CELCSAH CURSO DE PSICOLOGIA SEMINÁRIO: “PERSONALIDADE E RELIGIOSIDADE/ESPIRITUALIDADE (R/E)” AUTORES: Psicóloga Clínica Ana Claúdia Jatobá, Psicólogo Clínico Charles José da Silva Psicóloga Clínica Tânia Rubia de Lima INTRODUÇÃO A personalidade vem sendo estudada pela Psicologia desde o séc. XIX; Relação entre personalidade e R/E –pouco estudada e até visto como patologia; Revisão de publicação de 1200 estudos realizados no séc. XX- mostra relação entre R/E e saúde; A religião ainda tem um papel significativo na vida das pessoas, mesmo com tantos avanços em educação, psicologia e medicina; Crenças e práticas religiosas são estratégias para lidar com doenças; Atividades religiosas e/ou espirituais reduzem sintomas de depressão; Fenômenos relacionados a aspectos religiosos e espirituais do comportamento humano foram incluídos em classificações como o Manual diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais e a OMS inclui a R/E em seu instrumento de avaliação de qualidade de vida; Existem estudos que relacionam contexto religioso e saúde física e mental, mas poucas pesquisas sobre R/E e personalidade; Assim o objetivo do artigo é: revisar as evidências empíricas de investigações sobre a relação entre R/E e personalidade; Levantamento da produção acadêmica por meio das bases de dados virtuais: PubMed e PsychInfo; Os artigos foram selecionados a partir de seus títulos, quando estes incluíam o estudo da personalidade e R/E; Análise de algumas referências bibliográficas próprios artigos obtidos; dos OS CINCO GRANDES FATORES OU DIMENSÕES DA PERSONALIDADE (BIG FIVE) • Extroversão: As pessoas extrovertidas tendem a ser ativas, entusiásticas, dominantes, sociáveis e loquazes (falantes). Ao contrário, pessoas introvertidas tendem a ser tímidas, retraídas, submissas e quietas; • Amabilidade: As pessoas agradáveis são amáveis, cooperativas, confiáveis e afetuosas. As pessoas com classificação baixa nessa dimensão são frias, briguentas e indelicadas; Conscienciosidade: As pessoas conscienciosas são geralmente cautelosas, dignas de confiança, organizadas e responsáveis. Ao contrário, pessoas impulsivas tendem a ser descuidadas, desordenadas e não-confiáveis. Antigas pesquisas sobre a personalidade chamavam essa dimensão de vontade; • Neuroticismo: Pessoas neuróticas tendem a ser nervosas, altamente sensíveis, tensas e preocupadas. Pessoas emocionalmente estáveis são calmas e satisfeitas; • Abertura: As pessoas francas geralmente parecem imaginativas, espirituosas, originais e artísticas. Pessoas com uma classificação baixa nessa dimensão são superficiais, comuns ou simples. ALGUNS EXEMPLOS FAMOSOS PARA ILUSTRAR O NOSSO ESTUDO DO BIG FIVE. EXTROVERSÃO: • Essa figura é uma pessoa com altas pontuações para sociabilidade, cordialidade e assertividade. O ex-presidente americano Bill Clinton AMABILIDADE: Essa senhora ficou conhecida pela sua alta pontuação em franqueza, confiança, altruísmo e modéstia; A religiosa e humanista Madre Teresa de Calcutá CONSCIENCIOSIDADE: Homem que alcançou grande pontuação em competência, prudência, persistência e luta pela excelência; O ex-chefe de Estado e general americano reformado Colin Powell NEUROTICISMO: Ficou muito famoso e é muito pontuado para ansiedade, hostilidade, depressão e vulnerabilidade; O ator e cineasta Woody Allen ABERTURA: Figura de renome no cinema, alcançou altos índices de imaginação, percepção estética e curiosidade intelectual; O produtor e diretor de cinema Steven Spielberg TRÊS GRANDES FATORES DA PERSONALIDADE (PEN) • Extroversão: essa dimensão abrange os fatores expansividade e assertividade; • Neuroticismo: dimensão que abrange os fatores instabilidade emocional e apreensão; • Psicoticismo: tendência à psicopatologia, que envolve a impulsividade e a crueldade. Ainda abrange os fatores determinação e astúcia; R/E – PARA ALÉM DOS CINCO GRANDES Alguns pesquisadores sugerem que um número considerável de conteúdo descritivo da personalidade não está incluído de forma adequada ao Modelo de Cinco Fatores; Alguns estudos concluem que “a consciência espiritual” é, ela mesma, uma diferença individual da personalidade que está faltando nos modelos mais tradicionais; Assim, a transcendência espiritual pode ser um fator adicional que não está incluído no modelo dos cinco fatores de personalidade; Outro estudo sugere que alta Amabilidade e Conscienciosidade está associada a uma crença positiva em Deus; Resultados de um outro teste, afirmam que não há relação entre os cinco fatores de personalidade e a crença em um Deus, o que sustenta que a religiosidade e a espiritualidade estão além dos cinco fatores de personalidade; Assim sendo, segundo os autores, todos estes resultados apontam para a necessidade de suplementação dos Cinco Grandes a fim de entender melhor os traços de personalidade; Conforme sugerem alguns autores, a dimensão da religiosidade é a mais provável candidata a residir além dos cinco grandes fatores tradicionais da personalidade; RELIGIOSIDADE/ESPIRITUALIDADE COMO UM SEXTO FATOR DE PERSONALIDADE O QUE É RELIGIÃO? Religião: (em latim: religare, significando religação com o divino) é um conjunto de sistemas culturais e de crenças, além de visões de mundo, que estabelece os símbolos que relacionam a humanidade com a espiritualidade e os valores morais. Qualidade do que é religioso; O QUE É ESPIRITUALIDADE? Qualidade ou carater de espiritual. Espírito: A palavra espírito tem sua raiz etimológica do latim "spiritus", significando "respiração" ou "sopro", mas também pode estar se referindo a "alma", "coragem“ e "vigor". ESPIRITUALIDADE COMO SEXTO FATOR DE PERSONALIDADE Piedmont apresenta três critérios empíricos que seriam necessários para demonstrar que as variáveis espirituais representam algo diferente das dimensões que abrangem o ESPIRITUALIDADE COMO SEXTO FATOR DE PERSONALIDADE 1º. A nova dimensão de personalidade precisa mostrar ser independente das cinco já existentes; 2º. Precisa estar num nível de generalidade e abrangência comparável às outras cinco, assumindo muitas facetas menores; 3º. Ela deve ser recuperável, sobrevivendo às múltiplas Piedmont criou o instrumento de medida denominado de “Escala de Transcendência Espiritual”, sendo “transcendência espiritual” definida como: a) Um senso de conectividade com toda a raça humana; b) Universalidade, crença na natureza unitiva de toda a vida; c) Rezar, ter sentimentos de alegria e contentamento que resultam de encontros pessoais com uma realidade transcendente. TABELA 1 ALTA RELIGIOSIDADE ASSOCIADA A: 1-Baixo Psicoticismo 2-Alta Amabilidade e Conscienciosidade ORIENTAÇÃO RELIGIOSA INTRINSICA ASSOCIADA A BAIXO PSICOTICISMO ALTO NEUROTICISMO ASSOCIADO A: 1-Baixa Religiosidade Intrínseca 2-Alta Religiosidade Extrínseca 3-Busca CULPA- forte preditor de Religiosidade Intrínseca e Busca INTRÍNSECOS parecem ser mais felizes, possuir menos riscos, ser dogmáticos, não agressivos e independentes. A RELIGIÃO esta relacionada com os fatores de personalidade, mas essa relação depende claramente da dimensão de religiosidade que é medida CONSCIENCIOSIDADE EM ADOLESCENTES- único preditor significante para a maior religiosidade na adultez jovem ADOLESCENTES COM MAIOR INSTABILIDADE EMOCIONAL- mais sujeitos a adotar níveis de religiosidade semelhantes aos de seus pais A DIMENSÃO DE RELIGIOSIDADE é a mais provável candidata a residir além dos cinco grandes fatores de personalidade DISCUSSÃO Um dos resultados que mais chamam a atenção nesta revisão parece ser o fato de que a religiosidade mostra mais relações entre suas diferentes dimensões (intrínseca, extrínseca e busca) do que os fatores de personalidade investigados (PEN OU CINCOGRANDES). CONCLUSÃO A crença em uma dimensão de Religiosidade, em uma realidade transcendente ou em um Deus pessoal, em alguns casos, parece não possuir correspondências entre quaisquer dos três Grandes fatores da personalidade (PEN) e os cinco Grandes fatores da personalidade (Big Five) Isso parece indicar que a R/E seja um potencial sexto fator de personalidade que não está presente nos modelos de personalidade atuais. CONCLUSÃO Resolvendo essa questão, podemos concordar com o Dalai Lama quando afirma: “A melhor religião é aquela que te faz melhor e o que te faz melhor te faz mais humano e compassivo”. BIBLIOGRAFIA 1. Alminhana LO, Moreira-Almeida A. - Personalidade e religiosidade/espiritualidade (R/E). Rev Psiq Clín. 2009;36(4):153-61; 2. Friedman, Howard S. & Schustack, Miriam W. – Teorias da personalidade: da teoria clássica à pesquisa moderna. Obrigados!