locus cientifico v2 n4 laminas.pmd 93 16/7/2009, 09:05 Revista Locus Científico A Revista Locus Científico é uma publicação da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC). Seu escopo de ação engloba a divulgação de artigos técnicos inéditos, avaliados por um renomado Conselho Editorial. EXPEDIENTE ESTRUTURA DA PUBLICAÇÃO A revista é composta de textos e artigos de divulgação da cultura do empreendedorismo inovador e artigos inéditos referendados por revisores "ad-hoc". MISSÃO Publicar informações relevantes, artigos técnicos originais e trabalhos de revisão na área do Empreendedorismo Inovador. EDITOR Josealdo Tonholo (ANPROTEC/UFAL) COORDENAÇÃO EXECUTIVA Márcio Caetano (MTB 4964/14/95/DF) DIAGRAMAÇÃO Consenso Editora Gráfica (48) 3028 2924 TIRAGEM 5.000 exemplares IMPRESSÃO Gráfica Brasil - Uberlândia CONSELHO EDITORIAL Afrânio Craveiro (PADETEC) Carlos Eduardo Negrão Bizzotto (FURB) Cláudio Furtado Soares (UFV) Conceição Vedovello (FAPESP) Desirée M. Zouain (IPEN) Esteban Cassin (Univ. de San Martín, Argentina) Fernando Dolabela (Fundação Dom Cabral) Guilherme Ary Plonski - (ANPROTEC/USP) Jorge Audy (PUC/RS) José Carlos Assis Dornelas (EMPREENDE) Josemar Xavier de Medeiros (UnB) Luís Afonso Bermúdez (UnB) Maria Alice Lahorgue (UFRGS) Norman de Paula Arruda Filho (FGV/PR) Paulo Alvim (SEBRAE) Renato de Aquino Faria Nunes (UNIFEI) Roberto Sbragia (USP) ANPROTEC DIRETORIA: Guilherme Ary Plonski – Presidente - USP Gisa Bassalo – UFPA Francilene Procópio Garcia – UFCG Josealdo Tonholo – UFAL Paulo Roberto de Castro Gonzalez – CIENTEC Silvestre Labiak Junior – UFTPR Sheila Oliveira Pires – Superintendente executiva CONSELHO CONSULTIVO Fernando Kreutz (Diretor da FK Biotecnologia) José Eduardo Fiates (ex-presidente da ANPROTEC, Diretor da Fundação Certi) Luís Afonso Bermúdez (ex-presidente da ANPROTEC, Diretor do CDT/UNB) Marco Antônio Raupp (Presidente da SBPC) Maurício Pereira Guedes (ex-presidente da ANPROTEC, COPPE/UFRJ) Newton Lima Neto (Prefeito de São Carlos e ex-reitor da UFSCar) Rafael Lucchesi (Diretor de Operações da CNI) EQUIPE TÉCNICA ANPROTEC Coordenação Unidade Administrativa e Financeira - Francisca Silva Aguiar Coordenação Unidade Comunicação e Marketing- Márcio Caetano Setúbal Coordenação Unidade Atendimento ao Associado - Kátia Sitta Fortini Coordenação Unidade Projetos - Rutiléia Azevedo de Jesus Locus Científico - Uma revista ANPROTEC Editor: [email protected] ISSN - 1981-6790 - versão impressa extensão tif ou jpg. As figuras, fotografias ou desenhos com cor (300 dpi/grayscale) com extensão tif/jpg, para atender ao padrão da revista. As fotografias deverão ser preferencialmente em preto e branco. Os autores devem ponderar sobre a efetiva necessidade de anexar fotografias, considerando a possível sazonalidade das imagens e dos casos registrados. Para figuras, gráficos, esquemas, tabelas, etc, idênticos aos já publicados anteriormente na literatura, os autores devem providenciar a permissão para publicação junto à empresa/sociedade científica que detenha o copyright e enviar à editoria da Locus junto com a versão final do manuscrito. As referências serão nominadas entre colchetes ( [SOBRENOME, ANO] ou [SOBRENOME e OUTRO-SOBRENOME, ANO] ou [SOBRENOME et al., ANO] ) e a lista de referências será colocada no final do texto, em ordem alfabética por sobrenome de autor. As legendas das figuras devem ser colocadas em folha à parte, separadas das figuras. A seguir, devem ser colocadas as figuras, os gráficos, os esquemas, as tabelas e os quadros. No texto, apenas indicar a inserção de cada um(a). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A lista de referências completas, por ordem alfabética de sobrenome do autor, com apenas a inicial do nome, deve vir ao final do texto. Sua apresentação deve pautar-se, sempre que possível, nos modelos apresentados a seguir: SOBRENOME, N.; OUTROSOBRENOME, N2; TERCEIROSOBRENOME, N3; Título: subtítulo. Cidade: Editora, ano. (Coleção tal) SOBRENOME, N. Título do capítulo. In: SOBRENOME, N. Título do livro. Cidade: Editora, ano. p. SOBRENOME, N. Título da obra. Editora, ano. Título do capítulo. p. SOBRENOME, N. Título do artigo. Nome do Periódico, Cidade, v. , n. , p. , mês abreviado ano. SOBRENOME, N.. Título: subtítulo. Cidade, ano. Disponível em: <http://www.endereco_eletronico_completo.com.br>. Acessado em: Dia Mês Ano. Recomendamos fortemente que os proponentes: 1- verifiquem exaustivamente a conexão entre a referência citada e o texto em que é inserida [todas as referências citadas devem estar explicitas no texto, entre colchetes]; 2- avaliem a qualidade da referência e sua efetiva vinculação com o conteúdo a ser referenciado; 3- baseiem-se nos últimos textos publicados pela revista para dirimir dúvidas quanto às referências bibliográficas. pequenas alterações nos manuscritos, de modo a adequá-los às normas da revista ou tornar seu estilo mais claro, respeitando, naturalmente, o conteúdo do trabalho. Qualquer que seja a natureza do manuscrito submetido, ele deve ser original quanto à metodologia, informação, interpretação ou crítica. A qualificação do trabalho será atestada por no mínimo dois consultores “ad hoc”, de reconhecida atuação nas áreas, indicados pela Editoria. Manuscritos aprovados e enviados aos autores para revisão devem retornar à editoria dentro de prazo máximo de dois meses ou serão considerados retirados da pauta da publicação. RESENHAS DE LIVROS Autores de livros que desejem ver a resenha de seu livro publicada na Locus Científico, devem enviar uma cópia do livro aos cuidados do editor, no endereço da ANPROTEC. O editor definirá um relator para providenciar a resenha do livro que poderá ser publicado no caso de ser considerado documento relevante ao Movimento de Empreendedorismo Inovador. Somente serão considerados livros que tenham responsabilidade editorial e ISBN. COPYRIGHT Ao submeter o artigo, o autor concorda automaticamente com a cessão dos direitos de publicação em mídia impressa e/ou eletrônica para a ANPROTEC, sem prejuízo dos direitos de propriedade intelectual dos autores. Ao receber o aceite, o autor de contato providenciará a assinatura do documento de anuência e autorização de publicação (enviado pelo editor). CUSTOS DE PUBLICAÇÃO Não há encargos de publicação ou impressão para os autores. O autor de contato receberá 10 exemplares do número da revista em que publicou. Caso haja interesse de um número maior de exemplares, estes serão cobrados do solicitante ao custo de R$ 10,00 (dez reais) cada, para lotes de 50 revistas. Há possibilidade de preparação de separatas especiais, com capa idêntica à da revista e o artigo completo, com ônus para o solicitante, sob consulta. ISSN - 1981-6804 - versão digital Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores CNPJ: 03.636.750/0001-42 Endereço: SCN Quadra 01 - Bloco C Salas 208 a 211 SUBMISSÃO DOS ARTIGOS Os manuscritos devem ser enviados à editoria do Locus Científico, através do email [email protected], ou em mídia digital para a ANPROTEC. Devem ser acompanhados de carta indicando: a) modalidade do artigo (artigo original, revisão ou educação); b) a área de interesse (CEI, PIT, DLS ou HIS); c) o e-mail do autor principal, para correspondência. Edifício Brasília Trade Center Brasília - Distrito Federal Cep 70.711-902 / PABX: (0xx61) 3202-1555 MANUSCRITOS REVISADOS A editoria reserva-se o direito de efetuar, quando necessário, www.anprotec.org.br Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores CNPJ: 03.636.750/0001-42 Endereço: SCN Quadra 01 - Bloco C - Salas 208 a 211 - Edifício Brasília Trade Center Brasília - Distrito Federal - Cep 70.711-902 PABX/fax: (0xx61) 3202-1555 E-mail: [email protected] Editor: [email protected] E-mail: [email protected] 123 locus cientifico v2 n4 laminas.pmd 94 16/7/2009, 09:05 LOCUS ISSN -1981-6790 - versão impressa LOCUS CIENTÍFICO ISSN -1981-6804 - versão digital CIENTÍFICO SUMÁRIO EDITORIAL Josealdo Tonholo ........................................................................................................................................................... 95 ARTIGOS ORIGINAIS E DE OPINIÃO INSTRUÇÕES PARA AUTORES Cultura do Empreendedorismo e Inovação (CEI) A Revista Locus Científico é uma publicação da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC). Seu escopo de ação engloba a divulgação de artigos técnicos inéditos, avaliados por um renomado Conselho Editorial. ESTRUTURA DA PUBLICAÇÃO A revista é composta de textos e artigos de divulgação da cultura do empreendedorismo inovador e artigos inéditos referendados por revisores “ad-hoc”. MISSÃO Publicar informações relevantes, artigos técnicos originais e trabalhos de revisão na área do Empreendedorismo Inovador. EDITOR Josealdo Tonholo (ANPROTEC/UFAL) CONSELHO EDITORIAL • Afrânio Craveiro (PADETEC) • Carlos Eduardo Negrão Bizzotto (FURB) • Cláudio Furtado Soares (UFV) • Conceição Vedovello (FAPESP) • Desirée M. Zouain (IPEN) • Esteban Cassin (Univ. de San Martín, Argentina) • Fernando Dolabela (Fundação Dom Cabral) • Guilherme Ary Plonski - (ANPROTEC/USP) • Jorge Audy (PUC/RS) • José Carlos Assis Dornelas (EMPREENDE) • Josemar Xavier de Medeiros (UnB) • Luís Afonso Bermúdez (UnB) • Maria Alice Lahorgue (UFRGS) • Norman de Paula Arruda Filho (FGV/PR) • Paulo Alvim (SEBRAE) • Renato de Aquino Faria Nunes (UNIFEI) • Roberto Sbragia (USP) COORDENAÇÃO EXECUTIVA Márcio Caetano (MTB 4964/14/95/DF) OBJETIVO E POLÍTICA EDITORIAL Serão considerados para publicação na Locus Científico artigos técnicos ou revisões, preferencialmente escritos em português, abordando temas relacionados ao Empreendedorismo Inovador, dentro de um dos temas a seguir: a) Cultura do Empreendedorismo e Inovação (CEI); b) Promoção de Empreendimentos Orientados para o Uso Intensivo de Tecnologias (PIT); c) Promoção de Empreendimentos Orientados para o Desenvol- vimento Local e Setorial (DLS); d) Habitats de Inovação Sustentáveis (HIS). Artigos Originais: referem-se aos trabalhos inéditos de opinião ou pesquisa (não podem ter sido publicados em revistas nem anais de congressos ou similares, exceto quando houver convite do editor). Devem seguir a forma usual de apresentação, contendo introdução, desenvolvimento, considerações, conclusões, referências bibliográficas, etc. Artigos de Revisão: são destinados à apresentação do progresso, contendo uma visão crítica, com o objetivo principal de beneficiar clientela formada por especialistas da área. O editor da Locus poderá, eventualmente, convidar pesquisadores qualificados para submeter artigo de revisão. Artigos sobre Educação: refere-se a trabalhos de pesquisas relacionadas ao ensino de empreendedorismo e/ou de experiências inovadoras no ensino nos níveis infantil, fundamental, médio, graduação e pós-graduação. PREPARAÇÃO DE MANUSCRITOS Todos os trabalhos deverão ser enviados pela forma digital, aos cuidados do editor da Locus Científico, através do e-mail [email protected]. Recomendamos que os autores observem atentamente os últimos artigos publicados, para verificar aderência ao conteúdo e formato solicitado. O texto deve ser digitado em ARIAL 12 página A4, com espaço duplo, utilizando somente Microsoft Word®. Deverão ter no máximo 25 páginas (no formato acima), incluindo figuras, tabelas, esquemas, etc. Todas as páginas devem ser numeradas, bem como as de figuras, tabelas, gráficos, esquemas, etc. A primeira página deverá conter o título do trabalho, nome, instituição, emails e endereços dos autores. Havendo autores com diferentes endereços estes deverão se seguir imediatamente ao nome de cada autor. Os autores devem ser agrupados por endereço. Indicar com asterisco(*) o autor para correspondência, responsável pelo artigo, anotando seu e-mail no rodapé desta página (um só e-mail). A segunda página deverá conter o título e o resumo do trabalho em inglês e português (Abstract), com no máximo 200 palavras cada, além da indicação de três palavras-chave em português e também em inglês (Keywords). As figuras (gráficos, esquemas, etc.) deverão ter qualidade gráfica adequada (usar somente fundo branco). Caso os arquivos de texto e imagens sejam grandes a ponto de inviabilizar o envio pela Internet, deve ser enviado um CD, com conteúdo completo do trabalho (ressaltamos que o tempo de trânsito postal pode implicar em maior demora no processo editorial). As figuras devem ser enviadas em arquivo eletrônico separado do texto (a imagem aplicada no processador de texto não significa que o original está copiado) e digitalizadas em alta resolução com A cultura da criatividade e sua dinâmica reflexiva nos empreendimentos inovadores The culture of creativity and its dynamics of Reflexivity in innovative business Robert Menezes .................................................................................................................................................. Design para quem usa Design Design for who use Design Ligia Aparecida Inhan Matos .............................................................................................................................. 95 103-109 Uso Intensivo de Tecnologia (PIT) Panorama das Empresas Privadas de Biotecnologia do Estado de Pernambuco 2007 Panorama of biotechnology industries in Pernambuco State – Brazil, 2007 Emanoel Sérvio Coqueiro dos Santos, Paulo Paes de Andrade ........................................................................ 110-120 EDITORIAL Caros Colegas, Com alegria avaliamos o grande feito de chegarmos ao final do segundo volume da revista Locus Científico, com o lançamento do quarto número. Neste ano de 2008 a revista avançou, com publicação de três artigos por número, sempre referendados por pelo menos dois assessores ad-hoc. O alto índice de retorno dos artigos, seja para pequena adequação, seja reestruturação completa, é um indicativo do esmero dos assessores com a qualidade dos trabalhos que são publicados. Se por um lado a qualidade dos trabalhos está garantida, cabe a nossa comunidade exercer com mais vivacidade o papel de divulgador do conhecimento gerado, submetendo mais e melhores trabalhos para a revista - o que de fato aconteceu neste ano. Considerando a possibilidade de qualificar a revista através do sistema Qualis da CAPES, temos pela frente um enorme desafio: garantir o aumento do número de trabalhos e a adoção do Sistema de Editoração Eletrônico de Revistas-SEER. A segunda parte depende da ANPROTEC, que já está se qualificando para implantar o SEER, que deverá melhorar significativamente o fluxo documental da revista. A primeira parte depende exclusivamente de você – leitor altamente qualificado – que certamente trará sua contribuição para os próximos números. Como estamos em final de ano, ascendem-se as esperanças e expectativas por coisas boas, inclusive no nosso movimento, que aguarda ansiosamente o desenrolar do programa PRIME da FINEP. Esperamos que até o primeiro semestre as empresas inovadoras já estejam operando esta linha de fomento na plenitude, trazendo à tona para a sociedade brasileira o que de melhor existe em criatividade, gerando inovação. Que venha o novo ano, pois nossas portas estão sempre abertas! Josealdo Tonholo Editor [email protected] 122 locus cientifico v2 n4 laminas.pmd 96-102 16/7/2009, 09:05 ARTIGO CIENTÍFICO CULTURA DO EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO (CEI) LOCUS ISSN -1981-6790 - versão impressa CIENTÍFICO ISSN -1981-6804 - versão digital LOCUS A cultura da criatividade e sua dinâmica reflexiva nos empreendimentos inovadores ISSN -1981-6790 - versão impressa The culture of creativity and its dynamics of Reflexivity in innovative business Robert Menezes CIENTÍFICO ISSN -1981-6804 - versão digital AGRADEMIMENTOS O Conselho Editorial da revista Locus Científico e a Diretoria da ANPROTEC agradecem aos esforços dispendidos pelos nossos assessores ad-hocs, que no ano de 2008 atuaram na avaliação dos artigos, sempre com prestatividade, acuidade e esmero. Universidade Federal de Campina Grande Centro de Engenharia Elétrica e Informática Departamento de Sistemas e Computação Rua Aprígio Veloso, 882 58109 970 – Campina Grande – Paraíba Josealdo Tonholo Editor E-mail: [email protected] Atuaram como assessores na revista Locus Científico Vol 02(1-4)(2008): Artigo submetido em 14 de julho de 2008, recebido na forma corrigida em 06 de outubro de 2008 e aceito em 30 de outubro de 2008. .......... RESUMO O autor deste artigo pretende apresentar algumas importantes considerações sobre a cultura da criatividade, tema bastante valorizado na sociedade moderna globalizada pelo seu potencial de competitividade. Serão abordados alguns aspectos sociológicos, filosóficos e gerenciais com a finalidade de compreender a interferência humana reflexiva nas relações entre os setores produtivos e os mercados consumidores, com foco no processo de geração de ideias e de identificação de oportunidades para inovação. O conteúdo para discussão envolve os seguintes itens: introdução à cultura da criatividade; comportamento criativo e criatividade empreendedora; processo de geração de ideias; identificação de oportunidades; e gestão da criatividade para práticas sistemáticas de inovação. The author of this paper intends to present some important considerations about the culture of creativity. This theme is very valuable in modern globalized society because of the potential for competitiveness. Will be addressed some sociological, philosophical and management topics with the aim of understanding the reflexive human interference in the relationship between productive sectors and consumer markets, with focus on the process of generating ideas and identifying opportunities for innovation. The content for discussion involves the following: introduction to the culture of creativity, creative behavior and entrepreneurial creativity, process of generating ideas, and management of creativity to systematic practice of innovation. PALAVRAS-CHAVE: KEYWORDS: • empreendedorismo • criatividade • inovação • Entrepreneurship • creativity • innovation Na linguagem sociológica, cultura é tudo o que resulta da criação humana, compreendendo, desta forma, todas as elaborações resultantes das capacidades adquiridas pelo homem através do convívio social. Destacam-se os aspectos materiais constituídos pelos objetos e artefatos, além dos 96 Antônio Pereira Lima Junior Armando Augusto Clemente Bezamat de Souza Neto Carlos Eduardo Negrão Bizzoto Cláudia Maria Milito Cleusa Asanome Conceição Vedovello Cristane Stainsack Edemar de Paula Ednalva Morais Elzo Aranha Emerson Corazza Francilene Procópio Garcia Gisa Bassalo Janaina Galdino de Barros José Carlos Cressoni Katia Aguiar Luciana Peixoto Santarita Luis Afonso Bermúdez Marcelo Gonçalves do Amaral Marli Elizabeth Ritter dos Santos Neila Cunha Nelsio Rodrigues de Abreu Norman de Paula Arruda Filho Paulo da Cruz Freire Regina Faria Sérgio José Mecena da Silva Filho ABSTRACT aspectos imateriais, representados pelo domínio das ideias, crenças, técnicas, valores, normas e outros fatores. É clássica a definição de Edward Burnett Tylor: “Um todo complexo que abarca conhecimentos, crenças, artes, moral, leis, costumes e outras capacidades adquiridas pelo homem como 121 Menezes, R., Locus Científico, Vol.02, nº. 04 (2008) pp 96-102 locus cientifico v2 n4 laminas.pmd 96 16/7/2009, 09:05 ARTIGO CIENTÍFICO USO INTENSIVO DE TECNOLOGIA (PIT) Análise quanto ao grau de dificuldade em questões relativas a aspectos técnicos, administrativos e de negócios: Aspectos Técnicos Grau de dificuldade Baixíssimo Baixo Moderado Alto Altíssimo Alto Altíssimo Aquisição de máquinas eequipamentos Aquisição de matéria-prima einsumos Acesso a novas tecnologias Acesso à mão-de-obraespecializada Acesso a informações técnicas epesquisas recentes Interação com universidade ecentros de pesquisa Acesso à informação egestão da propriedade intelectual Aspectos Administrativose de negócios Grau de dificuldade Baixíssimo Baixo Moderado Acesso a novos mercados nacionais Acesso a compras governamentais Obtenção de registros e licenças (MAPA e ANVISA) Acesso a certificações (ISO, BPF, etc) Acesso a linhas de crédito subsidiadas (FINEP, BNB, BNDES, etc) Interação com potenciais parceiros em negócios Administração e gerenciamento da empresa Informações sobre dispositivos de isenção fiscal DEFINIÇÃO DOS SETORES: Saúde Humana: empresas que desenvolvem/comercializam produtos ou serviços especializados voltados para a saúde humana como kits de diagnóstico, vacinas, proteínas recombinantes, anticorpos, materiais para próteses, próteses e devices médicos especializados, meios de cultura, produção de reagentes e antígenos, terapia celular, curativos e peles artificiais, identificação de novas moléculas e fármacos, biossensores. Saúde Animal: empresas que desenvolvem/comercializam produtos ou têm serviços especializados voltados para a saúde animal como kits de diagnóstico, vacinas ou outros produtos terapêuticos, transferência de embriões, melhoramento genético, clonagem, diagnóstico molecular. Agricultura: empresas que desenvolvem ou comercializam sementes e plantas transgênicas, novos métodos para controle de pragas, clonagem de plantas, diagnóstico molecular, produção de fertilizantes a partir de microorganismos, melhoramento genético, catalisadores. Meio Ambiente: biorremediação, tratamento de efluentes e áreas degradadas. Bioenergia: empresas que desenvolvem/comercializam projetos em bioenergia ou tecnologias aplicadas. Dada a importância desta categoria no setor brasileiro decidimos separá-la de Agricultura Insumos: empresas que produzem reagentes; por exemplo, empresas que produzem enzimas ou kits para extração integrante da sociedade.” Ao contrário dos animais que têm os padrões básicos de comportamento transmitidos através de herança biológica, o ser humano desenvolve padrões artificiais a partir da comunicação simbólica, especialmente através da linguagem, o que permite a produção cultural resultante da socialização, que pode ser comparada ao processo de aprendizagem, no sentido mais amplo dessa expressão [VILA NOVA, 2008]. Desta forma, os padrões do comportamento humano são extremamente flexíveis e variáveis no tempo e no espaço, e são reproduzidos conforme as necessidades específicas dos grupos, o que gera a diversidade cultural. O trabalho humano, portanto, apresenta-se como uma resposta aos desafios da natureza e a cultura tem como função evidente satisfazer necessidades humanas [VILA NOVA, 2008]. Numa concepção filosófica, a cultura é um conjunto de respostas para melhor satisfazer as necessidades e os desejos humanos. Isso pode ser percebido ao longo da história, quando grupos humanos vêm resolvendo seus problemas com base na informação disponível – conjunto de conhecimentos teóricos e práticos transmitidos aos contemporâneos – ou desenvolvendo novas práticas, o que torna a cultura uma criação dinâmica contínua. Para Elias [1994] a sociedade expressa uma cadeia em que cada pessoa singular está realmente presa por viver em permanente dependência funcional de outras, formando um elo nas cadeias que ligam outras pessoas, assim como todas as demais, direta ou indiretamente, são elos nas cadeias que a prendem. Desta forma, a rede de funções que as pessoas desempenham umas em relação a outras cria a estrutura coletiva chamada de sociedade e faz surgir a cultura que a representa. É fundamental esta observação de Elias [1994], visto que é comum a existência de antinomias entre os conceitos de indivíduo e de sociedade, sendo quase incomum falar-se em uma sociedade de indivíduos. Todavia, a cultura é resultado das contribuições individuais através do processo de socialização ocorrido em determinada sociedade, que se tornaram padrões de comportamento coletivo a partir das relações sociais estabelecidas. Por outro lado, Giddens [1991] enfatiza que a vida moderna é caracterizada por várias descontinuidades e aceleração do ritmo de mudança. Segundo este autor “a reflexividade da vida social moderna consiste no fato de que as práticas sociais são constantemente examinadas e reformadas à luz de informação renovada sobre estas próprias práticas, alterando assim constitutivamente seu caráter.” Na medida em que têm o poder de transformações, alguns indivíduos fazendo uso da criatividade tornam-se agentes de mudança, criando novas ideias e conceitos e implementando novos processos ou normas. Como conseqüência da interferência humana reflexiva, a criatividade surge como fonte de inovação e mudanças, nasce a partir dos indivíduos, requer conhecimento e experiência, e pode ser transformada em cultura imaterial de valor para organizações. O objeto de análise deste artigo está no processo de desenvolvimento da criatividade verificado nas culturas organizacionais ou corporativas, espaços 120 Dos Santos, E.S.C e Andrade, P.P., Locus Científico, Vol 02, nº.04 (2008) pp 110-120 locus cientifico v2 n4 laminas.pmd 97 delimitados de inovação que envolvem aspectos tecnológicos ou organizacionais, além dos mecanismos de assimilação, disseminação e implementação de ideias. Pensar em cultura da criatividade nas organizações exige o entendimento dos processos interativos entre indivíduos, o que envolve aspectos da individualização – preservação das singularidades – e dos propósitos corporativos estabelecidos em dimensão coletiva pela política de gestão organizacional. Este artigo tem por objetivo apresentar uma visão da cultura da criatividade como espaço e tempo de toda criação organizacional voltada para as estratégias competitivas ou de sobrevivência, constituindo pressuposto básico para inovação e percepção de oportunidades, fatores essenciais para iniciativas empreendedoras. Serão abordados os aspectos do comportamento criativo e criatividade empreendedora, o processo de geração de ideias, o processo de identificação de oportunidades e a gestão da criatividade para a prática sistemática de inovação. 2. COMPORTAMENTO CRIATIVO E CRIATIVIDADE EMPREENDEDORA A criatividade é condição necessária para a inovação. Representa a capacidade humana de construir soluções inteligentes e estéticas para problemas em qualquer área do conhecimento. O ato de criar está associado à ideia de algo novo, algo que nunca existiu antes. Criar, portanto, poderia ser visto como um fato inédito, surpreendente e original, que possibilita a construção de novos conceitos ou a destruição e substituição de conceitos já estabelecidos. Criar é ver antes dos outros e fazer ver aos outros o segredo da descoberta. Apresenta-se como um pensamento dotado de originalidade que supera o lugar-comum do conformismo e da passividade. Albert Einstein escreveu: “Quando observo a mim mesmo e os meus métodos de pensamento, chego à conclusão de que o dom da imaginação foi mais importante para mim do que a minha capacidade de assimilar conhecimentos.” Em outro momento, Albert Einstein afirmou: “A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” Percebe-se aqui que as palavras criatividade e imaginação estão bem próximas. Contudo, para diferenciá-las, pode-se compreender a criatividade como a imaginação utilizada para a resolução de um determinado problema. Barreto [1997] afirma que “não há criatividade sem um problema referente.” E que problema? Aquele que ainda não se conseguiu resolver pelos meios tradicionais disponíveis. O desafio de se encontrar uma solução diferenciada e original é um bom motivo para o desenvolvimento da criatividade. Segundo Barreto [1997] a criatividade não se aprende. O ser humano já é criativo, já sabe. Criatividade, portanto, está relacionada a coisas que os indivíduos já sabem, mas deixam ficar encobertas por uma camada de conformismo, de rotina, de desinteresse, ou de racionalização excessiva. Marcel Proust escreveu: “A verdadeira viagem de descobrimento não consiste em procurar nova paisagem, mas em ter novos olhos.” Inegavelmente é um processo complexo, chamado de “sín- Menezes, R., Locus Científico, Vol.02, nº. 04 (2008) pp 96-102 16/7/2009, 09:05 97 ARTIGO CIENTÍFICO CULTURA DO EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO (CEI) tese mágica” por Arieti [1976], referindo-se à habilidade que um indivíduo tem de combinar os processos primários do cérebro – fontes das emoções subconscientes ou inconscientes: sonhos, imaginação e associações – e os processos secundários do cérebro – fonte da racionalidade consciente: pensamento lógico ou a forma de externalizar os processos primários – A Figura 1 abaixo ilustra a Síntese Mágica de Arieti [1976], que tenta explicar o modo de pensar criativo: Figura 1: Criatividade: A Síntese Mágica de Arieti A capacidade de criar tem origem na aparente contradição entre a racionalidade e a emoção, o concreto e a imaginação, o consciente e o inconsciente. O comportamento criativo representa o uso intensivo das fontes interiores de criação em processo de aprendizado, colaboração e integração, para desenvolvimento e validação de ideias ou soluções. Segundo Predebom [2001], “o comportamento criativo é produto de uma visão da vida, de um estado permanente de espírito, de uma verdadeira opção pessoal quanto a desempenhar um papel no mundo. Essa base mobiliza no indivíduo seu potencial imaginativo e desenvolve suas competências além da média, nos campos dependentes da criatividade”. Desta forma, pode-se compreender o comportamento criativo como uma experiência eminentemente pessoal, embora receba influência do grau de motivação do indivíduo em usar seu pensamento criativo diante dos valores e práticas predominantes no ambiente [ALENCAR, 2003]. No âmbito dos empreendimentos pessoais ou organizacionais a criatividade está relacionada ao processo de descoberta de oportunidades e elaboração de alternativas para decisão. O processo empreendedor exige criatividade não apenas para gerar ideias, mas, também para implementar as ideias geradas, transformando-as em oportunidades. A partir de uma visão pragmática, Kao [1997] define criatividade como um processo por meio do qual as ideias são geradas, desenvolvidas e transformadas em valor. Torrance [1976] ratifica este conceito quando sugere que a criatividade é o processo de tornar-se sensível a problemas, deficiências e lacunas no conhecimento, 98 acrescentando-se a isso a busca de soluções e a apresentação de resultados. Baron [2007] reconhece “três processos-chave do empreendedorismo: geração da ideia – produção de ideias para algo novo; criatividade – geração de ideias potencialmente úteis; e reconhecimento de oportunidades – processo pelo qual empreendedores concluem que identificaram o potencial para criar algo novo com capacidade de gerar valor econômico”. Para o autor, a criatividade pode ser entendida como um processo criterioso e seletivo que exclui a fantasia através de uma avaliação crítica do potencial de utilidade das ideias. Esta classificação pode ser chamada de criatividade empreendedora e representa a criatividade humana orientada para resultados práticos no âmbito dos empreendimentos. A criatividade empreendedora apresenta-se, portanto, como um processo mental complexo, a princípio ilimitado, que promove a geração de ideias em dois níveis: espontâneo – quando tudo que pode ser pensado de forma livre é aceito; e crítico – quando as ideias são filtradas, selecionadas e aproveitadas em combinações diferentes para solução de problemas. Este último nível representa a validação das ideias em forma de produtos e serviços. A criatividade empreendedora é o processo de geração, desenvolvimento e transformação de ideias em oportunidades. Atualmente, devido à importância do tema para todos os setores de negócios, um novo perfil profissional mais criativo e inovador é unanimidade nas avaliações de desempenho profissional. Para a sociedade de um modo geral, a criatividade emerge como um valor positivo e já faz parte da expectativa do cliente em relação ao desempenho de produtos ou prestação de serviços. A ênfase em explorar fontes interiores de criação, ampliar a capacidade de inovar e utilizar técnicas de resolução criativa de problemas é hoje quase uma regra na capacitação e treinamento do empreendedor, qualquer que seja o seu ambiente de trabalho. Segundo Mirshawka [2003], no momento em que a tecnologia passa a ser um produto comum e habitual e todos os concorrentes alcançarem o mesmo nível de idoneidade, só a criatividade poderá fazer a diferença. II - A TECNOLOGIA 1. Sua empresa está atualmente desenvolvendo novos projetos para produtos ou serviços baseados em alta tecnologia? Sim Sim Não Não 2. Sua empresa já utilizou linhas de financiamento de pesquisa através de instituições de fomento tipo FINEP, CNPq, FACEPE, etc...? 98 4. Indique qual tecnologia sua empresa utiliza com maior predomínio. Biotecnologia clássica ou tradicional (Ex.: processos Sim fermentativos, melhoramento clássico, etc.) Não Biotecnologia moderna (Ex.: engenharia genética, PCR, anticorpos monoclonais, transgênicos, etc.) Biotecnologia tradicional e moderna III - O NEGÓCIO 1. Sua empresa vende produtos ou serviços para fora do Estado de Pernambuco? Sim 4. A administração da sua empresa é feita por um profissional da área de administração (Formado em Administração de empresas)? Sim Não Não 2. Se você respondeu Sim na última pergunta para quais mercados você vende? Pode responder utilizando mais de uma opção. 5. Sua empresa já exportou? Sim Sul Não Norte 6. Você considera que sua empresa tem potencial exportador? Nordeste Sudeste Centro-oeste Sim Não 3. Seus concorrentes são empresas de que porte? 3. PROCESSO DE GERAÇÃO DE IDEIAS A origem das ideias, segundo Hume [1990], está nas percepções mais vivas do indivíduo – as impressões – que nascem a partir de elementos primitivos da experiência: ouvir, ver, sentir, amar, odiar, desejar ou querer. As impressões são registros da vivência humana guardados na memória. É necessário, portanto, se ter experiência para se ter impressões. Reflexões sobre essa experiência levam o pensamento a construir ideias – fracas imagens das impressões. Desta forma, as impressões representam o modelo, enquanto as ideias representam a cópia desse modelo – percepções menos vivas. Indivíduos com deficiência de algum sentido têm a mesma incapacidade para formar ideias correspondentes – um cego não pode ter noção das cores nem um surdo dos sons. De forma semelhante, o ser humano não pode ter noção das sensações reais de um peixe, por exemplo, embora construa ideias imperfeitas a respeito, com base em analogias e combinações Grandes empresas Médias empresas 7. Sua empresa está vinculada a algum programa de incubação? Pequenas empresas Sim Micro empresas Não Não tenho concorrente 8. Utilize as linhas abaixo e descreva seus principais produtos Dos Santos, E.S.C e Andrade, P.P., Locus Científico, Vol 02, nº.04 (2008) pp 110-120 119 Menezes, R., Locus Científico, Vol.02, nº. 04 (2008) pp 96-102 locus cientifico v2 n4 laminas.pmd 3. Sua empresa tem atualmente algum projeto em curso que esteja sendo financiado por alguma destas instituições? 16/7/2009, 09:05 ARTIGO CIENTÍFICO USO INTENSIVO DE TECNOLOGIA (PIT) ANEXO I I – CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA Razão Social da empresa: Nome fantasia:Endereço: Nome do principal responsável: Cargo: E-mail: Telefones com DDD: Ano de fundação: Se sua empresa ainda está em fase de constituição marque um x aqui I - A EMPRESA 1. Qual o porte de sua empresa em termos de faturamento anual? Não fatura 4. Sua empresa possui algum depósito de patente? Registre mesmo que a patente estiver sido depositada em nome de algum sócio ou colaborador. 1 a 240 mil 241 a 500 mil Sim 501 a 1 milhão Não Mais de 1 milhão 2. Quantos funcionários você tem na sua empresa? Contando com os sócios. 5. Se você respondeu Sim na última pergunta agora informe quantas patentes você tem depositadas: 1 (uma) 1a5 2 (duas) 5 a 10 3 (três) 10 a 25 4 ou mais que seu conhecimento lhe permita. Ter conhecimento de uma situação é condição essencial para a geração de ideias a respeito dessa situação. Para Hume [1990] “à primeira vista, nada pode parecer mais ilimitado do que o pensamento humano, que não apenas escapa a toda autoridade e a todo poder do homem, mas também nem sempre é reprimido dentro dos limites da natureza e da realidade... Entretanto, embora nosso pensamento pareça possuir esta liberdade ilimitada, verificaremos, através de um exame mais minucioso, que ele está realmente confinado dentro de limites muito reduzidos e que todo poder criador do espírito não ultrapassa a faculdade de combinar, de transpor, aumentar ou de diminuir os materiais que nos foram fornecidos pelos sentidos e pela existência.” Hume [1990] conclui que todos os materiais do pensamento derivam das sensações externas ou internas, contudo a mistura e composição desses materiais dependem da vontade. Mesmo considerando que exista esta limitação do pensamento na perspectiva prática, as possibilidades de construção de novas ideias são quase infinitas. Baron [2007] afirma que “novas ideias e o reconhecimento de oportunidades estão presentes no sistema cognitivo de certas pessoas como resultado de sua experiência de vida. Pelo fato de a experiência de cada um ser única, as informações que têm a seu dispor são igualmente únicas, essa é a razão principal pela qual ideias específicas ocorrem a algumas pessoas e não a outras.” Desta forma, indivíduos diferentes têm percepções diferentes, adquirem impressões diferentes e desenvolvem ideias diferentes, e finalmente, encontram oportunidades diferentes. O comportamento empreendedor é essencialmente prático e intuitivo, de estilo idiossincrático quase intransferível. Com as ideias o empreendedor constrói estruturas mentais cog- nitivas, elabora novas representações e significados, desenvolve novas ideias, cria sua visão particular de compreender o mundo através da observação sistemática, ao mesmo tempo em que propõe soluções inteligentes para problemas. Em contexto mais amplo, a cultura também pode ter influência no modo de pensar e agir, a partir de crenças e valores. Desta forma, o empreendedor tanto pode encontrar motivos dentro de si mesmo como receber influência da sociedade ao exercitar sua criatividade. Como hábito que pode ser adquirido sistematicamente, a criatividade consiste em construir, modificar, classificar, substituir ou destruir ideias. Em 1926 Graham Wallas apresentou em sua obra “The Art of Thought” um dos primeiros modelos do processo criativo. Em seu modelo, Wallas apresenta quatro fases para o processo de geração de ideias: Preparação – capacitação do cérebro, através dos sentidos, para conceber ideias a partir do fornecimento de dados, informação e conhecimento; Incubação – trabalho inconsciente do cérebro na recombinação do material recebido de modo a encontrar a solução do problema (amadurecimento da ideia); Iluminação – conexão do inconsciente com o consciente, momento em que nasce a ideia em sua forma consciente, quando os bloqueios mentais são mínimos (insights); e Verificação – observação da consistência da ideia em termos práticos para posterior utilização. A Figura 2, abaixo, ilustra o processo de geração de ideias inspirado no modelo de Wallas, com acréscimo de mais duas fases: Motivação – começo do processo, quando o indivíduo é impulsionado para resolver um problema e aciona sua vontade em fazê-lo, e Implementação – transformação de algo que é basicamente mental em algo material e realizável. 25 a 50 Mais de 50 3 Escolha na lista abaixo o setor predominante de especialização de sua empresa*. Agricultura 6. Sua empresa possui algum depósito de marca? Registre mesmo que a marca estiver sido depositada em nome de algum sócio ou colaborador. Sim Não Saúde humana 7. Se você respondeu Sim na última pergunta agora informe quantas marcas você tem depositadas: Saúde animal Meio ambiente Insumos 1 (uma) Bioenergia 2 (duas) * - Os setores foram escolhidos com base no último estudo das Empresas de Biotecnologia do Brasil. Fundação Biominas – 2007 – Veja no final deste questionário a definição de cada setor. 3 (três) 4 ou mais Figura 2 - O processo de geração de ideias inspirado no modelo de Wallas 118 Dos Santos, E.S.C e Andrade, P.P., Locus Científico, Vol 02, nº.04 (2008) pp 110-120 locus cientifico v2 n4 laminas.pmd 99 Menezes, R., Locus Científico, Vol.02, nº. 04 (2008) pp 96-102 16/7/2009, 09:05 99 ARTIGO CIENTÍFICO CULTURA DO EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO (CEI) Modelos e técnicas de geração de ideias estão disponíveis na literatura e podem ser adaptados com facilidade para práticas sistemáticas de inovação, através de modelos de gestão da criatividade. Um exemplo de boas práticas de criatividade é o alto nível das melhores agências de propaganda no país, onde se destaca o trabalho criativo dos profissionais na geração e utilização de boas ideias de marketing e comunicação. 4. A IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES Oportunidades podem ser entendidas como ideias com grande potencial de exploração prática que apresentam possibilidades de novos negócios, produtos ou serviços. A gestão da criatividade promove a inovação deliberada e sistemática, o que para Drucker [2005] é um processo tanto conceitual como perceptual. Portanto, ser criativo é inovar, é sair para olhar, perguntar e ouvir. Inovadores bem sucedidos usam os dois lados do cérebro – usam números ao mesmo tempo em que procuram compreender pessoas, trabalham as emoções e a racionalidade, elaboram a síntese mágica da criatividade sugerida por Arieti [1976], ilustrada na Figura 1, já vista anteriormente. Para melhor compreensão da contribuição de David Hume sobre o tema, o modelo de evolução do processo cognitivo para identificação de oportunidades para inovação está ilustrado de forma resumida na Tabela 1, abaixo: Tabela 1 - Modelo de Evolução do Processo Cognitivo para Identificação de Oportunidades Estágios do Conhecimento Impressões Ideias Oportunidades Representação • Percepções vivas • Percepções menos vivas • Imagens das impressões • Ideias com valor • Utilidade Processo • Experiências sensoriais • Outras experiências primitivas: sentir, amar, odiar, desejar... • • • • • Experiência profissional • Atitude inovadora Contexto • Pessoal • Pessoal • Grupos 5. GESTÃO DA CRIATIVIDADE PARA PRÁTICAS SISTEMÁTICAS DE INOVAÇÃO Para Drucker [2005] “a inovação é o instrumento específico dos empreendedores, o meio pelo qual eles exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio diferente ou um serviço diferente.” Assim, o empreendedor não precisa ter um tipo especial de personalidade, é suficiente apenas ter compromisso com a prática sistemática de inovação. Buscar mudanças, reagir a elas e explorá-las como oportunidades é a síntese da ação empreendedora, operacionalizada pelo aprendizado continuado. É razoável concluir que indivíduos comprometidos com inovação adquiram conhecimento e experiência no setor em que atuam e passam a ter mais chances de aproveitar oportunidades. “Uma descoberta básica na pesquisa sobre empreendedorismo é que quanto mais experiência as pessoas tiverem em um dado campo, maior a probabilidade de nele identificarem oportunidades.” [BARON, 2007]. Por outro lado, indivíduos que adquiriram conhecimento, mas perderam sensibilidade em relação a mudanças, estão em desvantagem competitiva. Kelley [2001] sugere cinco etapas para o processo de inovação: compreender o mercado, o cliente, a tecnologia e as limitações; observar pessoas em situações de vida real e descobrir o que modifica o Preparação Incubação Iluminação Verificação(Wallas) • Pessoal • Grupos • Ambientes de negócios comportamento; visualizar conceitos novos para o mundo e para os clientes; avaliar e aprimorar os protótipos em série de iterações sem se prender às primeiras ideias; e implementar o novo conceito de negócio. Compreender o mercado é acompanhar mudanças de comportamento do cliente e definir estratégias que garantam o posicionamento do empreendimento. Observar pessoas na vida real é conhecer motivos e emoções que determinam suas escolhas. Visualizar conceitos novos é olhar para o futuro e antecipar mudanças antes dos concorrentes. Avaliar e aprimorar os protótipos consiste em reavaliar e repensar as ideias, através de uma dinâmica inovadora, considerando que nenhuma ideia é tão boa que não possa ser aperfeiçoada. Finalmente, implementar o novo conceito parece ser a etapa mais difícil do processo de inovação, momento em que as incongruências do planejamento precisam ser ajustadas às evidências comprovadas. Todas essas sugestões não teriam eficácia em ambientes organizacionais desprovidos de uma política de gestão da criatividade – processo que pode ser operacionalizado a partir de um sistema de gestão do conhecimento – necessária para estimular a integração de pessoas criativas em trabalho colaborativo, com perspectivas de gerar ambientes de inovação e empreendimentos competitivos. A gestão da criatividade apresenta-se como REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CROCCO, M. A.; GALINARI, R.; SANTOS, F.; LEMOS, M. B.; SIMÕES, R. Metodologia de identificação de aglomerações produtivas locais. Nova Economia. Belo Horizonte. 16 (2) 211-241, 2006. DIRETÓRIO NACIONAL DOS GRUPOS DE PESQUISA/CNPq. Censo 2006. Disponível em: <http://dgp.cnpq.br/censos/>. Acesso em: 08 fev. 2008. FUNDAÇÃO BIOMINAS. “Estudo de Empresas de Biotecnologia do Brasil”. Belo Horizonte. Minas Gerais, 2007. I WORKSHOP. [2007] “Estratégias para uma Política de C, T & I: Um Novo Olhar para Pernambuco”. Disponível em: <www.sectma.pe.gov.br/seties/index.htm>. Acesso em: 08 fev. 2008. JUDICE, V. M. M.; COELHO BAÊTA, A. M. Modelo Empresarial, Gestão de Inovação e Investimentos de Venture Capital em Empresas de Biotecnologia no Brasil. RAC. 9 (1) 171-191, 2005. LEI No. 10.973, de 2 de dezembro de 2004. Dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científição e tecnológica no ambiente produtivo. E dá outras providências. LEI COMPLEMENTAR Nº. 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. E dá outra providências. LEI Nº. 11.105, de 24 de março de 2005. Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1o do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS. E dá outras providências. LEI No. 9.456, de 25 de abril de 1997. Institui a Lei de Proteção de Cultivares e dá outras providências. LEI Nº 9.279 de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial. MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.186-16, de 23 de agosto de 2001. Regulamenta o inciso II do § 1º e o § 4º do art. 225 da Constituição, os arts. 1º, 8º, alínea “j”, 10, alínea “c”, 15 e 16, alíneas 3 e 4 da Convenção sobre Diversidade Biológica, dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado, a repartição de benefícios e o acesso à tecnologia e a transferência de tecnologia para sua conservação e utilização, e dá outras providências. OECD. The knowledge based economy: a set of facts and diagrams. Apresentado em 1999 Ministerial meeting on science and technology policy. OECD, Paris, 1999. PEREIRA, L. B.; MUNIZ, R. M. “Obstáculos à Inovação: um estudo sobre a geração de spin-offs universitárias na realidade brasileira”. XXIV Simpósio de Gestão da Inovação Tecnológica. Gramado. Rio Grande do Sul, 2006. PLANO DE AÇÃO 2007-2010 CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO NACIONAL. Disponível em: <http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/66226.html>. Acesso em: 09 fev. 2008. PLATAFORMA LATTES DE CURRÍCULOS. Disponível em: <http://lattes.cnpq.br/>. Acesso em: 09 fev. 2008. TRIGUEIRO, M. G. S. O clone de Prometeu – Biotecnologia no Brasil: abordagem para avaliação. UnB. Brasília, 2002. 100 Menezes, R., Locus Científico, Vol.02, nº. 04 (2008) pp 96-102 locus cientifico v2 n4 laminas.pmd 100 Dos Santos, E.S.C e Andrade, P.P., Locus Científico, Vol 02, nº.04 (2008) pp 110-120 117 16/7/2009, 09:05 ARTIGO CIENTÍFICO USO INTENSIVO DE TECNOLOGIA (PIT) 6 - INSERÇÃO DA BIOTECNOLOGIA PERNAMBUCANA NO CENÁRIO NACIONAL Para que se possa mensurar a relevância da biotecnologia Pernambucana no cenário nacional, são comparados a seguir os dados do estudo da Fundação Biominas com o perfil das empresas Pernambucanas. Em linhas gerais, os dois estudos apresentam empresas que são, na maioria, micro ou pequenas. Seus faturamentos anuais não passam de 1 milhão, mantêm entre 5 a 20 funcionários, a atividade principal é de natureza industrial, os setores de saúde humana e animal, agricultura e insumos são destaques e bioenergia e meio ambiente aparecem em um segundo patamar. No âmbito da pesquisa quantitativa, também as semelhanças são bem visíveis. Dentro dos aspectos técnicos as empresa demonstram grande dificuldade na aquisição de máquinas e equipamentos e agregação de mão-de-obra especializada. E nos aspectos Administrativos e de negócios a falta de conhecimento em administração e gerência (know-how comercial) e a baixa oferta de créditos acessíveis são constantes. Entretanto, quando considerados os 235 grupos de pesquisa nas áreas das ciências biológicas e de saúde existentes em Pernambuco, o Estado com 10 empresas em biotecnologia demonstra um alto grau de iniciativas empreendedoras no setor, principalmente quando comparado com Estados como São Paulo com 30 empresas e 2049 grupos de pesquisa e Minas Gerais com 21 empresas e 533 grupos (Figura 7)1*. Mais surpreendente é saber que em Pernambuco não existe nenhuma estrutura de clusters ou similar na área, diferentemente dos Estados acima citados. As empresas pernambucanas estão sós e suas iniciativas são independentes. Figura 7: Empresas de biotecnologia criadas em cada 100 grupos de pesquisa na área das ciências biológicas e de saúde. Pernambuco tem 235 grupos cadastrados (Diretório, 2006), São Paulo e Minas apresentam 2049 e 533 grupos, respectivamente. 7 - CONCLUSÂO Quando se olha para Pernambuco, com 4,6% da população do País e só representando 2,8% do PIB em uma participação declinante, percebe-se claramente que o Estado tem que buscar novas fontes de riquezas para alavancar seu desenvolvimento e reconquistar posições outrora perdidas. Considerando a relevância da agroindústria Pernambucana, a força da pecuária, a existência de um pólo médico importante, o apelo social quanto da preservação do meio ambiente e uma eventual mudança na matriz energética, a Biotecnologia se apresenta como uma opção. A construção de ambientes adequados a empreendimentos desta ordem potencializa seu grau de sucesso. O governo, em suas três esferas, possui ferramentas apropriadas para contribuir de forma decisiva neste caminho. Encomendas tecnológicas, compras governamentais, linha de crédito especiais e muitas outras iniciativas são comuns em países desenvolvidos e foi o caminho seguido pelos atuais novos emergentes como Coréia, China e Taiwan. Em todo o país iniciativas empresariais ligadas a universidades surgem de forma acelerada. As universidades brasileiras são o centro gerador do conhecimento e dentro de uma nova perspectiva social, responsáveis pela sua difusão e emprego. Teóricos modernos apontam para a academia adquirindo um papel de liderança empreendedora em inovações tecnológicas. Expostas a um mundo de incerteza, as empresas em seus primeiros anos sofrem para estabelecer uma imagem e buscar credibilidade junto a clientes e fornecedores. Têm que enfrentar atrasos e transtornos para obtenção de licenças e certificações e ao mesmo tempo investir muito na espera por longos ciclos de maturação de seus produtos. No atual contexto, governo, universidades e empresas devem atuar como parceiros em um ciclo virtuoso voltado para geração de inovação, que transbordará para a sociedade na forma de novos produtos e serviços, na criação de mais empregos e renda e no desenvolvimento com sustentabilidade. Em nenhum momento o presente estudo teve como objetivo esgotar o tema. Os autores julgam que, a partir da divulgação deste, novos estudos deverão surgir, com maior profundidade e especificidade, apresentando de forma mais clara o cenário a que estão expostas as empresas de biotecnologia do Estado de Pernambuco. * Cabe ressaltar que os números referentes a São Paulo e Minas podem não representar todo o universo (Estudo das Empresas de Biotecnologia Fundação Biominas, 2007). uma estrutura essencial para que os seguintes objetivos sejam alcançados: estímulo à criatividade individual e coletiva; desenvolvimento e compartilhamento do conhecimento; criação de um ambiente de motivação e satisfação; estímulo ao comportamento colaborativo; engajamento em projetos de inovação; reconhecimento dos esforços individuais e coletivos; premiação dos resultados; e construção da cultura da criatividade na organização. 6. CONCLUSÃO A cultura da criatividade é o resultado de dois processos básicos que fazem funcionar as estruturas organizacionais. O primeiro está relacionado à dimensão interacional da organização e refere-se ao comportamento dos indivíduos, suas ações e conseqüências como tomadores ou utilizadores de decisões. Importantes aspectos das relações sociais como a cooperação, competição, antagonismos, dominação, conflitos, liderança, por exemplo, fazem parte desse processo. O segundo está relacionado à dimensão intermental ou intersubjetiva e refere-se à imaterialidade das crenças, atitudes, símbolos ou normas, que representam os valores proclamados pela organização e internalizados nos indivíduos que dela fazem parte. Desta forma, a cultura da criatividade como subcultura da organização, se desenvolve de uma forma reflexiva, com mais facilidade em organizações que aprendem e permitem mudanças de mentalidade. Há neste processo de formação da cultura da criatividade forte influência da sociedade globalizada, cosmopolita, que pelo seu caráter pós-tradicional permite novas formas de diálogo, o que resulta em espaço aberto para mudanças. Em algumas situações os processos criativos estão integrados em culturas organizacionais que ultrapassam fronteiras culturais nacionais, formando ilhas de comportamento diferenciado, a exemplo de empresas transnacionais focadas em tecnologias intensivas, produtividade e eficácia gerencial. Chesbrough (2003), pesquisador sobre práticas de inovação em grandes empresas, sugere um novo paradigma de inovação para o século XXI – o modelo Open Innovation – baseado na liberdade de colaboração entre empresas diferentes, de modo a aproveitar iniciativas criativas em diferentes estágios, transferindo-se experiências através de uma rede empresarial de relacionamentos. Com este modelo empresas podem comercializar suas próprias inovações tecnológicas através de licenciamento ou utilizar inovações geradas por outras empresas. O modelo Open Innovation constitui, portanto, uma solução gerencial de grande estímulo ao desenvolvimento e valorização da criatividade. Não obstante a grande importância dos aspectos estruturais, como a gestão da criatividade e programas organizacionais de apoio à criatividade, a principal fonte de inspiração e ideias está no indivíduo perceptivo, protagonista dos processos cognitivos que levam a descobertas inovadoras. Os processos cognitivos são sensores que captam e interpretam a informação sobre a realidade e contribuem para a construção 116 Dos Santos, E.S.C e Andrade, P.P., Locus Científico, Vol 02, nº.04 (2008) pp 110-120 locus cientifico v2 n4 laminas.pmd 101 da base de conhecimento pessoal necessária para identificação de oportunidades. As impressões nascem da experiência e da observação, permitem reflexões e conduzem o pensamento no processo de elaboração de ideias. Todos os negócios existentes foram, em algum momento, ideias preliminares elaboradas a partir de impressões pessoais. Todos os produtos foram pensados, projetados e desenvolvidos – evolução de uma realidade mental para a uma realidade material – e depois produzidos e comercializados no mercado. Pesquisas revelam que a experiência pessoal é essencial para a identificação de oportunidades, o que torna a memória o aspecto principal do sistema cognitivo pela sua função de armazenamento da informação. Desta forma a criatividade depende do conhecimento vivenciado ou adquirido. Parte do que é chamado de intuição é na verdade a iluminação – a terceira fase do modelo de Wallas, demonstrado na Figura 2, já vista anteriormente – o despertar da consciência para ideias incubadas no inconsciente, o ininterrupto trabalho da mente em elaborar novas ideias a partir de ideias já conhecidas. E todo esse processo é pessoal e subjetivo. Desta forma, o modo particular de observação do indivíduo é único, quase intransferível. Inevitavelmente existe uma convergência entre oportunidades e indivíduos empreendedores – indivíduos específicos que têm capacidade de resposta para as oportunidades porque têm conhecimento e estão preparados e capacitados. Portanto, compreender os fundamentos cognitivos do processo de identificação de oportunidades significa compreender a criatividade e os mecanismos de reconhecimento de oportunidades, duas questões primordiais da atividade empreendedora. Embora os fundamentos cognitivos estejam relacionados ao indivíduo como sujeito da criatividade, a experiência tem demonstrado que o processo criativo pode ser ampliado consideravelmente a partir do conceito de criatividade coletiva, estudado por De Masi [2003] em retrospectiva histórica desde o Renascimento até nossos dias. Segundo o autor, os indivíduos apresentam grande capacidade de criação em grupo, o que torna possível a ponte entre a imaginação e a concretude – o encontro de indivíduos mais imaginativos com indivíduos mais racionais com os mesmos objetivos, o que torna mais ágil o processo criativo, que é, ao mesmo tempo, racional e emocional, de acordo com Arieti [1976] e demonstrado na Figura 1, já vista anteriormente. É atribuição da gestão da criatividade promover a dinâmica desse processo nas organizações, mobilizando os indivíduos a dar o melhor de si em clima de colaboração interna e competição externa, percebendo a concorrência como um desafio, ao mesmo tempo, identificar os fatores que inibem a capacidade criativa dos indivíduos, os chamados bloqueios psicológicos – hábitos mentais, medo de errar, medo da crítica, insegurança – os bloqueios socioeducativos – dependência de outras opiniões – e os bloqueios grupais – práticas da desqualificação do outro e questões de relacionamentos. Finalizando o artigo, é interessante relembrar o Menezes, R., Locus Científico, Vol.02, nº. 04 (2008) pp 96-102 101 16/7/2009, 09:05 ARTIGO CIENTÍFICO CULTURA DO EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO (CEI) que foi dito por Mirshawka [2003], já citado anteriormente, “só a criatividade poderá fazer a diferença” neste mun- do globalizado, onde tecnologias, produtos e serviços têm a mesma semelhança. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALENCAR, Eunice Soriano. O Processo da Criatividade – Produção de Ideias e Técnicas Criativas. São Paulo: MAKRON Books, 2000. ARIETI, Silvano. Creativity – The Magic Synthesis. New York: Basic Books, 1976. BARON, Robert A; SHANE, Scott A. Empreendedorismo – Uma Visão do Processo. São Paulo: Thomson Learning, 2007. BARRETO, Roberto Menna. Criatividade no Trabalho e na Vida. São Paulo: Summus, 1997. CHESBROUGH, Henry. The New Imperative for Creating and Profiting from Technology. Boston: HBS Press, 2003. DE MASI, Domenico. Criatividade e Grupos Criativos. Rio de Janeiro: Sextante, 2003 DRUCKER, Peter F. Inovação e Espírito Empreendedor – Práticas e Princípios. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. ELIAS, Norbert. A Sociedade dos Indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994. GIDDENS, Anthony. As Conseqüências da Modernidade. São Paulo: Ed. UNESP, 1991. HUME, David. Investigação Acerca do Entendimento Humano. in Hume – Vida e Obra. 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Apesar de 87% dos empresários declararem que suas empresas têm potencial exportador, 50% deles também declaram que é altíssima a dificuldade em certificar seus produtos. Sem certificação é impossível a qualquer produto entrar hoje em mercados como Estados Unidos, Comunidade Européia, China, Japão e Sudeste Asiático. Ainda analisando o potencial exportador, observa-se, no que tange a proteção intelectual, que as empresas pernambucanas parecem bem, uma vez que 62% (5/8) declararam já ter depositado patentes e marcas que protegem seus interesses, pelo menos no Brasil. Outro ponto importante é o fato do empresariado parecer não ter grandes dificuldades em obter informações sobre gestão em propriedade intelectual. É preciso, porém, considerar que depósitos de patente apenas no Brasil não garantem proteção no exterior. É certo, contudo, que o primeiro passo já foi dado. No que tange ao acesso a linhas de crédito subsidiadas (FINEP, BNB, BNDES, etc.), 87,5% das empresas apontaram como alta ou, na maioria, altíssima a dificuldade de obtenção deste tipo de financiamento. Em que pese o perfil dos empresários, é notável a baixa utilização de linhas de crédito subsidiadas ou mesmo de recursos a fundo perdido (subvenção) nestas empresas. É verdade que as linhas de subvenção são recentes e as chamadas, via editais, escassas. Entretanto, opções como o programa RHAE/CNPq também aportam dinheiro nas empresas a fundo perdido e mesmo assim parecem não atrair os empresários. Contudo, uma análise mais pormenorizada pudesse talvez indicar uma baixa capacidade destes empresários em redigir projetos com uma ênfase maior no empreendimento do que na ciência. Mas é preciso lembrar que garantias e exigências burocráticas também inibem o empreendedor. Outro desdobramento está ligado à dificuldade declarada na aquisição de máquinas e equipamentos e contratação de mão-de-obra especializada. Não podendo contar com o financiamento ou bolsa, o empresariado só tem como opção o recurso próprio, tendo em vista que 100% das empresas declararam que estão atualmente desenvolvendo novos produtos e serviços e que apenas uma declarou que tem financiamento para tanto. Então, a maioria dos projetos está sendo financiada mais uma vez por recursos próprios. Considerando ainda que as empresa são micro e pequenas, seus recursos são escassos, o que redunda em lentidão no desenvolvimento. Interação com potenciais parceiros de negócios e informações sobre dispositivos de isenção fiscal foram parâmetros que apresentaram um comportamento muito parecido. Em ambos o nível de dificuldade demonstrada variou entre baixo e alto. A diferença foi que em relação a potenciais parceiros de negócios a moda mostrou-se de moderada a baixa, enquanto que para informações sobre dispositivos de isenção fiscal a moda foi de moderada a alta. Estes parâmetros demonstram duas posições pouco definidas dos empresários. De um lado, eles consideram de grande importância o conhecimento de mecanismos de isenção fiscal. Entretanto, não são capazes de reconhecer nestes mecanismos uma forma de incremento no faturamento de suas empresas. A administração e gerenciamento da empresa é sentida pela maioria dos empresários (75%) como um parâmetro de moderada dificuldade; os outros 25% classificam como alta. Os empresários da Biotecnologia pernambucana reconhecem a importância de uma administração profissional. Entretanto, não refletem este pensamento em atos porque apenas uma empresa declarou ter um profissional devidamente habilitado na direção do negócio. Mais uma vez, deve ser levado em consideração o porte das empresas e a já mencionada dificuldade na seleção e contratação de mão-de-obra especializada. Figura 6: Análise de grau de dificuldade em 8 aspectos administrativos e de negócios da rotina das empresas de biotecnologia Pernambucanas. 102 Menezes, R., Locus Científico, Vol.02, nº. 04 (2008) pp 96-102 locus cientifico v2 n4 laminas.pmd 102 Dos Santos, E.S.C e Andrade, P.P., Locus Científico, Vol 02, nº.04 (2008) pp 110-120 115 16/7/2009, 09:05 ARTIGO CIENTÍFICO ARTIGO DE OPINIÃO USO INTENSIVO DE TECNOLOGIA (PIT) CULTURA DO EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO (CEI) LOCUS CIENTÍFICO ISSN -1981-6790 - versão impressa O acesso a novas tecnologias e contratação de mão-deobra especializada é considerado pela a maioria das empresas (75%) como uma variável de moderada a altíssima dificuldade. O acesso a informações técnicas de pesquisas recentes não é problema para a maioria das empresas. Oitenta e sete por cento delas classificou-a com de baixa ou baixíssima dificuldade. Um número elevado de empresas (86%) considera de moderada a baixíssima alguma barreira que impeça a interação com universidades e centros de pesquisas. Analisando os três itens anteriores, vê-se que apesar de um bom trânsito entre as universidades e centros de pesquisas, os empresários pernambucanos não estão conseguindo traduzir isto em facilidades para busca de mão-de-obra especializada. Quanto ao acesso a informações e gestão da propriedade intelectual, as empresa se distribuem de forma homogênea ao longo da pesquisa. O nível de dificuldade vai de baixíssima a altíssima sem uma moda determinada. Quando, entretanto, se analisa esta distribuição versus as empresas que declararam possuir depósitos de marcar ou patentes (62%), observamos que o grau de dificuldade varia de moderado a altíssimo para estas mesmas empresas (62,5%). Ou seja, só vê a dificuldade quem já buscou redigir um relatório de patente e iniciou o processo. b) Aspectos Administrativos e de negócios Cinqüenta por cento das empresas consideram como baixa a dificuldade de acesso a novos mercados. Os outros 50% registraram como moderada a alta (Figura 6). A facilidade declarada em atingir novos mercados se reflete na tendência de crescimento do setor. Também se expressa nos investimentos em novos produtos, no emprego de Biotecnologia de ponta e no potencial exportador. O acesso às compras governamentais é considerado um grande problema para a maioria das empresas (87,5% - 7/8). O grau de dificuldade varia de moderado a altíssimo com uma tendência maior para altíssimo (37,5%). A pouca penetração das empresa no mercado governamental do Estado é um dos obstáculos ao crescimento do setor. Analisando os vários produtos e serviços das empresas, observa-se que todos são direta ou indiretamente empregados pelo governo ou órgãos do mesmo em suas ações e rotinas. Entretanto, o alto nível de dificuldade expresso pelos empresários em vender para o governo demonstra que provavelmente o problema esteja na falta de informação associada à não-implementação de uma política pública já existente para a questão. A obtenção de registros e licenças (MAPA, ANVISA, IBAMA, etc..) foi considerada como de moderada a altíssima dificuldade pela grande maioria dos empresários (87,5%). A Figura 5: Análise de grau de dificuldade em 8 aspectos técnicos da rotina das empresas de biotecnologia Pernambucanas. maior parte destes considerou o parâmetro como de alta dificuldade (50%). O acesso a certificações (ISO, BPF, etc.) teve um comportamento geral muito próximo do item anterior. Entretanto, quando analisada a moda observamos que a maioria considera o nível de dificuldade como altíssimo (50%). O setor de biotecnologia é sem dúvida um dos mais normatizados e regulamentados. Registros e licenças são obrigatórios a todas as empresas, antecedendo muitas vezes ao início da produção e a comercialização de qualquer produto. O alto grau de dificuldade apresentado pelos empresários em atender tais normas reflete-se diretamente nos longos períodos de incu- bação e no alto custo dos empreendimentos. O excesso de burocracia associado a exigências legais, muitas vezes impossíveis de serem atendidas por micro empresas incubadas, inviabiliza negócios promissores. O longo tempo necessário ao cumprimento de tais normas encarece o investimento exigindo alto capital de giro e potencializa o risco. As certificações são hoje uma rotina principalmente em Biotecnologia voltada para saúde humana ou animal. Conforme normas já estabelecidas tanto pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) como pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), é exigido que indústrias apresentem certificação de Boas Práticas de Fabri- Design para quem usa Design Design for who use Design Ligia Aparecida Inhan Matos Curso de Tecnólogo em Design Gráfico Faculdade Estácio de Sá de Juiz de Fora – MG R. Tom Fagundes, 93/102 – Cascatinha - Juiz de Fora - MG E-mail: [email protected] Artigo submetido em 13 de agosto de 2008, recebido na forma corrigida e aceito em 30 de outubro de 2008. RESUMO ABSTRACT A própria definição do design implica em desenhar The definition of the design teases in drawing products mercadorias pensando no ser humano. Entretanto, têm-se thinking about the human being. Meantime, it have been percebido que o designer vem enfatizando o desenvolvimen- realized that the designer is emphasizing the development to de produtos voltados para a classe alta, esquecendo-se of products turned to the upper class, forgetting the lower das classes mais baixas. Nos lares das famílias abastadas, classes. At homes of the wealthy families, when it refers to quando se refere aos utensílios e eletrodomésticos de cozi- utensils and household appliances of kitchen, the one who nha, quem os usa, de fato, são as empregadas, faxineiras e uses them, in fact, it is the employees, cleaners and nannies babás que não sabem como conservá-los, ou porque igno- who cannot know how to preserve them, or because they ram suas instruções, ou porque utilizam força excessiva para ignore its instructions, or because they use excessive strength limpá-los, manchando ou quebrando-os. Paralelo a esse fato, to clean them, staining or breaking them. Parallel to this o descarte desses artefatos provenientes das classes mais fact, discards of products originating from the upper clas- altas, invariavelmente chegam às classes pobres. Deprecia- ses invariably reaches the lower classes. These dos, os objetos, que não foram projetados para essa popu- devalued objects, which were not projected for this popu- lação, geram uma alta quantidade de lixo ao derredor das lation, produce a high quantity of garbage to around of the moradias dessas populações provocando um impacto am- dwellings of these populations provoking an environmen- biental negativo. O designer pode, no entanto, resolver es- tal negative impact. The designer can resolve, however, the- sas questões, ao elaborar produtos com novos materiais que se questions, while preparing products with new materials pensem nessas necessidades. Ao inovar, pode se apoiar nas that considers these necessities. While innovating, he can incubadoras de design que estão se proliferando no Brasil, be helped by business design incubators. These possibilitando ao designer ter todo o apoio para desenvol- incubators are proliferating at Brazil, making possible a ver seu projeto de acordo com suas próprias necessidades designer to have all support in developing his project accor- de retorno financeiro e de ideal. ding to his goals of financial return and ideal. PALAVRAS-CHAVE: • • • inovação de materiais classes sociais incubadoras de design. 114 Dos Santos, E.S.C e Andrade, P.P., Locus Científico, Vol 02, nº.04 (2008) pp 110-120 locus cientifico v2 n4 laminas.pmd 103 ISSN -1981-6804 - versão digital KEYWORDS: • • • materials innovation socials classes design businesses incubator Inhan, L., Locus Científico, Vol 02, nº.04 (2008) pp 103-109 16/7/2009, 09:05 103 ARTIGO DE OPINIÃO CULTURA DO EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO (CEI) INTRODUÇÃO “Porque todos os homens não são igualmente ricos? Por uma razão muito simples: é que não são igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar.” (Allan Kardec, séc. XIX) Segundo Löbach [2001] design pode ser definido como o ato de gerar uma ideia, um projeto ou um plano para a solução de um problema determinado, corporificando-os em objetos bi ou tridimensionais passíveis de produção em série. Com o desenvolvimento das indústrias, associado ao aumento das necessidades físicas, emocionais e psicológicas, bem como ao natural aumento da população, ampliaram-se a diversidade dos produtos [PUERTO, 1999]. A partir das últimas décadas, surgiram os produtos que empregam alta tecnologia e eles têm sido o foco de muitos designers [BONSIEPE, 2005]. No entanto, esse tipo de produto parece estar sendo exageradamente valorizado pelos profissionais do desenho industrial, pelo fato de que projetar essas mercadorias excita tanto a vaidade quanto aumenta de forma exponencial o retorno financeiro. Mais e mais design tem se afastado da ideia da resolução inteligente de um problema (James Dyson) aproximando-o do efêmero, do modismo e do rapidamente obsoleto, para a interpretação do estéticoformal, para a “botiquização” de um universo de produtos da vida diária. Por essa razão o design hoje é frequentemente identificado como caro, refinado, particularmente não prático, engraçado e formalmente levado a objetos coloridos. A hipertrofia dos aspectos da moda é acompanhada e aumentada pela mídia com seu apetite voraz por novidades. O design tem tornado-se então um evento de mídia – e nós temos um considerável número de publicações que serve como caixas ressonantes deste processo [BONSIEPE, 2005, pg. 2]. Esse modelo acentua a percepção de que a atividade é voltada para um público de classe alta, e conseqüentemente, não tem interesse, nem tempo, para desenvolver projetos para as demais faixas de renda, principalmente as classes mais baixas. No entanto, existe um mercado. Conforme Sen [2000] revela, a insatisfação no vestir-se ou morar de modo apropriado, indicam que essas pessoas têm necessidades de objetos de uso produzidos para elas. Um dos principais problemas das pessoas desfavorecidas socialmente se apresenta pela falta de liberdade de escolha. As mulheres de baixa renda, chefes de família, tentam preservar certa “ordem e funcionalidade” na sua cozinha, no entanto, percebem-se objetos retorcidos pelo uso e pela força excessiva empregada para limpá-los. Muitas dessas mulheres trabalham em casas “de família” como faxineiras, empregadas domésticas ou babás onde encontram utensílios e eletrodomésticos parecidos com os que existem em suas casas, com poucas variações no design. Quase todos esses objetos de uso têm o mesmo material e acabamento, apresentando-se frágeis e rapidamente se deterioram pela força muscular empregada por essas trabalhadoras para conservá-los. Isso demonstra que o design não está sendo feito para quem usa e mantém o bem, mas para quem o vê e aprecia. Por outro lado, quando as camadas sociais mais altas trocam seus móveis e eletrodomésticos, invariavelmente os doam para instituições de caridade ou encaminham para suas próprias serviçais. Em ambos os casos, o bem, que já está deteriorado e não foi pensado para aquela população, torna-se mais um objeto de lixo a ser agregado nos locais onde mora, gerando um impacto ambiental negativo nesses locais. O designer, com conhecimento sobre o desenho do produto, pode interferir nesse consumismo ao elaborar projetos que aumentem o seu ciclo de vida, contribuindo para diminuir o impacto ambiental. Para isso, o designer não necessita estar vinculado a uma empresa de grande porte. Ele mesmo pode deter todo o mecanismo de produção a partir da ajuda das incubadoras e órgãos de fomento. As incubadoras de design abrigam as empresas especificamente desta área e que apresentem propostas inovadoras, abrindo um caminho seguro para que o designer possa empreender na busca de novos materiais, processos ou criando algo totalmente novo. Este artigo apresenta inicialmente um panorama sobre a pobreza no Brasil e como o designer, atuando neste contexto com apoio da incubadora de design, pode atingir um mercado muito amplo que não está sendo suprido pelo design, contribuindo de forma eficaz no atendimento às necessidades das classes sociais mais baixas. OS “SEM-OBJETOS DE LUXO”, MAS “COM-OBJETOS DE LIXO” A pobreza, segundo Sen [2000], economista indiano, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1998, envolve uma complexidade de características e circunstâncias pessoais muito além do alcance de números e dados estatísticos sobre determinadas classes sociais, não sendo possível separá-las em níveis rígidos. Ser pobre envolve fatores sociais, geográficos e biológicos que alteram de modo significativo no rendimento de cada indivíduo. Além disso, a falta de elementos básicos como a instrução, acesso a terra, a saúde e a longevidade, a justiça, o apoio familiar e comunitário, o crédito e outros recursos produtivos e de voz ativa nas instituições e oferta oportunidades, diminuem substancialmente os meios de atender as necessidades básicas de consumo pelo indivíduo. A despeito de aumentos sem precedentes na opulência global, o mundo atual nega liberdades ele- Figura 2: Porte das empresas com base no faturamento anual. número de funcionários, observa-se que a maioria das empresas (62% - 5/8) tem entre 5 e 10 funcionários, incluindo os sócios. Nenhuma empresa declarou ter mais de 25 funcionários. Dentre as 8 empresas pesquisadas, 6 são indústrias e 2 são prestadoras de serviços. Quanto ao setor de atividade, saúde animal é o predominante (24%), seguido por saúde humana, agricultura, insumos e bioenergia (17%) e meio ambiente com 8%. Duas empresas se declararam como atuantes em mais de um setor. O grau de inovação tecnológica, bem como a inserção da empresa no mercado, foi medido através do número de depósitos de patentes e marcas. Em ambos foi considerado o depósito em nome da empresa ou de seus representantes. Nos dois casos 62% (5/8) das empresas informaram ter depósitos de marcas e patentes. Em nenhum dos casos foi ainda concedida carta patente ou o registro definitivo da marca. Para as questões acima foi considerado apenas o depósito nacional. Somente uma empresa declarou ter mais de um pedido de patente depositado. b) A Tecnologia Todas as empresas declaram que estão atualmente com novos produtos e serviços, baseados em tecnologia de ponta, em fase de desenvolvimento. Entretanto, apesar da forte vertente tecnológica, apenas 38% (3/8) declararam já ter utilizado financiamentos para pesquisa através de órgãos governamentais, tais como: FACEPE, FINEP, CNPq, etc. E destas, apenas uma declarou ter atualmente projeto sendo financiado por órgãos de fomento oficial. Quando analisada a base tecnológica de cada empresa, 25% declararam empregar Biotecnologia moderna (ex.: DNA recombinante, PCR, anticorpos monoclonais, transgênicos, etc.) como técnicas corriqueiras em suas linhas de produção ou serviços. Outros 25% empregam apenas Biotecnologia clássica (ex.: processos fermentativos, melhoramento clássico, etc.) e os restantes 50% empregam as duas formas. c) O negócio Oitenta e sete por cento das empresas (7/8) vendem para fora do Estado de Pernambuco. A única empresa que ainda não comercializa seus produtos para fora do Estado é a mesma que declarou ainda não está faturando. Todas as regiões do País são atendidas pelas empresas pernambucanas. Com predomínio para região Sudeste (30%), seguida pela região Centro-Oeste (25%) e as demais regiões: Sul, Nordeste e Norte com 15% cada uma (Figura 3). 104 Inhan, L., Locus Científico, Vol 02, nº.04 (2008) pp 103-109 locus cientifico v2 n4 laminas.pmd 104 Figura 3: Regiões do país atendidas pelas empresas pernambucanas. Os percentuais são referentes ao total para o Brasil. Quando analisado o porte da concorrência, 58% dos concorrentes são empresas de grande e médio porte e 35% são de micro e pequenas empresas. Uma das empresas pesquisadas declarou não ter concorrência em sua área de atuação (Figura 4). Figura 4: Porte das empresas concorrentes. Apenas uma empresa declarou ter administração profissional, feita por profissional devidamente habilitado em administração de empresas ou similar. Quando analisado o potencial exportador, 87% (7/8) das empresas acreditam que podem exportar. Entretanto, apenas 1 empresa declarou que já exporta. 5.3 - Análise Qualitativa Tendo como espelho a pesquisa realizada pela Biominas, foi sondado o grau de dificuldades das empresas Pernambucanas em vários aspectos da rotina de seus negócios. A análise foi dividida em dois aspectos, a saber: Aspectos Técnicos e Aspectos Administrativos e de Negócios. As perguntas foram respondidas com base em uma tabela de gradação com valores crescentes entre 1 e 5, onde 1 era baixíssimo e 5 altíssimo. a) Aspectos Técnicos Dentre os parâmetros técnicos, o primeiro a ser analisado foi a aquisição de máquinas e equipamentos, apresentando dificuldade de alta a altíssima em 37,5% das empresas e moderada em 50% delas. Já a aquisição de matériaprima e insumos teve um comportamento homogêneo se distribuído entre os vários níveis (Figura 5). Os setores emergentes (Meio Ambiente, Bioenergia e Insumos) são os mais prejudicados com a dificuldade na aquisição de máquinas e equipamentos, matéria-prima e insumos. Este obstáculo a mais reflete o pioneirismo destes setores, que ainda estão buscando solidez. Dos Santos, E.S.C e Andrade, P.P., Locus Científico, Vol 02, nº.04 (2008) pp 110-120 113 16/7/2009, 09:05 ARTIGO CIENTÍFICO USO INTENSIVO DE TECNOLOGIA (PIT) 4 - MATERIAL E MÉTODOS 4.1 - Definição de critérios de inclusão Para nortear o presente trabalho tomou-se como definição de empresas de biotecnologia a mesma utilizada pela Fundação Biominas em seu estudo mais recente – Estudo de Empresas de Biotecnologia do Brasil 2007, p15: “Uma empresa de biotecnologia é aquela que tem como atividade comercial principal a aplicação tecnológica que utilize organismos vivos, sistemas ou processos biológicos, na pesquisa e desenvolvimento, na manufatura ou na provisão de serviços especializados”. As empresas foram identificadas através de conhecimentos pessoais e indicações de outros empresários do ramo. Para o presente estudo só foram consideradas as empresas privadas genuinamente pernambucanas. Não foram consideradas empresas estatais como o IPA (Instituto Agronômico de Pernambuco) e a Fundação HEMOPE. 4.2 - Metodologia de coleta de informações e análise A coleta de informações foi feita através de um questionário (anexo I) respondido diretamente pelos dirigentes das empresas e formulado com base em outros questionários do gênero como, por exemplo, o questionário qualitativo empregado na pesquisa da Fundação Biominas, 2007. As respostas foram analisadas através de tabelas e gráficos confeccionados em Microsoft® Excel 2003. mentares a um grande número de pessoas – talvez até mesmo à maioria. Às vezes a ausência de liberdades substantivas relaciona-se diretamente com a pobreza econômica, que rouba das pessoas a liberdade de saciar a fome, de obter uma nutrição satisfatória ou remédios para doenças tratáveis, a oportunidade de vestir-se ou morar de modo apropriado1, de ter acesso à água tratada ou saneamento básico [SEN, 2000]. sadas. Dos 8 pesquisados 7 tem currículos na base. Todos são mestres ou doutores em várias especialidades das ciências biomédicas ou biológicas. Seis já coordenaram projetos de pesquisa e são docente ou ex-docente de alguma universidade. Todos possuem várias publicações técnicocientíficas, orientações em vários níveis e de moderada a grande experiência na área de pesquisa dentro e fora do país. Entretanto, apenas um possui em seu currículo alguma menção a cursos na área de administração de empresas ou similares. 5.2 - Análise Quantitativa a) As empresas A distribuição das empresa sob o território do Estado é muito desigual. Como não poderia deixar de ser, Recife tem a maior concentração de empresas (8), das quais 6 foram pesquisadas. Ao norte do Estado, no município de Goiana, há uma empresa e outra localizada na região do Agreste, no município de Caruaru. Das empresas localizadas em Recife, todas estão dentro de incubadoras. O perfil apresentado acima parece corresponder ao que, costumeiramente, chama-se de classes D e E brasileiras. Tais fatores interferem de forma significativa na maneira de como as pessoas sem esses elementos básicos lidam com os bens produzidos. Mas como perceber as necessidades das camadas sociais carentes? Uma alternativa seria uma pesquisa ampla a fim de avaliar como essas pessoas interagem com os objetos de uso. No entanto, uma simples visita exploratória a tais ambientes pode desencadear inúmeras hipóteses. No Brasil, as mulheres das classes sociais mais baixas são, na maioria das vezes, a chefe da casa, segundo Cardoso [2008]. Elas tentam manter certa “ordem” e “funcionalidade” nos objetos do seu lar. De forma geral, a cozinha é o primeiro ambiente que se observa ao se adentrar em suas casas, onde as panelas, os talheres e os armários estão deformados devido ao tempo de uso, invariavelmente esses objetos são de segunda ou terceira mão e também à forma como são manejados e conservados. 5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO Dez empresas foram identificadas no Estado. Porém, duas não responderam ao questionário, ficando fora da pesquisa (Tabela 1). Número Nome Localização Situação quanto à pesquisa Recife – POSITIVA1 sim 01 Biogene 02 Biovetech Recife – POSITIVA sim 03 Genetech Recife – POSITIVA sim 04 TargetDNA Recife – POSITIVA sim 05 TissueBond Recife – POSITIVA sim 06 BioLogicus Recife – INCUBATEP2 sim 07 Biolab Goiana sim 08 Bioenzimas Caruaru sim 09 InsideDNA Recife – NECTAR3 não 10 Bioticom Recife - NECTAR não Tabela 1: Relação das empresas de biotecnologia do Estado de Pernambuco e situação quanto à pesquisa. 1 Incubadora de empresas da Universidade Federal de Pernambuco. 2 Incubadora de empresas do Instituto Tecnológico de Pernambuco. 3 Incubadora de empresas privada. 5.1 - O perfil dos empresários Para uma análise mínima do perfil dos empresários foi feita uma busca na base Lattes através do nome dos mencionados responsáveis de cada uma das empresa pesqui- Figura 1: Distribuição das empresas de biotecnologia em Pernambuco. Estão representados apenas os municípios do Litoral, Zona da Mata e Agreste. A barra horizontal indica a escala. Quanto à idade, as empresas dividem-se em três grupos distintos: Três empresas têm até 2 anos de fundação, duas estão entre 3 a 5 anos e as três últimas chegam a 10 anos. A grande maioria (7/8) é vinculada a programas de incubação. A análise do porte, tendo como base o faturamento, apresenta perfis de micro e pequenas empresas, com faturamento médio anual próximo dos R$ 500 mil reais. Metade das empresas (4/8) fatura entre R$ 1 e 240 mil reais ano. Estas empresas estão entre as empresas mais jovens pesquisadas. Apenas uma empresa declarou que ainda não está faturando (Figura 2). Quando o porte da empresa é analisado com base no Figura 1 – As panelas brilham. “Ordem e funcionalidade” na casa de S.T. moradora do bairro Olavo Costa, Juiz de Fora – MG. Figura 2 – Esses talheres podem ser encontrados em redes de supermercados, geralmente, utilizados para churrascos de fins de semana nas residências de classe média. Cabos de talheres deformados e partidos, panelas amassadas e com as alças quebradas. Casa de S.T. moradora do bairro Olavo Costa, Juiz de Fora – MG. 1 Grifos da autora 112 Dos Santos, E.S.C e Andrade, P.P., Locus Científico, Vol 02, nº.04 (2008) pp 110-120 locus cientifico v2 n4 laminas.pmd 105 Inhan, L., Locus Científico, Vol 02, nº.04 (2008) pp 103-109 105 16/7/2009, 09:05 ARTIGO CIENTÍFICO CULTURA DO EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO (CEI) Segundo Mestriner [2002], elas prezam a limpeza como ponto de honra, dentro dos próprios lares e na vida profissional. Dados do IBGE [2005], indicam mais de 6,2 milhões de mulheres exercendo trabalhos domésticos, como empregada doméstica, faxineira, babá, entre outras, e muitas vezes, servindo a mais de uma residência [IBGE, 2007] e esse tipo de serviço dota a trabalhadora de musculatura desenvolvida, principalmente dos membros superiores. Assim, o emprego de força excessiva no uso e manutenção dos produtos em geral leva a sua rápida deterioração. Outro fator que contribui para essa conseqüência é a falta de compreensão das instruções de conservação e manuseio. Segundo Frisoni e Borges [2006], os produtos desenhados nas instruções de uso e conservação levam em consideração o conhecimento prévio da existência desses produtos pelo usuário, embora na realidade, o usuário possa não possuí-los. O fogão e a geladeira, por exemplo, são fabricados com os mesmos materiais para todos os modelos e vendidos para quase todas as classes sociais. Logo, em pouco tempo estão riscados, manchados ou quebrados. Esses danos podem ser explicados porque o tipo de material desses bens não se adequa ao sujeito que o usa ou porque a maioria das mu- lheres com função de domésticas ignora como utilizar e conservar tais produtos, ou ambas situações. Consequentemente, o design desses eletrodomésticos e utensílios tem sido pensado para quem os vê e os aprecia, mas não para aquelas que os usam e os mantém. Assim, o consumo dos produtos que deveriam ser duráveis aumenta porque seu ciclo de vida diminui, provocando a necessidade de substitui-lo por um novo, levando ao consumismo. Por outro lado, o descarte desses objetos em estado de deterioração originários das classes mais altas e que chegam às mãos das classes sociais mais baixas, provocam um impacto ambiental relevante [IBGE, 2007a]. Segundo entrevista concedida pelo gerente da Líder Interiores, loja da fábrica Líder Interiores, de Juiz de Fora MG, a maioria dos móveis descartados pelas proprietárias que adquirem novos produtos são doados para instituições de caridade ou são encaminhados diretamente para famílias carentes, vivendo sob condições de insegurança alimentar. Se esse dado for extrapolado para o Brasil, os números tornam-se alarmantes impactando no meio ambiente. São mais 23,2 milhões de pessoas que vivem sob essas condições residentes nas áreas urbanas do país, segundo dados levantados pelo IBGE em 2004 [IBGE, 2007a]. a Lei de Biossegurança, a Medida Provisória de Acesso ao Patrimônio Genético e a Lei de Proteção aos Cultivares delimitaram e normatizaram o uso e acesso a nossa biodiversidade, ofertando grande gama de matéria prima para a geração de novos negócios. A Biotecnologia desponta como um setor de grande potencial, uma indústria de produtos com alto valor agregado e de imenso potencial inovador. Entretanto, como será percebido ao logo deste artigo, a Biotecnologia Pernambucana é ainda uma indústria carente de apoio, rica em ideias e projetos, mas com pouco poder de investimento, desenvolvendo produtos que já fazem sucesso em todas as regiões do País, mas pouco ou nada conhecidos em seu próprio Estado, e dirigida por pesquisadores de competência reconhecida, mas que ainda estão aprendendo a administrar uma empresa. Este cenário é o grande motivador do presente trabalho. 2 - OBJETIVOS O principal objetivo aqui é apresentar um panorama o mais completo possível do setor de biotecnologia representado pelas 10 empresas privadas pernambucanas identificadas. Mais especificamente, este estudo também objetiva uma análise do perfil tecnológico, econômico e setorial destas empresas, além de prospectar o nível de dificuldade a que as empresas estão expostas em várias de suas atividades do ponto de vista técnico, administrativo ou de negócios. 3 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA São dois os fundamentos básicos que norteiam este estudo: o ambiente empresarial e tecnológico em que estão envolvidas as empresas de biotecnologia em Pernambuco e seu posicionamento frente aos desafios futuros e às demandas da sociedade. Figura 3: Fim do caminho dos móveis usados? Fonte: Viva Favela. Comunidade Invisível. (www.vivafavela.com.br, 2008] Nas favelas localizadas em regiões geográficas de difícil acesso e sem coleta de lixo, essas pessoas costumam descartar os detritos desses produtos próximos à sua residência, implicando em um aumento do problema ambiental das regiões urbanas. 3.1 - O ambiente empresarial e tecnológico No debate público e acadêmico contemporâneo, o conhecimento tem sido considerado fator chave para o desenvolvimento socioeconômico. Não é por outra razão que se convencionou chamar a fase atual do desenvolvimento capitalista de “economia baseada no conhecimento” [OECD, 1999]. Este novo modelo econômico é caracterizado por ambientes competitivos e intensivos em tecnologia, financeiramente globalizados e liberalizados produtiva e comercialmente. Entretanto, o conhecimento e os processos de aprendizagem e de construção de competências a eles relacionados, na medida em que são processos essencialmente interativos e incorporados em pessoas, organizações e relacionamentos, são muito influenciados pelo território [CROCCO et al., 2006]. O território atua como um espaço comum onde as interdependências intencionais e não-intencionais, tangíveis e intangíveis, comercializáveis e não-comercializáveis, se sobrepõem. Para que estas relações possam se dar plenamente e originarem processos de aprendizado coletivo e de difusão do conhecimento, são necessárias as proximidades 106 Inhan, L., Locus Científico, Vol 02, nº.04 (2008) pp 103-109 locus cientifico v2 n4 laminas.pmd 106 cognitiva e física. Elas devem estar “imersas” em um ambiente local, que atue como facilitador e estimulador dessas relações e como ligação entre um sistema de produção e uma cultura tecnológica específica [CROCCO et al., 2006]. No Brasil os empreendimentos em biotecnologia deram início a uma grande expansão na última década. Naturalmente, as empresas nascentes tornaram-se participantes de arranjos produtivos especiais, tais como incubadoras e parques tecnológicos, geralmente de vinculação universitária [JUDICE et al., 2005]. Oriundas ou atraídas por estes ambientes, as empresas são hoje dependentes destes, buscando assim o acesso à tecnologia, base de sua existência, uma certa proteção institucional e o aporte em infra-estrutura [PEREIRA e MUNIZ, 2006]. Em Pernambuco estes ambientes estão resumidos a programas de incubação, cujo potencial de absorção de tecnologia e agregação de valor ainda é muito resumido, particularmente na área de biotecnologia. Não existe no Estado um ambiente especifico. As empresas, apesar de suas necessidades particulares, estão misturadas a outros empreendimentos e muitas vezes competem com estes por espaços físicos e atenção institucional. 3.2 - Desafios futuros e demandas sociais O Brasil como novo emergente frente ao mundo globalizado é questionado quanto a sua competência em cumprir determinados papéis com nação desenvolvida, democrática e capitalista. A proteção ao meio ambiente, em particular à floresta amazônica, a mudança na matriz energética, a crescente demanda por alimentos e o combate a doenças ressusgentes e emergentes, tanto humanas como animais, são exemplos de desafios já presentes em nossos dias. Em um plano mais elevado a biotecnologia é entendida como uma trama complexa de relações técnicas, sociais, econômicas, políticas, éticas e institucionais que demanda esforço transdisciplinar e interinstitucional para seu desenvolvimento [TRIGUEIRO, 2002]. Para a sociedade, a biotecnologia se apresenta como uma verdadeira caixa de Pandora: Inspirando curiosidade, oferece a chave para a solução de inúmeras questões envolvendo saúde, alimentação, produção de energia, meio ambiente, etc. Entretanto, há também a percepção de que ela pode ser assustadora por abordar questões e valores culturais tradicionais, como, por exemplo, o controle da vida, a clonagem humana e a criação de novos organismos em laboratório. O Estado de Pernambuco se posiciona hoje em meio a um turbilhão de oportunidades. Os mega investimentos no litoral sul do Estado (SUAPE) proprocionarão vantagens competitivas e demandas antes inexistentes. A biotecnologia pode responder com eficiência a muitas destas demandas, sejam elas diretas, a partir do novo pólo industrial (biocombustíveis, remediação ambiental, novos materiais, otimização de processos, etc), sejam indiretas, como por exemplo, o controle de endemias locais existentes e re-emergentes. Dos Santos, E.S.C e Andrade, P.P., Locus Científico, Vol 02, nº.04 (2008) pp 110-120 111 16/7/2009, 09:05 ARTIGO CIENTÍFICO LOCUS CIENTÍFICO USO INTENSIVO DE TECNOLOGIA (PIT) ISSN -1981-6790 - versão impressa ISSN -1981-6804 - versão digital Panorama das Empresas Privadas de Biotecnologia do Estado de Pernambuco 2007 Panorama of biotechnology industries in Pernambuco State – Brazil, 2007 Emanoel Sérvio Coqueiro dos Santos 1, * e Paulo Paes de Andrade 1,2 1 - Biogene Indústria e Comércio Ltda ME, Rua Costa Sepúlvida, 749, Engenho do Meio Recife – PE, CEP 50.730-260 2 - Departamento de Genética, Universidade Federal de Pernambuco, Av. Moraes Rego s/n, Recife – PE, CEP 50.670-901 E-mail: [email protected] e [email protected] *Autor de contato Artigo submetido em 08 de novembro de 2008, recebido na forma corrigida e aceito em 30 de novembro de 2008. RESUMO ABSTRACT Este trabalho apresenta um panorama das empresas pernambucanas de biotecnologia. Os dados foram obtidos através de questionários respondidos pelos empresários e analisados com base no estudo elaborado pela Fundação Biominas. Os resultados apresentam um perfil semelhante ao nacional. Porém, revelam o Estado de Pernambuco em um patamar superior ao esperado. This paper presents the panorama of biotechnology industries and services from Pernambuco. Data were consolidated from questionnaires answered by CEOs or presidents, following the Biominas Foundation guidelines. The results show a similarity between the State and the National profiles, ranking however Pernambuco higher than previously anticipated. PALAVRAS-CHAVE: • • • • KEYWORDS: Biotecnologia Pernambuco Política de Inovação Incubadora • • • • 1 - INTRODUÇÃO Nos últimos meses do ano de 2007 o Governo do Estado de Pernambuco iniciou uma série de debates tendo como meta a criação de uma Política e Plano de Ação da Ciência, Tecnologia e Inovação para o período 2008-2010. Ao longo dos primeiros debates ficou clara a ausência de informações mais específicas sobre o setor de Biotecnologia Estadual. Esta lacuna despertou o interesse no levantamento que demonstrasse o real perfil do setor, seu porte e potencialidades. Nesse mesmo período, a Fundação Biominas lançou seu primeiro estudo a respeito das empresas de biotecnologia do Brasil. Em uma análise superficial já foi possível notar que Pernambuco era o 5º. Estado em número de empresas atuantes na área das Biociências. Neste estudo, a Biominas conseguiu rastrear apenas 6 empresas em Pernambuco, enquanto os autores deste artigo rastrearam 10 empresas. Este Biotechnology Pernambuco Brazil National Policy, Inovation Policy, Incubator último número coloca este Estado em posição de grande prestígio e destaque nacional: embora continue na 5º. colocação, está de fato muito mais próximo ao 4º. colocado, o Estado do Rio de Janeiro, que tem um longo histórico em empreendedorismo e negócios na área. Desta forma, Pernambuco se coloca a frente de vários Estados mais ricos e com maior tradição nas ciências médicas e biológicas, posição que sem dúvida surpreende. A frente de Pernambuco estão São Paulo (com 66 empresas), Minas Gerais (também com 66 empresas), Rio Grande do Sul (com 12 empresas) e Rio de Janeiro (com 11 empresas). Nos últimos anos os estímulos à inovação vêm se multiplicando no país. Marcos legais como a Lei de Inovação Tecnológica, Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, Lei do Bem e outros mais antigos, como a Lei de Propriedade Intelectual, apontam para um caminho sem volta rumo ao crescimento do País. Especificamente na área da biotecnologia, Figura 4: Descarte dos restos dos objetos de uso. Fonte: Viva Favela. Trinta anos de abandono. [www.vivafavela.com.br, 2008] NAS MÃOS DE QUEM SABE Há bem pouco tempo atrás, o designer poderia justificar que a escolha dos materiais não estava em suas mãos, porque estava submetido aos compromissos daquele que contratava o serviço do design, normalmente preocupado em diminuir os custos, inclusive pela economia das matérias primas substituindo-as por materiais de baixa qualidade [LOBACH, 2001]. Contudo, atualmente está cada vez mais arriscado a empresa permanecer atada a diminuição de preços para manter-se no mercado. A qualidade tem se tornado importante fator na preferência dos consumidores. As novas mercadorias, técnicas, fontes de suprimento ou tipo de organização determinam a superioridade sobre os preços, levando muitas empresas tradicionais com sistemas ultrapassados a fecharem suas portas [SHUMPETER, 1997]. Nesse sentido, o designer encontra um caminho alternativo e seguro, com o surgimento das incubadoras de design e o amparo dos órgãos de fomento permitindo a ampliação do ato de projetar conforme seus ideais, além de aplicar e desenvolver o conhecimento adquirido na academia. As incubadoras de design foram criadas com o fim de apoiar as empresas nascentes até que se consolidem em seu negócio. Tem como principal objetivo estimular a criação e desenvolvimento de microempresas industriais ou de prestação de serviços de base tecnológica e de manufaturas leves, possibilitando a oportunidade, àquele que queira, de tornar-se um empreendedor [CRITT, 2005]. No Brasil, desde a década de 80, tem surgido parcerias 110 Dos Santos, E.S.C e Andrade, P.P., Locus Científico, Vol 02, nº.04 (2008) pp 110-120 locus cientifico v2 n4 laminas.pmd 107 de incentivo e fomento desse movimento empresarial. O apoio do Governo Federal às universidades, aos centros de pesquisa e às instituições, juntamente com o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), possibilitou capacitar e empreender a expansão do sistema de incubação pelo país. As incubadoras, geralmente, são montadas em um espaço físico específico para alojar as microempresas temporariamente. Dispõem de serviços compartilhados e facilidades individuais, recursos humanos e serviços especializados que auxiliam nas suas atividades, na capacitação, formação e treinamento dos empresários, acesso a laboratórios, bibliotecas, além dos aspectos gerenciais e financeiros, buscando atender as particularidades de cada empresa incubada. Além do ao apoio técnico-econômico, a concentração de diversos empresários permite um clima empreendedor que propicia maiores chances de sucesso empresarial para aqueles que estão incubados. Surgem ao redor do círculo de influência da incubadora, fornecedores, clientes e pessoas que incrementam e possibilitam a geração de recursos, materiais e processos para a inovação constante necessária a qualquer empresa, principalmente para a empresa de design [CRITT, 2005]. Logo, o designer consegue reter todo o processo produtivo em suas mãos e pode, efetivamente, criar uma nova qualidade não conhecida pelo consumidor, permitindo a abertura para novos mercados ou novos métodos de produção e não somente permanecer restrito a pequenos incrementos nas mercadorias. O conceituado designer Aloísio Magalhães [1998] alerInhan, L., Locus Científico, Vol 02, nº.04 (2008) pp 103-109 107 16/7/2009, 09:05 ARTIGO CIENTÍFICO CULTURA DO EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO (CEI) ta sobre a falta de originalidade dos produtos brasileiros, levando à cópia de modelos importados inadequados para as realidades de um país tropical. Percebe-se que os utensílios e eletrodomésticos produzidos no Brasil, são basicamente os mesmos para todas as camadas sociais, com poucas diferenças de design, então, as inovações nesse setor poderão criar mudanças de hábito de consumo, permitindo inovações radicais. Nesse sentido, a definição de Schumpeter [1997] para a inovação estimula o designer a ser mais do que um inventor ou um prestador de serviços de projetos, leva-o a essência do empreendedorismo, pois viabiliza o projeto determinando os requisitos de material e acabamento além de fabricálos. Para esse autor, enquanto a ideia ou plano se restringe ao projeto não há inovação, ela só se efetiva se for incorporada à produção e/ou circulação de mercadorias. Enquanto as indústrias brasileiras têm pouca consciência de sua influência no meio ambiente, produzindo devastações e transformações na natureza urbana, o designer neste momento, empreendedor, que materializa seu ideal para o mercado, pode estabelecer um novo padrão de fabricação. Ao utilizar materiais sustentáveis aumentando o ciclo de vida dos produtos fabricados por ele, irá diminuir o impacto ambiental dos bens e, consequentemente, diminuir o consumismo de todas as classes sociais. No entanto, essa abordagem não é nova. A Rede Brasileira de Produção mais Limpa difunde o conceito de ecoeficiência e uma Metodologia de Produção mais Limpa. Com instrumentos para aumentar a competitividade, a inovação e a responsabilidade ambiental do setor produtivo brasileiro consegue desenvolver a consciência ambiental necessária para aumento da eficiência produtiva e do lucro [HINZ; VALENTINA; FRANCO, 2007]. Em países industrializados, existem empresas que já perceberam sua responsabilidade como contribuinte na degradação dos recursos naturais. Atualmente, elas já dispõem de recursos financeiros, organizacionais e tecnológicos de forma a resolver ou minorar direta e indiretamente o impacto no ambiente causado pela fabricação de bens. Assim, a preocupação com o ciclo de vida do produto tem sido importante em muitos países. A inserção de ações para melhorar as necessidades ambientais, focando o controle da poluição, incorporando o processo de manufatura e planejamento de produtos, aumenta exponencialmente a importância do papel do designer na busca de soluções para as mudanças em direção ao desenvolvimento sustentável [VEZZOLI; CHAVES, 2006, pg. 2]. CONSIDERAÇÕES FINAIS A consciência da importância do papel do designer na sociedade talvez não tenha sido ainda alcançada no setor produtivo brasileiro. Percebe-se a existência de muitos nichos de mercado que podem ser entendidos e atendidos pelo designer com um objetivo além da riqueza puramente material, que busque também o ideal da profissão. O designer também pode buscar conhecer as dificuldades das indústrias que produzem para as classes sociais carentes, a fim de conseguir soluções de forma a desenvolver efetivamente produtos e processos diferenciados. Também pode utilizar pesquisas acadêmicas nas diversas áreas do conhecimento para perceber essas necessidades não atendidas. Os dados do IBGE de 2005 indicam que 97,5% dos domicílios particulares permanentes possuem fogão e 88% possuem geladeira, em uma população de mais de 53 milhões de pessoas. Soma-se a quantidade de utensílios para esse público e um nicho de mercado significativo se revela [IBGE, 2007]. Ademais, como empresário, detentor dos meios de produção, capital e conhecimento do design, ele pode, caso queira, desenvolver materiais que melhor se adequem aos consumidores que de fato usam os produtos domésticos ou pode montar sua própria fábrica de produtos domésticos voltados para a realidade brasileira. As incubadoras e os órgãos de fomento têm importante papel para o estímulo do emprego da qualidade nos produtos e processos, bem como apoio no aspecto gerencial e financeiro para qualquer tipo de empresa. Podem disponibilizar capital e conhecimento tecnológico para ajudá-la a manufaturar baseada na prevenção da poluição com a redução de resíduos. Logo, o incentivo governamental que o designer tem a sua disposição pode ajudá-lo a realizar-se com sua própria empresa e desenvolver os produtos conforme deseja. Conforme palestra proferida por Luciano Deos, durante o Seminário de Design Gráfico: estratégia empresarial, em outubro de 2007, “o momento atual é do design”. O designer tem conquistado um importante papel dentro das empresas. Conforme foi mostrado, paralelo a esse fato, surge uma abordagem da evolução sistemática ambiental dentro das companhias. O designer utilizando do seu potencial empreendedor, bem como dos seus conhecimentos técnicos aliados ao capital dos órgãos de fomento e apoio das incubadoras de design, pode, por um lado, atender a esse mercado e por outro, satisfazer suas próprias necessidades de ideal e riqueza. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BONSIEPE, Gui. Design: do material ao digital. Florianópolis: FIESC/IEL, 1997. CRITT (Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia). Plano de Negócio Incubadora InDesign. Juiz de Fora: Colégio Técnico Universitário – UFJF. Outubro de 2005. CARDOSO, Eliana. Feminização da Pobreza. Jornal Valor, 6 mar. 2008. Seção A2. IBGE. Empregados e trabalhadores domésticos de 10 anos ou mais de idade, Sexo e categoria do emprego no trabalho principal da semana de referência Brasil, Grandes Regiões no trabalho principal da semana de referência, por Grandes Regiões, segundo o sexo e a categoria do emprego no trabalho principal – 2004 – 2005. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2005/sintese/ tab4_12.pdf. Acesso em: 27 nov. 2007. IBGE. Mapa do Mercado de Trabalho no Brasil (1992-1997) http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/ mapa_mercado_trabalho/mapa_mercado_trabalho.pdf . Acesso em: 28 nov. 2007a. IBGE. Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios: segurança alimentar – 2004, disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/ estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2004/suplalimentar2004/supl_alimentar2004.pdf. Acesso em: 27 nov. 2007b. LOBACH, Bernd. Design Industrial: bases para a configuração dos produtos industriais. São Paulo: Editora Edigard Blücher Ltda. 2001. MAGALHÃES, Aloísio. O que o desenho industrial pode fazer pelo país? Arcos: Design, cultura Material e Visualidade, v.1, n. único, pg. 8-12, 1998. MESTRINER, F. Design de Embalagem: curso avançado. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2002. FRISONI, Bianka Cappucci; BORGES, Egéria Hoeller. A percepção dos usuários quanto aos símbolos das etiquetas para a conservação das roupas. O abismo entre o prescrito pela NBR 8719 e o comportamento dos consumidores. 2006. HINZ, Roberta Tomasi Pires; VALENTINA, Luiz V. Dalla; FRANCO, Ana Claudia. Monitorando o desempenho ambiental das Organizações através da produção mais limpa ou pela Avaliação do ciclo de vida. Revista Produção. ABEPRO/UFSC Florianópolis – SC – Brasil. ISSN 1676 - 1901 / Vol. 7/ Num. 3/ Novembro 2007. Disponível em: www.producaoonline.ufsc.br. Acesso em: 27 nov. 2007. MAGALHÃES, Aloísio. 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Longe de ser uma atividade artística neutra e inofensiva, o design, por sua própria natureza, provoca efeitos muito mais duradouros do que os produtos efêmeros da mídia porque pode dar formas tangíveis e permanentes às ideias sobre quem somos e como devemos nos comportar [FORTY, Adrian, 2007, pg. 12]. AGRADECIMENTOS: Ely Edison da Silva Matos, sempre próximo do perfeito. Ao Prof. João Leite, pelas sugestões e pela referência à Amartya Sen. 108 Inhan, L., Locus Científico, Vol 02, nº.04 (2008) pp 103-109 locus cientifico v2 n4 laminas.pmd 108 Inhan, L., Locus Científico, Vol 02, nº.04 (2008) pp 103-109 109 16/7/2009, 09:05