Segunda-feira
20 de julho de 2015
Jornal do Comércio - Porto Alegre
Geral
Editora: Paula Sória Quedi
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MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS
LOTERIAS
Brasil pode ser potência regional
Inclusão de estrangeiros é desafio do governo federal para o desenvolvimento do País
GILMAR LUÍS/JC
Isabella Sander
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O Brasil precisa passar pelo
desafio de receber imigrantes
para se consolidar como potência regional. É o que pensa Ana
Regina Simão, professora do curso de Relações Internacionais da
Escola Superior de Propaganda
e Marketing (ESPM). Na opinião
da docente, o País ser considerado uma saída para pessoas de
outras nacionalidades o revela
como “potência política regional”. Entretanto, para que a apreciação internacional persista, o
governo federal precisa incluir
os estrangeiros no projeto de desenvolvimento da nação.
Desde 2011, os haitianos são
os que mais pedem visto permanente no Brasil em caráter humanitário. Só no ano passado, 1.891
pessoas receberam autorização
de permanência, seguido por
Bangladesh, com 1.195, e pelo Senegal, com 320. Entre 2013 e 2014,
houve aumento de 79% nas autorizações concedidas pelo Conselho Nacional de Imigração (CNIg)
de caráter humanitário. Segundo
Ana Regina, os haitianos entram
no Brasil via Equador e Peru.
“Essa entrada é muito complicada, pois o nosso País tem dificuldades para institucionalizar
suas fronteiras. Por esse motivo, estima-se que há cerca de 30
mil haitianos vivendo aqui, mas
o número pode ser bem maior”,
aponta. Em 2015, foi registrada a
entrada de mais de 7 mil no País.
O Brasil se tornou referência
Em terceiro lugar entre os que mais pedem visto de residência estão os cidadãos senegaleses
para os cidadãos do Haiti desde
que enviou tropas para participarem da reconstrução do país
caribenho, em 2010, após um
devastador terremoto atingir a
capital Porto Príncipe, deixando
222 mil mortos, 300 mil feridos
e 1,6 milhão de desalojados. No
início de junho, o ministro da
Justiça, José Eduardo Cardozo,
revelou que ampliará a emissão
de vistos em Porto Príncipe para
que os imigrantes do Haiti possam entrar em solo brasileiro legalmente. O objetivo, com isso, é
combater a atuação de “coiotes”,
grupos que exploram imigrantes
em rotas clandestinas.
Os 30 mil haitianos que vivem legalmente hoje em solo brasileiro trabalham, em sua maio-
Arquiteto senegalês veio ao Brasil
em busca de novas oportunidades
O povo do Senegal foi o terceiro que mais procurou o Brasil em
2014 como nova moradia. Samba
Ndiaye, de 25 anos, foi um dos
320 a chegar legalmente ao País
no ano passado. O jovem, formado em Arquitetura, embarcou em
um avião rumo a Porto Alegre há
oito meses, esperando encontrar
as oportunidades de trabalho que
não existiam no país africano.
“Não conhecia ninguém no
Rio Grande do Sul. Mesmo assim,
consegui alugar um apartamento e, depois de começar a trabalhar como vendedor, pude pagar
o aluguel”, relata Ndiaye. O senegalês trabalha vendendo relógios
e outros objetos nas calçadas do
bairro Bom Fim, na Capital, junto
com outros africanos imigrantes.
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Apesar de ter a quantia necessária para pagar suas contas, o
jovem almeja voos mais altos. Ao
chegar a Porto Alegre, comprou livros para aprender a falar português, estudou pela internet e procurou conversar com brasileiros, a
fim de aprimorar o idioma. Hoje,
já possui um bom vocabulário e
sonha em voltar a trabalhar como
arquiteto. Entretanto, para Ndiaye,
falta oportunidades para imigrantes. “Às vezes, penso em voltar
para a minha terra, onde deixei
minha família. Sei que aqui há
mais oportunidades de trabalho
e a qualidade de vida é melhor,
mas, até agora, não encontrei empregadores com vagas abertas para
mim. Seguirei procurando, só não
sei por quanto tempo”, pondera.
ria, em frigoríficos e na área da
construção civil. “De modo geral,
esses imigrantes estão muito satisfeitos por estarem aqui. Eles pertencem a uma sociedade oriunda
de um país muito pobre, que passou por um terremoto seríssimo e
enxerga o Brasil como seu reconstrutor. As pesquisas mostram que
os haitianos, motivados pela distância de suas famílias, pensam
em poupar dinheiro aqui e depois
retornar”, informa Ana Regina.
Além disso, conforme a docente,
os mais jovens acreditam que a
nação brasileira seja o primeiro
passo para que cheguem a lugares como França, Estados Unidos
e Canadá.
Para a professora, o Brasil
precisa criar um projeto consis-
tente de acolhimento dessa migração, inserindo os estrangeiros
no projeto de desenvolvimento
econômico do País. “É difícil essa
inserção do imigrante, pois é necessário avaliar a expertise dos
haitianos e encaminhá-los para
onde é necessária aquela mão de
obra”, analisa. Ana Regina considera o Brasil conservador e,
ao mesmo tempo, multicultural.
“Acredito que temos capacidade
de acolher as diferenças culturais entre os povos. Há uma temeridade de que essas pessoas
venham para roubar os nossos
empregos, em virtude da crise
econômica, que se mistura com
os preconceitos. Porém, não podemos deixar que esse conservadorismo ganhe”, reflete.
Mega-Sena – Ninguém acertou as
seis dezenas do concurso 1.724, realizado no sábado, e o prêmio acumulou para R$ 32 milhões. Já a Quina
teve 53 ganhadores, cujos prêmios
individuais serão de R$ 48.154,01. As
seis dezenas sorteadas foram: 27, 33,
37, 39, 58 e 60.
Lotomania – Uma pessoa acertou
as 20 dezenas sorteadas sábado, no
concurso 1.573. O ganhador vai receber R$ 886.024,32. O próximo sorteio
deve pagar uma quantia de R$ 500
mil. Na faixa de 19 acertos, oito apostadores receberão R$ 29.653,63 cada.
Os 20 números sorteados foram: 20,
25, 27, 28, 32, 39, 41, 42, 48, 49, 63, 66,
69, 80, 81, 85, 88, 91, 93 e 96.
Quina - O concurso 3.835 não
teve acertadores. O prêmio acumulou para R$ 3 milhões. A Quadra
teve 48 ganhadores, que receberão
R$ 11.926,70. As cinco dezenas sorteadas: 43, 52, 53, 72 e 80.
Dupla Sena – Não houve acertador no concurso 1.403, realizado
na sexta-feira. O próximo concurso
deve pagar um prêmio de R$ 2,2 milhões. O resultado foi o seguinte: 1º
sorteio – 06, 08, 25, 30 e 36; e 2º sorteio – 14, 17, 20, 22, 27 e 47.
Federal - Números sorteados do
concurso 4.989, realizado no sábado:
1º prêmio (R$ 600 mil) – 86.650; 2º
prêmio (R$ 37,2 mil) – 71.492; 3º prêmio (R$ 37 mil) – 40.185; 4º prêmio
(R$ 36,8 mil) – 22.323; e 5º prêmio
(R$ 36.608,00) – 5.820.
Timemania - O concurso 752 acumulou, uma vez que nenhum apostador acertou as sete dezenas sorteadas no sábado. O próximo concurso
deve pagar um prêmio de R$ 1,6 milhão. Na faixa de seis acertos, também não houve ganhadores. As 128
pessoas que acertaram cinco números vão receber R$ 796,00. Os números sorteados foram: 06, 12, 26, 42,
58, 66 e 68. O time do coração foi o
Internacional/RS.
Imigrantes têm feito bom trabalho no Interior do Estado
O promotor aposentado e
professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Tupinambá Pinto de Azevedo ministra, na Faculdade de
Direito, a cátedra Sérgio Vieira
de Mello, voltada para a questão das migrações. “Temos, no
Brasil, uma impressionante renovação na área das leis migratórias, sobretudo porque quem
está atuando no governo federal com refugiados tem um trabalho muito dinâmico. Tivemos
a chegada de muitos colombianos ilegalmente aqui no País,
inclusive no Rio Grande do Sul,
e agora a dos haitianos e dos
africanos. Antes ainda, houve a
imigração de afegãos durante a
guerra. Com isso, o Brasil des-
pertou para o assunto e criou
uma série de legislações inovadoras”, conta.
Historicamente,
conforme Azevedo, o Brasil é visto
como destino para refugiados
de guerra, pois sempre recebeu
bem e é um local que não costuma se envolver ativamente em
conflitos políticos, com apoio
da ONU. No entanto, quando
se trata de desastres ambientais que motivam as pessoas
a migrar, o estrangeiro não é
visto como refugiado e recebe
vistos temporários. “O mundo
está em uma crise muito grande, porque a Europa não quer
deixar entrar mais ninguém e
os EUA estão fechados até para
os mexicanos. A forma de aco-
lher os imigrantes é um desafio
para todos”, pondera.
O ex-promotor tem viajado pelo Rio Grande do Sul para
averiguar como os haitianos e
os africanos estão sendo tratados no Interior. “Em Marau,
por exemplo, há muitos haitianos trabalhando em frigoríficos e estão desempenhando
uma atuação maravilhosa. Em
Bento Gonçalves e em Caxias
do Sul, há o pessoal de Gana.
O problema é que são pessoas
negras em lugares onde o racismo é muito grande”, explica.
A Igreja Católica tem tomado
a frente, nesses municípios, da
responsabilidade de encaminhar os estrangeiros para empregos.
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