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Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 8 - nº 73 - Novembro/2007
Distribuição Gratuita
Antônio Luís
Sayão
Nesta edição:
Influência Espiritual dos
Encarnados
O Orgulho e a Humildade
Conquistando um Espaço
Retrato de uma Alma
Desencontros
Onde Tudo Começa
Mediunidade
PROIBIDA A VENDA
Editorial
editorial
Já nos alertou o Espírito de Verdade: “Espíritas, amai-vos, eis o primeiro ensinamento.
Instruí-vos, eis o segundo”.
Quando iremos atender ao convite do Mestre?
Em O Livro dos Médiuns, vemos, em sua Introdução, Kardec afirmar que as “... dificuldades
e desenganos, com que muitos topam na prática do Espiritismo, se originam da ignorância
dos princípios desta ciência...”
E o que temos visto no meio espírita hoje?
Periódicos espíritas que se parecem mais com colunas sociais, onde os trabalhadores
deveriam estar anônimos, mas que aparecem em fotos que ocupam espaços valiosos que
deveriam trazer apenas ensinamentos cristãos.
Dirigentes espíritas que inseriram em seus agrupamentos diversos tipos de supostos
tratamentos que nada têm a ver com a Doutrina Espírita: sessões de reiki, cromoterapia,
pirâmides, acupuntura, passes especiais com letras e números que iludem as criaturas
desavisadas de que estes passes seriam mais “fortes” que outros, como se a Espiritualidade
Superior, que é quem manipula os fluidos dos passes, fizesse distinção entre as criaturas;
exercício mediúnico sem o estudo devido dos participantes, tornando-os presas fáceis de
espíritos inferiores; estudo, nas reuniões, de livros doutrinariamente questionáveis, em
detrimento das obras básicas e as psicografadas por Chico Xavier, que podemos dizer ser a
base da Doutrina Espírita; sessões de desobsessão com a presença da criatura obsidiada,
como se fosse o recomendado por Kardec ou por André Luiz, e outras práticas estranhas ao
Espiritismo.
E isto tudo por absoluta falta de estudo!
Temos também palestras espíritas com o pagamento ao palestrante, ou com as despesas
de viagem ou de estada, como se não tivesse que se dar de graça o que de graça recebeste;
palestras com cobrança aos ouvintes, em dinheiro ou de um quilo de alimento ou de qualquer
outra coisa, o que torna inviável o Evangelho do Cristo a quem necessite desta ajuda, e não
tenha como pagar. E tem espírita que concorda e apoia eventos desta natureza. Alegam que
são para fins sociais. Mas desde quando os fins justificam os meios? Kardec em sua obra
“Viagem Espírita em 1862” não deixou claro que, em suas viagens, ele foi até onde o seu bolso
permitiu?
E por último, temos que acompanhar ditos espíritas apoiarem tese absurda de tais “crianças
índigo e cristal”, importada dos Estados Unidos, e criada por espíritos alheios aos processos
reencarnatórios e mesmo da Doutrina Espírita, e que são acolhidas no meio espírita, como se
em Kardec encontrassem respaldo. Espíritos inferiores e compromissados por milênios,
aparecem como espíritos de escol, que irão auxiliar a humanidade. E ainda afirmarem que o
nosso Chico Xavier seria uma criança cristal. Resumir uma reencarnação missionária como a
dele, todo um trabalho de trazer à lume mediunicamente 412 obras que não teremos por
milênios como dimensionar a sua seriedade, a sua própria condição espiritual, a uma
denominação destas?
Quanta bobagem!
Onde está o estudo da Doutrina de Jesus?
Devemos nos preocupar com a fidelidade espírita-cristã, já que fomos nós mesmos que
desvirtuamos a Doutrina do Cristo nestes 20 séculos, e a Misericórdia Divina está nos dando
novas oportunidades de refazermos os desvios que causamos. Será que optaremos por
novos desvios? Será que caminharemos para uma ostentação e uma busca de centralização
de poder, frutos do orgulho e do egoísmo, culminando num futuro Vaticano Espírita, numa
clara traição ao Mestre?
Estudemos o capítulo Falsos Cristos e Falsos Profetas, do Evangelho, e reflitamos!
Vigiemo-nos e oremos!
Equipe Seareiro
ÍNDICE
Grandes Pioneiros: Antônio Luís Sayão - Pág. 3
Evangelização Infantil: Onde Tudo Começa - Pág. 8
Cantinho do Verso em Prosa: Natal do Vencedor - Pág. 9
Terceira Idade: Conquistando um espaço - Pág. 9
Kardec em Estudo: O Orgulho e a Humildade - Pág. 10
Clube do Livro: Atareve - Os Olhos da Vingança - Pág. 11
Família: Desencontros - Pág. 11
Esperanto: Quem foi Zamenhof? - Pág. 12
Entrevista: Mediunidade - Pág. 12
Atualidade: Confiança - Pág. 14;
Oportunidades - Pág. 15
Canal Aberto: Ao Bandeirante do Evangelho
Novo: Allan Kardec - Pág. 16
Tema Livre: Influência Espiritual dos
Encarnados - Pág. 17; Retrato de uma
Alma - Pág. 17
Livro em Foco: Rumo Certo - Pág. 18
Contos: Dona Borboleta no Mundo Espiritual
- Pág. 18
Banca de Livros Espíritas “Joaquim Alves (Jô)”
Livros básicos da doutrina espírita. Temos os 417 livros
psicografados por Chico Xavier, romances de diversos
autores, revistas e jornais espíritas. Distribuição permanente
de edificantes mensagens.
Praça Presidente Castelo Branco - Centro - Diadema - SP
Telefone (11) 4043-4500 com Roberto
Horário de funcionamento: 8 às 19h30
Segunda-feira à Sábado
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Seareiro
Publicação Mensal
Doutrinária-espírita
Ano VIII - nº 73 - Novembro/2007
Órgão divulgador do Núcleo de
Estudos Espíritas Amor e Esperança
CNPJ: 03.880.975/0001-40
CCM: 39.737
Seareiro é uma publicação mensal,
destinada a expandir a divulgação da
doutrina espírita e manter o intercâmbio
entre os interessados em âmbito mundial.
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Tiragem
12.000 exemplares
Distribuição Gratuita
Seareiro
Grandes Pioneiros
grandes
pioneiros
Antônio Luís Sayão
Surgia o ano de 1829.
apertados, ora grandes demais, porém com a ajuda de um
chumaço de algodão nas pontas dos mesmos, tudo ficava
Como sempre costuma-se dizer “Ano novo, vida nova”.
ótimo, dizia ele. Os livros eram emprestados ou estudados
Mas para a espiritualidade, cada dia é o recomeçar de uma
na biblioteca da própria república, onde viviam muitos
nova vida. E, num certo dia, no Rio de Janeiro, precisamente
jovens, que, prontamente deixavam material para os que
no dia 12 de abril de 1829, retornava à Terra o proeminente
chegavam, iniciando o curso. Foram anos de muitas lutas,
espírito reencarnado de Antônio Luís Sayão, outrora cristão
mas Antônio Luís conseguiu se formar em Ciências
sustentando sua fé ao lado dos apóstolos de Jesus.
Jurídicas, em 1852, na atual Faculdade de Direito da
Chegava Antônio Luís num lugar paupérrimo, numa
Universidade de São Paulo. Sua primeira atitude foi de
casinha simples. Mas fora recebido com profunda alegria e
agradecimento a Deus, pela ajuda que sempre recebeu de
emoção por seus genitores. O pai, senhor Francisco Sayão,
Jesus e de seus pais sempre presentes, através de cartas,
era um homem do povo, trabalhador e honesto, labutando
que, escritas com toda a simplicidade de um pai semiem vários empregos para que pudesse sustentar a família.
analfabeto, transmitiam-lhe ânimo e muito afeto.
Apesar de todas as dificuldades, Antônio cresceu num
Retornou ao Rio de Janeiro e, ainda com dificuldade,
ambiente sadio, sabendo respeitar a Deus pelos
exerceu por muitos anos a profissão de advogado, abrindo
ensinamentos católicos, religião seguida por seus pais.
um escritório na Praça da Constituição, atual Praça
O desejo de Antônio era o de estudar para tornar-se
Tiradentes. Para tanto, aperfeiçoou-se na defesa dos
alguém. Queria frequentar uma faculdade, onde ele pudesse
criminosos, da tribuna do Júri. Encontrou apoio nos vultos
entender de leis. Desde pequenino, perguntava ao pai por
ilustres de grande expressão nessa área como Buch Varela,
que todas as crianças não eram iguais. Na escola, ele
Ferreira Viana que, na jurisprudência, se destacaram por
passara a sentir que, entre as crianças, havia diferenças,
imprimir clemência e novas oportunidades através do
algumas eram bem arrumadas, levavam lanches apetitosos
trabalho e da reeducação, para os chamados “delinqüentes
e outras, como ele, tinham as roupas velhas e mal tinham um
repugnantes”, pela sociedade. Antônio Luís de Sayão
pedaço de pão para comer. Por quê?
defendia a mesma tese com paixão. Muitas vezes era
Seu Francisco, o pai, ficava sem saber ao certo o que
criticado e muitas calúnias o envolveram, feitas essas por
responder, mas dizia ao filho, com toda a candura e lealdade:
promotores de gabarito que temiam ser esquecidos pela
— Meu filho, sempre existiu a diferença entre todos aqui
fama, com o aparecimento de um advogado pobre e ousado,
na Terra. Isso porque uns são ricos e outros pobres como
que sabia convencer um jurado com palavras que não
nós. Mas, perante Deus, meu filho, somos todos iguais. A
deixavam dúvida alguma. Tornou-se um notável advogado,
nossa riqueza, filho, é a saúde e a alegria. Lembre-se
por demonstrar não só com palavras, mas também com a
sempre de que Deus, quando vê a fé nos corações das
ação, pois muitas daquelas criaturas voltadas para o mal,
criaturas, estará presente, num auxílio constante, para que
foram recuperadas pelo trabalho, que Sayão arrumava junto
se possa vencer os infortúnios da vida.
a empresários amigos seus, e pela alfabetização, que Sayão
Embora sem entender muito bem as colocações de seu
conseguia com os professores que simpatizavam pela causa
Francisco, o menino aceitava. Gostava de ter essas
de reerguer os necessitados da alma.
conversas com o pai.
O próprio Antônio Sayão muitas vezes reunia esses
O tempo passa e Antônio Luís já não é mais uma criança.
recuperados e lhes ensinava, através da dramatização, os
Tornou-se um jovem forte e estudioso. Para poder frequentar
grandes nomes da arte de representar e os autores de peças
a Faculdade de Direito de São Paulo, obrigou-se a arrumar
teatrais. Muitos deles se interessaram tanto pela arte da
um emprego que lhe desse o necessário para vencer na
representação, que acabaram transformando-se em atores
vida. Para tanto, mudou-se para a capital paulista. Teve sorte
de peças famosas como “Rei Lear” e “Hamlet”, de William
de empregar-se numa firma
Shakespeare. No dia 7 de
trabalhando como atendente.
fevereiro de 1858, Antônio Luís de
Onde o requisitassem ele ali
Sayão foi eleito membro do
estava pronto para cumprir suas
Conservatório Dramático do Rio
obrigações. Ganhava o suficiente
de Janeiro, por consagrar-se
para pagar a pensão, cujo aluguel
nesses feitos clássicos.
de um quarto simples dividia com
Embora toda a sua ocupação,
mais um estudante, pobre como
sentia
falta em ter alguém ao seu
ele. Para vestir-se, Antônio Luís
lado. Estava começando a sentir
usava as roupas dos estudantes
falta de uma família. Embalado
com mais posses, isto é, filhos de
nesses pensamentos, encontra
famílias ricas. Esses jovens
finalmente sua consorte, junto a
gostavam muito de Antônio Luís.
amigos que vieram de São Paulo
Como ele era sempre o primeiro
prestigiar o seu já famoso grupo
aluno, destacando-se nas
teatral.
matérias mais difíceis, pediam a
Após o primeiro encontro,
Antônio que os ajudasse no
sucederam-se outros até que o
reforço dessas matérias. Por
esponsalício deu-se em 1865. O
isso, como ele não aceitasse
amor unia o casal em sua
pagamento pelas aulas, aceitava
amplitude e um menino veio
as roupas que eram para ele o
completar a alegria da família.
mais necessário. Ganhava
Mas a felicidade desse lar
Vitral da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo
também sapatos, que eram ora
representando o prédio da antiga Faculdade de Direito.
estava ameaçada. A esposa de
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos
Espíritas Amor e Esperança
3
Sayão adoecera gravemente. Diante dos prognósticos
medicamentos. Ele observa que o rapaz entrega o papel
médicos, era uma doença incurável. Os parcos recursos da
com o nome de sua esposa para um senhor alto, louro, de
época não ofereciam condições de cura.
olhos azuis, que, pegando o papel, olha-o passivamente,
curvando levemente a cabeça, como num cumprimento
Sayão, que sempre acreditou em Deus, buscava
expressivo. Sayão, após responder ao cumprimento da
alternativas através da fé. Nunca se apegara a religião
mesma forma, fica atento ao desenrolar dos
alguma, mas precisava de uma indicação. Em seu interior,
acontecimentos. Nota que o homem se volta para a frente da
quando implorava a Deus o caminho que deveria tomar, pois
mesa e, pegando alguns frascos, coloca a tintura
alguns médicos aconselhavam-no a ir à Europa, ele temia
homeopática neles, adicionando a água destilada de um
pela distância. E abraçava-se ao filho, agora com 10 anos,
garrafão que estava à parte. Dali ele passa para outro
para buscar resignação.
compartimento e Sayão senta-se numa cadeira junto a
No dia 11 de setembro de 1878, cheio de amarguras,
outras pessoas que deveriam, como ele, estar esperando
abatido e sem esperanças, caminhava ele pela Praça da
serem chamadas.
Constituição, quando encontrou-se com seu velho amigo, o
Para ele, o tempo parecia não passar. Estava impaciente,
senhor Cândido Mendonça. Esse, vendo seu estado
quando o voluntário vem ao seu encontro e lhe entrega
deprimente, ao dialogar com o antigo amigo, vê transformar
vários vidrinhos com as recomendações homeopáticas.
a alegria do reencontro em profunda tristeza.
Sayão, meio desconfiado, toma os vidros da mão do rapaz,
Transcorrido algum tempo de conversação, Mendonça,
enquanto pensa: “Como dar
meio constrangido, relata fatos
esses remédios à minha esposa,
de curas que soubera estarem
se não se interessaram em saber
acontecendo. Certificado da
qual é a doença que ela
seriedade do assunto, viu mesmo
apresenta? O que esse médico
que várias pessoas, cujas
havia prescrito? Enfim, qual seria
doenças eram tidas como
o caminho a seguir?...” Saiu,
incuráveis, sararam, não por
porém, de suas reflexões quando
milagres, mas por terem se
o rapaz lhe chama a atenção:
submetido ao tratamento
— Senhor, por favor, volte
homeopático feito por um senhor,
assim que as homeopatias
também advogado, chamado
terminarem para darmos
Francisco Leite de Bittencourt
continuidade ao tratamento.
Sampaio. Mendonça reafirma
que os resultados são
Meio confuso, ele indaga ao
espantosos. E pergunta-lhe:
rapaz:
— Por que não tentar esse
— Mas, o homem que
tratamento?
administrou essas medicações,
pelo que fiquei sabendo, não
Sayão, pensativo, responde ao
sendo médico, como as preparou
amigo:
se nem quis saber qual
Praça Tiradentes, antiga Praça da Constituição, Rio de Janeiro.
— Desculpe-me, meu caro
enfermidade minha esposa tem?
Mendonça, mas não posso
O voluntário tenta explicar:
submeter a minha esposa, a quem tanto amo, às mãos de
um homem, que, embora seja meu colega de profissão, não
— Senhor, aqui nós acreditamos no maior médico do
entende de medicina. E veja que ela está em tratamento com
mundo, Jesus. É Ele que, através dos superiores Espirituais,
os melhores clínicos que, graças a Deus, posso dar-lhe. E
atua sobre o médium e este, orientado, segue a prescrição
eles todos são unânimes em afirmar que não há mais o que
do Alto. Se o senhor assim não crê, por que veio até aqui?
fazer. Por isso esse meu estado deprimente. Meu filho está
Apalermado diante da resposta e já saindo, resmunga:
desolado.
— Pelo menos é a última esperança...
Tanto foi a insistência de Mendonça que Sayão resolveu ir
Com vagar, as homeopatias foram dando resultados
ao encontro de seu colega, no qual, segundo Mendonça, o
positivos. Sayão via que dia a dia a palidez do rosto de sua
que mais se destacava era a fé inabalável na Doutrina
esposa dava lugar ao rosado nas faces. Ela já começara a se
Espírita. E foi esse o ponto principal que despertou algo no
alimentar e ter menos dores no corpo. As manchas também
interior de Sayão. E ele quis saber mais a respeito dessa
estavam desaparecendo. Aos poucos a alegria começava a
religião.
voltar àquele lar. E Sayão não se cansava de agradecer a
Mendonça, entusiasmado, relatou-lhe fatos da
Deus o retorno à vida de sua companheira.
interferência dos espíritos na vida dos encarnados. O
Passou a se interessar e a estudar o Evangelho. Nas
assunto prolongara-se e, dizia Mendonça ao amigo:
contínuas idas ao Grupo Confúcio e nos muitos diálogos com
— Vá ter com Bittencourt, ele é um excelente médium.
Bittencourt Sampaio, encontrou o “celeiro de luz” que
No dia seguinte, Sayão vai à procura do médium, que
iluminou e deu novo rumo à sua vida. Ajudado por vários
atendia às pessoas no Grupo Espírita Confúcio. Sem pressa,
amigos, apresentados por Bittencourt, Sayão, durante dois
ele observou que gente de toda a comunidade carioca ali se
anos, reuniu os adeptos do Espiritismo numa sala de sua
dirigia para buscar remédios e esperar a vez de serem
residência para estudarem profundamente os ensinos
atendidos.
cristãos, enquanto sua esposa se restabelecia.
Positivamente, pensava Luís Sayão, o ano de 1878 fora um
Num rápido momento, alguém se aproxima dele e
marco em sua reencarnação: tornara-se espírita e a doutrina
pergunta-lhe o que está fazendo ali. Sayão, meio
esclarecedora lhe dera a oportunidade de entender o ontem
angustiado, explica que viera conversar com o senhor
e o hoje refletindo no amanhã.
Bittencourt para levar remédios à sua esposa, gravemente
enferma. O voluntário responde-lhe sem reservas:
Numa dessas reuniões de estudos, em que vários
médiuns já apresentavam mensagens psicografadas ao final
— Aqui, senhor, os remédios homeopáticos são doados
da reunião, foi ele surpreendido pela visita de um professor
aos pobres e aos desenganados pelos médicos da Terra.
de Filosofia muito habilitado nessa matéria, J. Rodrigues de
Sayão ia responder nervosamente ao rapaz, quando vê
Macedo. Após os abraços por tanto tempo sem notícias um
que alguém vai ao interior da casa e, voltando rápido,
do outro, o professor lamentou ter encontrado seu amigo às
pergunta-lhe o nome de sua esposa. Anotado o nome numa
voltas com “fantasmas”, dizia rindo, por não acreditar na vida
folha de papel, o rapaz convida Sayão a acompanhá-lo. Ele
eterna.
adentra uma sala simples, com algumas cadeiras e, no
Convidado para participar dos estudos, ao que aceitou,
fundo, vê uma mesa sobre a qual estavam vários vidros de
4
Seareiro
renderam-se discussões acaloradas a respeito do retorno à
crescimento do grupo, o orgulho também crescera. Não
Terra. No final da mesma, Sayão pediu a concentração para
conseguindo o reajuste necessário para que a paz
a mensagem final. Feita a prece, um dos médiuns recebe
retornasse entre os freqüentadores, Sayão, Bittencourt e
uma mensagem dirigida a Macedo. Este, ao lê-la,
Frederico Júnior resolveram se afastar e juntos formaram um
empalidece: a mensagem era de seu pai, desencarnado há
novo Grupo, que recebeu o nome de Grupo dos Humildes,
muitos anos em São João do Príncipe. Ali ele contava fatos
sendo depois conhecido como “Grupo de Sayão”. Este não
que somente Macedo sabia. A letra foi o que mais o
gostava que assim se referissem ao grupo, dizendo que o
impressionou, era perfeita, principalmente a assinatura e os
agrupamento havia nascido das mãos de muitos tarefeiros,
erros gramaticais que seu pai fazia, por não conhecer a
principalmente pelo mentor espiritual, que continuava sendo
norma culta do português. Ao se despedir de Sayão, disseIsmael.
lhe, emocionado:
As lutas continuavam. Sayão objetivava seu esforço para
— Meu pai sempre foi de fazer-me surpresas, mas por
que os agregados do núcleo estudassem a Doutrina Espírita
essa jamais esperava. Conseguiu fazer-me acreditar na
como Kardec deixara, sendo a base sólida pelo
sobrevivência do espírito.
entendimento cristão. Não usar a mesma só para facilitar a
vida daquelas que se candidatavam às práticas
Despediu-se feliz, dizendo que breve estaria ali para
medianímicas. Novamente as discórdias se fizeram
conhecer melhor a Doutrina Espírita.
presentes. Como esses acontecimentos estavam
Com a melhora e, podendo-se afirmar, a cura de sua
atrapalhando os planos dos espíritos desse
esposa, Sayão passou a requisitar, sempre
grupo que estava sob a orientação de Ismael,
que era preciso, os recursos homeopáticos de
vem este, através do médium Frederico
Bittencourt, que tornara-se o “médico” da
Júnior, transmitir uma mensagem de ânimo,
família.
pedindo aos componentes encarnados firmar
Certa ocasião, no período da tarde, quando
o propósito de ser esse núcleo fiel aos ensinos
Bittencourt acostumara-se a ir tomar chá com a
de Kardec. Seria necessário prosseguir com a
família e entreterem-se com a conversação,
divulgação dos problemas concernentes às
este levantou-se rápido, dizendo ter algo
reencarnações sem misticismos. Com essa
importante a fazer. Despediu-se e saiu. Meia
mensagem direta do Alto, ao término da
hora depois, um dos serviçais da casa, de
reunião, junto de Bittencourt Sampaio ficou
nome Celestino, chega da rua com as
acertada uma nova reunião onde se filiariam
compras, deixando tudo cair, pois não
ao grupo aqueles que estivessem dispostos a
agüentara a sufocação que o acometera na
compartilhar do mesmo ideal de estudos, sem
rua, chegando quase morto, sem poder falar.
misturas religiosas e polêmicas inúteis. Nesse
Todos correram a atendê-lo; Celestino estava
novo núcleo formado no dia 15 de julho de
ficando roxo. Sayão e a esposa lamentavam
por Bittencourt não estar ali... queriam chamá- Francisco Leite de Bittencourt Sampaio 1880 Sayão fica no cargo de diretor dos
trabalhos, acompanhado pelos médiuns
lo, mas onde estaria? Sayão passou
Frederico Pereira da Silva Júnior, João
mentalmente a invocar o amigo, pedia-lhe que viesse o
Gonçalves do Nascimento, Manuel Antônio dos Santos
quanto antes, pois Celestino poderia morrer. E, nesse
Silva, Francisco Leite de Bittencourt Sampaio e sua esposa
momento, fortes pancadas na porta foram ouvidas por todos
Isabel Maria de Araújo Sampaio. Todos com o mesmo ideal
e a voz de Bittencourt que clamava:
de Sayão. Nessa memorável noite, que fora inspirada pelo
— Abram logo essa porta, antes que seja tarde demais!
Alto, após as designações das tarefas com a concordância
De imediato, ele entrou e foi levado ao quarto de
de todos, Ismael, através do médium Frederico, transmite
Celestino. Vendo-o quase sem respiração, deu-lhe fluidos
sua mensagem psicofônica:
benéficos pela boca, usando sua própria energia e, com
“— Assim é, amigos e companheiros de trabalho: eu folgo,
massagens no peito, viram logo Celestino acalmar-se e
eu
rio de contentamento quando vos vejo reunidos,
respirar normalmente. Passado o susto, contou Bittencourt
empregando todos os esforços, na altura de vossas forças,
que, saindo dali, rapidamente fora atender a um
para reabilitar o Espiritismo ainda em começo no Brasil e, no
compromisso social. E quando estavam no meio do jantar,
entanto, já desnaturado pelos homens que não se sabem
ele sentiu algo estranho, como alguém que estivesse em
governar pela razão e pelo bom senso, pelas leis traçadas
desespero e, em meio a gemidos, ouviu seu nome pela voz
pelo Divino Mestre.
que parecia ser de Sayão. Pedindo desculpas aos anfitriões,
Eu folgo e me junto convosco para ver se podemos realçar
ali chegara rapidamente. Abraçando-se ao amigo, Sayão lhe
os brilhos dessa Doutrina por sobre a humanidade inteira,
disse que sua dívida perante Deus estava aumentando.
até hoje esquecida das lições do Divino Mestre”. (Grandes
Calmamente, Bittencourt responde-lhe:
Espíritas do Brasil)
— Essa dívida deve ser paga com a moeda do amor ao
Pouco tempo depois, o “Grupo Ismael” incorporou-se à
próximo. É a mais sagrada e benéfica, se bem executada
Federação Espírita Brasileira (FEB), onde existe até hoje,
pelo trabalho e caridade.
naturalmente com outras pessoas, mas com a
Todos esses acontecimentos fizeram com
mesma dignidade dos princípios doutrinários.
que Sayão se dedicasse cada vez mais ao
As instruções para a continuidade das
Espiritismo. Passou a trabalhar junto de
tarefas eram transmitidas pelos espíritos,
Bittencourt, Bezerra de Menezes e de outros na
sendo que, em uma delas, o espírito de Frei
então “Sociedade de Estudos Espíritas Deus,
José dos Mártires dizia estar encarregado de
Cristo e Caridade”, cujo Guia Espiritual era
auxiliar o amigo Sayão, pelos laços que o
Ismael que, através de Bezerra de Menezes,
prendiam de existências passadas.
orientava-os na planificação dos trabalhos a
Com o progresso levado a efeito pelos
serem desenvolvidos na casa. Por essa época,
trabalhos sérios desenvolvidos na Federação
o Grupo Espírita Confúcio, no qual trabalhava
Espírita Brasileira e pela responsabilidade
Bittencourt Sampaio e onde Sayão também
desses médiuns pioneiros, Ismael conseguira
iniciara seus estudos doutrinários, se extinguira
transmitir o plano de ajuste para que essa
para dar lugar à Sociedade de Estudos
entidade divulgasse o ensino básico de
Espíritas Deus, Cristo e Caridade.
Kardec.
Porém, as divergências entre os encarnados
Em 20 de junho de 1888, um famoso
começaram a interferir na parte espiritual.
médium norte-americano, de nome Henry
Dr. Bezerra de Menezes
Sayão tentou apaziguar a situação, mas com o
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos
Espíritas Amor e Esperança
5
Slade, esteve no Rio de Janeiro. A Federação
(Grandes Espíritas do Brasil)
Espírita Brasileira formou uma comissão para
No Reformador de fevereiro de 1897, foram
ir conhecer seu trabalho. Dentre eles, estavam
publicados comentários sobre o aparecimento
Antônio Luís Sayão e o dr. Bezerra de
do livro editado por Sayão. Citaremos um
Menezes, que já havia se declarado espírita, e
trecho, aliás o início desse comentário:
por meio de quem foi descrito o encontro a
“Altíssima é a missão dos que foram
seguir.
escolhidos para fazerem na Terra a obra de
A fama de Slade era por ser médium de
Deus: a divulgação de O Evangelho Segundo o
efeitos físicos e de outros fenômenos
Espiritismo; e dentre aqueles missionários
mediúnicos.
espalhados por toda a Terra levantaram-se,
Rumaram para o morro da Glória, para uma
entre nós, Bittencourt Sampaio, com a sua
pensão onde o médium americano se
Divina Epopéia, e Antônio Luís Sayão, com os
instalara. Foram acolhidos calorosamente e
Estudos dos Evangelhos”. E o trecho final:
convidados a se acomodarem numa agradável
“O Reformador felicita o autor, felicita os
saleta, onde a luz do sol irradiava intensa
espíritas, felicita a Humanidade, pelo
claridade.
aparecimento de mais um astro no horizonte
A saleta estava composta de uma pequena Frederico Pereira da Silva Júnior da Terra”. (Reformador de 1897).
mesa sobre a qual estavam dispostas duas
Sob o pseudônimo de Max, o dr. Bezerra de
ardósias (rocha, pedra ardilosa).
Menezes, colaborador da “Gazeta de Notícias”, do Rio de
Slade pediu para que Sayão ficasse com uma ardósia e
Janeiro, respondeu, através desse órgão de notícias, a uma
Bezerra de Menezes com a outra e para ambos examinarem
pergunta que lhe fora enviada no dia 22 de abril do mesmo
com muito cuidado as peças, sem mais serem tocadas pelas
ano da edição do primeiro livro de Sayão: “Senhor Max,
mãos de Slade.
acompanhando sempre suas matérias editadas pela
Gazeta, as quais me servem muito de apoio à Doutrina
Dirigindo-se a Sayão, mandou que colocasse sua pedra
Espírita, desejaria saber qual a sua aceitação da obra de
sobre a mesa novamente. Slade então aproximou-se e sobre
Sayão, como estudo nos agrupamentos espíritas”.
essa pôs uma pequena porção de lápis. Dirigindo-se ao dr.
Bezerra, pediu para que ele colocasse sua ardósia sobre a
Eis a resposta de Max ou Bezerra de Menezes:
outra, ficando dessa maneira os lápis entre as duas ardósias.
“Caro leitor, o livro de Sayão é um resumo autêntico dos
Feito isso, disse ao dr. Bezerra para pegar as duas pedras
pensamentos de Allan Kardec. É fiel aos princípios
com a mão direita, unindo-as. Após isso, levou a mão do
doutrinários. Por essa obra, entenderemos o verdadeiro
médico com as pedras à altura de seu ombro esquerdo onde
caminho para a compreensão maior das lições do Mestre
as apoiou. Slade então colocou suas mãos sobre a mesa,
Jesus. São como frutos preciosos que, por inspiração do
fazendo o mesmo com as mãos de Sayão que, juntamente
Alto, vieram para facilitar os estudos da Doutrina Espírita.
com o Dr. Bezerra, formara o magnetismo necessário para o
Deverão os agrupamentos espíritas estudar esse livro de
efeito mediúnico. “Logo após isso” — dizia o dr. Bezerra —
Sayão e de outros que, naturalmente, surgirão
“começamos a ouvir estalidos e em seqüência
pela sua lavra”.
o ruído do lápis, como se alguém estivesse
Essa resposta de Max teve muita
escrevendo. Com o término do ruído, pediu
repercussão nos meios espíritas e até fora, por
Slade para que fossem abertas as pedras e
ser ainda naquela época uma Doutrina que
vimos claramente, tanto de um lado como do
muitos diziam ser apenas novidade e que logo
outro, duas comunicações, separadas por um
passaria.
traço de lápis. Era assinada por L. de Mond
As lutas travadas por Sayão na Terra não
uma mensagem em francês e a outra em
foram poucas. Tornara-se rico pelo trabalho
inglês, assinada assim: I am Dr. Davis.”
profissional que desenvolvia com honradez e
E completava o dr. Bezerra após o sucedido:
dignidade. Como sua vida era toda voltada
“Tenho certeza que nenhum de nós três foi o
para a Doutrina e depois para os livros que
autor dessas comunicações”.
passou a escrever, não tinha tempo para
Diante de tantos fatos realizados
freqüentar a sociedade. Passaram as pessoas
mediunicamente e com a presença constante
que o conheciam e que o tinham com “alto
dos mensageiros de luz, Sayão resolveu
padrão de vida” a hostilizá-lo e a fazer-lhe
publicá-las em livro, após receber a orientação
chacotas, apontando-o como usurário. Sayão,
do dr. Bezerra, que afirmava ser isso levado ao
vendo por vezes a tristeza no semblante de
Henry Slade
conhecimento público, para a divulgação do
sua esposa, dizia-lhe calmamente:
intercâmbio dos espíritos com os encarnados. Seriam
— Não perca seu humor com esses comentários
exemplos da existências de sucessivas vidas.
maldosos. São eles médiuns das sombras, os quais os
E em 1893, reunindo o trabalho de sessões mediúnicas,
espíritos se utilizam para fazer cessar os ensinamentos de
em um número considerável de 400 páginas, editou o livro
Jesus. Você e eu sabemos o que somos e quais propósitos
intitulado “Trabalhos Espíritas, de um pequeno grupo de
temos de vida. Ninguém precisa saber qual uso fazemos de
crentes humildes”. E em 1897, conseguiu ele publicar mais
nosso dinheiro. E Deus sabe que, se Ele nos permitiu a
um livro, intitulado “Estudos dos Evangelhos em espírito e
fortuna, é para que possamos auxiliar aos que nada têm. E
verdade”. Esse livro, que foi muito comentado no meio
esse deverá ser o nosso propósito, pois do contrário, Ele nos
espirítico, resolveu Sayão reeditar numa segunda edição
a tirará a qualquer momento.
ampliada com o nome “Elucidações Evangélicas à Luz da
A esposa o abraçou com ternura, ditosa por fazer parte
Doutrina Espirita”. Esse título prevalece até hoje. Essa
desse elevado coração.
reedição saiu no ano de 1902.
Era Sayão defensor da liberdade para os escravos.
Com respeito às publicações e cuidados com os conceitos
Sempre que tinha oportunidade, pregava junto aos
emitidos por Sayão em seus livros, o dr. Bezerra de Menezes
companheiros do mesmo ideal, para que pudessem os
escreveu para os leitores:
negros ter os mesmos direitos dos brancos.
“Neles encontrareis o que há de mais adiantado em
— Por quê — dizia ele — essa nódoa existir entre as
Espiritismo, colhido na seara bendita, com a alma cheia de
criaturas da Terra? Perante Deus, somos irmãos, filhos do
amor, humildade e fé, as virtudes que enastram a coroa do
mesmo Pai.
discípulo de Jesus, voltado à obra do Mestre Divino, com o
Também por esses pensamentos, Sayão muito foi
coração cheio de energias e de caridade evangélica”.
perseguido, desde jovem quando se aliava aos estudantes
6
Seareiro
Bibliografia
— Esse, meu amigo, é o
que promoviam palestras sobre o assunto, defendendo a
último canto do cisne.
libertação dos escravos, apoiando esses projetos junto à
princesa Isabel. E, nos tempos dolorosos da escravidão,
E foi exatamente isso que
quando muitos escravos fugiam das senzalas, eram
aconteceu. Sayão, já há
acobertados por Sayão, que os asilava em seu próprio lar. E
algum tempo, previa seu
ajudado por outros amigos, conseguia a liberdade para
desencarne. Foi uma rápida
esses desvalidos no mundo material, cuja prova da
enfermidade que lhe trouxe
escravatura os libertaria se soubessem ser resignados
muitas dores físicas. Mas ele
espiritualmente.
não reclamava nem nos
momentos mais cruciantes.
Sayão nunca negou-se a auxiliar a quem quer que fosse.
Pelo contrário, agradecia a
Poucos sabiam da ajuda que prestava ao semelhante.
Deus pelo que pudesse ter
Seguia corretamente os ensinos do Evangelho: “Não saiba
feito de útil na Terra. E nos
tua mão direita o que faz a tua esquerda”. (O Evangelho
Casimiro Cunha
seus momentos finais, falou
Segundo o Espiritismo)
baixinho:
A vida desse pioneiro sempre foi de lutas como acontece a
— Seja feita a vontade de meu Pai... Ave Maria...
todos aqueles que querem divulgar o “Bem”. Foi ele muito
atacado em sua moral, discriminado em muitos lugares por
E, com um leve suspiro, desencarnou serenamente,
se afirmar espírita. Mas como seu prestígio e bens materiais
amparado pelo plano espiritual superior.
eram indiscutíveis, pela falsidade própria dos homens, era
O calendário marcava a data de 31 de março de 1903, a
aceito em qualquer roda social. Sabia Sayão disso tudo. Por
mesma em que a Federação Espírita Brasileira
isso preferia ser tachado de usurário a ter que suportar tanta
homenageava a desencarnação de Allan Kardec.
hipocrisia.
Foi Sayão também homenageado na espiritualidade pelo
No dia 10 de outubro de 1895, recebe Sayão a triste
reencontro com seus amigos de caminhada cristã:
notícia de que seu velho e querido amigo e, até como ele
Bittencourt Sampaio e sua esposa, a senhora Izabel Maria
mesmo dizia, seu protetor encarnado, Bittencourt Sampaio
Sampaio, Bezerra de Menezes, Manuel dos
havia desencarnado. Sayão chegou a sentir
Santos Silva e outros que o ajudaram a fundar o
que parte de seu entusiasmo e coragem haviam
primeiro núcleo de estudos, o Grupo dos
desaparecido com a partida de seu amigo e
Humildes, que se tornou o atual Grupo Ismael, do
irmão. Bittencourt dividira com ele todas as
qual Sayão foi diretor.
amarguras por que passara. Ambos sabiam que
Em homenagem ao grande vulto Antônio Luís
as investidas das trevas foram muitas, porém
Sayão, o poeta Casimiro Cunha, ainda encarnado
Bittencourt alertava Sayão, afirmando-lhe:
à época do desencarne desse trabalhador da
— Não vamos desistir nunca em propalar o
Seara do Cristo, dedicou-lhe esse soneto:
bem. Que espécie de alunos seremos perante o
Antônio Luís Sayão
Cristo se nos deixarmos melindrar pelos boatos
Alma, trocaste a noite pela aurora!
maldosos? Nesse particular, estaríamos
cedendo ao orgulho, essa chaga que a tudo
Pomba, volveste ao teu pombal divino!
destrói. E a perseverança com os preceitos
Rosa, desprendes um olor mais fino!
cristãos, onde ficará?
Astro, fulguras com mais brilho agora!
Diante dessas recordações que os colocava
Após a diurna lida, o sol fulgura
em pé, Sayão reagiu. Suas lágrimas rolariam
Com mais vivo fulgor no firmamento,
Livro “Jesus Perante a
sempre pelo rosto ao lembrar a alegria
Cristandade” - Editora FEB
E
depois, reclinando à fonte pura,
contagiante de Bittencourt à frente do trabalho
Num tálamo de fogo, altivo e lento
doutrinário. E Sayão responsabilizou-se em
Repousa, e na manhã seguinte, a escura
publicar os livros de Bittencourt que foram
recebidos mediunicamente: “Jesus perante a
Noite espancando, e sacudindo ao vento
Cristandade” e “De Deus para as crianças”,
Feixes de luz prossegue na cultura
obras que, como sempre, trouxeram algumas
Dos mornos raios que nos darão alento.
polêmicas e ciúmes no núcleo dirigido por
Assim, após a humana lida rude,
Sayão. Diziam que, com essas publicações, ele
Volvendo em paz aos céus, onde a virtude
queria continuar sendo notado no “Grupo
As forças da alma sem cessar renova.
Ismael”, por pertencer à FEB Como sempre,
Descansaste; e, decerto, mais fecundo,
Sayão calava-se. Sabia que era obra dos
Amanhã voltarás ao nosso mundo,
espíritos das sombras. Aliava-se mais ainda ao
espírito de Bittencourt, buscando amparo,
Incansável cultor da ciência nova!
orando para não se deixar envolver pelo
Esse grande poeta continua, da
orgulho.
espiritualidade,
a nos brindar com suas
A vida prosseguiu seu rumo e Sayão já estava
belíssimas poesias os quadros reais de
com 74 janeiros e viu esgotadas as edições de
profundos ensinamentos.
seu livro “Elucidações Evangélicas”. Em
O soneto acima dedicado a Sayão ele o
seqüência, partiu para nova edição. Quando Livro “Elucidações Evangélicas”
compôs em sua terra natal, Vassouras, em maio
- Editora FEB
essa edição ficou pronta, pegando o livro entre
de 1903, estado do Rio de Janeiro.
as mãos, disse a um companheiro com quem
Eloisa
trocava confidências:
! Comentários de Sylvio Brilto Soares com Joaquim Alves
(particular)
! Grandes Espíritas do Brasil - Zêus Wantuil. Ed. FEB. 1ª ed., 1969.
! Reformador: de 1889 a 1891 - Resumos dos Reformadores: 1964
a 1968. Ed. FEB.
! Imagens:
" http://www.albionmich.com/history/histor_notebook/images/sS
LADEHenry.jpg
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos
Espíritas Amor e Esperança
"
"
"
"
http://www.direito.usp.br/images/home_02.jpg
http://www.geae.inf.br/pt/biografias/bezerra-menezes.gif
http://www.geem.org.br/images/foto_casimiro.jpg
http://www.grupodosoito.com.br/imagens/fotos/Bittencourt%20
Sampaio%20.jpg
" http://www.grupodosoito.com.br/imagens/fotos/frederico_p_silv
a/frederico_pereiratb.jpg
" http://www.rio.rj.gov.br/ipp/memoria/pracamon/images/0542.jpg
7
Evangelização Infantil
evangelizacao
infantil
que nos foram confiados. Será através da educação, que
o planeta de provas e expiações se erguerá a caminho da
Luz Divina.
E por que o caminho é mais fácil na infância?
Aprendemos em “O Consolador”, questão 109, que até os
sete anos de idade, o espírito ainda está em período de
transição na matéria orgânica. A sensibilidade espiritual é
mais presente e, com isso, torna-se mais suscetível ao novo
aprendizado para renovação do caráter. Neste ponto, vemos
exemplos de crianças que dizem falar com amiguinhos. Os
pais, normalmente, encaram como fantasias da imaginação
infantil. Com o passar do tempo e de forma natural,
normalmente o fato não mais ocorre.
Vejamos agora, o que pode acontecer quando o indivíduo
não é educado moralmente, segundo Emmanuel, em “O
Consolador”, questão 109: “(...) atingida a maioridade, se a
educação não se houver feito no lar, então, só o processo
violento das provas rudes, no mundo, pode renovar o
pensamento e a concepção das criaturas, porquanto a alma
reencarnada terá retomado o seu patrimônio nocivo do
pretérito e reincidirá nas mesmas quedas, se lhe faltou a luz
interior dos sagrados princípios educativos.”
Vimos ao mundo em um corpo puro e inocente, mas,
nosso espírito, já antigo e com vícios e tendências, vai se
mostrando à medida que amadurecemos. Por isso,
a importância da correção na fase infantil,
evitando que a dor seja o corretivo necessário
no futuro.
O primeiro e mais importante lugar
para o início da evangelização,
portanto, é o lar. Para isso, torna-se
necessário o exemplo moral
daqueles que têm a
responsabilidade de educar.
A base será a religião, no sentido
próprio da palavra, de religação
constante com Deus, em todas as
atividades da vida.
Os pais devem ser legítimos
representantes do colégio familiar, cabendo-lhes a condução
dos tutelados que lhes foram confiados pela misericórdia
divina.
Agostinho, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap.
XIV, item 9, nos alerta quanto ao “grande papel da
humanidade” ao gerar um corpo, cabendo oferecer àquela
alma reencarnante todo o auxílio possível para sua evolução,
através dos cuidados e da educação.
Aos pais cabe a tarefa de aceitar os filhos que receberam,
estudando os maus instintos que trazem e que já apresentam
desde o berço, para combatê-los logo no
início “como o bom jardineiro que poda os
brotos daninhos à medida que ele os vê
aparecerem na árvore”.
Rosangela
Onde Tudo Começa
Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo, escreveu em
“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Introdução, item I, que
as leis morais trazidas pelo Cristo são as que deveriam servir
de modelo para nossa conduta e, no entanto, são as que
menos damos importância. Não entendemos ainda o seu
verdadeiro significado para a evolução da vida humana e
para a tão almejada felicidade que buscamos.
A parte moral “é uma regra de conduta, que abrange todas
as circunstâncias da vida privada e pública, o princípio de
todas as relações sociais fundadas na mais rigorosa justiça.”
Se é o princípio, concluímos que a base de nossas relações
sociais está nos preceitos morais cristãos.
Onde devemos iniciar uma formação moral? Nos
primeiros anos de vida. A esse respeito, citamos um conceito
elucidativo de Emmanuel; “A juventude pode ser comparada
à esperançosa saída de um barco para viagem importante. A
infância foi a preparação, a velhice será a chegada ao
porto.”(Caminho, Verdade e Vida, lição 151).
Todos nós objetivamos, ao reencarnarmos, a nossa
melhoria espiritual. Considerando que nascemos frágeis e
precisamos de quem nos cuide, é de concluir-se que os
nossos responsáveis o serão tanto para cuidar
de nosso corpo físico, como de nossa alma.
Voltamos à matéria com o esquecimento
do passado, mas com as reminiscências
contidas nos recantos de nosso cérebro.
Algumas mais latentes que outras,
variando com a necessidade e
evolução espiritual de cada ser.
Nascemos inocentes para que o
trabalho de nossa educação possa
ser desenvolvido com mais
facilidade, pois, enquanto crianças,
estamos mais acessíveis aos
conselhos e orientações e
aceitamos ser dirigidos por nossos responsáveis.
O mundo é governado por homens. Esses homens já
foram crianças. Se queremos um mundo de paz e harmonia,
onde impere a lei do “amar ao próximo como a ti mesmo”,
temos que começar pela base, educando as nossas crianças
pelos preceitos morais cristãos.
Falamos muito em Jesus Cristo, na sua dor, sofrimento e
calvário, mas, ficamos nisso. Sua real mensagem ainda não
queremos entender. Exemplificou-nos o amor em sua
plenitude e é isso que devemos ensinar aos reencarnantes
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Bibliografia: Caminho, Verdade e Vida - Francisco
Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel. Ed. FEB. 21ª
ed., 2001.; O Consolador - Francisco Cândido Xavier,
pelo espírito Emmanuel. Ed. FEB. 25ª ed., 2004.; O
Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec Tradução Roque Jacintho. Ed. Luz no Lar - 2004.; Parte
introdutória do livro “O menino ambicioso, o servo
insatisfeito e outras histórias” - Astolfo O. O. Filho, Célia
C. Xavier. Ed. Leopoldo Machado. 1ª ed., 2004.
Imagem: www.plenarinho.gov.br/cidadania/imagens/
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Seareiro
Cantinho do Verso em Prosa
cantinho
do
verso
em
prosa
Natal do Vencedor
O homem plantou ódio, tenda em tenda,
O ódio fez um conflito em graves crises,
Exterminando aldeias infelizes,
Sem ninguém que as preserve ou que as defenda.
Chegam conquistadores... Nova senda:
Ódio e guerra por todos os países...
Vem a morte e lhes quebra as diretrizes,
Pondo, um a um, sob as cinzas da lenda...
Natal!... Promessa e luz de longas eras!...
É Jesus renovando as primaveras
Do amor puro, na Terra jamais visto...
Há um só vencedor, ao nosso lado,
Tão vivo agora, como no passado,
O alto Herói, Nosso Senhor Jesus Cristo.
Maria Dolores
Soneto recebido pelo médium Francisco Cândido Xavier, no Culto
do Evangelho, em sua residência, em 28/09/1994 (Uberaba, MG).
Maria Dolores nasceu na cidade de Bonfim da Feira, estado
da Bahia, no dia 10 de setembro de 1901. Poetisa, jornalista e
professora. Dedicada trabalhadora no campo infantil. Veio a
desencarnar, após ter deixado muitas tarefas no campo
assistencial, no dia 27 de julho de 1958. E, a partir de 1971, o
médium Francisco Cândido Xavier passou a recebeu suas
poesias edificantes, sempre no caminho do amor e fé em
Jesus.
O ódio entre as criaturas é o gérmen dos caminhos que se
perpetuam em dores profundas.
O instinto traz à tona a barbárie existente em cada ser, levada
pelo egoísmo e pela ambição.
O primitivismo, aliado a essas condições precárias do ser
humano, faz explodir o desejo do mando. E aí os povos se
digladiam, incitados por essas vozes cruéis, que, pela
prepotência do mando, não reconhecem as Leis de Deus, cegos
que se encontram pela ostentação e pelo orgulho desmedido.
De dentro dos lares, criaturas são convocadas para batalhas
em defesa à Pátria. Lágrimas incontidas correm pelas faces
daqueles filhos, cujos pais, talvez nessa encarnação, não vejam
de retorno à vida material.
Dizem os mandantes desses tristes flagelos: — É preciso
vencer!
Realmente é preciso vencer o mal, mas para que isso
aconteça vem a morte, ou melhor, o desencarne. E é aí que os
homens devem entender que essa luta transitória deixa sempre
marcas que não se apagam com os corpos combalidos, porque a
guerra do ódio só terá fim quando o Grande Vencedor penetrar
nos corações endurecidos, que um dia compreenderão que
Deus O enviou para salvar a Humanidade pela arma do Amor.
Ele é o Grande Vencedor, Jesus de Nazaré!
Elielce
Terceira Idade
terceira
idade
estão sendo propostas quanto a trabalho voluntário,
no atendimento gratuito a criaturas que Deus coloca
à nossa frente, para assumirmos atividades pelas
quais seremos remunerados, perdendo muitas
vezes, a oportunidade de servir com o Cristo.
A Terceira Idade é apenas mais uma fase da existência
terrena, e apesar de muitas vezes serem momentos nos
quais estaremos colhendo a nossa semeadura passada, e
até já desta reencarnação, ainda poderemos, e muito,
semear o Bem de modo contínuo, já que é falsa a alegação
de que “o idoso está quase no fim”. Fim do quê? Ninguém
pode dizer que está no fim da vida. Seremos ingratos com o
Pai Celestial que nos deu a Vida Eterna. Que fim, diante da
eternidade?
Temos é que aproveitar cada momento de nossa existência
terrena, o mais cedo possível, para trabalharmos
continuamente para o Bem de todos, até o último suspiro
nesta vida.
Não importa qual limitação a vida nos proporá, seja em que
época for. Teremos ainda muitas formas de fazer o Bem. Não
devemos nos prender a uma limitação que ocorra, e nos
considerarmos incapazes. Nunca!
Chico Xavier, com toda a limitação de seus últimos anos de
vida, trabalhou até o último instante de vida nesta existência,
para o bem de todos.
Sigamos o seu magnânimo exemplo! O Cristo nos espera a
cada dia, com as mãos no trabalho cristão.
Qual a nossa idade? Como somos eternos, a nossa idade é
a eternidade.
Sigamos adiante sem esmorecer.
Geni
Conquistando um espaço
A conquista do espaço na sociedade, das pessoas da
chamada Terceira Idade, deveria ser uma continuidade do
espaço que elas mesmas já deveriam estar ocupando, desde
quando se tornaram donas de si.
Exatamente por as criaturas terem levado uma vida sem
nobres valores espirituais, sendo estes valores
fundamentados na ligação com Deus, é que sentem, num
determinado momento, a necessidade de “conquistarem um
espaço” na sociedade.
Já aquelas pessoas que sempre se voltaram para
trabalhos voluntários, sejam em instituições sociais, asilos,
hospitais, orfanatos, escolas, creches etc, apenas continuam
suas tarefas, sem precisarem buscar a tal “conquista”.
Esses trabalhos seriam a grande oportunidade de auxiliar
as criaturas com quem tivermos oportunidade de conviver,
principalmente para transmitir-lhes a esperança e a fé,
renovando-lhes o ânimo para a continuidade de suas
existências, com a confiança em Deus e em nosso mestre
Jesus.
Há também oportunidades profissionais por parte de
empresas que viram, nos atributos das pessoas da Terceira
Idade, os profissionais adequados, principalmente diante da
sua vivência, para determinadas tarefas que as empresas
necessitam que sejam executadas.
O que nós devemos sempre refletir é que não devemos,
muitas vezes, trocar oportunidades que já temos ou que
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos
Espíritas Amor e Esperança
9
Kardec em Estudo
kardec
em
estudo
O Orgulho e a Humildade
O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo VII - Item 12
Aconteceu num sábado que, entrando ele em casa de um dos principais fariseus para comer o pão, eles o estavam observando. _ E disse aos convidados uma parábola,
reparando como escolhiam os primeiros assentos, dizendo-lhes: Quando por alguém fores convidado às bodas, não te assentes no primeiro lugar, para que não
aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu e, vindo o que te convidou a ti e a ele, te diga:“Dá lugar a este”e, então, com vergonha, tenhas de tomar o
derradeiro lugar. Mas, quando fores convidado, vai, e assenta-te no último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga:Amigo, sobe mais acima. Então
terás honra diante dos que estiverem contigo à mesa. Porquanto qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será
exaltado. (Lucas, capítulo 14, versículo 1 e 7 a 11)
Vivemos em um mundo terreno, onde nosso espírito
experimenta, por meio do nosso corpo material, provas e
expiações. Não aceitamos a dor e o sofrimento, nos
queixamos das dificuldades, lamentamos os desatinos
mundanos e clamamos por justiça.
Mas, quando queremos que a justiça se faça, quase
sempre é pensando em nós mesmos e em interesses
individuais. Se a lei humana for usada para nos corrigir,
sempre damos um jeitinho de mudar a situação a nosso
favor. Assim também o fazemos quando se refere à aplicação
da lei divina. Nunca achamos que serve para a nossa
pessoa, é sempre o outro que precisa mudar e pagar por
erros que julgamos haver cometido.
A mesma lei, humana ou divina, que coubesse para nós e
para outro indivíduo, decerto a
eliminaríamos, deixando impunes os dois
atos, o nosso e o do outro, só para livrar a
nossa parte.
Só poderemos ter um mundo
normalmente sadio, no dia em que formos
menos egoístas, menos covardes e mais
puros.
Essa pureza vai ser conquistada a partir
da depuração individual do ser, durante a
oportunidade que nos é concedida com a
reencarnação. Devemos persistir na
nossa melhoria para alcançar os atributos
do verdadeiro homem de bem, praticando
a lei da justiça, do amor e da caridade na
sua essência.
Se observarmos as características do
homen de bem descritas por Kardec em O
Evangelho Segundo o Espiritismo,
capítulo XVII, item 3, veremos que, sem a
humildade, as demais qualidades enumeradas,
provavelmente, desapareceriam.
Para eliminar a chaga do orgulho de nossa alma, só as leis
deixadas pelo Cristo podem nos auxiliar. A lei dos homens
cerceia a liberdade física, mas não a do pensamento.
Quando valorizamos o simples e correto em lugar do
suntuoso, embora ilícito, estaremos contribuindo para o bem
estar tão almejado.
Damos demasiada importância aos títulos, nomes, nível
intelectual e econômico, em detrimento da moral, das
virtudes, da sabedoria e da ética. Estas últimas, se
respeitadas, nos fariam agir como indivíduos despidos do
orgulho, independente do que detivéssemos na matéria.
O nosso próprio orgulho nos impõe uma dor e um
sofrimento desnecessários.
Sofremos por não ter o supérfluo, brigamos e até
morremos por não termos a humildade de sermos simples e
enxergarmos todas as benesses que nos são concedidas a
10
todo momento.
O orgulho nos inflama e semeia a mágoa, o rancor, a raiva
e o ódio. Tudo por não termos a humildade para
compreender, aceitar, perdoar e, na maior parte das vezes,
enxergar que somos nós os culpados.
Ao sermos questionados por Adolfo, bispo de Argel
“Quando a consideração que se concede às pessoas é
medida pelo dinheiro que elas possuem ou pelo nome que
trazem, que interesse elas podem ter em se corrigir de seus
defeitos morais?”, refletamos sobre o nosso papel com
relação a essas pessoas equivocadas. Cabe a nós a
responsabilidade de não sermos cúmplices do mesmo erro,
demonstrando, com as nossas atitudes, que somos iguais a
todas as criaturas, sem privilégios ou concessões. Quando
somos coniventes, agimos de acordo com
os nossos maus instintos e ainda
alimentamos os dos outros, que se julgam
cada vez mais importantes.
A humildade não atropela o caminho do
outro, espera com paciência o seu
momento.
Chegamos a um estágio em que levar
vantagem em tudo virou “lei”. Aquele que
se dá mal ou não faz o mesmo, é
considerado bobo. É a troca de valores.
Depois clamamos por uma sociedade
justa.
Como poderemos ter paz, se todos
quiserem passar, inescrupulosamente, à
frente do outro?
Só depende de nós a escolha de um
mundo melhor. O mundo somos nós.
O orgulho, nosso maior empecilho,
deve ser combatido em nós. Pensar que o
outro é orgulhoso e que somos humildes, também é ser
orgulhoso. A mudança deve ser conosco. Lembrando um
trecho do versículo de Mateus “E por que reparas tu no
argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês, a trave que
está no teu olho?...” (Mateus, cap.7,versículos 3 a 5).
Quanto mais orgulhosos formos, mais alto estaremos nos
degraus da nossa soberba, insensatez e invigilância e a
queda será proporcional à altura.
Mas contra esse egoísmo que o orgulho tece, Deus nos
concede a oportunidade de sermos caridosos. Sempre há
tempo de retomarmos o caminho justo, aplicando o bem
onde outrora liderávamos a dor.
A humildade e a caridade são as qualidades que nos
ajudarão a encontrar, em nosso planeta Terra, a verdadeira
felicidade.
Neves
Bibliografia: O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec Tradução Roque Jacintho. Ed. Luz no Lar, 2004.
Seareiro
Clube do Livro
clube
do
livro
Atareve - Os Olhos da Vingança
“ATAREVE - Os Olhos da Vingança”, obra
seita, tão combatida na época.
enviada aos associados do Clube do Livro
Todo esse cenário se desenvolve, aliado à
Espírita “Joaquim Alves (Jô)”, no mês de
idéia de o quanto um espírito leva de suas
agosto/2007, é do mesmo autor do livro “Do
experiências na volta ao plano espiritual,
outro lado da Cruz”, Fénelon, enviado
cultivando aquilo que acha mais importante, no
recentemente aos leitores, e psicografado
caso do personagem, a vingança e o quanto
por Dario Sandri Jr.
pode influenciar no plano material, com aqueles
Em meio a uma narrativa de disputas
que se encontram na mesma faixa. Varo, amigo
constantes, verificamos que, devido às
de Atareve, em seu leito de morte, faz este
conseqüências da vida, o Governador Dídio
prometer que se vingue por ele de pessoas das
Júlio Sextus, após diversas atrocidades, por
quais guardava rancores.
ele cometidas, dentre elas a de achar que
Destaque importante na obra é o fato de o
poderia “comprar” um amor, com a tentativa
quanto é preciso vigiar a todos os instantes para
de fazer Miriam (Júlia Afer) sua escrava,
estarmos ligados a bons espíritos e não nos
reconhece seu erro.
deixarmos influenciar pelas sombras, cedendo
Dario Sandri Jr.
Em épocas nas quais as idéias do
às tendências do nosso orgulho.
pelo espírito Fénelon
Cristianismo ainda eram altamente
Por fim, nos traz ainda belos exemplos do
combatidas, ao vivenciar a experiência de Editora Aliança - 384 páginas perdão verdadeiro sendo exercido após tantas
1ª edição - 2007
verificar sua filha Estela, já desacreditada por
dores, exemplificando aos leitores a perfeição da
médicos e especialistas da época, Dídio observa-a sendo
misericórdia divina e a presença de Deus.
curada através da visita e das preces de um cristão, em seu
O sentimento provoca emoções que até mesmo o dito
lar. Em razão dos acontecimentos, acaba respeitando a nova
mais rude dos corações cede diante de sua força...
Marcelo
Família
familia
Desencontros
Que as relações familiares são, na maioria das vezes,
difíceis de serem mantidas, isto todos nós sabemos.
Para que possamos manter um convívio é necessário que
tenhamos uma grande dose de paciência e compreensão
com os defeitos dos nossos familiares. Muitas vezes eles
também têm esta compreensão para com os nossos
defeitos.
Outras tantas vezes, nós e eles renunciamos às nossas
vontades e opiniões para não causarmos atritos
desnecessários e causarmos um problema maior.
Essas relações são inerentes ao convívio humano, pois o
orgulho, o egoísmo e a vaidade ainda fazem parte do nosso
modo de ser e agir.
Quando um familiar se afasta de nós, sem um motivo ou
pelas circunstâncias que o levam a não mais se comunicar
conosco, ficamos chateados, achamos que ele é ingrato e,
não raras vezes, pensamos nele com um grande rancor.
Por que alimentar rancor em nosso
pensamento?
Sabemos que o pensamento que
emitimos sobre uma pessoa, esteja ela ao
nosso lado ou do outro lado do mundo, irá
atingi-la.
Se pensarmos com aversão, ódio ou
rancor, ela, que está distante, irá, cada vez
mais, se distanciar de nós.
Deveríamos procurar pensar de forma
contrária. Lembrarmos do companheiro
que se distanciou com carinho,
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos
Espíritas Amor e Esperança
relembrando dos momentos felizes e tranqüilos. Isto é o que
chamamos de vibração de amor.
Para que possamos ter este tipo de pensamento,
lembremos que ninguém está amarrado a ninguém, a não ser
pelo sentimento de ódio.
Não sabemos quais são os compromissos que levam as
pessoas para longe de nós.
Se não compreendermos as necessidades de nossos
companheiros de jornada, estaremos alimentando o
egoísmo que temos em nós, querendo “possuir” a amizade, o
afeto, os laços de família.
Ninguém pertence a ninguém, e, quando entendermos
isto, conviveremos harmoniosamente e não exigiremos das
pessoas que elas ajam da forma que nós queremos.
Se não nutrirmos esses rancores e renunciarmos ao nosso
egoísmo, quando houver o reencontro, a alegria estará
presente, pois não haverá nenhum resquício de rancor para
atrapalhar.
E se não nos reencontrarmos nesta reencarnação, com
certeza, se nutrirmos amor e afeição pelo companheiro que
se afastou, no mundo espiritual,
poderemos reencontrá-lo, como diz em “O
Evangelho Segundo o Espiritismo”: “... ao
retornar à espiritualidade, voltará aos
mesmos que foram alvos de sua afeição.
Estes poderão ter-se ligado na Terra a
qualquer título de parentela, pais, mães,
filhos, esposas, ou, talvez, por outros
laços.” (capítulo IV, item 20)
E quando exigimos que os filhos vivam à
nossa volta, mesmo quando eles já
constituíram as suas próprias famílias?
11
Achamos, da mesma forma, que são ingratos, mas não
compreendemos que eles estão reassumindo os próprios
compromissos.
E dizemos “reassumindo”, pois a constituição de uma
família se dá pelo reencontro de espíritos que já conviveram
em vidas passadas e voltam para resolver dívidas de amor
não vivido.
Esperanto
De tudo isto, podemos tirar a mesma conclusão de uma
esposa cujo marido desencarnou e que recebeu uma
mensagem psicografada dele: “Com a mensagem, Chico
Xavier devolveu-me as muletas que eu perdera, mostrando
que ‘meu velho’ saiu para uma longa viagem, mas não se
esqueceu de mim. Renasci, senti novamente vontade de
viver.”
Wilson
Imagem: http://www.diadehoje.blogger.com.br/desencontros.jpg
esperanto
Kiu estis Zamenhof?
Zamenhof kreis Esperanton - unika artfarita idiomo, el
ĉirkaŭ 400 aliaj, kiu postvivisla morto de ĝia kreinto.
Ankoraŭ knabo, lia familio respektis lin kvazaŭ li estus
matura homo.
Saĝa, modesta, meditema, studema, neniam nervoza
kaj iomete obstina, li evitis ĉiam suferigi iun ajn. En
lernejĉambro, li elmontris lian nekomunan talenton kaj
kulturon por skribi. La geinstruistoj miris lin. Tamen, li
neniam faris sin fieregan seriozmiena en lia hejmo aŭ
lernejo.
Li, tiel kiel aliaj gemisiuloj, bataladis kajverŝis svito kaj
larmo por vivi en mondo kiu ne komprenas lin.
Helpadis li la genecesulojn, kvazaŭ farigus al liaj
samsangafratoj. Zorgis li liaj pacientoj la, plimulto
malriĉuloj, ĝis malfruegaj noktaj horoj ne palposturante
ilin, fariĝante tiel pene lian monsituacio.
Sed triunfis Esperanto kaj, scias ni, ke simile okazis al
ĝia kreinto, kiun ricevas hodiaŭe en anĝelaj regionoj,
profitojn el lia bone sukcesinta misio inter la Homaro.
Tradução: Quem foi Zamenhof?
Zamenhof criou o Esperanto - único idioma artificial dentre cerca de 400 outros, que sobreviveu à morte de seu
criador.
Ainda menino, sua família o respeitava como se adulto
fosse.
Prudente, modesto, pensativo, estudioso, nunca
exaltado e um tanto obstinado, ele sempre evitava fazer
sofrer a quem quer que fosse. Na classe ele já tinha
mostrado talento e cultura invulgares para escrever. Os
professores o admiravam. Todavia, jamais se mostrava
sisudamente superior em casa ou na escola.
Entrevista
entrevista
Mediunidade
Entrevista concedida por Roque Jacintho
Pergunta: Dê-nos uma rápida definição sobre o que é
médium e o que é mediunidade.
Resposta: Mediunidade é a janela da alma, que, tendo por
instrumento de sua manifestação a glândula pineal, ou
epífise cerebral, leva-nos ao encontro do mundo espiritual
em que estamos imersos ou mergulhados. Essa faculdade
nos integra ao plano da vida eterna. Rompendo as barreiras
de nossas limitações de sentidos físicos, faz-nos participar
também, ativa e conscientemente, da espiritualidade,
extinguindo o dualismo em que artificialmente nos
separávamos: o mundo dos encarnados e o mundo dos
desencarnados. Por essa faculdade, portanto, deixamos de
subdividir o nosso mundo em dois planos distintos,
retificando o erro de conceituação que nos levava a crer
12
Ele, como tantos outros missionários, teve que lutar com
suor e lágrimas para sobreviver num mundo que não o
compreendia.
Auxiliava aos necessitados, como se o fizesse aos
próprios irmãos em sangue. Atendia seus pacientes, na
maioria pobres, até altas horas da noite, não lhes cobrando,
o que tornava penosa a sua situação financeira.
Mas o Esperanto triunfou e, sabemos nós, que diferente
não acontece a seu criador, que hoje colhe, em regiões
angélicas, os frutos da sua bem sucedida missão entre os
Homens.
Davidson
Revisão: Osvaldo Pires de Holanda
tivéssemos duas realidades: a dos que retornaram ao seu
verdadeiro estado, ou seja, reassumiram a espiritualidade
com a desencarnação, e a nossa vivência absolutamente
transitória, isto é, constrangidos ao educandário da carne. A
faculdade mediúnica, comum a todos os chamados a um
estágio mais avançado de evolução, é o reajuste de nossos
espíritos, levando-nos a descobrir que vivemos num mundo
único, embora num estado diferenciado de matéria e de
energia. A mediunidade é o nosso sexto sentido, que, de
estado latente, abre-nos a visão para os dois planos de vida
que interexistem e que se completam. Assim, médium como
sinonímia de quem intermedia os dois planos da vida, todos
nós somos. Por isso, o médium não é uma exceção de regra
e sim alguém que já vive uma realidade mais integral.
Através desse sentido nascente na espécie humana, a
Espiritualidade superior, em nos examinando no estágio
evolutivo que estamos alcançando, bate insistentemente às
portas de nossa razão e de nosso coração, buscando
induzir-nos ao despertar de valores mais altos e
Seareiro
permanentes, no campo de nossas conquistas eternas.
Submetemo-nos presentemente a um pólo magnético de
grande poder de atração, induzindo-nos para que nos
humanizemos compulsoriamente e, por decorrência, para
que contribuamos com vastas parcelas de amor, no
departamento das qualidades virtuais que, por origem
divina, temos dentro de nós mesmos. É o chamamento para
a evolução, ou seja, para que nos repletemos dos valores
novos e permanentes, já que temos os pés na Terra, mas
erguemos a nossa cabeça, como antena sublime, buscando
sempre o mais alto.
Pergunta: Qual deve ser a conduta do médium, para que
seja sempre assistido por bons Espíritos?
Resposta: Considerando que a conduta é a resultante dos
princípios com que alimentamos a nossa mente, formando o
nosso “hálito espiritual”, por certo, para receber assistência
de Espíritos sábios e profundamente amorosos, caberá ao
médium buscar refletir-lhes as mesmas aspirações e
propósitos. A instrução, via leitura e estudo das obras
básicas e complementares das Doutrina Espírita, é uma
etapa que corresponderia ao amanho da terra, no prenúncio
da sementeira. Segue-se, após a instrução, a educação, ou
seja, o burilamento de nossos sentimentos, através de nossa
entrega incondicional ao campo do amor ao próximo, que
corresponde à etapa da semeadura. A partir, pois, do
surgimento dos primeiros brotos espirituais, cabe ao médium
o trato da seara florescente, empenhando-se
ardorosamente em levar luzes e esperanças a nossos
companheiros confundidos com as trevas dos sentimentos,
procedendo, em relação aos encarnados, com o mesmo
amor, paciência e diligência com que agem os Benfeitores
Espirituais. A lei da afinidade é que nos traz, a quantos sejam
médiuns, a presença de Espíritos Superiores, com base no
crescimento espiritual do próprio médium. Cada um terá a
assistência espiritual que se empenhe por conquistar,
espelhando a luz do mais alto, ou então envolvendo-se com
os infelizes que perambulam pelas mesmas sombras que
trouxermos em nós mesmos. A conduta cristã é que nos
define as companhias.
Pergunta: Médium produtivo é aquele que produz
fenômenos mediúnicos a qualquer hora e em qualquer
lugar?
Resposta: Os fenômenos mediúnicos nem sempre
representam a ação da Espiritualidade Superior, visto que
Espíritos sem grande estofo moral também podem produzilos, até mesmo de modo mais gritante, capaz de ocasionar a
perplexidade a leigos. O fenômeno pelo fenômeno pode
levar o médium e seus observadores a conclusões levianas
e até perversas, ridicularizando o cristianismo, quando não a
própria mediunidade. O médium produtivo é somente aquele
que dá os frutos do amor, bastas vezes exclusivamente via
intuição recolhida silenciosamente dos mentores da vida
mais alta, ou então, consolando os aflitos, abrindo portas aos
decaídos no mal, socorrendo as viúvas aflitas, alimentando a
criança desnutrida.
Sabendo-se, pois, que Espiritismo é revivescência do
Cristianismo primitivo, tal qual nos ofereceu por herança o
nosso mestre Jesus, tenhamos a produtividade real do
médium com ele se fazendo um espelho de Jesus, em todo o
seu cotidiano. E, para isso, o fenômeno ostensivo não é
absolutamente necessário.
Pergunta: A mediunidade só é praticada no Espiritismo? Ou
seja, todo médium é um espírita?
Resposta: A religião dos Espíritos Superiores é o
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos
Espíritas Amor e Esperança
fundamento do espírita, que nela busca a sua integração
com o mais alto, sem necessidade de ser portador da
mediunidade ostensiva. Já os que se voltam para a
mediunidade, nem sempre se ocupam das conseqüências
morais que a presença de Espíritos Superiores nos trazem e,
por isso, podem ser medianeiros em busca de fenômenos,
sem se ocuparem da implicação moral na sua vida. Contudo,
esses que hoje são médiuns, mas que se fazem servidores
de pensamentos mágicos, por certo, em reencarnações
futuras, após se libertarem da própria leviandade a que se
jungiram, virão a ser espíritas-cristãos ou médiuns a serviço
do bem. Até lá, porém, cuidemos da seara a que nos
incorporamos. Jesus assegurou-nos que, no tempo certo, o
Ceifeiro Divino recolheria o trigo saudável e bom, e confiaria
o joio à fornalha da vida, para que nos refizéssemos.
Pergunta: Muitas pessoas procuram os centros espíritas
alegando serem portadoras de mediunidade. Como elas
devem ser tratadas?
Resposta: Recebamo-las com muito carinho e atenção.
Muitas delas chegam aos núcleos espíritas como portadoras
de disfunções orgânicas ou espirituais e, sem cogitar se
serão ou não médiuns, devem ser levadas ao encontro do
Evangelho. Observemos, também, que disfunções
hormonais, notadamente em quem está no climatério ou em
ciclo de menopausa, podem levar-nos a interpretar os
fenômenos orgânicos como se fossem sinais de
mediunidade. Além de ouvi-los, pois, busquemos integrá-los
em tarefas assistenciais e outras em que poderão realizarse, mesmo quando em estado depressivo, ou quando dizem
sentir alguém ou alguma coisa à sua volta, ou vozes, ou
ruídos insistentes. Um estado de consciência culposa
também poderá remeter-nos a julgar que temos traços de
mediunidade ostensiva, quando, na verdade, estamos
simplesmente sendo chamados ao reajuste de nossos
valores. Sabendo-se, pois, que mediunidade é um encontro
com o cristianismo, patrocinemos esse encontro como
sendo um estágio preliminar ou preparatório para uma
função de mediunato futuro. O desenvolvimento mediúnico
não soluciona problemas de angústia, de depressão, de
avitaminose espiritual e, por isso, não devemos colocá-lo
como a principal e primeira necessidade dos que buscam
orientação e consolo, algumas vezes por indicação de
pessoas que desconhecem o que seja a tarefa mediúnica.
Pergunta: Qual a melhor forma de desenvolver a
mediunidade? Isso pode acontecer fora do Centro Espírita?
Resposta: A mediunidade não é faculdade privativa dos
espíritas ou dos agrupamentos espíritas. Essa faculdade é
comum na espécie humana. Convém, no entanto, quando se
cogite de seu desenvolvimento, que o candidato o faça
dentro de um agrupamento espírita-cristão, a fim de que
aquele que quer a mediunidade-cristã não sofra os
desencantos de quem não soube procurar a escola
apropriada. O trato, pois, da mediunidade deverá ser o
núcleo ajustado ao cristianismo, para que o fenômeno seja
conduzido por Espíritos sábios. No lar, que o candidato ao
mediunato dê saliência ao culto do Evangelho no lar,
deixando para cuidar dos fenômenos espíritas
exclusivamente nos agrupamentos ou núcleos do
Espiritismo-cristão.
Pergunta: Como conciliar o exercício da mediunidade com
os afazeres profissionais?
Resposta: Que ninguém se faça profissional da
mediunidade! Assim, concilie o seu tempo, administrando as
suas horas, a fim de servir mediunicamente nos momentos
que criou para a educação de seus sentidos nobres.
13
Lembremo-nos de que a profissão disciplina a criatura.
Nada, pois, justificaria alguém deixar de exercer a profissão,
que lhe assegurará o pão de cada dia, nas oficinas, nos
escritórios, nas indústrias, que nos abrem oportunidades
sagradas. Não podemos envolver-nos na falsa e mentirosa
alegação de que deveremos dedicar-nos exclusivamente à
mediunidade. Alguém que faça da mediunidade uma
espécie de profissão é, seguramente, alguém em que não se
deve confiar. Tomemos, a exemplo, Chico Xavier, que,
apesar da extensão do seu mediunato, em tempo algum
deixou de exercer a sua atividade profissional, ajustando-se
à sua missão espiritual sem tomar o desvio da
profissionalização de sua faculdade mediúnica.
Pergunta: Diante de tanto sofrimento que a humanidade
experimenta no momento, nota-se uma grande corrida das
pessoas em busca de abnegados servidores, portadores de
mediunidade. A faculdade mediúnica, então, atualmente,
fundamenta-se na consolação?
Resposta: Estamos em plena fase de evolução compulsória
e, por tal motivo, há um quê de insatisfação em cada homem
que ainda não despertou para os valores permanentes da
própria alma. O progresso, na sua expressão de bens
materiais, trouxe-nos o conforto e a nossa liberação para
outros valores que se encontram acima das coisas que nos
servem. A evolução, contudo, que deverá ser a decorrência
natural do procedimento de maturação da alma humana, cria
um conflito nas criaturas, demarcado pela escravização aos
bens perecíveis, e uma sensação de ausência de vida.
Observemos, portanto, que os que registram esses conflitos
naturais deste estágio evolutivo, devem, antes de buscar
médiuns, buscar as bases da religião dos Espíritos, a fim de
que se aclimatem mais rapidamente ao tempo do espírito. A
verdadeira consolação, de que necessitam, não deve ser
aquela que animalha o espírito, sem despertá-lo para a sua
realidade de vida eterna. Portanto, ao buscarem os médiuns
espíritas, deverão esses médiuns abrir-lhes um horizonte
Atualidade
Pergunta: O papel fundamental do Espiritismo é formar
médiuns para entrar em contato com o mundo espiritual?
Resposta: O papel fundamental da Doutrina Espírita é levarnos ao encontro do cristianismo redivivo e, por isso, temos
de convencer-nos, através de acurada observação, que,
hoje, o mundo espiritual é o universo em que já estamos
vivendo. O médium, nesse contexto, é simplesmente uma
ponte que se estende do plano espiritual para o plano dos
encarnados, criando-nos condições de nos analisarmos e,
por decorrência, revelar-nos os esforços que temos de
empreender para reajustar a nossa tábua de valores
espirituais. “Sois deuses”, afirmou Jesus. Se temos,
portanto, o poder de criação em nós mesmos, cada um
deverá assumir-se a si próprio, fazendo-se um vanguardeiro
da luz espiritual em favor daqueles que ainda não
despertaram para si próprios. Neste estágio, portanto, a
intuição é a grande faculdade. Por ela, em todos os
segundos de nossa vida, estamos a recolher informações de
ordem espiritual e, ao mesmo tempo, estamos sendo
convocados para contribuir abertamente para a realização
do cristianismo em nossas vidas, mesmo sem necessidade
de determos ou não a mediunidade ostensiva. Cada um de
nós tem a sua antena de intercomunicação silenciosa
abrindo-se para o mundo espiritual, fundindo-se com esse
mesmo universo natural durante todas as horas de sua vida.
Avançamos, assim, para a cristianização de nossa
humanidade.
Bibliografia: Perguntando e Aprendendo - Waldenir Aparecido Cuin. Ed. EME.
atualidade
Confiança
As relações entre encarnados e desencarnados através
de médiuns conscientes têm sido objeto de estudos dos
espíritas, há mais de 150 anos. Entretanto, dada a natureza
do processo de intercâmbio, suas sutilezas e variados
matizes, é sempre difícil o perfeito entendimento de um
determinado ato mediúnico.
A qualidade das relações com o além está diretamente
relacionada ao potencial mediúnico do intermediário, à sua
elevação espiritual, à persistência no caminho evangélico, à
prática mediúnica, ao conhecimento doutrinário e à fé
raciocinada.
Esses atributos permitirão um desenvolvimento mediúnico
tranqüilo possibilitando que o sensitivo alcance a plenitude
de sua capacidade mediúnica
O fenômeno mediúnico é normalmente complexo. Pode
realmente haver interferência maior ou menor do médium,
através do seu subconsciente, modificando o teor da
comunicação psicofônica ou psicográfica.
As conseqüências dessas interferências são em geral sem
maior importância. Há que se considerar que devemos
submeter todas as comunicações ao crivo da razão, julgar o
mérito de seu conteúdo, sobretudo, quando se tratarem de
14
mais amplo, ajustando-os às atividades redentoras que
principiam no exercício da caridade moral, sol ao longo do
nosso caminho. A faculdade mediúnica é um traço de união
entre as sombras de nossas inquietações e as luzes do mais
alto, levando-nos a despertar para a nossa realidade
pessoal. Não devemos, portanto, buscar tão-só consolação,
sob o risco de assumirmos a posição de vítimas indefesas.
Deveremos, isto sim, buscar respostas às nossas
necessidades de espíritos eternos.
esclarecimentos, orientações e previsões, lembrando
sempre que o importante é o que foi dito e não quem disse. O
trabalho evangélico não demanda profundos
conhecimentos. O intuito de fazer o bem, sem olhar a quem;
de ser útil sem recompensas; de agir no campo espiritual,
com base no amor, são garantias de um bom trabalho, sob a
proteção de entidades esclarecidas.
A não preocupação com os resultados é defesa segura
contra o orgulho e a vaidade, tão comuns entre os
encarnados.
As sementes do amor guardadas no cofre do egoísmo
jamais florescerão, mas, lançadas em terreno aberto, mesmo
nos áridos, sempre poderão se desenvolver fertilizadas pelo
amor. O espírita deve ter confiança, fundada na certeza que a
ele cabe lançar a semente e ao terreno desenvolvê-la.
O arado do trabalho doutrinário deve sulcar a terra, sem
que o seareiro olhe para trás, consciente que toda semente
de amor distribuída é potencial de luz que romperá um dia
iluminando a trajetória daqueles que a abrigaram em seus
corações, mesmo que não tenham percebido, ou
devidamente valorizado, a dádiva, quando a receberam.
Há momentos na vida, mesmo das instituições, difíceis e
complexos. Nessas ocasiões, com mais facilidade, a dúvida
se insinua nos corações destruindo a confiança, dificultando
a ação da espiritualidade maior.
Seareiro
Sabemos que o Universo é vibração. Conhecemos a lei da
harmonia vibratória. O equilíbrio gera vibrações de alta
freqüência, harmônicas com os planos espirituais mais
evoluídos, dedicados ao bem. Todo pensamento contrário ao
bem gera desequilíbrio produzindo vibrações de baixa
freqüência, compatíveis com as da espiritualidade inferior.
Vivemos onde colocamos nosso pensamento. Se for o de
dúvida e incerteza se harmonizará com as esferas infelizes;
se for o de confiança alcançará as esferas mais elevadas. A
dúvida e a falta de confiança são sentimentos destruidores
como a gota de água persistente: nada lhe resiste a ação, ao
longo do tempo. O verdadeiro espírita deve ser como o bom
servo do conto de Tuzitala, “A semeadura”, que passamos a
narrar:
Numa antiga herdade, o senhor chamou dois servos e
entregou-lhes sacos de sementes determinando que os
semeassem no planalto do penhasco que dominava a
propriedade.
Lá se foram os dois homens. Após longa e penosa jornada,
por planície escaldante, sem água ou vegetação útil, chegaram
ao sopé da montanha e principiaram a rude subida por entre as
pedras, que os feriam, tornando a caminhada muito penosa.
Chegaram ao topo da montanha; era um chapadão de
rochas, enegrecidas pelo tempo. Nenhuma vegetação.
Somente uma brisa fresca denunciava movimento, lembrando
vida. Do alto descortinavam o vale que impressionava por sua
beleza árida.
O mais jovem, afoito, olhou a paisagem e monologou: —
Meu patrão está errado, da semeadura sobre pedra nada
resultará. Não a farei e levarei as sementes de volta para que
ele lhe dê melhor destino. E, regressou sem cumprir a tarefa
que lhe fora atribuída.
O mais velho, pensou: As sementes sobre esta pedra não se
desenvolverão, mas elas pertencem ao patrão que é um
homem sábio e bom. Obedecerei às suas determinações, pois,
é esse meu dever. E, imediatamente, principiou a semeadura.
Terminado o serviço, retirou-se feliz por ter cumprido sua
obrigação.
Algumas horas depois, centenas de pássaros posaram
sobre o rochedo, comeram todas as sementes e voaram para a
planície.
Dias depois, chuva dadivosa caiu sobre aquela terra que há
muito não recebia em seu seio o precioso líquido.
As sementes distribuídas sobre pedra, ingerida pelos
pássaros, devolvidas à terra, respondia com a explosão da
vida. Como um milagre da natureza surgiram milhares e
milhares de brotos delicados, verdes e promissores,
prenunciando abundante colheita.
Como o bom servo, devemos, confiantes, lançar a
semente do amor no terreno que o Pai nos entregou - mesmo
que seja árido - confiantes que um dia ela brotará.
Homero Moraes Barros
perdendo suas oportunidades, conduzindo seus povos a
uma situação de dor e sofrimento coletivo; lembremos ainda
de Públio Lentulus Cornelius, Judas Iscariotes e Barrabás
que tiveram o contato direto com o Cristo e também
Temos sido alertados pela Espiritualidade a respeito de
sucumbiram.
“oportunidades” que nos são dadas assiduamente com
Tivemos um período conhecido como As Guerras Santas,
vistas ao nosso crescimento moral.
nas quais seus dirigentes conduziram a humanidade a uma
Esses alertas chegam até nós através das reuniões de
situação de extrema violência, usando como bandeira de
estudo doutrinário, das leituras que efetuamos sobre a
seus equivocados ideais a Justiça Divina.
Doutrina Espírita, bem como pelas mensagens
Citamos agora alguns exemplos os quais souberam
psicografadas que recebemos.
aproveitar suas oportunidades: Sócrates, Paulo de Tarso,
Embora tendo a Espiritualidade todo esse trabalho
Maria de Magdala, Francisco de Assis, temos também os
procurando nos auxiliar, nós agimos como se fôssemos
cristãos que eram colocados na arena a serem devorados
surdos ou fingimos não ouvir para nós mesmos e, quando
pelos leões, os enfermos que o Cristo curou e seguiram-no
ouvimos, ficamos em posição de espera de uma
posteriormente, bem como, aquele que estava na cruz ao
oportunidade deslumbrante, para realizarmos algo
lado do Cristo e despertou para a Vida Maior em seu instante
espetaculoso. Desejamos que um Espírito se materialize à
final daquela encarnação.
nossa frente, como o ocorrido a Paulo de Tarso em seu
Fizemos a explanação desses exemplos porque são neles
encontro com o Mestre Jesus, ou então, que alguém chegue
que nós nos espelhamos, e ficamos no aguardo de que o
até nós nos informando “olha esta é a sua oportunidade, você
mesmo aconteça conosco e, do qual se acontecesse
não pode perder”, “este é o seu momento.”
imaginamos que sairíamos vitoriosos, mas que na verdade o
Com certeza já atravessamos várias encarnações nessa
fracasso seria inevitável, tal a condição moral em que nós
expectativa inoperante e, se não modificarmos nossa
nos encontramos.
maneira de agir e pensar, perderemos mais esta encarnação,
Vamos refletir então nas oportunidades que
que, esta é sim uma grande oportunidade, ou melhor, a maior
desperdiçamos em nosso dia-a-dia e, para as quais somos
de todas!
alertados, como foi mencionado de início, as quais temos
Vamos citar alguns exemplos os quais já conhecemos
condições de aproveitar. Quantas vezes poderíamos ficar
para refletir sobre o aproveitar ou não as oportunidades:
calados numa contenda e evitarmos inimizades e até mesmo
Caio Júlio César - Imperador Romano, Pôncio Pilatos uma agressão física decorrente de uma resposta impensada;
Procurador Romano e Napoleão Bonaparte, que se auto
quantos dissabores poderíamos evitar dentro do nosso lar,
coroou Imperador da França, desviaram-se no caminho
ou mesmo, em nosso local de trabalho pelo mesmo motivo;
quantas vezes deixamos de dar atenção a
alguém alegando algum compromisso,
simplesmente para ficarmos a sós e não nos
sentirmos incomodados; quantas vezes nos
afastamos das pessoas por fazermos
Informe-se através:
interpretações equivocadas de algo que nos
E-mail: [email protected]
foi dito, ou que, muitas vezes as pessoas se
www.espiritismoeluz.org.br
afastam de nós por fazermos comentários
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impensados que acabam por ofender o
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de conformidade com os ensinamentos
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos
Espíritas Amor e Esperança
15
próximo; quantas vezes nos encolerizamos no trânsito, na
fila do supermercado, num banco, ou aguardando um
atendimento médico, ou esperando uma condução,
situações nas quais deveríamos estar desenvolvendo a
paciência que não temos; quantos convites recebemos com
a finalidade de realizarmos algo de útil em nossos Templos
de estudo doutrinário; quantas vezes já recebemos convites
de hospitais para realizarmos algum trabalho voluntário;
quantos de nós deixam de estudar, tendo livros em casa;
quantos de nós deixam de participar ou implantar o
Evangelho no Lar; quantos de nós deixam de cumprir com os
seus deveres dentro de casa, deixando tudo jogado para que
alguém coloque no lugar aquilo que espalhamos; quantas
vezes gritamos com nossos filhos, pais ou cônjuges
desequilibrando o ambiente do lar provocando a revolta ou a
mágoa destruidora.
Poderíamos continuar relacionando várias situações, mas
talvez se tornaria muito depreciativo; entretanto, temos de
ser severos para conosco, enxergarmos o que somos,
lutarmos contra nossas deficiências e, aproveitarmos esse
conjunto de oportunidades as quais compõem a nossa
encarnação e, quem sabe um dia após nos renovarmos,
venhamos a ter condições de realizarmos algo além daquilo
que hoje é apenas nossa obrigação - “essas oportunidades” e, lembrar de recorrer ao Evangelho para não nos perdermos
no caminho, lembrando que recorrer ao Evangelho é aplicálo em nós mesmos.
Fizemos esses apontamentos após refletirmos numa lição
que abaixo segue “Por um pouco” do Livro “Fonte Viva” de
Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier:
“Escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus do
que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado” Paulo
(Hebreus, 11:25).
Nesta passagem refere-se Paulo à atitude de Moisés,
abstendo-se de gozar por um pouco de tempo das
Canal Aberto
canal
suntuosidades da casa do Faraó, a fim de consagrar-se à
libertação dos companheiros cativos, criando imagem sublime
para definir a posição do espírito encarnado na terra.
“Por um pouco”, o administrador dirige os interesses do
povo.
“Por um pouco”, o servidor obedece na subalternidade.
“Por um pouco”, o infeliz padece privações.
Ah! se o homem reparasse a brevidade dos dias de que
dispõe na Terra! se visse a exigüidade dos recursos com que
pode contar no vaso de carne em que se movimenta!...
Certamente, semelhante percepção, diante da eternidade,
dar-lhe-ia novo conceito da bendita oportunidade, preciosa e
rápida, que lhe foi concedida no mundo.
Tudo favorece ou aflige a criatura terrestre, simplesmente
por um pouco de tempo.
Muita gente, contudo, vale-se dessa pequenina fração de
horas para complicar-se por muitos anos.
É indispensável fixar o cérebro e o coração no exemplo de
quantos souberam glorificar a romagem apressada no
caminho comum.
Moisés não se deteve a gozar, “por um pouco”, no clima
faraônico, a fim de deixar-nos a legislação justiceira.
Jesus não se abalançou a disputar, nem mesmo “por um
pouco”, em face da crueldade de quantos o perseguiam, de
modo a ensinar-nos o segredo divino da Cruz com
Ressurreição Eterna.
Paulo não se animou a descansar “por um pouco”, depois de
encontrar o Mestre às portas de Damasco, de maneira a legarnos seu exemplo de trabalho e fé viva.
Meu amigo, onde estiveres, lembra-te de que aí
permaneces “por um pouco” de tempo. Modera-te na alegria e
conforma-te na tristeza, trabalhando sem cessar, na extensão
do bem, porque é na demonstração do “pouco” que
caminharás para o “muito” de felicidade ou de sofrimento.
Roberto Cunha
Bibliografia: Fonte Viva - Francisco Cândido Xavier, pelo espírito
Emmanuel. Ed. FEB. 30ª ed., 2002.
aberto
Este espaço é reservado para respondermos às dúvidas que nos são enviadas e para publicações dos leitores.
Agradecemos todas as correspondências e e-mails recebidos. Reservamo-nos o direito de fazer modificações nos textos a serem publicados.
Ao Bandeirante do Evangelho Novo:
Allan Kardec
Disseste: Trabalho e Solidariedade e Tolerância,
E codificaste, a augusta e coerente Religião...!
Era treva! Reinava na Terra a escuridão;
Envolvida em crepe vacilava a humanidade
Em meio a treva trouxeste a “claridade”,
Vertente, da mais cristalina Região...
Legaste-nos a Luz! Amainaste a tempestade
Louvam-te os humanos, a cada nova geração
“Mola propulsora” da mais bela religião
Que gira em Deus e Cristo e Caridade...
RIVAIL! Penetraste do sepulcro a profundeza
Com a intrepidez do teu leonino estoicismo,
E lhe desvendaste os “arcanos” com clareza!
Faze, oh exemplo desassombrado do Idealismo
Com que os homens se congreguem na lhaneza,
Que imortalizou sobre a Terra, o ESPIRITISMO.
***
Quando o mundo submergia no desespero e na aflição,
E o ódio imperava e a descrença e a inoperância...
16
E o mundo tremeu; tremeu mas reconheceu-te a elegância
E a transcendentalidade com que colimou-se a tua missão
Os humanos, tu os alcandoraste com a maior Revelação,
E, foste dela, o Intérprete, sem orgulho ou arrogância!
MESTRE EMÉRITO! Pedagogo e Poliglota e Professor,
A Luz Divina tu a projetaste por entre o Povo,
E da Verdade foste o excelso e venerando tradutor!
Permita-me que esta homenagem simples te hipoteque,
Oh intrépido Bandeirante do “EVANGELHO NOVO”...
Oh missionário da NOVA LUZ... ALLAN KARDEC...!
***
O Espiritismo é a Ciência que estuda a origem, a natureza e
o destino dos Espíritos, e as relações que existem entre o
mundo corporal e o mundo espiritual.
Preferível recusar-se noventa e nove verdades, a aceitarse uma só mentira! Hippolyte Léon Denizard Rivail
Texto enviado por Domingos A. Monzillo - São Bernardo do Campo - SP
Seareiro
Tema Livre
tema
livre
Influência Espiritual dos Encarnados
Temos o costume de ler e discutir a influência que os
Espíritos exercem em nossa vida diária.
Algumas pessoas, quando têm conhecimento de algum
ato anormal de um companheiro, já emitem o parecer
dizendo, inadvertidamente, que “Fulano agiu sob a influência
dos espíritos.”
A Doutrina Espírita tem vasta coleção de livros que explica
como se dá a influência dos espíritos em nossa vida diária.
Aqui, queremos tratar de outro tipo de influência, aquela
que se dá de encarnado para encarnado.
Quantos de nós não ficamos dando palpite na vida alheia,
nos vestindo da capa de sabedoria (que não possuímos) e
aconselhando os nossos companheiros nas atitudes a
serem tomadas frente às situações que se apresentam?
Além dos conselhos, ficamos “buzinando” na cabeça
daquele que queremos influenciar, uma idéia ou uma atitude
que nós queremos que ele faça.
Vemos lares que são desfeitos por influência de estranhos
que não suportam ver a felicidade de alguém.
Observamos companheiros tentando resistir aos vícios,
mas de tanto os chamarem de volta, acabam cedendo e
caindo novamente naquilo a que eles fragilmente resistiam.
Ouvi, certa vez, a frase: “Para o erro há vários te
convidando, mas para uma reunião de estudo do Evangelho,
poucos te chamam.”
Temos que vigiar a nossa língua, pois ela pode ser o
instrumento de nossa perdição.
Quantos companheiros nossos estão vacilantes nas boas
resoluções, mas, ao invés de encontrarem palavras de
ânimo e incentivo, encontram o empurrão que derruba para o
buraco.
Os livros espíritas, principalmente os romances, estão
repletos de histórias de personagens que ficam instigando o
mal no coração alheio, que se deixam levar e acabam
cometendo atos de que se arrependem amargamente, pois
precisarão resgatá-los com muitas dores e sofrimentos.
Quantos há que não cometem o ato tresloucado de tirar a
vida do semelhante, mas ficam incitando outros através da
maledicência, da palavra maliciosa que cria ou desperta
verdadeiros monstros contra os quais lutamos para que
fiquem sufocados dentro de nós. Aquele que sugere ou incita
é tão criminoso quanto aquele que levanta a mão e desfere o
golpe. Aos olhos de Deus nada escapa.
Precisamos ficar atentos se não estamos nos deixando
levar por estas influências perniciosas e resistirmos às
nossas próprias más tendências. Para isso é necessário o
estudo do Evangelho, boas leituras, a oração que nos liga a
Deus e a Jesus e a prática da caridade.
Somos responsáveis por nós mesmos. Pelo que fazemos
ou pelo que os outros façam por nossa sugestão.
Cabe sempre a advertência de Jesus: “ORAI E VIGIAI”
Vitório
Sinto-me só! Imensamente só!
Tenho fome...
Uma fome de afeto, uma fome de compreensão,
uma fome de ternura... de ternura... que me faz
chover lágrimas dos olhos e me faz soluçar torturado, qual se
mais não fora do que urna criancinha abandonada a rogar
pelo olhar materno...
— Materno?!
Minha mãe...
Onde terei deixado a velhinha, que lembro agora, tão
acalentadora, cujos olhares tantas vezes censurei, por dizêlos doces demais... e, por doces, tolos demais!
Ficou numa enxerga... Ficou... Onde será que a deixei?!
— Oh! Mãe... Oh! Mamãe...
Ah! Positivamente deliro... Sei que mamãe morreu... No
entanto, estou a vê-la, esgazeada pelas minhas lágrimas ...
Estou a vê-la e a senti-la juntando-me as mãos e pondo-me
genuflexo... acariciando-me os cabelos com ternura... com
ternura...
Quero chorar em seu regaço!
— Quem, mamãe? Ver o quê, mamãe?
Sim! Lembro-me de já tê-la ouvido narrar esse
acontecimento... Mas, já vai tanto tempo! Por que lembrarme agora dessa estrebaria a que não dei atenção e desse
Jesus de quem apenas eu recolhia tão vagas referências?
Eram histórias de Natal...
Ela insiste brandamente!
Contemplo, lacrimejando.
No cenário singelo, destaca-se a manjedoura.
Capim ressequido forra o tabuleiro usado para alimentar
os animais, que estão estranhamente aquietados. E Maria,
pós envolver o filho num olhar de ternura, confia-o às palhas
Retrato de uma Alma
Que desfalecimento...
Parece que me abismo em sonhos!
Sonho ou pesadelo... nem sei!
Este não pode ser, naturalmente, aquele mundo que
deixei inda ontem, para um breve sono. Não pode ser o
mesmo. Há tão esmagadoras e alucinantes diferenças que
me atinge a alma esse gosto amargo de decepção...
Pois ainda ontem eu era rodeado de amigos!
E onde estão?
Mal me descubro enredado nessa inexplicável e terrível
trama que me envolve e abala e já os descortino afastandose de mim, qual se distanciassem de misérrimo leproso!
E minha família...
Onde estão os meus?
Oh! Não! Agora me lembro que tantas preocupações a
atender não me permitiram nutri-Ia com a seiva da paz e da
serenidade... E meus filhos?... E minha esposa?... Onde
estão?
E minhas esperanças...
E minha auto-suficiência?
Ah...
É um vento glacial que me sopra no coração, crestando o
que sempre me parecera, até ontem, o mais belo campo do
universo, o mais fértil e generoso vale de todos os rincões...
Urna dor imensa me tritura!
Tudo perde o sentido, o sabor! Meus sonhos se
transfiguram, esmaecem, qual paisagem vencida pela neve
que aniquila os rebentos nutrientes.
E os dias se arrastam...
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos
Espíritas Amor e Esperança
17
da manjedoura...
— Afugentemos a desesperação, filho meu!
A voz de mamãe vibra-me no imo.
— Reveja o símbolo imortal do Evangelho. Jesus, ao
nascer, se ajustou à manjedoura para servir de alimento a
todas as criaturas que atingissem a invernal estação da alma
e que não mais encontrassem no mundo a razão de seu
sustento. Quando todas as paisagens de nossas ilusões
forem varridas e a fome de espírito nos devorar as entranhas,
surge a manjedoura, o tabuleiro em que Jesus se deixou
repousar, convidando-nos a desvestir do manto do orgulho e
do egoísmo e adentrarmos o estábulo da humildade para
alimentarmo-nos na Manjedoura da Vida.
Suas mãos me afagavam os cabelos.
Chegou o inverno em sua alma. As suas ilusões foram
duramente varridas pelo vendaval que suas loucuras e suas
paixões desencadearam. No auge da tormenta, alegro-me
em identificar-lhe a necessidade do alimento que você jamais
desejou. Já o campo de sua antiga vida se tornou ressequido
e nada dele o alimenta. É a vez de Jesus...
Oh! Inusitada acuidade me visita!
— Senhor!
Embora indigno de rogar-te comiseração, permite-me
Livro em Foco
livro
rever-te, pelas lentes de minha imaginação, naquela
manjedoura, oferecendo-se ao mundo por alimento que se
toma, após crestadas as paisagens de nossas ilusões.
Não te compreendi, antes da dor.
Não te compreendi, antes do sofrimento.
Não te compreendi, Senhor, enquanto me julgava por
demais solicitado no mundo, amealhando os tesouros que
me confiaste, guardando os bens que me doavas para
administrar, dedicando apenas aos que me açulavam a
vaidade e me nutriam o orgulho...
Agora, Senhor, te compreendo!
Desde o primeiro instante em nosso mundo, tu te ofertaste
por alimento aos que, como eu, teriam fome no inverno da
alma, e, mesmo indigno, embora mendigo de compreensão e
ternura, ouso suplicar-te: ampara-me a mim, Senhor, e aos
que, como eu, ainda não te compreenderam e que
prosseguem em seus loucos pesadelos de possuir o mundo,
quando na realidade o mundo nos possui...
Silêncio reverente!
Mamãe também chora...
Identifico-me genuflexo aos seus pés, em soluços de
reconhecimento, sentindo as lágrimas de minha Velhinha,
que me alcançam e se tornam preciosas pérolas a
tremeluzirem dentro de meu próprio coração!
Roque Jacintho
em
foco
o seguinte: “Em todas as provas que te assaltem
os dias, considera a quota das bênçãos que te
rodeiam, e, escorando-te na fé e na paciência,
reconhecerás que a Divina Providência está
Nesta edição, trazemos o comentário sobre
agindo contigo e por teu intermédio, sustentandoo livro “Rumo Certo”, psicografado por
te, em meio dos problemas que te marcam a
Francisco Cândido Xavier, ditado por
estrada, para dar-lhes a solução”.
Emmanuel, em 1971.
É um livro que, sem fantasias ou ilusões, nos
Como o próprio autor espiritual coloca na
mostra
os obstáculos que colocamos em nosso
introdução, não há “qualquer pretensão de
caminho
e os atalhos tortuosos que teimamos
ordem pessoal no título deste livro”, ou seja,
percorrer,
mas, em várias lições, lembra-nos do
ele também, com humildade, se coloca como
amparo
constante
que nos é oferecido por Deus,
uma criatura falível e em evolução, como todas
para
que
possamos
adquirir virtudes e ainda nos
que estão sobre a face da Terra.
recomenda
que
“nos
dias difíceis, reflete nos
Dedica ele o livro para aqueles que já se
outros
dias
difíceis,
que
já
se foram”.
Francisco
Cândido
Xavier
reconhecem necessitados de paz interior, ou
pelo espírito Emmanuel
Esta
obra
é
composta
de 60 lições, em sua
seja, buscando um rumo certo para se integrar
FEB - 216 páginas
maioria
de
duas
a
três
páginas, tornando-se
a Jesus.
9ª edição
assim,
uma
leitura
fácil
para
os momentos de
Traz-nos conceitos edificantes, abordando
descanso ou intervalos dos nossos trabalhos diários,
tópicos do dia-a-dia, tais como o desânimo, lutas diárias,
proporcionando material riquíssimo para a nossa reflexão.
tentações,compromissos familiares.
É, acima de tudo, um incentivo para perseverarmos no
Acima de tudo, é um livro que nos lembra das dificuldades
bem
através do trabalho e da participação.
do convívio com o nosso semelhante, mas, também, recorda
Família Amado
Rumo Certo
Contos
contos
Dona Borboleta no Mundo Espiritual
Amiguinhos, quem ficou triste porque a Dona Borboleta
desencarnou, agora poderá se alegrar, pois ela continuará a
contar as histórias que ela vive.
Tudo isto porque a morte não existe.
Logo depois que a Dona Borboleta desencarnou, ela foi
levada pelos amigos espirituais dela. Eram as borboletas
que ela ajudou ou outros bichos que sempre foram
companheiros dela.
18
Eram pássaros, lagartas, minhocas, abelhas e muitos
outros bichos que vieram acompanhá-la para o jardim
espiritual onde ela ficaria para se adaptar à nova situação.
Levaram-na com muito carinho para uma enfermaria, pois
ela estava desacordada e não entendia o que se passava a
sua volta.
Passados alguns dias em que ficou sendo atendida pelos
amigos, começou a conversar com eles. Falou para a Dona
Seareiro
Abelha, que estava ao lado da sua cama:
— Amiga Abelha, todos, quando desencarnam, vêm para
este hospital para serem tratados?
— Não — respondeu a Dona Abelha — alguns não viveram
uma vida muito tranqüila, não se esforçaram para se
melhorar, não praticaram a caridade. Estes, quando
desencarnam, se juntam aos que têm o mesmo
pensamento, ou seja, com bichos que estão em uma
situação de infelicidade espiritual.
— E por que eu estou aqui? perguntou a Dona Borboleta,
não se reconhecendo merecedora de tanto carinho por parte
dos amigos.
— Você, amiga, se esforçou para semear o bem à sua
volta. Cada um que você ajudou num momento de tristeza,
foi uma etapa de aprendizado. Você começou a aprender a
viver no mundo espiritual quando começou a ajudar os
bichos do jardim. Lembra quando você ajudou a família de
pássaros orientando-os a fazerem o Evangelho no Lar?
A nossa amiga borboleta relembrou que o passarinho era
muito rebelde e ela orientou o Senhor Pássaro a ensinar a
moral cristã para o seu filho, e comentou:
— Mas eu não fiz nada, somente mostrei como podiam
encontrar o entendimento entre eles, orando e conversando
sobre os ensinamentos de Jesus.
— Pois é, amiga, mas graças ao seu incentivo e à sua
orientação, eles puderam restabelecer a harmonia no lar.
São estes pequenos gestos que nós fazemos por amor ao
nosso semelhante que nos fazem melhorar espiritualmente.
Dona Borboleta, após esta conversa, ainda ficou de
repouso por mais alguns dias. Uma bela manhã, ao receber
a visita da Dona Lagarta, perguntou a ela:
— Dona Lagarta, eu já estou cansada de ficar deitada,
somente repousando. Aqui no mundo espiritual, nós não
trabalhamos?
A Dona Lagarta abriu um sorriso e respondeu:
— Nada na natureza fica sem trabalhar. Se a borboleta não
for até a flor e buscar o seu alimento ela morre de fome. A flor,
por sua vez, busca o seu alimento através da suas raízes. Do
mesmo jeito que na Terra todos devem trabalhar, aqui não é
diferente. Levarei você para dar uma volta pelo jardim
espiritual.
Ambas, Dona Borboleta e Dona Lagarta, foram dar uma
volta pelo jardim espiritual e viram que todos os bichos
trabalhavam intensamente, mas de uma forma diferente. No
jardim da Terra, todos procuravam trabalhar somente para o
próprio alimento. Já no jardim espiritual, os bichos
trabalhavam para ajudar uns aos outros.
Dona Borboleta vendo tanto bicho ajudando, ficou feliz e
disse:
— Quero ajudar no que puder. Na Terra sempre sentia
felicidade quando ajudava alguém que estava sofrendo.
Quero continuar a ajudar para sentir a mesma felicidade.
A partir deste dia, Dona Borboleta não mais parou de
ajudar. Primeiro, trabalhava para os bichos que estavam
doentes na Terra. Vinha em espírito fazer orações ao lado
dos bichos doentes, pedindo a Deus que os abençoasse.
Depois, ia aos lares em que havia muita briga e discussão.
Da mesma forma orava para que eles não brigassem mais e
falava no ouvido deles sugerindo que fizessem o Evangelho
no Lar. Algumas vezes os bichos não aceitavam esta
sugestão e continuavam brigando, outras vezes,
começavam a se acalmar e se entendiam depois de estudar
os ensinamentos de Jesus.
Dona Borboleta não descansava. Quando sabia que algum
bicho precisava de ajuda, lá ia ela tentar ajudar, mas sempre
falava:
— Não faço nada demais. Somente oro a Deus para que
Ele ajude no problema.
Um dia, soube que uma flor estava em depressão. Era o
Senhor Girassol. Vivia triste, com as folhas murchas, nem
queria mais abrir sua flor.
Dona Borboleta foi, em espírito, até ele e começou a intuir
que ele reparasse na beleza do jardim à sua volta e de
quanto bem ele poderia fazer para todos.
No começo o Senhor Girassol não sentia as sugestões da
Dona Borboleta, mas ela não desistiu. Voltava sempre para
"assoprar" no ouvido dele sugestões boas. Até que um dia
ele começou a sentir o envolvimento amoroso da Dona
Borboleta e começou a reparar na beleza do jardim. Depois a
Dona Borboleta começou a sugerir que ele ajudasse alguém.
O Senhor Girassol começou a se esforçar, mas tinha dia
que ele ainda ficava desanimado.
Um belo dia de sol, Dona Borboleta chegou perto do
girassol e intuiu:
— Amigo, repare na beleza deste jardim, sinta como o sol
aquece a todos nós. Quando você recebe a água da chuva
você fica todo limpo e o ar fica mais puro. Se você gosta de
tudo isto que recebe de Deus, por que não agradecer estas
bênçãos ajudando aos outros bichos?
E o Senhor Girassol pensava:
“Hoje estou me sentindo bem. Gostaria de ajudar alguém,
mas não sei como fazer.”
Dona Borboleta logo "assoprou" para o Senhor Girassol:
— Não precisa fazer nada demais. Somente faça o que
Deus lhe colocou para fazer.
Depois de muito pensar o Senhor Girassol chegou a uma
conclusão:
— Já sei, vou abrir uma flor bem grande e bonita para que
os pássaros possam ter bastante semente para se alimentar!
E assim foi. O Senhor Girassol abriu uma grande flor e
vários pássaros que não estavam encontrando alimento
correram para comer algumas sementes.
Os pássaros agradeciam cantando felizes e o Senhor
Girassol se sentia bem e esquecia aquela tristeza.
Dona Borboleta ficou feliz por ajudar o Senhor Girassol e
este saiu da depressão e passou a sempre
ajudar a todos, seja com as suas
sementes ou com palavras de
conforto e otimismo sempre
agradecendo a Deus por todas as
bênçãos que rodeavam a
todos.
Assim, meus amigos,
Dona Borboleta continuou
no mundo espiritual,
trabalhando para ajudar
a todos e semeando a
felicidade nos corações
dos bichos que sofrem.
Com isto ela sempre
estava feliz e em paz.
Adolpho
Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança”
Reuniões: 2ª, 4ª e 5ª às 20 horas Evangelização Infantil: ocorre em conjunto às reuniões Tratamento Espiritual: 2ª e 4ª às 19h45
3ª e 6ª às 14h45
3ª e 6ª às 15 horas Atendimento às Gestantes: 2ª às 15 horas
Domingo às 10 horas Artesanato: Sábado das 10 às 16 horas Rua das Turmalinas, 56 / 58 - Jardim Donini - Diadema - SP
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Espíritas Amor e Esperança
19
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