NECESSIDADE TÉRMICA PARA A CULTURA DA SOJA PARA O ALTO VALE DO ITAJAÍ – SC Autores: Mirielle Aline GREIN1; Leonardo de Oliveira NEVES2; Jeferson IELER1; Larissa Costa MELO1; Tainá GUTZ1. 1Bolsista PET; 2Orientador IFC-Campus Rio do Sul. Introdução A soja (Glycine max L.) é uma das mais importantes leguminosas cultivadas no mundo, considerada uma planta herbácea incluída na classe Magnoliopsida (dicotiledônea) e da família Fabaceae (Nunes, 2015). No Brasil na safra de 2014/2015 foram plantadas aproximadamente 32 milhões de hectares, com produtividade média de 48 sacas/ha, o estado de Santa Catarina está na 11° colocação em relação a área cultivada e em 3° lugar em relação a produtividade segundo a CONAB (2015). A temperatura média do ar é um dos elementos meteorológicos mais importantes no desenvolvimento da cultura (Brunini et al., 1976). Segundo Farias et al., (2009) a soja tem melhor adaptação nas regiões onde as temperaturas oscilem entre 20 °C e 30 °C. Já nas regiões com temperaturas menores ou iguais a 10 °C são impróprias para o cultivo da soja, pois afeta o crescimento vegetativo e o desenvolvimento da planta tornando-o pequeno ou nulo. O conceito de Graus-dia (GD) baseia-se no fato de que a taxa de desenvolvimento de uma variedade vegetal está relacionada com o acumulo de temperatura acima de uma certo valor base do que com o tempo (Sentelhas e Angelocci, 2009). Vários trabalhos utilizaram o método de Graus-Dia com a cultura da soja para diferentes localidades do Brasil (Camargo et al., 1987; Souza et al., 2010; Oliveira et al., 2011; Wazilewski et al., 2011; Souza et al., 2013). O presente trabalho teve como objetivo quantificar a necessidade térmica para a cultura da soja nas condições climáticas da região do Alto Vale do Itajaí, no Estado de Santa Catarina. Material e Métodos O experimento foi realizado na área experimental do Instituto Federal Catarinense – Campus Rio do Sul, localizado no Alto Vale do Itajaí, estado de Santa Catarina (27° 11′ 7″ S; 49° 39′ 41″ W; Alt. 690 m) (Figura 01). De acordo com a classificação de Köppen, a região é caracterizada como, Cfa, mesotérmico úmido com verão quente. O plantio foi realizado no dia 10/11/2014 e a colheita em 10/04/2015, totalizando um ciclo de 151 dias. Os dados das temperaturas média do ar foram obtidos através de uma estação meteorológica automática (figura 01), os dados foram obtidos no intervalo de 15 minutos e posteriormente analisado no software Excel. Figura 01. Localização da área experimental e estação meteorológica automática, no Instituto Federal Catarinense – Campus Rio do Sul. O conceito de graus-dia assume a existência de uma temperatura basal abaixo da qual o crescimento vegetal pode ser desconsiderado. Foi utilizado como temperatura basal inferior o valor de 14 °C, de acordo com o INMET (2009), onde relata que a temperatura mínima para ocorrer o desenvolvimento das cultivares brasileiras de soja está em torno de 13 °C. Este método também é conhecido como método residual, apresentado por Arnold (1959) segundo a equação: 𝑑𝑓 𝐺𝐷 = ∑ ( 𝑇𝑚𝑒𝑑) − 𝑇𝑏𝑖 𝑖=𝑑𝑖 Onde: GD = graus-dia di = início da fase de estudo (data); df = final da fase em estudo (data); Tmed = temperatura média do ar (ºC); Tbi = temperatura basal inferior (ºC). Resultados e discussão A Figura 02 ilustra a variação da temperatura média do ar durante o ciclo fenológico da cultura da soja nas condições do Alto Vale do Itajaí/SC. Observa-se que para o ciclo fenológico da cultura a temperatura média do ar variou entre 18,5 ºC e 22,0 ºC, com média de 20,8 ºC. Figura 02. Temperatura média do ar para a cultura da soja. Pode ser observada na Tabela 01 a variação mensal da necessidade térmica da cultura para o período experimental. Observa-se que a necessidade térmica para a cultura completar o ciclo fenológico foi o acumulado de aproximadamente 1075 GD, para temperatura basal inferior de 14°C. Resultado encontrado foi semelhante ao encontrado por Wazilewski et al., (2011) em trabalho realizado com a soja na região de cascavel/PR, onde a necessidade térmica para completar o ciclo da cultura da soja foi aproximadamente 1130 GD. Souza et al., (2010) obteve para uma variedade de soja precoce na região do nordeste do Pará, necessidade térmica aproximadamente de 1200 GD para completar o ciclo fenológico. Tabela 01. Variação mensal da necessidade térmica para o ciclo fenológico da cultura. Tbi (oC) 14 NOVEMBRO 118,2 DEZEMBRO 349,4 JANEIRO 597,4 FEVEREIRO 815,6 MARÇO 1030,4 ABRIL 1074,9 Conclusão A partir dos dados coletados e das análises feitas, pode-se concluir que para a cultura da soja implantada na região Alto Vale do Itajaí, a cultura necessita aproximadamente 1075 GD para completar o ciclo fenológico. Agradecimentos Ao FNDE (Fundação Nacional de Desenvolvimento da Educação) pelo auxílio financeiro. Referências ARNOLD, C. Y. The determination and significance of the base temperature in a linear heat unit system. Proceedings of the American Society for Horticultural Science, v.74, p.430-445, 1959. BRUNINI, O.; LISBÃO, R.S.; BERNARDI, 3.8.; FORNASIER, 3.B.; PEDRO JÚNIOR, M.J. Temperatura- -base para alface cultivar "White Boston" em um sistema de unidades térmicas. Bragantia, 35(19):213-9, 1976. CAMARGO, M.B.P.; BRUNINI, O.; MIRANDA, M.A.C. Temperatura-base para cálculo dos graus-dia para cultivares de soja em são paulo. Pesq. agropec. bras, Brasilia, 22(2):115-121, fev. 1987. CONAB. Estimativa em fevereiro/2015. (http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/15_02_12_08_59_27_boletim_graos_ fevereiro_2015.pdf). Acesso em: 23/09/15. FARIAS, J. R. B; NEUMAIER, N; NEPOMUCENO, A. L. Soja. Agrometeorologia dos cultivos. Brasília DF, p. 263-277, 2009. INMET. 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