abcdefghijklmnopqrstuvwxyyz Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 8 - nº 73 - Novembro/2007 Distribuição Gratuita Antônio Luís Sayão Nesta edição: Influência Espiritual dos Encarnados O Orgulho e a Humildade Conquistando um Espaço Retrato de uma Alma Desencontros Onde Tudo Começa Mediunidade PROIBIDA A VENDA Editorial editorial Já nos alertou o Espírito de Verdade: “Espíritas, amai-vos, eis o primeiro ensinamento. Instruí-vos, eis o segundo”. Quando iremos atender ao convite do Mestre? Em O Livro dos Médiuns, vemos, em sua Introdução, Kardec afirmar que as “... dificuldades e desenganos, com que muitos topam na prática do Espiritismo, se originam da ignorância dos princípios desta ciência...” E o que temos visto no meio espírita hoje? Periódicos espíritas que se parecem mais com colunas sociais, onde os trabalhadores deveriam estar anônimos, mas que aparecem em fotos que ocupam espaços valiosos que deveriam trazer apenas ensinamentos cristãos. Dirigentes espíritas que inseriram em seus agrupamentos diversos tipos de supostos tratamentos que nada têm a ver com a Doutrina Espírita: sessões de reiki, cromoterapia, pirâmides, acupuntura, passes especiais com letras e números que iludem as criaturas desavisadas de que estes passes seriam mais “fortes” que outros, como se a Espiritualidade Superior, que é quem manipula os fluidos dos passes, fizesse distinção entre as criaturas; exercício mediúnico sem o estudo devido dos participantes, tornando-os presas fáceis de espíritos inferiores; estudo, nas reuniões, de livros doutrinariamente questionáveis, em detrimento das obras básicas e as psicografadas por Chico Xavier, que podemos dizer ser a base da Doutrina Espírita; sessões de desobsessão com a presença da criatura obsidiada, como se fosse o recomendado por Kardec ou por André Luiz, e outras práticas estranhas ao Espiritismo. E isto tudo por absoluta falta de estudo! Temos também palestras espíritas com o pagamento ao palestrante, ou com as despesas de viagem ou de estada, como se não tivesse que se dar de graça o que de graça recebeste; palestras com cobrança aos ouvintes, em dinheiro ou de um quilo de alimento ou de qualquer outra coisa, o que torna inviável o Evangelho do Cristo a quem necessite desta ajuda, e não tenha como pagar. E tem espírita que concorda e apoia eventos desta natureza. Alegam que são para fins sociais. Mas desde quando os fins justificam os meios? Kardec em sua obra “Viagem Espírita em 1862” não deixou claro que, em suas viagens, ele foi até onde o seu bolso permitiu? E por último, temos que acompanhar ditos espíritas apoiarem tese absurda de tais “crianças índigo e cristal”, importada dos Estados Unidos, e criada por espíritos alheios aos processos reencarnatórios e mesmo da Doutrina Espírita, e que são acolhidas no meio espírita, como se em Kardec encontrassem respaldo. Espíritos inferiores e compromissados por milênios, aparecem como espíritos de escol, que irão auxiliar a humanidade. E ainda afirmarem que o nosso Chico Xavier seria uma criança cristal. Resumir uma reencarnação missionária como a dele, todo um trabalho de trazer à lume mediunicamente 412 obras que não teremos por milênios como dimensionar a sua seriedade, a sua própria condição espiritual, a uma denominação destas? Quanta bobagem! Onde está o estudo da Doutrina de Jesus? Devemos nos preocupar com a fidelidade espírita-cristã, já que fomos nós mesmos que desvirtuamos a Doutrina do Cristo nestes 20 séculos, e a Misericórdia Divina está nos dando novas oportunidades de refazermos os desvios que causamos. Será que optaremos por novos desvios? Será que caminharemos para uma ostentação e uma busca de centralização de poder, frutos do orgulho e do egoísmo, culminando num futuro Vaticano Espírita, numa clara traição ao Mestre? Estudemos o capítulo Falsos Cristos e Falsos Profetas, do Evangelho, e reflitamos! Vigiemo-nos e oremos! Equipe Seareiro ÍNDICE Grandes Pioneiros: Antônio Luís Sayão - Pág. 3 Evangelização Infantil: Onde Tudo Começa - Pág. 8 Cantinho do Verso em Prosa: Natal do Vencedor - Pág. 9 Terceira Idade: Conquistando um espaço - Pág. 9 Kardec em Estudo: O Orgulho e a Humildade - Pág. 10 Clube do Livro: Atareve - Os Olhos da Vingança - Pág. 11 Família: Desencontros - Pág. 11 Esperanto: Quem foi Zamenhof? - Pág. 12 Entrevista: Mediunidade - Pág. 12 Atualidade: Confiança - Pág. 14; Oportunidades - Pág. 15 Canal Aberto: Ao Bandeirante do Evangelho Novo: Allan Kardec - Pág. 16 Tema Livre: Influência Espiritual dos Encarnados - Pág. 17; Retrato de uma Alma - Pág. 17 Livro em Foco: Rumo Certo - Pág. 18 Contos: Dona Borboleta no Mundo Espiritual - Pág. 18 Banca de Livros Espíritas “Joaquim Alves (Jô)” Livros básicos da doutrina espírita. Temos os 417 livros psicografados por Chico Xavier, romances de diversos autores, revistas e jornais espíritas. Distribuição permanente de edificantes mensagens. Praça Presidente Castelo Branco - Centro - Diadema - SP Telefone (11) 4043-4500 com Roberto Horário de funcionamento: 8 às 19h30 Segunda-feira à Sábado 2 Seareiro Publicação Mensal Doutrinária-espírita Ano VIII - nº 73 - Novembro/2007 Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança CNPJ: 03.880.975/0001-40 CCM: 39.737 Seareiro é uma publicação mensal, destinada a expandir a divulgação da doutrina espírita e manter o intercâmbio entre os interessados em âmbito mundial. Ninguém está autorizado a arrecadar materiais em nosso nome a qualquer título. Conceitos emitidos nos artigos assinados refletem a opinião de seu respectivo autor. Todas as matérias podem ser reproduzidas desde que citada a fonte. Direção e Redação Rua das Turmalinas, 56 / 58 Jardim Donini Diadema - SP - Brasil CEP: 09920-500 Endereço para correspondência Caixa Postal 42 Diadema - SP CEP: 09910-970 Tel: (11) 4044-5889 com Eloisa E-mail: [email protected] Conselho Editorial Ana Daguimar de Paula Amado Fátima Maria Gambaroni Geni Maria da Silva José Roberto Amado Marcelo Russo Loures Reinaldo Gimenez Roberto de Menezes Patrício Rosangela Neves de Araújo Rosane de Sá Amado Ruth Correia Souza Soares Silvana S.F.X. Gimenez Vanda Novickas William de Paula Amado Wilson Adolpho Jornalista Responsável Eliana Baptista do Norte Mtb 27.433 Diagramação e Arte Reinaldo Gimenez Silvana S.F.X. Gimenez Imagem da Capa Adaptada de http://www.espirito.org.br/ portal/biografias/images/antonio_luiz_sayao.jpg Impressão Van Moorsel, Andrade & Cia Ltda Rua Souza Caldas, 343 - Brás São Paulo - SP CNPJ: 61.089.868/0001-02 Tel.: (11) 6764-5700 Tiragem 12.000 exemplares Distribuição Gratuita Seareiro Grandes Pioneiros grandes pioneiros Antônio Luís Sayão Surgia o ano de 1829. apertados, ora grandes demais, porém com a ajuda de um chumaço de algodão nas pontas dos mesmos, tudo ficava Como sempre costuma-se dizer “Ano novo, vida nova”. ótimo, dizia ele. Os livros eram emprestados ou estudados Mas para a espiritualidade, cada dia é o recomeçar de uma na biblioteca da própria república, onde viviam muitos nova vida. E, num certo dia, no Rio de Janeiro, precisamente jovens, que, prontamente deixavam material para os que no dia 12 de abril de 1829, retornava à Terra o proeminente chegavam, iniciando o curso. Foram anos de muitas lutas, espírito reencarnado de Antônio Luís Sayão, outrora cristão mas Antônio Luís conseguiu se formar em Ciências sustentando sua fé ao lado dos apóstolos de Jesus. Jurídicas, em 1852, na atual Faculdade de Direito da Chegava Antônio Luís num lugar paupérrimo, numa Universidade de São Paulo. Sua primeira atitude foi de casinha simples. Mas fora recebido com profunda alegria e agradecimento a Deus, pela ajuda que sempre recebeu de emoção por seus genitores. O pai, senhor Francisco Sayão, Jesus e de seus pais sempre presentes, através de cartas, era um homem do povo, trabalhador e honesto, labutando que, escritas com toda a simplicidade de um pai semiem vários empregos para que pudesse sustentar a família. analfabeto, transmitiam-lhe ânimo e muito afeto. Apesar de todas as dificuldades, Antônio cresceu num Retornou ao Rio de Janeiro e, ainda com dificuldade, ambiente sadio, sabendo respeitar a Deus pelos exerceu por muitos anos a profissão de advogado, abrindo ensinamentos católicos, religião seguida por seus pais. um escritório na Praça da Constituição, atual Praça O desejo de Antônio era o de estudar para tornar-se Tiradentes. Para tanto, aperfeiçoou-se na defesa dos alguém. Queria frequentar uma faculdade, onde ele pudesse criminosos, da tribuna do Júri. Encontrou apoio nos vultos entender de leis. Desde pequenino, perguntava ao pai por ilustres de grande expressão nessa área como Buch Varela, que todas as crianças não eram iguais. Na escola, ele Ferreira Viana que, na jurisprudência, se destacaram por passara a sentir que, entre as crianças, havia diferenças, imprimir clemência e novas oportunidades através do algumas eram bem arrumadas, levavam lanches apetitosos trabalho e da reeducação, para os chamados “delinqüentes e outras, como ele, tinham as roupas velhas e mal tinham um repugnantes”, pela sociedade. Antônio Luís de Sayão pedaço de pão para comer. Por quê? defendia a mesma tese com paixão. Muitas vezes era Seu Francisco, o pai, ficava sem saber ao certo o que criticado e muitas calúnias o envolveram, feitas essas por responder, mas dizia ao filho, com toda a candura e lealdade: promotores de gabarito que temiam ser esquecidos pela — Meu filho, sempre existiu a diferença entre todos aqui fama, com o aparecimento de um advogado pobre e ousado, na Terra. Isso porque uns são ricos e outros pobres como que sabia convencer um jurado com palavras que não nós. Mas, perante Deus, meu filho, somos todos iguais. A deixavam dúvida alguma. Tornou-se um notável advogado, nossa riqueza, filho, é a saúde e a alegria. Lembre-se por demonstrar não só com palavras, mas também com a sempre de que Deus, quando vê a fé nos corações das ação, pois muitas daquelas criaturas voltadas para o mal, criaturas, estará presente, num auxílio constante, para que foram recuperadas pelo trabalho, que Sayão arrumava junto se possa vencer os infortúnios da vida. a empresários amigos seus, e pela alfabetização, que Sayão Embora sem entender muito bem as colocações de seu conseguia com os professores que simpatizavam pela causa Francisco, o menino aceitava. Gostava de ter essas de reerguer os necessitados da alma. conversas com o pai. O próprio Antônio Sayão muitas vezes reunia esses O tempo passa e Antônio Luís já não é mais uma criança. recuperados e lhes ensinava, através da dramatização, os Tornou-se um jovem forte e estudioso. Para poder frequentar grandes nomes da arte de representar e os autores de peças a Faculdade de Direito de São Paulo, obrigou-se a arrumar teatrais. Muitos deles se interessaram tanto pela arte da um emprego que lhe desse o necessário para vencer na representação, que acabaram transformando-se em atores vida. Para tanto, mudou-se para a capital paulista. Teve sorte de peças famosas como “Rei Lear” e “Hamlet”, de William de empregar-se numa firma Shakespeare. No dia 7 de trabalhando como atendente. fevereiro de 1858, Antônio Luís de Onde o requisitassem ele ali Sayão foi eleito membro do estava pronto para cumprir suas Conservatório Dramático do Rio obrigações. Ganhava o suficiente de Janeiro, por consagrar-se para pagar a pensão, cujo aluguel nesses feitos clássicos. de um quarto simples dividia com Embora toda a sua ocupação, mais um estudante, pobre como sentia falta em ter alguém ao seu ele. Para vestir-se, Antônio Luís lado. Estava começando a sentir usava as roupas dos estudantes falta de uma família. Embalado com mais posses, isto é, filhos de nesses pensamentos, encontra famílias ricas. Esses jovens finalmente sua consorte, junto a gostavam muito de Antônio Luís. amigos que vieram de São Paulo Como ele era sempre o primeiro prestigiar o seu já famoso grupo aluno, destacando-se nas teatral. matérias mais difíceis, pediam a Após o primeiro encontro, Antônio que os ajudasse no sucederam-se outros até que o reforço dessas matérias. Por esponsalício deu-se em 1865. O isso, como ele não aceitasse amor unia o casal em sua pagamento pelas aulas, aceitava amplitude e um menino veio as roupas que eram para ele o completar a alegria da família. mais necessário. Ganhava Mas a felicidade desse lar Vitral da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo também sapatos, que eram ora representando o prédio da antiga Faculdade de Direito. estava ameaçada. A esposa de Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança 3 Sayão adoecera gravemente. Diante dos prognósticos medicamentos. Ele observa que o rapaz entrega o papel médicos, era uma doença incurável. Os parcos recursos da com o nome de sua esposa para um senhor alto, louro, de época não ofereciam condições de cura. olhos azuis, que, pegando o papel, olha-o passivamente, curvando levemente a cabeça, como num cumprimento Sayão, que sempre acreditou em Deus, buscava expressivo. Sayão, após responder ao cumprimento da alternativas através da fé. Nunca se apegara a religião mesma forma, fica atento ao desenrolar dos alguma, mas precisava de uma indicação. Em seu interior, acontecimentos. Nota que o homem se volta para a frente da quando implorava a Deus o caminho que deveria tomar, pois mesa e, pegando alguns frascos, coloca a tintura alguns médicos aconselhavam-no a ir à Europa, ele temia homeopática neles, adicionando a água destilada de um pela distância. E abraçava-se ao filho, agora com 10 anos, garrafão que estava à parte. Dali ele passa para outro para buscar resignação. compartimento e Sayão senta-se numa cadeira junto a No dia 11 de setembro de 1878, cheio de amarguras, outras pessoas que deveriam, como ele, estar esperando abatido e sem esperanças, caminhava ele pela Praça da serem chamadas. Constituição, quando encontrou-se com seu velho amigo, o Para ele, o tempo parecia não passar. Estava impaciente, senhor Cândido Mendonça. Esse, vendo seu estado quando o voluntário vem ao seu encontro e lhe entrega deprimente, ao dialogar com o antigo amigo, vê transformar vários vidrinhos com as recomendações homeopáticas. a alegria do reencontro em profunda tristeza. Sayão, meio desconfiado, toma os vidros da mão do rapaz, Transcorrido algum tempo de conversação, Mendonça, enquanto pensa: “Como dar meio constrangido, relata fatos esses remédios à minha esposa, de curas que soubera estarem se não se interessaram em saber acontecendo. Certificado da qual é a doença que ela seriedade do assunto, viu mesmo apresenta? O que esse médico que várias pessoas, cujas havia prescrito? Enfim, qual seria doenças eram tidas como o caminho a seguir?...” Saiu, incuráveis, sararam, não por porém, de suas reflexões quando milagres, mas por terem se o rapaz lhe chama a atenção: submetido ao tratamento — Senhor, por favor, volte homeopático feito por um senhor, assim que as homeopatias também advogado, chamado terminarem para darmos Francisco Leite de Bittencourt continuidade ao tratamento. Sampaio. Mendonça reafirma que os resultados são Meio confuso, ele indaga ao espantosos. E pergunta-lhe: rapaz: — Por que não tentar esse — Mas, o homem que tratamento? administrou essas medicações, pelo que fiquei sabendo, não Sayão, pensativo, responde ao sendo médico, como as preparou amigo: se nem quis saber qual Praça Tiradentes, antiga Praça da Constituição, Rio de Janeiro. — Desculpe-me, meu caro enfermidade minha esposa tem? Mendonça, mas não posso O voluntário tenta explicar: submeter a minha esposa, a quem tanto amo, às mãos de um homem, que, embora seja meu colega de profissão, não — Senhor, aqui nós acreditamos no maior médico do entende de medicina. E veja que ela está em tratamento com mundo, Jesus. É Ele que, através dos superiores Espirituais, os melhores clínicos que, graças a Deus, posso dar-lhe. E atua sobre o médium e este, orientado, segue a prescrição eles todos são unânimes em afirmar que não há mais o que do Alto. Se o senhor assim não crê, por que veio até aqui? fazer. Por isso esse meu estado deprimente. Meu filho está Apalermado diante da resposta e já saindo, resmunga: desolado. — Pelo menos é a última esperança... Tanto foi a insistência de Mendonça que Sayão resolveu ir Com vagar, as homeopatias foram dando resultados ao encontro de seu colega, no qual, segundo Mendonça, o positivos. Sayão via que dia a dia a palidez do rosto de sua que mais se destacava era a fé inabalável na Doutrina esposa dava lugar ao rosado nas faces. Ela já começara a se Espírita. E foi esse o ponto principal que despertou algo no alimentar e ter menos dores no corpo. As manchas também interior de Sayão. E ele quis saber mais a respeito dessa estavam desaparecendo. Aos poucos a alegria começava a religião. voltar àquele lar. E Sayão não se cansava de agradecer a Mendonça, entusiasmado, relatou-lhe fatos da Deus o retorno à vida de sua companheira. interferência dos espíritos na vida dos encarnados. O Passou a se interessar e a estudar o Evangelho. Nas assunto prolongara-se e, dizia Mendonça ao amigo: contínuas idas ao Grupo Confúcio e nos muitos diálogos com — Vá ter com Bittencourt, ele é um excelente médium. Bittencourt Sampaio, encontrou o “celeiro de luz” que No dia seguinte, Sayão vai à procura do médium, que iluminou e deu novo rumo à sua vida. Ajudado por vários atendia às pessoas no Grupo Espírita Confúcio. Sem pressa, amigos, apresentados por Bittencourt, Sayão, durante dois ele observou que gente de toda a comunidade carioca ali se anos, reuniu os adeptos do Espiritismo numa sala de sua dirigia para buscar remédios e esperar a vez de serem residência para estudarem profundamente os ensinos atendidos. cristãos, enquanto sua esposa se restabelecia. Positivamente, pensava Luís Sayão, o ano de 1878 fora um Num rápido momento, alguém se aproxima dele e marco em sua reencarnação: tornara-se espírita e a doutrina pergunta-lhe o que está fazendo ali. Sayão, meio esclarecedora lhe dera a oportunidade de entender o ontem angustiado, explica que viera conversar com o senhor e o hoje refletindo no amanhã. Bittencourt para levar remédios à sua esposa, gravemente enferma. O voluntário responde-lhe sem reservas: Numa dessas reuniões de estudos, em que vários médiuns já apresentavam mensagens psicografadas ao final — Aqui, senhor, os remédios homeopáticos são doados da reunião, foi ele surpreendido pela visita de um professor aos pobres e aos desenganados pelos médicos da Terra. de Filosofia muito habilitado nessa matéria, J. Rodrigues de Sayão ia responder nervosamente ao rapaz, quando vê Macedo. Após os abraços por tanto tempo sem notícias um que alguém vai ao interior da casa e, voltando rápido, do outro, o professor lamentou ter encontrado seu amigo às pergunta-lhe o nome de sua esposa. Anotado o nome numa voltas com “fantasmas”, dizia rindo, por não acreditar na vida folha de papel, o rapaz convida Sayão a acompanhá-lo. Ele eterna. adentra uma sala simples, com algumas cadeiras e, no Convidado para participar dos estudos, ao que aceitou, fundo, vê uma mesa sobre a qual estavam vários vidros de 4 Seareiro renderam-se discussões acaloradas a respeito do retorno à crescimento do grupo, o orgulho também crescera. Não Terra. No final da mesma, Sayão pediu a concentração para conseguindo o reajuste necessário para que a paz a mensagem final. Feita a prece, um dos médiuns recebe retornasse entre os freqüentadores, Sayão, Bittencourt e uma mensagem dirigida a Macedo. Este, ao lê-la, Frederico Júnior resolveram se afastar e juntos formaram um empalidece: a mensagem era de seu pai, desencarnado há novo Grupo, que recebeu o nome de Grupo dos Humildes, muitos anos em São João do Príncipe. Ali ele contava fatos sendo depois conhecido como “Grupo de Sayão”. Este não que somente Macedo sabia. A letra foi o que mais o gostava que assim se referissem ao grupo, dizendo que o impressionou, era perfeita, principalmente a assinatura e os agrupamento havia nascido das mãos de muitos tarefeiros, erros gramaticais que seu pai fazia, por não conhecer a principalmente pelo mentor espiritual, que continuava sendo norma culta do português. Ao se despedir de Sayão, disseIsmael. lhe, emocionado: As lutas continuavam. Sayão objetivava seu esforço para — Meu pai sempre foi de fazer-me surpresas, mas por que os agregados do núcleo estudassem a Doutrina Espírita essa jamais esperava. Conseguiu fazer-me acreditar na como Kardec deixara, sendo a base sólida pelo sobrevivência do espírito. entendimento cristão. Não usar a mesma só para facilitar a vida daquelas que se candidatavam às práticas Despediu-se feliz, dizendo que breve estaria ali para medianímicas. Novamente as discórdias se fizeram conhecer melhor a Doutrina Espírita. presentes. Como esses acontecimentos estavam Com a melhora e, podendo-se afirmar, a cura de sua atrapalhando os planos dos espíritos desse esposa, Sayão passou a requisitar, sempre grupo que estava sob a orientação de Ismael, que era preciso, os recursos homeopáticos de vem este, através do médium Frederico Bittencourt, que tornara-se o “médico” da Júnior, transmitir uma mensagem de ânimo, família. pedindo aos componentes encarnados firmar Certa ocasião, no período da tarde, quando o propósito de ser esse núcleo fiel aos ensinos Bittencourt acostumara-se a ir tomar chá com a de Kardec. Seria necessário prosseguir com a família e entreterem-se com a conversação, divulgação dos problemas concernentes às este levantou-se rápido, dizendo ter algo reencarnações sem misticismos. Com essa importante a fazer. Despediu-se e saiu. Meia mensagem direta do Alto, ao término da hora depois, um dos serviçais da casa, de reunião, junto de Bittencourt Sampaio ficou nome Celestino, chega da rua com as acertada uma nova reunião onde se filiariam compras, deixando tudo cair, pois não ao grupo aqueles que estivessem dispostos a agüentara a sufocação que o acometera na compartilhar do mesmo ideal de estudos, sem rua, chegando quase morto, sem poder falar. misturas religiosas e polêmicas inúteis. Nesse Todos correram a atendê-lo; Celestino estava novo núcleo formado no dia 15 de julho de ficando roxo. Sayão e a esposa lamentavam por Bittencourt não estar ali... queriam chamá- Francisco Leite de Bittencourt Sampaio 1880 Sayão fica no cargo de diretor dos trabalhos, acompanhado pelos médiuns lo, mas onde estaria? Sayão passou Frederico Pereira da Silva Júnior, João mentalmente a invocar o amigo, pedia-lhe que viesse o Gonçalves do Nascimento, Manuel Antônio dos Santos quanto antes, pois Celestino poderia morrer. E, nesse Silva, Francisco Leite de Bittencourt Sampaio e sua esposa momento, fortes pancadas na porta foram ouvidas por todos Isabel Maria de Araújo Sampaio. Todos com o mesmo ideal e a voz de Bittencourt que clamava: de Sayão. Nessa memorável noite, que fora inspirada pelo — Abram logo essa porta, antes que seja tarde demais! Alto, após as designações das tarefas com a concordância De imediato, ele entrou e foi levado ao quarto de de todos, Ismael, através do médium Frederico, transmite Celestino. Vendo-o quase sem respiração, deu-lhe fluidos sua mensagem psicofônica: benéficos pela boca, usando sua própria energia e, com “— Assim é, amigos e companheiros de trabalho: eu folgo, massagens no peito, viram logo Celestino acalmar-se e eu rio de contentamento quando vos vejo reunidos, respirar normalmente. Passado o susto, contou Bittencourt empregando todos os esforços, na altura de vossas forças, que, saindo dali, rapidamente fora atender a um para reabilitar o Espiritismo ainda em começo no Brasil e, no compromisso social. E quando estavam no meio do jantar, entanto, já desnaturado pelos homens que não se sabem ele sentiu algo estranho, como alguém que estivesse em governar pela razão e pelo bom senso, pelas leis traçadas desespero e, em meio a gemidos, ouviu seu nome pela voz pelo Divino Mestre. que parecia ser de Sayão. Pedindo desculpas aos anfitriões, Eu folgo e me junto convosco para ver se podemos realçar ali chegara rapidamente. Abraçando-se ao amigo, Sayão lhe os brilhos dessa Doutrina por sobre a humanidade inteira, disse que sua dívida perante Deus estava aumentando. até hoje esquecida das lições do Divino Mestre”. (Grandes Calmamente, Bittencourt responde-lhe: Espíritas do Brasil) — Essa dívida deve ser paga com a moeda do amor ao Pouco tempo depois, o “Grupo Ismael” incorporou-se à próximo. É a mais sagrada e benéfica, se bem executada Federação Espírita Brasileira (FEB), onde existe até hoje, pelo trabalho e caridade. naturalmente com outras pessoas, mas com a Todos esses acontecimentos fizeram com mesma dignidade dos princípios doutrinários. que Sayão se dedicasse cada vez mais ao As instruções para a continuidade das Espiritismo. Passou a trabalhar junto de tarefas eram transmitidas pelos espíritos, Bittencourt, Bezerra de Menezes e de outros na sendo que, em uma delas, o espírito de Frei então “Sociedade de Estudos Espíritas Deus, José dos Mártires dizia estar encarregado de Cristo e Caridade”, cujo Guia Espiritual era auxiliar o amigo Sayão, pelos laços que o Ismael que, através de Bezerra de Menezes, prendiam de existências passadas. orientava-os na planificação dos trabalhos a Com o progresso levado a efeito pelos serem desenvolvidos na casa. Por essa época, trabalhos sérios desenvolvidos na Federação o Grupo Espírita Confúcio, no qual trabalhava Espírita Brasileira e pela responsabilidade Bittencourt Sampaio e onde Sayão também desses médiuns pioneiros, Ismael conseguira iniciara seus estudos doutrinários, se extinguira transmitir o plano de ajuste para que essa para dar lugar à Sociedade de Estudos entidade divulgasse o ensino básico de Espíritas Deus, Cristo e Caridade. Kardec. Porém, as divergências entre os encarnados Em 20 de junho de 1888, um famoso começaram a interferir na parte espiritual. médium norte-americano, de nome Henry Dr. Bezerra de Menezes Sayão tentou apaziguar a situação, mas com o Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança 5 Slade, esteve no Rio de Janeiro. A Federação (Grandes Espíritas do Brasil) Espírita Brasileira formou uma comissão para No Reformador de fevereiro de 1897, foram ir conhecer seu trabalho. Dentre eles, estavam publicados comentários sobre o aparecimento Antônio Luís Sayão e o dr. Bezerra de do livro editado por Sayão. Citaremos um Menezes, que já havia se declarado espírita, e trecho, aliás o início desse comentário: por meio de quem foi descrito o encontro a “Altíssima é a missão dos que foram seguir. escolhidos para fazerem na Terra a obra de A fama de Slade era por ser médium de Deus: a divulgação de O Evangelho Segundo o efeitos físicos e de outros fenômenos Espiritismo; e dentre aqueles missionários mediúnicos. espalhados por toda a Terra levantaram-se, Rumaram para o morro da Glória, para uma entre nós, Bittencourt Sampaio, com a sua pensão onde o médium americano se Divina Epopéia, e Antônio Luís Sayão, com os instalara. Foram acolhidos calorosamente e Estudos dos Evangelhos”. E o trecho final: convidados a se acomodarem numa agradável “O Reformador felicita o autor, felicita os saleta, onde a luz do sol irradiava intensa espíritas, felicita a Humanidade, pelo claridade. aparecimento de mais um astro no horizonte A saleta estava composta de uma pequena Frederico Pereira da Silva Júnior da Terra”. (Reformador de 1897). mesa sobre a qual estavam dispostas duas Sob o pseudônimo de Max, o dr. Bezerra de ardósias (rocha, pedra ardilosa). Menezes, colaborador da “Gazeta de Notícias”, do Rio de Slade pediu para que Sayão ficasse com uma ardósia e Janeiro, respondeu, através desse órgão de notícias, a uma Bezerra de Menezes com a outra e para ambos examinarem pergunta que lhe fora enviada no dia 22 de abril do mesmo com muito cuidado as peças, sem mais serem tocadas pelas ano da edição do primeiro livro de Sayão: “Senhor Max, mãos de Slade. acompanhando sempre suas matérias editadas pela Gazeta, as quais me servem muito de apoio à Doutrina Dirigindo-se a Sayão, mandou que colocasse sua pedra Espírita, desejaria saber qual a sua aceitação da obra de sobre a mesa novamente. Slade então aproximou-se e sobre Sayão, como estudo nos agrupamentos espíritas”. essa pôs uma pequena porção de lápis. Dirigindo-se ao dr. Bezerra, pediu para que ele colocasse sua ardósia sobre a Eis a resposta de Max ou Bezerra de Menezes: outra, ficando dessa maneira os lápis entre as duas ardósias. “Caro leitor, o livro de Sayão é um resumo autêntico dos Feito isso, disse ao dr. Bezerra para pegar as duas pedras pensamentos de Allan Kardec. É fiel aos princípios com a mão direita, unindo-as. Após isso, levou a mão do doutrinários. Por essa obra, entenderemos o verdadeiro médico com as pedras à altura de seu ombro esquerdo onde caminho para a compreensão maior das lições do Mestre as apoiou. Slade então colocou suas mãos sobre a mesa, Jesus. São como frutos preciosos que, por inspiração do fazendo o mesmo com as mãos de Sayão que, juntamente Alto, vieram para facilitar os estudos da Doutrina Espírita. com o Dr. Bezerra, formara o magnetismo necessário para o Deverão os agrupamentos espíritas estudar esse livro de efeito mediúnico. “Logo após isso” — dizia o dr. Bezerra — Sayão e de outros que, naturalmente, surgirão “começamos a ouvir estalidos e em seqüência pela sua lavra”. o ruído do lápis, como se alguém estivesse Essa resposta de Max teve muita escrevendo. Com o término do ruído, pediu repercussão nos meios espíritas e até fora, por Slade para que fossem abertas as pedras e ser ainda naquela época uma Doutrina que vimos claramente, tanto de um lado como do muitos diziam ser apenas novidade e que logo outro, duas comunicações, separadas por um passaria. traço de lápis. Era assinada por L. de Mond As lutas travadas por Sayão na Terra não uma mensagem em francês e a outra em foram poucas. Tornara-se rico pelo trabalho inglês, assinada assim: I am Dr. Davis.” profissional que desenvolvia com honradez e E completava o dr. Bezerra após o sucedido: dignidade. Como sua vida era toda voltada “Tenho certeza que nenhum de nós três foi o para a Doutrina e depois para os livros que autor dessas comunicações”. passou a escrever, não tinha tempo para Diante de tantos fatos realizados freqüentar a sociedade. Passaram as pessoas mediunicamente e com a presença constante que o conheciam e que o tinham com “alto dos mensageiros de luz, Sayão resolveu padrão de vida” a hostilizá-lo e a fazer-lhe publicá-las em livro, após receber a orientação chacotas, apontando-o como usurário. Sayão, do dr. Bezerra, que afirmava ser isso levado ao vendo por vezes a tristeza no semblante de Henry Slade conhecimento público, para a divulgação do sua esposa, dizia-lhe calmamente: intercâmbio dos espíritos com os encarnados. Seriam — Não perca seu humor com esses comentários exemplos da existências de sucessivas vidas. maldosos. São eles médiuns das sombras, os quais os E em 1893, reunindo o trabalho de sessões mediúnicas, espíritos se utilizam para fazer cessar os ensinamentos de em um número considerável de 400 páginas, editou o livro Jesus. Você e eu sabemos o que somos e quais propósitos intitulado “Trabalhos Espíritas, de um pequeno grupo de temos de vida. Ninguém precisa saber qual uso fazemos de crentes humildes”. E em 1897, conseguiu ele publicar mais nosso dinheiro. E Deus sabe que, se Ele nos permitiu a um livro, intitulado “Estudos dos Evangelhos em espírito e fortuna, é para que possamos auxiliar aos que nada têm. E verdade”. Esse livro, que foi muito comentado no meio esse deverá ser o nosso propósito, pois do contrário, Ele nos espirítico, resolveu Sayão reeditar numa segunda edição a tirará a qualquer momento. ampliada com o nome “Elucidações Evangélicas à Luz da A esposa o abraçou com ternura, ditosa por fazer parte Doutrina Espirita”. Esse título prevalece até hoje. Essa desse elevado coração. reedição saiu no ano de 1902. Era Sayão defensor da liberdade para os escravos. Com respeito às publicações e cuidados com os conceitos Sempre que tinha oportunidade, pregava junto aos emitidos por Sayão em seus livros, o dr. Bezerra de Menezes companheiros do mesmo ideal, para que pudessem os escreveu para os leitores: negros ter os mesmos direitos dos brancos. “Neles encontrareis o que há de mais adiantado em — Por quê — dizia ele — essa nódoa existir entre as Espiritismo, colhido na seara bendita, com a alma cheia de criaturas da Terra? Perante Deus, somos irmãos, filhos do amor, humildade e fé, as virtudes que enastram a coroa do mesmo Pai. discípulo de Jesus, voltado à obra do Mestre Divino, com o Também por esses pensamentos, Sayão muito foi coração cheio de energias e de caridade evangélica”. perseguido, desde jovem quando se aliava aos estudantes 6 Seareiro Bibliografia — Esse, meu amigo, é o que promoviam palestras sobre o assunto, defendendo a último canto do cisne. libertação dos escravos, apoiando esses projetos junto à princesa Isabel. E, nos tempos dolorosos da escravidão, E foi exatamente isso que quando muitos escravos fugiam das senzalas, eram aconteceu. Sayão, já há acobertados por Sayão, que os asilava em seu próprio lar. E algum tempo, previa seu ajudado por outros amigos, conseguia a liberdade para desencarne. Foi uma rápida esses desvalidos no mundo material, cuja prova da enfermidade que lhe trouxe escravatura os libertaria se soubessem ser resignados muitas dores físicas. Mas ele espiritualmente. não reclamava nem nos momentos mais cruciantes. Sayão nunca negou-se a auxiliar a quem quer que fosse. Pelo contrário, agradecia a Poucos sabiam da ajuda que prestava ao semelhante. Deus pelo que pudesse ter Seguia corretamente os ensinos do Evangelho: “Não saiba feito de útil na Terra. E nos tua mão direita o que faz a tua esquerda”. (O Evangelho Casimiro Cunha seus momentos finais, falou Segundo o Espiritismo) baixinho: A vida desse pioneiro sempre foi de lutas como acontece a — Seja feita a vontade de meu Pai... Ave Maria... todos aqueles que querem divulgar o “Bem”. Foi ele muito atacado em sua moral, discriminado em muitos lugares por E, com um leve suspiro, desencarnou serenamente, se afirmar espírita. Mas como seu prestígio e bens materiais amparado pelo plano espiritual superior. eram indiscutíveis, pela falsidade própria dos homens, era O calendário marcava a data de 31 de março de 1903, a aceito em qualquer roda social. Sabia Sayão disso tudo. Por mesma em que a Federação Espírita Brasileira isso preferia ser tachado de usurário a ter que suportar tanta homenageava a desencarnação de Allan Kardec. hipocrisia. Foi Sayão também homenageado na espiritualidade pelo No dia 10 de outubro de 1895, recebe Sayão a triste reencontro com seus amigos de caminhada cristã: notícia de que seu velho e querido amigo e, até como ele Bittencourt Sampaio e sua esposa, a senhora Izabel Maria mesmo dizia, seu protetor encarnado, Bittencourt Sampaio Sampaio, Bezerra de Menezes, Manuel dos havia desencarnado. Sayão chegou a sentir Santos Silva e outros que o ajudaram a fundar o que parte de seu entusiasmo e coragem haviam primeiro núcleo de estudos, o Grupo dos desaparecido com a partida de seu amigo e Humildes, que se tornou o atual Grupo Ismael, do irmão. Bittencourt dividira com ele todas as qual Sayão foi diretor. amarguras por que passara. Ambos sabiam que Em homenagem ao grande vulto Antônio Luís as investidas das trevas foram muitas, porém Sayão, o poeta Casimiro Cunha, ainda encarnado Bittencourt alertava Sayão, afirmando-lhe: à época do desencarne desse trabalhador da — Não vamos desistir nunca em propalar o Seara do Cristo, dedicou-lhe esse soneto: bem. Que espécie de alunos seremos perante o Antônio Luís Sayão Cristo se nos deixarmos melindrar pelos boatos Alma, trocaste a noite pela aurora! maldosos? Nesse particular, estaríamos cedendo ao orgulho, essa chaga que a tudo Pomba, volveste ao teu pombal divino! destrói. E a perseverança com os preceitos Rosa, desprendes um olor mais fino! cristãos, onde ficará? Astro, fulguras com mais brilho agora! Diante dessas recordações que os colocava Após a diurna lida, o sol fulgura em pé, Sayão reagiu. Suas lágrimas rolariam Com mais vivo fulgor no firmamento, Livro “Jesus Perante a sempre pelo rosto ao lembrar a alegria Cristandade” - Editora FEB E depois, reclinando à fonte pura, contagiante de Bittencourt à frente do trabalho Num tálamo de fogo, altivo e lento doutrinário. E Sayão responsabilizou-se em Repousa, e na manhã seguinte, a escura publicar os livros de Bittencourt que foram recebidos mediunicamente: “Jesus perante a Noite espancando, e sacudindo ao vento Cristandade” e “De Deus para as crianças”, Feixes de luz prossegue na cultura obras que, como sempre, trouxeram algumas Dos mornos raios que nos darão alento. polêmicas e ciúmes no núcleo dirigido por Assim, após a humana lida rude, Sayão. Diziam que, com essas publicações, ele Volvendo em paz aos céus, onde a virtude queria continuar sendo notado no “Grupo As forças da alma sem cessar renova. Ismael”, por pertencer à FEB Como sempre, Descansaste; e, decerto, mais fecundo, Sayão calava-se. Sabia que era obra dos Amanhã voltarás ao nosso mundo, espíritos das sombras. Aliava-se mais ainda ao espírito de Bittencourt, buscando amparo, Incansável cultor da ciência nova! orando para não se deixar envolver pelo Esse grande poeta continua, da orgulho. espiritualidade, a nos brindar com suas A vida prosseguiu seu rumo e Sayão já estava belíssimas poesias os quadros reais de com 74 janeiros e viu esgotadas as edições de profundos ensinamentos. seu livro “Elucidações Evangélicas”. Em O soneto acima dedicado a Sayão ele o seqüência, partiu para nova edição. Quando Livro “Elucidações Evangélicas” compôs em sua terra natal, Vassouras, em maio - Editora FEB essa edição ficou pronta, pegando o livro entre de 1903, estado do Rio de Janeiro. as mãos, disse a um companheiro com quem Eloisa trocava confidências: ! Comentários de Sylvio Brilto Soares com Joaquim Alves (particular) ! Grandes Espíritas do Brasil - Zêus Wantuil. Ed. FEB. 1ª ed., 1969. ! Reformador: de 1889 a 1891 - Resumos dos Reformadores: 1964 a 1968. Ed. FEB. ! Imagens: " http://www.albionmich.com/history/histor_notebook/images/sS LADEHenry.jpg Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança " " " " http://www.direito.usp.br/images/home_02.jpg http://www.geae.inf.br/pt/biografias/bezerra-menezes.gif http://www.geem.org.br/images/foto_casimiro.jpg http://www.grupodosoito.com.br/imagens/fotos/Bittencourt%20 Sampaio%20.jpg " http://www.grupodosoito.com.br/imagens/fotos/frederico_p_silv a/frederico_pereiratb.jpg " http://www.rio.rj.gov.br/ipp/memoria/pracamon/images/0542.jpg 7 Evangelização Infantil evangelizacao infantil que nos foram confiados. Será através da educação, que o planeta de provas e expiações se erguerá a caminho da Luz Divina. E por que o caminho é mais fácil na infância? Aprendemos em “O Consolador”, questão 109, que até os sete anos de idade, o espírito ainda está em período de transição na matéria orgânica. A sensibilidade espiritual é mais presente e, com isso, torna-se mais suscetível ao novo aprendizado para renovação do caráter. Neste ponto, vemos exemplos de crianças que dizem falar com amiguinhos. Os pais, normalmente, encaram como fantasias da imaginação infantil. Com o passar do tempo e de forma natural, normalmente o fato não mais ocorre. Vejamos agora, o que pode acontecer quando o indivíduo não é educado moralmente, segundo Emmanuel, em “O Consolador”, questão 109: “(...) atingida a maioridade, se a educação não se houver feito no lar, então, só o processo violento das provas rudes, no mundo, pode renovar o pensamento e a concepção das criaturas, porquanto a alma reencarnada terá retomado o seu patrimônio nocivo do pretérito e reincidirá nas mesmas quedas, se lhe faltou a luz interior dos sagrados princípios educativos.” Vimos ao mundo em um corpo puro e inocente, mas, nosso espírito, já antigo e com vícios e tendências, vai se mostrando à medida que amadurecemos. Por isso, a importância da correção na fase infantil, evitando que a dor seja o corretivo necessário no futuro. O primeiro e mais importante lugar para o início da evangelização, portanto, é o lar. Para isso, torna-se necessário o exemplo moral daqueles que têm a responsabilidade de educar. A base será a religião, no sentido próprio da palavra, de religação constante com Deus, em todas as atividades da vida. Os pais devem ser legítimos representantes do colégio familiar, cabendo-lhes a condução dos tutelados que lhes foram confiados pela misericórdia divina. Agostinho, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIV, item 9, nos alerta quanto ao “grande papel da humanidade” ao gerar um corpo, cabendo oferecer àquela alma reencarnante todo o auxílio possível para sua evolução, através dos cuidados e da educação. Aos pais cabe a tarefa de aceitar os filhos que receberam, estudando os maus instintos que trazem e que já apresentam desde o berço, para combatê-los logo no início “como o bom jardineiro que poda os brotos daninhos à medida que ele os vê aparecerem na árvore”. Rosangela Onde Tudo Começa Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo, escreveu em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Introdução, item I, que as leis morais trazidas pelo Cristo são as que deveriam servir de modelo para nossa conduta e, no entanto, são as que menos damos importância. Não entendemos ainda o seu verdadeiro significado para a evolução da vida humana e para a tão almejada felicidade que buscamos. A parte moral “é uma regra de conduta, que abrange todas as circunstâncias da vida privada e pública, o princípio de todas as relações sociais fundadas na mais rigorosa justiça.” Se é o princípio, concluímos que a base de nossas relações sociais está nos preceitos morais cristãos. Onde devemos iniciar uma formação moral? Nos primeiros anos de vida. A esse respeito, citamos um conceito elucidativo de Emmanuel; “A juventude pode ser comparada à esperançosa saída de um barco para viagem importante. A infância foi a preparação, a velhice será a chegada ao porto.”(Caminho, Verdade e Vida, lição 151). Todos nós objetivamos, ao reencarnarmos, a nossa melhoria espiritual. Considerando que nascemos frágeis e precisamos de quem nos cuide, é de concluir-se que os nossos responsáveis o serão tanto para cuidar de nosso corpo físico, como de nossa alma. Voltamos à matéria com o esquecimento do passado, mas com as reminiscências contidas nos recantos de nosso cérebro. Algumas mais latentes que outras, variando com a necessidade e evolução espiritual de cada ser. Nascemos inocentes para que o trabalho de nossa educação possa ser desenvolvido com mais facilidade, pois, enquanto crianças, estamos mais acessíveis aos conselhos e orientações e aceitamos ser dirigidos por nossos responsáveis. O mundo é governado por homens. Esses homens já foram crianças. Se queremos um mundo de paz e harmonia, onde impere a lei do “amar ao próximo como a ti mesmo”, temos que começar pela base, educando as nossas crianças pelos preceitos morais cristãos. Falamos muito em Jesus Cristo, na sua dor, sofrimento e calvário, mas, ficamos nisso. Sua real mensagem ainda não queremos entender. Exemplificou-nos o amor em sua plenitude e é isso que devemos ensinar aos reencarnantes VISITE NOSSO SITE Você poderá obter informações sobre o Espiritismo, encontrar matérias sobre a Doutrina e tirar dúvidas sobre Espiritismo por email. Poderá também comprar livros espíritas e ler o Seareiro eletrônico. 8 www.espiritismoeluz.org.br Bibliografia: Caminho, Verdade e Vida - Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel. Ed. FEB. 21ª ed., 2001.; O Consolador - Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel. Ed. FEB. 25ª ed., 2004.; O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec Tradução Roque Jacintho. Ed. Luz no Lar - 2004.; Parte introdutória do livro “O menino ambicioso, o servo insatisfeito e outras histórias” - Astolfo O. O. Filho, Célia C. Xavier. Ed. Leopoldo Machado. 1ª ed., 2004. Imagem: www.plenarinho.gov.br/cidadania/imagens/ destaque-viva-a-familia/viva-a-familia03.jpg Seareiro Cantinho do Verso em Prosa cantinho do verso em prosa Natal do Vencedor O homem plantou ódio, tenda em tenda, O ódio fez um conflito em graves crises, Exterminando aldeias infelizes, Sem ninguém que as preserve ou que as defenda. Chegam conquistadores... Nova senda: Ódio e guerra por todos os países... Vem a morte e lhes quebra as diretrizes, Pondo, um a um, sob as cinzas da lenda... Natal!... Promessa e luz de longas eras!... É Jesus renovando as primaveras Do amor puro, na Terra jamais visto... Há um só vencedor, ao nosso lado, Tão vivo agora, como no passado, O alto Herói, Nosso Senhor Jesus Cristo. Maria Dolores Soneto recebido pelo médium Francisco Cândido Xavier, no Culto do Evangelho, em sua residência, em 28/09/1994 (Uberaba, MG). Maria Dolores nasceu na cidade de Bonfim da Feira, estado da Bahia, no dia 10 de setembro de 1901. Poetisa, jornalista e professora. Dedicada trabalhadora no campo infantil. Veio a desencarnar, após ter deixado muitas tarefas no campo assistencial, no dia 27 de julho de 1958. E, a partir de 1971, o médium Francisco Cândido Xavier passou a recebeu suas poesias edificantes, sempre no caminho do amor e fé em Jesus. O ódio entre as criaturas é o gérmen dos caminhos que se perpetuam em dores profundas. O instinto traz à tona a barbárie existente em cada ser, levada pelo egoísmo e pela ambição. O primitivismo, aliado a essas condições precárias do ser humano, faz explodir o desejo do mando. E aí os povos se digladiam, incitados por essas vozes cruéis, que, pela prepotência do mando, não reconhecem as Leis de Deus, cegos que se encontram pela ostentação e pelo orgulho desmedido. De dentro dos lares, criaturas são convocadas para batalhas em defesa à Pátria. Lágrimas incontidas correm pelas faces daqueles filhos, cujos pais, talvez nessa encarnação, não vejam de retorno à vida material. Dizem os mandantes desses tristes flagelos: — É preciso vencer! Realmente é preciso vencer o mal, mas para que isso aconteça vem a morte, ou melhor, o desencarne. E é aí que os homens devem entender que essa luta transitória deixa sempre marcas que não se apagam com os corpos combalidos, porque a guerra do ódio só terá fim quando o Grande Vencedor penetrar nos corações endurecidos, que um dia compreenderão que Deus O enviou para salvar a Humanidade pela arma do Amor. Ele é o Grande Vencedor, Jesus de Nazaré! Elielce Terceira Idade terceira idade estão sendo propostas quanto a trabalho voluntário, no atendimento gratuito a criaturas que Deus coloca à nossa frente, para assumirmos atividades pelas quais seremos remunerados, perdendo muitas vezes, a oportunidade de servir com o Cristo. A Terceira Idade é apenas mais uma fase da existência terrena, e apesar de muitas vezes serem momentos nos quais estaremos colhendo a nossa semeadura passada, e até já desta reencarnação, ainda poderemos, e muito, semear o Bem de modo contínuo, já que é falsa a alegação de que “o idoso está quase no fim”. Fim do quê? Ninguém pode dizer que está no fim da vida. Seremos ingratos com o Pai Celestial que nos deu a Vida Eterna. Que fim, diante da eternidade? Temos é que aproveitar cada momento de nossa existência terrena, o mais cedo possível, para trabalharmos continuamente para o Bem de todos, até o último suspiro nesta vida. Não importa qual limitação a vida nos proporá, seja em que época for. Teremos ainda muitas formas de fazer o Bem. Não devemos nos prender a uma limitação que ocorra, e nos considerarmos incapazes. Nunca! Chico Xavier, com toda a limitação de seus últimos anos de vida, trabalhou até o último instante de vida nesta existência, para o bem de todos. Sigamos o seu magnânimo exemplo! O Cristo nos espera a cada dia, com as mãos no trabalho cristão. Qual a nossa idade? Como somos eternos, a nossa idade é a eternidade. Sigamos adiante sem esmorecer. Geni Conquistando um espaço A conquista do espaço na sociedade, das pessoas da chamada Terceira Idade, deveria ser uma continuidade do espaço que elas mesmas já deveriam estar ocupando, desde quando se tornaram donas de si. Exatamente por as criaturas terem levado uma vida sem nobres valores espirituais, sendo estes valores fundamentados na ligação com Deus, é que sentem, num determinado momento, a necessidade de “conquistarem um espaço” na sociedade. Já aquelas pessoas que sempre se voltaram para trabalhos voluntários, sejam em instituições sociais, asilos, hospitais, orfanatos, escolas, creches etc, apenas continuam suas tarefas, sem precisarem buscar a tal “conquista”. Esses trabalhos seriam a grande oportunidade de auxiliar as criaturas com quem tivermos oportunidade de conviver, principalmente para transmitir-lhes a esperança e a fé, renovando-lhes o ânimo para a continuidade de suas existências, com a confiança em Deus e em nosso mestre Jesus. Há também oportunidades profissionais por parte de empresas que viram, nos atributos das pessoas da Terceira Idade, os profissionais adequados, principalmente diante da sua vivência, para determinadas tarefas que as empresas necessitam que sejam executadas. O que nós devemos sempre refletir é que não devemos, muitas vezes, trocar oportunidades que já temos ou que Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança 9 Kardec em Estudo kardec em estudo O Orgulho e a Humildade O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo VII - Item 12 Aconteceu num sábado que, entrando ele em casa de um dos principais fariseus para comer o pão, eles o estavam observando. _ E disse aos convidados uma parábola, reparando como escolhiam os primeiros assentos, dizendo-lhes: Quando por alguém fores convidado às bodas, não te assentes no primeiro lugar, para que não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu e, vindo o que te convidou a ti e a ele, te diga:“Dá lugar a este”e, então, com vergonha, tenhas de tomar o derradeiro lugar. Mas, quando fores convidado, vai, e assenta-te no último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga:Amigo, sobe mais acima. Então terás honra diante dos que estiverem contigo à mesa. Porquanto qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado. (Lucas, capítulo 14, versículo 1 e 7 a 11) Vivemos em um mundo terreno, onde nosso espírito experimenta, por meio do nosso corpo material, provas e expiações. Não aceitamos a dor e o sofrimento, nos queixamos das dificuldades, lamentamos os desatinos mundanos e clamamos por justiça. Mas, quando queremos que a justiça se faça, quase sempre é pensando em nós mesmos e em interesses individuais. Se a lei humana for usada para nos corrigir, sempre damos um jeitinho de mudar a situação a nosso favor. Assim também o fazemos quando se refere à aplicação da lei divina. Nunca achamos que serve para a nossa pessoa, é sempre o outro que precisa mudar e pagar por erros que julgamos haver cometido. A mesma lei, humana ou divina, que coubesse para nós e para outro indivíduo, decerto a eliminaríamos, deixando impunes os dois atos, o nosso e o do outro, só para livrar a nossa parte. Só poderemos ter um mundo normalmente sadio, no dia em que formos menos egoístas, menos covardes e mais puros. Essa pureza vai ser conquistada a partir da depuração individual do ser, durante a oportunidade que nos é concedida com a reencarnação. Devemos persistir na nossa melhoria para alcançar os atributos do verdadeiro homem de bem, praticando a lei da justiça, do amor e da caridade na sua essência. Se observarmos as características do homen de bem descritas por Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XVII, item 3, veremos que, sem a humildade, as demais qualidades enumeradas, provavelmente, desapareceriam. Para eliminar a chaga do orgulho de nossa alma, só as leis deixadas pelo Cristo podem nos auxiliar. A lei dos homens cerceia a liberdade física, mas não a do pensamento. Quando valorizamos o simples e correto em lugar do suntuoso, embora ilícito, estaremos contribuindo para o bem estar tão almejado. Damos demasiada importância aos títulos, nomes, nível intelectual e econômico, em detrimento da moral, das virtudes, da sabedoria e da ética. Estas últimas, se respeitadas, nos fariam agir como indivíduos despidos do orgulho, independente do que detivéssemos na matéria. O nosso próprio orgulho nos impõe uma dor e um sofrimento desnecessários. Sofremos por não ter o supérfluo, brigamos e até morremos por não termos a humildade de sermos simples e enxergarmos todas as benesses que nos são concedidas a 10 todo momento. O orgulho nos inflama e semeia a mágoa, o rancor, a raiva e o ódio. Tudo por não termos a humildade para compreender, aceitar, perdoar e, na maior parte das vezes, enxergar que somos nós os culpados. Ao sermos questionados por Adolfo, bispo de Argel “Quando a consideração que se concede às pessoas é medida pelo dinheiro que elas possuem ou pelo nome que trazem, que interesse elas podem ter em se corrigir de seus defeitos morais?”, refletamos sobre o nosso papel com relação a essas pessoas equivocadas. Cabe a nós a responsabilidade de não sermos cúmplices do mesmo erro, demonstrando, com as nossas atitudes, que somos iguais a todas as criaturas, sem privilégios ou concessões. Quando somos coniventes, agimos de acordo com os nossos maus instintos e ainda alimentamos os dos outros, que se julgam cada vez mais importantes. A humildade não atropela o caminho do outro, espera com paciência o seu momento. Chegamos a um estágio em que levar vantagem em tudo virou “lei”. Aquele que se dá mal ou não faz o mesmo, é considerado bobo. É a troca de valores. Depois clamamos por uma sociedade justa. Como poderemos ter paz, se todos quiserem passar, inescrupulosamente, à frente do outro? Só depende de nós a escolha de um mundo melhor. O mundo somos nós. O orgulho, nosso maior empecilho, deve ser combatido em nós. Pensar que o outro é orgulhoso e que somos humildes, também é ser orgulhoso. A mudança deve ser conosco. Lembrando um trecho do versículo de Mateus “E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês, a trave que está no teu olho?...” (Mateus, cap.7,versículos 3 a 5). Quanto mais orgulhosos formos, mais alto estaremos nos degraus da nossa soberba, insensatez e invigilância e a queda será proporcional à altura. Mas contra esse egoísmo que o orgulho tece, Deus nos concede a oportunidade de sermos caridosos. Sempre há tempo de retomarmos o caminho justo, aplicando o bem onde outrora liderávamos a dor. A humildade e a caridade são as qualidades que nos ajudarão a encontrar, em nosso planeta Terra, a verdadeira felicidade. Neves Bibliografia: O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec Tradução Roque Jacintho. Ed. Luz no Lar, 2004. Seareiro Clube do Livro clube do livro Atareve - Os Olhos da Vingança “ATAREVE - Os Olhos da Vingança”, obra seita, tão combatida na época. enviada aos associados do Clube do Livro Todo esse cenário se desenvolve, aliado à Espírita “Joaquim Alves (Jô)”, no mês de idéia de o quanto um espírito leva de suas agosto/2007, é do mesmo autor do livro “Do experiências na volta ao plano espiritual, outro lado da Cruz”, Fénelon, enviado cultivando aquilo que acha mais importante, no recentemente aos leitores, e psicografado caso do personagem, a vingança e o quanto por Dario Sandri Jr. pode influenciar no plano material, com aqueles Em meio a uma narrativa de disputas que se encontram na mesma faixa. Varo, amigo constantes, verificamos que, devido às de Atareve, em seu leito de morte, faz este conseqüências da vida, o Governador Dídio prometer que se vingue por ele de pessoas das Júlio Sextus, após diversas atrocidades, por quais guardava rancores. ele cometidas, dentre elas a de achar que Destaque importante na obra é o fato de o poderia “comprar” um amor, com a tentativa quanto é preciso vigiar a todos os instantes para de fazer Miriam (Júlia Afer) sua escrava, estarmos ligados a bons espíritos e não nos reconhece seu erro. deixarmos influenciar pelas sombras, cedendo Dario Sandri Jr. Em épocas nas quais as idéias do às tendências do nosso orgulho. pelo espírito Fénelon Cristianismo ainda eram altamente Por fim, nos traz ainda belos exemplos do combatidas, ao vivenciar a experiência de Editora Aliança - 384 páginas perdão verdadeiro sendo exercido após tantas 1ª edição - 2007 verificar sua filha Estela, já desacreditada por dores, exemplificando aos leitores a perfeição da médicos e especialistas da época, Dídio observa-a sendo misericórdia divina e a presença de Deus. curada através da visita e das preces de um cristão, em seu O sentimento provoca emoções que até mesmo o dito lar. Em razão dos acontecimentos, acaba respeitando a nova mais rude dos corações cede diante de sua força... Marcelo Família familia Desencontros Que as relações familiares são, na maioria das vezes, difíceis de serem mantidas, isto todos nós sabemos. Para que possamos manter um convívio é necessário que tenhamos uma grande dose de paciência e compreensão com os defeitos dos nossos familiares. Muitas vezes eles também têm esta compreensão para com os nossos defeitos. Outras tantas vezes, nós e eles renunciamos às nossas vontades e opiniões para não causarmos atritos desnecessários e causarmos um problema maior. Essas relações são inerentes ao convívio humano, pois o orgulho, o egoísmo e a vaidade ainda fazem parte do nosso modo de ser e agir. Quando um familiar se afasta de nós, sem um motivo ou pelas circunstâncias que o levam a não mais se comunicar conosco, ficamos chateados, achamos que ele é ingrato e, não raras vezes, pensamos nele com um grande rancor. Por que alimentar rancor em nosso pensamento? Sabemos que o pensamento que emitimos sobre uma pessoa, esteja ela ao nosso lado ou do outro lado do mundo, irá atingi-la. Se pensarmos com aversão, ódio ou rancor, ela, que está distante, irá, cada vez mais, se distanciar de nós. Deveríamos procurar pensar de forma contrária. Lembrarmos do companheiro que se distanciou com carinho, Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança relembrando dos momentos felizes e tranqüilos. Isto é o que chamamos de vibração de amor. Para que possamos ter este tipo de pensamento, lembremos que ninguém está amarrado a ninguém, a não ser pelo sentimento de ódio. Não sabemos quais são os compromissos que levam as pessoas para longe de nós. Se não compreendermos as necessidades de nossos companheiros de jornada, estaremos alimentando o egoísmo que temos em nós, querendo “possuir” a amizade, o afeto, os laços de família. Ninguém pertence a ninguém, e, quando entendermos isto, conviveremos harmoniosamente e não exigiremos das pessoas que elas ajam da forma que nós queremos. Se não nutrirmos esses rancores e renunciarmos ao nosso egoísmo, quando houver o reencontro, a alegria estará presente, pois não haverá nenhum resquício de rancor para atrapalhar. E se não nos reencontrarmos nesta reencarnação, com certeza, se nutrirmos amor e afeição pelo companheiro que se afastou, no mundo espiritual, poderemos reencontrá-lo, como diz em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”: “... ao retornar à espiritualidade, voltará aos mesmos que foram alvos de sua afeição. Estes poderão ter-se ligado na Terra a qualquer título de parentela, pais, mães, filhos, esposas, ou, talvez, por outros laços.” (capítulo IV, item 20) E quando exigimos que os filhos vivam à nossa volta, mesmo quando eles já constituíram as suas próprias famílias? 11 Achamos, da mesma forma, que são ingratos, mas não compreendemos que eles estão reassumindo os próprios compromissos. E dizemos “reassumindo”, pois a constituição de uma família se dá pelo reencontro de espíritos que já conviveram em vidas passadas e voltam para resolver dívidas de amor não vivido. Esperanto De tudo isto, podemos tirar a mesma conclusão de uma esposa cujo marido desencarnou e que recebeu uma mensagem psicografada dele: “Com a mensagem, Chico Xavier devolveu-me as muletas que eu perdera, mostrando que ‘meu velho’ saiu para uma longa viagem, mas não se esqueceu de mim. Renasci, senti novamente vontade de viver.” Wilson Imagem: http://www.diadehoje.blogger.com.br/desencontros.jpg esperanto Kiu estis Zamenhof? Zamenhof kreis Esperanton - unika artfarita idiomo, el ĉirkaŭ 400 aliaj, kiu postvivisla morto de ĝia kreinto. Ankoraŭ knabo, lia familio respektis lin kvazaŭ li estus matura homo. Saĝa, modesta, meditema, studema, neniam nervoza kaj iomete obstina, li evitis ĉiam suferigi iun ajn. En lernejĉambro, li elmontris lian nekomunan talenton kaj kulturon por skribi. La geinstruistoj miris lin. Tamen, li neniam faris sin fieregan seriozmiena en lia hejmo aŭ lernejo. Li, tiel kiel aliaj gemisiuloj, bataladis kajverŝis svito kaj larmo por vivi en mondo kiu ne komprenas lin. Helpadis li la genecesulojn, kvazaŭ farigus al liaj samsangafratoj. Zorgis li liaj pacientoj la, plimulto malriĉuloj, ĝis malfruegaj noktaj horoj ne palposturante ilin, fariĝante tiel pene lian monsituacio. Sed triunfis Esperanto kaj, scias ni, ke simile okazis al ĝia kreinto, kiun ricevas hodiaŭe en anĝelaj regionoj, profitojn el lia bone sukcesinta misio inter la Homaro. Tradução: Quem foi Zamenhof? Zamenhof criou o Esperanto - único idioma artificial dentre cerca de 400 outros, que sobreviveu à morte de seu criador. Ainda menino, sua família o respeitava como se adulto fosse. Prudente, modesto, pensativo, estudioso, nunca exaltado e um tanto obstinado, ele sempre evitava fazer sofrer a quem quer que fosse. Na classe ele já tinha mostrado talento e cultura invulgares para escrever. Os professores o admiravam. Todavia, jamais se mostrava sisudamente superior em casa ou na escola. Entrevista entrevista Mediunidade Entrevista concedida por Roque Jacintho Pergunta: Dê-nos uma rápida definição sobre o que é médium e o que é mediunidade. Resposta: Mediunidade é a janela da alma, que, tendo por instrumento de sua manifestação a glândula pineal, ou epífise cerebral, leva-nos ao encontro do mundo espiritual em que estamos imersos ou mergulhados. Essa faculdade nos integra ao plano da vida eterna. Rompendo as barreiras de nossas limitações de sentidos físicos, faz-nos participar também, ativa e conscientemente, da espiritualidade, extinguindo o dualismo em que artificialmente nos separávamos: o mundo dos encarnados e o mundo dos desencarnados. Por essa faculdade, portanto, deixamos de subdividir o nosso mundo em dois planos distintos, retificando o erro de conceituação que nos levava a crer 12 Ele, como tantos outros missionários, teve que lutar com suor e lágrimas para sobreviver num mundo que não o compreendia. Auxiliava aos necessitados, como se o fizesse aos próprios irmãos em sangue. Atendia seus pacientes, na maioria pobres, até altas horas da noite, não lhes cobrando, o que tornava penosa a sua situação financeira. Mas o Esperanto triunfou e, sabemos nós, que diferente não acontece a seu criador, que hoje colhe, em regiões angélicas, os frutos da sua bem sucedida missão entre os Homens. Davidson Revisão: Osvaldo Pires de Holanda tivéssemos duas realidades: a dos que retornaram ao seu verdadeiro estado, ou seja, reassumiram a espiritualidade com a desencarnação, e a nossa vivência absolutamente transitória, isto é, constrangidos ao educandário da carne. A faculdade mediúnica, comum a todos os chamados a um estágio mais avançado de evolução, é o reajuste de nossos espíritos, levando-nos a descobrir que vivemos num mundo único, embora num estado diferenciado de matéria e de energia. A mediunidade é o nosso sexto sentido, que, de estado latente, abre-nos a visão para os dois planos de vida que interexistem e que se completam. Assim, médium como sinonímia de quem intermedia os dois planos da vida, todos nós somos. Por isso, o médium não é uma exceção de regra e sim alguém que já vive uma realidade mais integral. Através desse sentido nascente na espécie humana, a Espiritualidade superior, em nos examinando no estágio evolutivo que estamos alcançando, bate insistentemente às portas de nossa razão e de nosso coração, buscando induzir-nos ao despertar de valores mais altos e Seareiro permanentes, no campo de nossas conquistas eternas. Submetemo-nos presentemente a um pólo magnético de grande poder de atração, induzindo-nos para que nos humanizemos compulsoriamente e, por decorrência, para que contribuamos com vastas parcelas de amor, no departamento das qualidades virtuais que, por origem divina, temos dentro de nós mesmos. É o chamamento para a evolução, ou seja, para que nos repletemos dos valores novos e permanentes, já que temos os pés na Terra, mas erguemos a nossa cabeça, como antena sublime, buscando sempre o mais alto. Pergunta: Qual deve ser a conduta do médium, para que seja sempre assistido por bons Espíritos? Resposta: Considerando que a conduta é a resultante dos princípios com que alimentamos a nossa mente, formando o nosso “hálito espiritual”, por certo, para receber assistência de Espíritos sábios e profundamente amorosos, caberá ao médium buscar refletir-lhes as mesmas aspirações e propósitos. A instrução, via leitura e estudo das obras básicas e complementares das Doutrina Espírita, é uma etapa que corresponderia ao amanho da terra, no prenúncio da sementeira. Segue-se, após a instrução, a educação, ou seja, o burilamento de nossos sentimentos, através de nossa entrega incondicional ao campo do amor ao próximo, que corresponde à etapa da semeadura. A partir, pois, do surgimento dos primeiros brotos espirituais, cabe ao médium o trato da seara florescente, empenhando-se ardorosamente em levar luzes e esperanças a nossos companheiros confundidos com as trevas dos sentimentos, procedendo, em relação aos encarnados, com o mesmo amor, paciência e diligência com que agem os Benfeitores Espirituais. A lei da afinidade é que nos traz, a quantos sejam médiuns, a presença de Espíritos Superiores, com base no crescimento espiritual do próprio médium. Cada um terá a assistência espiritual que se empenhe por conquistar, espelhando a luz do mais alto, ou então envolvendo-se com os infelizes que perambulam pelas mesmas sombras que trouxermos em nós mesmos. A conduta cristã é que nos define as companhias. Pergunta: Médium produtivo é aquele que produz fenômenos mediúnicos a qualquer hora e em qualquer lugar? Resposta: Os fenômenos mediúnicos nem sempre representam a ação da Espiritualidade Superior, visto que Espíritos sem grande estofo moral também podem produzilos, até mesmo de modo mais gritante, capaz de ocasionar a perplexidade a leigos. O fenômeno pelo fenômeno pode levar o médium e seus observadores a conclusões levianas e até perversas, ridicularizando o cristianismo, quando não a própria mediunidade. O médium produtivo é somente aquele que dá os frutos do amor, bastas vezes exclusivamente via intuição recolhida silenciosamente dos mentores da vida mais alta, ou então, consolando os aflitos, abrindo portas aos decaídos no mal, socorrendo as viúvas aflitas, alimentando a criança desnutrida. Sabendo-se, pois, que Espiritismo é revivescência do Cristianismo primitivo, tal qual nos ofereceu por herança o nosso mestre Jesus, tenhamos a produtividade real do médium com ele se fazendo um espelho de Jesus, em todo o seu cotidiano. E, para isso, o fenômeno ostensivo não é absolutamente necessário. Pergunta: A mediunidade só é praticada no Espiritismo? Ou seja, todo médium é um espírita? Resposta: A religião dos Espíritos Superiores é o Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança fundamento do espírita, que nela busca a sua integração com o mais alto, sem necessidade de ser portador da mediunidade ostensiva. Já os que se voltam para a mediunidade, nem sempre se ocupam das conseqüências morais que a presença de Espíritos Superiores nos trazem e, por isso, podem ser medianeiros em busca de fenômenos, sem se ocuparem da implicação moral na sua vida. Contudo, esses que hoje são médiuns, mas que se fazem servidores de pensamentos mágicos, por certo, em reencarnações futuras, após se libertarem da própria leviandade a que se jungiram, virão a ser espíritas-cristãos ou médiuns a serviço do bem. Até lá, porém, cuidemos da seara a que nos incorporamos. Jesus assegurou-nos que, no tempo certo, o Ceifeiro Divino recolheria o trigo saudável e bom, e confiaria o joio à fornalha da vida, para que nos refizéssemos. Pergunta: Muitas pessoas procuram os centros espíritas alegando serem portadoras de mediunidade. Como elas devem ser tratadas? Resposta: Recebamo-las com muito carinho e atenção. Muitas delas chegam aos núcleos espíritas como portadoras de disfunções orgânicas ou espirituais e, sem cogitar se serão ou não médiuns, devem ser levadas ao encontro do Evangelho. Observemos, também, que disfunções hormonais, notadamente em quem está no climatério ou em ciclo de menopausa, podem levar-nos a interpretar os fenômenos orgânicos como se fossem sinais de mediunidade. Além de ouvi-los, pois, busquemos integrá-los em tarefas assistenciais e outras em que poderão realizarse, mesmo quando em estado depressivo, ou quando dizem sentir alguém ou alguma coisa à sua volta, ou vozes, ou ruídos insistentes. Um estado de consciência culposa também poderá remeter-nos a julgar que temos traços de mediunidade ostensiva, quando, na verdade, estamos simplesmente sendo chamados ao reajuste de nossos valores. Sabendo-se, pois, que mediunidade é um encontro com o cristianismo, patrocinemos esse encontro como sendo um estágio preliminar ou preparatório para uma função de mediunato futuro. O desenvolvimento mediúnico não soluciona problemas de angústia, de depressão, de avitaminose espiritual e, por isso, não devemos colocá-lo como a principal e primeira necessidade dos que buscam orientação e consolo, algumas vezes por indicação de pessoas que desconhecem o que seja a tarefa mediúnica. Pergunta: Qual a melhor forma de desenvolver a mediunidade? Isso pode acontecer fora do Centro Espírita? Resposta: A mediunidade não é faculdade privativa dos espíritas ou dos agrupamentos espíritas. Essa faculdade é comum na espécie humana. Convém, no entanto, quando se cogite de seu desenvolvimento, que o candidato o faça dentro de um agrupamento espírita-cristão, a fim de que aquele que quer a mediunidade-cristã não sofra os desencantos de quem não soube procurar a escola apropriada. O trato, pois, da mediunidade deverá ser o núcleo ajustado ao cristianismo, para que o fenômeno seja conduzido por Espíritos sábios. No lar, que o candidato ao mediunato dê saliência ao culto do Evangelho no lar, deixando para cuidar dos fenômenos espíritas exclusivamente nos agrupamentos ou núcleos do Espiritismo-cristão. Pergunta: Como conciliar o exercício da mediunidade com os afazeres profissionais? Resposta: Que ninguém se faça profissional da mediunidade! Assim, concilie o seu tempo, administrando as suas horas, a fim de servir mediunicamente nos momentos que criou para a educação de seus sentidos nobres. 13 Lembremo-nos de que a profissão disciplina a criatura. Nada, pois, justificaria alguém deixar de exercer a profissão, que lhe assegurará o pão de cada dia, nas oficinas, nos escritórios, nas indústrias, que nos abrem oportunidades sagradas. Não podemos envolver-nos na falsa e mentirosa alegação de que deveremos dedicar-nos exclusivamente à mediunidade. Alguém que faça da mediunidade uma espécie de profissão é, seguramente, alguém em que não se deve confiar. Tomemos, a exemplo, Chico Xavier, que, apesar da extensão do seu mediunato, em tempo algum deixou de exercer a sua atividade profissional, ajustando-se à sua missão espiritual sem tomar o desvio da profissionalização de sua faculdade mediúnica. Pergunta: Diante de tanto sofrimento que a humanidade experimenta no momento, nota-se uma grande corrida das pessoas em busca de abnegados servidores, portadores de mediunidade. A faculdade mediúnica, então, atualmente, fundamenta-se na consolação? Resposta: Estamos em plena fase de evolução compulsória e, por tal motivo, há um quê de insatisfação em cada homem que ainda não despertou para os valores permanentes da própria alma. O progresso, na sua expressão de bens materiais, trouxe-nos o conforto e a nossa liberação para outros valores que se encontram acima das coisas que nos servem. A evolução, contudo, que deverá ser a decorrência natural do procedimento de maturação da alma humana, cria um conflito nas criaturas, demarcado pela escravização aos bens perecíveis, e uma sensação de ausência de vida. Observemos, portanto, que os que registram esses conflitos naturais deste estágio evolutivo, devem, antes de buscar médiuns, buscar as bases da religião dos Espíritos, a fim de que se aclimatem mais rapidamente ao tempo do espírito. A verdadeira consolação, de que necessitam, não deve ser aquela que animalha o espírito, sem despertá-lo para a sua realidade de vida eterna. Portanto, ao buscarem os médiuns espíritas, deverão esses médiuns abrir-lhes um horizonte Atualidade Pergunta: O papel fundamental do Espiritismo é formar médiuns para entrar em contato com o mundo espiritual? Resposta: O papel fundamental da Doutrina Espírita é levarnos ao encontro do cristianismo redivivo e, por isso, temos de convencer-nos, através de acurada observação, que, hoje, o mundo espiritual é o universo em que já estamos vivendo. O médium, nesse contexto, é simplesmente uma ponte que se estende do plano espiritual para o plano dos encarnados, criando-nos condições de nos analisarmos e, por decorrência, revelar-nos os esforços que temos de empreender para reajustar a nossa tábua de valores espirituais. “Sois deuses”, afirmou Jesus. Se temos, portanto, o poder de criação em nós mesmos, cada um deverá assumir-se a si próprio, fazendo-se um vanguardeiro da luz espiritual em favor daqueles que ainda não despertaram para si próprios. Neste estágio, portanto, a intuição é a grande faculdade. Por ela, em todos os segundos de nossa vida, estamos a recolher informações de ordem espiritual e, ao mesmo tempo, estamos sendo convocados para contribuir abertamente para a realização do cristianismo em nossas vidas, mesmo sem necessidade de determos ou não a mediunidade ostensiva. Cada um de nós tem a sua antena de intercomunicação silenciosa abrindo-se para o mundo espiritual, fundindo-se com esse mesmo universo natural durante todas as horas de sua vida. Avançamos, assim, para a cristianização de nossa humanidade. Bibliografia: Perguntando e Aprendendo - Waldenir Aparecido Cuin. Ed. EME. atualidade Confiança As relações entre encarnados e desencarnados através de médiuns conscientes têm sido objeto de estudos dos espíritas, há mais de 150 anos. Entretanto, dada a natureza do processo de intercâmbio, suas sutilezas e variados matizes, é sempre difícil o perfeito entendimento de um determinado ato mediúnico. A qualidade das relações com o além está diretamente relacionada ao potencial mediúnico do intermediário, à sua elevação espiritual, à persistência no caminho evangélico, à prática mediúnica, ao conhecimento doutrinário e à fé raciocinada. Esses atributos permitirão um desenvolvimento mediúnico tranqüilo possibilitando que o sensitivo alcance a plenitude de sua capacidade mediúnica O fenômeno mediúnico é normalmente complexo. Pode realmente haver interferência maior ou menor do médium, através do seu subconsciente, modificando o teor da comunicação psicofônica ou psicográfica. As conseqüências dessas interferências são em geral sem maior importância. Há que se considerar que devemos submeter todas as comunicações ao crivo da razão, julgar o mérito de seu conteúdo, sobretudo, quando se tratarem de 14 mais amplo, ajustando-os às atividades redentoras que principiam no exercício da caridade moral, sol ao longo do nosso caminho. A faculdade mediúnica é um traço de união entre as sombras de nossas inquietações e as luzes do mais alto, levando-nos a despertar para a nossa realidade pessoal. Não devemos, portanto, buscar tão-só consolação, sob o risco de assumirmos a posição de vítimas indefesas. Deveremos, isto sim, buscar respostas às nossas necessidades de espíritos eternos. esclarecimentos, orientações e previsões, lembrando sempre que o importante é o que foi dito e não quem disse. O trabalho evangélico não demanda profundos conhecimentos. O intuito de fazer o bem, sem olhar a quem; de ser útil sem recompensas; de agir no campo espiritual, com base no amor, são garantias de um bom trabalho, sob a proteção de entidades esclarecidas. A não preocupação com os resultados é defesa segura contra o orgulho e a vaidade, tão comuns entre os encarnados. As sementes do amor guardadas no cofre do egoísmo jamais florescerão, mas, lançadas em terreno aberto, mesmo nos áridos, sempre poderão se desenvolver fertilizadas pelo amor. O espírita deve ter confiança, fundada na certeza que a ele cabe lançar a semente e ao terreno desenvolvê-la. O arado do trabalho doutrinário deve sulcar a terra, sem que o seareiro olhe para trás, consciente que toda semente de amor distribuída é potencial de luz que romperá um dia iluminando a trajetória daqueles que a abrigaram em seus corações, mesmo que não tenham percebido, ou devidamente valorizado, a dádiva, quando a receberam. Há momentos na vida, mesmo das instituições, difíceis e complexos. Nessas ocasiões, com mais facilidade, a dúvida se insinua nos corações destruindo a confiança, dificultando a ação da espiritualidade maior. Seareiro Sabemos que o Universo é vibração. Conhecemos a lei da harmonia vibratória. O equilíbrio gera vibrações de alta freqüência, harmônicas com os planos espirituais mais evoluídos, dedicados ao bem. Todo pensamento contrário ao bem gera desequilíbrio produzindo vibrações de baixa freqüência, compatíveis com as da espiritualidade inferior. Vivemos onde colocamos nosso pensamento. Se for o de dúvida e incerteza se harmonizará com as esferas infelizes; se for o de confiança alcançará as esferas mais elevadas. A dúvida e a falta de confiança são sentimentos destruidores como a gota de água persistente: nada lhe resiste a ação, ao longo do tempo. O verdadeiro espírita deve ser como o bom servo do conto de Tuzitala, “A semeadura”, que passamos a narrar: Numa antiga herdade, o senhor chamou dois servos e entregou-lhes sacos de sementes determinando que os semeassem no planalto do penhasco que dominava a propriedade. Lá se foram os dois homens. Após longa e penosa jornada, por planície escaldante, sem água ou vegetação útil, chegaram ao sopé da montanha e principiaram a rude subida por entre as pedras, que os feriam, tornando a caminhada muito penosa. Chegaram ao topo da montanha; era um chapadão de rochas, enegrecidas pelo tempo. Nenhuma vegetação. Somente uma brisa fresca denunciava movimento, lembrando vida. Do alto descortinavam o vale que impressionava por sua beleza árida. O mais jovem, afoito, olhou a paisagem e monologou: — Meu patrão está errado, da semeadura sobre pedra nada resultará. Não a farei e levarei as sementes de volta para que ele lhe dê melhor destino. E, regressou sem cumprir a tarefa que lhe fora atribuída. O mais velho, pensou: As sementes sobre esta pedra não se desenvolverão, mas elas pertencem ao patrão que é um homem sábio e bom. Obedecerei às suas determinações, pois, é esse meu dever. E, imediatamente, principiou a semeadura. Terminado o serviço, retirou-se feliz por ter cumprido sua obrigação. Algumas horas depois, centenas de pássaros posaram sobre o rochedo, comeram todas as sementes e voaram para a planície. Dias depois, chuva dadivosa caiu sobre aquela terra que há muito não recebia em seu seio o precioso líquido. As sementes distribuídas sobre pedra, ingerida pelos pássaros, devolvidas à terra, respondia com a explosão da vida. Como um milagre da natureza surgiram milhares e milhares de brotos delicados, verdes e promissores, prenunciando abundante colheita. Como o bom servo, devemos, confiantes, lançar a semente do amor no terreno que o Pai nos entregou - mesmo que seja árido - confiantes que um dia ela brotará. Homero Moraes Barros perdendo suas oportunidades, conduzindo seus povos a uma situação de dor e sofrimento coletivo; lembremos ainda de Públio Lentulus Cornelius, Judas Iscariotes e Barrabás que tiveram o contato direto com o Cristo e também Temos sido alertados pela Espiritualidade a respeito de sucumbiram. “oportunidades” que nos são dadas assiduamente com Tivemos um período conhecido como As Guerras Santas, vistas ao nosso crescimento moral. nas quais seus dirigentes conduziram a humanidade a uma Esses alertas chegam até nós através das reuniões de situação de extrema violência, usando como bandeira de estudo doutrinário, das leituras que efetuamos sobre a seus equivocados ideais a Justiça Divina. Doutrina Espírita, bem como pelas mensagens Citamos agora alguns exemplos os quais souberam psicografadas que recebemos. aproveitar suas oportunidades: Sócrates, Paulo de Tarso, Embora tendo a Espiritualidade todo esse trabalho Maria de Magdala, Francisco de Assis, temos também os procurando nos auxiliar, nós agimos como se fôssemos cristãos que eram colocados na arena a serem devorados surdos ou fingimos não ouvir para nós mesmos e, quando pelos leões, os enfermos que o Cristo curou e seguiram-no ouvimos, ficamos em posição de espera de uma posteriormente, bem como, aquele que estava na cruz ao oportunidade deslumbrante, para realizarmos algo lado do Cristo e despertou para a Vida Maior em seu instante espetaculoso. Desejamos que um Espírito se materialize à final daquela encarnação. nossa frente, como o ocorrido a Paulo de Tarso em seu Fizemos a explanação desses exemplos porque são neles encontro com o Mestre Jesus, ou então, que alguém chegue que nós nos espelhamos, e ficamos no aguardo de que o até nós nos informando “olha esta é a sua oportunidade, você mesmo aconteça conosco e, do qual se acontecesse não pode perder”, “este é o seu momento.” imaginamos que sairíamos vitoriosos, mas que na verdade o Com certeza já atravessamos várias encarnações nessa fracasso seria inevitável, tal a condição moral em que nós expectativa inoperante e, se não modificarmos nossa nos encontramos. maneira de agir e pensar, perderemos mais esta encarnação, Vamos refletir então nas oportunidades que que, esta é sim uma grande oportunidade, ou melhor, a maior desperdiçamos em nosso dia-a-dia e, para as quais somos de todas! alertados, como foi mencionado de início, as quais temos Vamos citar alguns exemplos os quais já conhecemos condições de aproveitar. Quantas vezes poderíamos ficar para refletir sobre o aproveitar ou não as oportunidades: calados numa contenda e evitarmos inimizades e até mesmo Caio Júlio César - Imperador Romano, Pôncio Pilatos uma agressão física decorrente de uma resposta impensada; Procurador Romano e Napoleão Bonaparte, que se auto quantos dissabores poderíamos evitar dentro do nosso lar, coroou Imperador da França, desviaram-se no caminho ou mesmo, em nosso local de trabalho pelo mesmo motivo; quantas vezes deixamos de dar atenção a alguém alegando algum compromisso, simplesmente para ficarmos a sós e não nos sentirmos incomodados; quantas vezes nos afastamos das pessoas por fazermos Informe-se através: interpretações equivocadas de algo que nos E-mail: [email protected] foi dito, ou que, muitas vezes as pessoas se www.espiritismoeluz.org.br afastam de nós por fazermos comentários (11) 4044-5889 (com Eloísa) Caixa Postal 42 - CEP 09910-970 - Diadema - SP impensados que acabam por ofender o Oportunidades Clube do Livro Espírita “Joaquim Alves (Jô)” Receba mensalmente obras selecionadas de conformidade com os ensinamentos Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança 15 próximo; quantas vezes nos encolerizamos no trânsito, na fila do supermercado, num banco, ou aguardando um atendimento médico, ou esperando uma condução, situações nas quais deveríamos estar desenvolvendo a paciência que não temos; quantos convites recebemos com a finalidade de realizarmos algo de útil em nossos Templos de estudo doutrinário; quantas vezes já recebemos convites de hospitais para realizarmos algum trabalho voluntário; quantos de nós deixam de estudar, tendo livros em casa; quantos de nós deixam de participar ou implantar o Evangelho no Lar; quantos de nós deixam de cumprir com os seus deveres dentro de casa, deixando tudo jogado para que alguém coloque no lugar aquilo que espalhamos; quantas vezes gritamos com nossos filhos, pais ou cônjuges desequilibrando o ambiente do lar provocando a revolta ou a mágoa destruidora. Poderíamos continuar relacionando várias situações, mas talvez se tornaria muito depreciativo; entretanto, temos de ser severos para conosco, enxergarmos o que somos, lutarmos contra nossas deficiências e, aproveitarmos esse conjunto de oportunidades as quais compõem a nossa encarnação e, quem sabe um dia após nos renovarmos, venhamos a ter condições de realizarmos algo além daquilo que hoje é apenas nossa obrigação - “essas oportunidades” e, lembrar de recorrer ao Evangelho para não nos perdermos no caminho, lembrando que recorrer ao Evangelho é aplicálo em nós mesmos. Fizemos esses apontamentos após refletirmos numa lição que abaixo segue “Por um pouco” do Livro “Fonte Viva” de Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier: “Escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus do que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado” Paulo (Hebreus, 11:25). Nesta passagem refere-se Paulo à atitude de Moisés, abstendo-se de gozar por um pouco de tempo das Canal Aberto canal suntuosidades da casa do Faraó, a fim de consagrar-se à libertação dos companheiros cativos, criando imagem sublime para definir a posição do espírito encarnado na terra. “Por um pouco”, o administrador dirige os interesses do povo. “Por um pouco”, o servidor obedece na subalternidade. “Por um pouco”, o infeliz padece privações. Ah! se o homem reparasse a brevidade dos dias de que dispõe na Terra! se visse a exigüidade dos recursos com que pode contar no vaso de carne em que se movimenta!... Certamente, semelhante percepção, diante da eternidade, dar-lhe-ia novo conceito da bendita oportunidade, preciosa e rápida, que lhe foi concedida no mundo. Tudo favorece ou aflige a criatura terrestre, simplesmente por um pouco de tempo. Muita gente, contudo, vale-se dessa pequenina fração de horas para complicar-se por muitos anos. É indispensável fixar o cérebro e o coração no exemplo de quantos souberam glorificar a romagem apressada no caminho comum. Moisés não se deteve a gozar, “por um pouco”, no clima faraônico, a fim de deixar-nos a legislação justiceira. Jesus não se abalançou a disputar, nem mesmo “por um pouco”, em face da crueldade de quantos o perseguiam, de modo a ensinar-nos o segredo divino da Cruz com Ressurreição Eterna. Paulo não se animou a descansar “por um pouco”, depois de encontrar o Mestre às portas de Damasco, de maneira a legarnos seu exemplo de trabalho e fé viva. Meu amigo, onde estiveres, lembra-te de que aí permaneces “por um pouco” de tempo. Modera-te na alegria e conforma-te na tristeza, trabalhando sem cessar, na extensão do bem, porque é na demonstração do “pouco” que caminharás para o “muito” de felicidade ou de sofrimento. Roberto Cunha Bibliografia: Fonte Viva - Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel. Ed. FEB. 30ª ed., 2002. aberto Este espaço é reservado para respondermos às dúvidas que nos são enviadas e para publicações dos leitores. Agradecemos todas as correspondências e e-mails recebidos. Reservamo-nos o direito de fazer modificações nos textos a serem publicados. Ao Bandeirante do Evangelho Novo: Allan Kardec Disseste: Trabalho e Solidariedade e Tolerância, E codificaste, a augusta e coerente Religião...! Era treva! Reinava na Terra a escuridão; Envolvida em crepe vacilava a humanidade Em meio a treva trouxeste a “claridade”, Vertente, da mais cristalina Região... Legaste-nos a Luz! Amainaste a tempestade Louvam-te os humanos, a cada nova geração “Mola propulsora” da mais bela religião Que gira em Deus e Cristo e Caridade... RIVAIL! Penetraste do sepulcro a profundeza Com a intrepidez do teu leonino estoicismo, E lhe desvendaste os “arcanos” com clareza! Faze, oh exemplo desassombrado do Idealismo Com que os homens se congreguem na lhaneza, Que imortalizou sobre a Terra, o ESPIRITISMO. *** Quando o mundo submergia no desespero e na aflição, E o ódio imperava e a descrença e a inoperância... 16 E o mundo tremeu; tremeu mas reconheceu-te a elegância E a transcendentalidade com que colimou-se a tua missão Os humanos, tu os alcandoraste com a maior Revelação, E, foste dela, o Intérprete, sem orgulho ou arrogância! MESTRE EMÉRITO! Pedagogo e Poliglota e Professor, A Luz Divina tu a projetaste por entre o Povo, E da Verdade foste o excelso e venerando tradutor! Permita-me que esta homenagem simples te hipoteque, Oh intrépido Bandeirante do “EVANGELHO NOVO”... Oh missionário da NOVA LUZ... ALLAN KARDEC...! *** O Espiritismo é a Ciência que estuda a origem, a natureza e o destino dos Espíritos, e as relações que existem entre o mundo corporal e o mundo espiritual. Preferível recusar-se noventa e nove verdades, a aceitarse uma só mentira! Hippolyte Léon Denizard Rivail Texto enviado por Domingos A. Monzillo - São Bernardo do Campo - SP Seareiro Tema Livre tema livre Influência Espiritual dos Encarnados Temos o costume de ler e discutir a influência que os Espíritos exercem em nossa vida diária. Algumas pessoas, quando têm conhecimento de algum ato anormal de um companheiro, já emitem o parecer dizendo, inadvertidamente, que “Fulano agiu sob a influência dos espíritos.” A Doutrina Espírita tem vasta coleção de livros que explica como se dá a influência dos espíritos em nossa vida diária. Aqui, queremos tratar de outro tipo de influência, aquela que se dá de encarnado para encarnado. Quantos de nós não ficamos dando palpite na vida alheia, nos vestindo da capa de sabedoria (que não possuímos) e aconselhando os nossos companheiros nas atitudes a serem tomadas frente às situações que se apresentam? Além dos conselhos, ficamos “buzinando” na cabeça daquele que queremos influenciar, uma idéia ou uma atitude que nós queremos que ele faça. Vemos lares que são desfeitos por influência de estranhos que não suportam ver a felicidade de alguém. Observamos companheiros tentando resistir aos vícios, mas de tanto os chamarem de volta, acabam cedendo e caindo novamente naquilo a que eles fragilmente resistiam. Ouvi, certa vez, a frase: “Para o erro há vários te convidando, mas para uma reunião de estudo do Evangelho, poucos te chamam.” Temos que vigiar a nossa língua, pois ela pode ser o instrumento de nossa perdição. Quantos companheiros nossos estão vacilantes nas boas resoluções, mas, ao invés de encontrarem palavras de ânimo e incentivo, encontram o empurrão que derruba para o buraco. Os livros espíritas, principalmente os romances, estão repletos de histórias de personagens que ficam instigando o mal no coração alheio, que se deixam levar e acabam cometendo atos de que se arrependem amargamente, pois precisarão resgatá-los com muitas dores e sofrimentos. Quantos há que não cometem o ato tresloucado de tirar a vida do semelhante, mas ficam incitando outros através da maledicência, da palavra maliciosa que cria ou desperta verdadeiros monstros contra os quais lutamos para que fiquem sufocados dentro de nós. Aquele que sugere ou incita é tão criminoso quanto aquele que levanta a mão e desfere o golpe. Aos olhos de Deus nada escapa. Precisamos ficar atentos se não estamos nos deixando levar por estas influências perniciosas e resistirmos às nossas próprias más tendências. Para isso é necessário o estudo do Evangelho, boas leituras, a oração que nos liga a Deus e a Jesus e a prática da caridade. Somos responsáveis por nós mesmos. Pelo que fazemos ou pelo que os outros façam por nossa sugestão. Cabe sempre a advertência de Jesus: “ORAI E VIGIAI” Vitório Sinto-me só! Imensamente só! Tenho fome... Uma fome de afeto, uma fome de compreensão, uma fome de ternura... de ternura... que me faz chover lágrimas dos olhos e me faz soluçar torturado, qual se mais não fora do que urna criancinha abandonada a rogar pelo olhar materno... — Materno?! Minha mãe... Onde terei deixado a velhinha, que lembro agora, tão acalentadora, cujos olhares tantas vezes censurei, por dizêlos doces demais... e, por doces, tolos demais! Ficou numa enxerga... Ficou... Onde será que a deixei?! — Oh! Mãe... Oh! Mamãe... Ah! Positivamente deliro... Sei que mamãe morreu... No entanto, estou a vê-la, esgazeada pelas minhas lágrimas ... Estou a vê-la e a senti-la juntando-me as mãos e pondo-me genuflexo... acariciando-me os cabelos com ternura... com ternura... Quero chorar em seu regaço! — Quem, mamãe? Ver o quê, mamãe? Sim! Lembro-me de já tê-la ouvido narrar esse acontecimento... Mas, já vai tanto tempo! Por que lembrarme agora dessa estrebaria a que não dei atenção e desse Jesus de quem apenas eu recolhia tão vagas referências? Eram histórias de Natal... Ela insiste brandamente! Contemplo, lacrimejando. No cenário singelo, destaca-se a manjedoura. Capim ressequido forra o tabuleiro usado para alimentar os animais, que estão estranhamente aquietados. E Maria, pós envolver o filho num olhar de ternura, confia-o às palhas Retrato de uma Alma Que desfalecimento... Parece que me abismo em sonhos! Sonho ou pesadelo... nem sei! Este não pode ser, naturalmente, aquele mundo que deixei inda ontem, para um breve sono. Não pode ser o mesmo. Há tão esmagadoras e alucinantes diferenças que me atinge a alma esse gosto amargo de decepção... Pois ainda ontem eu era rodeado de amigos! E onde estão? Mal me descubro enredado nessa inexplicável e terrível trama que me envolve e abala e já os descortino afastandose de mim, qual se distanciassem de misérrimo leproso! E minha família... Onde estão os meus? Oh! Não! Agora me lembro que tantas preocupações a atender não me permitiram nutri-Ia com a seiva da paz e da serenidade... E meus filhos?... E minha esposa?... Onde estão? E minhas esperanças... E minha auto-suficiência? Ah... É um vento glacial que me sopra no coração, crestando o que sempre me parecera, até ontem, o mais belo campo do universo, o mais fértil e generoso vale de todos os rincões... Urna dor imensa me tritura! Tudo perde o sentido, o sabor! Meus sonhos se transfiguram, esmaecem, qual paisagem vencida pela neve que aniquila os rebentos nutrientes. E os dias se arrastam... Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança 17 da manjedoura... — Afugentemos a desesperação, filho meu! A voz de mamãe vibra-me no imo. — Reveja o símbolo imortal do Evangelho. Jesus, ao nascer, se ajustou à manjedoura para servir de alimento a todas as criaturas que atingissem a invernal estação da alma e que não mais encontrassem no mundo a razão de seu sustento. Quando todas as paisagens de nossas ilusões forem varridas e a fome de espírito nos devorar as entranhas, surge a manjedoura, o tabuleiro em que Jesus se deixou repousar, convidando-nos a desvestir do manto do orgulho e do egoísmo e adentrarmos o estábulo da humildade para alimentarmo-nos na Manjedoura da Vida. Suas mãos me afagavam os cabelos. Chegou o inverno em sua alma. As suas ilusões foram duramente varridas pelo vendaval que suas loucuras e suas paixões desencadearam. No auge da tormenta, alegro-me em identificar-lhe a necessidade do alimento que você jamais desejou. Já o campo de sua antiga vida se tornou ressequido e nada dele o alimenta. É a vez de Jesus... Oh! Inusitada acuidade me visita! — Senhor! Embora indigno de rogar-te comiseração, permite-me Livro em Foco livro rever-te, pelas lentes de minha imaginação, naquela manjedoura, oferecendo-se ao mundo por alimento que se toma, após crestadas as paisagens de nossas ilusões. Não te compreendi, antes da dor. Não te compreendi, antes do sofrimento. Não te compreendi, Senhor, enquanto me julgava por demais solicitado no mundo, amealhando os tesouros que me confiaste, guardando os bens que me doavas para administrar, dedicando apenas aos que me açulavam a vaidade e me nutriam o orgulho... Agora, Senhor, te compreendo! Desde o primeiro instante em nosso mundo, tu te ofertaste por alimento aos que, como eu, teriam fome no inverno da alma, e, mesmo indigno, embora mendigo de compreensão e ternura, ouso suplicar-te: ampara-me a mim, Senhor, e aos que, como eu, ainda não te compreenderam e que prosseguem em seus loucos pesadelos de possuir o mundo, quando na realidade o mundo nos possui... Silêncio reverente! Mamãe também chora... Identifico-me genuflexo aos seus pés, em soluços de reconhecimento, sentindo as lágrimas de minha Velhinha, que me alcançam e se tornam preciosas pérolas a tremeluzirem dentro de meu próprio coração! Roque Jacintho em foco o seguinte: “Em todas as provas que te assaltem os dias, considera a quota das bênçãos que te rodeiam, e, escorando-te na fé e na paciência, reconhecerás que a Divina Providência está Nesta edição, trazemos o comentário sobre agindo contigo e por teu intermédio, sustentandoo livro “Rumo Certo”, psicografado por te, em meio dos problemas que te marcam a Francisco Cândido Xavier, ditado por estrada, para dar-lhes a solução”. Emmanuel, em 1971. É um livro que, sem fantasias ou ilusões, nos Como o próprio autor espiritual coloca na mostra os obstáculos que colocamos em nosso introdução, não há “qualquer pretensão de caminho e os atalhos tortuosos que teimamos ordem pessoal no título deste livro”, ou seja, percorrer, mas, em várias lições, lembra-nos do ele também, com humildade, se coloca como amparo constante que nos é oferecido por Deus, uma criatura falível e em evolução, como todas para que possamos adquirir virtudes e ainda nos que estão sobre a face da Terra. recomenda que “nos dias difíceis, reflete nos Dedica ele o livro para aqueles que já se outros dias difíceis, que já se foram”. Francisco Cândido Xavier reconhecem necessitados de paz interior, ou pelo espírito Emmanuel Esta obra é composta de 60 lições, em sua seja, buscando um rumo certo para se integrar FEB - 216 páginas maioria de duas a três páginas, tornando-se a Jesus. 9ª edição assim, uma leitura fácil para os momentos de Traz-nos conceitos edificantes, abordando descanso ou intervalos dos nossos trabalhos diários, tópicos do dia-a-dia, tais como o desânimo, lutas diárias, proporcionando material riquíssimo para a nossa reflexão. tentações,compromissos familiares. É, acima de tudo, um incentivo para perseverarmos no Acima de tudo, é um livro que nos lembra das dificuldades bem através do trabalho e da participação. do convívio com o nosso semelhante, mas, também, recorda Família Amado Rumo Certo Contos contos Dona Borboleta no Mundo Espiritual Amiguinhos, quem ficou triste porque a Dona Borboleta desencarnou, agora poderá se alegrar, pois ela continuará a contar as histórias que ela vive. Tudo isto porque a morte não existe. Logo depois que a Dona Borboleta desencarnou, ela foi levada pelos amigos espirituais dela. Eram as borboletas que ela ajudou ou outros bichos que sempre foram companheiros dela. 18 Eram pássaros, lagartas, minhocas, abelhas e muitos outros bichos que vieram acompanhá-la para o jardim espiritual onde ela ficaria para se adaptar à nova situação. Levaram-na com muito carinho para uma enfermaria, pois ela estava desacordada e não entendia o que se passava a sua volta. Passados alguns dias em que ficou sendo atendida pelos amigos, começou a conversar com eles. Falou para a Dona Seareiro Abelha, que estava ao lado da sua cama: — Amiga Abelha, todos, quando desencarnam, vêm para este hospital para serem tratados? — Não — respondeu a Dona Abelha — alguns não viveram uma vida muito tranqüila, não se esforçaram para se melhorar, não praticaram a caridade. Estes, quando desencarnam, se juntam aos que têm o mesmo pensamento, ou seja, com bichos que estão em uma situação de infelicidade espiritual. — E por que eu estou aqui? perguntou a Dona Borboleta, não se reconhecendo merecedora de tanto carinho por parte dos amigos. — Você, amiga, se esforçou para semear o bem à sua volta. Cada um que você ajudou num momento de tristeza, foi uma etapa de aprendizado. Você começou a aprender a viver no mundo espiritual quando começou a ajudar os bichos do jardim. Lembra quando você ajudou a família de pássaros orientando-os a fazerem o Evangelho no Lar? A nossa amiga borboleta relembrou que o passarinho era muito rebelde e ela orientou o Senhor Pássaro a ensinar a moral cristã para o seu filho, e comentou: — Mas eu não fiz nada, somente mostrei como podiam encontrar o entendimento entre eles, orando e conversando sobre os ensinamentos de Jesus. — Pois é, amiga, mas graças ao seu incentivo e à sua orientação, eles puderam restabelecer a harmonia no lar. São estes pequenos gestos que nós fazemos por amor ao nosso semelhante que nos fazem melhorar espiritualmente. Dona Borboleta, após esta conversa, ainda ficou de repouso por mais alguns dias. Uma bela manhã, ao receber a visita da Dona Lagarta, perguntou a ela: — Dona Lagarta, eu já estou cansada de ficar deitada, somente repousando. Aqui no mundo espiritual, nós não trabalhamos? A Dona Lagarta abriu um sorriso e respondeu: — Nada na natureza fica sem trabalhar. Se a borboleta não for até a flor e buscar o seu alimento ela morre de fome. A flor, por sua vez, busca o seu alimento através da suas raízes. Do mesmo jeito que na Terra todos devem trabalhar, aqui não é diferente. Levarei você para dar uma volta pelo jardim espiritual. Ambas, Dona Borboleta e Dona Lagarta, foram dar uma volta pelo jardim espiritual e viram que todos os bichos trabalhavam intensamente, mas de uma forma diferente. No jardim da Terra, todos procuravam trabalhar somente para o próprio alimento. Já no jardim espiritual, os bichos trabalhavam para ajudar uns aos outros. Dona Borboleta vendo tanto bicho ajudando, ficou feliz e disse: — Quero ajudar no que puder. Na Terra sempre sentia felicidade quando ajudava alguém que estava sofrendo. Quero continuar a ajudar para sentir a mesma felicidade. A partir deste dia, Dona Borboleta não mais parou de ajudar. Primeiro, trabalhava para os bichos que estavam doentes na Terra. Vinha em espírito fazer orações ao lado dos bichos doentes, pedindo a Deus que os abençoasse. Depois, ia aos lares em que havia muita briga e discussão. Da mesma forma orava para que eles não brigassem mais e falava no ouvido deles sugerindo que fizessem o Evangelho no Lar. Algumas vezes os bichos não aceitavam esta sugestão e continuavam brigando, outras vezes, começavam a se acalmar e se entendiam depois de estudar os ensinamentos de Jesus. Dona Borboleta não descansava. Quando sabia que algum bicho precisava de ajuda, lá ia ela tentar ajudar, mas sempre falava: — Não faço nada demais. Somente oro a Deus para que Ele ajude no problema. Um dia, soube que uma flor estava em depressão. Era o Senhor Girassol. Vivia triste, com as folhas murchas, nem queria mais abrir sua flor. Dona Borboleta foi, em espírito, até ele e começou a intuir que ele reparasse na beleza do jardim à sua volta e de quanto bem ele poderia fazer para todos. No começo o Senhor Girassol não sentia as sugestões da Dona Borboleta, mas ela não desistiu. Voltava sempre para "assoprar" no ouvido dele sugestões boas. Até que um dia ele começou a sentir o envolvimento amoroso da Dona Borboleta e começou a reparar na beleza do jardim. Depois a Dona Borboleta começou a sugerir que ele ajudasse alguém. O Senhor Girassol começou a se esforçar, mas tinha dia que ele ainda ficava desanimado. Um belo dia de sol, Dona Borboleta chegou perto do girassol e intuiu: — Amigo, repare na beleza deste jardim, sinta como o sol aquece a todos nós. Quando você recebe a água da chuva você fica todo limpo e o ar fica mais puro. Se você gosta de tudo isto que recebe de Deus, por que não agradecer estas bênçãos ajudando aos outros bichos? E o Senhor Girassol pensava: “Hoje estou me sentindo bem. Gostaria de ajudar alguém, mas não sei como fazer.” Dona Borboleta logo "assoprou" para o Senhor Girassol: — Não precisa fazer nada demais. Somente faça o que Deus lhe colocou para fazer. Depois de muito pensar o Senhor Girassol chegou a uma conclusão: — Já sei, vou abrir uma flor bem grande e bonita para que os pássaros possam ter bastante semente para se alimentar! E assim foi. O Senhor Girassol abriu uma grande flor e vários pássaros que não estavam encontrando alimento correram para comer algumas sementes. Os pássaros agradeciam cantando felizes e o Senhor Girassol se sentia bem e esquecia aquela tristeza. Dona Borboleta ficou feliz por ajudar o Senhor Girassol e este saiu da depressão e passou a sempre ajudar a todos, seja com as suas sementes ou com palavras de conforto e otimismo sempre agradecendo a Deus por todas as bênçãos que rodeavam a todos. Assim, meus amigos, Dona Borboleta continuou no mundo espiritual, trabalhando para ajudar a todos e semeando a felicidade nos corações dos bichos que sofrem. Com isto ela sempre estava feliz e em paz. Adolpho Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” Reuniões: 2ª, 4ª e 5ª às 20 horas Evangelização Infantil: ocorre em conjunto às reuniões Tratamento Espiritual: 2ª e 4ª às 19h45 3ª e 6ª às 14h45 3ª e 6ª às 15 horas Atendimento às Gestantes: 2ª às 15 horas Domingo às 10 horas Artesanato: Sábado das 10 às 16 horas Rua das Turmalinas, 56 / 58 - Jardim Donini - Diadema - SP Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança 19 Responsável FECHAMENTO AUTORIZADO - Pode ser aberto pela ECT Em ___/___/___ Reintegrado no serviço postal em ___/___/___ Informação escrita pelo porteiro ou síndico Falecido Mudou-se Desconhecido Ausente Recusado Não procurado Endereço insuficiente Não existe número indicado PARA USO DOS CORREIOS Destinatário Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” Caixa Postal 42 Diadema - SP 09910-970 . . . CORREIOS . . . 9912164885 - DR/SPM SEAREIRO Especial Impresso