EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES – UMA EXPERIÊNCIA EM CONSTRUÇÃO 1 - Fabiane Padilha da Silva 2 - Maria da Glória Tassinari Yacoub 3 - Sílvia Regina Sarmento de Oliveira 4 - Tisiane Siqueira de Oliveira RESUMO O presente artigo pretende sintetizar a atual conjuntura em que se encontra a Educação a Distância no Brasil. Para que tal objetivo seja alcançado, trataremos de: contextualizar a EAD, abordar as implicações no contexto social e apontar as características específicas dos agentes principais desta modalidade – o aluno e o professor. Palavras-chave: Educação a distância. Professor. Aluno. ABSTRACT This article is intended to summarize the current situation you are in distance education in Brazil. For this goal is achieved, we will cover: distance education context, addressing the implications in the social context and point out the specific characteristics of the main agents of this type - the student and teacher. Keywords: Distance Education, teacher, student. 1 Graduada em Administração de Empresas (FAPA). Pós -Graduada em Formação Pedagógica de Professores (Faculdades QI). Professora do Estado Rio Grande do Sul. Professora das Escolas e Faculdades QI. 2 Graduada em Ciências Econômicas (PUCRS). Especialista em Finanças (PUCRS). Pós -Graduanda em Formação Pedagógica de Professores. (Faculdades QI). Professora das Escolas e Faculdades QI. 3 Graduada em Matemática (IPA). Pós Graduanda em Gestão de Pessoas e Negócios (Faculdades QI). Professora das Escolas e Faculdades QI. 4 Economista. Registro CORECON/RS nº6311. Pós Graduanda em Formação Pedagógica de Professores. (Faculdades QI). Professora das Escolas e Faculdades QI. 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Atualmente, as mudanças que estão acontecendo no mundo fazem com que novas possibilidades de educação sejam criadas e moldadas para suprir as demandas oriundas deste contexto. Transformações capazes de fazer com que a sociedade busque incessantemente formas de aproveitar o tempo – item cada vez mais escasso em nossa vida – são os abre-alas para a Educação a Distância. Como Pallof e Pratt (1999) afirmam: “As universidades sentemse pressionadas a controlar custos, a melhorar a qualidade, a dedicar-se às necessidades dos clientes e a responder a pressão oriunda da competitividade”. Essa modalidade é o caminho que não tem mais volta, pois mostra-se perfeita para o ambiente inseguro, atribulado e competitivo no qual nos encontramos, mostrando que é necessário buscar informações constantemente, pois, ao contrário do que muitos acham, essa não é uma forma de “entregar de mão beijada” o diploma, mas sim, de aproveitar uma ferramenta inerente aos dias atuais. A Educação a distância, por um lado, pende para a análise dos processos de ensinoaprendizagem, por tratar de um tipo de estudo – embora não tão recente quanto se imagina, pois é só nos lembrarmos do Instituto Universal Brasileiro - direcionado à modernidade. Mas também não se pode deixar de mencionar a questão social, pois, envolvidos em um processo que cada vez mais prega pelas competências, habilidades e atitudes dos profissionais, em um sistema muito competitivo, as pessoas veem-se obrigadas a encontrar formas de se qualificar e a educação a distância é uma das alternativas para esse fim. Frente a esses dois balizadores, vislumbram-se novas formas de aprender. Delours (1998), quando fala dos pilares da educação traz o aprender a aprender, o que significa a análise e diagnóstico do sujeito do aprendizado (o aluno) dos meios, os caminhos pelos quais ele se guia para poder apreender o conteúdo que lhe foi exposto. Nessa modalidade – a EAD – esse pilar se torna ainda mais relevante, pois o aluno estará sozinho (embora haja o tutor) com seus materiais e só ele será capaz de verificar como melhor poderá captar, entender, ressignificar e traduzir em prática o que viu. É a tecnologia invadindo nossas vidas e nossas escolas, então urge a questão de torná-la útil em todos os campos, e, em especial, na educação. Mas e o outro lado: o professor? Estará ele preparado para enfrentar as demandas que se originam deste contexto em mutação? 2 2 IMPLICAÇÕES E CONTEXTO SOCIAL Parte de nossa sociedade ainda encara o EAD de forma negativa. Já evoluímos muito. Esta modalidade está ganhando vagarosamente o seu espaço e respeito. Hoje o aluno busca um curso a distância, não apenas pelo seu valor reduzido, mas também pela sua autonomia e organização própria quanto aos períodos diários de estudos. Se analisarmos o mercado de estudantes que procura este tipo de modalidade pelo seu custo, podemos indiretamente estar instrumentalizando este aluno ao mundo tecnológico, pois, mesmo sem condições prévias de estrutura, o aluno terá que se adequar às ferramentas adotadas pela instituição que escolheu. 3 CAPACITAÇÃO DOCENTE Quanto à qualificação e capacitação docente, precisamos primeiramente quebrar o paradigma de que um curso EAD desemprega os professores. É claro que o objetivo das instituições particulares é aumentar a lucratividade e a rentabilidade, pois, assim, consegue atender um número maior de alunos com uma estrutura funcional reduzida, por se tratar de um curso EAD. Porém é preciso entender e aceitar que a educação e os cursos de formação, podem sim chegar aos menos providos de condições financeiras e de tempo. Os professores devem se aliar à tecnologia, fazendo com que sua aula seja atrativa, interativa e produtiva, utilizando as NTICS1 . O Professor necessita estar atualizado e capacitado para atender às exigências da sociedade e do seu público-alvo. É necessário reforçar a importância da formação do professor para EAD. Belloni (1999) agrupa as funções docentes em três grandes grupos: o primeiro é responsável pela concepção e realização do curso e materiais; o segundo assegura o planejamento e organização da distribuição de materiais e da administração acadêmica (matrícula e avaliação); e o terceiro responsabiliza-se pelo acompanhamento do estudante durante o processo de aprendizagem (tutoria, aconselhamento e avaliação). 1 Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, conjunto de tecnologias e métodos provenientes da Revolução Informacional, desencadeada entre os anos de 1970 a 1990. As novas tecnologias possibilitam agilizar, digitalizar em rede o conteúdo comunicacional. http://www.infoescola.com/informatica/novas-tecnologias-em-informacao-e-comunicacao, em 30/01/2012. 3 A Tutoria em EAD, diferentemente do ensino presencial, consiste no apoio constante ao aluno, em questões que possam parecer alheias ao conteúdo, mas que possam vir a prejudicá- lo futuramente. Terão os professores formação para vislumbrar a necessária ampliação, construção e reconstrução de novos saberes? Estarão preparados para olhar além dos muros da escola, para aproveitar e explorar o conhecimento que o aluno traz consigo, de que vem em busca? Conseguirão visualizar um futuro próximo, em que seus alunos irão atuar e, com base nisto, dar-lhes condições de inserção no mercado de trabalho? E serão capazes de fazer isto tudo levando informação estão devem, de em consideração que as tecnologias da comunicação e da cada vez mais presentes no nosso quotidiano e, por conseguinte, alguma forma, ser garantidas no processo ensino-aprendizagem? (MAGALHÃES, 2001, p. 117). 4 COMPORTAMENTOS E ATITUDES DO ALUNO EAD Muito tem se falado a respeito das mudanças trazidas ao sistema de ensino com o advento da informática principalmente no que tange ao ensino online. O que podemos observar na prática com relação ao comportamento e atitudes requeridas dos alunos é que, na educação online, o aluno é responsável pela construção de seu conhecimento, deixando de ser agente passivo para tornar-se um agente ativo do seu processo de aprendizagem. Enquanto que, no modelo tradicional de ensino, o aluno recebe do professor o conteúdo filtrado acompanhado de uma metodologia de aprendizado (o plano de aula que é elaborado e executado pelo professor) no ensino a distância o aluno é instigado a construir o seu conhecimento, tanto junto ao professor quanto aos seus pares e comunidade como um todo, sendo ele o planejador e executor de seu plano de ensino. Assim podemos dizer que as chamadas competências organizacionais são requeridas em maior grau de necessidade que no ensino tradicional, quando falamos de ensino online. Primeiro é importante definirmos o que compreende as competências organizacionais. Assim escolhemos como definição: o conjunto de competências necessárias para que o aluno compreenda seus objetivos, com relação ao curso escolhido, tendo consciência de que o seu comprometimento tem relação direta com a evolução de seu aprendizado e as metas por ele estabelecidas. 4 Podemos identificar seis competências comportamentais que são fundamentais para o sucesso do aluno online. Compromisso com Resultados – O aluno precisa atuar como um líder, focado em objetivos quantitativos e qualitativos. Assim, ao ser observado pelo professor orientador, a prática de tal competência servirá como modelo a ser seguido e poderá gerar estímulos positivos no aluno, tornando-o cada vez mais compromissado com as metas por ele estabelecidas. Gerenciar Tempo – O aluno precisa estabelecer metas, priorizar tarefas, lidar com os desperdiçadores de tempo, fazer análise do tempo para criar, maximizar a programação, visando ao seu desenvolvimento educacional. Gerenciar Recursos – O aluno necessita gerenciar seus recursos, tempo, mídia a ser utilizada, horas de orientação e feedback junto ao orientador, fóruns obrigatórios etc. Isso o deixará alinhado com o seu planejamento. Planejamento e Organização – O aluno fundamentalmente precisa coordenar suas tarefas, incluindo o planejamento (plano de ação/cronograma), a organização (distribuição de trabalhos) e as tarefas sequenciais (ações), bem como a seleção e a alocação de recursos para atingir seus objetivos. Liderar – Cabe ao aluno criar um clima propício ao desenvolvimento: ampliar os desafios e as oportunidades para criar um clima que favoreça o desenvolvimento de seu intelecto, ampliar sua visão periférica no campo em que está buscando o conhecimento. Atuar estrategicamente – na sala virtual o aluno precisa estabelecer conexão com dois tipos de ambientes que influenciam diretamente nos seus resultados: os internos e os externos. Atuar de forma a antever oportunidades e ameaças, tendências e inovações possibilitando o agir, ou seja, empreender esforços para a excelência na sua performance durante o processo de aprendizagem. Entretanto a relação aluno – professor assume papel relevante na construção do resultado do processo de ensino e aprendizagem do aluno no EAD. Segundo (JACOBSEN, 2004, p.75), os professores precisam ser competentes não só para preparar material instrucional adequado, mas, especialmente, para motivar o aluno e para conduzir processos 5 interativos que contribuam na construção do seu conhecimento. De certo que o aluno precisará ser motivado e orientado constantemente pelo professor para que apresente o amadurecimento comportamental necessário para completar o seu ciclo de aprendizagem e ao mesmo tempo desenvolver as habilidades necessárias para alcançar a progressão almejada de conhecimentos. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Atualmente as mudanças que estão acontecendo no mundo fazem com que novas possibilidades de educação sejam criadas e moldadas para suprir as demandas oriundas deste contexto. Transformações capazes de fazer com que a sociedade busque incessantemente formas de aproveitar o tempo. A Educação a distância vem atender este mercado de profissionais que necessitam de atualização constante, inseridos num ambiente competitivo. Este mercado, por sua vez, ganha força nos dias atuais sustentado por um público de estudantes que diverge um pouco do aluno presencial. Trata-se na sua maioria de alunos adultos, maduros, conscientes de suas obrigações e, geralmente, com necessidade de superar a distância devido à localização, ou até mesmo, a fim de melhor gerir o tempo que possuem para dedicar-se a uma formação continuada. O diferencial da educação a distância está justamente na autonomia que o curso exige de seu aluno, fazendo com que o perfil do aluno a distância seja um aluno questionador, um aluno voltado para a competitividade do mercado, capaz de gerir seu próprio tempo, sendo independente e responsável por sua formação. Já por sua vez o professor tutor deve instigar o aluno, promovendo aulas interessantes, questionadoras, com atividades de construção que permitam ao aluno construir seu conhecimento, baseado num ambiente favorável ao aprendizado. Um professor reflexivo que esteja voltado a atender às necessidades de seu aluno inserido nesse ambiente. O professor tutor precisa dominar as NTICS, a fim de atender a esse público crescente na educação a distância. Deve ser competitivo na qualidade de suas aulas e na qualidade dos materiais que formula para seus alunos, atento ao ciberespaço, e consciente de que a aula a distância exige deste professor um perfil diferente do adotado em aulas presenciais, onde a aula se dá por atividades dinâmicas, por questionamentos que incentivem a pesquisa, por fóruns que protagonizem a postura do aluno frente a seu objetivo maior que é o conhecimento e a sua formação. 6 Os professores precisam estar capacitados para vislumbrar a construção, a reconstrução e ampliação de novos saberes. É preciso olhar além da educação tradicional, além dos muros da escola, aproveitando e utilizando o conhecimento que o aluno já traz consigo. Tal capacitação deve preparar o professor para visualizar um futuro próximo, em que seus alunos irão atuar e, com base nisso, dar-lhes condições de inserção no mercado de trabalho. Tanto para o ensino presencial, quanto na modalidade EAD, o professor deve fazer isso tudo, levando em consideração que as tecnologias da comunicação e da informação estão cada vez mais presentes no nosso quotidiano e, por conseguinte, devem, de alguma forma, ser garantidas no processo ensino-aprendizagem. A escola, por sua vez, deve proporcionar um ambiente favorável ao aprendizado, com equipamentos disponíveis, com corpo docente qualificado e capacitado a atender este aluno da educação a distância. A integração destes três agentes: aluno, professor e escola, garantem o sucesso da educação a distância, formando, assim, profissionais capacitados, conscientes de seu papel na sociedade, com responsabilidades compartilhadas, possibilitando a inserção no mercado de trabalho com diferenciais de sucesso devido à qualificação construída ao longo do curso escolhido. REFERÊNCIAS CABRAL, Socorro. Ambientes de Aprendizagem: o desafio da interatividade no contexto da cibercultura. Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v.14, n.23, p.159-167, jan./jun.,2005. CURY, Carlos R J. “A evolução do pensamento pedagógico”. Revista Nova Escola. Edição especial: Grandes pensadores. Janeiro de 2003. DELOURS, Jacques. Educação: Um caminho a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. Editora Cortez. São Paulo: 1998. FLEURY, Afonso e FLEURY, M T L. “Estratégias empresariais e formação de competências”2ª ed. Atlas SP 2001 GARCIA, Tania Mikaela. As variáveis que interferem no processo de ensino e aprendizagem em cursos on-line. Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância, São Paulo, Dez.2007. 7 JACOBSEN, Alessandra de Linhares. Interação aluno-aluno em ambientes de educação convencional e a distância: um estudo de caso no programa de pós-graduação em engenharia civil da UFSC. 2004. 275 f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004. LITTO, Frederic Michael Litto. Perspectivas da Educação a Distância no Brasil: Três Cenários a Ponderar (1997 – 2002). Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância, São Paulo, Dezembro. 2003. NAJJAR, Enise Cássia Abdo; ALVES, Laura Maria Silva Araújo. Competências e habilidades para pesquisa em alunos de graduação de terapia ocupacional. Ciênc. cogn., Rio de Janeiro, v. 14, n. 3, nov. 2009 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S180658212009000300012&lng=pt&nrm=iso>. Acessos em 30 jan. 2012. PALLOF, Rena M; PRATT, Keith. Construindo Comunidades de Aprendizagem no Ciberespaço. Editora Artmed. Porto Alegre: 1999. PINTO, Álvaro V. “Sete lições sobre a educação de adultos” Cortez. SP. 8