamentos (principalmente para troca de produto) e outros 25% são atribuídos a emperramento na linha. Com a necessidade de registro das causas de parada ou perda de produção, é possível identificar, de imediato, os problemas ocorridos e sua eventual persistência. Retomando o conceito de problemas inevitáveis e evitáveis, cabe à gerência verificar qual a classificação das falhas dentro destas categorias. Como exemplo, a troca de formato e a limpeza dos equipamentos são teoricamente necessárias, mas é necessário verificar quanto tempo de parada poderia ser recuperado com uma programação mais eficiente da produção, apenas montando diferentes sequências de formatos ou de esmaltes. Paralelamente, o emperramento do produto pode, em parte, ser atribuído à falta de limpeza, de manutenção de correias e rolamentos ou regulagem incorreta; maior cuidado com estes fatores reduziria rapidamente parte das ineficiências. O relatório de eficiência identifica os valores totais por período, as causas e o peso relativo de cada causa no total (fig.3 e fig. 4). Quanto ao consumo de gás, o sistema registra em tempo real o fluxo de combustível ao secador e ao forno. A fig. 5 mostra o relatório gerencial de consumo. Figura 3 – Planilha de eficiência e causas de perda de produção Figura 4 – Gráfico paradas de linha Figura 5 – Gráfico consumo de gás Percebe-se que os dados coletados permitem diferentes avaliações: da Tabela 4, que determina o rendimento do produto de alta qualidade com referência à produção total realizada, é possível estender considerações quanto à qualidade da produção (e relativa rentabilidade). Na análise diária (ou por turno, ou horária), cabe ao responsável identificar um período que seja significativo para a confiabilidade dos dados. É possível identificar as causa da perda de qualidade e identificar soluções rápidas de melhoria, podendo conferir a eficácia das ações no período seguinte; da Tabela 5, que mede a eficiência da produção, analisa-se quanto a produção real se afasta da produção teórica (máxima produtividade atingível), avaliando as interrupções ou a redução de velocidade da linha e suas causas. Neste caso, também, é possível tomar as devidas providências em tempos curtos. Além disso, uma análise estratégica, com dados consolidados em períodos maiores (de meses ao ano) é viável para identificar a rentabilidade real das linhas de produtos. Tais informações são essenciais para a tomada de decisão na esfera estratégica, sobre as oportunidades de orientar um aumento da produção dos manufaturados economicamente válidos ou as necessidades de determinar a exclusão dos produtos menos rentáveis do mix de produção. Apesar do histórico de dados não ser ainda muito extenso, os gestores da empresa confirmam a validade do sistema; ainda informalmente, estimam ter obtido redução de custos de produção da ordem de 3 a 5%, apenas identificando e medindo as ineficiências e realizando pequenas melhorias localizadas nas áreas mais críticas do processo. Estendendo a coleta de dados a períodos maiores, o objetivo da empresa é programar e implementar projetos de melhoria contínua harmonizados e de maior abrangência, dentro do processo de produção. CONCLUSÕES Cada vez mais a tecnologia da informação disponibiliza ferramentas e sistemas gerenciais que facilitam as tarefas dos gestores. O mercado, por sua vez, oferece soluções padronizadas ou personalizadas, de abrangência geral ou específica, que auxiliam todos os níveis de decisão (operacional, tático ou estratégico) e formatam os dados e as informações coletadas com a mais ampla liberdade de escolha para apresentar relatórios gerenciais, essenciais para realizar a função de controle. Esta atividade é indispensável para uma correta gestão empresarial moderna, visando à redução de custos, ao aumento da lucratividade e, principalmente, à criação e à manutenção de diferenciais competitivos ou fatores críticos de sucesso para as empresas, balizando a programação estratégica. A ferramenta apresentada demonstrou que é possível aumentar a eficácia da gestão, medindo com confiabilidade e acurácia os parâmetros que devem ser controlados, e a eficiência do processo, obtendo resultados econômicos consistentes já no primeiro período de uso. Para o sucesso amplo da implantação, todavia, é necessário o apoio da alta direção da empresa e a participação do pessoal de gerência e de linha, que deve ser devidamente treinado e conscientizado das vantagens da implantação do sistema. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANFACER. Perfil da produção. Disponível em: < http://www.anfacer.org.br/principal.aspx?tela=uctelaconteudos&idMenu=80>. Acesso em: 06/03/2012. CABRAL, M. Jr.; BOSCHI, A. O.; MARCIANO MOTTA, J. F.; TANNO, L. C.; SINTONI, A.; COELHO, J. M.; CARIDADE, M. Panorama e perspectivas da indústria de revestimento cerâmico no Brasil. Cerâmica Industrial, v. 15, n. 3, p. 07-18, 2010. NOGUEIRA, E.; ALVES, A. G.; TORKOMIAN, A. L. 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