Departamento de Geografia e Meio Ambiente IPANEMA, IPANEMAS: MERCADIFICAÇÃO DA PAISAGEM E REPRESENTAÇÕES ESPACIAIS EM UM BAIRRO SEGREGADO Aluno: Horacio Nogueira Pizzolante Orientador: Prof. Dr. Alvaro Ferreira Introdução Ocasião da divulgação do II Plano Estratégico da Cidade do Rio de Janeiro – As cidades na cidade – o ano 2000 marcou a incorporação do conceito de planejamento estratégico à gestão da cidade do Rio de Janeiro. Com isso, passou a receber investimentos diretos (e, obviamente, influências) do Banco Mundial, incorporando à gestão municipal, portanto, o discurso de competição e eficiência [2]. A competitividade urbana levou ao processo de mercadificação e mercantilização da cidade do Rio de Janeiro, que se manifesta de forma desigual nos diferentes espaços da metrópole. O bairro de Ipanema se insere neste processo através da mercadificação das representações espaciais criadas em torno de suas paisagens. Portanto, pretendemos discutir, no presente trabalho, como e quais paisagens são apropriadas para a promoção (inter)nacional da cidade, através da produção de representações [4]. Assim, o objetivo geral da pesquisa é investigar como as representações espaciais são concebidas para o bairro de Ipanema com o intuito de mercadificar o bairro e a cidade do Rio de Janeiro. Objetivos O objetivo do presente trabalho é investigar como as diferentes paisagens (praia, lagoa e favela) são – ou não são – apropriadas para a promoção internacional do bairro de IpanemaRJ, assim como para sua mercadificação e mercantilização, de acordo com a lógica da gestão da cidade-empresa [1]. Ou seja, o objetivo geral da pesquisa é investigar como as representações espaciais são concebidas para o bairro de Ipanema com o intuito de mercadificá-lo. Metodologia A metodologia que orienta a pesquisa é a teoria dos desenvolvimentos geográficos desiguais. De acordo com tal teoria, o capital se desenvolve em certas áreas em detrimento de outras, gerando espaços e paisagens heterogêneos. Contudo, os espaços de desenvolvimento e subdesenvolvimento não são estáticos, sendo ambos importantes à sua maneira para a reprodução do capital [5]. O deslocamento do capital por diferentes paisagens é fundamental para sua própria reprodução, o que será aplicado ao trabalho quando discutirmos as diferenças entre cada uma das paisagens, assim como a inserção diferenciada de cada uma delas no processo de mercadificação e mercantilização da cidade do Rio de Janeiro. A produção da diferença geográfica não é apenas um legado histórico, pois está sempre ocorrendo. Observamos que, dentre todos os bairros da cidade do Rio de Janeiro, muitas das representações da cidade do Rio de Janeiro e também do modo de vida de seus habitantes se baseiam nas diferentes paisagens de Ipanema. Dessa forma, o processo do desenvolvimento geográfico desigual se manifesta enquanto reprodutor da lógica de segregação espacial em duas escalas: municipal (o bairro de Ipanema sendo escolhido em detrimento de outros) e do bairro (pois investigaremos como cada paisagem é apropriada para a formulação de representações) [3]. Além das referências bibliográficas apresentadas, o estudo do II Planejamento Estratégico da Cidade do Rio de Janeiro – As cidades na cidade – será de enorme relevância. Departamento de Geografia e Meio Ambiente Por fim, pretendemos realizar um levantamento na seção de Classificados em diferentes jornais, no período entre 2000 e 2015, com o objetivo de observar as mudanças no mercado imobiliário do bairro de Ipanema. Conclusões O presente trabalho é um projeto de monografia que está em estágio inicial. Portanto, devido ao momento no qual a pesquisa se encontra, não há resultados a serem apresentados. Entretanto, a discussão a respeito da apropriação – ou não apropriação – das diferentes paisagens de Ipanema – praia, lagoa e favela – para concepção de representações da cidade do Rio de Janeiro é de fundamental importância. Afinal, é desta forma que o bairro de Ipanema se insere no processo de mercadificação e mercantilização da metrópole carioca. Referências 1- ARANTES, Otília; VAINER, Carlos; MARICATO, Ermínia. A cidade do pensamento único: desmanchando conceitos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. 2- FERREIRA, Alvaro. A cidade no século XXI: segregação e banalização do espaço. Rio de Janeiro: Consequência, 2011. 3- HARVEY, David. Espaços de esperança. São Paulo: Loyola, 2011. 4- LEFEBVRE, Henri. La presencia y la ausencia: contribuición a la teoria de las representaciones. México: Fondo de Cultura Economica, 1983. 5- SMITH, Neil. Desenvolvimento desigual. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1988.