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Texto: Wellington Martins (MTB- 17875/MG-JP) / Rafaella Rodinistzky | Diagramação: Camila Serra
Informe Semanal / 28 de abril a 11 de maio de 2014
BH recebe maior mostra de Ingmar
Bergman da América Latina
Por Sala de Notícias – PBH
O Palácio das Artes (avenida Afonso Pena, 1.537, Centro) recebe a partir desta sexta-feira, dia
28, no Cine Humberto Mauro, em um total de 160 sessões, a maior mostra dedicada ao cineasta
sueco Ingmar Bergman já realizada na América Latina. Será exibida a filmografia completa do
autor e algumas raridades como curtas-metragens, making-offs e peças de teatro com filmagens
especialmente concebidas para e­xibição em TV. As atrações serão exibidas até o dia 12 de maio.
A mostra “Ingmar Bergman - Instante e Eternidade” reunirá 78 filmes em formatos 35mm, 16mm,
digital e DCP. As cópias, que juntas pesam aproximadamente uma tonelada, foram importadas da
Suécia, da Inglaterra e dos Estados Unidos. Nos dias 22 e 23 de abril, será encenada no Grande
Teatro do Palácio das Artes a peça “Sarabanda”, livremente inspirada em “Saraband”, último filme
do diretor, sob a direção de Grace Passô e Ricardo Alves Jr. A montagem leva o público ao palco
do Grande Teatro em um cenário que inclui câmeras e projeções. Arquibancadas serão montadas
no palco, com capacidade para receber 200 pessoas por apresentação. A peça mostra Johan e
Marianne, um casal que se reencontra 30 anos após o doloroso divórcio. No elenco estão os atores
Rita Clemente, Gustavo Werneck, Mariana Viana e Rômulo Romeu.
A programação conta ainda com curso, palestras e debates. Haverá também a exibição de duas
trilogias, a Trilogia do Silêncio e uma trilogia de filmes com traços autobiográficos escritos por
Bergman e dirigidos por outros cineastas. A abertura da mostra acontece hoje, com a exibição do
documentário “Liv e Ingmar – Uma história de amor”.
Primor técnico
Em seus filmes, o cineasta coloca em discussão questões existencialistas como morte, descrença
em Deus, egoísmo, discórdia, violência, ciúmes e depressão. Considerado um dos mais expressivos
representantes do cinema de autor, suas obras assumem claros contornos autobiográficos.
Filho de um pastor luterano, que mais tarde se tornou capelão do rei da Suécia, Bergman sofreu
abusos emocionais e físicos durante a sua infância. Teve uma vida sentimental atribulada com
muitos e conturbados relacionamentos. É bastante conhecida sua intensa e longa relação com a atriz
Liv Ullmann. Apesar de ter se relacionado amorosamente com várias de suas atrizes principais,
Bergman estabeleceu com Ullmann uma parceria que foi além da vida apenas conjugal.
A relação com o pai, a procura por Deus e questionamentos sobre a efemeridade da existência
podem ser reconhecidos em obras como “O Sétimo Selo”, “Persona” e “Gritos e Sussurros”. Há que
se destacar também o primor técnico, a inventividade da linguagem e a estilística das obras. Embora
dirigisse filmes que se tornariam clássicos, nunca se restringiu às técnicas e formas de filmagem
tradicionais. Com uma fotografia marcante, carregada de naturalismo e simplicidade, suas obras
exaltam detalhes, tanto na cena quanto na atuação. A fotografia singular é, muitas vezes, reflexo de
uma parceria de sucesso entre Bergman e o diretor de fotografia Sven Nykvist, que ganhou o Oscar
pelos filmes “Gritos e Sussurros” e “Fanny e Alexander”.
Entre os principais prêmios estão três Oscar de melhor filme estrangeiro, seis prêmios no Festival
de Cannes e muitos outros em Berlim e em Veneza. O cineasta também foi amplamente premiado
no campo teatral.
Bergman produziu aproximadamente 60 filmes para o cinema e para a TV em três décadas, além
de vários roteiros escritos e entregues a outros diretores. Concomitantemente, Bergman assumiu a
função de diretor em importantes casas teatrais da Suécia. Foram mais de 200 peças no currículo do
cineasta que começou sua carreira no teatro.
Destaques
A mostra exibe desde o primeiro filme roteirizado pelo diretor, “Tormento”, de Alf Sjöberg, passando
por “A Carruagem Fantasma”, de Victor Sjöström, obra cinematográfica que mais influenciou o
cineasta, chegando a documentários que resgatam a vida e a obra de Bergman e exploram sua
relação com figuras icônicas. Um desses filmes é “Liv & Ingmar”, recorte da relação profissional e
amorosa entre ele e a atriz Liv Ullmann.
A mostra também terá duas sessões especiais com a exibição de curtas-metragens, incluindo
comerciais publicitários e a filmagem de peças teatrais para serem exibidas na TV. Outro destaque
é a filmagem de “Baile das Ingratas”, do compositor Claudio Monteverdi, um exercício pioneiro de
intercâmbio entre as linguagens artísticas.
Trilogias
Os filmes “Através de um Espelho”, “Luz de Inverno” e “O Silêncio” compõem a chamada Trilogia
do Silêncio, obras que traçam um panorama sobre a busca por Deus e a relação do homem com o
divino. A outra trilogia reúne os filmes “Melhores Intenções”, “Crianças de Domingo” e “Encontros
Privados”. Roteirizados por Bergman, esses três últimos filmes recuperam aspectos de sua vida
pessoal e foram dirigidos por pessoas próximas ao cineasta.
Curso
Entre os dias 1º e 3 de maio a Fundação Clóvis Salgado irá promover o curso O Cinema de Bergman,
que discutirá a trajetória de Bergman como cineasta, concentrando-se em alguns de seus momentos
mais fortes e marcantes. A programação conta ainda com curso sobre a obra do autor e três palestras,
que abordarão temas como psicanálise e a relação de Bergman com o teatro, além de dois debates.
Destaque para o debate “Montando Bergman”, no dia 9 de maio, que reúne atores e diretores da
peça para conversar sobre a adaptação.
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