Projeto Análise do Mapeamento e das Políticas para Arranjos Produtivos Locais no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil Relatório de Pesquisa 03 Caracterização, Análise e Sugestões para Adensamento das Políticas de Apoio a APLs Implementadas nos Estados: O caso do Estado do Paraná UFSC Departamento de Economia www.redesist.ie.ufrj.br www.politicaapls.redesist.ie.ufrj.br Projeto Análise do Mapeamento e das Políticas para Arranjos Produtivos Locais no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil Caracterização, Análise e Sugestões para Adensamento das Políticas de Apoio a APLs Implementadas nos Estados: O caso do Estado do Paraná Relatório de Pesquisa 03 Equipe Estadual Coordenação: Prof. Dr. Fabio Doria Scatolin Pesquisadores: Prof. Dr. Nilson Maciel de Paula Prof. Dr. Walter Tadahiro Shimajv Ms. Antonio Zanatta – doutorando do PPGDE Graduandos: Manuela Reche Latge Ricardo Pessoa de Moura Curitiba Equipe de Coordenação do Projeto / RedeSist Coordenador: Renato Ramos Campos Marco Vargas Fabio Stallivieri Pablo Bittencourt SUMÁRIO Introdução ............................................................................................................................. 1 1 – Estrutura de Apoio e as Políticas Para APLs no Paraná............................................ 4 1.1 Introdução ........................................................................................................................ 4 1.2 Estrutura Institucional e as Principais Linhas de Política Pública ............................. 5 1.3 O Papel da Secretaria de Estado do Planejamento – SEPL......................................... 7 1.4 As Ações do SEBRAE...................................................................................................... 8 1.5 As Ações da FIEP........................................................................................................... 17 2 – O Conceito de APL Utilizado para Orientar as Políticase Consequências na Implementação das Políticas: A Inclusão e Exclusão de APLs no Paraná ................... 20 2.1 Introdução ...................................................................................................................... 20 2.2 O Conceito de APL Utilizado nos Estudos da REDE APL do Paraná...................... 20 2.3 O Conceito mais Amplo de APL da RedeSist e a Exclusão das demais Aglomerações Paranaenses nas Políticas Públicas............................................................................................ 26 3 – Análise das Políticas Para APLs: Foco e Instrumentos da Política ......................... 35 3.1 Introdução ...................................................................................................................... 35 3.1 Uma Análise Das Ações De Políticas Públicas E Privadas Implementadas Nos APLs 35 3.1 Considerações sobre o Balanço de Pagamentos da Estrutura Produtiva Paranaenses 47 3.1 Uma Análise do Desempenho dos APLs em Termos da Balança Comercial............ 50 Capítulo 4 – As Políticas Estaduais para APL: Conclusões e Sugestões ....................... 54 Bibliografia.......................................................................................................................... 56 ANEXO 1............................................................................................................................. 57 ANEXO 2............................................................................................................................. 60 ÍNDICE DE TABELAS, FIGURAS E QUADROS. FIGURA 1 – MAPA DA LOCALIZAÇÃO DOS APLs SELECIONADOS................................................... 23 FIGURA 2 - APLs identificados e não apoiados.............................................................................................. 27 FIGURA 3- PRINCIPAIS CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO PARANAENSE.................... 29 FIGURA 4 – EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES PARANAENSES, SEGUNDO FATOR AGREGADO 1980-2008 ............................................................................................................................................... 34 FIGURA 5 - SALDO DA BALANÇA DE PAGAMENTOS DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS PARANAENSES PARA O ANO DE 2006 - MILHÕES DE R$........................................................... 49 QUADRO 1 – Programas de apoio aos APLs no Paraná, coordenados pela Secretaria de Planejamento ......... 7 QUADRO 2 - APLs apoiados pelo SEBRAE e respectivos agentes................................................................ 10 QUADRO 3 - Foco estratégico do SEBRAE, segundo os APLs apoiados ...................................................... 12 QUADRO 4 - Condicionantes da competitividade dos APLs de confecções................................................... 14 QUADRO 5 - Condicionantes da competitividade dos APLs de mandioca e bonés........................................ 15 QUADRO 6 - Condicionantes da competitividade dos APLs de insumos e equipamentos médicos ............... 15 QUADRO 7 - Condicionantes da competitividade dos APLs de moveis e madeira ........................................ 16 QUADRO 8 - Condicionantes da competitividade dos APLs de software....................................................... 16 QUADRO 9 - Principais ações desenvolvidas pela FIEP................................................................................. 18 QUADRO 10 - APLs PRÉ-SELECIONADOS................................................................................................ 22 QUADRO 11 - INSTITUIÇÃO/EMPRESAS BENEFICIÁRIAS DOS PROGRAMAS DE APL E SEUS DETALHAMENTOS. ............................................................................................................................ 38 QUADRO 12 – DEPOIMENTOS DOS GESTORES SOBRE A RELEVÂNCIA DO CONCEITO DE APL PARA A INTEGRAÇÃO LOCAL......................................................................................................... 45 QUADRO 13 – A PERCEPÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS POR PARTE DOS GESTORES LOCAIS DE APL......................................................................................................................................................... 46 TABELA 1 - PARTICIPAÇÃO DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS NO VALOR ADICIONADO BRUTO DO Paraná A PREÇOS BÁSICOS – 1985-2004 .................................................................................... 28 TABELA 2 - INDICADORES DA CADEIA PRODUTIVA DE CARNES E PESCADOS DO Paraná – 1996, 2000 E 2005 ............................................................................................................................................ 30 TABELA 3 - DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DO VALOR DE TRANSFORMAÇÃO INDUSTRIAL, SEGUNDO INTENSIDADE TECNOLÓGICA - PARANÁ - 1996-2005............................................. 31 TABELA 4 – ESTOQUE, DISTRIBUIÇÃO POR GRUPO E SUBGRUPO DO EMPREGO FORMAL NA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO, SEGUNDO A INTENSIDADE TECNOLÓGICA - PARANÁ - 1995/2007 ............................................................................................................................................. 33 TABELA 5 – COMPRAS, VENDAS E SALDO COMERCIAL DAS PRINCIPAIS ATIVIDADES ECONÔMICAS DO ESTADO DO PARANÁ ANO 2006................................................................. 47 TABELA 6 - INDICADORES DOS DESEMPENHOS DOS APLs EM 2006 ............................................... 51 TABELA 7 – VALOR ADICIONADO DAS DIVISÕES (5 DÍGITOS) QUE COMPÕEM AS ATIVIDADES DOS APLs E DEMAIS INDICADORES DE PARTICIPAÇÃO - 2006 ............................................... 52 TABELA 8 - APLs DEFICITÁRIOS NA BALANÇA COMERCIAL DENTRO DO ESTADO ................... 52 TABELA 9 - APLs DEFICITÁRIOS NA BALANÇA COMERCIAL COM OUTROS ESTADOS.............. 53 TABELA 10 - APLs DEFICITÁRIOS NA BALANÇA COMERCIAL COM OUTROS PAÍSES ................ 53 TABELA 11 - APL DEFICITÁRIO NA BALANÇA COMERCIAL TOTAL ............................................... 53 Introdução O processo de crescimento e mudança estrutural das economias é indissociável da aplicação de conhecimento às atividades produtivas, o qual não traz benefícios apenas aos que o introduzem, mas também à sociedade como um todo através de seu transbordamento para outras empresas situadas no mesmo ambiente econômico. Uma das principais características desse processo é a cumulatividade. Assim, o conhecimento novo complementa o conhecimento tácito existente e amplia seu estoque, gerando um processo auto-alimentador de crescimento e mudança. Consequentemente, o uso do conhecimento por uma pessoa ou firma não impede o mesmo seja difundido no interior do tecido sócio econômico articulado, direta ou indiretamente com a fonte inovadora inicial. Esta característica não excludente de um processo inovador envolve necessariamente o Estado, como um agente catalisador estratégico do desenvolvimento sócio econômico de acordo com as necessidades setoriais e regionais. De acordo com o termo de referência desta pesquisa, Arranjos Produtivos e Inovativos Locais (APLs) representam um marco, a partir do qual se busca compreender os processos de geração, difusão e uso de conhecimentos como parte da dinâmica produtiva e inovativa da economia regional. Assim, isso deve ser analisado como um processo sistêmico que resulta da articulação de distintos atores e competências neste território, na qual os APLs se destacam como uma forma dinâmica de organização produtiva com alta permeabilidade para geração e difusão de tecnologia. As externalidades daí resultantes contribuem para o aumento da competitividade das empresas e, em consequência, do sistema ou arranjo local como um todo. Essas externalidades são o elemento central dos sistemas locais de produção e inovação e dos APLs. Elas podem ser incidentais, decorrentes de (i) existência de um vasto contingente de mão-de-obra especializada e com habilidades específicas; (ii) presença e atração de um conjunto de fornecedores especializados de matéria-prima, componentes e serviços, e (iii) grande disseminação dos conhecimentos, habilidades e informações concernentes ao ramo de atividade dos produtores locais. Além das externalidades incidentais os agentes locais (empresas e instituições), bem como as instâncias governamentais podem reforçar capacidade competitiva dos APLs por meio de políticas 1 públicas deliberadas. Exemplos de tais políticas podem ser observados na instalação de central de compras de matérias primas, promoção de cursos de formação profissional, criação de novas fontes de demanda, contratação de consultorias, criação de centros de P&D coletivo, etc. A combinação das externalidades incidentais com as aquelas derivadas de ações deliberadas dos agentes resulta na chamada “eficiência coletiva”, principal determinante da capacidade competitiva das empresas locais (Schmitz e Nadvi, 1999). O esforço inicial que a RedeSist realizou para mostrar a relevância das aglomerações e em especial dos APLs para o desenvolvimento local repercutiu positivamente na identificação das aglomerações e na implementação de políticas públicas voltadas a essa forma de organização produtiva. Tanto o governo federal, principalmente através do MDIC, FINEP e SEBRAE, como o governo estadual do Paraná, por meio da coordenação da Rede APL pela Secretaria de Planejamento, se engajaram na implementação de políticas de desenvolvimento de APLs. No entanto, no terreno analítico das políticas públicas em APLs implementadas no Estado do Paraná, pouco tem sido elaborado. Na verdade tem-se uma ausência de discussão sobre o tema, quer seja em relação à sua abrangência da implementação das políticas de APLs em termos setorial ou espacial, quer seja de analise e avaliação das políticas de APLs em termos de seus resultados. A origem dessas políticas de apoio aos APLs pode ser identificada em três grandes campos1. Primeiramente, as políticas de desenvolvimento industrial que historicamente tiveram grande importância, ressurgiram no período recente, principalmente na forma de suporte às pequenas e médias empresas. O esforço do SEBRAE é reconhecido como de suma importância em diversos estados e no Paraná não tem sido diferente. O fechamento do banco local de fomento no inicio dos anos 90s e a incapacidade da Secretaria de Estado da Indústria e Comércio de implementar políticas consistentes no setor tem limitado a ação do estado neste campo. Em segundo lugar estão as políticas de desenvolvimento regional, cuja ênfase tem sido historicamente nos desequilíbrios regionais. Preocupadas com o baixo nível de desenvolvimento de determinadas regiões os APLs passaram a ser visto como lócus adequado para a implementação de políticas de desenvolvimento regional. Sendo assim, tanto as regiões atrasadas como as mais avançadas passaram a ver na política de APLs um instrumento necessário para reduzir o hiato com as regiões mais desenvolvidas, 1 Ver especialmente “Competitive Regional Clusters: National Policy Approaches” OECD (2007) 2 ou para aumentar a competitividade das regiões mais avançadas. No caso do Paraná, pouco tem sido feito nessa direção, uma vez que políticas regionais implementadas tem historicamente reforçado os desequilíbrios espaciais, ao invés de reduzi-los. Finalmente um terceiro campo destas políticas se refere às políticas de C&T. Neste campo está a grande novidade nos países avançados que tem procurado reforçar a capacidade inovativa de seus aglomerados via estímulos de P&D principalmente através de políticas que buscam uma maior aproximação entre centros produtores de conhecimento (Universidades e Centros de pesquisa aplicada) e as empresas via P&D colaborativo. Este tipo de política sem tradição no Paraná, somente após a constituição de 1988, passou a haver maior preocupação no estado para a construção de apoio ao desenvolvimento científico nas Universidades locais e institutos de pesquisa, a exemplo do TECPAR. No entanto estas políticas não tiveram uma maior preocupação em aproximar a comunidade científica aos problemas concretos dos APLs e de suas empresas. Mais recentemente essas instituições de apoio ao desenvolvimento científico e tecnológico passaram a considerar os APLs como um dos focos de suas ações. Independentemente da origem destas políticas, o foco setorial das políticas de APLs no estado do Paraná tem sido o setor industrial e de software, em determinadas regiões mais dinâmicas do Estado. O objetivo deste capítulo é discutir a s principais políticas públicas para os APLs implementadas pelo governo federal e estadual nesta primeira década do novo milênio. Para tanto, no capítulo 1 deste relatório, são discutidas a orientação de políticas públicas a serem implementadas e as ações dos principais integrantes da Rede APL, de acordo com a realidade de cada atividade e região existentes nos diferentes APLs identificados no estado do Paraná. No capitulo 2, o conceito utilizado pelas instituições da Rede APL é confrontado com aquele utilizado pela RedeSist. A partir disso, tem-se que, em vista das diferenças metodológicas lacunas conceituais emergiram no processo de identificação dos APLs. No capitulo 3, a partir de questionários enviados às governanças locais, foram avaliados aspectos da interação entre empresas, instituições públicas e privadas referentes à organização, gestão e inovação dos APLs identificados. Ao mesmo tempo, foram recuperadas informações do relatório 2, referentes aos fluxos comerciais no interior do estado, com outros estados e com o exterior. Finalmente, uma avaliação geral 3 das políticas públicas e ações institucionais junto aos APLs do Paraná, foi elaborada nas conclusões deste relatório. 1 – Estrutura de Apoio e as Políticas Para APLs no Paraná 1.1 Introdução Tendo por base as informações sistematizadas no relatório 1, nesta seção pretendese avaliar a atuação das instituições e respectivas políticas voltadas aos APLs no estado do Paraná. Para tanto serão consideradas tanto aquelas situadas no plano do governo federal quanto as concebidas e implementadas no âmbito do governo estadual. Entre as primeiras, destaque deve ser dado à formação dos núcleos estaduais do GTP-APL do MDIC, cuja atuação reflete a orientação dada em nível nacional. Por sua vez as políticas voltadas aos APLs pelas instituições estaduais foram estruturadas a partir da formação da Rede APL, em 2004, envolvendo órgãos governamentais e organizações representativas da iniciativa privada. Como já assinalado em relatório anterior, a motivação inicial dessa rede foi dada pela necessidade de impulsionar o desenvolvimento industrial do estado através de estratégias voltadas à competitividade. A crescente percepção da dimensão local da atividade produtiva e do ambiente empresarial convergente em torno de interesses comuns foi influenciada tanto pela emergência de um novo conceito para entender o comportamento das firmas, quanto pela maior visibilidade de processos localizados de industrialização. Assim, decisões políticas e iniciativas institucionais se orientaram pela necessidade de atuar localmente com vistas a tornar os setores produtivos competitivos nos mercados nacionais e globais. Nessa perspectiva, orientados pela Rede APL, as governanças locais foram estimuladas a formularem Planos de Desenvolvimento e Planejamento Estratégico a médio prazo. Para tanto, a Rede APL agregou diferentes instituições e organizações, amalgamando as ações e políticas já implementadas a partir de suas agendas previamente delineadas com novas ações voltadas especificamente aos APLs. Assim, as experiências locais de formação de APLs já em curso não implicaram necessariamente na inauguração de uma nova política específica, mas na criação e na adaptação de ações existentes às demandas locais onde a atividade econômica apresentava sinais de maior integração e aglomeração. 4 Esta seção tem o propósito de descrever de forma introdutória as principais instituições e suas linhas de atuação junto aos APLs existentes no estado. Tendo como base o trabalho apresentado no primeiro relatório, serão descritas a estrutura institucional e respectivas políticas públicas, com vistas à análise apresentada nos capítulos seguintes. 1.2 Estrutura Institucional e as Principais Linhas de Política Pública O arranjo criado através da Rede APL procurou dar um sentido ordenado às ações das principais instituições envolvidas, procurando reduzir sobreposições e organizando a participação de outras instituições e organizações relacionadas aos APLs do estado do Paraná. As instituições públicas, com alguma aderência aos arranjos produtivos locais foram agrupadas no primeiro relatório em três categorias, a saber: a) instituições de planejamento e execução de políticas públicas; b) instituições de ensino e pesquisa; em especial de P&D e c) instituições de financiamento aos APLs. Como já analisado, a sinergia daí resultante influenciou fortemente a adaptação das políticas públicas às demandas setoriais e regionais da economia paranaense. A Rede APL se caracterizou, portanto, como uma estrutura de governança institucional abrangente visando dar um sentido sistêmico à atuação das instituições e organizações, e reforçar as iniciativas de formação de APLs em diversas atividades e regiões do estado, de acordo com suas particularidades. Esse arranjo institucional, sob a coordenação da Secretaria de Estado de Planejamento (SEPL), mantinha uma convicção de que os APLs representam uma alternativa promissora para o desenvolvimento da economia paranaense, requerendo para tanto, informações sistematizadas e planejamento para promover a competitividade das empresas em seus respectivos aglomerados industriais. Por sua vez, as organizações empresariais têm participado diretamente do comitê gestor da Rede APL, de acordo com seus interesses setoriais, através do sistema FIEP, englobando os sindicatos empresariais, o IEL, SENAI, SESI, Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP). O SEBRAE, por sua vez, tem se destacado na interface entre as políticas públicas e a organização empresarial, atuando diretamente na formação de APLs em diferentes regiões e atividades produtivas do Estado. Sua capilaridade tem contribuído para a difusão de valores cooperativos entre as pequenas e médias empresas, estimulando-as a desvendar espaços competitivos. 5 Apesar da diversidade de integrantes, o núcleo fundamental da rede APL é formado por um tripé composto pela SEPL, SEBRAE e FIEP, cujas ações individuais são as mais relevantes para os arranjos existentes no estado. Portanto, a estrutura organizada em torno dos APLs combina iniciativas oficiais e de organizações empresariais, visando, de forma sinérgica, promover mudanças nos APLs do Estado. Este tripé passou a ser conduzido por ações eventuais e potencialmente conflituosas, na qual indústrias locais e respectivos interesses são tratados individualmente ao invés de à luz de uma ação sistêmica por parte da Rede Segundo avaliação unânime entre os integrantes da Rede APL, as políticas públicas por ela articuladas permaneceram, nos últimos anos, num visível estado letargia e indefinição. Contrariamente ao relativo entusiasmo inicial observado durante sua formação, nos últimos três anos tem ocorrido um claro refluxo nas preocupações e iniciativas, mais claramente por parte do governo estadual. Em parte, o redirecionamento das ações da rede refletiu um novo posicionamento do governo do Estado em relação aos APLs selecionados. Assim, a relação entre estes e as políticas públicas se caracterizou muito mais pelas iniciativas das próprias empresas, em busca de oportunidades criadas pelo conjunto da política industrial, do que por estímulos dados pelo estado. De uma maneira geral, a organicidade da Rede APL se sustentou apenas no âmbito de seu planejamento, se desfigurando, todavia, na medida em que instrumentos de política específica de APLs e recursos financeiros se tornaram necessários. Essa deficiência reflete tanto uma falta de maturidade institucional e de governança entre os órgãos envolvidos, quanto uma ação dispersa dos atores pautada apenas em suas expectativas individuais. Mais do que isso, o papel organizador e articulador da Rede, desempenhado pela Secretaria de Planejamento, não foi suficiente para amalgamar as ações implementadas de cada um dos demais integrantes. A relação entre a rede e os APLs do estado passou a ser restringir a demandas dispersas, de governanças locais, em muitos casos, parcialmente estruturadas. Por outro lado, a organicidade idealizada inicialmente, cedeu lugar a iniciativas isoladas de cada integrante da rede de acordo com seus respectivos interesses. 6 1.3 O Papel da Secretaria de Estado do Planejamento – SEPL Como já observado, a SEPL assumiu o papel de coordenação da Rede APL, no qual não apenas catalisou as demais instituições e organizações, como atuou junto aos APLs com o propósito de construir a governança local. Do ponto de vista de política pública, entretanto, essa secretaria de estado se restringiu tão somente à coordenação da rede institucional, e conseqüentemente das ações voluntariamente implementadas pelos demais integrantes, após a assinatura do Termo de Cooperação em 2004, entre o Governo do Estado do Paraná, o Sistema FIEP, o SEBRAE e o SENAI. Se essa coordenação teve a princípio uma notória visibilidade, ancorada nas prioridades de política de desenvolvimento do governo do estado, no período recente, correspondente ao segundo mandato do governador Roberto Requião, ocorreu um refluxo das ações governamentais. Em grande parte, essa crescente letargia resultou da não concretização ate o presente do empréstimo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) de US$ 16 milhões, para o desenvolvimento de APLs no estado. A incapacidade de pagamento do estado de empréstimos anteriores, associada à mudança de interesse por parte do governo estadual, fez com que os integrantes da Rede seguissem suas estratégias individuais. Apesar dessas deficiências, algumas iniciativas de apoio aos APLs, sob a coordenação da SEPL podem ser destacadas (Quadro 1). Quadro 1 – Programas de apoio aos APLs no Paraná, coordenados pela Secretaria de Planejamento Programa de Apoio aos APLs PROAPL Comércio Mercados Exterior e Acessos Finalidade a Inovação Tecnológica - Programa Universidade sem Fronteira Crédito e Incentivos Fiscais Programa de Microcrédito PROTERRITÓRIO Aumento da competitividade dos APLs paranaenses. Inserção dos produtos dos APLs - principalmente no MERCOSUL, através de apoio a missões internacionais de negócios e apoio tecnológico a Exportação (PROGEX) Desenvolvimento de novos produtos e processos através do programa Universidade sem Fronteira da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia, em parceria com o TECPAR e as universidades estaduais. Crédito e Incentivos Fiscais Fomento a pequenos empreendedores vinculados aos APLs. Negociação de projeto junto ao Banco Mundial voltado à competitividade dos produtores familiares das regiões contempladas. Fonte: Entrevista com técnicos da SEPL 7 Como se observa acima, o governo do estado, através da coordenação da SEPL, implementou ações de alcance diferenciado, dado sua amplitude diversa. Assim, o PROAPL abrange alguns APLs2 com o propósito de elevar o grau de competitividade dos APLs, como uma estratégia traduzida na capacitação tecnológica, qualificação de mão de obra, melhoria da logística para comercialização, e difusão de práticas ambientalmente responsáveis. Este programa é executado pelas secretarias de estado, SEBRAE e FIEP, com a participação de entidades regionais incluindo universidades, associações comerciais e industriais, sindicatos, prefeituras, secretarias e ONGs. As demais ações, de caráter mais objetivo, são marcadas pela conquista de novos mercados, pelo alívio fiscal, e desenvolvimento tecnológico. Numa perspectiva geral, as ações do PROAPL na realidade expressam o trabalho da Rede APL, orientada pela importância dada à governança local, à mobilização das empresas e demais atores, e à cooperação, como requisitos para a competitividade. Sua eficácia, enquanto um arranjo que congrega diversas instituições públicas e privadas tem sido diretamente afetada pela desarticulação, ou falta de governança no plano institucional, comprometendo os resultados do trabalho da Rede APL. A fase inicial de diagnóstico dos APLs e de montagem da rede foi sucedida por dificuldades oriundas do não cumprimento de prazos agendados, da evasão de algumas instituições, da sobreposição de ações, falta de integração entre os integrantes da rede, e incapacidade para promover uma identidade em torno das políticas direcionadas aos APLs. 1.4 As Ações do SEBRAE A participação do SEBRAE nas estratégias da Rede APL não implicou em importantes alterações conceituais ou da forma de atuação, e nas prioridades institucionais voltadas às empresas, particularmente pequenas e médias. Sendo assim, seu envolvimento tem se dado muito mais por meio de uma continuação de suas ações prévias, do que da 2 APL de bonés de Apucarana; APL de Confecções de Maringá e Cianorte; APL de Confecções do Sudoeste; APL de Equipamentos e Implementos Agrícolas de Cascavel e Toledo; APL de Equipamentos Médico-Odontológicos de Campo Mourão; APL de Madeira e Esquadrias de União da Vitória; APL de Metais Sanitários de Loanda; APL de Móveis de Arapongas; APL de Software de Curitiba. 8 adoção da base conceitual e plataforma de ação, estabelecidas pelo conjunto das instituições integrantes da Rede APL. Nesses termos, o SEBRAE atuava inicialmente junto aos núcleos setoriais no âmbito de cada município onde as empresas apresentavam algum grau de integração. Posteriormente, entre 1998 e 2002, foi implementado o Plano SEBRAE de Desenvolvimento Local, com propósitos semelhantes. Após 2003, o conceito de APL é incorporado nos planos do SEBRAE, embora envolvendo novas aglomerações estranhas ao grupo de 22 APLs definido pela Rede como público alvo inicial da Rede. Nessa perspectiva mais ampla, o SEBRAE tem se voltado para o desenvolvimento dos APLs, de acordo com seu grau de maturidade e consequentemente as prioridades estabelecidas no âmbito da governança local. No entanto, tendo em vista que são atendidas, presencialmente ou à distância, em torno de 49 mil empresas, predominantemente micro e pequenas, os APLs representam apenas um recorte metodológico de análise e organização da sua forma de atuação. Para estes, as prioridades, como definidas na estratégia de estimular o empreendedorismo empresarial, estão concentradas no desenvolvimento tecnológico, a ser concretizado por meio da capacitação e do estímulo à inovação. As ações do SEBRAE junto aos APLs do Paraná podem ser observadas no conjunto de 67 projetos abrangendo diversas atividades e organizações empresariais, como comércio varejista, cadeias produtivas, distritos empresariais, empreendedorismo, atividades de turismo, serviços, etc. Entre esses projetos são apresentados os resultados atualizados de 14 APLs, segundo o Sistema de Informação da Gestão Estratégica Orientada para Resultados (SIGEOR). Chama atenção o fato de que vários APLs incluídos nesses projetos não estão entre os 22 selecionados pela Rede APL, como descrito no primeiro relatório. Um primeiro aspecto a ser considerado diz respeito ao público de cada APL a ser atingido pelas ações implementadas pelo SEBRAE (Quadro 2). 9 Quadro 2 - APLs Apoiados pelo SEBRAE e Respectivos Agentes APL Confecções do Sudoeste do Paraná Madeira de União da Vitória Mandioca e Derivados da Região Noroeste do PR Bonés de Apucarana - fase 2 Projeto: APL - TI do Sudoeste do Paraná Insumos e Equipamentos de Uso Médico Malhas de Imbituva Móveis da Região de Arapongas fase 2 Software / TIC do Oeste Software de Curitiba e Região Software de Maringá e Região TI de Ponta Grossa Vestuário de Londrina e Região Software de Londrina e Região Público alvo Empresas de marca própria, acessórios, designer e ateliers de moda, facções, bordadeiras, tinturarias, lavanderias e estamparias, preferencialmente participantes do APL de confecção do Sudoeste do Paraná. Empresários pertencentes à cadeia produtiva da madeira de União da Vitória e Região Indústria de transformação da mandioca Confecções de Bonés de Apucarana/PR, com ênfase nas micro e pequenas empresas e seus fornecedores locais. Empresas de desenvolvimento de Software que participam do APL de TI do Sudoeste do Paraná. Indústrias de Insumos e Equipamentos de Uso Médico de Campo Mourão e seus fornecedores locais. Micro e Pequenas Indústrias Integrantes do APL de Malhas da cidade de Imbituva/Pr. Empresas fabricantes de móveis, estabelecidas nas cidades de Apucarana, Arapongas, Cambé, Rolândia e Sabáudia e seus fornecedores locais Empresas do APL de Tecnologia de Informação e Comunicações da Região Oeste do Paraná. Empresas de TI desenvolvedoras de Software de Curitiba e Região Metropolitana Empresas de TI desenvolvedoras de Software de Maringá e Região Empresas de TI desenvolvedoras de Ponta Grossa Empresas de marca própria, acessórios, designers/ateliers de moda, Facções, Bordadeiras, Tinturarias, Lavanderias e Estamparias. Empresas de setor de Tecnologia de Informação participantes do APL de TI de Londrina e Região Fonte: Sigeor/SEBRAE Como se observa no quadro acima, as ações do SEBRAE, dirigidas aos APLs do estado, têm um foco nas empresas localizadas num espaço definido, produtoras de um determinado produto ou vinculadas a atividades correlatas. Assim é que o grau de sinergia é mais elevado, por exemplo, nos APLs de confecções, envolvendo uma ampla diversidade de empresas, comparado aos produtores de software. A referência conceitual para a identificação dos APLs reflete prioritariamente as estratégias da organização, para as quais os critérios adotados para a definição e identificação, expostos no primeiro relatório, são flexibilizados. O segundo aspecto a ser destacado se refere aos objetivos das ações voltadas para cada APL, segundo a natureza das suas atividades (Quadro 3). Como se observa, as prioridades nas ações do SEBRAE são bastante diferenciadas entre os APLs contemplados, as quais podem agrupadas de acordo com as necessidades identificadas em cada caso. De 10 uma maneira geral, essa instituição orienta-se pela expectativa de desenvolvimento da economia local a partir do fortalecimento competitivo dos APLs selecionados. Mais especificamente, suas ações podem ser agrupadas em três focos, a saber, acesso a mercado, gestão empresarial e inovação tecnológica. Embora detectáveis em todos os APLs, há ênfases distintas de acordo com a natureza da atividade fim de cada um. Assim, nas atividades de confecções, vestuário e bonés, os desafios tecnológicos estão diretamente associados ao desenvolvimento de novos produtos, envolvendo novos materiais e design. Em grande parte, a dinâmica do processo inovativo nestas atividades está sintonizada com o comportamento da moda. Esta parece ser, portanto, a linha de frente das mudanças ocorridas nesses APLs, em torno da qual giram os esforços para melhoria de gestão e para conquista de novos mercados. Ademais, mesmo sendo a empresa o foco da atuação do SEBRAE, o desenvolvimento da cultura empresarial através do fortalecimento da governança local e cooperação entre firmas, são levados em consideração para elevar a capacidade competitiva dos APLs. Tendo por base esse agrupamento das ações do SEBRAE, os APLs da indústria processadora de mandioca do noroeste e de madeira de União da Vitória, revelam um menor dinamismo. A razão central é que as empresas estão presas a necessidades genéricas de descoberta de novos produtos, superação de entraves nos processos produtivos, e descoberta de nichos de mercado. Para tanto, há dificuldades na esfera administrativa e organizacional, em função das quais a cooperação e o ambiente empresarial ainda encontram-se pouco desenvolvidos. Por outro lado, os empresários da indústria madeireira ainda preservam um perfil conservador com resquícios da cultura extrativista que marcou a história da atividade no estado. Nesse ambiente prevalecem o individualismo e incapacidade para incorporar formas organizacionais inovadoras, principalmente aquelas que envolvem estratégias de cooperação. Situação bastante diferente num ambiente empresarial mais desenvolvido é observada no APL de móveis de Arapongas, no qual o foco das ações do SEBRAE, a exemplo dos acima mencionados, está no desenvolvimento de novos produtos, acesso a mercados, mais enfaticamente o externo, e gestão empresarial. Já os APLs de equipamentos de uso médico e hospitalar, e aqueles compostos por empresas de tecnologia da informação e desenvolvimento de software são visivelmente marcados por uma densidade tecnológica 11 mais elevada. Assim, a orientação do SEBRAE tem como foco, não apenas a inovação, mas o desenvolvimento de um sistema local de inovação na forma de um ambiente favorável, de uma infra-estrutura adequada, atração de empresas inovadoras e qualificação da mão de obra. Deduz-se, portanto, a partir do foco estratégico, ser estas as condições para o desenvolvimento do APL em bases competitivas, para o fortalecimento de relações sinérgicas e cooperativas entre os empresários, e para a estruturação bem sucedida da governança local. A partir disso as ações são direcionadas diferenciadamente de acordo com as necessidades detectadas no âmbito de cada região e de suas empresas. Quadro 3 - Foco Estratégico do SEBRAE, Segundo os APLs Apoiados APL Confecções do Sudoeste do Paraná Vestuário de Londrina e Região Malhas de Imbituva Bonés de Apucarana (fase 2) Mandioca e Derivados da Região Noroeste do PR Madeira de União da Vitória Móveis da Região de Arapongas - fase 2 Foco Estratégico • Inovação em design e moda; • Promoção da "marca" Moda Paraná em âmbito nacional e América do Sul; • Organização em redes dos elos da cadeia produtiva; • Gestão e monitoramento da evolução da competitividade empresarial; • Acesso ao mercado nacional. • Gestão profissional e efetivação da governança; • Desenvolvimento da Cultura Empresarial e Cooperação entre as empresas; • Inovação de produtos de acordo com nas novas demandas do mercado. • Promoção da "marca" Moda Paraná em âmbito nacional e América do Sul; • Inovação de processo e de produto; • Profissionalização da gestão empresarial baseada na sustentabilidade do negócio; • Ampliação dos mercados já conquistados com aumento das exportações; • Incentivar o aumento do uso de bonés no mercado interno; • Promoção da cooperação e da representação coletiva com todos os empresários; • Fortalecimento do APL junto a entidades nacionais; • Explorar formas de suprir as necessidades de mão de obra; • Organização de redes de negócios, criando vínculos de relacionamento • Elevação dos níveis de competitividade. • Desenvolvimento de novos produtos • Soluções tecnológicas inovadoras; • Identificações de nichos de mercados para alavancar comercialização. • Consolidação do APL como base para o Desenvolvimento setorial; • Acesso a mercado; • Melhoria do sistema de gestão das empresas e competência do; • Maior eficiência produtiva através de processos de inovação. • Expansão internacional de mercados; • Melhoria da qualidade de produto e maior produtividade; • Maior acesso a mercado; • Melhoria da gestão empresarial 12 Insumos e Equipamentos de Uso Médico de Campo Mourão • • • • • TI – Região Sudoeste e Ponta Grossa Software - TIC Região Oeste Software de Curitiba, Maringá, Londrina e Regiões. • • • • • Infra-estrutura adequada para o desenvolvimento das empresas; Desenvolvimento de novas empresas intensivas em tecnologia; Aumento da competitividade das firmas existentes; Promoção da Cultura Empreendedora junto à população; Estímulo à busca de novos negócios; Formação de um ambiente favorável à inovação, e à competitividade das empresas do APL. Melhoria da qualidade de software e serviços de TI; Promoção de um sistema local de Inovação em Tecnologia da Informação; Maior visibilidade do Software Paranaense nos mercado Brasileiro e Mundial; Qualificação da mão-de-obra; Desenvolvimento da Gestão empresarial. Fonte: Sigeor/SEBRAE As ações do SEBRAE, segundo o foco estratégico, estão baseadas em premissas que podem afetar positiva ou negativamente as condições de mercado e à competitividade de cada APL, influenciando os resultados pretendidos. Tais premissas estão ligadas tanto a condições gerais da economia, tais como as políticas cambial, monetária e fiscal, ao comércio internacional e ao ambiente interno dos APLs. Além disso, é possível identificar semelhanças entre APLs formados em torno de atividades distintas, especialmente quando se leva em conta as políticas públicas. Ou seja, as ações do SEBRAE junto aos APLs de confecções, vestuário e bonés, se baseiam em aspectos comuns, relacionados ao comportamento do conjunto da economia brasileira, elevação do nível de importação, fragilidade das políticas públicas, oscilação cambial, baixo grau de integração e cooperação entre os parceiros, e expansão do mercado consumidor. Embora a competitividade dos APLs de confecções, vestuário e confecções, seja afetada por condições desfavoráveis de mercado e de políticas públicas limitadas, há evidências de avanços obtidos no ambiente empresarial, do ponto de vista da cooperação, aprendizado e fortalecimento de lideranças. Esses avanços ocorreram mais visivelmente ao longo da difusão do APL como uma forma de organização industrial no estado. 13 Quadro 4 - Condicionantes da Competitividade dos APLs de Confecções APL Confecções do Sudoeste do PR, malhas de Imbituva e vestuário de Londrina Condicionantes • Baixo poder de investimento dos empresários por não ter linhas de crédito específicas; • Não cumprimento de contratos pelos parceiros e SEBRAE; • Falta de políticas públicas de incentivo para o setor da confecção; • Entrada de produtos estrangeiros no mercado nacional, em especial da China; • Baixo poder de investimento dos empresários por não ter linhas de crédito específicas; • Não consolidação do APL, devido à falta de integração e participação do grupo; • Desvalorização do dólar, permitindo a entrada de produtos concorrentes a preços competitivos; • Retomada do crescimento da economia; • Melhora do nível de cooperação e aprendizado no APL; • Surgimento de novas lideranças no APL. Fonte: Sigeor/SEBRAE No caso do APL de mandioca e derivados da região Noroeste do PR, as condições para competir estão relacionadas tão somente à necessidade de obtenção de novos produtos a partir da mandioca, e à garantia de obtenção de matéria prima na região. Por sua vez, dentre os aspectos relacionados à competitividade do APL de bonés de Apucarana devem ser destacadas as condições do mercado consumidor. Nesses termos, se o aumento das importações constitui uma ameaça concorrencial, a expansão do mercado consumidor representa uma condição extremamente favorável a essa indústria. Do ponto de vista da produção em si, as preocupações estão concentradas na qualidade e suprimento da mão de obra. 14 Quadro 5 - Condicionantes da Competitividade dos APLs de Mandioca e Bonés • Mandioca e Derivados da Região Noroeste do PR • • • • • • • Bonés de Apucarana • • • • • As perspectivas de desenvolvimento de novos produtos com base em mandioca e amido; O avanço da cana de açúcar na região noroeste o Paraná. Taxa de câmbio entre R$1,80/US$ e R$2,40/US$ Instabilidade institucional envolvendo a participação financeira ou não financeira dos parceiros. Política fiscal e tributária Federal e Estadual; Alterações nas políticas de exportação ou produção de produtos de algodão, causando escassez de matéria prima. Instabilidade na oferta e preço dos insumos. Práticas de concorrência desleal (dumping) por empresas nacionais e/ou internacionais que colocam no mercado bonés importados com 50% de diferença do preço médio nacional. Expansão no mercado consumidor de bonés. Uso no uniforme escolar. Utilização do boné como proteção solar. Tornar o boné uma peça do vestuário, como moda em segmentos do vestuário e não acessório. Tornar o uso do boné/chapéu como um equipamento de proteção individual (EPI), nos casos em os trabalhadores estejam expostos ao sol. Mão de obra insuficiente para suportar a expansão das empresas de bonés, em vista da baixa atratividade do trabalho de chão de fábrica. Fonte: Sigeor/SEBRAE A expansão competitiva do APL de insumos e equipamentos de uso médico está baseada predominantemente em premissas gerais relacionadas ao crescimento da economia nacional e condições favoráveis no terreno da política fiscal e tributária. Nenhuma menção é feita a desafios associados ao desenvolvimento tecnológico ou à consolidação do APL, dadas suas características ainda embrionárias. Quadro 6 - Condicionantes da Competitividade dos APLs de Insumos e Equipamentos Médicos Insumos e Equipamentos de Uso Médico • • • Crescimento econômico anual do país superior a 2,5% ao ano Manutenção dos compromissos institucionais e políticos na participação financeira ou não-financeira estabelecidos na parceria Política fiscal e tributária Federal e Estadual, com ênfase nos insumos e equipamentos de uso médico. Fonte: Sigeor/SEBRAE Por sua vez, é possível agregar numa dinâmica comum os APLs de Móveis de Arapongas e Madeira de União da Vitória, em que pese suas heterogeneidades estruturais. Nota-se, nestes casos, a predominância de aspectos abrangentes relacionados à política macroeconômica, condições favoráveis de mercado e fortalecimento das relações cooperativas no interior do APL. Novamente, condições associadas ao desenvolvimento 15 tecnológico e ao ambiente concorrencial são pouco relevantes, de acordo com as premissas apontadas. Quadro 7 - Condicionantes da Competitividade dos APLs de Moveis e Madeira Móveis da Região de Arapongas Madeira de União da Vitória • • • • • • • • Crescimento econômico do país superior a 3% ao ano; Taxa Cambial entre R$1,00/US$ e R$2,00/US$; Ampliação das parcerias com entidades públicas e privadas; Manutenção do nível de cooperação e surgimento contínuo de lideranças no APL; Estabilidade das políticas macroeconômicas; Manutenção da legislação ambiental vigente; Crescimento do mercado de Construção Civil de acordo com o crescimento do PIB; TJLP inferior a 7%; Fonte: Sigeor/SEBRAE Por fim, os APLs formados em torno das atividades de TI e de software apresentam premissas semelhantes, no tocante às condições gerais da economia, com destaque para o crescimento econômico, estabilidade cambial em níveis que não comprometam as relações comerciais e da taxa de juros em níveis competitivos. Os aspectos específicos identificados nesses APLs dizem respeito ao mercado de software, com destaque para o aumento do consumo e controle da pirataria. Por fim, menção é feita ao ambiente institucional, especificamente ao papel da universidade como formadora de mão de obra qualificada. Quadro 8 - Condicionantes da Competitividade dos APLs de Software TI do Sudoeste do Paraná Software / TIC do Oeste Software de Curitiba e Região Software de Maringá e Região TI de Ponta Grossa Software de Londrina e Região • Crescimento do PIB Brasileiro superior a 4% ao ano • Variação de crescimento do mercado de software não ser inferior ao crescimento do PIB • Lideranças comprometidas com o setor. • Universidades como formadoras de mão-de-obra qualificada. • Redução da Pirataria. • Variação do dólar não ser superior a 10%. • TJLP inferior a 7%. • Não haver mudanças bruscas nas políticas macroeconômicas. Fonte: Sigeor/SEBRAE A partir dos quadros acima, deduz-se que a consolidação dos APLs em bases competitivas não depende apenas do fortalecimento das relações cooperativas no seu interior, mesmo que estas sejam cruciais. Mais do que isso, as premissas traduzidas pelos condicionantes elencados indicam que as políticas voltadas para os APLs devem estar em sintonia com questões abrangentes relacionadas ao status quo da política macroeconômica. 16 1.5 As Ações da FIEP O papel do sistema FIEP, tido como o terceiro segmento do tripé que sustenta a rede, incorporado a base conceitual de APL, pode ser identificado por meio de suas estratégias globais e ações específicas de seu corpo técnico, incluindo suas diferentes instituições, como o SENAI, IEL e os sindicatos representativos em cada setor de atividade. Embora mantendo uma sintonia com as políticas governamentais do período de 2003 a 2006, as ações da FIEP estiveram mais próximas ao trabalho desempenhado pelo SEBRAE. Nessa perspectiva, a primeira linha de ação da FIEP, concernente à difusão do conceito de APL, como uma forma de organização industrial, esteve voltada para a governança local. Orientados pela necessidade de um ambiente cooperativo e de engajamento das instituições locais, a preocupação maior era de fortalecer a dimensão local da indústria e elevar sua competitividade nos respectivos mercados. Todavia, obstáculos emergiram em três frentes, influenciando os resultados projetados. Primeiramente, a ausência de liderança no ambiente empresarial local limitou a capacidade organizativa no interior dos APLs em formação, e conseqüentemente sua governança. Em segundo lugar, a cultura local, marcada, em muitos casos, por um forte conservadorismo e individualismo dos empresários, representou uma barreira às iniciativas da FIEP e dos seus sindicatos locais. Finalmente, diante das perspectivas trazidas por essas organizações à luz de um novo conceito, a postura do meio empresarial passou a ser pautada pela expectativa de vantagens oriundas de benefícios creditícios, num horizonte imediatista. Por sua vez, como mencionado acima, os integrantes da rede perderam a organicidade inicial, na medida em que se orientaram por suas próprias necessidades, visualizando os APLs como oportunidades, em detrimento das potenciais demandas locais. A segunda linha de ação da FIEP foi definida através do planejamento estratégico, em torno da qualificação de mão de obra, meio ambiente, desenvolvimento tecnológico, e marketing, governança, parceria com instituições de ensino e pesquisa, em torno dos quais as ações do sistema FIEP foram definidas. 17 Quadro 9 - Principais Ações Desenvolvidas pela FIEP ⋅ APL de Cal e Calcário da RMC ⋅ APL de Bonés de Apucarana ⋅ APL de Derivados da Mandioca – Paranavaí • • • • • • • • • • • • ⋅ APL de Esquadrias de União da Vitória ⋅ APL de Confecções do Sudoeste ⋅ APL de Tecnologia da Informação de Londrina ⋅ APL de Instrumentos médicosodontológicos em Campo Mourão ⋅ APL de Móveis de Arapongas ⋅ APL de Metais Sanitários de Loanda ⋅ APL de Malhas de Imbituva ⋅ APL de Software de Curitiba ⋅ APL de Alumínio do Sudoeste • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Relação forte com SENAI/ CETMAM Envolvimento da Coordenadoria da FIEP Protagonismo do sindicato Programa de design Desenvolvimento de novas lideranças Projetos na área ambiental Parceria com a ADR de Loanda: Projeto Nova Indústria Parceria com o APL de Bonés de Apucarana – terceirização Central de negócios Banco do Brasil implantou o DRS (Desenvolvimento Regional Sustentável). • • • Desenvolvimento de projetos tecnológicos Criação da Rede de APLs de TI do Estado O protagonismo do Sindimetal na articulação institucional do APL Desenvolvimento de máquina para utensílios de alumínio em parceria com SENAI. Parceria com a ADR do Sudoeste: Projeto Nova Indústria Cooperação entre empresas com trabalho em conjunto. (Ex: vendas casadas para software de empresas do APL) Parceria com faculdade para criação de curso de formação de • ⋅ APL de Software de Maringá Central de vendas RH comum do APL Protagonismo do sindicato Fortalecimento tecnológico Programa da Gestão da Qualidade Modelo de governança Café e Boné – realização de três edições Protagonismo do sindicato Projetos em parceria com instituições de ensino e fomento Projeto de Lei 2.728/07 que institui o uso do boné no uniforme escolar na rede pública Instalação do Laboratório de alimentos; Desenvolvimento de projetos com apoio financeiro de entidades de fomento MCT/FINEP, ADR, CNPq/IEL Obtenção de trator agrícola para extração da mandioca através de projeto cooperado com APL de Equip. e Implem. Agrícolas de Cascavel Desenvolvimento e ampliação de novos mercados Desenvolvimento de novas lideranças empresariais Protagonismo do Sindicato Articulação com poder público para implantação de laboratórios de costura industrial. Atualmente com 05 laboratórios básicos, 02 intermediários, 02 avançados e 01 centro de excelência Instalação da central de negócios Projeto de gestão de resíduos sólidos na indústria da confecção Criação de sindicato ligado a indústria Parcerias externas Obtenção de novo curso superior no Campus da UTFPR em Campo Mourão para Engenheira Eletrônica. • • • 18 • consultores de venda e TI e comunicação Treinamento em gestão de projeto específico para TI Fonte: FIEP Como se observa no Quadro 9, as ações da FIEP junto aos APLs são pontuais e específicas para cada caso. Nota- se, portanto, que à semelhança das ações do SEBRAE, o sistema FIEP segue uma estratégia mais propriamente reflexiva das demandas locais. Além disso, observa-se que em vários casos, a organização, através dos sindicatos, da governança local, de acordo com o nível de desenvolvimento já alcançado pelos APLs. Em outros casos, ações voltadas para o avanço tecnológico, em termos de produto e de novos equipamentos, implicam no fortalecimento de parcerias com instituições locais, treinamento e qualificação da força de trabalho. Por sua vez, os APLs produtores de produtos menos sofisticados, como confecções, malhas e móveis de madeira, dão ênfase para estratégias de expansão de mercado e descoberta de novas oportunidades. Por fim, um destaca-se, para efeito de uma política voltada aos APLs do Paraná, iniciativas ou demandas de aproximação cooperativa entre diferentes locais onde atividades semelhantes, a exemplo da indústria de malhas de Imbituva, Bonés de Apucarana e Confecções de Cianorte. Isso indica uma expectativa de algumas governanças locais de formação de uma rede de APLs a partir de suas sinergias e complementaridades. Embora essa estratégia dependa prioritariamente da capacidade organizativa dos sindicatos e respectivas governanças locais, suas potencialidades representam uma orientação para as políticas públicas e privadas, visando reforçar a capacidade competitiva dos APLs do estado em seu conjunto. 19 2 – O Conceito de APL Utilizado para Orientar as Políticas e Consequências na Implementação das Políticas: A Inclusão e Exclusão de APLs no Paraná 2.1 Introdução A presente seção discute os conceitos de APL utilizados pelos segmentos da rede APL constituída no Paraná e suas diferenças em relação àquele formulado pela RedeSist. 2.2 O Conceito de APL Utilizado nos Estudos da REDE APL do Paraná O conceito de APL se incorporou às políticas de desenvolvimento local no Paraná no início dos anos 2000, sem que evidências empíricas de organização produtiva ou de políticas setoriais que o validassem, fossem detectadas com clareza. Até então apenas ações isoladas e reflexas de demandas do governo federal foram tomadas por algumas secretarias de estado, como a de Ciência e Tecnologia (SETI), nas quais a preocupação central era o processo de inovação em aglomerados de empresas em um mesmo espaço territorial. A partir de 2003, durante o governo de Roberto Requião, a estrutura de planejamento do governo estadual passou a incorporar o conceito de APL como um dos eixos orientadores da política de desenvolvimento estadual. Convencidas de que sistemas produtivos e inovativos locais, vistos a partir do conceito de APL, eram menos permeáveis às investidas das empresas multinacionais via investimento direto estrangeiro, diferentes instituições públicas construíram uma agenda de política pública centrada nas atividades produtivas espacialmente identificada. Assim é que em 2004, foi formada a Rede APL do estado do Paraná, integrada por entidades públicas e privadas, interessadas em implementar ações que fortalecessem as iniciativas locais de formação de APLs e de dar suporte à implementação de uma política pública específica. Para tanto foi elaborado um diagnóstico detalhado da distribuição da indústria extrativa, de transformação e de software entre as microrregiões do estado, o qual passou a orientar as ações de política pública e estimular a cooperação empresarial numa mesma atividade ou em atividades complementares. A identificação dos aglomerados industriais (IPARDES, 2006) foi apresentada em detalhe no relatório da primeira fase desta pesquisa. Para tanto foram utilizados indicadores 20 de concentração espacial, através do Quociente Locacional e Índice de Gini, e o número de firmas e de empregos gerados pelos aglomerados industriais existentes em todas as microrregiões do estado, considerando as 278 classes de atividade das indústrias extrativa, de transformação e de software. A identificação de 165 aglomerados industriais permitiu um mapeamento da atividade industrial no Estado, abrangendo 73 classes de atividades e 33 microrregiões, de um total de 39, segundo os critérios de concentração espacial, valor comercializado intra e interestadual, importância da atividade na economia regional, e importância de pequenas e médias empresas. Após a eliminação dos casos considerados duplamente, chegou-se a um total de 114 aglomerações. Todavia, apesar da abrangência dos critérios utilizados, nem todos os aglomerados identificados foram interpretados como APLs, tendo em vista sua aderência ao marco conceitual destes. Como já exposto no primeiro relatório, essas aglomerações foram classificadas em quatro categorias, de acordo com sua importância para o desenvolvimento econômico local vis a vis o estadual, como segue: - Núcleo de Desenvolvimento Setorial e Regional (NDSR): aglomerações bastante importantes para uma dada região e para o peso que a sua atividade tem no conjunto da economia estadual; - Vetor de Desenvolvimento Local (VDL): aglomerações muito importantes para o desenvolvimento local/regional, mas menos importantes para o setor no conjunto do Estado; - Vetor Avançado (VA): aglomerações que apresentavam elevada importância setorial, embora fossem pouco relevante para a região, devido à maior dimensão e diversificação de sua estrutura produtiva; - Embrião (E): aglomerações cuja importância para a atividade e para a economia regional ainda era pequena, mas com potencialidades para promover o desenvolvimento. O objetivo desta divisão dos APLs em quatro diferentes categorias era o de dar maior visibilidade às especificidades dos mesmos e a consequente necessidade de políticas públicas voltadas aos diferentes tipos de APLs. A partir dos resultados encontrados foram identificados inicialmente vinte e cinco APLs (quadro APLs pré selecionados a seguir). 21 Quadro 10 - APLs Pré-Selecionados APLs PRÉ-SELECIONADOS (25) VDL (5) NDSR (8) Cianorte (confecções) Apucarana (confecções - bonés) Sudoeste (confecções) Arapongas (móveis) Rio Negro (madeira / móveis) União da Vitória (madeira / portas e janelas) Prudentópolis - Imbituva (malhas) Loanda (torneira / produtos de metal) Telêmaco Borba (madeira) Guarapuava (madeira) Paranavaí (mandioca / fécula) Ponta Grossa (móveis de metal) Maringá (colchões) EMBRIÃO (5) VA (7) Umuarama - Altônia / Terra Roxa (confecções) Curitiba / Londrina (software) Toledo / Cascavel (máq. e equip. agrícolas) Curitiba (equipamentos médico/hospitalares) Maringá / Pato Branco (software) Maringá (confecções) Francisco Beltrão - Ampére / Verê (madeira / móveis) Curitiba (cal / calcáreo) Paranavaí / Cianorte (cerâmica vermelha) Curitiba (porcelana) Londrina (couros e artefatos de couro) Londrina (plásticos) Após mapeamento dos APLs pré-selecionados, uma pesquisa de campo com o intuito de identificar suas identidades à luz do conceito adotado. A partir daí, foram definidos vinte e dois casos a serem investigados mais detalhadamente num trabalho conjunto das Universidades estaduais e IPARDES, cujos resultados foram incorporados em novas pesquisas, seguindo procedimentos metodológicos específicos. Estes APLs passaram a ser, a partir de sua validação, os prioritários do estado para fins de políticas públicas. A Figura 1 a seguir destaca a localização dos principais APLs selecionados encontrados no referido estudo. 22 Figura 1 – Mapa da Localização dos APLs Selecionados APLs selecionados (22) . Estes 22 APLs identificados e apoiados se tornaram o foco das ações da Rede APLs do Estado do Paraná. mais especificamente por parte do governo do estado, do SEBRAE e da FIEP. O conceito de APLs que emergiu desse trabalho envolvia atividades do setor formal da economia e notadamente do setor manufatureiro, tanto em função da base de dados utilizada quanto do conceito de aglomeração utilizado. Dessa forma, o que a Rede APL Paraná considerou “APLs selecionados” pela metodologia desenvolvida por IPARDES (2006), em uma analise conceitual mais rigorosa seriam na verdade o que Suzigan et all (2003) denominavam de Sistemas locais de produção, definidos como: “um conjunto de empresas com capacidades relacionadas ou afins, de portes variados, mas em geral com um conjunto expressivo de pequenas e médias empresas não integradas verticalmente. Essas empresas, por sua vez, atraem fornecedores e outras indústrias correlatas e de apoio, cuja presença e importância nos sistemas locais 23 são determinadas exclusivamente por forças de mercado. Por fim, surgem também importantes instituições locais de apoio às empresas”. Este conceito, tomado de Belussi e Gottardi (2000), não diferia fortemente segundo os autores, do conceito da RedeSist de Sistema produtivos e inovativos locais. A este respeito Suzigan et all (2003) consideravam que: A noção de sistemas locais de produção aqui utilizada não difere muito da definição de “sistemas produtivos locais” adotada na Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (REDESIST). Nesta, sistemas produtivos locais “referem-se a aglomerados de agentes econômicos, políticos e sociais, localizados em um mesmo território, que apresentam vínculos consistentes de articulação, interação, cooperação e aprendizagem. Incluem não apenas empresas – produtoras de bens e serviços finais, fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de serviços, comercializadoras, clientes, etc. e suas variadas formas de representação e associação – mas também outras instituições públicas e privadas voltadas à formação e treinamento de recursos humanos, pesquisa, desenvolvimento e engenharia, promoção e financiamento”. Em outras palavras a Rede APL passou a denominar “APLs selecionados” o que a rigor a RedeSist (2002) ou mesmo Suzigan et all (2003) consideravam como Sistemas de produtivos e inovativos locais. De um lado, para a RedeSist os sistemas produtivos e inovativos locais são aqueles APLs cujas relações de interdependência, articulação e vínculos consistentes resultaram em interações, cooperação e aprendizagem, possibilitando inovações de produtos, processos e formatos organizacionais que geram uma maior competitividade dos agentes. Por outro lado o conceito de APLs foi definido à época como uma aglomeração territorial de agentes econômicos, políticos e sociais, com foco em um conjunto específico de atividades econômicas e que apresentam vínculos e interdependência (RedeSist, 2002, pp. 03). Segundo membros das instituições coordenadoras da Rede APL envolvidas, esta definição metodológica, de um lado, facilitou o direcionamento das ações ao “definir” os SPL/APLs a serem apoiados (os 22 APLs selecionados), visto que, um número muito maior de possíveis beneficiários estava interessado no apoio da política pública. Adicionalmente, esta definição técnica definiu o corte entre as aglomerações e serviu como parâmetro para o estabelecimento de prioridades por parte das instituições em questão. Finalmente a diferenciação entre os escolhidos e os excluídos priorizou aquelas aglomerações cujo grau de desenvolvimento era mais avançado, principalmente em relação à integração à sua cadeia produtiva, à articulação entre os agentes e suas instituições, e à capacidade sistêmica para inovar. Por outro lado essa metodologia excluiu um número grande de aglomerações 24 que não apresentavam, naquele momento, um desenvolvimento avançado a ponto de ser considerado um Sistema Produtivo local (SPL/APL selecionado) ou não se “encaixavam” na metodologia implantada. Não se trata, assim, de uma limitação da análise da estrutura produtiva do estado, restringindo-se apenas ao setor manufatureiro, ou a aglomerações nas quais predominam MPEs formais (e informais), mas sim de um definição dos APLs prioritários por parte da Rede APL. Por outro lado, conforme demonstrado nos relatórios anteriores, a Rede APL identificou a existência de mais 114 supostos APLs (denominados de aglomerações – ver anexo) que em algum momento foi alvo de prioridade de política. Por outro lado, há referências, no interior da tecnocracia estadual, a outros APLs, a exemplo do turismo em Foz do Iguaçu e gastronomia no litoral, mas que não foram minimamente identificados ou tratados como tais pela Rede APL. Portanto, tratou-se de uma decisão deliberada por parte da Rede APL de restringirse em grande parte à Indústria de Transformação e em menor parte à Indústria Extrativa e de Informação e Comunicação, a identificação dos APL prioritários e não de uma discrepância no reconhecimento dos casos pertinentes. Conforme demonstrado nos relatórios anteriores, a Rede APL identificou mais 114 supostos APLs (denominados aglomerações – ver anexo) que em qualquer momento tenham sido alvo de alguma ação de política. A prioridade dada aos 22 APLs decorreu de um conjunto de critérios expostos no primeiro relatório. Ao mesmo tempo, pelos mesmos critérios, percebeu-se que nesses 114 haveria algum grau de integração local, mas que não poderiam ser alvo de eventuais políticas naquele momento, na medida em que os 22 apresentavam-se como mais avançados em termos de organização e integração. Por outro lado, por conta da equidade, a Rede APL, inspirada na metodologia utilizada, decidiu não priorizar outras divisões da CNAE, tais como serviços e agropecuária, em função de que, as bases de dados relativas a essas atividades não eram satisfatórias para uma análise adequada e apurada como feito com os 22 APLs selecionados e as 114 aglomerações. A visão da Rede APL era de que não havia consistência política em dar prioridade a um suposto APL, por critérios meramente subjetivos e não quantitativos, e não apoiar outro que também na visão dos interessados poderia ser APL. 25 Dentro dessa visão da Rede APL ao se elaborar os cálculos de QL conforme a metodologia explicada no primeiro relatório foi possível encontrar concentrações além das 114 aglomerações. Por exemplo, na Microrregião de Curitiba, entre outras, foi possível perceber uma concentração de atividades na divisão CNAE 29 (Fabricação de Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias) que se refere à indústria automobilística. Entretanto, pelos filtros estabelecidos pela Rede APL essa aglomeração foi desconsiderada em função de que, apesar da intensidade tecnológica, conforme o conceito de APL, não poderia ser considerado como tal e ser alvo de política pelo simples fato de que não se trata de uma dinâmica de integração local espontânea, mas sim de relações de integração hierarquizadas. Em outros termos, a visão da Rede APL era de que, aglomerações desse tipo, cujas firmas se inserem numa estrutura de mercado essencialmente de oligopólio, não justificavam alguma prioridade voltada a APL que teria como foco reforço à dinâmica de integração das PMEs e geração de emprego e renda. 2.3 O Conceito mais Amplo de APL da RedeSist e a Exclusão das demais Aglomerações Paranaenses nas Políticas Públicas De acordo com a RedeSist (2009) os APLs representam basicamente um quadro de referências, a partir do qual podem ser analisados os processos de geração, difusão e uso de conhecimentos e da dinâmica produtiva e inovativa de uma região. Para tanto se entende a produção e a inovação como processos de aprendizagem sistêmicos, que resultam da articulação de distintos atores e competências. A partir desta concepção, a abrangência setorial não se limita à atividade manufatureira ou de software, mas sim ao conjunto da estrutura produtiva considerando os serviços em sua complexidade, a agropecuária, com suas relações a jusante com a indústria agro-alimentar, energética e fibras, além dos setores mais tradicionais referentes à indústria de transformação. Tendo em vista o grande peso do setor primário, articulado a sólida indústria baseada em recursos naturais, e de um setor terciário bastante diversificado e complexo, é preciso considerar também que outras aglomerações não podem ser captadas pelas estatísticas formais da RAIS e dados fiscais, conforme já se afirmou anteriormente. Formalmente, como apontado no relatório 2, o conjunto de APLs selecionados representavam em 2006 cerca de 9% do VA da indústria de transformação paranaense e menos de 2% da economia do estado (ver capítulo 3). O próprio diagnóstico elaborado pelo IPARDES (2006) já havia identificado 114 26 aglomerações (APLs) relevantes no próprio setor manufatureiro e de software do estado. Estes APLs se encontravam naquele momento (dados de 2003) em estagio não tão avançado como os identificados e apoiados. No entanto estavam mais bem distribuídos do que os 22 apoiados em termos espaciais no Estado, como a Figura 2 abaixo demonstra. Figura 2 - APLs Identificados e não Apoiados Pode-se notar que em apenas 6 microrregiões do estado de um total de 39 não se identificaram APLs dentro do setor manufatureiro e software. Em termos setoriais de acordo com as classificações internacionais (OECD) existe uma clara preponderância de indústrias intensivas em recursos naturais e de baixo conteúdo tecnológico. No entanto na mediada em que estes APLs não foram apoiados explicitamente através das políticas públicas, o avanço dos mesmos passou a depender quase que exclusivamente dos próprios atores locais e de alguma ação individual da FIEP, do SEBRAE ou de uma secretaria de Estado através de uma ação isolada. Como já foi sugerido anteriormente limitar, no entanto os APLs ao setor manufatureiro e ao setor de software não esgota o conceito de APLs sugerido pela 27 RedeSist. Desta forma é preciso considerar também a dinâmica da economia do estado como um todo e principalmente os nexos entre o setor industrial e os demais setores da economia. A Tabela 1 a seguir mostra as transformações da estrutura produtiva paranaense nas últimas duas décadas, entre as quais se destaca o crescimento do setor terciário no período. Este setor ganhou espaço em relação à agropecuária, entre 1985 e 2004, com as atividades educacionais, imobiliárias e de comunicações ganhando espaço enquanto a intermediação financeira perdeu participação. Além disso, o turismo como o de Foz do Iguaçu ganhou contornos aglomerativos sendo considerado, como afirmado acima, como um APL segundo avaliação de algumas instituições do estado pleiteando inclusive ações de políticas públicas específicas. Tabela 1 - Participação das Atividades Econômicas no Valor Adicionado Bruto do Paraná a Preços Básicos – 1985-2004 Participação das Atividades Econômicas no Valor Adicionado Bruto do Paraná a Preço Básico - 1985 - 2004 PARANÁ Anos Paraná 1985 Total 1990 1995 2000 2004 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 23,88 11,90 9,16 13,66 18,39 0,10 0,04 0,03 0,02 0,02 27,18 31,97 22,78 23,91 27,11 Eletricidade, gás e água 2,02 4,85 4,83 6,07 4,85 Construção 6,17 8,83 13,49 11,26 7,99 Comércio e reparação de veículos e de objetos pessoais 8,87 7,69 8,52 7,32 8,09 Agropecuária Indústria extrativa mineral Indústria de transformação Alojamento e alimentação 1,40 2,23 2,85 1,21 0,99 Transportes e armazenagem 3,59 2,67 2,29 2,07 2,25 Comunicações 0,75 0,98 1,60 1,90 1,94 12,76 9,12 5,56 4,61 5,74 Atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às 4,22 7,80 13,07 13,45 8,53 Administração pública, defesa e seguridade social 6,21 8,77 11,44 10,39 10,17 Intermediação financeira Saúde e educação mercantis 1,68 2,08 3,14 2,80 2,41 Outros serviços coletivos, sociais e pessoais 0,67 0,80 0,79 0,83 1,04 Serviços domésticos 0,51 0,28 0,45 0,49 0,47 Fonte: Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais. Uma das principais características do processo de transformação ocorrida no Paraná no período foi a relativa manutenção da importância da indústria de transformação na estrutura produtiva do estado, como demonstrado na Tabela 1 acima. No entanto, esta 28 estabilidade foi sustentada pela participação das diversas indústrias no PIB estadual através de um avanço mais rápido de determinadas cadeias produtivas que se adensaram em detrimento de outros. Dentro do setor manufatureiro uma empresa âncora como VW ou Renault criam em torno de si um verdadeiro aglomerado de firmas fornecedoras que poderiam ser alvo de políticas públicas na mesma direção dos APLs selecionados, mas que, no entanto não foram identificadas nem entre os 22 (identificados e apoiados) ou mesmo entre os 114 (identificados). Por sua vez, se é verdade que agropecuária perde participação no período, como visto na Tabela 1, acima, o mesmo não pode ser dito das cadeias agroindústrias, cujo adensamento está no centro do processo de transformação da economia paranaense. De um lado, a expansão ocorreu a montante através da indústria de insumos e equipamentos, como trator, colheitadeiras, fertilizantes defensivos e sementes (e inclusive e serviços de consultoria agropecuária). De outro lado, o adensamento ocorreu a jusante através de uma agroindústria processadora. A Figura 3 abaixo destaca as principais cadeias produtivas do agronegócio paranaense. Figura 3- Principais Cadeias Produtivas do Agronegócio Paranaense INSUMOS SERVIÇOS DE APOIO PRODUÇÃO PRIMÁRIA TRANSFORMAÇÃO INDUSTRIAL DISTRIBUIÇÃO CADEIA DA SOJA Máquinas e Equipamentos Tratores e Colhedeiras CADEIA DA CARNE Comércio Varejista de Alimentos e Bebidas CADEIA DO TRIGO E AMIDOS CADEIA DA MANDIOCA Herbicidas e Pesticidas Adubos e Fertilizantes CADEIA DO CAFÉ CADEIA DOS HORTIFRUTIGRANJEIROS Produção de Mudas e Sementes Produção de Semen e Matrizes Comércio Atacadista de Alimentos e Bebidas CADEIA SUCROALCOOLEIRA CADEIA DAS BEBIDAS CADEIA DO LEITE Restaurantes, Lanchonetes e Serv. Alimentação Serviços Técnicos Especializados CADEIA DA PESCA CADEIA OUTROS ALIMENTOS 29 Apenas como exemplo do crescimento das diversas cadeias produtivas do setor agroalimentar local, cabe notar o caso da cadeia de carnes. Na verdade as três cadeias de proteína animal (aves, bovino e suíno), ao criar seus vínculos com outras duas cadeias (soja e milho) formam o núcleo mais dinâmico do agronegócio paranaense que é o complexo protéico vegetal e animal. A Tabela 2, referente à evolução da cadeia de carnes, mostra a crescente evolução do setor no período 1996-2005. Tabela 2 - Indicadores da Cadeia Produtiva de Carnes e Pescados do Paraná – 1996, 2000 e 2005 Indicadores da Cadeia Produtiva de Carnes e Pescados do Paraná, 1996, 2000 e 2005 Variável 1996 2000 2005 Número de Empresas 146 172 254 Receita das Vendas (R$ mil) 3.462.386,3 2.609.686,1 3.908.770,0 Valor da Transformação Industrial (R$ mil) 1.225.283,8 1.504.898,9 1.475.670,0 Número de Empregos 17.250 23.890 43.782 Taxa do Valor Adicionado 35,4% 57,7% 37,8% Produtividade do Trabalho (R$ mil) 71,0 63,0 33,7 Comparação Paraná e Brasil Participação no VTI (PR/BR) 14% 16% 9% Produtividade Trabalho Paraná 71,0 63,0 33,7 Produtividade Trabalho Brasil 51,8 43,0 48,2 Relação Produtividade (PR/BR) 137% 146% 70% Dados Brutos: IBGE - Pesquisa Industrial Anual Elaboração: IBQP Em pontos específicos destas cadeias produtivas, um vasto número de aglomerados que tem uma importância estratégica para as cadeias produtivas como o aglomerado de máquinas e equipamentos para madeira, ou mesmo dentro do próprio setor agropecuário poderiam ser objeto de políticas publicas mas não foram identificados como tal. Estudo realizado pelo IPARDES (2007) apresenta de forma clara a modificação da estrutura industrial paranaense entre os anos de 1996 a 2005, período em que a estrutura produtiva paranaense consolida a nova dinâmica urbana industrial. Nesse estudo é desenvolvida uma análise sobre a evolução da participação do valor de transformação 30 industrial, segundo a intensidade tecnológica que permite identificar o avanço do processo de industrialização presente no estado3 ( Tabela 3). Tabela 3 - Distribuição Percentual do Valor de Transformação Industrial, Segundo Intensidade Tecnológica - Paraná - 1996-2005 Fonte: IBGE, Elaboração IPARDES (2007) Analisando a estrutura industrial paranaense, com base no critério da intensidade tecnológica, observa-se que os segmentos econômicos de baixa intensidade tecnológica perderam espaço na participação do Valor de Transformação Industrial (VTI) para os segmentos de média-baixa tecnologia e de média-alta tecnologia. O segmento de alta tecnologia também perdeu espaço, porém em uma proporção menor, dada a sua baixa participação na estrutura industrial paranaense. Contudo, o que chama mais atenção é o crescimento do segmento de média-baixa tecnologia que foi substancialmente puxado pela atividade de refino de petróleo amplamente incentivada pela elevação do preço dessa commodity. No período compreendido pela análise, observa-se que os segmentos industriais classificados como atividades com baixa intensidade tecnológica perderam espaço na 3 A análise aqui considerada segue a taxionomia e metodologia desenvolvida pela OCDE que procura destacar o progresso técnico e sua distribuição ao longo da cadeia industrial, de forma a apresentar a evolução dos segmentos mais dinâmicos e competitivos presentes em uma dada região, no caso, o Estado do Paraná. Para saber mais da metodologia e taxionomia ver IPARDES (2007). 31 participação na formação do valor de transformação industrial, passando de 57,4% em 1996 para 41,9% em 2005. Nesse grupo, a atividade econômica que apresentou maior queda foi a de alimentos, bebidas e tabaco, cuja participação em 1996 era de 36% da participação no VTI e que em 2005 se restringiu a 21,2%. Já os segmentos de média-baixa tecnologia foram os que mais cresceram no período, passando de 13,8% em 1996 para 29,6% em 2005. A atividade econômica que mais contribuiu com essa evolução foi a de carvão, produtos de petróleo refinado e combustível nuclear, com crescimento de 15,8% na participação do VTI ao longo do período. Para os segmentos de média-alta intensidade tecnológica observa-se uma evolução que passou de 21,4% do VTI em 1996 para 24,1% em 2005, chegando em 2004 ao pico de 28,8%. Nesse grupo, a atividade que apresentou maior evolução foi a de veículos automotores cuja participação passou de 3,4% em 1996 para 9,3% em 2005 no VTI estadual. O último grupo considerado de alta intensidade tecnológica teve sua participação reduzida no período analisado, passando de 7,6% em 1996 para 4,4% em 2005. A atividade econômica que mais contribuiu para essa queda foi a de equipamento de rádios, TV e telecomunicações cuja participação passou de 6,1% para 2,7% no mesmo período. No que se refere à distribuição do emprego considerando o recorte por intensidade tecnológica (Tabela 4), observa-se que a maior parte do emprego industrial paranaense está nos segmentos de baixa tecnologia com 66% do total em 2007. 32 Tabela 4 – Estoque, Distribuição Por Grupo e Subgrupo do Emprego Formal na Indústria de Transformação, Segundo a Intensidade Tecnológica - Paraná - 1995/2007 Fonte: IBGE, Elaboração IPARDES (2007) Os segmentos de média-baixa e média-alta somados compreendem um total de 31,3% enquanto os segmentos de alta tecnologia somam apenas 2,8% do emprego na indústria de transformação paranaense em 2007. A participação do emprego formal nos segmentos de baixa intensidade tecnológica no emprego industrial entre 1996 e 2007, diminuiu de 68,9% para 65,9%, enquanto os segmentos de média-baixa e média-alta tecnologia somados tiveram uma elevação de 29% em 1996 para 31,3% em 2007. Nesse mesmo período os segmentos de alta tecnologia elevaram a participação de 2,1 para 2,8%. Considerando as evoluções presentes nas Tabelas 1 e 2 observa-se que a produtividade do trabalho da economia paranaense apresentou ganhos à medida que as atividades econômicas de maior intensidade tecnológica passaram a ter uma maior participação no emprego formal, demonstrando ganhos de competitividade na indústria paranaense. 33 O recorte da RAIS ao priorizar o emprego no setor ou na micro região cria um viés para as atividades intensivas em mão de obra em detrimento dos setores mais intensivos em conhecimento. Outra forma de observar essa transformação da estrutura produtiva do estado pode ser através da análise da evolução das participações nas exportações paranaenses segundo fator agregado para o período de 1980 a 2008 (FIGURA 4) em que a partir de 2000 as exportações de manufaturados suplantaram a de produtos básicos de forma consistente. Figura 4 – Evolução das Exportações Paranaenses, Segundo Fator Agregado - 19802008 90,00% BASICO (%) SEMIMANUFATURADO (%) MANUFATURADO (%) 80,00% 70,00% 60,00% 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 FONTE: (Shima e outros, no prelo) Os produtos manufaturados que em 1980 participavam com 10% do valor exportado passaram a ter em 2008 uma participação de 49% do valor exportado. Já os produtos básicos, que no início do período detinham em torno de 76% das exportações, ao final do período reduziram para apenas 38%. Por sua vez os produtos semimanufaturados tanto no início quanto no final do período mantiveram-se em torno de 10%, ainda que em 1995 obtivesse seu pico de participação em torno de 19% do total exportado. O comportamento das exportações da economia paranaense demonstra de forma inequívoca a mudança na estrutura produtiva do estado, em função do processo de industrialização iniciado nos anos 60. As transformações ocorridas na década de 70, foram seguidas, a partir de meados dos anos 90, por um visível fortalecimento de segmentos de tecnologia complexa como liderados pelo setor automotivo. 34 3 – Análise das Políticas Para APLs: Foco e Instrumentos da Política 3.1 Introdução Com um enfoque diferente sugerido pela Nota Técnica, o primeiro objetivo deste capítulo é avaliar as políticas implementadas em diversos APLs apoiados no estado a partir da visão das próprias governanças locais. Para tanto, foram levantadas as seguintes informações junto aos 22 APLs eleitos pelo estado, através de questionário (em anexo): • As políticas implementadas em cada APL, • A origem dessas políticas (agentes públicos e/ou privados) • Objetivos das políticas •A relevância do conceito de APL e a sua aplicabilidade para criar/aumentar/melhorar/intensificar as interações entre os diversos agentes pertencentes ao APL, • A visão dos APLs sobre as necessidades de intervenção da política pública. Em segundo lugar, a análise sobre a balança comercial dos APLs é resgatada para mostrar a dinâmica dos fluxos comerciais no interior do estado, com outros estados e exterior. Busca-se verificar em que medida as atividades dos APLs, segundo a classificação da CNAE, integram uma cadeia completa de fornecedores situados no próprio estado. Em outros termos, é importante para o desenvolvimento do estado que a produção do APL ocorra em sua maior parte a partir de fornecedores do estado e alcance mercados mais amplos através de exportação para outros estados e para o exterior. 3.1 Uma Análise das Ações de Políticas Públicas e Privadas Implementadas nos APLs Dos 22 APLs apoiados que deveriam responder ao questionário obteve-se o seguinte grau de retorno. Retornaram com informações completas e importantes Retornou dizendo que há nenhuma ação em implementação. O APL ainda está elaborando seus estatutos. 5 1 As informações prestadas confirmaram a inexistência de qualquer ação de política, inclusive com manifestações de dúvidas sobre a própria continuidade do APL. APL não encontrado (online, lista telefônica, etc.) Total de retorno Não retornaram 2 1 9 13 35 A partir do retorno dos cinco APLs com informações relevantes sobre o tema abordado no questionário, foi possível constatar a percepção a respeito da baixa efetividade das políticas públicas, como descrito nos capítulos anteriores. Há portanto, uma convergência entre as informações obtidas junto aos órgãos executores do estado e aquelas oriundas dos próprios APLs. Conforme o Quadro 11 é possível afirmar que: • Todos os programas e/ou ações em implementação nos APL decorrem de esforços de articulação realizados entre os agentes locais. • As ações são predominantemente locais e pontuais com entidades privadas (na maioria) e públicas. • Essas ações, apesar de exclusivas para APL (conforme a ultima coluna), não abrangem todos os APLs, e estão sendo implementadas a partir de uma demanda local, de acordo com a capacidade de articulação do APL em torno de suas demandas específicas, e não do conjunto dos APLs. • Mesmo o MDIC quando aparece não o faz em termos de alguma proposta de inovação e sim apenas de busca de mercado. A proposta do PEIEX que está voltada exclusivamente para APL não foi citado como programa em execução, sem ainda ter alcançado seu objetivo final. • Pela natureza e especificidade das ações em cada APL não tem sido possível estabelecer políticas horizontais abrangendo satisfatoriamente todos os APLs nas suas necessidades. Cada APL tem um conjunto de demandas específicas, as quais, segundo os Gestores dos APLs, não são facilmente canalizadas. Assim, seriam necessários mecanismos de encontro dessas demandas com as instituições executoras de políticas (sejam públicas ou privadas). • Verifica-se aqui, com base nas informações obtidas junto aos APLs e evidências apresentadas no capitulo 1, que o SEBRAE é o organismo mais atuante por conta de sua capilaridade e experiência acumulada. Essa instituição pelo fato de lidar com o desenvolvimento das PMEs no local tem mais agilidade, experiência e instrumentos para identificar as necessidades locais e resolvê-las adequadamente. • Apesar dos APLs atuarem de forma integrada em busca de competitividade, percebe-se que o foco para a inovação tem o mesmo grau de relevância das outras 36 ações, tais como organização, busca de mercado e qualificação e mão-de-obra. Isto significa que uma vez atuando sozinhos, sem influência externa de políticas para a inovação, suas necessidades rotineiras de organização e acesso a mercado acabam sendo mais importantes que as de inovação. Estas exigem mais tempo e dependem de um conhecimento não facilmente disponível. Os APLs estão premidos por sua rotina e faturamento, sendo a dinâmica de suposta integração do APL mais relevante do que os desafios relacionados à inovação. 37 Quadro 11 - Instituição/Empresas Beneficiárias dos Programas de APL e seus Detalhamentos APL APL DE BONÉ DE APUCARANA EMPRESA E/OU INSTITUIÇÃO DO APL BENEFICIARIA DO PROGRAMA/AÇÃO Empresas do APL Nove empresas do APL Quatro empresas do APL Todo o APL APL DE MADEIRA Diversas Empresas do APL E ESQUADRIAS DE PORTO UNIÃO E UNIÃO DA VITÓRIA NOME DO PROGRAMA/AÇÃO E ÓRGÃO E/OU INSTITUIÇÃO EXECUTORA Empréstimos - Banco do Brasil DETALHAMENTO DO PROGRAMA Capital de giro para as empresas participantes da cadeia, com juros e prazos favorecidos. Inovação - SEBRAE Certificação ISO 9000 e cursos de capacitação ASSOCIESC – FINEP Fabricação de abas sem memória (essa aba é utilizada na produção de bonés importados e exigida pelo mercado) SESI Criação de laboratório de bordado Meio Ambiente – Faculdades de Projeto de meio ambiente para tratamento de resíduos Apucarana/UTFPR/Fundação Araucária de tecidos, malhas, nylon e efluentes líquidos. Inovação – SENAI/CETIQT Capacitação, por engenheiro contratado da Alemanha, para dotar os confeccionistas do boné em modelar tecnicamente o produto (anteriormente era de forma empírica, tipo ensaio e erro). Realmente resolveu. Prefeitura Municipal de Apucarana Projeto de difusão da idéia do APL de Boné: pontos de ônibus em formato de bonés e portais de entradas na cidade com bonés estilizados. Associação Comercial e Industrial de Criação de Escola Superior para o Vestuário Apucarana e UTFPR (CENTROMODA) PROCOMPI – Programa de Apoio à • Consultoria empresarial e técnica individualizada. Competitividade das Micro e Pequenas • Ações coletivas de treinamento e capacitação Indústrias – CNI/IEL/SEBRAE (definidas pós-diagnóstico de acordo com as necessidades identificadas e dentro da linha de produtos e serviços do SEBRAE e da FIEP). • Participação Feira Construir no Rio de Janeiro; • Organização Mostra de Produtos; • Seminários; • Introdução do sistema de gestão da qualidade; • Melhoria qualitativa em seus produtos e serviços; • Melhoria da capacidade técnica dos empresários e trabalhadores; • Adequação das empresas nas estratégias de venda; EXCLUSIVO PARA APL? SIM NÃO SIM SIM SIM SIM SIM SIM 38 • Melhoria no acesso a novas tecnologias. • Organização do APL como uma referência no setor esquadrias de madeira; MDIC SEPL – Secretaria do Planejamento do Estado do Paraná Todo o APL SEBRAE CNI – Confederação Nacional da Indústria FIEP – Federação das Indústrias do Paraná FIESC – Federação das Indústrias de Santa Catarina • Rodadas de Negócios • Rodada de Negócios • Rede APL - Reuniões de troca de experiência e planejamento • Rodadas de Negócios no Brasil e exterior (Chile) • Participação com estandes em feiras nacionais e internacionais • Showroom nos aeroportos Afonso Pena (Curitiba) e Congonhas (São Paulo) • Clínicas Tecnológicas com foco em Inovação. • Produção de material gráfico de divulgação das empresas/produtos do APL • Consultorias Técnicas com foco em Inovação de processos e produtos • Qualificação de mão-de-obra • Consultorias Técnicas com foco em Inovação de processos e produtos • Gestão Administrativa • Participação com estandes em feiras • Apoio à participação do APL em feiras nacionais e internacionais • Missões internacionais com vistas à busca de novas tecnologias e inovação (Alemanha, França, Espanha) • Clínicas Tecnológicas com foco em inovação • Criação de laboratório de teste de produtos, desenvolvimento de novos produtos e certificação (em fase de implantação) • Consultorias Técnicas com foco em Inovação de processos e produtos • Participação em feiras nacionais e internacionais. • Produção de material gráfico de divulgação das SIM SIM SIM SIM SIM SIM 39 Prefeitura Municipal de Porto União e União da Vitória UNIUV – Universidade de União da Vitória ACEUV – Associação Comercial e Empresarial de União da Vitória ACIPU – Associação Comercial de Porto União empresas/produtos do APL • Rodadas de Negócios. • Participação com estandes em feiras nacionais e internacionais • Produção de material gráfico de divulgação das empresas/produtos do APL • Contratação de Consultor Executivo para administrar as ações do APL • Disponibilização de equipamentos e espaço físico para reuniões do APL • Prestação de serviços de lobby junto a órgãos e entidades públicas. • Busca de treinamentos diversos em busca de qualificação de mão-de-obra e inovação • Criação de laboratório de teste de produtos, desenvolvimento de novos produtos e certificação (em fase de implantação) • Disponibilização de espaço físico para treinamentos diversos. • Rodadas de Negócios no Brasil e exterior (Chile) • Participação com estandes em feiras nacionais e internacionais • Showroom nos aeroportos Afonso Pena (Curitiba) e Congonhas (São Paulo) • Clínicas Tecnológicas com foco em Inovação. • Produção de material gráfico de divulgação das empresas/produtos do APL • Rodadas de Negócios no Brasil e exterior (Chile) • Participação com estandes em feiras nacionais e internacionais • Showroom nos aeroportos Afonso Pena (Curitiba) e Congonhas (São Paulo) • Clínicas Tecnológicas com foco em Inovação. • Produção de material gráfico de divulgação das empresas/produtos do APL SIM SIM SIM SIM 40 MDIC – Ministério do • Rodada de Negócios buscando novos mercados para Desenvolvimento, Indústria e Comércio os produtos do APL Exterior. Governo do Estado do Paraná • Missão Internacional com Rodada de Negócios (Chile) • Rodada de Negócio na sede do APL com potenciais compradores de outros estados Sindicato Patronal da Madeira • Apoio Institucional • Prestação de serviços de lobby junto a órgãos e entidades públicas. APL DE Todo o APL SEBRAE • Implementação da governança do APL; INSTRUMENTOS • Divulgação do APL; MÉDICOS• Integração social e política do arranjo junto à ODONTOLÓGICOS comunidade por meio do Encontro de Ciência, DE CAMPO Tecnologia e Negócios de Campo Mourão (ocorre a MOURÃO cada 2 anos, indo para 3ª edição); • Coordenação de trabalhos para definição de plano de ação para os próximos 2 anos. Áreas de ação do APL: A - Educação Tecnológica e empreendedora; B – Infra-estrutura; C – Aumento de densidade de empresas; D – Inteligência Competitiva; • Programas de Capacitação dos empresários (“Saber empreender”). • Parcerias para desenvolvimento de produtos e equipamentos. • Aporte de recursos financeiros distribuídos por meio de Edital gerenciado pelas instituições de Ciência e Tecnologia do arranjo. Rede APL Paraná Divulgação e apoio institucional para a Incubadora Governança do APL e Empresas. FIEP – Federação das Indústrias do • Apoio institucional e políticas de capacitação e Estado do Paraná. qualificação dos empresários. • Programas de aproximação entre empresários e instituições de fomento à inovação. SIM SIM SIM SIM SIM NÃO 41 Fundação Educere e empresas graduadas e incubadas (integrantes do APL) • Integração de empresários do APL e a comunidade: Encontro de Ciência, Tecnologia e Negócios. REPARTE – Rede Paranaense de Apoio Institucional para a Incubadora de empresas da Incubadoras e Parques Tecnológicos. Fundação Educere. ANPROTEC – Associação Nacional de • Divulgação e apoio para atração de investimentos Entidades Promotoras de para a Fundação Educere. Empreendimentos Inovadores. FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos. SOFTWARE DE LONDRINA APL DE METAIS SANITÁRIOS DE LOANDA Prefeitura Municipal ISS Tecnológico SEBRAE/PR SENAI/FIEP Projeto Estratégico “APL de TI de Londrina e Região” Todo o APL Projeto NOVA INDÚSTRIA FIEP/SESI/GERAR PROCOMPI – Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias – CNI/IEL/SEBRAE Projeto APL Metais Sanitários 2008 SEBRAE Paraná Projeto APL Metais Sanitários 2009 SEBRAE Paraná • Aporte de recursos financeiros para estruturação da incubadora de empresas da Fundação Educere. • Aporte de recursos não-reembolsáveis diretamente nas empresas, com vistas à execução de projetos de P&D&I. Lei municipal com incentivo do recolhimento do ISS para as empresas com base tecnológica. • Treinamentos, cursos e palestras, missões e caravanas e participação em feiras. • Central de compras. • Instalação de ativos estruturantes como o Laboratório de homologação de software PAF/ECF (UNIFIL) e o Bureau de teste de Software embarcado (SENAI) Execução do projeto = 20/04/2006 a 15/05/2007. Capacitação em cursos, oficinas workshop e seminários de aproximadamente 40 empresários e gerentes. Execução do projeto = 02/2007 a 02/2009. Capacitação de aproximadamente 250 trabalhadores entre empresários e gerentes e colaboradores do chão de fabrica. ⋅ Aumento de 10% na produtividade e um crescimento médio de 19,63% em relação ao ano de 2007 no faturamento. Prestação de 770 horas de consultoria e treinamento no período de junho a dezembro 2008, com a capacitação de 400 trabalhadores e empresários. Prestação de 770 horas de consultoria e treinamento no período de maio a novembro de 2009, com a NÃO NÃO NÃO NÃO SIM SIM SIM SIM SIM 42 capacitação de 120 colaboradores das indústrias. Projeto Centro de Design - Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – SETI através da Universidade Estadual de Maringá – UEM Implantação de um Centro de Criação e Design no APL de metais sanitários de Loanda e região no período de fevereiro de 2009 a fevereiro de 2010 com o lançamento de novas linhas de produtos para as empresas envolvidas no projeto tendo como resultado o lançamento de 100 novos produtos. SIM 43 Independentemente da importância das políticas públicas ou privadas para os APLs, deve ser destacada a iniciativa por parte do estado em mobilizar os APLs em torno deste conceito. Em outros termos, mesmo que os APLs já existissem parcialmente, a decisão do estado, da FIEP e do SEBRAE, por meio da REDE APL, de utilizar o conceito de APL, se concretizou na organização das governanças locais, envolvendo outros agentes públicos, como prefeituras, autarquias e instituições locais em torno de um principio norteador das ações comuns. A partir do conceito, parte dos agentes integrantes do APL passou a entender o sentido da cooperação numa dinâmica competitiva local. A noção de cooperação voltada para objetivos comuns de competitividade passa a ganhar espaço sobre a simples idéia de voluntarismo e altruísmo entre as empresas. Os gestores foram unânimes em afirmar que o conceito de APL foi relevante para CRIAR/AUMENTAR/MELHORAR/INTENSIFICAR as interações entre os diversos agentes. Conforme o Quadro 12 há uma percepção relevante do significado do conceito por parte dos gestores. O fato de esses APLs terem respondido prontamente ao questionário, demonstrando que há mobilização local (conforme o Quadro 11), como reflexo de sua visão sobre o conceito de APL, comprovam uma relativa autonomia em se organizar e buscar atuações conjuntas nos diversos âmbitos possíveis onde haja instrumentos de política disponíveis. Há relativa consolidação da organização local por meio de suas governanças em coordenarem um processo conjunto permanente, uma vez que, está consolidada a idéia de APL entre os agentes. 44 Quadro 12 – Depoimentos dos Gestores Sobre a Relevância do Conceito de APL para a Integração Local A estreita convivência nas reuniões semanais, nas ações e nas missões empresariais, bem como nos cursos de capacitação e nos treinamentos fez com que os integrantes da cadeia produtiva passassem a entender e vivenciar melhor o conceito de Arranjo Produtivo. A divulgação de um newsletter semanal junto a todos os empresários da cadeia auxiliar em muito difundir o que significa Arranjo Produtivo. (Boné de Apucarana). Hoje podemos dizer que a região abrangida pelo APL da madeira já obteve apoio, incentivo e recursos que certamente não chegariam até aqui se não fosse a aplicação dos conceitos de APL. (Madeira de Porto União e União da Vitória). O conceito de APL foi ponto determinante para a sua estruturação. Acrescenta-se ainda a busca por formar uma rede de empresas de grande vínculo entre si, em oposição à forma restritiva de se incluir exclusivamente as indústrias. Desta forma, chegou-se à estrutura mais abrangente do arranjo de forma equalizada, ou seja, sem a inclusão de instituições apenas para efeito quantitativo, ao mesmo tempo em que se incluíram setores como o de serviços e de educação, salutares para as ações do APL. Isto posto, a difusão do conceito foi replicada entre os integrantes do APL, o que permitiu não apenas a intensificação dos laços entre as empresas como também a aproximação sócio-política dos empresários com o município. (Equipamentos médicos-odontológicos de Campo Mourão). Com a organização dos agentes locais, ou seja, poder público, entidades, instituições de ensino e empresários, o entendimento sobre os processos de desenvolvimento passam a ser mais claro para todos. Todos começaram a entender que fazem parte de um mesmo processo. Quebram-se as barreiras institucionais e empresariais, pois todos estão alinhados num mesmo objetivo estratégico. Outro fator preponderante é a permanência da Governança do APL de TI enquanto fórum de debates e não instituição formal, com personalidade jurídica. (Software de Londrina). O modelo atende, em princípio, aos interesses das pequenas e médias empresas, mas os vários casos de sucesso registrados em todo o País mostram que se trata, na realidade, de uma proposta que transcende as fronteiras da própria indústria. A estruturação do APL serviu para que as empresas conseguissem afastar o fantasma da inexistência e ter capacidade de dar um salto de qualidade, tanto em termos de organização gerencial quanto em capacitação da mão-de-obra. (Metais sanitários de Loanda). Uma vez que esses APLs possuem relativa autonomia na busca de soluções para as suas necessidades e sendo grande parte dessas necessidades rotineiras, percebe-se, pelos depoimentos prestados, que haveria possibilidade de ampliar e diversificar as ações por parte das instituições e organizações. Sejam rotineiras ou de desenvolvimento de médio e longo prazo, caso houvesse algum mecanismo para propiciar maior encontro entre a oferta e a demanda das políticas. Conforme o Quadro 13, os gestores têm a percepção da existência de mecanismos de política, mas, ao mesmo tempo, há dificuldades, tanto por parte deles, quanto dos ofertantes em promover essa sintonia entre aqueles e as necessidades locais. Desse modo, retomando o que já foi exposto no capitulo 1, pode-se afirmar que existiram três etapas do desenvolvimento de APLs no Paraná: 1. A formação aleatória e histórica que vem desde meados dos anos 70, de aglomerações industriais em diversos municípios do estado, que por meio de learning-by-doing chegou a uma dinâmica local mais ou menos integrada, abrangendo empresas e instituições públicas (prefeituras, autarquias e faculdades locais) e privadas (SEBRAE). A integração é uma casualidade decorrente do processo aglomerativo em si e não de posições pró-ativas nessa direção. 45 2. Um segundo momento é o da tomada de consciência do que significa a integração entre os diversos agentes locais. A REDE APL sinaliza a essas diversas aglomerações que existe uma abordagem teórico-histórica que explica a sua dinâmica de funcionamento por meio do conceito de APL e que seria importante explorar ao máximo esse conceito por meio de políticas que intensificassem a integração por conta de todas as externalidades positivas daí decorrentes. A REDE APL coordenada pela Secretaria Estadual de Planejamento tem uma posição ativa em mobilizar técnicos da FIEP e SEBRAE no sentido de atuarem junto aos empresários e autoridades locais para capacitação em torno da idéia de APL. É um momento de entusiasmo sobre a mobilização do local em torno da idéia que já estava em curso, mas que precisava ser dinamizada por meio da REDE APL como um agente importante nessa organização. 3. O terceiro momento é marcado por um refluxo da trajetória anterior, resultando num estado de letargia. Nesse sentido, os APLs se voltam para a sua rotina e trabalham de acordo com suas condições possíveis de integração e resolução dos seus problemas sem contar com elementos externos de política, conforme exposto no Quadro 13. A mobilização do segundo momento foi importante para colocá-los em bases mais avançadas de integração local. No entanto, nessa terceira fase teria sido necessário repensar o papel da REDE APL como agente capaz de promover uma sintonia entre as políticas públicas e as demandas locais. A REDE APL deveria atuar como o fórum de coordenação e direcionamento das necessidades locais, preenchendo a lacuna existente entre os APLs. Quadro 13 – A Percepção de Políticas Públicas por Parte dos Gestores Locais de APL A grande dificuldade de um APL, conforme já apresentamos em reuniões da Rede APL do Paraná, é a falta de uma metodologia que permita que todas as entidades públicas ou privadas que possuam políticas específicas para os Arranjos Produtivos participem de ações conjuntas para atender as demandas de cada segmento econômico. Para citar nosso exemplo, em 2006, seguindo orientação do MDIC, elencamos 25 ações que os empresários do setor julgaram imprescindíveis para o desenvolvimento geral de toda nossa cadeia produtiva. A longo desses 3 anos, a cada vez que descobrimos eventualmente que um órgão pode nos ajudar, temos recorrido a essa entidades e apresentado nossas propostas que exigem a apresentação de projetos específicos para as ações que aquele órgão esteja disposto a estudar a sua viabilidade. Graças a esta estratégia, que requer muita pesquisa, paciência e esforço, nossa lista de ações que ainda pretendemos desenvolver já baixou para 14 ações (concretização de algumas e desistência de outras). Em todas os congressos que participamos sempre se encontram presentes as instituições financeiras que apresentam programas para atender os APLs, mas nunca sabemos como acessar estes programas ou produtos oferecidos por estas instituições e quando conseguimos a burocracia dos processos e sua morosidade inviabilizam as transações. O acesso às linhas de fomento à pesquisa e inovação estão concentradas em poucos órgãos, sempre vinculados ao Governo Federal. Além de restringir projetos que seriam de grande interesse para o mercado e para a sociedade, a operacionalização das linhas e a avaliação dos projetos de forma concentrada em uma instituição torna o processo mais lento e restritivo. 46 Os agrupamentos de instituições federais e estaduais são meramente institucionais e se esgotam em si mesmos. Embora haja recursos de muitas fontes, não chegam com facilidade e disponíveis aos arranjos. Há dificuldade nos arranjos em elaborar projetos. Estamos conseguindo efetivar algumas ações importantes, porque estamos interagindo fortemente com a universidade. 3.1 Considerações sobre o Balanço de Pagamentos da Estrutura Produtiva Paranaenses Para uma análise mais aprofundada sobre a estrutura produtiva da economia paranaense faz-se aqui uma avaliação sobre o balanço de pagamento total das atividades econômicas do estado para analisar sua condição de inserção fora da sua territorialidade . Para o ano de 2006 a economia paranaense obteve um superávit agregado de 21,7 bilhões de reais (Tabela 5). O conjunto das atividades superavitárias é as que mais contribuíram para o superávit foram: Indústria de transformação, com R$ 26,7 bilhões; Serviços, com R$ 3,3 bilhões. Seguidas pelas atividades da indústria extrativa mineral, eletricidade, gás e água que no conjunto formaram um superávit de R$ 965 milhões. Na ponta deficitária estiveram as atividades de Construção civil com R$ 105 milhões e Comércio com R$ 9,1 bilhões. Tabela 5 – Compras, Vendas e Saldo Comercial das Principais Atividades Econômicas do Estado do Paraná Ano 2006 Valores e Saldo do Balanço de pagamentos Atividades Total Agropecuária Indústria extrativa mineral Indústria de transformação Eletricidade, gás e água Construção Comércio e reparação de veículos e de objetos pessoais e de uso doméstico Administração pública, defesa e seguridade social Serviços¹ 90.910.588.173,00 177.127.704,00 68.701.824,00 48.048.619.716,00 2.122.774.324,00 151.870.199,00 112.695.421.072,00 408.076.318,00 376.164.086,00 74.749.380.844,00 2.550.949.350,00 46.856.459,00 Saldo do balanço de pagamentos 21.784.832.899,00 230.948.614,00 307.462.262,00 26.700.761.128,00 428.175.026,00 -105.013.740,00 38.939.785.118,00 0,00 1.401.709.288,00 29.798.488.627,00 0,00 4.765.505.388,00 -9.141.296.491,00 0,00 3.363.796.100,00 Compras fora do estado Vendas fora do estado Fonte: SEFA/PR, Elaboração Própria A indústria de transformação participou, em 2006, com 66,32% das vendas para fora do estado, seguida pelo comércio com 26,44% do total das vendas. O conjunto restante das atividades somou apenas 7,22% das vendas para fora do estado. No lado das compras fora do estado, a indústria de transformação participou com 52,85%, seguida pelo comércio com 42,83%. Todas as demais atividades somaram somente 1,54% do total das compras. Confrontado os dados verifica-se a relevância da indústria de transformação para a economia paranaense, principalmente no que se refere a questão da sua inserção à economia nacional e internacional. 47 Desenvolvendo a mesma análise comparativa entre as atividades econômicas presentes no estado do Paraná com as atividades que se retirou as parcelas das atividades que estão vinculadas aos APLs objetos de políticas públicas, ou seja, o conjunto de atividades que pertencem ao vazio das políticas voltadas aos APLs, verifica-se que a dinâmica de inserção da economia paranaense à economia externa não se altera de forma significativa (Figura 5). 48 Figura 5 - Saldo da Balança de Pagamentos das Atividades Econômicas Paranaenses Para o Ano de 2006 - Milhões de R$ 30000 25000 20000 15000 10000 5000 0 Administração pública Comércio Construção Eletricidade, gás e água Indústria de transformação Indústria extrativa mineral Agropecuária Total -10000 Serviços¹ -5000 Todas as Atividades Econômicas paranaenses Atividades Econômicas paranaenses fora das políticas públicas voltadas aos APLs Fonte: SEFA/PR, Elaboração Própria Dentro do conjunto das atividades econômicas presentes no estado do Paraná somente a Indústria de transformação, a indústria extrativa mineral e serviços é que possuem aglomerações objetos das políticas públicas. Na indústria de transformação os APLs a ela vinculados geraram um superávit de R$ 1,5 bilhões, enquanto que na indústria extrativista mineral obteve um superávit de apenas R$ 110 milhões para o APL e software com apenas R$ 2,6 milhões. Assim sendo, do total de superávit gerado, as atividades econômicas vinculados aos APLs participaram com apenas 7,5% do total obtido por todas as atividades econômicas presentes no estado do Paraná. Portanto, o conjunto de atividades econômicas que formam o 49 vazio de políticas para arranjos produtivos locais participam com 92,5% do superávit no balanço de pagamentos do estado. 3.1 Uma Análise do Desempenho dos APLs em Termos da Balança Comercial A relevância dos APLs selecionados no estado pode ser vista na Tabela 6 (tabela 3.3 do relatório 2) e Tabela 6. Conforme se pode notar são atividades pouco relevantes comparativamente à dinâmica geral do estado, uma vez que, geram 1,86% do total de valor adicionado (VA) do estado. Conforme a Tabela 7 ao considerar a participação do VA dos APLs no VA das divisões CNAE exclusivas das atividades dos APLs, os APLs com atividades da Indústria de Transformação correspondem a 9,11%, da Indústria Extrativa a 41,30% e da Indústria de Informação e Comunicação a 60,82%. Ou seja, os APLs são relevantes nas divisões a que pertencem a suas atividades. Ao mesmo tempo, as vendas de todos os APLs têm uma participação muito baixa no total das vendas locais. Ou seja, as vendas dos APLs é relativamente pouco significativa no total das vendas locais, assim como no total das vendas da atividade no estado. Exceção ocorre com 6 APLs cujas participações destacadas em amarelo, são significativas em relação à atividade no total do estado. Esses APLs contribuem, portanto em grande medida para o total das vendas das mesmas atividades no estado. Destaque deve ser dado aos APLs de Louças e Porcelanas de Campo Largo e Móveis de Metal e Sistema de Armazenagem e Logística de Ponta Grossa. Apesar de apresentarem elevada importância no total das vendas do estado são os que informaram que o APL não estava ativo ou que ainda estavam planejando ações a serem implementadas a partir da sua eventual organização. 50 Tabela 6 - Indicadores dos Desempenhos dos APLs Em 2006 Denominação do APL Boné Apucarana Cal e Calcário da RMC Norte Confecção Infantil de Terra Roxa Confecções da Região Sudoeste Confecções Maringá Eq.. e Impl Agríc. de Cascavel e Toledo Instr. médico-hospitalares de Curitiba Louças e Porcelanas de Campo Largo Mad. e Esquadrias de União da Vitória Malhas de Imbituva Mandioca e Fécula de Paranavaí Metais Sanitários de Loanda Móveis de Arapongas Móveis do Sudoeste Móveis e Madeira de Rio Negro Móveis de Metal e Sist. de Armaz. e Log. de P. Grossa Software de Curitiba Software de Londrina Software de Maringá Software de pato Branco e Dois Vizinhos Vestuários de Cianorte Valor Adicionado (VA) 74.247.162,00 72.184.542,00 29.578.887,00 28.286.520,00 139.197.424,00 10.956.861,00 275.354.390,00 25.850.113,00 99.943.745,00 1.279.997,00 30.925.761,00 17.622.286,00 436.943.726,00 46.307.541,00 38.367.398,00 59.744.838,00 7.440.452,00 2.429.176,00 405.789,00 25.008,00 96.839.560,00 Indicador de densidade fiscal (Valor Saída/Emprego) 57.862,86 131.021,54 53.882,20 26.566,82 34.833,66 45.035,05 244.146,21 33.995,76 57.390,38 38.207,01 353.324,27 24.467,64 113.430,43 79.880,10 73.331,44 84.931,49 1.658,33 2.968,10 585,78 297,20 40.448,04 Produtividade da atividade (VA/Emprego) Participação no Valor Adicionado do Estado (%) 10.899,47 49.172,03 19.575,70 11.145,20 14.569,54 17.559,07 128.191,06 15.839,53 22.499,72 12.075,44 125.205,51 18.491,38 35.865,04 28.673,40 30.991,44 32.862,95 1.194,68 3.044,08 488,90 159,29 15.756,52 0, 0925 0,0900 0,0369 0,0353 0,1735 0,0137 0,3432 0,0322 0,1246 0,0016 0,0385 0,0220 0,5446 0,0577 0,0478 0,0745 0,0093 0,0030 0,0005 0,0000 0,1207 1,86205 Participação do APL no total das vendas locais (%) 6,67 4,31 0,95 1,27 2,20 0,23 0,53 2,04 20,01 0,79 5,58 9,06 13,70 3,28 4,87 1,39 0,01 0,01 0,00 0,00 10,77 Participação do APL no total das vendas das atividades no Estado (%) 24,44 88,61 3,14 2,60 11,85 8,52 17,59 95,66 9,71 8,96 22,94 2,19 38,11 1,82 2,33 36,91 25,45 6,55 0,02 0,13 9,63 Fonte: SEFA/PR 51 Tabela 7 – Valor Adicionado das Divisões (5 Dígitos) que Compõem as Atividades dos APLs e Demais Indicadores de Participação - 2006 Divisões da CNAE VA exclusivo das divisões cujas atividades compõem as atividades exclusivas dos APLs VA das atividades exclusivas dos APLs 15.497.769.462,00 1.411.446.209,00 INDÚSTRIAS DE TRANSFORMAÇÃO INDÚSTRIAS EXTRATIVAS INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO % % no VA total do Paraná 9,11% 1,76% 174.772.102,00 72.184.542,00 41,30% 0,09% 16.934.658,00 10.300.425,00 60,82% 0,01% 15.689.476.222,00 1.493.931.176,00 1,86% Fonte: SEFA/PR Conforme a Tabela 8 são 8 os APLs que apresentam déficit na balança comercial dentro estado. Isso pode ser interpretado como uma situação positiva, uma vez que indica que os APLs compram mais do que vendem dentro do estado. Portanto, os APLs encontram fornecedores dentro do estado, demonstrando que há certo grau de integração da cadeia produtiva das atividades desses APLs e alcançam mais mercados fora do estado (seja outros estados ou outros países). Por outro lado, uma aparente situação ao positiva de superávit na balança comercial dentro do estado indica relativa baixa capacidade dos produtos dos APLs atingirem mercados mais distantes. Portanto, existem 14 (total de 22 APLs – 8 APLs) APLs nessa situação segundo a qual compram mais dentro do estado do vendem. Tabela 8 - APLs Deficitários na Balança Comercial Dentro do Estado APLs Boné Apucarana Cal e Calcário da RMC Norte Instrumentos médico-hospitalares de Curitiba Louças e Porcelanas de Campo Largo Madeira e Esquadrias de União da Vitória Mandioca e Fécula de Paranavaí Móveis de Araponga Móveis do Sudoeste SALDO -15.507.899,00 -15.173.092,00 -23.852.487,00 -9.049.754,00 -59.355.500,00 -31.806.144,00 -255.370.577,00 -17.555.158,00 Entretanto, a situação anterior não indica baixo alcance de mercado dos APLs, uma vez que na balança comercial com outros estados, a situação geral dos APLs é satisfatória. De acordo com a Tabela 9, apenas 3 APLs são deficitários indicando que os demais vendem mais para outros estados do que compram. Ou seja, a cadeia de fornecedores dentro do estado supre adequadamente os APLs e permite alcançar mercados de outros estados. Tabela 9 - APLs Deficitários na Balança Comercial com Outros Estados APLs Instrumentos médico-hospitalares de Curitiba Malhas de Imbituva Software de Pato Branco e Dois Vizinhos SALDO -286.019.742,00 -709.288,00 -3.326,00 Todos os APLs apresentam algum grau de relacionamento com o exterior. Nesse sentido, é importante destacar sua relativa competitividade, uma vez que, conforme a Tabela 10, apenas 4 APLs apresentam déficit na balança comercial. Todos os demais suprem seu fornecimento dentro do estado e conseguem alcançar mercados no exterior de forma superavitária. Tabela 10 - APLs Deficitários na Balança Comercial com Outros Países APLs Confecções Maringá Equipamentos e Implementos Agrícolas de Cascavel e Toledo Metais Sanitários de Loanda Software de Curitiba SALDO -19.707.130,00 -1.387.892,00 -102.762,00 -165,00 Em última instância os poucos APLs relativamente deficitários nos três níveis de mercado (estado, outros estados e outros países) revelam uma situação na balança comercial total em que apenas 1 APL apresenta déficit (Tabela 11). Trata-se de um APL que aparece de forma deficitária nos diversos níveis de mercado e que precisa ser mais bem investigado uma vez que ainda não foi possível contatá-lo. Tabela 11 - APL Deficitário na Balança Comercial Total APL Instrumentos médico-hospitalares de Curitiba SALDO -273.966.074,00 53 Capítulo 4 – As Políticas Estaduais para APL: Conclusões e Sugestões Nos últimos, a literatura sobre aglomerações, especialmente APLs, cresceu significativamente, na forma de diagnósticos técnicos e trabalhos acadêmicos voltados a diversos casos nos quais ocorreram experiências de aglomeração. A academia, através de diversas instituições de ensino superior avançou bastante na compreensão do fenômeno e da importância do tema para o desenvolvimento regional e local. O crescimento desta literatura está associado, de um lado à percepção que os atores tem a respeito do papel que a inovação pode ter no crescimento econômico das regiões do estado, e de outro lado à adequação deste instrumental analítico para tratar do tema. Tendo por base o mapeamento dos APLs existentes no Paraná (IPARDES, 2006), foram identificados 22 SPIL/APLs considerados prioritários para efeito das ações de apoio implementadas pela rede APL. Outros 114 APLs, existentes nos mesmos setores da indústria e software, foram identificados mas não priorizados pela Rede APL local. No entanto, esses dois conjuntos de APL apoiados e identificados não refletem, tanto espacialmente quanto setorialmente, a complexidade da estrutura produtiva do estado em termos do grau de concentração espacial das atividades produtivas, das relações sinérgicas inter empresariais e do potencial inovador. Portanto, sob a ótica dos APLs, há um grande vazio que revela o baixo grau de aderência do conceito frente à dinâmica da economia paranaense. Conseqüentemente, essa discrepância reflete as limitações de políticas públicas implementadas. Em outras palavras, essas políticas tem sido incapazes de perceber eventuais movimentos de integração econômica local em outras atividades e/ou regiões não consideradas pela Rede APL. Em que pese a fragilidade institucional reinante no interior da Rede APL no período recente, as evidências reunidas neste relatório, à luz da base conceitual adotada, permitem identificar três eixos de política pública. Em primeiro lugar, políticas de engajamento voltadas a conscientização e aproximação e mesmo políticas de mobilização de atores e o suporte à governança local para uma maior cooperação dos agentes visando elevar a competitividade sistêmica dos APLs. 54 O segundo conjunto de ações se refere à prestação de serviços como a construção de espaço coletivo para facilitar rodadas de negócio, redução custos na compra de insumos, ou mesmo políticas para qualificar a mão de obra local. O terceiro eixo, englobando ações de P&D conjuntas ou individuais, visando maior capacidade de aprendizado e inovação, foi o que teve menor ênfase por parte das entidades componentes da Rede, com ausência notória de decisões políticas estratégicas pelas instituições afins, a exemplo da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado. Essas políticas e ações pontuais, no entanto devem ser cotejadas com quatro referenciais, em função dos quais a efetividade daquelas pode ser avaliada. O primeiro, relativo à superposição de políticas, indica uma falha de coordenação da Rede, na qual sua necessária organicidade foi preterida em função de estratégias e decisões de cada membro integrante. O segundo referencial diz respeito à coerência das políticas e ações voltadas aos APLs. Neste ponto, as evidências indicam que os APLs, embora não suficientes, as ações descritas neste relatório apresentam certa coerência às necessidades dos APLs, e uma certa aderência aos planos estratégicos propostos pelas governanças locais. O terceiro referencial, relativo à abrangência das políticas de apoio aos APLs, permite aferir uma clara inconsistência das mesmas por serem direcionadas apenas a 22 APLs do setor manufatureiro e de software, e a suas respectivas regiões. Nesse sentido, revela-se um grande vazio, setorial e espacialmente, das políticas públicas e a ausência de uma estratégia de desenvolvimento que contemple este vazio. Finalmente, a análise da efetividade dessas políticas em termos dos resultados propostos fica prejudicada pela inexistência de objetivos e metas estabelecidos como orientadores das políticas e ações a serem implementadas. Ou seja, o quarto e último referencial, que diz respeito a uma estratégia de desenvolvimento consistente dos APLs, tem sido enfraquecido por uma extensa fragmentação de ações. 55 Bibliografia BELUSSI, F. & GOTTARDI, G. (2000). Evolutionary Patterns of Local Industrial Systems – towards a cognitive approach to the industrial district. Aldershot: Ashgate. BRITTO, J. & ALBUQUERQUE, E. M. (2001). Estrutura e dinamismo de clusters industriais na economia brasileira: uma análise exploratória a partir dos dados da RAIS. In L. F. TIRONI, Industrialização Descentralizada: Sistemas Industriais BRITTO, J. (2003). Configuração espacial da indústria brasileira: uma análise baseada na noção de aglomerações produtivas. Trabalho apresentado no 8º Encontro da Sociedade Brasileira de Economia Política. Florianópolis, junho. OECD (2007) .Competitive Regional Clusters: National Policy Approaches. Paris SCHMITZ, H.; NADVI, K. (1999). Clustering and industrialization: introduction. World Development, v. 27, n. 9, Sep. SHIMA , Walter Tadahiro; ESTEVES, Luis Alberto; PAULA, Nilson Maciel de; PORCILE, José Gabriel Meirelles & SCATOLIN, Fábio Dória. características do padrão de relacionamento universidade-empresa no Paraná. Capitulo de livro (no prelo). JV SUZIGAN W, FURTADO J., GARCIA R, SAMPAIO S.(2003). Sistemas Locais de Produção: mapeamento, tipologia e sugestões de políticas* XXXI Encontro Nacional de Economia da ANPEC. Porto Seguro, 2003. SUZIGAN, W.; FURTADO, J.; GARCIA, R.; SAMPAIO, S.E.K. (2001). Aglomerações industriais no estado de São Paulo. Economia Aplicada, v. 5, n. 4, out-dez. SUZIGAN, W.; GARCIA, R.; FURTADO, J. (2002). Governança em sistemas de MPMEs em clusters industriais. Rio de Janeiro, UFRJ/REDESIST, Nota técnica 2.4 do projeto de pesquisa Proposição de Políticas para a Promoção de Sistemas Produtivos Locais de Micro, Pequenas e Médias Empresas Brasileiras. A sair como capítulo do livro Pequena empresa: cooperação e desenvolvimento local. Editora Relume Dumará. 56 ANEXO 1 114 Aglomerados Identificados Não Apoiados - 2003 COD MRG 41010 41014 41006 41006 41006 41006 41005 41005 41005 41005 41023 41023 41023 41003 41003 41015 MICRO REGIÃO Apucarana Assai Astorga Astorga Astorga Astorga Campo Mourão Campo Mourão Campo Mourão Campo Mourão Cascavel Cascavel Cascavel Cianorte Cianorte Cornélio Procópio CNAE 1.0 19313 26417 15423 18120 19100 36943 15539 18112 18120 36110 25224 28126 36110 15539 26417 15598 41015 41037 41037 41037 41037 41037 41037 41037 41037 41037 41037 41037 41037 41037 41037 41037 41037 41037 41037 41037 41037 41037 41037 41037 41037 41037 41037 41037 Cornélio Procópio Curitiba Curitiba Curitiba Curitiba Curitiba Curitiba Curitiba Curitiba Curitiba Curitiba Curitiba Curitiba Curitiba Curitiba Curitiba Curitiba Curitiba Curitiba Curitiba Curitiba Curitiba Curitiba Curitiba Curitiba Curitiba Curitiba Curitiba 36110 15830 19216 21318 21415 24511 24520 24732 24813 24996 25194 25224 25291 27251 27499 28339 28398 28428 28991 29157 29246 29297 29629 29696 31216 31305 31526 31992 DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE Fabricação de calcados de couro Fabrç. de produtos cerâmicos nao-refratarios para uso est Fabricação de produtos do laticínio Confecção de peças do vestuário - exceto roupas íntimas, blusas, ca... Curtimento e outras preparações de couro Fabricação de brinquedos e de jogos recreativos Fabricação de farinha de mandioca e derivados Confecção de roupas íntimas, blusas, camisas e semelhantes. Confecção de peças do vestuário - exceto roupas íntimas, blusas, ca... Fabricação de moveis com predominância de madeira Fabricação de embalagem de plástico Fabricação de esquadrias de metal Fabricação de moveis com predominância de madeira Fabricação de farinha de mandioca e derivados Fabrç. de produtos cerâmicos nao-refratarios para uso est Beneficiamento, moagem e preparação de outros produtos de origem vegetal. Fabricação de moveis com predominância de madeira Produção de derivados do cacau e elaboração de chocolates Fabrç. de malas, bolsas, valises e outros artefatos para Fabricação de embalagens de papel Fabrç. de artefatos de papel, papelão, cartolina e cartão Fabricação de produtos farmoquimicos Fabricação de medicamentos para uso humano Fabricação de artigos de perfumaria e cosméticos Fabricação de tintas, vernizes, esmaltes e lacas Fabricação de outros produtos químicos não especificados anteriormente Fabricação de artefatos diversos de borracha Fabricação de embalagem de plástico Fabricação de artefatos diversos de plástico Produção de laminados longos de aço Metalurgia de outros metais nao-ferrosos e suas ligas Fabricação de artefatos estampados de metal Têmpera, cementação e tratamento térmico do aço, serviços de usinag... Fabricação de artigos de serralheria - exceto esquadrias Fabricação de outros produtos elaborados de metal Fabrç. de equipamentos de transmissão para fins industria Fabrç. de máquinas e aparelhos de refrigeração e ventilaç Fabricação de outras maquinas e equipamentos de uso geral Fabrç. de máquinas e equipamentos para as ind. alimentar, Fabricação de outras maquinas e equipamentos de uso espec Fabrç. de subestações, quadros de comando, reguladores de voltagem ... Fabricação de fios, cabos e condutores elétricos isolados Fabricação de luminárias e equipamentos de iluminação - exceto para... Fabricação de outros aparelhos ou equipamentos elétricos 57 41037 41037 41037 41008 41024 41024 41026 41026 41029 41029 41029 41029 41017 41017 41032 41032 41013 41020 41020 41011 41011 41011 41011 41011 41011 41011 41011 41011 41011 41011 41011 41011 41009 41009 41009 41009 41009 41009 41009 41009 41030 41030 41038 41001 41001 41001 41021 41021 41021 Curitiba Curitiba Curitiba Florai Foz do Iguaçu Foz do Iguaçu Francisco Beltrão Francisco Beltrão Guarapuava Guarapuava Guarapuava Guarapuava Ibaiti Ibaiti Irati Irati Ivaipora Jaguariaiva Jaguariaiva Londrina Londrina Londrina Londrina Londrina Londrina Londrina Londrina Londrina Londrina Londrina Londrina Londrina Maringá Maringá Maringá Maringá Maringá Maringá Maringá Maringá Palmas Palmas Paranaguá Paranavaí Paranavaí Paranavaí Ponta Grossa Ponta Grossa Ponta Grossa 32107 36994 37206 18120 26417 36110 28126 28932 20109 20214 20290 21105 20109 26417 20109 20214 15423 20109 20214 15717 17493 18112 18120 19100 19291 24813 25224 27413 28924 28932 28991 29319 15431 19291 25194 25224 28991 36137 36145 36994 20109 20214 24139 18120 26417 36110 14109 14290 20109 Fabricação de material eletrônico básico Fabricação de produtos diversos Reciclagem de sucatas nao-metalicas Confecção de peças do vestuário - exceto roupas íntimas, blusas, ca... Fabrç. de produtos cerâmicos nao-refratarios para uso est Fabricação de moveis com predominância de madeira Fabricação de esquadrias de metal Fabrç. de artigos de funilaria e de artigos de metal para usos domé... Desdobramento de madeira Fabrç. de madeira laminada e de chapas de madeira compens Fabrç. de artefatos diversos de madeira, palha, cortiça e material ... Fabricação de celulose e outras pastas para a fabricação Desdobramento de madeira Fabrç. de produtos cerâmicos nao-refratarios para uso est Desdobramento de madeira Fabrç. de madeira laminada e de chapas de madeira compens Fabricação de produtos do laticínio Desdobramento de madeira Fabrç. de madeira laminada e de chapas de madeira compens Torrefação e moagem de café Fabricação de outros artefatos têxteis incluindo tecelagem Confecção de roupas íntimas, blusas, camisas e semelhantes Confecção de peças do vestuário - exceto roupas íntimas, blusas, ca... Curtimento e outras preparações de couro Fabricação de outros artefatos de couro Fabricação de tintas, vernizes, esmaltes e lacas Fabricação de embalagem de plástico Metalurgia do alumínio e suas ligas Fabricação de artefatos de trefilados Fabrç. de artigos de funilaria e de artigos de metal para usos domé... Fabricação de outros produtos elaborados de metal Fabrç. de máquinas e equipamentos para agricultura, avicu Fabricação de sorvetes Fabricação de outros artefatos de couro Fabricação de artefatos diversos de borracha Fabricação de embalagem de plástico Fabricação de outros produtos elaborados de metal Fabricação de moveis de outros materiais Fabricação de colchões Fabricação de produtos diversos Desdobramento de madeira Fabrç. de madeira laminada e de chapas de madeira compens Fabricação de fertilizantes fosfatados, nitrogenados e pó Confecção de peças do vestuário - exceto roupas íntimas, blusas, ca... Fabrç. de produtos cerâmicos nao-refratarios para uso est Fabricação de moveis com predominância de madeira Extração de pedra, areia e argila Extração de outros minerais não - metálicos Desdobramento de madeira 58 41021 41007 41031 41031 41031 41034 41034 41019 41019 41019 41019 41022 41022 41022 41022 41022 41002 41002 41002 41002 41002 41002 41033 41018 41018 Ponta Grossa Porecatu Prudentopolis Prudentopolis Prudentopolis São Mateus do Sul São Mateus do Sul Telêmaco Borba Telêmaco Borba Telêmaco Borba Telêmaco Borba Toledo Toledo Toledo Toledo Toledo Umuarama Umuarama Umuarama Umuarama Umuarama Umuarama União da Vitória Wenceslau Braz Wenceslau Braz 20290 18120 20109 20214 26417 15598 Fabrç. de artefatos diversos de madeira, palha, cortiça e material ... Confecção de peças do vestuário - exceto roupas íntimas, blusas, ca... Desdobramento de madeira Fabrç. de madeira laminada e de chapas de madeira compens Fabrç. de produtos cerâmicos nao-refratarios para uso est Beneficiamento, moagem e preparação de outros produtos de origem vegetal 20109 Desdobramento de madeira 20109 20214 20290 26492 15423 15555 19313 26417 28126 15423 15431 18120 18210 36110 36137 14109 18120 26417 Desdobramento de madeira Fabrç. de madeira laminada e de chapas de madeira compens Fabrç. de artefatos diversos de madeira, palha, cortiça e material ... Fabricação de produtos cerâmicos nao-refratarios para uso Fabricação de produtos do laticínio Fabrç. de amidos e féculas de vegetais e fabrç. de óleos Fabricação de calcados de couro Fabrç. de produtos cerâmicos nao-refratarios para uso est Fabricação de esquadrias de metal Fabricação de produtos do laticínio Fabricação de sorvetes Confecção de peças do vestuário - exceto roupas íntimas, blusas, ca... Fabricação de acessórios do vestuário Fabricação de moveis com predominância de madeira Fabricação de moveis de outros materiais Extração de pedra, areia e argila Confecção de peças do vestuário - exceto roupas íntimas, blusas, ca... Fabrç. de produtos cerâmicos nao-refratarios para uso est 59 ANEXO 2 Questionário Aplicado nas Governanças dos APLs Prezado Coordenador: Estamos realizando uma pesquisa encomendada pelo BNDES com o objetivo de avaliar as políticas públicas e privadas voltadas aos APLs do Estado do Paraná. Este trabalho está sendo realizado em todo o Brasil, sob a coordenação geral do Professor José Eduardo Cassiolato do IE/UFRJ, com o objetivo de avaliar o impacto das políticas de APL no seu desenvolvimento e competitividade. O resultado desta pesquisa servirá de orientação para as ações estratégicas do BNDES junto aos APLs. Diante desse desafio, seria de grande valia para a conclusão deste trabalho se pudéssemos contar com a sua colaboração, respondendo as indagações contidas no questionário em anexo. Salientamos que as informações serão tratadas de forma agregada e o sigilo dos dados rigorosamente preservado. Sem mais, agradecemos antecipadamente por sua atenção. Prof. Dr. Fabio Doria Scatolin – coordenador Prof. Dr. Nilson Maciel de Paula – Pesquisador Prof. Dr. Walter Tadahiro Shima – Pesquisador jv Para contatos (41) 3360-4469 / 8416-6268 / 3078-8897 (Walter Tadahiro Shima ) jv NOME DO RESPONDENTE: CARGO: TELEFONE E E-MAIL: SITE OFICIAL DO APL (se houver): 1. Liste as relações que o APL, as empresas ou algumas delas têm com alguma política pública ou privada (SEBRAE, por exemplo), dos governos federal, estadual e ou municipal e bancos públicos e/ou privados, seja essa política específica ou não para APL. A governança e/ou instituição e/ou empresa do APL Nome da política com que interage e órgão responsável na instituição executora da política Detalhar as ações implementada e/ou em implementação a partir dessa política. (Destacar se há um foco específico em INOVAÇÃO). É uma política exclusiva para APL? S/N POR FAVOR, ADICIONE NESSE QUADRO MAIS LINHAS/COLUNAS OU ESPAÇOS QUE ACHAR NECESSÁRIO. ESSE QUADRO ESTÁ ORGANIZADO DESSA FORMA PARA AJUDÁ-LO E DIRECIONÁ-LO NA FORMA DO PREENCHIMENTO. SE ACHAR NECESSÁRIO ESCREVA NA SEQÜÊNCIA COMO QUISER. 61 2. É possível afirmar que a descoberta do conceito de APL e a sua aplicabilidade para o caso do seu APL ajudou a CRIAR/AUMENTAR/MELHORAR/INTENSIFICAR as interações entre os diversos agentes pertencentes ao APL? Ou seja, o conceito mudou a rotina do APL? Em outros termos a difusão do conceito teve alguma implicação em termos de CRIAR/AUMENTAR/MELHORAR/INTENSIFICAR a interação entre os agentes do APL? Responda ( ) SIM ou ( ) NÃO e justifique qualquer uma das duas. POR FAVOR, SINTA-SE LIVRE PARA IR ALÉM DESSA PÁGINA SE ACHAR NECESSÁRIO. 62 3. Se respondeu que SIM na anterior, por favor, liste as empresas e/ou instituições com quem interagem e com que objetivo. Empresa e/ou instituição (A) Interage pelos motivos: (Destacar se há um foco específico em INOVAÇÃO nessa interação) Empresa e/ou instituição (B) Há interferência externa ao APL para que essa interação exista? Se SIM. De quem? POR FAVOR, ADICIONE NESSE QUADRO MAIS LINHAS OU ESPAÇOS QUE ACHAR NECESSÁRIO. ESSE QUADRO ESTÁ ORGANIZADO DESSA FORMA PARA AJUDÁ-LO E DIRECIONÁ-LO NA FORMA DO PREENCHIMENTO. SE ACHAR NECESSÁRIO ESCREVA NA SEQÜÊNCIA COMO QUISER. 63 4. Descreva aqui problemas de qualquer natureza (financeira – com as entidades oficiais, tais como dificuldades de financiamento, liberação de recursos, etc. ou de desenvolvimento em geral) que as empresas do APL estão enfrentando. Se possível, faça alguma sugestão mais aderente à realidade do APL. POR FAVOR, SINTA-SE LIVRE PARA IR ALÉM DESSA PÁGINA SE ACHAR NECESSÁRIO. 64