VALIDAÇÃO DE MEDIDAS DE VELOCIDADE EM QUEIMADOR TIPO COCORRENTE Cristiane Aparecida Martins Andrausa*,(PG), Amílcar Porto Pimentaa (PQ), João Andrade de Carvalho Jr.b (PQ), Marco Aurélio Ferreirad (PQ), Marcelo Assatoa (PQ) a Instituto Tecnológico de Aeronáutica, Divisão de Engenharia Aeronáutica Pça. Mal. Eduardo Gomes, no 50, São José dos Campos, CEP 12228-900, SP, Brasil * [email protected] b Universidade Estadual Paulista, Departamento de Energia Av. Ariberto Pereira da Cunha, 333, Guaratinguetá, CEP 12516-410, SP, Brasil d Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Laboratório Associado de Combustão e Propulsão Rod. Presidente Dutra, km. 40, Cachoeira Paulista, CEP 12630-000, SP, Brasil Resumo Este trabalho tem como meta a descrição de parte do projeto cujo objetivo é o aprofundamento do estudo de chamas sem pré-mistura turbulentas. A idéia inicial parte da premissa da montagem de uma instalação experimental bem caracterizada na literatura, a qual atuando, de certa forma, como um 'padrão', permite-nos não somente comparações como a posterior adição de resultados aos já existentes. A instalação experimental escolhida é de jatos em co-correntes, os quais pertencem a uma classe de escoamentos de maior complexidade, caracterizada na Universidade Técnica de Delft – TUDelft e nos laboratórios SANDIA. A idéia central deste trabalho constitui a avaliação entre os escoamentos originais e os aqui construídos, através de medidas de velocidade com anemômetro de fio quente. Abstract This work presents a part of the project whose objective is study turbulent non-premixed flames. The initial idea is assembly a standard experimental apparatus known in the literature and this way to compare and to add some results. The experimental installation used is of type co-streams, which belong the class of complex flows, characterised in the Technical University of Delft - TUDelft and in the laboratories SANDIA. The objective of the present paper is to compare the flows given in literature with the obtained ones through measured of velocity fields using hot wire anemometer. 1. INTRODUÇÃO A combustão turbulenta é um dos mais complicados objetos de estudo da física macroscópica moderna (Pope, 1990). Neste contexto encontram-se as chamas sem pré-mistura turbulentas, as quais possuem grande aplicabilidade industrial e caracterizam-se basicamente pelo fato de que o combustível e o oxidante encontram-se inicialmente separados. Alguns processos que usam ou podem usar chamas de difusão de jatos gasosos são: “flares” para plataformas de petróleo marítimas ou outra aplicação qualquer, incineradores de resíduos industriais e hospitalares, caldeiras, fornos de sinterização, calcinação e vidro, etc. Tendo como foco aprofundar o conhecimento neste tipo de chama, encontra-se em operação no Laboratório Associado de Combustão e Propulsão do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, localizado na cidade de Cachoeira Paulista uma instalação experimental adequada. A instalação escolhida apresenta não somente um projeto de queimador extensivamente testado, com a chama ancorada à superfície do queimador, mas também condições de contorno bem definidas permitindo a sua modelagem matemática. Deste modo, este estudo acompanha a sugestão de Masri et al. (1996), onde a geometria de um queimador para estudos de chamas turbulentas sem pré-mistura não deve apresentar condições de contorno complexas, permitindo simplificar as características do escoamento (estrutura turbulenta, cinética química, radiação térmica, formação de poluentes, entre outras). No presente trabalho a instalação experimental de jatos em co-correntes, os quais pertencem a uma classe de escoamentos de maior complexidade, caracterizada na Universidade Técnica de Delft – TUDelft e nos laboratórios SANDIA. (De Vries, 1994, Nooren, 1998, Van den Bercken, 1998), os quais tem como base o queimador utilizado por Starner e Bilger (1985). O queimador é definido como queimador tipo jato com chama piloto, e seus modelos físicos são caracterizados por produzirem um escoamento parabólico de uma única corrente gasosa. Nesse caso, as condições de contorno são mais simples e, caso não seja possível medir as condições iniciais, pode se assumir escoamento laminar à saída do queimador para a chama piloto e escoamento turbulento em tubo totalmente desenvolvido para a corrente de combustível principal. A principal função da chama piloto é a de transferir a energia necessária à ignição do combustível principal, estabelecendo uma solução de continuidade na corrente gasosa principal, não permitindo que o ar seja difundido para o seu interior na região próxima ao queimador, o que caracterizaria uma zona de pré-mistura. Esta chama piloto pode ser facilmente contabilizada, podendo ser negligenciada a sua influência na composição da chama na região onde os principais fenômenos de extinção de chama ocorrem (Masri et al., 1996). Sem a chama piloto, a chama principal apresentaria uma região inicial de pré-mistura, de difícil modelagem. 2. O SISTEMA DE QUEIMA DELFT O queimador de Delft consiste dois tubos concêntricos, o central para o combustível e o anular para o ar primário. Chamas piloto ancoram a chama ao queimador, a qual é protegida de grandes estruturas de circulação de ar por uma corrente de ar secundário de baixa velocidade. A corrente de ar primário também apresenta características de jato e dessa forma a mistura turbulenta entre o combustível e o ar é intensificada. A Figura 1 apresenta o diagrama esquemático do queimador de Delft, com o detalhe da chama piloto. a) b) Figura 1: a) Diagrama Esquemático do Queimador – Sistema de Delft; b) Detalhe do projeto para a chama piloto e foto da região da Chama de H2 3. MONTAGEM EXPERIMENTAL A montagem experimental utilizada para a obtenção do campo de velocidade é mostrada na Figura 2a. As medidas foram realizadas no Laboratório Professor Feng do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) utilizando anemometria para obtenção das medidas de velocidade radial em diversas posições longitudinais, a saber, 50, 100, 150, 200 e 250 mm a partir da saída do queimador. Anemometria de fio quente (do inglês Hot-wire anemometry, HWA) é uma técnica bem desenvolvida e largamente utilizada em experimentos para se obter o campo de velocidade do escoamento. É uma técnica de medida indireta, isto é, exige calibração com fluxo de velocidade conhecido antes de ser aplicada (Lange,1999). Para tal, foi montado o esquema mostrado na Figura 2b, no qual consta um manômetro Betz, que permite que a velocidade do fluxo seja conhecida através de variação de pressão. Tal fluxo, conhecido, segue para a sonda com o fio aquecido (250°C) de diâmetro 5µm, cuja saída está conectada ao módulo de medida 56C01 CTA, o qual posteriormente envia valores de tensão ao sistema de aquisição de dados National Instruments SCB100. (a) (b) Figura 2: (a) Sistema de posicionamento e (b) Montagem para calibração do anemômetro A Tabela 1 apresenta as duas condições isotérmicas, ou seja, escoamentos não reativos, utilizando ar como fluido de trabalho, reproduzidas neste estudo. Tabela 1: Condições de escoamento jato 1 2 velocidade do jato (m/s) 21.8 21.9 velocidade anular (m/s) 4.4 0 As medidas obtidas experimentalmente são mostradas a seguir, nos gráficos das Figuras 3a e 4a. Comparativamente ao lado encontram-se os resultados obtidos na instalação de Deft. 25 25 50 100 150 200 50 100 200 150 250 250 20 velocidade (m/s) velocidade (m/s) 20 15 10 5 15 10 5 0 0 -40 -20 0 20 40 -40 -20 posição radial (mm) 0 20 40 posição radial (mm) (a) (b) Figura 3: Medidas de velocidade Jato 1 (a) ITA e (b) Deft 25 25 100 50 150 50 200 100 150 200 250 20 velocidade (m/s) velocidade (m/s) 20 15 10 5 15 10 5 0 0 -40 -20 0 posição radial (mm) (a) 20 40 -40 -20 0 20 40 posição radial (mm) (b) Figura 4: Medidas de velocidade Jato 2 (a) ITA (b) Delft Percebemos através dos gráficos das Figuras 3 e 4 boa concordância entre os resultados obtidos na instalação montada no ITA e a instalação utilizada em Delft o que torna a instalação montada no Brasil similar e compatível com a mesma. 4. COMENTÁRIOS E CONCLUSÃO O propósito do presente trabalho é a realização de pesquisa teórica e experimental na área de chamas de difusão em jatos de combustível gasoso. Para tanto, encontra-se em operação um banco de testes no Laboratório Associado de Combustão e Propulsão do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) que, com isso, implementará a linha de pesquisa em chamas turbulentas difusivas. Particularmente existe interesse acentuado em chamas turbulentas de gás natural. A montagem e caracterização deste tipo de instalação em contrapartida aos resultados obtidos em instalações similares é importante no sentido de nos tornarmos capazes de alimentar o banco internacional de dados sobre chamas produzidas em queimador tipo de Delft, além de utilizar seus dados como base para comparações e conclusões diversas. AGRADECIMENTOS À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo pelo financiamento através do projeto 98/15539-0 e aos funcionários do Laboratório Professor Feng do ITA. REFERÊNCIAS De Vries J.E, "Study on Turbulent Fluctuations in Diffusion Flames Using Laser Induced Fluorescence" PhD Thesis, Delft University of Technology, 1994. Lange C.F, Durst F. e Breuer M., “Wall Effects on Heat Losses from Hot_Wires”, International Journal of Heat and Fluid Flow 20: 34-37, 1999. Masri Ar, Dibble Rw, Barlow Rs., “The Structure of Turbulent Nonpremixed Flames Revealed By Raman-Rayleigh-Lif Measurements” Prog. Energy Comb. Sci., 22, 1996, 307-62. Nooren P.A., "Stochastic Modeling of Turbulent Natural-Gas Flames" PhD Thesis, Delft University of Technology, 1998. Pope, S.B., “Computations of Turbulent Combustion: Progress and Challenges”, Proc. of the Twenty Third Symposium (International) on Combustion, pp. 591 – 612, 1990. Starner S.H. e Bilger R.W., "Characteristics of a Piloted Diffusion Flame Designed for Study of Combustion Turbulence Interactions," Combustion and Flame, 61:19-38, 1985 Van Den Bercken R.E. J., "IR Emission/Absorption Tomography in Flames Stochastic" PhD Thesis, Delft University of Technology, 1998. PROJETO E CONSTRUÇÃO DE UM CONTROLADOR COMPUTADORIZADO PARA INJEÇÃO PULSADA DE COMBUSTÍVEL João Francisco Alves Borges – IC, Pedro Teixeira Lacava – PQ Instituto Tecnológico de Aeronáutica - Divisão de Engenharia Aeronáutica Pça. Mal. Eduardo Gomes, no 50, Vila das Acácias CEP: 12228-901, S. José dos Campos - SP [email protected], [email protected] Resumo A combustão pulsante tem ganhado interesse nas pesquisas atuais em razão das indicações que sua aplicação na geração de energia pode oferecer diversas vantagens, tais como: economia de combustível, redução da formação de poluentes, aumento da taxa de transferência de calor por convecção e investimento reduzido quando comparada com outras técnicas. O presente trabalho apresenta o resultado de um sistema projetado para controlar uma válvula eletromagnética utilizada para criar um spray pulsado de combustível. Esse tipo de injeção de combustível propicia condições pulsantes na câmara de combustão e uma melhor mistura entre os reagentes é atingida, como conseqüência a eficiência de combustão aumenta. Abstract Pulsating Combustion has won interest in the current researches due the indications that its application in the energy generation con offers several advantages, such as: fuel economy, reduce pollutants formation, increases the rate of convective heat transfer and reduce investment when compared with the conventional techniques. The present work shows the result of system designed to control an electromagnetic valve utilized to create a pulsed fuel spray. This kind of fuel injection provides pulsating conditions into the combustion chamber and a better mixing between the reactants will be reached, as consequence the combustion efficiency will increase. 1. INTRODUÇÃO Entende-se como combustão pulsante o processo de queima que apresenta como característica principal o fato das variáveis de estado (pressão, temperatura, etc), que descrevem as condições na zona de queima, ocorrerem sob condições oscilatórias, isto é, mudando periodicamente com o tempo [1]. Já nos processos de combustão convencionais, não há correlações entre as flutuações existentes em um determinado ponto da câmara de combustão e as flutuações de outro ponto, com exceção da própria estrutura turbulenta presente [2]. Entretanto, para chamas pulsadas as correlações temporais ou espaciais são organizadas de tal forma que elevadas amplitudes são estabelecidas. Para o caso da combustão com combustíveis as flutuações podem ser ocasionadas pela própria injeção pulsada de combustão. Isso melhora o processo de atomização do spray gerado e intensifica a taxa de mistura entre os reagentes, conseqüentemente aumentando a eficiência da combustão. O objetivo do presente trabalho foi desenvolver um sistema computadorizado para controlar uma válvula eletromagnética, que instalada na linha de combustível de um injetor será capaz futuramente de controlar a formação de gotas do spray de combustível e o próprio processo de queima pulsante em uma câmara de combustão. 2. O SISTEMA DESENVOLVIDO O injetor de combustível utilizado foi do tipo assistido por ar, ou seja, a atomização do filme líquido é atingida imprimindo-se sobre esse filme um escoamento gasoso em alta velocidade, com número de Mach próximo a unidade. A alimentação de líquido é feita através da pressurização com nitrogênio gasoso de um reservatório com capacidade para 10 litros até o máximo de 6 atm. A vazão de líquido é controlada pela pressão no interior do reservatório. Para o desenvolvimento do sistema controlador se utilizou como líquido trabalho a água. O regime de combustão pulsante que se pretende atingir futuramente com este injetor será alcançado através da própria injeção pulsada do combustível. Para isso foi instalado na linha de deste uma válvula eletromagnética, que sobre atuação de um sinal de onda quadrada permite ou bloqueia a passagem de combustível. Basicamente, o sistema que foi desenvolvido gera um sinal de onda quadrada com a freqüência desejada para a operação, esse sinal passa por uma amplificação e alimenta a válvula. A Figura 1 apresenta um diagrama esquemático do sistema desenvolvido e da montagem feita para obtenção da vazão de líquido através da contagem do tempo decorrido para se atingir uma determinada massa de líquido em uma balança de precisão com o injetor descarregando em um reservatório montado sobre esta. Figura 1: Diagrama esquemático de todo sistema montado. A válvula montada na linha de combustível para a injeção pulsada é do tipo utilizada para o controle da injeção de combustível em motores a pistão automotivos com funcionamento próximo ao ciclo Otto. Tal válvula é bastante adequada para as pretensões do presente trabalho, pois opera com a tensão de 12 Volts em corrente contínua e é especialmente desenhada para respostas rápidas até a freqüência de 60Hz. No entanto, acoplado à válvula, existe uma contração para injeção direta do combustível na operação do motor a pistão. Esta contração faz parte da carcaça da válvula e não pôde ser retirada, causando uma perda de carga considerável na linha de combustível. Apesar da perda de carga, a utilização de válvula automotiva foi bastante satisfatória, pois inicialmente houve a tentativa de se utilizar uma válvula solenóide